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D.C
UMA DISCIPLINA COM ESTA TEMÁTICA PODE APRESENTAR-SE NUM DE TRÊS TIPOS DE ENQUADRAMENTO
CURRICULAR:
-como componente de cursos formais nas áreas de gestão, de ciências sociais e da educação, tanto em contexto de ensino
como em programas de pós-graduação
-como módulo de programas não formais de cariz profissionalizante
-como curso autónomo, em regime livre, num contexto de educação cívica, para a democracia e para o desenvolvimento
A sua estratégia de leccionação decorre do tempo disponível, da estrutura de conhecimentos a ensinar, do público que vai ser
alvo da aprendizagem e do sistema de comunicação educacional escolhido.
As estratégias de organização curricular e de leccionação foram fortemente condicionadas por 4 convicções do autor:
TEORIAS E CONCEITOS
A disciplina de Desenvolvimento comunitário será emoldurada num quadro teórico-conceptual interdisciplinar que
recorrerá, com frequência, às Ciências Sociais, nomeadamente à Antropologia, Sociologia e Ciência Política e às Ciências da
Educação, sobretudo no que respeita às teorias construtivistas de Ausubel, Novack e Gowin e à concepções andragógicas de
Knowles e Paulo freira.
Socorrer-se-á, em particular, de contribuições de autores ligados à Psicossociologis, nomeadamente Maslow, McClelland,
Homans, Argyris, Bern e Harris, Mc Gregor, Blake e Mouton.
Fará TB apelo ao contributo das teorias Gerais da Política Social e do Serviço Social e às suas aplicações ao
Desenvolvimento Comunitário, sobretudo através das obras de Ander-Egg, Myriam Baptista e de Manuela Silva.
-O desenvolvimento social coloca a importância da comunidade como realidade social de coesão e solidariedade entre os homens a
ser resgatada a partir dos seus núcleos de vivência e existência.
-Os limites da comunidade não estão nas fronteiras físicas ou administrativas da área, mas no grau de repercussão participativa dos
grupos e subgrupos de classe que se identificam em termos de interesse e preocupações. Nesse sentido, é função do
desenvolvimento comunitário ampliar as fronteiras da comunidade, contribuindo para que os grupos e subgrupos de classe de dada
área de moradia ampliem a repercussão participativa dos seus enfrentamentos, conforme interesses e preocupações identificados
e a serem identificados.
-No desenvolvimento comunitário não existe uma situação em que o desenvolvimento possa ser considerado pronto, acabado. É um
processo de reflexão e luta em favor da população.
-O desenvolvimento é o objectivo a ser alcançado pelo trabalho comunitário enquanto processo pedagógico. O homem precisa ter
saúde para poder produzir bem; precisa ser educado de modo a transformar suas potencialidades em recursos plenos; precisa ser
habilitado e continuamente aperfeiçoado para poder colocar-se integralmente ao serviço do desenvolvimento.
-O compromisso e a competência profissional são elementos indissociáveis quando se faz da profissão instrumento de um projecto
de vida e de um projecto social cujo maior objectivo é a transformação do homem e da sociedade.
-SISTEMA-CLIENTE (pessoa, conjunto de pessoas, grupo, organização, comunidade ou rede social, com necessidades sociais que
requerem qualquer tipo de intervenção social planeada)
-SISTEMA-INTERVENTOR (pessoa ou pessoas, que se constituem em recurso do sistema-cliente para responder às suas
necessidades)
-INTERACÇÃO (comunicação entre os dois sistemas, através da qual se identificam necessidades e recursos e organizar respostas
adequadas às necessidades identificadas através dos recursos)
-AMBIENTE DA INTERVENÇÃO (ambiente que serve de pano de fundo à interacção, proporcionando condições favoráveis ou
desfavoráveis à intervenção)
através de um processo de descodificação, TB ele complexo, lhe vão dar sentido, de acordo com elementos de natureza emocional e
cognitiva que possuem.
Tanto no processo de codificação como no de descodificação das mensagens, a cultura dos protagonistas desempenha um papel
essencial na percepção, ou seja no reconhecimento, filtragem e contextualização da informação. Quanto maior for a distância
cultural entre os actores sociais mais difícil se torna o processo comunicacional.
PROBLEMAS DE PERCEPÇÃO
É frequente a ocorrência de mal-entendidos entre os sistemas devido às diferenças de percepção da realidade. As diversas culturas
têm diferentes padrões de associação, de acordo com a sua experiência de vida: a percepção, ou seja a atribuição de significado à
informação recebida, depende do posicionamento ou ancoragem dessa informação no sistema cognitivo do receptor que integra toda
a informação que este já possui, a qual lhe é transmitida de forma organizada pela cultura onde foi socializado.
O sistema interventor deve dar tanta importância à comunicação icónica como à verbal.
É frequente gerarem-se mal-entendidos devido ao uso por um dos protagonistas de uma tecnologia de comunicação com suportes,
canais ou códigos de representação, não familiares ao outro.
As divergências perceptivas podem TB surgir da diferente interpretação dos comportamentos de acordo com a cultura do receptor. O
que para um é boa educação para outro pode ser sinal de dificuldade de aprendizagem.
1-deve conhecer a cultura do sistema-cliente assim como as suas principais especificidades (idade, género, estatuto social,
particularidades étnicas e linguísticas). Paulo Freire (conhecer por dentro como Vitral)
2-Para que a sua acção seja eficaz, é necessário que o interventor se conheça a si próprio e exerça uma rigorosa auto-vigilância sobre
os seus actos: só a partir desta autoscopia permanente é possível controlar a sua acção, necessariamente emoldurada pela cultura que
interiorizou que lhe moldou um conjunto de valores e atitudes próprios, os quais condicionam o seu modo de ver o Mundo e a Vida
e os seus comportamentos, traduzidos em opiniões e condutas profissionais.
3-o interventor deve conhecer os principais elementos que integram o ambiente da intervenção (políticos, económicos e
socioculturais), que lhe traçam um quadro de ameaças e de oportunidades estratégicas.
4-Deve estar atento a todos os elementos que configurarem a interacção social decorrente do processo de intervenção social,
nomeadamente os que integram o sistema de comunicações em presença quer estas se façam sob forma presencial quer à distância.
