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TÉCNICO DE APOIO

PSICOSSOCIAL
CLÁUDIA MARQUES – UFCD 10369 INTERVENÇÃO E DESENVOLVIMENTO
COMUNITÁRIO
ENQUADRAMENTO TEÓRICO DO
DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO:
• O termo desenvolvimento comunitário tem sido utilizado com diversos sentidos de
acordo com o contexto histórico e social em que se insere.
• No relatório da ONU de 1956 está descrita qual era a ideia que se tinha naquela altura do
desenvolvimento comunitário (De Robertis, 1994: 10) é definido como um processo
tendente a criar condições de progresso económico, social e cultural para toda a
comunidade, com a participação activa da população, a partir da sua iniciativa e com a
finalidade de associar estas colectividades à vida da nação e de permitir-lhes contribuir
sem reserva para o progresso do País.
ANÁLISE HISTÓRICA

• O desenvolvimento comunitário começou a ser utilizado em contexto colonial, muitas


vezes como um mero instrumento de controlo social, ou como um caminho em direcção à
integração pacífica de grupos sociais que poderiam provocar contestações políticas e
sociais indesejadas. Por isto mesmo Mayo (1994) utiliza a imagem da espada de dois
gumes para referir-se ao desenvolvimento comunitário, que poderia ser visto como um
processo radical e simultaneamente como um processo extremamente conservador.
Radical, porque poderia promover o aumento do controlo das decisões dos cidadãos
através da participação; conservador, porque muitas vezes apenas manteria as condições
locais inseridas nos seus esquemas costumeiros de distribuição de poder.
ANÁLISE HISTÓRICA

• O desenvolvimento comunitário surge em pleno período da modernização. Apontando


direcções para a integração social, mas principalmente para o desenvolvimento visto no
seu reducionismo de crescimento económico. Surgiu como um processo de aprendizagem
que embelecia relações, formas de intervenção e valores que estavam na base da transição
da comunidade para formas de coesão social caracterizadas pelos direitos individuais, e
suportadas por uma divisão de trabalho crescente (McClenaghan, 1999).
ANÁLISE HISTÓRICA

• Na maioria dos países ocidentais, o desenvolvimento comunitário representou um


instrumento normalizador que, aparentando uma união comunitária, promovia o seu
oposto e participava na promoção dos grandes ideais da modernização: o crescimento
económico, o individualismo e a pretensa igualdade dos processos de evolução de
qualquer sociedade.
COMUNIDADE

• A comunidade é um “agrupamento organizado de pessoas que se entendem como unidade


social, cujos membros participam de alguma característica, interesse, elemento, objectivo
ou função comum, com consciência de pertença, situadas numa determinada área
geográfica na qual a pluralidade das pessoas interacciona mais intensamente entre si que
noutro contexto”.
HÁ MUITAS DEFINIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
(NOGUEIRAS MASCARENHAS, 1996: 49) DEVE SALIENTAR-SE OS
SEGUINTES TRAÇOS:
• 1.Desenvolvimento Comunitário = Acções na melhoria do bem-estar de um grupo humano.
• 2.Estas acções de melhoria associam esforços (poderes públicos, líderes locais, técnicos,
organizações, etc.) e procuram adesão e participação activa por meio de um processo de
consciência activa.
• 3.Estas acções pretendem uma promoção global da comunidade e pensam num
desenvolvimento equilibrado (que é aquele que integra o económico, o social e o cultural)
para o qual se precisa da colaboração de técnicos de diversas disciplinas e coordenação de
meios.
HÁ MUITAS DEFINIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
(NOGUEIRAS MASCARENHAS, 1996: 49) DEVE SALIENTAR-SE OS
SEGUINTES TRAÇOS:
• 4.A intenção da melhoria das condições de vida utilizando instituições, estruturas ou
actividades existentes, ou também criando estas.
• 5.A modalidade de intervenção que defende centra-se em programas educativos informais
e adaptados ao meio cultural. O que faz é identificar as necessidades de um colectivo, as
suas potencialidades, e articular as soluções apropriadas.
HÁ MUITAS DEFINIÇÕES DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
(NOGUEIRAS MASCARENHAS, 1996: 49) DEVE SALIENTAR-SE OS
SEGUINTES TRAÇOS:

