Você está na página 1de 31

lOMoARcPSD|16726509

Resumo de Desenvolvimento Comunitário

Desenvolvimento Comunitário (Universidade Aberta)

Studocu is not sponsored or endorsed by any college or university


Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)
lOMoARcPSD|16726509

D.C
UMA DISCIPLINA COM ESTA TEMÁTICA PODE APRESENTAR-SE NUM DE TRÊS TIPOS DE ENQUADRAMENTO
CURRICULAR:
-como componente de cursos formais nas áreas de gestão, de ciências sociais e da educação, tanto em contexto de ensino
como em programas de pós-graduação
-como módulo de programas não formais de cariz profissionalizante
-como curso autónomo, em regime livre, num contexto de educação cívica, para a democracia e para o desenvolvimento
A sua estratégia de leccionação decorre do tempo disponível, da estrutura de conhecimentos a ensinar, do público que vai ser
alvo da aprendizagem e do sistema de comunicação educacional escolhido.

As estratégias de organização curricular e de leccionação foram fortemente condicionadas por 4 convicções do autor:

- a crença de que o homem é um fenómeno que não se repete


- a de que os 3 valores explicitados na revolução FR, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, constituem ainda grandes
referências éticas do nosso tempo, dotadas de poder de agregação de quereres comuns de culturas muito diferentes
-a convicção de que a democracia é ainda o melhor modelo de sociabilidade que se conhece
- a tese que defende que as comunidades humanas são susceptíveis de aperfeiçoamento através do desenvolvimento
comunitário.

TEORIAS E CONCEITOS

A disciplina de Desenvolvimento comunitário será emoldurada num quadro teórico-conceptual interdisciplinar que
recorrerá, com frequência, às Ciências Sociais, nomeadamente à Antropologia, Sociologia e Ciência Política e às Ciências da
Educação, sobretudo no que respeita às teorias construtivistas de Ausubel, Novack e Gowin e à concepções andragógicas de
Knowles e Paulo freira.
Socorrer-se-á, em particular, de contribuições de autores ligados à Psicossociologis, nomeadamente Maslow, McClelland,
Homans, Argyris, Bern e Harris, Mc Gregor, Blake e Mouton.

Fará TB apelo ao contributo das teorias Gerais da Política Social e do Serviço Social e às suas aplicações ao
Desenvolvimento Comunitário, sobretudo através das obras de Ander-Egg, Myriam Baptista e de Manuela Silva.

ASSOCIAÇÃO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL


Desenvolvimento Comunitário

-O desenvolvimento social coloca a importância da comunidade como realidade social de coesão e solidariedade entre os homens a
ser resgatada a partir dos seus núcleos de vivência e existência.

-Os limites da comunidade não estão nas fronteiras físicas ou administrativas da área, mas no grau de repercussão participativa dos
grupos e subgrupos de classe que se identificam em termos de interesse e preocupações. Nesse sentido, é função do
desenvolvimento comunitário ampliar as fronteiras da comunidade, contribuindo para que os grupos e subgrupos de classe de dada
área de moradia ampliem a repercussão participativa dos seus enfrentamentos, conforme interesses e preocupações identificados
e a serem identificados.

-No desenvolvimento comunitário não existe uma situação em que o desenvolvimento possa ser considerado pronto, acabado. É um
processo de reflexão e luta em favor da população.

-O desenvolvimento é o objectivo a ser alcançado pelo trabalho comunitário enquanto processo pedagógico. O homem precisa ter
saúde para poder produzir bem; precisa ser educado de modo a transformar suas potencialidades em recursos plenos; precisa ser
habilitado e continuamente aperfeiçoado para poder colocar-se integralmente ao serviço do desenvolvimento.
-O compromisso e a competência profissional são elementos indissociáveis quando se faz da profissão instrumento de um projecto
de vida e de um projecto social cujo maior objectivo é a transformação do homem e da sociedade.

2. PROCESSO DE INTERVENÇÃO SOCIAL EM COMUNIDADES

IDENTIFICAR OS PRINCIPAIS ELEMENTOS EM JOGO EM QUALQUER PROCESSO DE INTERVENÇÃO SOCIAL.

-SISTEMA-CLIENTE (pessoa, conjunto de pessoas, grupo, organização, comunidade ou rede social, com necessidades sociais que
requerem qualquer tipo de intervenção social planeada)

-SISTEMA-INTERVENTOR (pessoa ou pessoas, que se constituem em recurso do sistema-cliente para responder às suas
necessidades)

-INTERACÇÃO (comunicação entre os dois sistemas, através da qual se identificam necessidades e recursos e organizar respostas
adequadas às necessidades identificadas através dos recursos)

-AMBIENTE DA INTERVENÇÃO (ambiente que serve de pano de fundo à interacção, proporcionando condições favoráveis ou
desfavoráveis à intervenção)

Comunicar é pôr em comum uma dada informação.


Por detrás de qualquer comunicação humana esconde-se um complexo processo em que o emissor (quem partilha a informação)
após variadas operações internas de selecção, comparação e codificação de informação, a emite sob a forma de uma mensagem
verbal ou não verbal par um ou mais receptores que a vão receber com os seus sensores (visuais, auditivos, tácteis e cinestésicos) e,

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

através de um processo de descodificação, TB ele complexo, lhe vão dar sentido, de acordo com elementos de natureza emocional e
cognitiva que possuem.
Tanto no processo de codificação como no de descodificação das mensagens, a cultura dos protagonistas desempenha um papel
essencial na percepção, ou seja no reconhecimento, filtragem e contextualização da informação. Quanto maior for a distância
cultural entre os actores sociais mais difícil se torna o processo comunicacional.

PROBLEMAS DE PERCEPÇÃO

É frequente a ocorrência de mal-entendidos entre os sistemas devido às diferenças de percepção da realidade. As diversas culturas
têm diferentes padrões de associação, de acordo com a sua experiência de vida: a percepção, ou seja a atribuição de significado à
informação recebida, depende do posicionamento ou ancoragem dessa informação no sistema cognitivo do receptor que integra toda
a informação que este já possui, a qual lhe é transmitida de forma organizada pela cultura onde foi socializado.
O sistema interventor deve dar tanta importância à comunicação icónica como à verbal.

É frequente gerarem-se mal-entendidos devido ao uso por um dos protagonistas de uma tecnologia de comunicação com suportes,
canais ou códigos de representação, não familiares ao outro.

As divergências perceptivas podem TB surgir da diferente interpretação dos comportamentos de acordo com a cultura do receptor. O
que para um é boa educação para outro pode ser sinal de dificuldade de aprendizagem.

PAPEL DO INTERVENTOR SOCIAL

1-deve conhecer a cultura do sistema-cliente assim como as suas principais especificidades (idade, género, estatuto social,
particularidades étnicas e linguísticas). Paulo Freire (conhecer por dentro como Vitral)

2-Para que a sua acção seja eficaz, é necessário que o interventor se conheça a si próprio e exerça uma rigorosa auto-vigilância sobre
os seus actos: só a partir desta autoscopia permanente é possível controlar a sua acção, necessariamente emoldurada pela cultura que
interiorizou que lhe moldou um conjunto de valores e atitudes próprios, os quais condicionam o seu modo de ver o Mundo e a Vida
e os seus comportamentos, traduzidos em opiniões e condutas profissionais.
3-o interventor deve conhecer os principais elementos que integram o ambiente da intervenção (políticos, económicos e
socioculturais), que lhe traçam um quadro de ameaças e de oportunidades estratégicas.
4-Deve estar atento a todos os elementos que configurarem a interacção social decorrente do processo de intervenção social,
nomeadamente os que integram o sistema de comunicações em presença quer estas se façam sob forma presencial quer à distância.
Nas comunicações feitas presencialmente o interventor deve estar atento às mensagens verbais e não verbais (gestos, sinais(icons)
Nas à distância este deve saber escolher os suportes de mediatização adequados (áudio, vídeo, informáticos) e os canais de
comunicação de que se vai servir(terceiras pessoas, correio, rádio, TV, Internet) para evitar filtros comunicacionais.

RECONHECER A NECESSIDADE DE CONHECER A CULTURA DO SISTEMA-CLIENTE COMO CONDIÇÃO DE


EFICÁCIA DA INTERVENÇÃO SOCIAL.

Ao conhecer a cultura do sistema-cliente, o sistema-interventor aproxima-se deste. Quanto menor for a distância cultural entre os
dois, mais fácil se torna o processo comunicacional.
RECONHECER A NECESSIDADE DE CONHECER O PONTO DE VISTA DO SISTEMACLIENTE COMO IMPERATIVO
DE EFICÁCIA.
Para que a intervenção seja bem sucedida, o sistema-interventor não pode prescindir de conhecer a opinião do sistema-cliente; deve
saber ouvir, observar e interpretar as necessidades, para encontrar as respostas mais adequadas.
ENTENDER O CHOQUE CULTURAL SUBJACENTE A QUALQUER SITUAÇÃO DE INTERVENÇÃO SOCIAL.
O choque cultural é inevitável, uma vez que populações e técnicos têm diferentes formas de encarar a mudança, atribuindo um valor
diferente aos custos e aos benefícios das alterações subjacentes.
DEFINIR O CONCEITO DE CULTURA, ADOPTADO PELAS CIÊNCIAS SOCIAIS.
Herança social que qualquer indivíduo recebe, ao longo da sua socialização.

DESCREVER A SITUAÇÃO DE DIVERGÊNCIA DE PERCEPÇÕES EM TERMOS DE PROCESSO


COMUNICACIONAL.
Num processo comunicacional é de toda a conveniência que as partes envolvidas falem e entendam a mesma linguagem, ou que
pelo menos compreendam os símbolos icónicos e verbais, que podem ser diferentes desde que sejam entendidos. Quem comunica
deve assegurar-se que o receptor da sua mensagem entendeu com clareza o seu significado, para evitar mal entendidos, que podem
ser desastrosos num processo de intervenção social.
RECONHECER QUE TODO O PROCESSO DE MUDANÇA TEM CUSTOS E BENEFÍCIOS.
A mudança implica sempre uma ruptura, total ou parcial, com hábitos ou tradições que podem estar mais ou menos arreigados numa
comunidade. Essa mudança tem prós e contras. O que é realmente importante é avaliar e certificar -se que os aspectos positivos têm
mais peso que os negativos, já que ambos estão sempre presentes. Mudar é apostar na melhoria; se ela não se verificar, então a perda
daquilo que se mudou pode representar um custo demasiado elevado em relação aos benefícios daí retirados.
IDENTIFICAR QUATRO ELEMENTOS ESTRATÉGICOS NO DESEMPENHO DE UM INTERVENTOR SOCIAL.
Conhecer a cultura do sistema-cliente
Conhecer-se a si próprio e auto-vigiar rigorosamente os seus actos
Conhecer o ambiente da intervenção (a nível político, económico e sociocultural) de forma a identificar possíveis ameaças e/ou
oportunidades estratégicas.
Estar atento a todos os elementos que configuram a interacção social, decorrente do processo de intervenção, nomeadamente os
que integram o sistema de comunicações.
ELABORAR UM MAPA CONCEPTUAL DO PROCESSO DE INTERVENÇÃO SOCIAL.
(Mapa da Pág. 43)
3. AS ALTERAÇÕES DO AMBIENTE DE INTERVENÇÃO SOCIAL

DESCREVER A TEORIA DAS TRÊS VAGAS, DE TOFFLER

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

Segundo TOFFLER as grandes alterações sociais registadas ao longo da História, podem dividir -se em três ondas (vagas)
civilizacionais:
A primeira vaga possibilitou a sedentarização humana em torno de uma civilização agrícola (há 10 mil anos);
A segunda vaga advém da revolução industrial,( à cerca de 300 anos) que acelerou o ritmo de mudança criando uma nova
civilização, que se espalhou sobretudo nas zonas temperadas da terra. (séc. 18);
A terceira vaga baseia-se no desenvolvimento da informação (2ª. metade do séc. 20).

As três civilizações coexistem, colidem, misturam-se, o que faz com que em nenhum ponto da terra se viva o impacto de apenas
uma vaga de mudança. O que se assiste é à permanente colisão de duas vagas, ou até mesmo das três. Nos países mais
desenvolvidos colidem essencialmente a 2ª e a 3ª; enquanto nos menos desenvolvidos, se observa um enorme choque das duas
primeiras, existindo já algumas bolsas da chamada sociedade da informação.

TE Variáveis 1a vaga 2a vaga 3a vaga


C
N
Energia
O Força humana e Carvão; petróleo; Sol; marés; vento;
s animal; algum nuclear (de fontes biomassa; etc. (de
FE aproveitamento do perecíveis) fontes renováveis)
RA vento e da água
Tecnologia Rudimentar Máquina a vapor; Electrónica; Biologia;
motor eléctrico; motor computador, Engenharia
de combustão interna; Genética; Engenharia
motor nuclear Espacial; Oceanologia

Economia Sistema integrado de Divórcio entre Advento do


produção e consumo; produção e consumo, prossumidor;
divisão sexual do mediatizado pelo desconcentração da
trabalho sem grandes mercado; divisão produção;
clivagens entre sexual assente na descentralização do
produção e consumo produção (Mitos se consumo; fim da
xistas); economia economia subsidiada
subsidiada

S Família - Extensa - Nuclear Proliferação dos tipos


O de família além dos
c anteriores
I Escola Predominantemente Ensino padronizado; Ensino modular;
o informal; elitismo curriculum encoberto proliferação de formas e
s (pontualidade, conteúdos pedagógicos
FE obediência, repetição)
R
A Unidades Economia A Companhia; Organização Ad-hocrá
económicas Predominantemente organização tica; desconcentração
familiar centralizada e
burocratizada
Sistema Poder relativamente Poder muito Crise no Estado
político fragmentado; alguns centralizado; um novo (interna e externa);
imperialismos papel social, o novas possibilidades
regionais integrador; Estado- para a pilotagem dos
Nação; imperialismos à sistemas políticos
escala mundial
I Media Elitismo dos Media Mass-Media Self-Media
NF Ideias-força Não padronização; Padronização; Modulação;
OS pouca especialização; especialização; sistematização; des-
FE tempo cósmico (tempo sincronização sincronização;
R físico); (tempo mecânico); desconcentração;
A desconcentração concentração; dimensionação;
maximização; descentralização
centralização

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

Relação com Dependência da Guerra à Natureza; Evolução controlada;


a Natureza, Natureza; crença na evolução e no alteração da ideia de
tradição e 1 fatalismo progresso progresso; diálogo com
modernidade | a Natureza_____________

IDENTIFICAR AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS SOCIEDADES PRÉINDUSTRIAIS (1ª vaga)


TECNOSFERA
Energia baseada na força humana e animal; algum aproveitamento do vento e da água;
Tecnologia rudimentar;
Economia baseada num sistema integrado de produção e consumo, divisão sexual do trabalho.
SOCIOSFERA
Famílias extensas;
Ensino informal, elitismo;
Unidade económica predominantemente familiar;
Poder fragmentado, alguns imperialismos regionais.
INFOSFERA
Elitismo dos media;
Ideias-força: não padronização, pouca especialização, tempo cósmico (tempo físico), desconcentração.
Dependência da natureza, fatalismo.
IDENTIFICAR AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE INDUSTRIAL (2ª vaga)
TECNOSFERA
Energia - carvão, petróleo, nuclear (de fontes perecíveis).
Tecnologia – máquina a vapor, motor eléctrico, motor de combustão interna, motor nuclear.
Economia – o aparecimento do mercado leva à separação da produção e do consumo; divisão sexual assente na produção (mitos
sexistas); economia subsidiada.
SOCIOSFERA
Famílias nucleares.
Ensino padronizado; curriculum encoberto (pontualidade, obediência, repetição).
Unidades económicas assentes numa organização centralizada e burocratizada (A Companhia).
Poder muito centralizado; um novo papel social, o integrador; Estado-Nação; imperialismos à escala mundial.
INFOSFERA
Mass-media.
Ideias-força: padronização, especialização, sincronização (tempo mecânico), concentração, maximização, centralização.
Guerra à natureza, crença na evolução e no progresso.
IDENTIFICAR AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO (3ª vaga)
TECNOSFERA
Energia baseada no sol, marés, ventos, biomassa, etc. (fontes renováveis);
Tecnologia – electrónica, biologia, computador, engenharia genética, engenharia espacial, oceanologia.
Economia baseada na desconcentração da produção, descentralização do consumo, fim da economia subsidiada.
SOCIOSFERA
Proliferação de diversos tipos de famílias;
Ensino modular, proliferação de formas e conteúdos pedagógicos;
Unidades económicas assentes numa organização ad-hocrática, desconcentrada.
Poder – crise no Estado, novas possibilidades de sistemas políticos.
INFOSFERA
Self-media.
Ideias-força: modulação, sistematização, dessincronização, desconcentração,
dimensionação, descentralização.
Evolução controlada, diálogo com a natureza, alteração da ideia de progresso.

CONDICIONALISMOS AMBIENTAIS PRÉ-INDUSTRIAIS

A tecnosfera das civilizações pre´-industriais ou, de acordo com Tofler, de 1ª vaga, tinha como traços dominantes sistemas
energéticos e tecnológicos rudimentares e economias baseadas na agricultura de subsistência.

A sociosfera apresentava um tipo de organização dominante que assentava na divisão sexual e etária do trabalho no interior da
família extensa e em alianças de famílias. Os sistemas de ensino eram predominantemente informais à excepção de reduzidas elites
quando a complexificação social o permitia. O sistema político era fragmentado, à excepção de alguns imperialismos regionais.