Nas comunicações feitas presencialmente o interventor deve estar atento às mensagens verbais e não verbais (gestos, sinais(icons)
Nas à distância este deve saber escolher os suportes de mediatização adequados (áudio, vídeo, informáticos) e os canais de
comunicação de que se vai servir(terceiras pessoas, correio, rádio, TV, Internet) para evitar filtros comunicacionais.
Ao conhecer a cultura do sistema-cliente, o sistema-interventor aproxima-se deste. Quanto menor for a distância cultural entre os
dois, mais fácil se torna o processo comunicacional.
RECONHECER A NECESSIDADE DE CONHECER O PONTO DE VISTA DO SISTEMACLIENTE COMO IMPERATIVO
DE EFICÁCIA.
Para que a intervenção seja bem sucedida, o sistema-interventor não pode prescindir de conhecer a opinião do sistema-cliente; deve
saber ouvir, observar e interpretar as necessidades, para encontrar as respostas mais adequadas.
ENTENDER O CHOQUE CULTURAL SUBJACENTE A QUALQUER SITUAÇÃO DE INTERVENÇÃO SOCIAL.
O choque cultural é inevitável, uma vez que populações e técnicos têm diferentes formas de encarar a mudança, atribuindo um valor
diferente aos custos e aos benefícios das alterações subjacentes.
DEFINIR O CONCEITO DE CULTURA, ADOPTADO PELAS CIÊNCIAS SOCIAIS.
Herança social que qualquer indivíduo recebe, ao longo da sua socialização.
Segundo TOFFLER as grandes alterações sociais registadas ao longo da História, podem dividir -se em três ondas (vagas)
civilizacionais:
A primeira vaga possibilitou a sedentarização humana em torno de uma civilização agrícola (há 10 mil anos);
A segunda vaga advém da revolução industrial,( à cerca de 300 anos) que acelerou o ritmo de mudança criando uma nova
civilização, que se espalhou sobretudo nas zonas temperadas da terra. (séc. 18);
A terceira vaga baseia-se no desenvolvimento da informação (2ª. metade do séc. 20).
As três civilizações coexistem, colidem, misturam-se, o que faz com que em nenhum ponto da terra se viva o impacto de apenas
uma vaga de mudança. O que se assiste é à permanente colisão de duas vagas, ou até mesmo das três. Nos países mais
desenvolvidos colidem essencialmente a 2ª e a 3ª; enquanto nos menos desenvolvidos, se observa um enorme choque das duas
primeiras, existindo já algumas bolsas da chamada sociedade da informação.
A tecnosfera das civilizações pre´-industriais ou, de acordo com Tofler, de 1ª vaga, tinha como traços dominantes sistemas
energéticos e tecnológicos rudimentares e economias baseadas na agricultura de subsistência.
A sociosfera apresentava um tipo de organização dominante que assentava na divisão sexual e etária do trabalho no interior da
família extensa e em alianças de famílias. Os sistemas de ensino eram predominantemente informais à excepção de reduzidas elites
quando a complexificação social o permitia. O sistema político era fragmentado, à excepção de alguns imperialismos regionais.
A infosfera tinha como características: o médium comunicacional escrito era propriedade de grupos muito reduzidos (escribas e
sacerdotes) As ideias força que orientavam as concepções do Mundo e da vida tinham muito a ver com a situação de forte
dependência das condições naturais condicionando uma concepção cósmica do tempo subordinada ao ciclo agrícola….
-a família, reduzida à dimensão nuclear, deixou de funcionar como unidade de produção, passando a ser substituída por empresas de
cada vez maiores dimensões
-os media expandem-se ais campos do áudio-visual e atingem por vezes dimensões gigantescas, assumindo-se como fábricas de
informação padronizada, destinadas a grandes massas populacionais
-para tofler a civilização de 2ª vaga assenta sobre 6 ideias-força que condicionam os comportamentos. Essas ideias-força , de
padronização, especialização, sincronização, concentração, maximização e centralização, determinam uma crença generalizada no
progresso e uma posição arrogante do homem como conquistador da natureza.
CONDICIONALISMOS AMBIÊNTAIS DA SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO
COMO NA 2ª VAGA A EMERGENTE CIVILIZAÇÃO DA 3ª VAGA CRIOU NOVOS MODOS DE VIDA
-O enorme avanço tecnológico e com a crise petrolífera deu-se uma diversificação das fontes energéticas, passando cada vez mais a
utilizar-se as renováveis sempre que economicamente competitivas com as perecíveis
-a tecnologia da 3ª vaga assenta directamente na produção científica, esbatendo-se cada vez mais as tradicionais fronteiras entre
investigação básica e aplicada; enquanto que a tecnologia de 2ª vaga assentava no motor (a vapor, eléctrico, de combustão interna e
nuclear), na 3ª vaga ´+e directamente a biologia, a electrónica (com o computador como ferramenta dominante), a oceanologia e as
engenharias genética e espacial que funcionam como berços da tecnologia.
-na economia deu-se uma diversificação de agentes económicos, um aumento em ritmo acelerado de pequenas e médias empresas a
par (por vezes mesmo como alternativa) das grandes empresas industriais, uma desmassificação da produção, uma complexificação
das redes de distribuição e um crescente poder do consumidor. Em termos mundiais o modelo de economia subsidiada tem sido cada
vez mais posto em questão, se bem que ainda subsista.
-ao modelo burocrático de organização sucede um modelo adhocrático, caracterizado por um ciclo de vida efémero, uma vez que é
orientado para objectivos temporariamente delimitados, as conexões entre organizações multiplicam-se, gerando uma nova forma de
articulação social, a rede.
-a família, tal como a empresa, diversificou-se. o poder político complexificou-se, observando-se a emergência de novas formas de
regulação, no meio de uma crise, à escala planetária, do estado-nação e dos sistemas administrativos da sociedade industrial.
-a diversidade e a novidade TB atingiram os media, que acrescentaram novas dimensões às já existentes, graças à sua combinação
com o avança tecnológico no domínio do áudio-visual. Negroponte diz, a informação passou a ser difundida por bytes em vez de por
átomos (papel e outros suportes físicos).
-Toffler refere que a civilização de 3ª vaga se alicerça numa ideia de progresso em que a evolução controlada e o respeito pela
natureza como imperativo de sobrevivência ganham carta de nobreza. -para tofler a civilização de 3ª vaga assenta sobre 6 ideias-
força que sucedem às da civilização de 2ª vaga: a modulação, a sistematização, a dessincronização, a desconcentração, o
dimensionamento e a descentralização. Segundo estas ideias cresce a convicção de que o crescimento tem limites, os recursos são
limitados e que, por isso, o homem tem de os saber gerir com equilíbrio.
