Você está na página 1de 7

Segurança Internacional – Aulas

A Evolução do Sistema Internacional

A Guerra Fria

Caraterísticas:
• Duas superpotências + Sistema de alianças (= bipolaridade)
• Interesses divergentes, ideologia, perceções mútuas
• Paz nuclear
• Fim do sistema colonial
• Confronto indireto: recursos a terceiros
• Coexistência pacífica, tolerância entre dois sistemas antagónicos, capitalismo vs. socialismo

• Crise dos misseis de Cuba (1962) – instalação numa rampa de misseis próximos dos estados
unidos
• Queda do muro de Berlim (1989) e reunificação da Alemanha (1990)
• Colapso da União Soviética (1991)
→ Deu origem à unipolaridade – EUA como única superpotência

Pós-Guerra Fria

• O Iraque invadiu o Kuwait em 1990


• 1ª Guerra do Golfo (1990-1991)
• 2ª Guerra do Golfo (2003-2011)

• Crises económicas (insegurança) – 2001 e 2008


• Fim da unipolaridade – explicado, por exemplo pelas alterações climáticas – China, EUA
• Centros emergentes de poder – tecnologia

Estrutura do Sistema Internacional

Sistema atual: Unimultipolariedade

Multipolaridade → tecnológica e económica – EUA, Japão, China, EU


Unipolaridade → militar e soft power – EUA

1
Consenso de Washington vs. Consenso de Pequim

Consenso de Washington → várias instituições, requisitos de democracia → conjunto de


medidas formuladas por instituições financeiras – FMI, Banco Mundial e Departamento do
Tesouro dos Estados Unidos
Consenso de Pequim → políticas econômicas da República Popular da China → ausência de
regras
(diferença nos líderes)

Soft power – poder de influenciar, imagem, poder de atração. “I am a model”


Hard power – poder de coerção, poder militar
Smart power – combinação de soft e hard power
Sharp power – poder de manipular

Um sistema incerto

Transição para a nova ordem (configuração do poder)


1. Terrorismo
2. Poluição do meio ambiente
3. Globalização da economia
4. Narcotráfico
5. Diminuição das distâncias (novas tecnologias)

Competências dos antigos atores → novas entidades

O fim de Vestefália

• O papel do Estado hoje menos relevante na:


→ Regulação da vida interna
→ Participação nas decisões internacionais

A vela ideia de não-interferência em assuntos de outros é arcaica (antiquada)

*Em termos de segurança a EU pode ser considerada um ator passivo. Pois conta sempre com o
apoio dos EUA nesse campo, e também da NATO.
União Europeia → poder normativo
EUA → poder militar

2
O Conceito de Segurança

Contexto Internacional

Queda do muro de Berlim: fim da Ordem Bipolar mundial

Até 1989 o conceito de segurança baseava-se em estratégias contra uma ameaça bem definida.

No pós-guerra Fria diminuiu a ameaça de agressão militar entre Estados. No entanto, surgiu um
novo quadro de ameaças de caráter global:
1. Conflitos regionais
2. Terrorismo Transnacional
3. Proliferação das Armas de Destruição em Massa (ADM) – Ex.: Rússia, EUA, China…
4. Crime organizado
5. Degradação ecológica

Atentados de 11/09: demonstração mais expressiva deste quadro de ameaças globais.

Globalização: aumento do fluxo de pessoas, bens e capitais entre estados que gerou uma maior
porosidade nas suas fronteiras.

Efeito paradoxal da globalização: contribui para o desenvolvimento e bem-estar das


populações, mas as fronteiras são permeáveis às novas ameaças.

As novas ameaças encontram os estados falhados um solo fértil para se desenvolverem.

Parte dos Estados que surgiram da descolonização europeia e da desagregação da ex-URSS, não
se conseguiram assegurar:
• Justiça
• Desenvolvimento
• Bem-estar
• Segurança

Estado Providência em causa → Logo, menos resistência face a novas ameaças.

A nova ordem internacional é mais complexa

O anterior conceito de segurança, centrado na defesa territorial, tornou-se obsoleto.

➔ Desterritorialização da defesa.
➔ Estados deixaram de conseguir garantir a segurança contendo as ameaças nas suas
fronteiras.
➔ Necessidade de atuar sobre as ameaças distantes do território do Estado.

3
Impossível suprimir a necessidade de atuação global de forma unilateral e isolada – ex.:
alterações climáticas

Novas ameaças requerem cooperação transnacional – Fome/pandemia

O novo conceito de segurança

I. Segurança (macro) económica

A liberalização dos mercados mundiais, através da redução das barreiras alfandegárias levou à
especialização da produção.

Criou-se uma rede planetária de interdependências produtivas e económicas.

No entanto, a especialização provocou vulnerabilidades que não se faziam sentir em mercados


fechados, protecionistas.

Ex.: Crise das subprime (EUA); 11 de setembro, Contestações à Globalização

4
II. Segurança Humana

Em 1994, o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) propôs a transição


concetual da segurança militar para segurança humana.