A infosfera tinha como características: o médium comunicacional escrito era propriedade de grupos muito reduzidos (escribas e
sacerdotes) As ideias força que orientavam as concepções do Mundo e da vida tinham muito a ver com a situação de forte
dependência das condições naturais condicionando uma concepção cósmica do tempo subordinada ao ciclo agrícola….

CONDICIONALISMOS AMBIÊNTAIS DA SOCIEDADE INDUSTRIAL


COM A 2ª VAGA A EMERGENTE CIVILIZAÇÃO ALTEROU OS MODOS DE VIDA
-as fontes energéticas que se descobriram e exploraram, permitiram um forte avanço da tecnologia, assente em diversos tipos de
motor(a vapor, de combustão interna, eléctrico e nuclear).
-na economia, registou-se uma autonomização crescente do sistema de distribuição, o mercado, que passou a mediar as relações
entre os sistemas de produção e de consumo; em termos mundiais, observa-se uma grande interligação entre o crescimento das
zonas de 2ª vaga, e o empobrecimento de áreas de 1ª vaga, levando alguns autores a falar de uma autêntica economia subsidiada.
-O poder quer económico quer político, revela-se extremamente centralizado. Expressões desse poder, o Estado-naçãoe a
organização burocrática, atingiram limites anteriormente inatingidos, chegando a alcançar, quer um quer outra, dimensões
planetárias.

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

-a família, reduzida à dimensão nuclear, deixou de funcionar como unidade de produção, passando a ser substituída por empresas de
cada vez maiores dimensões
-os media expandem-se ais campos do áudio-visual e atingem por vezes dimensões gigantescas, assumindo-se como fábricas de
informação padronizada, destinadas a grandes massas populacionais
-para tofler a civilização de 2ª vaga assenta sobre 6 ideias-força que condicionam os comportamentos. Essas ideias-força , de
padronização, especialização, sincronização, concentração, maximização e centralização, determinam uma crença generalizada no
progresso e uma posição arrogante do homem como conquistador da natureza.
CONDICIONALISMOS AMBIÊNTAIS DA SOCIEDADE DE INFORMAÇÃO
COMO NA 2ª VAGA A EMERGENTE CIVILIZAÇÃO DA 3ª VAGA CRIOU NOVOS MODOS DE VIDA

-O enorme avanço tecnológico e com a crise petrolífera deu-se uma diversificação das fontes energéticas, passando cada vez mais a
utilizar-se as renováveis sempre que economicamente competitivas com as perecíveis
-a tecnologia da 3ª vaga assenta directamente na produção científica, esbatendo-se cada vez mais as tradicionais fronteiras entre
investigação básica e aplicada; enquanto que a tecnologia de 2ª vaga assentava no motor (a vapor, eléctrico, de combustão interna e
nuclear), na 3ª vaga ´+e directamente a biologia, a electrónica (com o computador como ferramenta dominante), a oceanologia e as
engenharias genética e espacial que funcionam como berços da tecnologia.
-na economia deu-se uma diversificação de agentes económicos, um aumento em ritmo acelerado de pequenas e médias empresas a
par (por vezes mesmo como alternativa) das grandes empresas industriais, uma desmassificação da produção, uma complexificação
das redes de distribuição e um crescente poder do consumidor. Em termos mundiais o modelo de economia subsidiada tem sido cada
vez mais posto em questão, se bem que ainda subsista.
-ao modelo burocrático de organização sucede um modelo adhocrático, caracterizado por um ciclo de vida efémero, uma vez que é
orientado para objectivos temporariamente delimitados, as conexões entre organizações multiplicam-se, gerando uma nova forma de
articulação social, a rede.
-a família, tal como a empresa, diversificou-se. o poder político complexificou-se, observando-se a emergência de novas formas de
regulação, no meio de uma crise, à escala planetária, do estado-nação e dos sistemas administrativos da sociedade industrial.
-a diversidade e a novidade TB atingiram os media, que acrescentaram novas dimensões às já existentes, graças à sua combinação
com o avança tecnológico no domínio do áudio-visual. Negroponte diz, a informação passou a ser difundida por bytes em vez de por
átomos (papel e outros suportes físicos).
-Toffler refere que a civilização de 3ª vaga se alicerça numa ideia de progresso em que a evolução controlada e o respeito pela
natureza como imperativo de sobrevivência ganham carta de nobreza. -para tofler a civilização de 3ª vaga assenta sobre 6 ideias-
força que sucedem às da civilização de 2ª vaga: a modulação, a sistematização, a dessincronização, a desconcentração, o
dimensionamento e a descentralização. Segundo estas ideias cresce a convicção de que o crescimento tem limites, os recursos são
limitados e que, por isso, o homem tem de os saber gerir com equilíbrio.

EXPLICITAR OS AMBIENTES DE INTERVENÇÃO SOCIAL, DE ACORDO COM OS SEUS NÍVEIS DE


COMPLEXIDADE E COM A NATUREZA DA INTERVENÇÃO EXIGIDA
A DEFINIÇÃO DO AMBIENTE DA INTERVENÇÃO SOCIAL DEPENDE DE DOIS CRITÉRIOS:

O do Nível de Actuação – que define contextos de intervenção, desde aqueles em que a interacção ocorre entre sistemas
individuais (em que o sistema-cliente e sistema-interventor são indivíduos), até aos que configuram situações em que os
protagonistas são sistemas mais complexos (grupos, organizações nacionais e internacionais, comunidades, etc.)
 O da Natureza Dominante da Actividade – que procura chamar a atenção para a focagem da intervenção social se na área das
necessidades sócio-económicas, sócio-políticas ou sócio-culturais.

IDENTIFICAR OS MODELOS DE INTERVENÇÃO SOCIAL CARACTERÍSTICOS DOS TRÊS TIPOS DE SOCIEDADE


REFERIDOS

A intervenção social nas sociedades pré-industriais visa resolver necessidades de subsistência que se prendem com causas não
controláveis pelo homem (seca, pobreza, doença, morte...). Os sistemas-cliente são pessoas e famílias e na maior parte das vezes os
interventores também o são. a legitimação da intervenção é quase exclusivamente de ordem ético-religiosa não se considerando que
o estado tenha o dever de ajudar, nem o cidadão o direito de esperar ajuda. O modelo de intervenção é claramente assistencial.

As excepções são pontuais:


-as confrarias do deserto, no antigo Egipto, destinadas a cobrir o riscos de perda de mercadorias e vidas, , devido a tempestades ou
ataques de salteadores às caravanas
-as associações gregas, chinesas e indianas, destinadas a proteger os armadores-comerciantes contra naufrágios e ataques de piratas
Com a centralização política ocorrida a partir dos finais da idade média europeia e com o modelo de estado que aí emergiu, a
preocupação do poder político incidiu sobretudo nos fins de justiça e de segurança, assumindo-se institucionalmente como estado
protector. Ainda aqui o modelo de intervençaõ social assenta na responsabilidade moral da sociedade civil.
Em PT desde o começo da nacionalidade que este modelo é praticado.
A partir do século XV registou-se uma progressiva intervenção do poder real na assistência com a nomeação de provedores, para a
administração de diversos estabelecimentos assistenciais e para garantir o cumprimento dos testamentos dos benfeitores que o
haviam instituído. Assim em 1492 foi criado por D João II o hospital de todos os santos, obra terminada por D. Manuel I.
Em 1498 por iniciativa da rainha D. Leonor foi criada a 1ª misericórdia de LX, directamente tutelada pela Igreja.
A par das misericórdias foram instituídos pela família real e por diversas famílias nobres diversos recolhimentos e mercearias.

A INTERVENÇÃO SOCIAL NA SOCIEDADE INDUSTRIAL caracteriza-se por níveis de actuação cada vez mais complexos.

Com as profundas alterações demográficas ocasionadas pela revolução industrial, nomeadamente com processos de êxodo rural e
urbanismo geraram-se fortíssimos desequilíbrios sociais, acentuam-se as diferenças sociais, com a concentração da riqueza nas mãos
de uns em detrimento de outros, que cada vez se encontram mais na miséria. A complexidade dos problemas sociais levou a
sociedade civil a organizar-se sob a forma de movimentos sociais, como o trabalhista e o mutualista, obrigando o Estado a assumir o
papel de regulador do sistema social e económico. Aos fins de Segurança e Justiça preconizados pelo estado protector, veio a
acrescentar-se o fim de bem-estar, surge assim um modelo de Estado Providência (rosanvallon) inicialmente concebido segundo a
lógica de seguro social obrigatório, a partir da política de Bismark.

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

Após a 2ª. Guerra Mundial, a partir das contribuições doutrinárias de KEYNES e BEVERIDGE e da experiência colhida antes e
durante o conflito, consolidou-se um modelo de protecção social mais amplo, ESTADO-PROVIDÊNCIA KEYNESIANO (EPK),
com três objectivos básicos:
Promover o pleno emprego
Criar um conjunto de serviços universais ou quase universais para satisfazer necessidades básicas da população
Manter um nível mínimo de condições de vida para todos os cidadãos.
Na sociedade industrial a intervenção foi, portanto, partilhada entre a sociedade civil e o Estado. Apesar de terem maiores
dificuldades, os grupos mais carenciados eram os menos assistidos pelo Estado, que remetia para as organizações da sociedade civil
o papel de responder às necessidades de subsistência.

OBSERVANDO A EVOLUÇÃO DESTE MODELO DE ESTADO, MISHRA CARACTERIZA-A EM 3 PERÍODOS:


1-de pré-crise antes de 1973, em que o paradigma Keynes-Beveridge, operacionalizado pelo estado, registou um bom desempenho
graças à situação de crescimento económico do pós-guerra
2-um período de crise, de meados a fins dos anos 70, ocasionada pela ocorrência dos 2 choques petrolíferos, pela consequente crise
económica mundial, e pela emergência de políticas neoliberais que tiveram como consequência o declínio da credibilidade do EPK
como paradigma de politica social
3-e um período de pós-crise nos anos 80 e seguintes.
Em PT devido ao atraso do processo de industrialização, a sociedade PT foi até aos anos 60 dominantemente agrícola com alguns
enclaves industriais. O modelo de intervenção social dominante desde a revoluçlão liberal até à revolução de 25.04.74, assentou
numa excessiva responsabilidade da sociedade civil, particularmente de instituições de assistência da Igreja Católica, e caracterizou-
se por acções de natureza meramente assistencialista.

Ao contrário do que as teses catastróficas neoliberais defendiam, no período que MISHRA (1995) apelidou de pós-crise (anos 80 e
seguintes), o estado Providência Keynesiano não foi desmantelado. O que se verificou foi o desenvolvimento de 2 concepções
diferentes de ver a protecção social: a neoconservadora e a social-democrata.

Modelo de análise Política neoconservadora Política social-democrata


1-pleno emprego Desinvestimento Manutenção
2-Serviços sociais universais Privatização Serviços nacionais
3-Combate à pobreza Desinvestimento quase total Rendimento mínimo básico

Países-exemplo Reino Unido Suécia


Estados Unidos Áustria
Canadá Austrália

A intervenção social nas sociedades da informação tende a adequar as respostas sociais à diversidade e complexidade dos
problemas. A sociedade contemporânea confronta-se com duas tendências aparentemente opostas: a globalização (da economia, do
crime, da solidariedade, etc.) e a singularização. A intervenção social, na actualidade, para ser eficaz tem de se adequar aos vários
perspectiva meramente sócio-
níveis de actuação, posicionando-se numa óptica integrada, ultrapassando a
económica e assumindo um papel sócio-político e sócio -cultural.
Tipologia de trabalhos de intervenção social
1-presença social 2-Organização social 3-Intervenção Directa
-de rua -quadros gestores de serviços -intermediação(sócio-técnico)
-de acolhimento -quadros intermédios que combinam as -Acompanhamento(Sócio-administrativo)
lógicas da direcção e da intervenção -Acompanhamento socializante (sócio-
-Coordenadores de programas pedagógico)
-acompanhantes de projectos

4. O DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO: ENQUADRAMENTO GERAL


EXPLICITAR O VALOR DE UMA APROXIMAÇÃO TEÓRICO-CONCEPTUAL A QUESTÕES PRÁTICAS
A teoria e a prática devem funcionar em paralelo. Sistematizar a informação numa boa teoria permite ao investigador gerir melhor
os seus recursos e orientar as estratégias de pesquisa. Uma boa teoria funciona, ou pelo menos deve funcionar, como bússola de
qualquer processo de investigação.
IDENTIFICAR CONCEITOS-BASE QUE INTEGRAM O CAMPO
SEMÂNTICO DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
Desenvolvimento, comunidade, organização comunitária e serviço social de
comunidades.
DISCUTIR A NOÇÃO/CONCEITO DE PROBLEMA SOCIAL
Situação que afecta um número considerável de pessoas e é julgada por estas ou por um número significativo de outras, como uma
fonte de dificuldade ou infelicidade, e considerada susceptível de melhoria.

Alegada situação incompatível com os valores de um significativo número de pessoas as quais concordam ser necessária uma acção
transformadora

Estas noções têm 2 aspectos importantes a reter:


1-o facto de ser uma situação que afecta um número significativo de pessoas, o que leva a perspectivar a questão num nível macro.
2-O segundo elemento da definição refere um julgamento sobre aquela situação como uma fonte de dificuldades ou de infelicidade e
susceptível de melhoria. Para que uma dada situação seja considerada problema social é necessário a existência de consciência de
que a situação traz dificuldades ou infelicidades e de que pode ser melhorada.

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

DISCUTIR O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO, A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA TERMINOLÓGICA, DA


ÓPTICA DE LEBRET E DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO, EXPRESSO PELO BANCO MUNDIAL E PELO
PNUD
Progresso de um estado a outro, de tal modo que o seguinte é sempre mais perfeito que o anterior.
-Para LEBRET trata-se um processo dinâmico e inacabado, através de uma dinâmica de crescimento e maturação; é uma direcção que
se toma e não um ponto que se alcança
-inerentes a ele estão os critérios de pragmatismo e economicidade, tendo de se avaliar permanentemente os seus custos e os seus
benefícios
-está directamente ligado à noção de solidariedade intra e inter-nacional o que lhe confere uma ideia de globalidade e radicalismo.:
“série de passagens, para uma população determinada, de uma fase menos humana para uma fase mais humana, ao ritmo mais
rápido possível, ao custo financeiro e humano menos elevado possível, tendo em conta a solidariedade entre todas as populações”.

O BANCO MUNDIAL fala de desenvolvimento sustentado: “que satisfaça as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das futuras gerações para satisfazer as próprias”. O aspecto mais interessante desta definição é a ideia de solidariedade
inter-geracional.

O PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) define desenvolvimento humano como um processo que conduz
ao alargamento das possibilidades oferecidas a cada um, de forma a atingir um melhor nível de vida. Em princípio elas são
ilimitadas e evoluem com o tempo.

IDENTIFICAR OS QUATRO INDICADORES QUE INTEGRAM O ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO


(IDH).
Esperança média de vida à nascença
Taxa de alfabetização de adultos
Duração média da escolaridade para a população maior que 25 anos
Rendimento per capita corrigido
EXPLICITAR DOIS CRITÉRIOS INERENTES À NOÇÃO DE DESENVOLVIMENTO E A SUA OPERACIONALIZAÇÃO
NA ELABORAÇÃO DE UM CURRÍCULO DE EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO
Qualquer das três definições de desenvolvimento (LEBRET, BANCO MUNDIAL E PNUD), apresentam-se ligadas a dois critérios:
O de uma situação que concede acesso a recursos e serviços, que permitem, a uma população, desfrutar de um melhor nível de
vida
O de uma situação que permite tirar partido e aperfeiçoar o potencial humano de um dado conjunto social.

REFERIR DEZ ÁREAS-CHAVE E RESPECTIVAS APRENDIZAGENS, INERENTES A UM CURRÍCULO DE EDUCAÇÃO


PARA O DESENVOLVIMENTO

ÁREAS CHAVE APRENDIZAGENS


Mudança – aprender a adaptar -se à mudança - aprender a gerir a mudança
Autonomia – aprender a ser autónomo
Democracia – aprender competências indispensáveis ao exercício da democracia (ler, escrever, falar e escutar)
- Aprender competências para o exercício da democracia representativa (escolher, respeitar e substituir representantes)
- Aprender competências para o exercício da democracia participativa (preparar, tomar e executar decisões)
Solidariedade - aprender a ser solidário no espaço (nas dimensões individual, familiar, comunitária, etc.)
- Aprender a ser solidário no tempo (para com as gerações futuras e passadas)
Ambiente – aprender a viver com qualidade, protegendo o ambiente como património comum da humanidade actual e futura
População – educação para a paternidade e maternidade responsáveis
Saúde – educação para a nutrição
- Educação para a prevenção de doenças
- Treino sanitário básico
Cidadania – educação para a produção
Económica – educação para a gestão de recursos
- Educação para a distribuição de bens e serviços
- Educação para o consumo
Mulheres – como agentes estratégicos de desenvolvimento
- Como agentes estratégicos de democratização
Interculturalidade - educação para a identidade cultural
- Educação para a diversidade cultural
- Educação para o ecumenismo (o Mundo – uma Família)
REFERIR VÁRIOS CONTEXTOS EM QUE É APLICADA A PALAVRA COMUNIDADE E IDENTIFICAR A
CARACTERÍSTICA QUE UNE ESTAS DESIGNAÇÕES
Referente aos agregados - comunidade rural/urbana ; referente a grupos profissionais – comunidade médica, comunidade científica;
referente a organizações – comunidade escolar; referente a sistemas mais complexos, como países – comunidade nacional; referente
a regiões – comunidade europeia; referente ao mundo – comunidade internacional ou mundial.
Característica comum a estas designações: a presença de uma semelhança, que confere uma identidade ao sistema designado por
comunidade, e que determina a fronteira entre os elementos que lhe pertencem daqueles que lhe são alheios.