O do Nível de Actuação – que define contextos de intervenção, desde aqueles em que a interacção ocorre entre sistemas
individuais (em que o sistema-cliente e sistema-interventor são indivíduos), até aos que configuram situações em que os
protagonistas são sistemas mais complexos (grupos, organizações nacionais e internacionais, comunidades, etc.)
O da Natureza Dominante da Actividade – que procura chamar a atenção para a focagem da intervenção social se na área das
necessidades sócio-económicas, sócio-políticas ou sócio-culturais.
A intervenção social nas sociedades pré-industriais visa resolver necessidades de subsistência que se prendem com causas não
controláveis pelo homem (seca, pobreza, doença, morte...). Os sistemas-cliente são pessoas e famílias e na maior parte das vezes os
interventores também o são. a legitimação da intervenção é quase exclusivamente de ordem ético-religiosa não se considerando que
o estado tenha o dever de ajudar, nem o cidadão o direito de esperar ajuda. O modelo de intervenção é claramente assistencial.
A INTERVENÇÃO SOCIAL NA SOCIEDADE INDUSTRIAL caracteriza-se por níveis de actuação cada vez mais complexos.
Com as profundas alterações demográficas ocasionadas pela revolução industrial, nomeadamente com processos de êxodo rural e
urbanismo geraram-se fortíssimos desequilíbrios sociais, acentuam-se as diferenças sociais, com a concentração da riqueza nas mãos
de uns em detrimento de outros, que cada vez se encontram mais na miséria. A complexidade dos problemas sociais levou a
sociedade civil a organizar-se sob a forma de movimentos sociais, como o trabalhista e o mutualista, obrigando o Estado a assumir o
papel de regulador do sistema social e económico. Aos fins de Segurança e Justiça preconizados pelo estado protector, veio a
acrescentar-se o fim de bem-estar, surge assim um modelo de Estado Providência (rosanvallon) inicialmente concebido segundo a
lógica de seguro social obrigatório, a partir da política de Bismark.
Após a 2ª. Guerra Mundial, a partir das contribuições doutrinárias de KEYNES e BEVERIDGE e da experiência colhida antes e
durante o conflito, consolidou-se um modelo de protecção social mais amplo, ESTADO-PROVIDÊNCIA KEYNESIANO (EPK),
com três objectivos básicos:
Promover o pleno emprego
Criar um conjunto de serviços universais ou quase universais para satisfazer necessidades básicas da população
Manter um nível mínimo de condições de vida para todos os cidadãos.
Na sociedade industrial a intervenção foi, portanto, partilhada entre a sociedade civil e o Estado. Apesar de terem maiores
dificuldades, os grupos mais carenciados eram os menos assistidos pelo Estado, que remetia para as organizações da sociedade civil
o papel de responder às necessidades de subsistência.
Ao contrário do que as teses catastróficas neoliberais defendiam, no período que MISHRA (1995) apelidou de pós-crise (anos 80 e
seguintes), o estado Providência Keynesiano não foi desmantelado. O que se verificou foi o desenvolvimento de 2 concepções
diferentes de ver a protecção social: a neoconservadora e a social-democrata.
A intervenção social nas sociedades da informação tende a adequar as respostas sociais à diversidade e complexidade dos
problemas. A sociedade contemporânea confronta-se com duas tendências aparentemente opostas: a globalização (da economia, do
crime, da solidariedade, etc.) e a singularização. A intervenção social, na actualidade, para ser eficaz tem de se adequar aos vários
perspectiva meramente sócio-
níveis de actuação, posicionando-se numa óptica integrada, ultrapassando a
económica e assumindo um papel sócio-político e sócio -cultural.
Tipologia de trabalhos de intervenção social
1-presença social 2-Organização social 3-Intervenção Directa
-de rua -quadros gestores de serviços -intermediação(sócio-técnico)
-de acolhimento -quadros intermédios que combinam as -Acompanhamento(Sócio-administrativo)
lógicas da direcção e da intervenção -Acompanhamento socializante (sócio-
-Coordenadores de programas pedagógico)
-acompanhantes de projectos
Alegada situação incompatível com os valores de um significativo número de pessoas as quais concordam ser necessária uma acção
transformadora
O BANCO MUNDIAL fala de desenvolvimento sustentado: “que satisfaça as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das futuras gerações para satisfazer as próprias”. O aspecto mais interessante desta definição é a ideia de solidariedade
inter-geracional.
O PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) define desenvolvimento humano como um processo que conduz
ao alargamento das possibilidades oferecidas a cada um, de forma a atingir um melhor nível de vida. Em princípio elas são
ilimitadas e evoluem com o tempo.
È AO SOCIÓLOGO ALEMÃO FERDINAND TÖNNIES QUE TEM SIDO ATRIBUIDA A 1ª TEORIZAÇÃO DO CONCEITO
POR CONTRAPOSIÇÃO AO DE SOCIEDADE.
Para ele a comunidade é uma forma de vida antiga que se desenvolveu a partir da agregação de famílias num mesmo espaço,
caracterizando-se por uma coesão social baseada em laços de sangue, de amizade, de costume e de fé. Com o crescimento do
processo de urbanização decorrente da industrialização, o modelo de organização social transforma-se em sociedade
Após ele muitos cientistas tentaram descrever o fenómeno comunitário. Ideias associadas ao conceito para reter:
-alto grau de intimidade pessoal
-relações sociais afectivamente alicerçadas
-compromisso moral
-coesão social
-continuidade no tempo
O serviço social de comunidades é uma estratégia macrossocial do serviço social, com o objectivo de ajudar uma dada população
a:
- Tomar consciência de necessidades e recursos
- Assumir uma posição crítica sobre a realidade
- Organizar recursos de forma dinâmica para responder às necessidades
O sistema-cliente deve: tomar consciência de uma dada situação problema, valorá-la criticamente comparando-a a situações
alternativas desejáveis e agir para a modificar.
