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3 - Segurança e Defesa
Enquanto a sobrevivência é uma condição existencial, a segurança envolve a capacidade de
prosseguir ambições políticas e sociais desejadas. A segurança é, portanto, melhor entendida como
o que Ken Booth (2007) chamou de “sobrevivência-mais”, sendo “o “mais” alguma liberdade em
relação às ameaças determinantes da vida e, portanto, algumas escolhas de vida”.
Condição de proteção, capacidades para neutralizar ameaças identificáveis (algo ou alguém).
Necessidade de se proteger de diversas formas: informações, sistemas, instalações,
comunicações, pessoal, equipamentos ou operações.
Defesa: meios que o Estado possui para alcançar a segurança desejada.
4 - Securitização
Trata-se da percepção de ameaça que um Estado tem sobre alguma questão. Ao
securitizar um tema, as políticas estatais definidas para lidar com aquele assunto deixam de ser
consideradas “normais” e passam a ser tidas como “políticas de pânico”. Esse caráter emergencial
permite que medidas ilegais ou incomuns sejam momentaneamente usadas.
Alvos da securitização:
● Pessoas
● Estado
● Interesse nacional
Securitização: o processo pelo qual um ator securitizador define uma questão ou ator
específico como uma “ameaça existencial” a um objeto referente específico e esse movimento é aceito
por um público relevante.
Dessecuritização: o processo pelo qual questões ou intervenientes específicos são removidos
do domínio da segurança e (re)entram no domínio da “política normal”.
5 - Dissuasão
Definição: capacidade que um Estado tem em retaliar um primeiro ataque, seja um ataque
nuclear (armas nucleares), desdobramento militar, invasão (terrestre, aérea ou marítima); Capacidade
do segundo ataque, retaliação.
7 - A2/AD
A2: impedir o acesso / AD: não barrar, mas limitar a presença.
Emprego geoestratégico para evitar o controle e influência de áreas primordiais, pode ter
finalidade militar, política ou comercial. Nega (obstaculiza) o acesso à uma região.
Antiacesso (A2): Ação destinada a impedir ou retardar o estabelecimento de forças em um
Teatro de Operações, atuando a partir de distâncias mais longas do local de conflito. A2 afeta os
movimentos de uma ameaça para um Teatro de Operações. Foca em impedir a chegada do inimigo à
área de interesse, utilizando armamentos de longo alcance. Como exemplos de capacidades
antiacesso, temos: os sistemas de ataque cibernético; os sistemas de vigilância e reconhecimento de
longo alcance; os mísseis balísticos e de cruzeiro (lançados do ar, da superfície ou de submarinos); e
os submarinos nucleares.
Negação de Área (AD): Ação destinada a impedir as operações inimigas dentro de um
Teatro, onde não se possa ou não se consiga evitar o acesso do adversário. Mesmo que o inimigo
consiga chegar na área, a estratégia AD dificulta sua movimentação e ações. As capacidades de
negação de área são: a efetiva integração de forças navais, aéreas e terrestres; os sistemas de guerra
eletrônica e de defesa aeroespacial; os mísseis antinavio de médio e curto alcance; as munições
inteligentes; os submarinos convencionais e as lanchas de ataque
8 - Guerras Híbridas
Fenômeno do século XXI; Emprego de inúmeros meios para derrotar (derrubar um governo),
ou mesmo, derrotar forças armadas inimigas; Uso da propaganda, fake news, ciberterrorismo (e
ciberataques), guerra psicológica, exércitos regulares e irregulares, manifestações políticas e sociais;
9 - Revoluções Coloridas
Movimentos político-sociais em prol da derrubada de governos; Geralmente possui apoio
externo (políticos, ONGS, empresas, governos e Estados, forças armadas); Interesses estratégicos de
Estados = pode ser recursos naturais, área estratégica, petróleo, gás; ou mesmo influência geopolítica.
10 - Proxy War
“Guerra por Procuração”; Envolvimento indireto de Estados (e governos) num conflito
armado ou guerra; Há interesses em derrubar (derrotar) um Estado; Apoio pode ser: econômico,
militar e mercenários de guerra.