È AO SOCIÓLOGO ALEMÃO FERDINAND TÖNNIES QUE TEM SIDO ATRIBUIDA A 1ª TEORIZAÇÃO DO CONCEITO
POR CONTRAPOSIÇÃO AO DE SOCIEDADE.
Para ele a comunidade é uma forma de vida antiga que se desenvolveu a partir da agregação de famílias num mesmo espaço,
caracterizando-se por uma coesão social baseada em laços de sangue, de amizade, de costume e de fé. Com o crescimento do
processo de urbanização decorrente da industrialização, o modelo de organização social transforma-se em sociedade
Após ele muitos cientistas tentaram descrever o fenómeno comunitário. Ideias associadas ao conceito para reter:
-alto grau de intimidade pessoal
-relações sociais afectivamente alicerçadas
-compromisso moral
-coesão social

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

-continuidade no tempo

DISCUTIR O CONCEITO DE COMUNIDADE PROPOSTO POR ANDER-EGG À LUZ DA CONJUNTURA DO FINAL


DO SÉCULO
Conceito de comunidade proposto por ANDER-EGG: “Agrupamento organizado de pessoas assente na unidade social, cujos
elementos participam de algum interesse, elemento, objectivo ou função comum, com consciência de pertença, situados em
determinada área geográfica na qual a pluralidade de pessoas as liga entre si, mais do que em qualquer outro contexto”.
Existem neste conceito duas idéias-força: a de um agregado social com um conjunto de interesses vitais comuns com uma elevada
densidade social, traduzida numa forte consciência de pertença
- e a de uma proximidade geográfica que permite uma estruturação sólida de tais interesses.
NOMEAR ALGUMAS ALTERAÇÕES A FAZER NA FORMAÇÃO DOS INTERVENTORES SOCIAIS EM FUNÇÃO DAS
MUDANÇAS OCORRIDAS
O CONCEITO DE COMUNIDADE NA SOCIEDADE COMTEMPORÃNEA
A conjuntura social e política (multicultura, derivada da grande concentração de massas populacionais portadoras de diferentes
culturas) e o desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs) (que levou à formação de comunidades
telemáticas ou ciber- comunidades em que a barreira da distância deixou de existir), fizeram renascer a reflexão sobre o conceito de
comunidade. A par desta nova conjuntura social surge também a necessidade de incluir na formação dos interventores sociais que
trabalham com comunidades, componentes como a Ciência Política, a gestão de conflitos e competências no domínio das novas
tecnologias de informação e comunicação (NTICs)
EXPLICITAR AS DECISÕES MAIS RELEVANTES NUM PROCESSO DE ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA
Processo de articulação de meios (materiais e humanos) susceptíveis de criar condições a um determinado conjunto social para
que se transforme numa comunidade.
Para que a organização de comunidades se processe com eficácia e eficiência é necessário um conjunto de decisões estratégicas,
nomeadamente:
- Identificar recursos
- Estabelecer prioridades
- Articular recursos

DEFINIR OS OBJECTIVOS DO SERVIÇO SOCIAL DE COMUNIDADES E SUA OPERACIONALIZAÇÃO PARA O


SISTEMA-CLIENTE E PARA O INTERVENTOR SOCIAL

O serviço social de comunidades é uma estratégia macrossocial do serviço social, com o objectivo de ajudar uma dada população
a:
- Tomar consciência de necessidades e recursos
- Assumir uma posição crítica sobre a realidade
- Organizar recursos de forma dinâmica para responder às necessidades

O sistema-cliente deve: tomar consciência de uma dada situação problema, valorá-la criticamente comparando-a a situações
alternativas desejáveis e agir para a modificar.
O interventor social deve: assumir -se como recurso do sistema cliente, ajudando-o a responder a situações de carência,
dinamizando processos que criem condições para o desenvolvimento de sistemas de liderança eficazes e participados, que levem à
coesão da comunidade e à integração desta no ambiente que a rodeia.

DEFINIR DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO E DISCUTIR AS DIMENSÕES DO CONCEITO


As Nações Unidas (1950) definem Desenvolvimento Comunitário como “processo tendente a criar condições de progresso
económico e social para toda a comunidade, com a participação activa da sua população e a partir da sua iniciativa”.
ANDER-EGG caracteriza-o como “uma técnica social de promoção do homem e de mobilização de recursos humanos e
institucionais, mediante a participação activa e democrática da população, no estudo, planeamento, e execução de programas ao
nível de comunidades de base, destinados a melhorar o seu nível de vida”.
DIMENSÕES DO CONCEITO:
Doutrinária – pela filosofia personalista que defende.
Teórica - pelos pré-requisitos de análise sociológica e económica a que se obriga
Metodológica – pelos propósitos de mudança planeada que defende
Prática – pelas consequências que a sua aplicação têm no terreno, tanto pela implicação das comunidades no processo do seu
próprio desenvolvimento como pela alteração das práticas profissionais a que obriga.

DESCREVER A EVOLUÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO, DAS SUAS RAÍZES À ACTUALIDADE


Segundo ANDER-EGG e MIRIAM BAPTISTA as raízes do Desenvolvimento Comunitários situam-se no período que mediou
as duas grandes guerras, a partir de práticas experimentadas em dois contextos diferentes: a prática de formação de líderes locais,
desenvolvida no sistema colonial britânico de administração indirecta; a experiência americana de organização comunitária.
Depois da segunda guerra mundial o Desenvolvimento Comunitário estabelece-se como método complementar de intervenção
social para fazer face aos problemas sociais da conjuntura.
1948 – Conferência Internacional de Cambridge – reconhece a utilidade do Desenvolvimento Comunitário como instrumento
de desenvolvimento dos territórios em vias de descolonização.
1950 – Relatório da ONU, intitulado Progresso Social através do Desenvolvimento Comunitário, legitimou este sistema de
intervenção aos olhos da comunidade internacionais.
1956 – Realizou-se um seminário na Holanda que consagrou a noção de região-problema como conceito fundamental do
Desenvolvimento Comunitário.
1958 – Realizou-se um seminário em Itália onde se deu um novo passo na construção deste domínio cognitivo, através da ligação
da investigação à acção.
1959 – No Reino Unido fecha-se a primeira fase do ciclo de vida desta técnica de intervenção, com a realização de um seminário
sobre a aplicação do Desenvolvimento Comunitário às zonas urbanas.
Nos últimos 40 anos, as experiências de Desenvolvimento Comunitário foram-se multiplicando e diversificando por todos os
continentes.
Os seus princípios e metodologia têm sido aplicados a diversos níveis de sistemas-clientes. Os conteúdos e estilos de actuação
apresentam também uma enorme diversidade. Movimentos vanguardistas dos Direitos Cívicos e algumas organizações públicas

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

foram protagonistas de projectos comunitários, muito influenciados não tanto pela política intervencionista do Estado, mas
sobretudo pela gigantesca vaga de fundo promovida pelo Concílio Vaticano II e pelo pensamento de alguns dos seus mentores, como
o padre LEBRET.
EXPLICITAR OS PRINCÍPIOS DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

-PRINCÍPIO DAS NECESSIDADES SENTIDAS – defende que todo o projecto de desenvolvimento comunitário deve partir das
necessidades sentidas pela população de não apenas das necessidades consciencializadas pelos técnicos;
-PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO – afirma a necessidade do envolvimento profundo da população no processo do seu próprio
desenvolvimento;
-PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO – refere como imperativo de eficácia a colaboração entre sector público e privado nos projectos
de Desenvolvimento Comunitário;
-PRINCÍPIO DA AUTO-SUSTENTAÇÃO – defende processos de mudança equilibrados e sem rupturas, susceptíveis de
manutenção pela população -alvo e dotados de mecanismos que previnam efeitos perversos ocasionados pelas alterações
provocadas;
-PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE – afirma que um projecto só tem êxito se tiver como alvo uma dada população na sua
globalidade, e como objectivo a alteração das condições que estão na base da situação de subdesenvolvimento.

A FIM DE ENTENDER OS GRANDES MODELOS DE ACTUAÇÃO QUE SE TÊM VINDO A PERFILAR, APRESENTAR-SE-
ÃO TR~ES TIPOLOGIAS QUE PROCURAM SISTEMATIZAR TAL DIVERSIDADE DE ACORDO COM TRÊS CITÉRIOS:
-UM CRITÉRIO GEOGRÁFICO
-UM CRITÉRIO CONCEPTUAL
-UM CRITÉRIO DE ESTILO DE INTERVENÇÃO.

DISCUTIR A TIPOLOGIA GEOGRÁFICA DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

TIPO SITUAÇÕES OBJECTIVOS ESTRATÉGIAS


Americano bairros dormitórios Criar comunidades Consciencializar necessidades comuns
escolas comunitárias através do despertar do Descobrir formas de cooperação,
centros de saúde espírito de cooperação optimizando os recursos existentes

Afro-Asiático Países sem recursos Reconstruir a Integrar o DC no Plano Nacional


ou estrutura (centralização numa alta autoridade)
com recursos naturais social e económica Pôr o aparelho de Estado ao serviço
não optimizados Optimizar os recursos do DC
Más condições existentes a nível
estruturais nacional
(sociais e económicas)
Falta grave de
quadros

Latino Países e Regiões com Suplantar dicotomias Definir regiões e zonas-problema


dualismos estruturais inter-regionais e Concentrar recursos nessas zonas
assimetrias para provocar efeitos de mudança
cidadecampo rápida e colher efeitos de demonstração

Europeu Países e Regiões com Utilizar o DC como Integração dos dois níveis de
sistemas de meio para dinamizar desenvolvimento
Desenvolvimento o Desenv. Regional (Regional e Local)
Regional

A tipologia geográfica tem o inconveniente de homogeneizar artificialmente os projectos regionais. Nas diferentes regiões do mundo
o que se observa é a existência de mais de um tipo.

DISCUTIR A TIPOLOGIA CONCEPTUAL DE DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO


TIPO INTEGRADO – correspondente, na tipologia anterior, ao afro-asiático, caracterizado pela aplicação das técnicas de
desenvolvimento comunitário à escala nacional;
TIPO ADAPTADO – análogo ao europeu, sempre que o projecto tenha escala regional;
TIPO PROJECTO-PILOTO – semelhante ao latino e ao americano, quando a escala de intervenção é mais restrita.

DISCUTIR A TIPOLOGIA DE ROTHMAN, DOS ESTILOS DE INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

MODELO DE DESENVOLVIMENTO LOCAL (A) – intervenção muito localizada (perspectiva microssocial), orientada para o
processo de criação de grupos de auto-ajuda em que o interventor assume um papel facilitador com uma forte componente sócio-
educativa;
MODELO DE PLANEAMENTO SOCIAL (B) – intervenção de componente meso e macro mais evidente, voltada para a resolução
de problemas concretos (orientações para o resultado) em que o interventor assume o papel de gestor de programas sociais;
MODELO DE ACÇÃO SOCIAL (C) – intervenção de perspectiva integrada (macro, meso, micro) orientada para a alteração dos
sistemas de poder em presença em que o interventor assume o papel de activista, advogado do sistema-cliente e negociador,
aproximando-se da figura do militante.

Características Modelo A Modelo B Modelo C


Desenvolvimento local Planeamento social Acção social
Tipos de metas Auto-ajuda; capacidade comunitária e Resolução de problemas Substituição das relações de poder
de acção integração; (metas orientadas para concretos da comunidade e de acesso a recursos (metas orientadas
comunitária processos) (metas orientadas para para processos e resultados)
resultados) j
Assunções Anomia; carência de relações Problemas sociais Populações em desvantagem;
respeitantes aos humanas e de padrões substantivos', saúde física e injustiça social, depravação
problemas da democráticos de solução de mental, alojamento, lazer; iniquidade
comunidade problemas;.
Estratégia Intenso envolvimento da população Reunião racional de factos Cristalização de resultados e
básica de na solução dos seus próprios caracterizadores dos problemas organização das pessoas em função de
mudança problemas e decisões alvos inimigos
Características Comunicação consensual entre grupos Consenso ou conflito Conflito ou acção contestatária, acção
das tácticas e da comunidade; grupo de discussão directa; negociação
técnicas de
mudança
Papéis dos Catalizador; coordenador; formador Compilador e analisador de Activista; advogado; agitador;
interventores professor em matéria de resolução de factos; programador; "parte louça" (broker); negociador,
sociais problemas. Facilitador implementador "guerrillheiro"

Meio de Manipulação de pequenos grupos-tarefa Manipulação de dados e de Manipulação de organizações de massas


mudança organizações formais e de processos políticos
Como encaram as Colaboradores Empregados e Alvos externos da acção;
estruturas de patrocinadores Jopressores a ser coagidos
poder
Fronteiras da Comunidade geográfica total Comunidade total ou Segmento de comunidade
comunidade- segmento (por vezes
cliente "comunidade funcional")
Assunções no Interesses comuns ou conciliáveis Interesses conciliáveis ou em Interesses em conflito
que respeita aos conflito dificilmente conciliáveis; recursos
interesses no escassos
interior da
comunidade
Concepção de Cidadãos Consumidores Vítimas
população
cliente
Concepção do Participante no processo Consumidores ou Empregadores, membros
papel do cliente interactivo de solução dos recipientes 1constituintes
problemas
Tipo de agência Instituições, D. C. no 3o Mundo; Conselhos de Bem-Estar; Movimentos sociais tipo
Corpo de Paz; Grupos de Conselhos Municipais de Alinsky, Poder negro,
Consumidores, etc. Planeamento, Burocracia movimentos feministas,
federal Planeamento sindicatos, movimentos de
ambiental, Grupos de consumidores, grupos radicais
planeamento regional
Posições Trabalhador de aldeia, de Dirigente ou técnico de Organizador local
práticas vizinhança, consultor de DC, planeamento
extensionista rural
Profissões f Educador de adultos, trabalhador de Demógrafo, especialista em Sindicalista, organizador de
análogas grupos não clínicos, profissional de estudos sociais, grupos minoritários, organizador de
dinâmica de grupos, extensionista rural administrador público, movimentos dos direitos humanos,
técnico de planeamento trabalhador de associações de inquilinos.
hospitalar

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

DESCREVER AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS SOCIAIS DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO INDICIADAS


PELA INVESTIGAÇÃO PUBLICADA E PELA OFERTA EDUCATIVA
Tendências da Investigação
DISSERTAÇÕES – (essencialmente baseadas nos modelos A e B de ROTHMAN.
Registe -se a inexistência de dissertações sobre aspectos do modelo
C): estudo sobre minorias; aspectos teóricos, metodológicos e políticos do DC; saúde; infância e juventude; família.
MONOGRAFIAS E ARTIGOS – além dos temas referidos nas dissertações, acrescentam-se ainda aqueles que investigam no
domínio do trabalho, emprego e idosos.

TENDÊNCIAS DO ENSINO
As tendências do ensino do Desenvolvimento Comunitário podem inferir-se da abundância de materiais educativos produzidos, sob
a forma de artigos, monografias ou manuais, e pela diversidade dos programas lectivos oferecidos nas várias instituições de ensino.
INSTITUIÇÕES DE ENSINO PRESENCIAL – Ciência Política e da administração;
Ciências da Educação; Sociologia; Antropologia; Serviço Social e Política Social
INSTITUIÇÕES DE ENSINO À DISTÂNCIA
(Ler as páginas 93 a 100)

5. ANTROPOLOGIA APLICADA E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

DEFINIR ANTROPOLOGIA APLICADA, ACULTURAÇÃO, ASSIMILAÇÃO, INTEGRAÇÃO E SUBCULTURA


ANTROPOLOGIA APLICADA – Vu8lgarizado por George Foster e Roger Bastide é um estilo de fazer antropologia, que aplica o
património de conhecimentos, técnicas e atitudes desta ciência social a projectos de mudança planeada.
ACULTURAÇÃO – processo de contacto entre duas ou mais diferentes culturas.
ASSIMILAÇÃO – efeito da aculturação caracterizado pela cultura dominar assimilar a cultura dominada.
INTEGRAÇÃO – combinação das culturas existentes sob a forma de uma cultura resultante.
SUB-CULTURAS – unidades identitárias menores que coexistem com uma cultura dominante, num mesmo espaço.
IDENTIFICAR OS PERÍODOS DE EVOLUÇÃO DA ANTROPOLOGIA APLICADA
De acordo com GEORGE FOSTER a Antropologia Aplicada divide-se em três períodos distintos:
ATÉ À PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL, em que a Antropologia foi chamada a apoiar a administração colonial e a acção
missionária;
ENTRE AS DUAS GUERRAS, em que se debruçou sobre os processos de aculturação, decorrentes da rápida concentração de
populações em cidades africanas, fruto da conjugação do êxodo rural de regiões deprimidas com o efeito de atracção desses centros
populacionais em fase de industrialização;
APÓS A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, em que se especializou ao serviço de diversos programas públicos e privados,
contribuindo para a resolução de problemas de ordem prática, ocorridos em vários domínios.