O interventor social deve: assumir -se como recurso do sistema cliente, ajudando-o a responder a situações de carência,
dinamizando processos que criem condições para o desenvolvimento de sistemas de liderança eficazes e participados, que levem à
coesão da comunidade e à integração desta no ambiente que a rodeia.
foram protagonistas de projectos comunitários, muito influenciados não tanto pela política intervencionista do Estado, mas
sobretudo pela gigantesca vaga de fundo promovida pelo Concílio Vaticano II e pelo pensamento de alguns dos seus mentores, como
o padre LEBRET.
EXPLICITAR OS PRINCÍPIOS DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
-PRINCÍPIO DAS NECESSIDADES SENTIDAS – defende que todo o projecto de desenvolvimento comunitário deve partir das
necessidades sentidas pela população de não apenas das necessidades consciencializadas pelos técnicos;
-PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO – afirma a necessidade do envolvimento profundo da população no processo do seu próprio
desenvolvimento;
-PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO – refere como imperativo de eficácia a colaboração entre sector público e privado nos projectos
de Desenvolvimento Comunitário;
-PRINCÍPIO DA AUTO-SUSTENTAÇÃO – defende processos de mudança equilibrados e sem rupturas, susceptíveis de
manutenção pela população -alvo e dotados de mecanismos que previnam efeitos perversos ocasionados pelas alterações
provocadas;
-PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE – afirma que um projecto só tem êxito se tiver como alvo uma dada população na sua
globalidade, e como objectivo a alteração das condições que estão na base da situação de subdesenvolvimento.
A FIM DE ENTENDER OS GRANDES MODELOS DE ACTUAÇÃO QUE SE TÊM VINDO A PERFILAR, APRESENTAR-SE-
ÃO TR~ES TIPOLOGIAS QUE PROCURAM SISTEMATIZAR TAL DIVERSIDADE DE ACORDO COM TRÊS CITÉRIOS:
-UM CRITÉRIO GEOGRÁFICO
-UM CRITÉRIO CONCEPTUAL
-UM CRITÉRIO DE ESTILO DE INTERVENÇÃO.
Europeu Países e Regiões com Utilizar o DC como Integração dos dois níveis de
sistemas de meio para dinamizar desenvolvimento
Desenvolvimento o Desenv. Regional (Regional e Local)
Regional
A tipologia geográfica tem o inconveniente de homogeneizar artificialmente os projectos regionais. Nas diferentes regiões do mundo
o que se observa é a existência de mais de um tipo.
MODELO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL (A) – intervenção muito localizada (perspectiva microssocial), orientada para o
processo de criação de grupos de auto-ajuda em que o interventor assume um papel facilitador com uma forte componente sócio-
educativa;
MODELO DE PLANEAMENTO SOCIAL (B) – intervenção de componente meso e macro mais evidente, voltada para a resolução
de problemas concretos (orientações para o resultado) em que o interventor assume o papel de gestor de programas sociais;
MODELO DE ACÇÃO SOCIAL (C) – intervenção de perspectiva integrada (macro, meso, micro) orientada para a alteração dos
sistemas de poder em presença em que o interventor assume o papel de activista, advogado do sistema-cliente e negociador,
aproximando-se da figura do militante.
TENDÊNCIAS DO ENSINO
As tendências do ensino do Desenvolvimento Comunitário podem inferir-se da abundância de materiais educativos produzidos, sob
a forma de artigos, monografias ou manuais, e pela diversidade dos programas lectivos oferecidos nas várias instituições de ensino.
INSTITUIÇÕES DE ENSINO PRESENCIAL – Ciência Política e da administração;
Ciências da Educação; Sociologia; Antropologia; Serviço Social e Política Social
INSTITUIÇÕES DE ENSINO À DISTÂNCIA
(Ler as páginas 93 a 100)
Nos Estados Unidos os antropólogos dirigiam os seus olhares para o estudo de culturas alienígenas, como resposta aos excessos da
corrente evolucionista unilinear do séc. 19, que havia desenvolvido grandes teorias dedutivas sobre a evolução do Homem, sem
grande fundamentação empírica.
No período entre as duas grandes guerras, antropólogos como FRANZ BOAS, HERSKOWITS ou MARGARET MEAD,
dedicaram-se ao estudo de pequenas comunidades, culturalmente homogéneas,tanto em território americano com noutras paragens,
numa perspectiva monográfica. A excepção parece ter sido o conjunto de trabalhos de campo integrados na estratégia de aplicação
aos Índios, da política do new deal.
Durante a 2ª. Guerra mundial a situação alterou-se, dada a necessidade de entender diferentes locais e gentes. Os serviços dos
antropólogos foram procurados por muitos departamentos das Forças Armadas:
--na busca de apoio na elaboração de manuais de sobrevivência para a fora aérea e forças especiais (dado o conhecimento que
detinham das estratégias de sobrevivência dos povos em territórios desconhecidos para os americanos).
--Os militares pretendiam ainda compreender o comportamento do inimigo, neste âmbito ficou célebre o estudo de RUTH
BENEDICT sobre a cultura japonesa.
---Ainda no quadro da 2ª. Guerra Mundial, os antropólogos eram chamadas a treinar os quadros para administrar zonas ocupadas, o
que permitiu um controle inteligente das referidas zonas, sem o recurso à humilhação das populações dos países vencidos,
nomeadamente do Japão e da Alemanha.
DEPOIS DA GUERRA, a Antropologia Aplicada americana tem vindo a dedicar-se a diversos serviços especializados em diversos
domínios:
Colaboração em programas de agências especializadas das NNUU e em Programas de agencias governamentais no âmbito da
cooperação com países da América Latina, nomeadamente no campo da saúde pública e do desenvolvimento rural;
Consultoria aos serviços da marinha e à administração civil, em matéria de administração de territórios;
Apoio a programas de Desenvolvimento Comunitário promovidos por organizações não governamentais (ONGs) de vocação
transnacional.;
Apoio à gestão de empresas no âmbito de estudos sobre cultura organizacional.
FASE DE PRÉ-ESTUDO- Na fase inicial da vida de um projecto, caracterizada pela sua natureza exploratória, o contributo do
antropólogo reside na recolha de dados disponíveis sobre o sistema-cliente, numa perspectiva monográfica, para formar um quadro
de referência. Definidas as características globais, cabe ao antropólogo proceder ao estudo detalhado dos elementos da cultura do
sistema-cliente que possam ter relação com o projecto de intervenção.
