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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO

Estudante: Ednevia Cita Armindo Albino

Curso: Desenvolvimento Comunitário e Serviço Social

1º Ano, 2º Semestre, Curso Diurno

Docente: Wilson Uaniheque, MA.

Disciplina: Empowerment

O estudo em análise pretende-se estudar sobre como é que o empowerment pode ser
uma estratégia de desenvolvimento das comunidades, de forma geral, é pertinente
debruçar sobre este estudo considerando que muitas comunidades enfrentam grandes
dificuldades no processo de desenvolvimento. Já no desenvolvimento do trabalho
apresenta-se conceitos básicos de empowerment, categorias, desenvolvimento das
comunidades, e empowerment comunitário. Sem se esquecer que, o objectivo do estudo
é demostrar como o empowerment pode ajudar no desenvolvimento das comunidades.
Para elaboração e sucesso do trabalho, recorremos a obras disponibilizadas pela
biblioteca da faculdade.

Para a psicologia comunitária, o empowerment tem vindo a tornar-se numa área de


intervenção crucial e um dos seus principais objectos de estudo, pois permite o
entendimento da especificidade e qualidade das relações entre os indivíduos e a
comunidade, entre as várias organizações nas comunidades e destas últimas com o
sistema social e político (Ornelas, 1997).

Enquanto processo de intervenção, Pinto (2011), reúne definições de autores que


aprofundaram este conceito e salienta alguns aspectos fundamentais para uma melhor
compreensão. O empowerment enquanto:

Processo de acréscimo de poder pessoal, interpessoal e colectivo;

Processo de acréscimo de controlo através do qual os indivíduos, grupos e/comunidades


controlam as suas circunstâncias de vida;

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Processo de aumento de participação, através do qual os indivíduos se integram;
Processo que promove o acesso e redistribuição dos recursos, uma vez que o poder dos
sujeitos condiciona o acesso aos recursos;

Processo que promove a melhoria da eficácia do exercício da cidadania, Transformação


das relações de poder e dominação;

Manifestação de poder – melhora o exercício do poder, através do exercício do poder.

Considera-se o empowerment enquanto perspectiva que coloca as pessoas excluídas dos


processos prevalecentes de desenvolvimento e do poder (sua distribuição e exercício) no
centro do processo de desenvolvimento” (Romano & Antunes, 2002, p. 47).

É um processo que visa o aumento das capacidades internas dos indivíduos para que
adquiram controlo sobre si mesmos e sobre as circunstâncias que afectam as suas vidas.
É então um processo interno, relacionado com a melhoria de capacidades internas, como
a auto-estima, autopercepção e confiança, mas também um processo externo,
relacionado com o controlo e influência sobre o meio em que se insere. É um processo
induzido, impulsionado, socialmente construído pois, embora deva partir de dentro para
fora, necessita frequentemente de ser estimulado por elementos externos,
nomeadamente através da criação de um ambiente favorável para o desenvolvimento de
capacidades.

Segundo Cavalieri (2017), é possível identificar quatro categorias de empowerment. A


saber:

Empowerment intrapessoal refere-se à competência do próprio indivíduo perante


determinadas situações e corresponde ao grau de confiança individual para a
participação em acções;

Empowerment instrumental refere-se à capacidade individual para participar e


influenciar processos de tomada de decisão;

Empowerment formal refere-se às instituições que apresentam mecanismos que além de


influenciarem decisões públicas relacionadas com os cidadãos e suas instituições
sociais, também criam oportunidades para que estes participem nos processos
decisórios;

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Empowerment substantivo refere-se à habilidade para tomar decisões que resolvam
problemas e produzam os resultados desejados.

Salientar que, a natureza e a intensidade das barreiras sociais e do contexto afectam as


oportunidades de participação e a capacidade de iniciativa individual e colectiva. Por
outro lado, os contextos podem ser promotores dos processos de empowerment quando
facilitam o acesso à informação ou proporcionam oportunidades de participação e
liderança. É a interacção dinâmica entre as aspirações e competências dos indivíduos,
grupos e comunidades, e as oportunidades de participação nos contextos onde estão
inseridos que cria as condições para o empowerment.

Para o desenvolvimento comunitário, Chambers (1983) apresenta um leque de


informações pertinentes às pessoas a quem a pobreza rural e o desenvolvimento rural
Ihes interessam, especialmente aos que estão directamente empenhados no trabalho do
desenvolvimento rural como é o caso de investigadores universitários, pessoal de
agências humanitárias e de cooperação técnica, pessoal de instituições de formação de
agências de voluntários e outros profissionais.