DESCREVER AS PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DE ANTROPÓLOGOS BRITÂNICOS NO CAMPO DA


ANTROPOLOGIA APLICADA
Os antropólogos britânicos, no início do séc. XX foram chamados a estudar desafios colocados pela política colonial de
administração indirecta.
Torna-se difícil citar uma obra de antropologia britânica que não tivesse ligação directa ou indirecta com necessidades
administrativas.
Defendeu -se mesmo, na época, o facto de ser indispensável formar os funcionários da administração colonial britânica no domínio
da Antropologia. Assim, em 1908 foi assinado um Protocolo entre a administração colonial e as Universidades de Oxford e de
Cambridge, de acordo com o qual estas universidades passaram a oferecer um programa de formação de administradores. Foi ao
abrigo desse acordo que cientistas sociais fizeram vários estudos sobre diversas etnias.
SELIGMAN – antropólogo britânico, médico de formação inicial, fez trabalho de campo na Nova Guiné, Ceilão e Sudão. Foi ao
serviço do governo deste território que produziu estudos de grande interesse para a administração local (1909-1922)
PRITCHARD – Professor da Universidade de Oxford, com trabalhos de campo sobretudo feitos em territórios africanos (Sudão,
Zaire, Quénia, Etiópia e outros), este antropólogo notabilizou-se pelos seus estudos ao serviço da administração colonial.
NADEL – ficou conhecido pelos trabalhos de antropologia aplicada que realizou na Nigéria e Sudão ao serviço do governo
britânico.
No período entre guerras, a antropologia aplicada fez-se sentir com maior evidência em contextos de aculturação dedicando-se
tanto ao estudo sobre o impacto da mudança nas culturas tradicionais e estudava também o fenómeno de “destribalização”.
Após a segunda guerra mundial, devido aos processos de descolonização, a antropologia aplicada britânica deixou de ter
expressão significativa.

DESCREVER AS PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DE ANTROPÓLOGOS NORTEAMERICANOS NO CAMPO DA


ANTROPOLOGIA APLICADA

Nos Estados Unidos os antropólogos dirigiam os seus olhares para o estudo de culturas alienígenas, como resposta aos excessos da
corrente evolucionista unilinear do séc. 19, que havia desenvolvido grandes teorias dedutivas sobre a evolução do Homem, sem
grande fundamentação empírica.
No período entre as duas grandes guerras, antropólogos como FRANZ BOAS, HERSKOWITS ou MARGARET MEAD,
dedicaram-se ao estudo de pequenas comunidades, culturalmente homogéneas,tanto em território americano com noutras paragens,
numa perspectiva monográfica. A excepção parece ter sido o conjunto de trabalhos de campo integrados na estratégia de aplicação
aos Índios, da política do new deal.
Durante a 2ª. Guerra mundial a situação alterou-se, dada a necessidade de entender diferentes locais e gentes. Os serviços dos
antropólogos foram procurados por muitos departamentos das Forças Armadas:
--na busca de apoio na elaboração de manuais de sobrevivência para a fora aérea e forças especiais (dado o conhecimento que
detinham das estratégias de sobrevivência dos povos em territórios desconhecidos para os americanos).
--Os militares pretendiam ainda compreender o comportamento do inimigo, neste âmbito ficou célebre o estudo de RUTH
BENEDICT sobre a cultura japonesa.

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

---Ainda no quadro da 2ª. Guerra Mundial, os antropólogos eram chamadas a treinar os quadros para administrar zonas ocupadas, o
que permitiu um controle inteligente das referidas zonas, sem o recurso à humilhação das populações dos países vencidos,
nomeadamente do Japão e da Alemanha.
DEPOIS DA GUERRA, a Antropologia Aplicada americana tem vindo a dedicar-se a diversos serviços especializados em diversos
domínios:
Colaboração em programas de agências especializadas das NNUU e em Programas de agencias governamentais no âmbito da
cooperação com países da América Latina, nomeadamente no campo da saúde pública e do desenvolvimento rural;
Consultoria aos serviços da marinha e à administração civil, em matéria de administração de territórios;
Apoio a programas de Desenvolvimento Comunitário promovidos por organizações não governamentais (ONGs) de vocação
transnacional.;
Apoio à gestão de empresas no âmbito de estudos sobre cultura organizacional.

DESCREVER ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES DE ANTROPÓLOGOS PORTUGUESES NO CAMPO DA


ANTROPOLOGIA APLICADA
A Antropologia Aplicada portuguesa abrange diversas áreas, nas quais foram publicadas diversas obras. As aplicações dominantes
dos estudos são: aculturação, desenvolvimento rural, educação, organização, ordenamento do território, pastoral, promoção da
mulher, saúde pública, trabalho, etc.

Aplicações Algumas obras ilustrativas


dominantes
Aculturação •Martins, M. Morais, 1958, Contacto de culturas no Congo português
(Achegas para o seu estudo), Lisboa, Junta de Investigações do
Ultramar.CEPS, 166 pp. '
•Monteiro, Ramiro L., 1973, A família nos muceques de Luanda, Lisboa,
ISCSP/UTL..
Desenvolvimento •Almeida, P. V. ,1968, Irrigação e Cooperativismo, Lisboa, CEPS,
rural 237pp.
•Fonseca, L, 1987, Impacto sócio-cultural da barragem do Alqueva na
Freguesia da Luz, EPS (3-4).
•Franco, C. G., 1966, Da utilidade e viabilidade dos métodos de
Desenvolvimento Comunitário em programas de promoção socio-
económica em algumas regiões de Angola, Lisboa, ISCSPU, 176 pp.
•Moreira, C.D., 1988, A entreajuda e a cooperação em meio rural, EPS
(3-4), pp 49-76.
•Neto, J.P., 1988 Desenvolvimento e mudança cultural, EPS (1-2), pp 39-
132.
• Possinger, H., 1970, Extensão rural, EPS (1-2), pp 65-84.
• Trigo de Morais, 1964, O colonato do Limpopo, EPS (2).
Educação •Carmo, H., 1996, A educação para o Desenvolvimento num contexto de
diversidade, in Olhares sobre a diferença. Jornadas de
Antropologia, ISCSP/UTL, 22-24- Abril de 1996.
Organizações • Bilhim, João F., 1988, Cultura Organizacional: estudo do Instituto de
Engenharia de Sistemas e Computadores (INESC), Lisboa, ISCSP/UTL.
•Bilhim, João F.,1993, Factores Organizacionais do Sistema Português
de I&D, Lisboa, ISCSP/UTL..

Ordenamento do •Castro Coelho, 1965, Aspectos da política de povoamento em


território Moçambique, EPS (2), pp 425-486. •Rolo, J., 1966, Reordenamento rural
em Angola, Lisboa, ISCSPU,
158 pp. • VVAA, Lisboa, Colóquios sobre problemas de povoamento
Junta de
Investigações do Ultramar.CEPS, 156 pp. •VVAA, Lisboa, Colóquios sobre
problemas humanos nas regiões
tropicais Junta de Investigações do Ultramar.CEPS, 125 pp.
Pastoral • Carmo, A. 1997, A igreja católica na China e em Macau no contexto do
SE asiático: que futuro?, Macau, Fund. Macau/Instit. Cultural de
Macau/Inst. Português do Oriente.

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

Promoção • Fernandes, J.A., 1966, A mulher africana. Alguns aspectos da sua


da mulher promoção social em Angola EPS (2), pp 575-684 e EPS (3), pp 1027-1096.

Saúde pública •Neto, J.P., 1967, O especialista em Ciências Sociais perante o


problema da saúde pública EPS (1), pp 25-36.
Trabalho • Mendes, Afonso, 1958, A Huila e Moçamedes (Considerações sobre o
seu trabalho indígena), Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar.CEPS,
208 pp.
•Neto, José P, 1964, O Baixo Cunene. Subsídios para o seu
Desenvolvimento, Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar.CEPS,
217 pp.

VALOR DA CONTRIBUIÇAO DA ANTROPOLOGIA PARA O TRABALHO COMUNITÁRIO

SEGUINDO O PENSAMENTO DE FORSTER E LECLERC PODEMOS ORGANIZAR A DUSCUSSÃO DE ACORDO COM 3


DIMENSÕES: POLÍTICA, COGNITIVA E PRÁTICA.

DISCUTIR O VALOR POLÍTICO -DOUTRINÁRIO DA CONTRIBUIÇÃO DA ANTROPOLOGIA APLICADA PARA O


TRABALHO COMUNITÁRIO
A Antropologia Aplicada é acusada por alguns críticos de ser etnocêntrica e de prestar serviço a potências dominantes em contexto
colonial, em situações de conflito armado e mais recentemente em conjunturas neocoloniais. A critica é correcta naquilo que afirma
mas injusta no que ignora.
No entanto, apesar dela ter sido utilizada como instrumento por algumas potências coloniais e imperiais, o trabalho dos cientistas
sociais proporcionou o conhecimento de outras culturas e contribuiu para a formação de um pensamento universal descentrado do
eurocentrismo inicial.
Assim, não se pode considerar que a Antropologia Aplicada se limite a ser uma mera engenharia social ao serviço dos poderes
dominantes, assumindo-se também como consciência crítica, reivindicando o direito de ter um estatuto autónomo, nos sistemas-
interventores e de ser ouvida nos processos de tomada de decisão.
A Antropologia Aplicada contribuiu ainda para a formação de uma consciência anticolonialista e para a sedimentação dos Direitos
Humanos.
Se a AA foi usada pelos poderosos do mundo para manter o seu poder, foi TB um vigoroso instrumento de consciencialização da
unidade do género humano e por vezes, uma ferrameneta ao serviço da liberalização dos povos oprimidos. Em termos político-
doutrinários destacam-se duas fortes contribuições da Antropologia Aplicada:
Permitiu demonstrar que não há culturas superiores nem inferiores, mas apenas diferentes estádios de desenvolvimento
tecnológico a que não correspondem situações análogas de desenvolvimento social;
Permitiu demonstrar que a mudança é sempre um instrumento e nunca um fim em si mesmo, podendo uma realidade social
mudar para melhor ou pior.
DISCUTIR O VALOR COGNITIVO DA CONTRIBUIÇÃO DA ANTROPOLOGIA APLICADA PARA O TRABALHO
COMUNITÁRIO
É extremamente importante que o interventor social tenha um conhecimento profundo do sistema-cliente e da cultura do mesmo,
bem como da sua própria.
É aqui que a Antropologia Aplicada fornece ao interventor conhecimentos indispensáveis ao entendimento das comunidades onde
trabalha e previne-o contra eventuais preconceitos, decorrentes de elementos culturais que tenha interiorizado no seu processo de
socialização.
São quatro os tipos de saberes que a Antropologia Aplicada fornece ao trabalho comunitário:
Sobre aCultura do sistema-cliente
Sobre a Cultura do sistema interventor
 Sobre osEventuais pontos críticos resultantes dos pontos de contacto das duas culturas que podem constituírem obstáculos à
mudança pretendisa
 Sobre os Eventuais pontos a explorar resultantes de convergências de elementos culturais das duas culturas, que podem
constituir estímulos à mudança

DISCUTIR O VALOR PRÁTICO DA CONTRIBUIÇÃO DA ANTROPOLOGIA APLICADA PARA O TRABALHO


COMUNITÁRIO

SEGUNDO GEORGE FOSTER, O VALOR METODOLÓGICO-PRÁTICO, TEM QUATRO MOMENTOS


PARTICULARMENTE IMPORTANTES:

FASE DE PRÉ-ESTUDO- Na fase inicial da vida de um projecto, caracterizada pela sua natureza exploratória, o contributo do
antropólogo reside na recolha de dados disponíveis sobre o sistema-cliente, numa perspectiva monográfica, para formar um quadro
de referência. Definidas as características globais, cabe ao antropólogo proceder ao estudo detalhado dos elementos da cultura do
sistema-cliente que possam ter relação com o projecto de intervenção.
FASE DE PLANEAMENTO-Aqui o antropólogo colabora em três tipos de tarefas: operacionalização do problema e discussão
do programa de intervenção daí decorrebte; análise dos obstáculos; recomendação de medidas que permitam ultrapassar os referidos
obstáculos.
FASE DE ANÁLISE CONTINUADA-No decorrer da intervenção o antropólogo deve funcionar como olhos e ouvidos dos
sitema-interventor, no sentido de proceder à detecção precoce de incidentes críticos e propor correcções à intervenção.
Caso a detecção seja tardia , o anpropólogo poderá funcionar como consultor para diagnosticar a situação e preconizar medidas
correctivas.

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

FASE DE AVALIAÇÃO FINAL


Neste importante momento da intervenção o antropólogo ajuda a equipa a identificar valores e contravalores do projecto, discutir
como foram identificados e removidos os obstáculos e capitalizar o conhecimento através do registo da experiência, permitindo que
próximas intervenções beneficiem da experiência acumulada anteriormente.

DISCUTIR A INSCRIÇÃO DO PROBLEMA DA POBREZA NA AGENDA INTERNACIONAL


A questão da pobreza ganhou particular relevância na actualidade, devido à conjugação de vários factores, agrupados em duas
macrotendências:
O AGRAVAMENTO DA QUALIDADE DE VIDA de substanciais massas populacionais, em virtude da explosão demográfica;
de uma política de ajuda aos países do terceiro mundo que leva ao seu endividamento, e consequentemente ao alargamento fosso
entre países ricos e pobres; da concentração de imigrantes pobres em países ricos; da ocorrência de conflitos armados com recurso a
meios letais extremamente eficazes, dos efeitos das políticas neoliberais, etc.
A MAIOR VISIBILIDADE DA SITUAÇÃO dada pelos meios de comunicação social, acompanhada no entanto por
fenómenos de nevoeiro informacional, levando por vezes os operadores de comunicação a desempenhar involuntariamente ou
voluntariamente o papel de porta-vozes de estereótipos, preconceitos e medos.
Este posicionamento na agenda internacional é facilmente ilustrado pelo relatório da UNICEF de 1994. Ele identifica a pobreza
como um dos quatro macro-problemas da humanidade, que interagem num processo de realimentação mútua. Esse processo é
identificado como Espiral PPA (P de pobreza, P de população e A de ambiente), que interagem ainda com uma quarta variável: a
instabilidade. (ver p. 121)
A resposta a este conjunto de problemas é complexa, apresentando-se sob a forma de uma espiral ascendente, que integra políticas
de saúde e nutrição, de educação, de planeamento familiar e de luta contra os problemas equacionados pela Espiral PPA(I).
(ver p. 122)

DISCUTIR OS CONCEITOS QUE APRESENTAM A POBREZA COMO SITUAÇÃO DE CARÊNCIA DE RECURSOS

Conceito Critério Descrição Situações

Pobreza Rendimento (R) Grupos ou pessoas portadores de um R abaixo do Campos de refugiados


Absoluta qual não podem fazer a despesa mínima Bairros de lata, favelas, muceques,
necessária à manutenção da vida. Distingue-se em etc.
Pobreza Primária (R <mínimo necessário à
manutenção meramente física) e Pobreza
Secundária
(R <despesas primárias de habitação, transportes,
etc.)

Pobreza Espaço Representação social da pobreza numa dada Ser pobre em Portugal, hoje, é
Relativa (cultural) e cultura e num dado momento histórico. diferente de o ser há 30 anos, e de o ser,
Tempo hoje na Dinamarca ou em Angola.
(histórico)

Pobreza Auto-imagem Representação da pobreza feita pelo próprio, de O mesmo R tem diferentes
Subjectiva acordo com a sua experiência existencial de luta significados e usos para os velhos pobres
pela sobrevivência. ou para os novos pobres.

Pobreza Norma Ex: considera-se pobre aquele que tiver um R < X Atribuição do Rendimento
Convencional (sendo x um valor que pode variar) Mínimo Garantido.

Pobreza Extensão da Total: carece de todo o tipo de recursos Famílias multicarenciadas


Total/Parcial Carência Parcial: carece de alguns recursos Famílias com carências delimitadas

DISCUTIR OS CONCEITOS QUE APRESENTAM A POBREZA COMO SITUAÇÃO DE PRESENÇA DE UMA


CONFIGURAÇÃO CULTURAL COM IDENTIDADE PRÓPRIA
Segundo Oscar Lewis, a pobreza tem tendência a desenvolver-se em sociedades que apresentam as seguintes características:
Fortes assimetrias na qualidade de vida dos vários estratos sociais em presença como as que se observam em sociedades em
estádios primários do capitalismo, em situações coloniais ou neocoloniais
Dualismo económico – ocasionado pela tensão entre sistemas de economia monetária, virada para o lucro e sistemas de
economia de subsistência, com ocorrência de elevadas taxas de desemprego e subemprego;
Participação cívica socialmente desestimulada;
Existência de valores dominantes que estimulam a acumulação de riqueza, favorecem o status económico e que interpretam a
pobreza como um fracasso pessoal.