FASE DE PLANEAMENTO-Aqui o antropólogo colabora em três tipos de tarefas: operacionalização do problema e discussão
do programa de intervenção daí decorrebte; análise dos obstáculos; recomendação de medidas que permitam ultrapassar os referidos
obstáculos.
FASE DE ANÁLISE CONTINUADA-No decorrer da intervenção o antropólogo deve funcionar como olhos e ouvidos dos
sitema-interventor, no sentido de proceder à detecção precoce de incidentes críticos e propor correcções à intervenção.
Caso a detecção seja tardia , o anpropólogo poderá funcionar como consultor para diagnosticar a situação e preconizar medidas
correctivas.
Pobreza Espaço Representação social da pobreza numa dada Ser pobre em Portugal, hoje, é
Relativa (cultural) e cultura e num dado momento histórico. diferente de o ser há 30 anos, e de o ser,
Tempo hoje na Dinamarca ou em Angola.
(histórico)
Pobreza Auto-imagem Representação da pobreza feita pelo próprio, de O mesmo R tem diferentes
Subjectiva acordo com a sua experiência existencial de luta significados e usos para os velhos pobres
pela sobrevivência. ou para os novos pobres.
Pobreza Norma Ex: considera-se pobre aquele que tiver um R < X Atribuição do Rendimento
Convencional (sendo x um valor que pode variar) Mínimo Garantido.
OSCAR LEWIS através de estartégias de observação participante e de análise de histórias de vida apercebeu-se que no interior das
culturas rural e urbana é identificável uma subcultura de pobreza, elaborou uma listagem composta por cerca de 60 elementos que
permitem caracterizar uma subcultura de pobreza. Esses elementos agrupam-se em quatro tipos de indicadores: a relação da
32
Apesar do seu valor descritivo, uma das limitações que tem sido apontada à descrição de Lewis é Outras críticas lhe têm sido
feitas tanto de natureza po-
a de que tem demasiados indicadores dando a todos a mesma importância32. Procurando lítica como metodológica.
ultrapassar essa dificuldade vejamos um modelo integrador da cultura da pobreza inspirado em Franz Fanon, por exemplo
em Os condenados da Terra
Lewis, em que se sublinham oito aspectos essenciais de uma cultura de pobreza33: (s/d, Lisboa, Ulmeiro, Io ed.
francesa de 1958) acusa
Lewis de desprezar a capa-
cidade revolucionária dos
portadores de culturas de
pobreza. Do ponto de vista
Economia metodológico, têm-se apon-
tado algumas fragilidades no
de método de selecção dos in-
sobrevivên quiridos, uma vez que Lewis
cia não explicita os critérios uti-
lizados para a escolha das
histórias de vida. O mérito
deste autor é, no entanto, ter
chamado a atenção para a
presença de factores
Habitação e identificadores da pobreza
Alimentação para além da simples carência
espaço envolvente
Saúde precária quantitativa e de recursos.
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Só depois de ter caracterizado o problema de forma objectiva e o pedido de modo claro e rigoroso é que o interventor fica em
condições de passar a uma segunda fase: a definição da encomenda. O importante, agora, é reconhecer que a intervenção exige um
esforço de todos os protagonistas e não apenas do sistema-interventor; é também nesta fase que se definem os papéis que cabem às
partes envolvidas.
O desprezo por estas duas fases iniciais condiciona negativamente todo o processo em três aspectos:
Inutiliza-se o capital de experiência do sistema cliente e tende a ignorar-se a sua cultura;
A rejeição da participação do sistema-cliente impede a realização de qualquer estratégia que conduza à sua autonomia;
O desprezo pela contribuição do sistema-cliente leva a que este não possa assumir o papel de espelho do interventor, impedindo
este último de se vigiar relativamente aos seus próprios condicionamentos culturais.
Precursores desta corrente, bem como autores mais significativos caracterizados em 3 grupos:
-os que preconizam a intervenção em pequenos grupos (contexto micro-social)
-os que preconizam a intervenção em organizações (contexto meso-social)
-os que usam a sua tecnicidade em situações mais complexas (macro-sociais)
LE PLAY (1806-1882)
Figura marcante que com os seus estudos monográficos sobre famílias operárias, procurou descrever padrões de vida dos operários
da época e propor medidas para melhorar a sua qualidade de vida. LE PLAY ao estudar o orçamento familiar conseguia obter
informações sobre os recursos das famílias e o modo como eram utilizados.
CORRENTE MARXISTA
MARX, ENGELS, LENIN e MAO-TSE-TUNG postularam que para a melhoria da qualidade de vida das populações seria
indispensável uma alteração dos sistemas de poder existentes, precedido do respectivo estudo da situação. A intervenção proposta
difere da de LE PLAY pela sua tónica sócio-política como pela sua postura macro-social.
FREUD
Num contexto intimista de relação médico-doente, Freud defende que a mudança passa por um processo de intervenção em que o
terapeuta ajuda o paciente a recordar e verbalizar situações esquecidas da sua infância. Deste modo, a cura é precedida de uma
investigação partilhada sobre o passado. A identificação e análise dos acontecimentos que marcaram o desenvolvimento
psicológico do paciente constitui, assim, parte indispensável do processo de cura (resultado desejado).
REFERIR A CONTRIBUIÇÃO DE LEWIN, MORENO, MAYO, ELLIOT JACQUES, CROZIER, ESCOLA DE ANÁLISE
INSTITUCIONAL, SCHEIN, ALINSKY, DOLCI E LEBRET PARA A SOCIOLOGIA DE INTERVENÇÃO
KURT LEWIN e JACOB MORENO, com os seus trabalhos demonstraram que o grupo pode ser usado como unidade de
intervenção social eficaz, no sentido de MUDAR COMPORTAMENTOS DOS ELEMENTOS QUE O INTEGRAM, bem
COMO OPERAR MUDANÇAS NO PRÓPRIO AMBIENTE EXTERNO AO PRÓPRIO GRUPO.
A diferença do método destes autores em relação a Freud é que este último baseava o campo de investigação-acção no Passado,
enquanto LEWIN e MORENO se baseiam no Presente. O Passado e o Futuro não são ignorados, mas surge como raiz e como
expectativa do Presente.
A partir dos seus trabalhos ELLIOT JACQUES publicou um ensaio sobre a intervenção e mudança na empresa. Para além da
aplicação dos conhecimentos da psicanálise a sócio-análise confere um importante papel ao sistema-cliente.