13 - Tríade Nuclear
Capacidade que um Estado possui para projetar (empregar) o uso de armas nucleares em:
Bombardeiros Estratégicos; Submarinos Nucleares; Mísseis Balísticos.
14 - Geopolítica (e Geoestratégia)
Ciclos econômicos
Para Giovani Arrighi, há 4 fases do ciclo hegemônico:
1. Ibero-genovês (1453-1648, séculos XIV-XVI): Expansão comercial marítima e
financeira.
2. Holandês (1580-1784, séculos XVII-XVIII): Ascensão do industrialismo e do
comércio internacional.
3. Britânico (1740-1929, séculos XIX-XX): Hegemonia industrial e imperial.
4. Americano (desde 1870, século XX): Predominância do fordismo e da globalização.
5. Século XXI: EUA ou China? Arrighi argumenta que o ciclo americano de
acumulação está em crise desde a década de 1970 e que uma nova hegemonia ainda
não está clara. Ele sugere que a próxima hegemonia pode ser regional, em vez de
nacional, e que pode ser baseada em um novo regime de acumulação centrado na
Ásia Oriental.
15 - A importância da segurança territorial brasileira (quais desafios o Brasil enfrenta no que
tange ao seu território?).
● Proteção dos recursos naturais, como a Amazônia, o pré-sal e a biodiversidade.
● Controle sobre o espaço aéreo, mar territorial e Zona Econômica Exclusiva (ZEE).
● Mais de 16 mil km de fronteiras terrestres com dez países, muitas vezes em áreas remotas e de
difícil acesso.
● Tráfico de drogas, armas, munições e pessoas. Contrabando de animais silvestres.
● Atividades ilegais de mineração e extração de madeira. Desmatamento ilegal, grilagem de
terras e exploração predatória de recursos.
● Presença de grupos armados e organizações criminosas (PCC)
● Ameaças aos povos indígenas.
● Mudanças climáticas. (o Brasil possui infraestrutura adequada para suportar fortes chuvas,
ventos, seca…?)
16 - O Tratado de Westfália (1648, século XVII): definição, impactos e qual a sua importância?
Definição:
O Tratado de Westfália, também conhecido como Paz de Westfália, foi um conjunto de
tratados assinados em 1648. Estes tratados marcaram o fim da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648),
um conflito religioso e político que devastou grande parte da Europa Central.
Impactos:
● Fim da Guerra dos Trinta Anos: O tratado pôs fim ao conflito que assolava a
Europa há três décadas, pondo fim às hostilidades e iniciando um período de paz
relativa no continente.
● Reconhecimento da soberania dos Estados: O tratado reconheceu a soberania dos
Estados participantes, estabelecendo o princípio de que cada Estado tem o direito de
governar seu próprio território sem interferência externa. Este princípio foi
fundamental para o desenvolvimento do sistema internacional moderno.
● Liberdade religiosa: O tratado concedeu liberdade de religião aos protestantes no
Sacro Império Romano-Germânico.
● Declínio do Sacro Império Romano-Germânico: O tratado enfraqueceu o Sacro
Império Romano-Germânico, que perdeu poder e influência no cenário europeu.
● Ascensão da França: O tratado consolidou a ascensão da França como potência
dominante na Europa.
Importância:
Ele representou o fim de um período de guerras religiosas e o início de um novo sistema
internacional baseado na soberania dos Estados e na tolerância religiosa.
Outras consequências:
● Fortalecimento do sistema de Estados nacionais na Europa;
● Estabelecimento do princípio da não intervenção;
● Desenvolvimento do direito internacional;
● Influência na formação dos Estados Unidos da América. As Treze Colônias,
inspiradas pelo princípio da autodeterminação, declararam sua independência da
Grã-Bretanha em 1776.
● Emergência dos Estados soberanos com exércitos nacionais e uma administração
mais centralizada,
● Nascimento de um sistema de equilíbrio nacional de poderes (balança de poder), que
estabeleceu a anti-hegemonia;
● Diplomacia;
● Promoção da economia de mercado.