OSCAR LEWIS através de estartégias de observação participante e de análise de histórias de vida apercebeu-se que no interior das
culturas rural e urbana é identificável uma subcultura de pobreza, elaborou uma listagem composta por cerca de 60 elementos que
permitem caracterizar uma subcultura de pobreza. Esses elementos agrupam-se em quatro tipos de indicadores: a relação da

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

comunidade com o meio envolvente; a dinâmica intra-comunitária; as características da família; as


características individuais.
I - Relação com a sociedade envolvente Fraco sentido de Passado e Futuro.
1. Falta de recursos económicos 52. Machismo
2. Medo 53. Tolerância quanto a patologia fisiológica
3. Suspeita 54. Ausência de consciência de classe
4. Discriminação 55. Baixo nível de aspirações
5. Apatia 56. Exaltação da aventura como um valor
6. Salários baixos 57. Presença quotidiana da violência
7. Desemprego e subemprego crónicos
8. Rendimentos baixos
9. Ausência de posse de propriedades
10.Ausência de posse de economias
II .Ausência de reservas alimentares no lar
12.Ausência de dinheiro no dia-a-dia
13.Alta taxa de uso de penhores para crédito 1
14.Alta taxa de uso de agiotas locais
15.Créditos locais espontâneos
16.Uso de roupas e mobiliário em 2a mão
17.Prática de compra de pequenas
quantidades de géneros
18.Baixa produção e baixo consumo
19.Baixa taxa de alfabetização
20.Baixa participação nos sindicatos
21.Baixa participação nos partidos políticos
22.Baixa participação associativa
23.Baixa utilização dos bancos
24.Baixa utilização dos hospitais
25.Baixa utilização de grandes lojas
26.Baixa utilização dos museus e galerias
27.Ódio à polícia
28.Desconfiança face à hierarquia da "outra cidade"
(governo, administração, etc.)
29.Desconfiança face à Igreja
30.Consciência dos valores da classe média, mas
sem os praticarem
31.Alta taxa de casamento consensual
32.Alta taxa de jus materno
II - Natureza da comunidade
33. Más condições habitacionais
34. Amontoamento (sobrelocação)
35. Fraca organização
36. Consciência de pertença face ao exterior
III - Caracterização da família
37. Ausência da infância, como fase protegida
38. Iniciação sexual prematura
39. Uniões livres em casamentos consensuais
40. Alta taxa de abandonos
41. Alta taxa de famílias chefiadas por mães
42. Maior conhecimento do parentesco materno
43. Maior autoritarismo
44. Falta de vida privada
45. Ênfase verbal sobre a solidariedade
familiar, desmentida na prática
IV - Aspectos individuais
46.Forte sensação de marginalidade, desamparo,
dependência, inferioridade, resignação e fatalismo
47.Alta incidência de privação materna e de
oralidade
48. Estrutura fraca do ego
49. Confusão quanto à identificação sexual
50. Falta de controle sobre os impulsos.
Espontaneidade comportamental
51.Orientação quase exclusiva para o Presente.

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

A descrição de Lewis condensada na figura 5.6 é extremamente rica e impressionista,


descrevendo a (sub)cultura da pobreza com abundância de pormenores. Da sua análise pode
facilmente verificar-se que a condição de pobreza para além de querer significar estar numa condição
de falta de recursos também sublinha um determinado estilo de vida, com padrões de
comportamento próprios, directamente ligados a estratégias de sobrevivência para fazer face à
situação de carência.

32
Apesar do seu valor descritivo, uma das limitações que tem sido apontada à descrição de Lewis é Outras críticas lhe têm sido
feitas tanto de natureza po-
a de que tem demasiados indicadores dando a todos a mesma importância32. Procurando lítica como metodológica.
ultrapassar essa dificuldade vejamos um modelo integrador da cultura da pobreza inspirado em Franz Fanon, por exemplo
em Os condenados da Terra
Lewis, em que se sublinham oito aspectos essenciais de uma cultura de pobreza33: (s/d, Lisboa, Ulmeiro, Io ed.
francesa de 1958) acusa
Lewis de desprezar a capa-
cidade revolucionária dos
portadores de culturas de
pobreza. Do ponto de vista
Economia metodológico, têm-se apon-
tado algumas fragilidades no
de método de selecção dos in-
sobrevivên quiridos, uma vez que Lewis
cia não explicita os critérios uti-
lizados para a escolha das
histórias de vida. O mérito
deste autor é, no entanto, ter
chamado a atenção para a
presença de factores
Habitação e identificadores da pobreza
Alimentação para além da simples carência
espaço envolvente
Saúde precária quantitativa e de recursos.

qualitativamente
deficiente

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

El Ele
ev B v
ad a a
a i d
pat x a
olo p
gia a a
de i t
nat n o
ure s l
za tr o
psi g
col u i
ógi ç a
ca ã d
o e
n
a
t
u
r
Famíliaeem risco
z
F a
s
a o
m c
íl i
i a
l
a
e
m

r
i
s
c
o
o
u
j
á
d
e
s
a
g
r
e
g
a
d
a

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

Figura 5.7 - Modelo integrador de uma subcultura de pobreza


O primeiro aspecto caracterizador é a economia de sobrevivência na
qual, quotidianamente, os agregados familiares se confrontam com a necessidade de capturar rendimentos suficientes para
sobreviver. Esta situação, está associada a altos índices de desemprego ou de subemprego, a baixos salários e a baixos índices de
produtividade. Nestes agregados é comum as pessoas utilizarem formas de crédito de emergência, recorrendo por exemplo, a casas de
penhores e a agiotas locais o que as endivida ainda mais. Deste modo, a conquista da sobrevivência diária é o seu principal
objectivo^4.
A segunda característica liga-se à habitação: Com efeito, as zonas onde vivem são normalmente degradadas, como
degradada é a habitação, sem condições para uma qualidade de vida socialmente aceitável. O exíguo espaço habitacional,
cria condições de amontoamento e de falta de intimidade.
Outro quadro associado às comunidades pobres, é a saúde precária, com altas taxas de morbilidade e maiores taxas de
mortalidade de menores de cinco anos que as verificadas nas áreas circundantes.
Um aspecto que se liga directamente à questão da saúde, é o das carências alimentares: regista-se com frequência que este
tipo de população tem uma alimentação deficiente, quer do ponto de vista quantitativo quer qualitativo. A este propósito Lewis,
em várias das suas pesquisas, observava como traço típico das subculturas de pobreza, a ausência de despensas, uma vez que é comum
não haver reservas alimentares em casa.
Um quinto aspecto caracterizador é a presença de níveis de instrução e formação profissional extremamente baixos. Esta situação,
como é óbvio, tem implicações imediatas sobre o rendimento familiar, e, mediatas, sobre a reprodução das situações de pobreza.
Como resultado de todos estes factores registam-sc, nestas comunidades, índices elevados de patologia psicológica e de
problemas sociais de comportamento desviado (alcoolismo, toxicodependência, prostituição etc.) (Carmo, 1993:326).

DESCREVER AS PRINCIPAIS VARIÁVEIS EM JOGO NUMA CULTURA DE POBREZA


Economia de sobrevivência – conquista da sobrevivência diária
Habitação e espaços envolventes degradados
Saúde precária – altas taxas de morbilidade e maior mortalidade infantil
Carências alimentares – qualitativas e quantitativas
Níveis de instrução e formação profissional extremamente baixos
Índices elevados de patologia psicológica, problemas sociais de comportamento desviado (alcoolismo, toxicodependência,
prostituição)
(Ler a experiência do caso CASU, p. 128-131)

6. SOCIOLOGIA DE INTERVENÇÃO E DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

DISTINGUIR A SOCIOLOGIA DE INTERVENÇÃO DA SOCIOLOGIA CLÁSSICA


SOCIOLOGIA DE INTERVENÇÃO
Sociologia participante ou comprometida, que não teme interferir no processo de mudança social e que não tem o menor interesse
em encobrir os traços de uma realidade social. Considera a estrutura social como um processo em constante e rápida transformação.
Mais do que ramo é uma perspectiva das ciências Sociais ( e da sociologia em particular) que assume a virulência da influência do
investigador no seu objecto de estudo e que a utiliza com o intuito explícito de produzir melhorias sociais no quadro de uma ética de
liberdade e de solidariedade
SOCIOLOGIA CLÁSSICA
É uma perspectiva que procurava evitar a interferência do investigador no objecto de estudo, de vários modos, buscando, nessa
perspectiva distanciada uma objectividade análoga à que se julgava possível alcançar nas ciências físico-naturais.
Sociologia mais utópica do que científica, comprometida com uma ideologia de imobilismo. Tem uma imagem estática da
sociedade, considerada como definitiva e perfeita.
(resumo da definição de Josué de Castro)
Esta perspectiva de fazer ciência intervindo, tem assumido uma grande heterogeneidade de formas no terreno. Apesar dessa
diversidade todas as experiências que partilham desta perspectiva partem de uma premissa comum: a constatação de que o saber não
é monopólio do siatema-interventor mas que este e o sistema-cliente possuem capitais de informação sobre a realidade social que
devem pôr em comum a fim de , juntos, construírem um valor acrescentado de conhecimento.
DISTINGUIR OS CONCEITOS DE PEDIDO E ENCOMENDA NUM PROCESSO DE INTERVENÇÃO
PEDIDO
De acordo com HESS qualquer tipo de processo de intervenção inicia-se com um pedido por parte do sistema-cliente que se
caracteriza pela expressão de uma necessidade social, decorrente da consciência de um dado problema, muitas vezes em contornos
pouco definidos. Devido a essa indefinição o sistema-interventor deve, em diálogo com o primeiro, identificar o problema
desencadeador do pedido formulado.
Trata-se já de uma 1ª intervenção pois as duas partes em presença são desafiadas a:
-desconfiar do óbvio
-identificar e pôr de lado preconceitos sobre a realidade em questão
-exercer o papel de analistas sociais
DEFINIÇÃO DA ENCOMENDA
Negociação entre as partes, com o objectivo de chegar a um acordo sobre os direitos e deveres de cada um no processo de
intervenção.
Aqui o valor acrescentado da intervenção exprime-se de 2 modos:
-por um lado na assunção, por ambas as partes de que a intervenção exige um esforço de todos os protagonistas e não apenas do
sistema-interventor
-por outro, na explicitação dos papeis que cabem às partes envolvidas.
DISCUTIR A IMPORTÂNCIA, PARA A INTERVENÇÃO SUBSEQUENTE, DAS FASES DE FORMULAÇÃO DO
PEDIDO E DE DEFINIÇÃO DA ENCOMENDA
A formulação do pedido é a primeira fase da intervenção, desafiando as partes a desconfiar do óbvio, identificar e pôr de lado
preconceitos sobre a realidade em questão e exercer o papel de analistas sociais.

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

Só depois de ter caracterizado o problema de forma objectiva e o pedido de modo claro e rigoroso é que o interventor fica em
condições de passar a uma segunda fase: a definição da encomenda. O importante, agora, é reconhecer que a intervenção exige um
esforço de todos os protagonistas e não apenas do sistema-interventor; é também nesta fase que se definem os papéis que cabem às
partes envolvidas.
O desprezo por estas duas fases iniciais condiciona negativamente todo o processo em três aspectos:
Inutiliza-se o capital de experiência do sistema cliente e tende a ignorar-se a sua cultura;
A rejeição da participação do sistema-cliente impede a realização de qualquer estratégia que conduza à sua autonomia;
O desprezo pela contribuição do sistema-cliente leva a que este não possa assumir o papel de espelho do interventor, impedindo
este último de se vigiar relativamente aos seus próprios condicionamentos culturais.

Precursores desta corrente, bem como autores mais significativos caracterizados em 3 grupos:
-os que preconizam a intervenção em pequenos grupos (contexto micro-social)
-os que preconizam a intervenção em organizações (contexto meso-social)
-os que usam a sua tecnicidade em situações mais complexas (macro-sociais)

EXPLICITAR A CONTRIBUIÇÃO DE LE PLAY, DOS MARXISTAS E DE FREUD COMO PERCURSORES DA


SOCIOLOGIA DE INTERVENÇÃO

LE PLAY (1806-1882)
Figura marcante que com os seus estudos monográficos sobre famílias operárias, procurou descrever padrões de vida dos operários
da época e propor medidas para melhorar a sua qualidade de vida. LE PLAY ao estudar o orçamento familiar conseguia obter
informações sobre os recursos das famílias e o modo como eram utilizados.

CORRENTE MARXISTA
MARX, ENGELS, LENIN e MAO-TSE-TUNG postularam que para a melhoria da qualidade de vida das populações seria
indispensável uma alteração dos sistemas de poder existentes, precedido do respectivo estudo da situação. A intervenção proposta
difere da de LE PLAY pela sua tónica sócio-política como pela sua postura macro-social.

FREUD
Num contexto intimista de relação médico-doente, Freud defende que a mudança passa por um processo de intervenção em que o
terapeuta ajuda o paciente a recordar e verbalizar situações esquecidas da sua infância. Deste modo, a cura é precedida de uma
investigação partilhada sobre o passado. A identificação e análise dos acontecimentos que marcaram o desenvolvimento
psicológico do paciente constitui, assim, parte indispensável do processo de cura (resultado desejado).

REFERIR A CONTRIBUIÇÃO DE LEWIN, MORENO, MAYO, ELLIOT JACQUES, CROZIER, ESCOLA DE ANÁLISE
INSTITUCIONAL, SCHEIN, ALINSKY, DOLCI E LEBRET PARA A SOCIOLOGIA DE INTERVENÇÃO

A SOCIOLOGIA DE INTERVENÇÃO EM CONTEXTO MICRO


DINÂMICA DE GRUPOS

KURT LEWIN e JACOB MORENO, com os seus trabalhos demonstraram que o grupo pode ser usado como unidade de
intervenção social eficaz, no sentido de MUDAR COMPORTAMENTOS DOS ELEMENTOS QUE O INTEGRAM, bem
COMO OPERAR MUDANÇAS NO PRÓPRIO AMBIENTE EXTERNO AO PRÓPRIO GRUPO.
A diferença do método destes autores em relação a Freud é que este último baseava o campo de investigação-acção no Passado,
enquanto LEWIN e MORENO se baseiam no Presente. O Passado e o Futuro não são ignorados, mas surge como raiz e como
expectativa do Presente.

A SOCIOLOGIA DE INTERVENÇÃO EM CONTEXTO MESO


CONTEXTO ORGANIZACIONAL
A partir das intervenções de ELTON MAYO ficou provada a influência das relações humanas na produtividade das organizações,
dando início ao chamado movimento das relações humanas.

A partir dos seus trabalhos ELLIOT JACQUES publicou um ensaio sobre a intervenção e mudança na empresa. Para além da
aplicação dos conhecimentos da psicanálise a sócio-análise confere um importante papel ao sistema-cliente.

Apesar da reserva postas por alguns autores, pode também considerar-se a obra do sociólogo FR MICHEL CROZIER, enquadrável
na sociologia de intervenção. A sua estratégia de actuação consiste na realização de um inquérito clássico à organização em análise e
pela posterior apresentação e discussão dos resultados com o sistema-cliente. A principal crítica que lhe trem feito reside no fraco
papel conferido aos analisados no decorrer do processo, que não têm papel activo, nem nas fases do pedido e da encomenda nem na
recolha e análise de dados (HESS)

Numa linha próxima da sócio-análise de ELLIOT JACQUES posiciona-se a chamada Escola de Análise Institucional
(LAPASSADE, LOURAU, LOBROT e ARDOINO). Para estes autores é extremamente importante o sistema de poder nas
organizações. A sua intervenção começa por pôr em causa o poder instituído e fazer emergir o poder instituinte, para depois, por
negociação, reequilibrar os dois pólos do sistema.

A estratégia de actuação de MICHEL CROZIER consiste na realização de um inquérito clássico à organização em análise e na
posterior apresentação e discussão dos resultados com o sistema-cliente. No entanto CROZIER confere um papel passivo ao
sistema-cliente, não o envolvendo nas fases de pedido, encomenda, nem na recolha e análise de dados.

SHEIN centra sua atenção em termos interventivos na gestão da cultura organizacional, apresentando a sua intervenção o mesmo
tipo de limitações de CROZIER.

TAVARES DA SILVA assenta a sua prática numa ética de intervenção fortemente respeitadora da liberdade e da integridade do
sistema-cliente, baseada na integração teórica da psicanálise, na teoria do GESTALT e na dinâmica de grupo.
A SOCIOLOGIA DE INTERVENÇÃO EM CONTEXTO MACRO

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

CONTEXTOS SOCIAIS MAIS AMPLOS

O sociólogo francês ALAIN TOURAINE baseava os seus estudos em resultados de inquéritos, que eram a sua técnica de recolha
de dados, em que os inquiridos participavam apenas como fornecedores de informação. A REVOLTA ESTUDANTIL DE Maio de
1968 relatada por si em o movimento de Maio constitui uma ruptura com essa postura. A partir de então a sua obra tem-se repartido
entre uma perspectiva clássica e a sociologia de Intervenção no estudo dos movimentos sociais.

A obra de LEBRET representa o compromisso entre uma postura doutrinária, marcada pela sua fé cristã, e uma sólida preparação
científica que utilizou como instrumento de entendimento da realidade social.
A SUA TÉCNICA DE INQUÉRITO-PARTICIPAÇÃO INTEGRAVA OS SEGUINTES PASSOS:
Reconhecimento da comunidade; selecção de uma pequena equipa de voluntários para realizar levantamento de problemas da
comunidade; treino da equipa; realização do levantamento; análise dos dados; difusão dos resultados e debate sobre a estratégia de
mudança.

SAUL ALINSKY, talvez devido às suas raízes (nasceu e foi criado num bairro de lata em Chicago) realizou vários trabalhos de
campo sobre grupos marginais. A sua técnica de trabalho é construir grupos ou organizações comunitárias, enraizadas num bairro e
cujo fim é ajudar os habitantes a organizarem-se e a defender os seus direitos. De referir apenas a título de curiosidade que, no
intuito de atingir os objectivos de investigação sobre a delinquência, conseguiu penetrar na quadrilha de AL CAPONE, que estudou
durante dois anos.