• Tanto o desenvolvimento comunitário como o desenvolvimento local fazem referência à


sua unidade territorial, a comunidade e o local, preocupando-se com delimitações
geográficas ou sócio-espaciais que tem trazido alguns problemas ao campo do
conhecimento, contribuindo para suspeição em relação aos ditos conceitos.
• O desenvolvimento participativo elege a participação como um valor central. Actividades
de desenvolvimento que muito frequentemente passam por ser de desenvolvimento local
e comunitário.
POBREZA E A EXCLUSÃO SOCIAL

• Durante muito tempo o debate sobre a definição de pobreza focou-se essencialmente na


distinção entre pobreza absoluta e a pobreza relativa.
• A pobreza absoluta entende-se como o mínimo para um indivíduo se manter vivo. Em
contrapartida, o conceito de pobreza relativa associa a pobreza não só a uma escassez de
recursos materiais, mas também, a uma série de indicadores de privação, como é o caso da
dieta alimentar, das condições de habitação, da ausência de vestuário apropriado.
• Mas, efectivamente o pobre é marcado pela ausência de poder, ao ponto de não poder
reivindicar os seus direitos mais elementares, isto é, os indivíduos estão impedidos de exercer
plena cidadania e de ter acesso a um conjunto de sistemas básicos da sociedade.
BRUTO DA COSTA, FAZ REFERÊNCIA A CINCO DOMÍNIOS:
SOCIAL, ECONÓMICO, INSTITUCIONAL, TERRITORIAL E O DAS
REFERÊNCIAS SIMBÓLICAS.

• A área social é caracterizada pelo conjunto de sistemas (grupos, comunidades e redes


sociais) em que uma pessoa se encontra inserida, desde os mais imediatos, a família ou a
vizinhança, passando pelos intermédios, a pequena empresa, a associação cultural e
desportiva, o grupo de amigos, até aos mais amplos, como a comunidade local, o
mercado de trabalho ou a comunidade política.
BRUTO DA COSTA, FAZ REFERÊNCIA A CINCO DOMÍNIOS:
SOCIAL, ECONÓMICO, INSTITUCIONAL, TERRITORIAL E O DAS
REFERÊNCIAS SIMBÓLICAS.

• O domínio económico, são os mecanismos geradores de recursos, o mercado de


bens e serviços e o sistema de poupanças.
BRUTO DA COSTA, FAZ REFERÊNCIA A CINCO DOMÍNIOS:
SOCIAL, ECONÓMICO, INSTITUCIONAL, TERRITORIAL E O DAS
REFERÊNCIAS SIMBÓLICAS.

• O domínio institucional, este abrange dois tipos de sistemas: os sistemas


prestadores de serviços, (sistema educativo, de saúde, de justiça e nalguns casos de
habitação) e as instituições mais directamente relacionadas com direitos cívicos e
políticos (sistema burocrático e as diversas instituições ligadas à participação política).
BRUTO DA COSTA, FAZ REFERÊNCIA A CINCO DOMÍNIOS:
SOCIAL, ECONÓMICO, INSTITUCIONAL, TERRITORIAL E O DAS
REFERÊNCIAS SIMBÓLICAS.

• O domínio territorial é recente e diz respeito nomeadamente aos bairros de lata e


outros tipos de bairros degradados, mas também a certas zonas rurais, que se não forem
tomadas medidas a nível de acessibilidades, equipamentos sociais, habitação e até
actividades económicas, sofrerão de exclusão.
BRUTO DA COSTA, FAZ REFERÊNCIA A CINCO DOMÍNIOS:
SOCIAL, ECONÓMICO, INSTITUCIONAL, TERRITORIAL E O DAS
REFERÊNCIAS SIMBÓLICAS.

• Nesta área também está implícito o problema das migrações, na medida em que estas
podem ser interpretadas como uma reacção dos excluídos, traduzida através da sua
migração das zonas excluídas para meios mais desenvolvidos, a nível mundial, de países
desenvolvidos para países prósperos.
BRUTO DA COSTA, FAZ REFERÊNCIA A CINCO DOMÍNIOS:
SOCIAL, ECONÓMICO, INSTITUCIONAL, TERRITORIAL E O DAS
REFERÊNCIAS SIMBÓLICAS.