Revolução Americana:
As primeiras ideias revolucionárias de independência das Treze Colônias surgiram com o fim
da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), conflito militar iniciado na Europa, mas que, no plano
mundial, opôs França e Inglaterra. A origem desse conflito está na rivalidade econômica e colonial
franco-inglesa na América do Norte.
A Inglaterra venceu a Guerra dos Sete Anos e se apossou de grande parte do império colonial
francês no mundo, especialmente a Índia, o Canadá e as terras a oeste das Treze Colônias. Apesar de
os ingleses terem vencido a guerra, saíram enfraquecidos economicamente. Diante disso, o
parlamento inglês decidiu que os colonos deveriam pagar parte dos custos da guerra, além de
contribuírem para fortalecer os direitos da Coroa Britânica na América, fato que culminou com o
aumento dos impostos da colônia.
A política repressiva, os fatores culturais, juntamente com a influência do iluminismo, fez
com que colonos britânicos seguissem na direção de um conflito com a metrópole. Porém, os colonos
americanos triunfaram não sobre a nascente Inglaterra capitalista, mas sobre a declinante Inglaterra
mercantilista e senhorial. A Revolução Americana e a Revolução Francesa, contribuíram para a
consolidação deste mundo nascente, que marca o início da história contemporânea e da hegemonia
anglo-saxônica do sistema mundial.
Dessa forma, em 1775, foi realizado o Segundo Congresso da Filadélfia, com caráter
separatista. George Washington, da Virgínia, foi nomeado comandante das tropas americanas e uma
comissão organizada por Thomas Jefferson teve a tarefa de redigir a Declaração de Independência, o
que foi feito em 4 de julho de 1776, iniciando a guerra de independência.
Finalmente, em 1783, pelo Tratado de Versalhes, a Inglaterra reconheceu a Independência dos
Estados Unidos. George Washington, líder das tropas rebeldes, tornou- se o primeiro presidente dos
Estados Unidos, primeiro país da América a se converter em uma República Federativa e
Presidencialista. Em 1787, a nova nação proclamou sua primeira Constituição, que entrou em vigor
em 1788. A Constituição apresentava um caráter liberal e moderno convergente com os ideais
republicanos de Thomas Jefferson que primavam pela autonomia política para os Estados membros da
Federação.
O poder ficou dividido em executivo, legislativo e judiciário, seguindo as ideias iluministas
de Montesquieu. Apesar de todas essas leis que buscavam a liberdade e independência dos cidadãos,
as mulheres, os índios e os escravos continuavam sem direitos políticos. A guerra de Independência
dos Estados Unidos foi um movimento de grande importância, pois foi o primeiro movimento de
emancipação que alcançou seu objetivo. Trata-se, portanto, de uma das revoluções burguesas do
século XVIII.
Desde sua independência até 1850 tiveram uma modesta participação internacional,
concentrando seus esforços na expansão territorial, processo que os transformou em um país de
dimensões continentais – estendendo-se do Atlântico ao Pacífico. A partir de então, o capitalismo
americano conheceu uma arrancada impressionante.
Com as terras tomadas do México os EUA garantiram seu acesso direto ao Oceano Pacífico e,
logo, o interesse pelo Extremo Oriente, abrindo o Japão ao comércio internacional (1854) e
aproximando-se da China, revelando uma nova etapa da política externa norte-americana. O período
que se iniciou em 1865, colocou os Estados Unidos como uma das maiores sociedades industriais da
época, oportunizando a transferência de know-how para a economia norte-americana através da
imigração (principalmente de italianos, irlandeses e alemães). Entre 1865 e 1889, os EUA passaram
por uma rápida e profunda modernização de sua economia, com altos níveis de crescimento e de
produção (apesar da primeira grande depressão de 1870). O resultado foi uma mudança de paradigma
– do isolacionismo para a expansão. Regionalmente, a atuação norte-americana já estava presente
desde 1823 com a Doutrina Monroe, que afirmava a posição dos Estados Unidos dentro de seu
continente, sinalizando aos demais países sua zona de influência.
Unificação Italiana:
Resumo da Unificação Italiana:
Contexto:
● Início do século XIX: Península Itálica fragmentada em diversos reinos e Estados.
● Dominação austríaca em grande parte da região.