Apesar da reserva postas por alguns autores, pode também considerar-se a obra do sociólogo FR MICHEL CROZIER, enquadrável
na sociologia de intervenção. A sua estratégia de actuação consiste na realização de um inquérito clássico à organização em análise e
pela posterior apresentação e discussão dos resultados com o sistema-cliente. A principal crítica que lhe trem feito reside no fraco
papel conferido aos analisados no decorrer do processo, que não têm papel activo, nem nas fases do pedido e da encomenda nem na
recolha e análise de dados (HESS)
Numa linha próxima da sócio-análise de ELLIOT JACQUES posiciona-se a chamada Escola de Análise Institucional
(LAPASSADE, LOURAU, LOBROT e ARDOINO). Para estes autores é extremamente importante o sistema de poder nas
organizações. A sua intervenção começa por pôr em causa o poder instituído e fazer emergir o poder instituinte, para depois, por
negociação, reequilibrar os dois pólos do sistema.
A estratégia de actuação de MICHEL CROZIER consiste na realização de um inquérito clássico à organização em análise e na
posterior apresentação e discussão dos resultados com o sistema-cliente. No entanto CROZIER confere um papel passivo ao
sistema-cliente, não o envolvendo nas fases de pedido, encomenda, nem na recolha e análise de dados.
SHEIN centra sua atenção em termos interventivos na gestão da cultura organizacional, apresentando a sua intervenção o mesmo
tipo de limitações de CROZIER.
TAVARES DA SILVA assenta a sua prática numa ética de intervenção fortemente respeitadora da liberdade e da integridade do
sistema-cliente, baseada na integração teórica da psicanálise, na teoria do GESTALT e na dinâmica de grupo.
A SOCIOLOGIA DE INTERVENÇÃO EM CONTEXTO MACRO
O sociólogo francês ALAIN TOURAINE baseava os seus estudos em resultados de inquéritos, que eram a sua técnica de recolha
de dados, em que os inquiridos participavam apenas como fornecedores de informação. A REVOLTA ESTUDANTIL DE Maio de
1968 relatada por si em o movimento de Maio constitui uma ruptura com essa postura. A partir de então a sua obra tem-se repartido
entre uma perspectiva clássica e a sociologia de Intervenção no estudo dos movimentos sociais.
A obra de LEBRET representa o compromisso entre uma postura doutrinária, marcada pela sua fé cristã, e uma sólida preparação
científica que utilizou como instrumento de entendimento da realidade social.
A SUA TÉCNICA DE INQUÉRITO-PARTICIPAÇÃO INTEGRAVA OS SEGUINTES PASSOS:
Reconhecimento da comunidade; selecção de uma pequena equipa de voluntários para realizar levantamento de problemas da
comunidade; treino da equipa; realização do levantamento; análise dos dados; difusão dos resultados e debate sobre a estratégia de
mudança.
SAUL ALINSKY, talvez devido às suas raízes (nasceu e foi criado num bairro de lata em Chicago) realizou vários trabalhos de
campo sobre grupos marginais. A sua técnica de trabalho é construir grupos ou organizações comunitárias, enraizadas num bairro e
cujo fim é ajudar os habitantes a organizarem-se e a defender os seus direitos. De referir apenas a título de curiosidade que, no
intuito de atingir os objectivos de investigação sobre a delinquência, conseguiu penetrar na quadrilha de AL CAPONE, que estudou
durante dois anos.
À semelhança de ALINSKY e LEBRET, DANILO DOLCI baseia a sua acção transformadora na criação e treino de pequenos
grupos de militantes cívicos que deveriam assumir um papel de fermento que leveda a massa. Muito forte na sua estratégia é a
componente sócio-política. Tal como ALINSKY, DOLCI manifesta uma preocupação evidente em ensinar estratégias eficazes de
actuação às comunidades excluídas, respeitando os princípios da não-violência activa.
PAULO FREIRE marcou uma ruptura na história pedagógica de seu país e da América Latina. Através da criação da concepção de
educação popular ele consolidou um dos paradigmas mais ricos da pedagogia contemporânea rompendo radicalmente com a
educação elitista e comprometendo-se verdadeiramente com homens e mulheres. Num contexto de massificação, de exclusão, de
desarticulação da escola com a sociedade, Freire dá sua efectiva contribuição para a formação de uma sociedade democrática ao
construir um projecto educacional radicalmente democrático e libertador. Assim sendo, o seu pensamento e a sua obra são, e
continuarão sendo, um marco na pedagogia nacional e internacional.
Acção cultural: acção desencadeada pelas pessoas que aprendem a "ler" e a "escrever" a sua realidade, actuando sobre ela para a
transformar, assumindo-se como criadores de cultura.
Alienação: situação em que o indivíduo está privado da razão, perdendo o domínio de algo que lhe pertence (político, económico,
cultura, etc).
Círculo de cultura: escola não tradicional onde se pratica a educação problematizadora.
Codificação: representação de uma situação vivida pelo educando no seu quotidiano através de linguagem icónica (desenhos, slides,
etc) a fim se poder proceder à sua problematização.
Condicionamento ideológico: processo pelo qual as pessoas são levadas a desenvolver um comportamento automático e acrítico
perante a realidade social, sob a forma de opiniões e condutas, fruto da socialização da ideologia dominante.
Consciência crítica: percepção que revela as razões explicativas de uma dada realidade social, para além do que o condicionamento
ideológico faz entender.
Conscientização: Processo educativo que permite, a educadores e educandos, ganhar uma consciência crítica. Passa por um triplo
processo de observar objectivamente a realidade em questão, de descodificá-la comparando o ser da situação com o
dever ser desejado, e por definir estratégias para a sua transformação através de uma acção cultural.
Cultura: é tudo o que as pessoas criam e que aparece como resultado da sua acção sobre o mundo. Descodificação: processo de
análise crítica das situações codificadas.
Educar: acto dialógico do professor com o aluno, em que ambos ensinam e aprendem com o outro assumindo serem ambos
criadores e portadores de cultura. ninguém educa ninguém. Ninguém se educa a si mesmo. Os homens educam-se
entre si mediatizados pelo mundo (Freire, 1972: 79).
Educação bancária: estilo de educação pelo qual o professor, considerado único detentor do capital Saber (cultura), transmite-o
(deposita-o) mecanicamente ao educando que o recebe acriticamente assumindo não ser detentor de cultura.