• O domínio das referências simbólicas, que diz respeito a toda uma série de
perdas que o excluído sofre, e que têm tendência a agravar-se com a
permanência na situação de exclusão, entre as quais podem-se referir, a
perda de identidade social, de auto-estima, de autoconfiança, de
perspetivas de futuro, de motivação, enfim, do sentido de pertença à
sociedade (Costa:1998).
BRUTO DA COSTA, FAZ REFERÊNCIA A CINCO DOMÍNIOS:
SOCIAL, ECONÓMICO, INSTITUCIONAL, TERRITORIAL E O DAS
REFERÊNCIAS SIMBÓLICAS

• É de salientar que há sobreposição de domínios e exemplo


elucidativo disso mesmo é o desemprego, que acarreta a perda
de rendimentos (domínio económico), afecta as relações sociais
(domínio social), e atinge o excluído na sua identidade social
(domínio das referências simbólicas).
EXCLUSÃO SOCIAL

• Segundo Roque Amaro (2000:120), a exclusão social é essencialmente


uma situação de falta de acesso às oportunidades oferecidas pela sociedade
aos seus membros. É a ausência de cidadania, isto é, a não participação
plena na sociedade aos vários níveis: ambiental, educacional, cultural,
económico, político e social.
A EXCLUSÃO SOCIAL É UM FENÓMENO MULTIDIMENSIONAL E
PODE EXPRIMIR-SE EM 6 DIMENSÕES DO DIA A DIA DOS
INDIVÍDUOS AO NÍVEL DO:
• Ser ou seja, a personalidade, da dignidade e da auto estima e do auto reconhecimento
individual.
• Estar ou seja, das redes de sociabilidade, desde a família, aos vizinhos, grupos de
convívio e de interacção social e à sociedade em geral.
• Fazer ou seja de efectuar tarefas socialmente reconhecidas, como é o caso de emprego
remunerado ou então através de trabalho voluntário não remunerado.
A EXCLUSÃO SOCIAL É UM FENÓMENO MULTIDIMENSIONAL E
PODE EXPRIMIR-SE EM 6 DIMENSÕES DO DIA A DIA DOS
INDIVÍDUOS AO NÍVEL DO:
• Criar: ter iniciativa e capacidade empreendedora, projectos, inventar e criar acções quaisquer
que sejam.
• Saber: acesso à informação que pode ser escolar ou não, formal ou informal que é necessária
à tomada de decisões e ter capacidade crítica face à sociedade e ao ambiente à sua volta.
• Ter: ou seja, rendimentos que permitam adquirir níveis de consumo médios da sociedade,
poder de compra.
• Segundo esta leitura, a exclusão social é a não realização de algumas ou de todas estas
dimensões acima citadas.
EXCLUSÃO SOCIAL

• Assim, a exclusão social é a não realização de algumas,


senão de todas estas dimensões e a sua explicação está
em fatores de ordem económica que têm um peso
decisivo, embora não único.
EXCLUSÃO SOCIAL

• A inserção económica de populações desfavorecidas, entendida como


dimensão económica de inserção, assenta na ideia de que a cidadania plena
é também realizada pelo acesso às oportunidades que são oferecidas pela
economia aos membros da sociedade, como é o caso de emprego, criação e
desempenho de actividades económicas, rendimento, poder de compra e
consumo.
O QUE FAZER?

• Para que estas oportunidades sejam acessíveis é necessário reforçar e valorizar as competências
e capacidades económicas dos indivíduos e famílias desfavorecidas nomeadamente ao nível do
fazer, criar e ter, isto é possível através de várias acções de formação e qualificação
profissional, procura apoiada de emprego e actualização da empregabilidade.
• É fundamental que a sociedade se torne inclusiva e não exclusiva (Amaro:2000).
• Para isso, é necessário que os indivíduos em situação de exclusão e pobreza iniciem processos
que lhes permitam ter acesso aos direitos de cidadania e à participação social, por outro lado a
sociedade deve oferecer oportunidades.
PROJETO COMUNITÁRIO

• Um projeto é a expressão de um desejo, de uma vontade, de uma intenção,


mas é também a expressão de uma necessidade, de uma situação a que se
pretende responder. Um projeto é, sobretudo, a resposta ao desejo de
mobilizar as energias disponíveis com o objetivo de maximizar as
potencialidades endógenas de um sistema de ação garantindo o máximo de
bem-estar para o máximo de pessoas. (GUERRA, 2000,pp:126).

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