● Nacionalismo italiano em ascensão, inspirado nos ideais da Revolução Francesa.
Processo de Unificação:
● 1848: Primeira Guerra de Independência Italiana
● 1859: Segunda Guerra de Independência Italiana
● 1860: Expedição dos Mil
● 1861: Proclamação do Reino da Itália
● 1866: Terceira Guerra de Independência Italiana
● 1870: Conquista de Roma
Fatores Importantes:
● Liderança de figuras como Vítor Emanuel II, Cavour e Garibaldi.
● Apoio da burguesia e de intelectuais.
● Nacionalismo e sentimento de união entre os italianos.
● Guerra franco-prussiana, que possibilitou a conquista de Roma.
Consequências:
● Unificação da Península Itálica em um único Estado-nação.
● Início da industrialização e modernização da Itália.
● Desafios como a pobreza, o analfabetismo e as desigualdades sociais.
Os italianos se encontravam defasados dos demais países europeus ocidentais quanto ao
desenvolvimento histórico. A Itália, berço do Renascimento, mergulhava em conflitos e,
gradativamente, a Igreja impulsionava a Contrarreforma. A península, assim, permanecia firmemente
Católica, guardava traços de feudalismo no centro-sul, abrigava o “Patrimônio de São Pedro” (o
território Papal, que abarcava um terço do país) e a influência da Áustria no norte, apesar de
Maquiavel haver clamado por um Príncipe capaz de unificá-la.
Três concepções distintas buscavam a unificação:
● Uma, de base carbonária e de caráter democrático-republicano, defendia um Estado
unitário e laico.
● Outra, apoiada pelo Papado e pela Áustria, denominada de neogüelfismo, preferia
uma confederação sob a presidência do Sumo Pontífice e influência austríaca.
● A terceira, que viria a ser vencedora, tinha certa influência maçônica e se apoiava na
conquista da península pelo Reino do Piemonte, instalando-se uma monarquia
constitucional laica.
Mas a unificação era impossível a partir apenas da força dos atores locais, sendo necessárias
alianças internas e externas. Assim, a unidade italiana viria a ocorrer mediante a anexação de toda a
península pelo Reino do Piemonte, entre 1850 e 1870, onde se concentrava boa parte da nascente
indústria italiana.
O maior problema para o sucesso da unidade italiana, segundo Cavour, era a influência da
Áustria na região. Após fortalecer política e economicamente o Reino Sardo-Piemontês, sob a égide
do liberalismo, Cavour aproveitou-se habilmente das circunstâncias diplomáticas europeias para obter
apoio de outros países para promover a sua unificação. Parecia claro à Cavour que seria fundamental
construir uma aliança com uma potência em condições de enfrentar a Áustria. Assim, em 1858,
concluiu-se a aliança entre Piemonte e a França.
Iniciado o conflito em 1859, italianos e franceses rapidamente derrotaram os austríacos e
conquistaram a Lombardia. Pelo Tratado de Zurique a região foi entregue ao Piemonte-Sardenha.
Entretanto, os italianos logo perderam o apoio francês diante do fato de que a possível unificação
italiana significaria a perda de espaços de interesses franceses na região, mais especificamente os
Estados do centro, embora tenham incorporado Saboia e Nice.
Outro aspecto importante para o recuo da França foi a preocupação com os reflexos das
vitórias francesas na Alemanha (a Prússia concentrou poderoso exército nas fronteiras com a França)
e com a reação dos católicos que protestavam contra o ataque aos Estados da Igreja. Incômodo
também aos governos conservadores europeus foi a repercussão do processo de unificação em toda a
Itália, pois a derrota austríaca precipitou uma onda revolucionária por toda a península.
O resto da unificação teve de esperar por momento mais propício. Os garibaldinos estavam
frustrados pela entrega de Nice (cidade natal do “herói de dois mundos”) e Saboia, bem como
por seu esforço não haver resultado na criação de uma nova Itália republicana, mas na
ampliação do Reino do Piemonte.
Apenas em 1866, quando a Itália aliou-se à Prússia contra a Áustria, e esta foi derrotada por
Bismarck, a Venécia foi anexada aos domínios italianos. Finalmente, em 1870, quando Napoleão
retirou suas tropas em função da guerra franco-prussiana, Roma foi conquistada e transformada na
capital do Reino da Itália.