Esta nova perspetiva foca o indivíduo como objeto da segurança.

O PNUD considera que o conceito de segurança tem sido interpretado de forma restritiva por
demasiado tempo e propôs uma mudança urgente:

→ Do foco exclusivo na segurança territorial para uma ênfase muito maior na segurança
da população;
→ Da segurança através de armamentos para a segurança através do desenvolvimento
humano sustentável.

A segurança humana centra-se na proteção do individuo contra ameaças à sua sobrevivência.

A lista das ameaças à segurança humana é extensa:


• Fome
• Doença
• Crime
• Drogas
• Repressão
• Insegurança no emprego
• Meio ambiente…

A maioria delas pode ser agrupada em sete categorias principais:

1. Segurança económica do individuo – rendimento básico


2. Segurança alimentar – acesso de todas as pessoas aos alimentos básicos. A fome não é
só causada pela ausência de alimento, mas particularmente pela sua má distribuição –
Ex.: Brasil
3. Segurança em matéria de saúde – Ex.: EUA
4. Segurança ambiental – sustentabilidade dos recursos naturais e evitar a deterioração do
ambiente natural.
5. Segurança pessoal que proteja as pessoas da violência física provocada por ameaças:
→ contra crianças;
→ do Estado (tortura);
→ de outros Estados (guerra);
→ de outros grupos de população (tensões étnicas);
→ contra a própria pessoa (suicídio e uso de estupefacientes);
→ contra mulheres (violações e violência doméstica);
→ de indivíduos ou grupos contra outros indivíduos ou grupos (criminalidade, violência
urbana).

5
6. Segurança da comunidade – que garanta a participação das pessoas nos grupos em que
a sociedade se organiza: família, comunidade, organização, grupo racial ou étnico.

Estes grupos proporcionam uma identidade cultural e um conjunto de valores que dão
segurança à pessoa.

Memória – Enraizamento – Identidade

Ex.: Genocídio cultural: Xinjiang

7. Segurança política que garanta respeito pelos direitos humanos fundamentais


→ A segurança humana é um conceito que propõe que a Comunidade Internacional
se substitua ao Estado sempre que estiverem em risco os alicerces do Estado
Providência → segurança, desenvolvimento, justiça e o bem-estar
→ Defende que os direitos humanos se devem sobrepor ao princípio da não-
ingerência nos assuntos internos dos Estados.
→ Defende o direito e o dever de ingerência humanitária quando as populações estão
em perigo e o Estado não pode ou não quer cumprir o seu dever de proteção.
Exemplos?

III. Segurança societal (ou identitária)

• Tem como objetivo a proteção de grupos sociais ou comunidades especificas, com


caraterísticas próprias: identidade, a cultura, a língua, os costumes, a religião.
• Segurança do Estado (soberania) # segurança da sociedade (identidade)
• O Estado é constituído por um território fixo, uma população e um governo.
• Grupo social ou comunidade: grupo de indivíduos com um sentimento de pertença a essa
comunidade.
Identidade: refere-se ao “nós” que se distingue dos “outros”.
• O conceito de sociedade normalmente designa a população de um Estado.
• No contexto da segurança societal é utilizado noutro sentido. A sua dimensão varia,
podendo ser superior ou inferior à população do Estado.
• A segurança societal centra-se na proteção da identidade de comunidade que podem ser
tribos, clãs, nações, civilizações, religiões ou raças.
• Permite compreender os conflitos intraestatais onde não existe correspondência entre o
Estado e a nação.
→ Por vezes transpõem a fronteira Estatal
→ Transformando-se em conflitos regionais e/ou internacionais

6
IV. Segurança ambiental

Industrialização: crescimento exponencial da poluição e do consumo de matérias-primas →


ultrapassa largamente a capacidade de regeneração da natureza.

A degradação ambiental afeta milhões de pessoas em todo o mundo:


• Desertificação e falta de água
• Alterações climáticas
• Competição por recursos naturais gera conflitos

V. Segurança coletiva

As novas ameaças de carater global exigem respostas coletivas

• Procura respostas multilaterais através da associação de Estados, formando uma


autoridade supraestatal.
• Uma organização de segurança coletiva procura promover a segurança entre os Estados
que a formam → A ONU é um exemplo de uma organização de segurança coletiva.

VI. Segurança cooperativa

Enquanto a segurança coletiva procura resolver conflitos, a segurança cooperativa procura


preveni-los através da cooperação entre Estados em:
→ Controlo de armamentos
→ Instituições democráticas
→ Cooperação económica, científica, tecnológica, ambiental, …

• A cooperação reduz a probabilidade de crescimento das tensões entre os Estados, criando


um clima propício à confiança mútua.
• Promove condições para assinatura de acordos sobre o controlo de armamentos e
desarmamento.
• O clima de transparência e confiança que se constrói, permite ultrapassar o dilema da
segurança.

Você também pode gostar