À semelhança de ALINSKY e LEBRET, DANILO DOLCI baseia a sua acção transformadora na criação e treino de pequenos
grupos de militantes cívicos que deveriam assumir um papel de fermento que leveda a massa. Muito forte na sua estratégia é a
componente sócio-política. Tal como ALINSKY, DOLCI manifesta uma preocupação evidente em ensinar estratégias eficazes de
actuação às comunidades excluídas, respeitando os princípios da não-violência activa.

FUNDAMENTAR A AFIRMAÇÃO DO MÉTODO PAULO FREIRE SER UM PARADIGMA DA SOCIOLOGIA DE


INTERVENÇÃO

PAULO FREIRE marcou uma ruptura na história pedagógica de seu país e da América Latina. Através da criação da concepção de
educação popular ele consolidou um dos paradigmas mais ricos da pedagogia contemporânea rompendo radicalmente com a
educação elitista e comprometendo-se verdadeiramente com homens e mulheres. Num contexto de massificação, de exclusão, de
desarticulação da escola com a sociedade, Freire dá sua efectiva contribuição para a formação de uma sociedade democrática ao
construir um projecto educacional radicalmente democrático e libertador. Assim sendo, o seu pensamento e a sua obra são, e
continuarão sendo, um marco na pedagogia nacional e internacional.

Acção cultural: acção desencadeada pelas pessoas que aprendem a "ler" e a "escrever" a sua realidade, actuando sobre ela para a
transformar, assumindo-se como criadores de cultura.
Alienação: situação em que o indivíduo está privado da razão, perdendo o domínio de algo que lhe pertence (político, económico,
cultura, etc).
Círculo de cultura: escola não tradicional onde se pratica a educação problematizadora.
Codificação: representação de uma situação vivida pelo educando no seu quotidiano através de linguagem icónica (desenhos, slides,
etc) a fim se poder proceder à sua problematização.
Condicionamento ideológico: processo pelo qual as pessoas são levadas a desenvolver um comportamento automático e acrítico
perante a realidade social, sob a forma de opiniões e condutas, fruto da socialização da ideologia dominante.
Consciência crítica: percepção que revela as razões explicativas de uma dada realidade social, para além do que o condicionamento
ideológico faz entender.
Conscientização: Processo educativo que permite, a educadores e educandos, ganhar uma consciência crítica. Passa por um triplo
processo de observar objectivamente a realidade em questão, de descodificá-la comparando o ser da situação com o
dever ser desejado, e por definir estratégias para a sua transformação através de uma acção cultural.
Cultura: é tudo o que as pessoas criam e que aparece como resultado da sua acção sobre o mundo. Descodificação: processo de
análise crítica das situações codificadas.
Educar: acto dialógico do professor com o aluno, em que ambos ensinam e aprendem com o outro assumindo serem ambos
criadores e portadores de cultura. ninguém educa ninguém. Ninguém se educa a si mesmo. Os homens educam-se
entre si mediatizados pelo mundo (Freire, 1972: 79).
Educação bancária: estilo de educação pelo qual o professor, considerado único detentor do capital Saber (cultura), transmite-o
(deposita-o) mecanicamente ao educando que o recebe acriticamente assumindo não ser detentor de cultura.
Educação problematizadora ou libertadora: estilo de educação em que o professor se assume como companheiro do educando na busca
do saber, usando como estratégia um permanente diálogo crítico (ver educar e conscientização). A educação constitui uma das mais
importantes práticas para a conquista do valor da liberdade (Freire, 1967)
Inédito viável: possibilidade de acção transformadora anteriormente não tentada (inédita) mas possível (viável) ou de acção cm
direcção a objectivos ainda não alcançados (inéditos) mas alcançáveis (viáveis). Sem um prévio processo de conscientização, um
processo inédito mas viável ou uma meta inédita mas viável são categorizados frequentemente como utópicos, isto é inalcançáveis.
Palavra geradora: palavra muito usada pelo grupo de educandos na sua linguagem quotidiana, que serve para gerar outras palavras
com o fim de se chegar à aprendizagem da leitura e da escrita.
Problematização: acção de reflectir sobre o que se disse, procurando o porquê e o para quê dos objectos de análise.

Fig. 6.4 - Principais conceitos integradores do pensamento de Paulo Freire33


IDENTIFICAR OS PRINCIPAIS FACTORES DE SOCIALIZAÇÃO QUE INFLUENCIARAM A FORMAÇÃO DO SEU
PENSAMENTO E OBRA
Ao longo da sua militância educacional, social e política, Freire jamais deixou de lutar pela superação da opressão e desigualdades
sociais entendendo que um dos factores determinantes para que ela se dê é o desenvolvimento da consciência crítica através da
consciência histórica. Seu projecto educacional sempre contemplou essa prática, construindo a sua teoria do conhecimento com base
no respeito pelo educando, na conquista da autonomia e no diálogo, enquanto princípios metodológicos.
(Ler trajectória existencial – pág. 149-152)

CONTEXTUALIZAR A PRODUÇÃO DE CADA UM DOS SEUS PRINCIPAIS LIVROS NO ESPAÇO E NO TEMPO

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

Educação como Prática de Liberdade (Chile – exílio – 1967)


Educação e Extensionismo Rural (México – 1968)
Acção Cultural para a Libertação (1968)
Extensão ou Comunicação? (Estados Unidos – 1969)
Pedagogia do Oprimido (Estados Unidos – 1970)
Cartas à Guiné Bissau (Suíça – 1977)
Quatro Cartas aos Animadores e Animadoras Culturais de S. Tomé e Príncipe (Brasil – amnistiado – 1980)
Educação na Cidade (Brasil – 1991)
Pedagogia da Esperança (Brasil - 1993)
À Sombra desta Mangueira (Brasil - 1995)
Pedagogia da Autonomia (Brasil - 1996)

REFERIR AS IDEIAS-CHAVE NELES EXPRESSAS E RELACIONÁ-LAS COM OBRAS ANTERIORES

Educação como Prática de Liberdade (Chile – exílio – 1967)


A educação é um acto político; a educação é um instrumento de libertação; uma educação libertadora encontra dificuldades em
sociedades assentes em valores e padrões culturais autoritários.
-Educação e Extensionismo Rural (México – 1968)
Contrapõe o conceito de educação problematizadora ao de educação ingénua ou bancária, através da formação de uma consciência
crítica; expõe metodologia para a pesquisa de temas geradores para a alfabetização; reflecte sobre o papel do trabalhador social no
processo de mudança; faz sugestões aos coordenadores dos círculos de cultura.
-Acção Cultural para a Libertação (1968)
Acerca da humanização da educação e do papel educativo das Igrejas na América Latina.
-Extensão ou Comunicação? (Estados Unidos – 1969)
Aborda criticamente o conceito de extensão rural, técnica sócio-educativa para ensinar melhores técnicas agrícolas aos camponeses.
Propõe a prática de uma educação problematizadora sob a forma de comunicação entre técnicos e camponeses.
-Pedagogia do Oprimido (Estados Unidos – 1970)
O principal objectivo da educação é libertar o oprimido e o opressor das suas respectivas condições. Ninguém liberta ninguém,
ninguém se liberta sozinho: os homens libertam-se em comunhão. Os homens educam-se entre si.
-Cartas à Guiné Bissau (Suíça – 1977)
A principal tónica do livro reside na ideia que no processo de ajuda internacional, ajudados e cooperantes se empenhem numa
relação de diálogo.
-Quatro Cartas aos Animadores e Animadoras Culturais de S. Tomé e Príncipe (Brasil – amnistiado – 1980)
Retoma o diálogo com os animadores locais, procurando com eles reflectir a sua experiência de criação de círculos de cultura.
-Educação na Cidade (Brasil – 1991)
Compila diversas entrevistas que registam a experiência como secretário municipal de educação de S. Paulo. Nele observa-se o
modelo político e educativo adoptado: dar voz aos agentes educativos que normalmente a não têm; reforma curricular; qualidade de
vida nas escolas; associações educativas

-Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido (Brasil - 1993)


Procura reflectir sobre a realidade latino -americana nos 25 anos que medi aram as duas obras, retratando diversas lutas sociais que
entretanto se travaram.
-À Sombra desta Mangueira (Brasil - 1995)
Prossegue a reflexão da obra anterior, procurando desmistificar as teses do neoliberalismo dos anos noventa.
-Pedagogia da Autonomia (Brasil - 1996)
Sintetiza a sua concepção sobre o papel do educador, que considera um interventor social e político.

A sua concepção sobre o papel do educador, que concebe como interventor social e político, sintetiza-se num pequeno livro
publicado postumamente, Pedagogia da autonomia (1996) de cujo índice se fez um adaptação para a construção figura 6.5.
Ideias-força Exigências do ensino

Não há docência sem 1. Rigor metódico, pesquisa, espírito critico, risco, aceitação
discência do novo, crítica sobre a prática, estética
2. Ética, encarnação das palavras pelo exemplo, respeito pelos
saberes dos educandos, rejeição de qualquer forma de
discriminação, reconhecimento e aceitação da identidade
cultural
Ensinar não é 3. Consciência do inacabamento, reconhecimento de se ser
transferir condicionado, curiosidade, apreensão da realidade, bom
conhecimentos senso, humildade, tolerância, alegria e esperança
4. Convicção de que a mudança é possível
5. Respeito pela autonomia do educando
6. Luta pelos direitos dos educadores

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

Ensinar é uma 7. Segurança, competência profissional e generosidade


especificidade 8. Compreender que a educação é uma forma de intervenção
humana no mundo, reconhecer que a educação é ideológica,
comprometimento, tomada consciente de decisões,
liberdade e autoridade
9. Disponibilidade para o diálogo, querer bem aos educandos,
saber escutar

DESCREVER OS PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS DO MÉTODO PAULO FREIRE


-Levantamento do universo vocabular dos grupos que integrarão os futuros educandos;
-Selecção de palavras geradoras a partir do levantamento efectuado
-Criação de temas geradores, a partir das duas etapas anteriores;
-Concepção de materiais educativos (fichas-roteiros com os temas e palavras geradores, decompostos em famílias fonéticas;
materiais icónicos)
-Desenvolvimento do trabalho de alfabetização (apresentação de um desafio ao grupo, sob a forma de situação codificada; animação
do grupo com o objectivo de descodificar a situação e de fazer emergir as palavras geradoras; trabalho com o grupo sobre as
palavras geradoras, descobrindo as respectivas famílias e encontrando novas palavras e frases através da sua combinação)
-O trabalho avança e o grupo conquista auto-estima, e descobre que é possível ser-se sujeito da sua própria história; o educando
toma consciência da sua condição de cidadão.

DISCUTIR O CONCEITO DE EMPOWERMENT


Processo de reconhecimento, criação e utilização de recursos pelos individúos,. Grupos e comunidades, em si mesmos e no meio
envolvente, que se traduz num acréscimo de poder – psicológico, sócio-cultural, político e económico – que permite aos sujeitos
aumentar a eficácia do exercício da sua cidadania.
DESCREVENDO O PODER COMO UMA CAPACIDADE PARA:
Influenciar o pensamento e o comportamento dos outros;
Ter acesso a recursos e processos disponíveis e capacidade para influenciar a sua distrituição;
Tomar decisões e fazer escolhas próprias e ter capacidade de as pôr em prática;
Vigiar e resistir, se necessário, ao poder dos outros.
O objectivo do empowerment é justamente, possibilitar ao sistema.cliente dotar-se de um acréscimo desse poder.

São exemplo desses movimentos:


-a revolução protestante, o capitalismo mercantil e industrial, os movimentos transcendentalistas e anarquistas com a sua doutrina de
responsabilização de cada individuo pelas suas acções e com a crença nas possibilidades humanas de auto-aperfeiçoamento
-a democracia Jeffersoniana, as experiências de comunidades utópicas e os movimentos de alargamento dos direitos cívicos,
económicos, sociais e culturais com o seu apelo à cidadania activa…

DISCUTIR O CONCEITO DE ADVOCACY


Acção do sistema-interventor em defesa ou em representação do sistema-cliente.

DESCREVER SUCINTAMENTE OS PRINCÍPIOS PRÁTICOS (metodologia) DO EMPOWERMENT E DA


ADVOCACY

Estabelecer um relacionamento de parceria com o cliente, encarando-o como alguém com direitos e deveres, potencialidades e
carências;
Dar ênfase à expansão das capacidades, potencialidades e recursos do cliente e do seu meio envolvente;
Contextualizar o cliente e a sua situação (meio);
Direccionar a prática para populações historicamente marginalizadas e oprimidas;
Não apressar o ritmo. Ser perseverante;
Definir programas e intervenções com base nas necessidades identificadas.

O EMPOWERMENT TEM AS SUAS RAÍZES EM SEIS MOVIMENTOS SOCIAIS:


(pág. 161)
-Movimentos de luta pelos direitos cívicos como os do poder negro (eua), os feministas, os que defendem a emancipação de outros
grupos excluidos
-Movimentos anti-coloniais como o promovido por Ghandi para a independência da Índia
-Correntes da nova esquerda com o seu apelo à democracia participativa
-Movimentos de auto-ajuda constituídos para fazer pface aos novos problemas emergentes do processo de mudança da sociedade
contemporânea
-Correntes de renovação religiosa como as de diálogo ecoménico
-Novas correntes de intervenção social incubadas em ambiente académico

DISCUTIR OS CONCEITOS DE VIOLÊNCIA E DE NÃO-VIOLÊNCIA ACTIVA (NVA)


VIOLÊNCIA
Fenómeno social pelo qual pessoas e bens são parcial ou totalmente afectados na sua integridade funcional pela força, situação essa
considerada condenável à luz dos direitos humanos internacionalmente aceites.
Os quadros de violência não têm todos a mesma origem, segundo HECTOR VALLA esta poder ter origem numa ordem social
injusta (violência opressora), protagonizada pela acção directa do estado (Violência estatal); ou por um sistema normativo ilegítimo
face aos direitos humanos internacionalmente aceites (Violência institucionalizada); ou ainda na reacção a essa ordem social
(Violência subversiva)
NÃO-VIOLÊNCIA ACTIVA (NVA)

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

É desencadeada por uma reacção a uma situação considerada injusta, tendo como pressupostos um projecto de sociedade e de um
homem novo, bem como uma metodologia própria, o que lhe confere um cariz fortemente dinâmico e antecipativo.

As várias correntes e figuras que defendem a NVA como forma de intervir apresentam uma matriz personalista que se traduz nos
seguintes princípios:
-na exigência de uma prévia reflexão ética sobre a sociedade, assente na ideia de que o homem é um fenómeno que não se repete
-na coerência entre a reflexão ética e a prática política
-na coerência entre meios e fins que no dizer de GHANDI, se assemelham à sementes e às plantas.

EXPLICITAR OS FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA NVA

Reflexão ética assente na ideia de que o homem é um fenómeno que não se repete;
Coerência entre a reflexão ética e a prática política;
Coerência entre meios e fins (segundo GANDHI são como as sementes e as plantas)

A ESTRATÉGIA DE NVA PODE ACARRETAR, NO ENTANTO, TRÊS TIPOS DE PROBLEMAS ÉTICOS:


1. O facto de a NVA ser um tipo de violência moral: uma vez que pressiona de algum modo os adversários no sentido desejável;
2. Os prejuízos causados aos adversários: ao fazer valer os seus direitos, um movimento de NVA pode prejudicar seriamente não só
o adversário, como terceiros, inocentes;
3. O risco de desencadeamento de violência: pelo eventual descontrole de uma situação causada por uma acção não violenta.

EXPLICITAR OS FUNDAMENTOS SÓCIO-POLÍTICOS DA NVA

A estratégia da Não-Violência Activa tem objectivos básicos semelhantes aos de qualquer sistema político: promover a coesão social
e a orientação para os projectos colectivos.
A coesão social deve estar associada à coerência entre legalidade e legitimidade, sem a qual não pode haver paz social.
EM TERMOS DE OBJECTIVO POLÍTICO DA ORIENTAÇÃO COLECTIVA, A NVA PROPÕE:
Programa construtivo: qualquer acção de NVA não pode ficar-se pela mera denúncia da injustiça, mas deve conter elementos que
preconizem alternativas viáveis.
Organização: no sentido de manter a coerência entre meios e fins a organização deve cuidar os seguintes aspectos: direcção
coesa e centralizada, formação de quadros, repartição de papéis.
Conclui-se que em termos sócio-políticos, a NVA procura alterar os processos de comando social a partir duma visão personalista da
intervenção social. Apela ao exercício do poder por parte de cada cidadão, tornando-se sujeito da sua história e protagonista
solidário de uma história colectiva em construção.