O Papado não aceitou a nova situação, pois mantinha o controle apenas sobre o Vaticano,
declarando-se prisioneiro do novo Estado italiano. Este, de tendência laica e marcado pela
influência maçônica, havia separado a Igreja do Estado, acabando com privilégios milenares. A
geopolítica da região do mediterrâneo também se alterava significativamente, repercutindo na Europa
central, frente ao enfraquecido Império Austro-Húngaro.
Unificação Alemã:
Contexto:
● Início do século XIX: Sacro Império Romano Germânico dissolvido, região
fragmentada em diversos Estados.
● Confederação Germânica criada em 1815, mas com pouca coesão.
● Nacionalismo alemão em ascensão, inspirado pelos ideais da Revolução Francesa e
das Guerras Napoleônicas.
Processo de Unificação:
● 1848: Revoluções de 1848 na Europa, incluindo Estados alemães. Fracasso em
unificar a Alemanha.
● 1864: Guerra dos Ducados contra a Dinamarca, vitória da Prússia e Áustria.
● 1866: Guerra Austro-Prussiana, vitória da Prússia e ascensão como potência
dominante na região.
● 1870-71: Guerra Franco-Prussiana, vitória da Prússia e unificação da Alemanha.
Fatores Importantes:
● Liderança da Prússia, especialmente do chanceler Otto von Bismarck.
● Forças Armadas prussianas fortes e eficientes.
● Nacionalismo e sentimento de união entre os alemães.
● Política de "sangue e ferro" de Bismarck, utilizando a guerra para alcançar a
unificação.
Consequências:
● Proclamação do Império Alemão em 1871, com Guilherme I como imperador.
● Início da industrialização e modernização da Alemanha.
● Desafios como as desigualdades sociais e o militarismo.
Na Guerra Austro-Prussiana (1866), o exército prussiano esmagou a Áustria que, pelo Tratado
de Praga, saiu da Confederação Germânica, que foi então dissolvida. Com a derrota austríaca, a
Confederação Germânica foi substituída pela Confederação da Alemanha do Norte, sob o comando do
Rei da Prússia e fortalecida pela anexação de Estados aliados à Áustria.
Entretanto, havia ainda dois grandes obstáculos à unificação: externamente, a França, e,
internamente, os Estados do sul. Napoleão, em troca da sua neutralidade durante a guerra passou a
exigir compensações territoriais. As exigências francesas que visavam aos territórios germânicos no
Reno eram uma séria ameaça aos Estados do sul que não demoraram em organizar uma aliança militar
com a Prússia.
A Guerra Franco-Prussiana (1870- -71) foi decisiva tanto para a unificação alemã, como teve
consequências importantes para a França. A França perdeu a Alsácia-Lorena e foi obrigada a pagar
forte indenização, além de o país permanecer ocupado militarmente.
O Tratado de Frankfurt, que pôs fim à guerra franco-prussiana, não eliminou a velha
hostilidade entre os dois países. Ao contrário, os receios mútuos e a desconfiança conduziram a uma
corrida armamentista e ao incremento do militarismo, servindo como suporte não só para os
problemas externos como também para a contenção do movimento operário em ambos os países.
Mais do que meros movimentos políticos nacionais, as unificações italiana e alemã marcavam
o advento das chamadas Revoluções Burguesas Tardias ou pelo Alto, ou, ainda, via bismarckiana ao
capitalismo. Tratava-se de revoluções pelo alto, com uma aliança entre o poder econômico e as
elites político-militares, como forma de promover a industrialização e o desenvolvimento de tipo
capitalista, mantendo o controle, simultaneamente, da classe operária. A via japonesa da
Revolução Meiji, ocorrida simultaneamente, também se apoiava no mesmo paradigma, embora sua
classe operária ainda não estivesse constituída. Não por acaso esses países, que chegavam mais tarde
ao mundo industrial, manteriam as bases de regimes autoritários, que emergiriam com radicalismo
nos anos 1930, constituindo o Eixo.