Educação problematizadora ou libertadora: estilo de educação em que o professor se assume como companheiro do educando na busca
do saber, usando como estratégia um permanente diálogo crítico (ver educar e conscientização). A educação constitui uma das mais
importantes práticas para a conquista do valor da liberdade (Freire, 1967)
Inédito viável: possibilidade de acção transformadora anteriormente não tentada (inédita) mas possível (viável) ou de acção cm
direcção a objectivos ainda não alcançados (inéditos) mas alcançáveis (viáveis). Sem um prévio processo de conscientização, um
processo inédito mas viável ou uma meta inédita mas viável são categorizados frequentemente como utópicos, isto é inalcançáveis.
Palavra geradora: palavra muito usada pelo grupo de educandos na sua linguagem quotidiana, que serve para gerar outras palavras
com o fim de se chegar à aprendizagem da leitura e da escrita.
Problematização: acção de reflectir sobre o que se disse, procurando o porquê e o para quê dos objectos de análise.
A sua concepção sobre o papel do educador, que concebe como interventor social e político, sintetiza-se num pequeno livro
publicado postumamente, Pedagogia da autonomia (1996) de cujo índice se fez um adaptação para a construção figura 6.5.
Ideias-força Exigências do ensino
Não há docência sem 1. Rigor metódico, pesquisa, espírito critico, risco, aceitação
discência do novo, crítica sobre a prática, estética
2. Ética, encarnação das palavras pelo exemplo, respeito pelos
saberes dos educandos, rejeição de qualquer forma de
discriminação, reconhecimento e aceitação da identidade
cultural
Ensinar não é 3. Consciência do inacabamento, reconhecimento de se ser
transferir condicionado, curiosidade, apreensão da realidade, bom
conhecimentos senso, humildade, tolerância, alegria e esperança
4. Convicção de que a mudança é possível
5. Respeito pela autonomia do educando
6. Luta pelos direitos dos educadores
Estabelecer um relacionamento de parceria com o cliente, encarando-o como alguém com direitos e deveres, potencialidades e
carências;
Dar ênfase à expansão das capacidades, potencialidades e recursos do cliente e do seu meio envolvente;
Contextualizar o cliente e a sua situação (meio);
Direccionar a prática para populações historicamente marginalizadas e oprimidas;
Não apressar o ritmo. Ser perseverante;
Definir programas e intervenções com base nas necessidades identificadas.
É desencadeada por uma reacção a uma situação considerada injusta, tendo como pressupostos um projecto de sociedade e de um
homem novo, bem como uma metodologia própria, o que lhe confere um cariz fortemente dinâmico e antecipativo.
As várias correntes e figuras que defendem a NVA como forma de intervir apresentam uma matriz personalista que se traduz nos
seguintes princípios:
-na exigência de uma prévia reflexão ética sobre a sociedade, assente na ideia de que o homem é um fenómeno que não se repete
-na coerência entre a reflexão ética e a prática política
-na coerência entre meios e fins que no dizer de GHANDI, se assemelham à sementes e às plantas.
Reflexão ética assente na ideia de que o homem é um fenómeno que não se repete;
Coerência entre a reflexão ética e a prática política;
Coerência entre meios e fins (segundo GANDHI são como as sementes e as plantas)
A estratégia da Não-Violência Activa tem objectivos básicos semelhantes aos de qualquer sistema político: promover a coesão social
e a orientação para os projectos colectivos.
A coesão social deve estar associada à coerência entre legalidade e legitimidade, sem a qual não pode haver paz social.
EM TERMOS DE OBJECTIVO POLÍTICO DA ORIENTAÇÃO COLECTIVA, A NVA PROPÕE:
Programa construtivo: qualquer acção de NVA não pode ficar-se pela mera denúncia da injustiça, mas deve conter elementos que
preconizem alternativas viáveis.
Organização: no sentido de manter a coerência entre meios e fins a organização deve cuidar os seguintes aspectos: direcção
coesa e centralizada, formação de quadros, repartição de papéis.
Conclui-se que em termos sócio-políticos, a NVA procura alterar os processos de comando social a partir duma visão personalista da
intervenção social. Apela ao exercício do poder por parte de cada cidadão, tornando-se sujeito da sua história e protagonista
solidário de uma história colectiva em construção.
ESCOLHA DO OBJECTIVO
Deve ser exequível, isto é, possível de alcançar.
Deve ser preciso e limitado no tempo e no espaço.
Deve ter consideração a futura reconciliação com o adversário.
PRIMEIRAS NEGOCIAÇÕES
Visam abrir canais de comunicação entre as partes litigantes.
Visam reduzir os filtros comunicacionais.
Servem para expressar aos representantes do adversário as conclusões da análise da situação e os objectivos do movimento.
Servem para dar testemunho da metodologia não-violenta.
Servem para apresentar uma imagem de determinação.
APELO À OPINIÃO PÚBLICA (CASO NÃO RESULTEM AS PRIMEIRAS NEGOCIAÇÕES)
Alargar o conflito à praça pública
Tomar a iniciativa de controlar a informação que passa para a opinião pública verificando previamente o seu rigor e veracidade.
ENVIO DE ULTIMATOS E ACÇÕES DIRECTAS
O ultimato é a união entre as tentativas de acordo negociado e a prova de força da acção directa.
As acções directas de não cooperação têm por objectivo retirar o apoio ao adversário, usando o poder de não cooperar com ele.
As acções directas de intervenção visam a confrontação directa com o adversário, não desistindo enquanto não forem
reconhecidos os direitos reivindicados.
Partindo de uma comunidade como se fosse um sistema, podemos fazer 3 aproximações (interrogações básicas) que nos podem
servir de guia para formular o diagnóstico, que posteriormente servirá de fundamento do programa de actuação:
1ª. APROXIMAÇÃO:
Questionar quanto ao ambiente externo (macrossistema) – conhecer o meio exterior, seus aspectos e características, que
condicionam a vida da comunidade, no sentido do seu desenvolvimento ou do seu atraso.
Questionar quanto ao ambiente interno – como responde aos inputs do macrossistema, ao modo como está organizado, padrões de
comunicação, principais valores e comportamentos.
Questionar quanto aos outputs da comunidade face ao macrossistema, o que é que os habitantes produzem para a comunidade e para
o exterior, que expectativas têm sobre o futuro individual e colectivo.