DESCREVER A METODOLOGIA DA NVA


ANÁLISE DA SITUAÇÃO
Neste 1º passo pretendem-se atingir 2 objectivos:
Conhecer as características da injustiça (a verdade acima de tudo – princípio enunciado por GANDHI e seguido pelos
doutrinadores da NVA. Defende a busca da verdade, pelo método da não -violência, devendo aceitar o sofrimento que daí decorrer)
Avaliar a relação de forças em presença (fazer um retrato rigoroso da situação, confrontá-lo com a matriz ética defendida,
localizar a injustiça a denunciar e combater, identificar potenciais aliados, identificar redes de poder de decisão, identificar a
ideologia do poder, identificar o quadro jurídico que dá cobertura à situação de injustiça.)
Análise da Situação
Escolha do Objectivo
Primeiras Negociações
Apelo à Opinião Pública
Envio de Ultimato
Acções Directas
Acções de não cooperação Acções de intervenção directa

Devolução de Títulos e governo paralelo


Condecorações Greve Boicote Recusa colectiva
ao imposto Objecção de Consciência Sit-in e Die-in Obstrução usurpação
Civil

Parcial Geral Hartal de fome limitada

ESCOLHA DO OBJECTIVO
Deve ser exequível, isto é, possível de alcançar.
Deve ser preciso e limitado no tempo e no espaço.
Deve ter consideração a futura reconciliação com o adversário.
PRIMEIRAS NEGOCIAÇÕES
Visam abrir canais de comunicação entre as partes litigantes.
Visam reduzir os filtros comunicacionais.
Servem para expressar aos representantes do adversário as conclusões da análise da situação e os objectivos do movimento.
Servem para dar testemunho da metodologia não-violenta.
Servem para apresentar uma imagem de determinação.
APELO À OPINIÃO PÚBLICA (CASO NÃO RESULTEM AS PRIMEIRAS NEGOCIAÇÕES)
Alargar o conflito à praça pública
Tomar a iniciativa de controlar a informação que passa para a opinião pública verificando previamente o seu rigor e veracidade.
ENVIO DE ULTIMATOS E ACÇÕES DIRECTAS
O ultimato é a união entre as tentativas de acordo negociado e a prova de força da acção directa.
As acções directas de não cooperação têm por objectivo retirar o apoio ao adversário, usando o poder de não cooperar com ele.

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

As acções directas de intervenção visam a confrontação directa com o adversário, não desistindo enquanto não forem
reconhecidos os direitos reivindicados.

7. METODOLOGIA DA INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA

EXPLICITAR AS PRINCIPAIS VIRTUALIDADES DA ABORDAGEM SISTÉMICA


A abordagem sistémica parte da constatação de que o Universo é constituído, não por unidades singulares, mas por sistemas ou
conjuntos de elementos que interagem entre si.
Cada sistema está contido num macrossistema e contém diversos subsistemas.
Dentro da fronteira de cada sistema distinguem-se:
Subsistemas que o compõem;
Relações entre os diversos subsistemas;
Inputs , elementos que entram no sistema, provenientes do sistema contextual (macrossistema)
Outputs , ou elementos que saem do sistema para o macrossistema.
A abordagem sistémica constitui uma ferramenta de grande utilidade para descrever os aspectos mais relevantes de uma da
realidade, seleccionando a informação mais relevante e eliminando os elementos de sobre-informação. É importante que o
interventor tenha uma visão de conjunto sobre o sistema-cliente e o ambiente em que se processa a intervenção.
DISCUTIR OS CONCEITOS DE NEVOEIRO INFORMACIONAL, SOBRE-INFORMAÇÃO, SUB-INFORMAÇÃO E
PSEUDO-INFORMAÇÃO
NEVOEIRO INFORMACIONAL
Impede o homem de compreender convenientemente a realidade que o rodeia. Integra três componentes que funcionam como filtros
entre o observador e a realidade:
Sobre-Informação
Traduz-se no excesso de informação inútil em que o interventor é imerso. Tal excesso de informação irá dificultar-lhe a análise do
real, indispensável para poder desenvolver a acção adequada.
Sub-Informação
Decorre dos insuficientes dados sobre o que nos envolve.
Pseudo-Informação
Conjunto de informações deliberada ou involuntariamente deformadas sobre a realidade social.

APLICAR A ABORDAGEM SISTÉMICA AO TRABALHO COMUNITÁRIO

Partindo de uma comunidade como se fosse um sistema, podemos fazer 3 aproximações (interrogações básicas) que nos podem
servir de guia para formular o diagnóstico, que posteriormente servirá de fundamento do programa de actuação:
1ª. APROXIMAÇÃO:
Questionar quanto ao ambiente externo (macrossistema) – conhecer o meio exterior, seus aspectos e características, que
condicionam a vida da comunidade, no sentido do seu desenvolvimento ou do seu atraso.
Questionar quanto ao ambiente interno – como responde aos inputs do macrossistema, ao modo como está organizado, padrões de
comunicação, principais valores e comportamentos.
Questionar quanto aos outputs da comunidade face ao macrossistema, o que é que os habitantes produzem para a comunidade e para
o exterior, que expectativas têm sobre o futuro individual e colectivo.
2ª. APROXIMAÇÃO:
Depois da 1ª. Aproximação ou primeira análise, agora importa distinguir o que realmente é importante em termos de oportunidades
ou ameaças no ambiente externo, ou seja os inputs relevantes. Tais inputs podem ser agrupados sob a forma de exigências que o
ambiente externo faz à comunidade (solicitações de produção, procura de mão de obra) e de recursos (investimentos, quadros
técnicos, equipamentos).
3ª. APROXIMAÇÃO:
Finalmente na 3ª. Aproximação, importa saber com que rapidez e com que qualidade responde a comunidade às exigências
referidas.
ENUNCIAR AS DIVERSAS FASES DO TRABALHO COMUNITÁRIO
Estudo e diagnóstico
Planeamento
Execução do plano
Avaliação final
ANDER EGG alerta para o erro frequente de empreender estudos demasiado prolongados e pormenorizados, que normalmente têm
2 tipos de efeitos negativos:
-relativamente ao sistema-interventor produzem o que tem sido chamado sindroma de paralesia por análise, que tradus no desvio dos
objectivos principais de uma dade organização… os estudos prolongados têm um efeito desmoralizador sobre o sistema-interventor,
tanto por impedi-lo de contribuir para a resolução de problemas da comunidade, como pelo facto de tais estudos, quando concluídos,
não produzirem valor acrescentado significativo para a intervenção
-relativamente ao sistema-cliente, as investigações de nnatureza prolongada provocam um efeito de vacina face às mudanças
pretendidas: com efeito, se pensarmos que muitas populações-clientes são portadoras de fatalismos e de comportamentos de reacção
à mudança, ao prolongar excessivamente a fase de estudo e diagnóstico os interventores reforçam esse tipo de atitudes e
comportamentos.
No mesmo sentido são de evitar os hábitos coleccionistas ( de informação inútil), devendo os investigadores obedecer a rigorosos
critérios, que lhe permitam seleccionar apenas dados relevantes para a acção a empreeender.
Para combater este erro frequente este autor sugere 2 acções diferensiadas ao longo do trabalho, alicerçadas na ideia de que não é
necessário acabar a investigação para começar a acção.
-intervenção preliminar
-intervenção geral
A INTERVENÇÃO PRELIMINAR ENVOLVE 4 ETAPAS E UM PROCESSO CONTÍNUO
1-a investigação preliminar em que se procede a uma aproximação exploratória
2-o diagnóstico preliminar através do qual se diagnosticam as situações problema
3-o planeamento preliminar que permite definir estratégias e objectivos
4-a execução preliminar que tem o objectivo de dar respostas rápidas
---a avaliação preliminar que não é uma fase mas um processo contínuo de comparação dos resultados obtidos com os previstos

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

A INTERVENÇÃO GERAL TEM POR objectivo solidificar o conhecimento sobre a comunidade, de identificar situações problema
não percepcionadas na fase preliminar de afinar o plano de intervenção introduzindo-lhe estratégias e objectivos de mais longo
prazo
TIPIFICA-SE EM 5 TAREFAS
1-INVESTIGAÇÃO GERAL, adesenvolver enquanto se executa o plano preliminar
2-dianóstico geral
3-planificação geral
4-a execução do plano
5-avaliação geral
DEFINIR OS PRINCIPAIS OBJECTIVOS DA FASE DE ESTUDO E DIAGNÓSTICO DE UMA COMUNIDADE

A FASE DE ESTUDO PRELIMINAR OPERACIONALIZA-SE EM 5 DIFERENTES PROCEDIMENTOS


1. LANÇAR PONTES
Estabelecer contactos e canais que possibilitem a comunicação, uma vez que esta é crucial na intervenção social. Lançar pontes
entre sistema-cliente e sistema-interventor, entre segmentos da comunidade, entre comunidade e ambiente.
2. PROCEDER A UMA CARACTERIZAÇÃO PRELIMINAR DA COMUNIDADE
Fazer um primeiro retrato da comunidade e dos factores que poderão ter influência na acção e que possam constituir obstáculos ou
estímulos à mudança, sem esquecer que um mesmo factor pode revestir-se dos dois aspectos. Nesta primeira caracterização deve ter
-se em conta a dimensão geográfica, dimensão económica, dimensão sociológica, dimensão ideológica.
3. FAZER O LEVANTAMENTO DE EXPERIÊNCIAS ANTERIORES
Para esse levantamento deve o interventor socorrer-se de documentação existente, que permita a caracterização da comunidade em
causa (estatísticas, legislação, relatórios, informação difundida na comunicação social, documentos pessoais, etc.), tendo sempre o
cuidado de confrontar os dados recolhidos com as suas próprias observações directas, uma vez que os primeiros podem constituir
fontes de nevoeiro informacional.
4. IDENTIFICAR NECESSIDADES
A identificação das necessidades deve ser feita em conjunto com elementos da população. Deve estabelecer-se uma hierarquia de
necessidades, que ajude a estabelecer prioridades de actuação.
5. IDENTIFICAR RECURSOS
O acto de identificar recursos exige inteligência e criatividade. Tal como as necessidades eles podem ser visíveis ou ocultos, de
natureza material ou imaterial. Depois de identificados devem ser hierarquizados, em colaboração com o sistema-cliente. Cada vez
mais se valorizam os recursos humanos, dada a sua capacidade de gerar novos recursos. Sem descurar os recursos materiais, o
interventor deve dar especial atenção aos recursos humanos.

Uma vez executados os 5 procedimentos o interventor está em condições de fazer o diagnóstico preliminar da comunidade que se
traduz na caracterização da situação encontrada em termos de desenvolvimento, na perspectiva da sua evolução de acordo co0m
vários cenários, e opção por dada estratégia de actuação.

DESCREVER AS TÉCNICAS DE RECOLHA DE DADOS MAIS USADAS EM TRABALHO COMUNITÁRIO

OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE
O interventor social deve fazer observações múltiplas em diversos momentos e locais. Quanto mais se envolve com a comunidade
mais acede a informações, no entanto arrisca-se a perder objectividade e a perder a visão de conjunto, dado o seu envolvimento.
ENTREVISTA
Deverá ser usada para recolher informação junto de informadores qualificados, sendo recomendável assumir um formato não
demasiado estruturado, a fim de não se perder informação importante.
INQUÉRITO PARTICIPAÇÃO OU AUTO-INQUÉRITO
Deve ser o mais abrangente possível, em termos de amostra, por forma a permitir identificar as principais necessidades e
caracterizar a comunidade, bem como o ambiente que a envolve.
PESQUISA DOCUMENTAL
As fontes devem ser diversificadas, de modo a permitir a confrontação da informação. Não esquecer a importância da análise crítica
da informação recolhida.

INVESTIGAÇÃO GERAL
Segundo Ander Egg a investigação geral é o aprofundamento adequado da investigação preliminar

9 aspectos segundo Ander Egg a ter em conta na investigação geral:


-Localização, 2-Evolução histórica, 3-Estruturas físicas fundamentais, 4-Infraestruturas e equipamentos, 5-Estrutura e
movimentos da população, 6Níveis de vida, 7-Organização Social, 8-Percepção de Mudança, 9-Estudi de recursos e
potencialidades.

EXPLICITAR OS ASPECTOS MAIS RELEVANTES NO PLANEAMENTO DA INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA

As estratégias e objectivos devem ser clara e rigorosamente formuladosde modo a evitar problemas de comunicação e
interpretação, hierarquizados de forma a identificar quais as prioridades definidas. O plano deve retratar a relação de dependência
entre os vários objectivos e contemplar procedimentos de avaliação, que servem para monitorizar a execução. Para cada objectivo
deve ser feita uma previsão de recursos a afectar.

EXPLICITAR OS ASPECTOS MAIS RELEVANTES NA ADMINISTRAÇÃO DE PROJECTOS DE INTERVENÇÃO


COMUNITÁRIA
O QUE É ADMINISTRAR? Integra acções de:
Planeamento – definição de rumos
Organização – identificação, hierarquização e articulação de meios

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

Controle – comparação de resultados obtidos com os previstos e introdução de medidas de correcção


Comunicação – concepção de um sistema de comunicações que funcione em pleno
Motivação – capacidade de convencer os protagonistas do valor do projecto e de manter a coesão possível para os conduzir aos
objectivos definidos.
QUESTÕES CHAVE NA ADMINISTRAÇÃO DE PROGRAMAS: AS QUESTÕES DA COESÃO E DA CONDUÇÃO.

As competências necessárias para administrar destinam-se a ser instrumentos de 2 estratégias


1-uma estratégia de coesão, que pretende criar laços fortes de solidariedade entre os sistemas, entre os subsistemas deste e entre este
e os centros de recursos e decisões exteriores à comunidade
2-uma estratégia de condução que se reporta ao modo como é concebido o processo de decisão

IDENTIFICAR ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES PARA O ENTENDIMENTO DOS PROCESSOS DE MOTIVAÇÃO E


LIDERANÇA NAS COMUNIDADES

TEORIA DA PIRÂMIDE DE NECESSIDADES DE MASLOW


Segundo este autor existem cinco tipos de necessidades humanas a que corresponde uma ordem de prioridades:
A - Necessidades Fisiológicas;
B – Necessidades de Segurança; C – Necessidades de Pertença;
D – Necessidades de Estima; E – Necessidades de auto-realização.
O trabalho comunitário deve ser desenvolvido de acordo com as prioridades de MASLOW.
TEORIA DA REALIZAÇÃO PESSOAL DE MCCLELLAND
Para estarem motivadas para uma determinada acção, as pessoas têm que se sentir realizadas. Nesse sentido, os líderes em particular,
necessitam tomar parte na formulação dos objectivos, na escolha objectivos que funcionem como desafios; ser recompensados de
forma a ser-lhes aumentada a satisfação pessoal. Sem motivação, gera-se desinteresse pela acção.
TEORIA DE HOMANS
Segundo este autor certas tarefas exigem um nível mínimo de comunicabilidade para ser eficazes. O interventor deve identificar,
controlar, melhorar e manter a rede de comunicações e promover programas de formação que desenvolvam as competências de
comunicar e cooperar.
TEORIA DO PROCESSO DE MATURAÇÃO DE ARGYRIS
O interventor comunitário deverá promover uma estratégia sócio-educativa para ajudar a comunidade a ter comportamentos
considerados maduros e responsáveis, fazendo-a passar do modelo comportamental A para o B, de acordo com o seguinte quadro:

Variáveis A – Modelo Imaturo B – Modelo Maduro

Atitude Global Passiva Activa


Atitude perante os outros Dependente Independente
Comportamentos Padronizados Adequados
Interesses Superficiais Profundos
Atitude face ao tempo Curto Prazo Médio Prazo
Consciência de si Estereotipada Objectivada

TEORIA DA ANÁLISE TRANSACCIONAL DE ‘DE BERNS’ E HARRIS E TEORIAS X E Y DE MCGREGOR


Segundo estes autores as transacções comunicacionais entre os seres humanos efectuam-se de acordo com três modelos de
relacionamento:
Pai – Criança; Criança – Pai; Adulto – Adulto, e assentes em atitudes de desconfiança ou de confiança básica. O interventor
comunitário deverá desenvolver estratégias de relacionamento que privilegiem uma relação Adulto-Adulto e desenvolver um clima
de confiança básica.
TEORIA DE ARGYRIS SOBRE ESTILOS DE SUPERVISÃO
De acordo com este autor os estilos de supervisão contemplam quatro tipos de variantes: Desconfiança, Confiança, interventor
controlador directivo ou interventor liberal, participativo, facilitador. O interventor deverá desenvolver estratégias de
relacionamento de modo que o modelo assente em duas das variantes: confiança no interventor liberal, participativo e facilitador.
TEORIA DA LIDERANÇA DE BLAKE E MOUTON
O estilo de liderança pode exercer-se de acordo com o valor que os actores sociais atribuem às tarefas a realizar ou às relações
sociais a desenvolver. O resultado é expresso em quatro tipos de comportamento, dos quais três deles podem assumir papéis de
liderança (A, C e D)
Tipo A – Alta prioridade à relação, Baixa prioridade à tarefa
Tipo B – Baixa prioridade à relação, Baixa prioridade à tarefa
Tipo C – Alta prioridade à relação, alta prioridade à tarefa
Tipo D – Baixa prioridade à relação, Alta prioridade à tarefa
Estes autores dizem que o interventor comunitário deverá desenvolver estratégias de relacionamento com a comunidade de
modo a:
Seleccionar líderes,
Formar líderes,
Aproveitar os três tipos de líderes existentes
Propor a distribuição de tarefas de acordo com as suas características de liderança.

AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS

DISCUTIR OS CONCEITOS DE AVALIAÇÃO, DE EFICÁCIA E DE EFICIÊNCIA


A avaliação deve ser utilizada ao longo da intervenção e não só no seu final. Ela é uma ferramenta que serve para monitorar a
execução do plano, ao longo das várias etapas do processo.
No entanto, sempre que um projecto termina deve ser realizado um balanço geral sobre a acção desenvolvida. A chamada avaliação
final, deve responder a quatro questões:
Qual foi a eficácia absoluta do projecto? (será que os resultados obtidos estão de acordo com os objectivos planeados?)