Para Rodrigues (s⁄d, cit. em Souza, 1987)‫׃‬

Desenvolvimento Comunitário é um método, um processo e um fim em si mesmo. E um


método de ajuda às comunidades locais para fazê-las mais conscientes de suas
necessidades, para apreciar seus recursos em tal forma que satisfaçam algumas das
necessidades por meio dos projectos de acção e ao mesmo tempo adquirem atitudes,
experiências e destreza cooperativa para repetir este processo, uma e outra vez por
iniciativa própria.

De acordo com estas definições, pode se entender o desenvolvimento comunitário como


sendo a forma de intervenção nas comunidades, envolvendo-as na concepção,
implementação e avaliação de projectos de desenvolvimento, com vista a melhoria das
suas condições de vida.

O empowerment comunitário se destina a grupos desfavorecidos em sua capacitação


para a articulação de seus interesses e participação comunitária, em busca da conquista
aos direitos de cidadania no contexto social e político (Baquero, 2007).

É fundamental o engajamento da população na compreensão da problemática que afecta


as suas condições de vida, na discussão de soluções alternativas, na definição de
prioridades e na decisão a respeito das estratégias de implementação dos programas, seu
acompanhamento e avaliação. O desenvolvimento de competências para um

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desempenho político no desenvolvimento de acções que possam comprometer a
qualidade de suas vidas requer a participação da comunidade como sujeito e não como
objecto do processo.

A participação é um instrumento importante no sentido de promover a articulação entre


os actores sociais, fortalecendo a coesão da comunidade e melhorando a qualidade das
decisões, tornando mais fácil alcançar objectivos de interesse comum. No entanto, as
práticas participativas não podem ser encaradas como procedimentos infalíveis,
capazesvde sempre proporcionar soluções adequadas para problemas de todos os tipos
(Bandeira,1999).

Sendo assim, participação significa estar presente activamente no designar e no escolher


alternativas, caminhos e em ter possibilidades reais de utilizar toda e qualquer
alternativa, bem como combiná-las. Ela gera a possibilidade de superação da injustiça
social.

Sendo assim, foi possível constatar que, o empowerment comunitário, bem como do
poder do capital social da comunidade (sobretudo do poder do capital social dos
pobres), enquanto elemento mediador e fulcral para facilitar e mobilizar a participação
directa e activa da comunidade. Por outras palavras, uma comunidade é empowered, se
e só se tiver fortes relações e manifestações objectivas de poder do seu capital social,
sem a qual não é possível construir a mobilização e a participação na acção comunitária,
nem tomar as necessárias decisões políticas sobre o seu futuro.

É imprescindível e fulcral concluir que, quanto mais o ser humano reflectir sobre sua
realidade, sobre sua situação de vida, mais desperta sua consciência e comprometimento
para intervir na realidade, de modo a poder mudá-la. Para que ocorra essa mudança é
necessário que os sujeitos compreendam e tenham consciência da importância do
processo de empowerment para comunidade e para dialogar com o mundo e entender
sua realidade, podendo transformá-la ou não.

REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS
Bandeira, P; (1999). Participação, Articulação de Actores Social e Desenvolvimento

Regional. Brasília: Instituto de Pesquisa Económica Aplicada.

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Baquero, M; & Baquero, R. (2007). Trazendo o cidadão para a arena pública: Capital

Social e empoderamento na produção de uma democracia social na América


Latina. Santa Cruz do Sul‫ ׃‬REDES.

Cavalieri, I, C. (2017). Processos de empowerment no contexto da intervenção social:

um estudo comparativo. Coimbra ‫ ׃‬Universidade de Coimbra.

Chambers, R. (1983). Desenvolvimento Rural‫ ׃‬fazer dos últimos os primeiros, ADRA.

Luanda.

Ornelas, J. (1997). Psicologia Comunitária Origens, fundamentos e áreas de

intervenção. Instituto Universitário.

Pinto, C, C, G. (2011). Representações e práticas do Empowerment nos trabalhadores

sociais. (Tese de Doutoramento em Ciências Sociais na especialidade de Política


Social). Lisboa, Portugal.

Romano, J., & Antunes, M. (2002). Empoderamento e direitos no combate a pobreza.

São Paulo, Brasil.

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