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Guilherme Gonçalves
Desenvolvimento
sustentável das áreas
sociais, econômicas
e socioambientais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A preocupação com o desenvolvimento sustentável no Brasil ganhou
impulso somente na década de 1990, em decorrência da evolução da
discussão sobre a preservação do meio ambiente e sobre as condições
sociais e econômicas da sociedade. Essa preocupação e ampliação do
debate gerou algumas mudanças na sociedade, com movimentos simul-
tâneos e interdependentes de reestruturação das bases de regulação
econômica, política e social. Na confluência desses movimentos, percebe-
-se que o conceito de desenvolvimento vem se redefinindo. Deixando
de ser simplesmente sinônimo de crescimento econômico e assumindo
novos significados, com adjetivos que buscam qualificá-lo, e ganhando
noções de sustentabilidade, de ênfase nas localidades e fortalecimento
da participação cidadã. Isso tem influenciado não só as teorias sobre o
tema, mas principalmente a sua prática.
O papel do Estado também evoluiu nesse sentido. Antes, na dé-
cada de 1970, ele cumpria o papel de principal, senão único, indutor do
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Repensando o desenvolvimento
O conceito de desenvolvimento é objeto de controvérsias, e até recentemente era
sinônimo de crescimento econômico. Sen (2004), prêmio Nobel de Economia em 1998,
apresenta uma nova reflexão sobre desenvolvimento como o processo de ampliação
da capacidade de os indivíduos fazerem escolhas.
Relativizando os fatores materiais e os indicadores econômicos, Sen (2004) insiste
na ampliação do horizonte social e cultural da vida das pessoas. A base material do
processo de desenvolvimento é fundamental, mas deve ser considerada como um
meio e não como um fim em si. Além da capacidade produtiva, ao postular a melhoria
da qualidade de vida em comum, a confiança das pessoas nos outros e no futuro da
sociedade, destaca as possibilidades de as pessoas levarem adiante iniciativas e ino-
vações que lhes permitam concretizar seu potencial criativo e contribuir efetivamente
para a vida coletiva.
Sen (2004) resume suas ideias sobre o desenvolvimento como: possibilidades que
a cooperação e a solidariedade trazem ao transformar o crescimento econômico de
destruidor das relações sociais em processo de formação de capital social ou em
desenvolvimento como liberdade, pois só há desenvolvimento quando os benefícios
servem à ampliação das capacidades humanas. Isso requer que sejam superadas as
principais fontes de privação de liberdade: pobreza e tirania, carência de oportunidades
econômicas e destituição total e sistemática, negligência dos serviços públicos e
intolerância ou interferência de Estados repressivos.
Estratégias e políticas de
desenvolvimento sustentável
O paradoxo deste início de século é, de um lado, o crescimento econômico e a
transformação tecnológica sem precedentes; e, de outro, a dramática condição
social de inúmeras pessoas e os problemas ambientais assustadores. Outra
contradição é o desenvolvimento do aparato científico-tecnológico, que é capaz
de resolver grande parte dos principais problemas ecológicos, mas que fica
cada vez mais distante das formas sociais organizadas (VECCHIATTI, 2004).
Uma das conclusões óbvias desse quadro de contrastes é que o crescimento
econômico, por si só, não traz automaticamente o desenvolvimento. Contudo,
se o crescimento econômico é colocado a serviço de objetivos socialmente
desejáveis e repensado de forma a minimizar os impactos ambientais negativos,
ambos caminham em direção aos mesmos objetivos (SACHS, 2001).
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Leitura recomendada
ASSIS, R. L. de. Desenvolvimento rural sustentável no Brasil: perspectivas a partir
da integração de ações públicas e privadas com base na agroecologia. Economia
Aplicada, Ribeirão Preto, v. 10, n. 1, p. 75-89, jan./mar. 2006.