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

Qual foi a eficácia relativa do projecto? (como comparar a eficácia deste projecto com a de outros projectos análogos realizados
noutras alturas e noutros lugares?)
Qual foi a eficiência absoluta do projecto? (qual a relação entre os resultados obtidos e os recursos que foram afectados para os
atingir – relação entre custos e benefícios)
Qual foi a eficiência relativa do projecto? (como comparar a eficiência deste projecto com a de outros projectos análogos
realizados noutras alturas e noutros lugares?)

8. CAMPOS ESPECÍFICOS DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

DESCREVER A APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NO CAMPO DO ABSENTISMO,


INSUCESSO E ABANDONO ESCOLARES
Qualquer intervenção sobre este tipo de problemas deve ser precedida de um estudo cuidado, feito o mais precocemente possível, de
modo a poderem ser implementadas medidas de prevenção adequadas.
O absentismo pode ser limitado a certos dias da semana, a certas disciplinas ou certos tempos escolares. Pode ainda apresentar-se
sob a forma de ausências prolongadas, resultantes de doença, de acidente ou de dificuldades de acesso à escola, ou ainda como
reacção a situações de insucesso.
O insucesso pode ser limitado a alguns períodos escolares, a uma deficiente interacção com determinados professores ou a certas
disciplinas. Pode ainda ser generalizado, criando condições para a ocorrência de reprovações.
O abandono escolar pode dever-se a razões extra-escolares, como à necessidade de desempenhar precocemente papéis de
adulto, ou ser consequência de situações ligadas à escola (insucessos académicos, problemas de natureza disciplinar).
No estudo deste tipo de situações deve ter-se em conta que cada caso é um caso que exige respostas personalizadas, ainda que se
possam estabelecer medidas preventivas que criem um ambiente dissuasor da sua ocorrência.
A intervenção deve visar o desenvolvimento pessoal e social e a criação de uma rede social que apoie este processo.
Em qualquer das três situações, a comunidade exterior à escola desempenha um papel activo, quer como parte do problema quer
como instrumento para a sua solução.
AS ÁREAS CHAVE DA ACTUAÇÃO DO INTERVENTOR SÃO:
Prevenção Primária de problemas que possam afectar a igualdade de oportunidades dos estudantes, tanto no que respeita ao
acesso ao ensino como no que concerne ao seu sucesso académico;
Despiste e diagnóstico precoce desses problemas:
Intervenção precoce para reduzir os seus efeitos.
No caso do trabalho comunitário com instituições de ensino pré-escolar ou ensino básico deve ser procurada uma forte ligação à
família e à comunidade de residência, numa estratégia integrada de socialização.
A intervenção em escolas de ensino secundário e superior deve ser conduzida em duas vertentes: de modo a que as instituições se
assumam como instrumentos de socialização da população discente; e no sentido de se poderem vir a instituir como instituições
socialmente activas nas comunidades onde estão inseridas.
DESCREVER A APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NO CAMPO DA EDUCAÇÃO
INTERCULTURAL
Existem três modos de encarar a diversidade social:
DOUTRINA DA ASSIMILAÇÃO CULTURAL
Parte de pressupostos etnocêntricos, é a perspectiva típica das doutrinas racistas. Considera haver uma cultura de referência, à qual
todas as outras se devem aproximar.
DOUTRINA DA INTEGRAÇÃO CULTURAL
Defende que, no mesmo espaço, todas as culturas devem misturar-se e transformar-se numa que delas resulte. Considera a
diversidade cultural como um mal a eliminar, e assim propõe a junção de todas as culturas numa só.
DOUTRINA DO PLURALISMO CULTURAL
Considera a diversidade como um valor a preservar, sob um conjunto de padrões de convivência comuns. A corrente da educação
intercultural baseia -se nesta última doutrina, assumindo que a crescente diversidade étnica, linguística, de género, de estatuto social
e de capacidade de aprendizagem, deve ser considerada como recurso educativo, apesar de constituir um problema.
O ponto de partida para atingir os objectivos da educação intercultural é criar programas de formação de formadores em educação
intercultural, que por sua vez aplicarão os seus conhecimentos o que terá um efeito multiplicador junto da população.

Tipos de Exemplos Efeitos Previsíveis


Formadores
Formadores de Educadores de Infância Redução de comportamentos racistas e xenófobos por parte dos
Crianças Enfermeiros educadores das crianças e, indirectamente das suas famílias.
Professores Interiorização de atitudes de respeito pela diferença.
Produtores/realizadores Criação de hábitos de cooperação entre, culturas.
de rádio e televisão educativa Redução do absentismo e do abandono escolar.
Aumento do sucesso escolar.

Professores Redução do absentismo escolar


Formadores de Líderes juvenis Aumento sucesso do ensino/formação
Jovens Líderes comunitários Redução do abandono escolar
Profissionais Int. Social Prevenção de problemas sociais de comportamento desviado
Profissionais Com. Social

Formadores de Os mesmos referidos para Os mesmos resultados que para jovens
Adultos os jovens Emergência de mais grupos de cidadãos activos e competentes no
Gestores rec. Humanos seio das
comunidades.
Melhoramento da produtividade

Formadores de Profissionais de Intervenção Melhoramento da qualidade de vida dos idosos


Idosos Social Alteração da imagem social do idoso de problema para recurso.

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

Com efeito os «professores» a formar são muitos, encontram-se geograficamente dispersos, possuem diferentes qualificações,
desempenham papéis muito diversos, apresentam em regra disponibilidade de tempo muito reduzida e pertencem, por vezes, a
comunidades linguísticas diversas, o que dificulta o processo de comunicação educacional. É neste quadro de dificuldades que as
estratégias de desenvolvimento comunitário se tornam indispensáveis, tirando partido dos recursos locais e criando sinergias (elos
de colaboração conjunta) com meios externos às comunidades.

DESCREVER A APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NO CAMPO DO APOIO DOMICILIÁRIO E


AMBULATÓRIO A CIDADÃOS FRAGILIZADOS POR CONDIÇÕES DE SAÚDE PARTICULARES.
A intervenção comunitária, neste campo, pode agrupar-se em duas vertentes:
AJUDA LOGÍSTICA – pretende criar condições materiais que proporcionem uma melhor autonomia ao sistema-cliente em situação
de risco. (apoio medicamentoso a doentes crónicos, programas de troca de seringas para toxicodependentes, apoio domiciliário
para idosos e doentes, instalação de sistemas de telecomunicações para isolados e a adaptação do espaço doméstico a certos tipos
de deficiências).
APOIO PSICO-SOCIAL – visa reduzir o sofrimento solitário, criando uma rede social de apoio que contribua para melhorar a sua
qualidade de vida. (centros de dia para idosos e deficientes, visitas domiciliárias a doentes crónicos, programas de apoio para
grupos de doentes mentais, alcoólicos, toxicodependentes, seropositivos, portadores de Sida e doentes terminais.
DESCREVER A APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NO CAMPO DOS CUIDADOS DE SAÚDE
PRIMÁRIOS.
OS CENTROS DE SAÚDE ESTÃO PARTICULARMENTE vocacionados para a prestação de cuidados de saúde primários e
podem melhorar substancialmente os seus serviços, recorrendo às técnicas de intervenção comunitária (campanhas de vacinação em
massa, programas de apoio a grávidas em geral e a certos grupos de risco – mães demasiado novas ou demasiado velhas -, acções
de educação para a saúde e programas de prevenção de epidemias).
DESCREVER A APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NO CAMPO DOS CUIDADOS
DIFERENCIADOS DE SAÚDE.
Os hospitais são as instituições que prestam cuidados diferenciados de saúde. A intervenção comunitária tem um papel importante a
desempenhar, servindo de interface entre o cidadão e a comunidade hospitalar e entre o hospital e a comunidade envolvente. Neste
sentido devem ser desenvolvidas acções que permitam ao doente sentir-se tratado como pessoa, sem perda dos seus direitos de
cidadania, durante a sua estadia no hospital; contar com a ajuda logística e apoio psico-social após ter alta.
DESCREVER A APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NO CAMPO DO APOIO A CRIANÇAS E
JOVENS EM SITUAÇÃO DE EXCLUSÃO SOCIAL.
A UNICEF considera sete grupos de alto risco:
- crianças em estratégia de sobrevivência
- crianças maltratadas e abandonadas
- crianças institucionalizadas
- crianças em conflito armado
- crianças em desastres naturais e ecológicos
- crianças com necessidades específicas
- crianças de rua
São crianças obrigadas a trabalhar; são crianças a viver nas ruas das grandes cidades, por terem fugido de casa, por terem sido
abandonadas ou por terem ficado orfãs.
A maioria destas crianças é privada de cuidados de saúde e educação e quase todas enfrentam a difícil escolha entre resistir ou aderir
à violência, ao crime, à prostituição e ao uso de drogas.
A resposta a este tipo de situações tem de ser de natureza comunitária, envolvendo um trabalho:
com a própria criança, ajudando-a a construir um projecto de vida que pode passar pela sua reintegração na família, na escola
e/ou num posto de trabalho;
com a família (quando existe);
com a rede de instituições públicas e privadas de protecção social;
com a comunidade de residência (de onde fugiram);
com a comunidade de fuga (para onde foram residir).
DESCREVER A APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NO CAMPO DO APOIO A ADULTOS EM
SITUAÇÃO DE EXCLUSÃO SOCIAL.
São muitos os grupos de adultos em situação de exclusão social. As mais graves são as famílias em situação de pobreza absoluta, os
imigrantes e minorias étnicas excluídas, os sem abrigo, os desempregados e os reclusos ou ex-reclusos.
A questão da pobreza requer medidas de alta complexidade que envolvem toda a comunidade, no sentido de combater os seus
efeitos imediatos (medidas que garantam níveis de alimentação, saúde, habitação, emprego e rendimento mínimo, que permitam
evitar o agravamento da situação social do sistema-cliente), mas também evitar a sua reprodução (programas de educação geral e
para a cidadania, orientação e formação profissional).
Os imigrantes e minorias étnicas são grupos particularmente vulneráveis a todo o género de exploração. A intervenção comunitária
passa pelo desenvolvimento de programas de educação intercultural, e passa ainda pela necessidade de integrar nesses programas,
estratégias claras de prevenção do racismo e xenofobia.
O trabalho com os sem abrigo ou desalojados deve passar pela conjugação de intervenções personalizadas de natureza psicossocial,
com acções de (re)construção da rede social de apoio.
O desemprego é um dos principais factores de exclusão social, actualmente. Além das medidas de carácter político que devem ser
implementadas, a intervenção comunitária é extremamente importante no apoio à criação de ILE’s (iniciativas locais de emprego),
Clubes de Emprego, procurando conjugar acções de empowerment (incentivo) do sistema-cliente com a adovcacy (protecção) do
sistema interventor.
O grupo dos reclusos e ex-reclusos é extremamente marcado pela exclusão social, quer no que respeita ao emprego, quer ao
restabelecimento de laços de vizinhança. Estes casos exigem apoio personalizado para a sua reinserção na comunidade.
DESCREVER A APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NO CAMPO DO APOIO A IDOSOS EM
SITUAÇÃO DE EXCLUSÃO SOCIAL.
O trabalho comunitário com idosos deve visar:
a sua adaptação à situação de reforma, sobretudo ajudando a descobrir que o tempo livre pode ser utilizado para seu proveito,
desenvolvimento pessoal e para o desempenho de papéis socialmente úteis (compatíveis com a sua idade e experiência).
Ajudar a reorganizar o dia-a-dia.

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)


lOMoARcPSD|16726509

Ajudar a definir novas metas de vida.


Com aqueles idosos que carecem de saúde física e mental ou que cada vez são mais dependentes, o trabalho comunitário deve
garantir apoio psicossocial e apoio logístico.
O objectivo do trabalho comunitário nesta área é levar a sociedade a entender o idoso como um cidadão de corpo inteiro, com
potencialidades e limitações como qualquer outro cidadão.
DESCREVER A APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NO CAMPO DO PLANEAMENTO E
ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA.
A intervenção comunitária, nesta área, visa a articulação entre os protagonistas do processo uma vez que se trata de sistemas
colectivos. É fundamental que para além dos aspectos técnicos adequados a cada situação, a própria comunidade seja entendida
como um sistemacliente, que merece cuidados especiais para que se atinjam os objectivos desejados, ou de serem conseguidos
através de custos demasiado elevados.
DESCREVER A APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NO CAMPO DA DEFESA DOS DIREITOS
HUMANOS.
Os programas de direitos humanos requerem cuidados especiais da parte do sistema-interventor. Requerem uma maturidade
emocional por parte dos interventores, dado o seu envolvimento directo na defesa do sistema-cliente (advocacy) obrigando-o, no
entanto a um distanciamento, dada a sua condição técnica.
Muitas vezes o sistema cliente não é organização estruturada, mas um movimento social. A estratégia da não -violência activa
(NVA) parece ser nestes casos uma escolha recomendável.
DESCREVER A APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NO ÂMBITO DE SITUAÇÕES DE AMEAÇA
À PROTECÇÃO CIVIL.
Também aqui é exigida grande maturidade ao interventor comunitário, uma vez que vai ter que lidar e dar resposta a situações
delicadas como a ocorrência de cheias, terramotos, epidemias, conflitos armados, etc.
É exigido ao interventor que actue com a máxima eficácia e eficiência, num curto espaço de tempo, devendo:
CARACTERIZAR A SITUAÇÃO-PROBLEMA, distinguindo os problemas que requerem acção imediata, daqueles que sendo
importantes, podem passar para segundo plano.
DESENHAR UM PLANO DE INTERVENÇÃO, com resultados a atingir de imediato, a curto e a médio prazo.
IDENTIFICAR, MOBILIZAR E ORGANIZAR RECURSOS necessários à intervenção.
DESCREVER A APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NO CAMPO DA ACÇÃO SOCIAL
INTERNACIONAL.
A acção social internacional exige uma grande capacidade de organização, dado o apoio político, militar e logístico que implica.
Neste tipo de projectos é indispensável ao sucesso das operações em curso, a existência de um bom sistema de comunicações.
Exemplos de acções de trabalho comunitário internacional são as desenvolvidas pelas Nações Unidas, Cruz Vermelha Internacional,
Médicos sem Fronteiras, etc., com auxílio humanitário, interposição entre beligerantes, programas de desenvolvimento social. Este
tipo de acções exige grande especialização técnica e fortes conhecimentos da língua e da cultura dos sistemas-clientes.
DESCREVER A APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NO CAMPO DA EDUCAÇÃO PARA A
DEMOCRACIA.
Neste campo é imperiosa uma acção permanente e organizada de educação dos cidadãos para o exercício dos seus direitos
democráticos. As ideias-chave que devem estar presentes em qualquer programa de educação para a democracia, sintetizam-se no
esquema da pág. 228. As técnicas de desenvolvimento comunitário adequam-se na perfeição a programas de educação para a
democracia, nas suas duas vertentes:
DEMOCRACIA COMO META A ALCANÇAR
Uma vez que o desenvolvimento comunitário é entendido como um processo tendente a criar condições de progresso económico e
social para toda a comunidade, com a participação activa da população e a partir da sua iniciativa. O desenvolvimento das
sociedades baseia-se numa concepção democrática.
DEMOCRACIA COMO MÉTODO DE APERFEIÇOAMENTO DO FUNCIONAMENTO SOCIAL
A prática do desenvolvimento comunitário leva os cidadãos a comunicar melhor, a preparar, tomar e executar decisões que lhe
dizem respeito de forma mais responsável e participada. Prepara as sociedades para actos políticos típicos das democracias
representativas como escolher, respeitar e substituir representantes.
DESCREVER A APLICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO NO CAMPO DA EDUCAÇÃO ABERTA E À
DISTÂNCIA.
A análise dos resultados dos sistemas de ensino aberto e à distância em termos de eficácia e eficiência, traduz-se num saldo positivo,
com particular destaque para o efeito multiplicador de oportunidades a custos mais baixos que os do ensino presencial, contribuindo
para a aceleração do desenvolvimento socioeconómico dos países onde estão implantados.
Na formação de quadros locais para o desenvolvimento, o ensino à distância tem integrado três tipos de estratégias educativas:
EDUCAÇÃO PARA A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS BÁSICOS
Em países com problemas estruturais de subdesenvolvimento, o ensino à distância tem assumido o papel de instrumento da política
educativa para a resolução de problemas básicos da população. A formação intensiva de técnicos de desenvolvimento comunitário é
uma preocupação constante. Depois de formados os técnicos estão aptos a dar apoio às populações, desenvolvendo programas
diversos nas áreas da educação para a saúde, gestão de recursos, educação paramédica, entre outros.
REFORÇO À EDUCAÇÃO FORMAL
Esta função tem sido a preocupação dominante dos sistemas de ensino à distância de países de desenvolvimento intermédio. Aqui
impera a preocupação com a formação de quadros para o desenvolvimento, nomeadamente no respeitante à formação de recursos
humanos, no sentido de uma progressiva modernização.
DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO CONTÍNUA
Nos países mais industrializados o ensino à distância tem tido uma importante contribuição através de acções de formação contínua
que permitem a actualização e especialização de grupos periféricos, constituindo um poderoso factor de democratização da
distribuição do conhecimento

Downloaded by celia bento (celiacmbento@gmail.com)

Você também pode gostar