2ª. APROXIMAÇÃO:
Depois da 1ª. Aproximação ou primeira análise, agora importa distinguir o que realmente é importante em termos de oportunidades
ou ameaças no ambiente externo, ou seja os inputs relevantes. Tais inputs podem ser agrupados sob a forma de exigências que o
ambiente externo faz à comunidade (solicitações de produção, procura de mão de obra) e de recursos (investimentos, quadros
técnicos, equipamentos).
3ª. APROXIMAÇÃO:
Finalmente na 3ª. Aproximação, importa saber com que rapidez e com que qualidade responde a comunidade às exigências
referidas.
ENUNCIAR AS DIVERSAS FASES DO TRABALHO COMUNITÁRIO
Estudo e diagnóstico
Planeamento
Execução do plano
Avaliação final
ANDER EGG alerta para o erro frequente de empreender estudos demasiado prolongados e pormenorizados, que normalmente têm
2 tipos de efeitos negativos:
-relativamente ao sistema-interventor produzem o que tem sido chamado sindroma de paralesia por análise, que tradus no desvio dos
objectivos principais de uma dade organização… os estudos prolongados têm um efeito desmoralizador sobre o sistema-interventor,
tanto por impedi-lo de contribuir para a resolução de problemas da comunidade, como pelo facto de tais estudos, quando concluídos,
não produzirem valor acrescentado significativo para a intervenção
-relativamente ao sistema-cliente, as investigações de nnatureza prolongada provocam um efeito de vacina face às mudanças
pretendidas: com efeito, se pensarmos que muitas populações-clientes são portadoras de fatalismos e de comportamentos de reacção
à mudança, ao prolongar excessivamente a fase de estudo e diagnóstico os interventores reforçam esse tipo de atitudes e
comportamentos.
No mesmo sentido são de evitar os hábitos coleccionistas ( de informação inútil), devendo os investigadores obedecer a rigorosos
critérios, que lhe permitam seleccionar apenas dados relevantes para a acção a empreeender.
Para combater este erro frequente este autor sugere 2 acções diferensiadas ao longo do trabalho, alicerçadas na ideia de que não é
necessário acabar a investigação para começar a acção.
-intervenção preliminar
-intervenção geral
A INTERVENÇÃO PRELIMINAR ENVOLVE 4 ETAPAS E UM PROCESSO CONTÍNUO
1-a investigação preliminar em que se procede a uma aproximação exploratória
2-o diagnóstico preliminar através do qual se diagnosticam as situações problema
3-o planeamento preliminar que permite definir estratégias e objectivos
4-a execução preliminar que tem o objectivo de dar respostas rápidas
---a avaliação preliminar que não é uma fase mas um processo contínuo de comparação dos resultados obtidos com os previstos
A INTERVENÇÃO GERAL TEM POR objectivo solidificar o conhecimento sobre a comunidade, de identificar situações problema
não percepcionadas na fase preliminar de afinar o plano de intervenção introduzindo-lhe estratégias e objectivos de mais longo
prazo
TIPIFICA-SE EM 5 TAREFAS
1-INVESTIGAÇÃO GERAL, adesenvolver enquanto se executa o plano preliminar
2-dianóstico geral
3-planificação geral
4-a execução do plano
5-avaliação geral
DEFINIR OS PRINCIPAIS OBJECTIVOS DA FASE DE ESTUDO E DIAGNÓSTICO DE UMA COMUNIDADE
Uma vez executados os 5 procedimentos o interventor está em condições de fazer o diagnóstico preliminar da comunidade que se
traduz na caracterização da situação encontrada em termos de desenvolvimento, na perspectiva da sua evolução de acordo co0m
vários cenários, e opção por dada estratégia de actuação.
OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE
O interventor social deve fazer observações múltiplas em diversos momentos e locais. Quanto mais se envolve com a comunidade
mais acede a informações, no entanto arrisca-se a perder objectividade e a perder a visão de conjunto, dado o seu envolvimento.
ENTREVISTA
Deverá ser usada para recolher informação junto de informadores qualificados, sendo recomendável assumir um formato não
demasiado estruturado, a fim de não se perder informação importante.
INQUÉRITO PARTICIPAÇÃO OU AUTO-INQUÉRITO
Deve ser o mais abrangente possível, em termos de amostra, por forma a permitir identificar as principais necessidades e
caracterizar a comunidade, bem como o ambiente que a envolve.
PESQUISA DOCUMENTAL
As fontes devem ser diversificadas, de modo a permitir a confrontação da informação. Não esquecer a importância da análise crítica
da informação recolhida.
INVESTIGAÇÃO GERAL
Segundo Ander Egg a investigação geral é o aprofundamento adequado da investigação preliminar
As estratégias e objectivos devem ser clara e rigorosamente formuladosde modo a evitar problemas de comunicação e
interpretação, hierarquizados de forma a identificar quais as prioridades definidas. O plano deve retratar a relação de dependência
entre os vários objectivos e contemplar procedimentos de avaliação, que servem para monitorizar a execução. Para cada objectivo
deve ser feita uma previsão de recursos a afectar.
AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS
Qual foi a eficácia relativa do projecto? (como comparar a eficácia deste projecto com a de outros projectos análogos realizados
noutras alturas e noutros lugares?)
Qual foi a eficiência absoluta do projecto? (qual a relação entre os resultados obtidos e os recursos que foram afectados para os
atingir – relação entre custos e benefícios)
Qual foi a eficiência relativa do projecto? (como comparar a eficiência deste projecto com a de outros projectos análogos
realizados noutras alturas e noutros lugares?)
Formadores de Os mesmos referidos para Os mesmos resultados que para jovens
Adultos os jovens Emergência de mais grupos de cidadãos activos e competentes no
Gestores rec. Humanos seio das
comunidades.
Melhoramento da produtividade
Com efeito os «professores» a formar são muitos, encontram-se geograficamente dispersos, possuem diferentes qualificações,
desempenham papéis muito diversos, apresentam em regra disponibilidade de tempo muito reduzida e pertencem, por vezes, a
comunidades linguísticas diversas, o que dificulta o processo de comunicação educacional. É neste quadro de dificuldades que as
estratégias de desenvolvimento comunitário se tornam indispensáveis, tirando partido dos recursos locais e criando sinergias (elos
de colaboração conjunta) com meios externos às comunidades.