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Cidade Histórica

de Arraias

Aluna: Rafaella Borges Rodrigues Alves


Série: 7º ano C
Histórico

Com a descoberta do ouro na região, escravos em fuga, provenientes de São


Paulo e da Bahia, refugiaram-se no lugar que passou a ser conhecido como Chapada
dos Negros, dando origem ao arraial da Chapada dos Negros. O garimpo da chapada
dos Negros era tão rico que, em 1740, Dom Luís de Mascarenhas, o governador da
capitania de São Paulo, veio pessoalmente ao arraial e tomou posse dos veios
auríferos. Com auxílio do capitão Felipe Antônio Cardoso, filho de Arraias, e com
ajuda também dos escravos, mudou o arraial para outro local, distante três
quilômetros onde hoje se localiza a cidade. Juntamente com Domingos Pires, definiu
um traçado das ruas e fundou o arraial de Nossa Senhora dos Remédios de Arraias.
Ainda no século XVIII, procurando resguardar sua arrecadação aqui na
Capitania de Goiás, a Coroa de Portugal instalou postos de fiscalização e arrecadação
dos tributos incidentes sobre animais em trânsito de uma capitania para outra. Assim
como os 'registros' fiscalizavam o ouro, as 'contagens' eram especializadas na
tributação de gado e outros animais. Contudo, fiscalizavam e arrecadavam outros
tributos de quem por ali passasse. A expressão 'contagem' foi usada pela primeira vez
em Minas Gerais para designar o posto de fiscalização do Ribeirão das Abóboras, que
deu origem à atual cidade de Contagem, naquele Estado. Entretanto, foi em Goiás que
existiram em maior quantidade. Seus servidores eram os 'contageiros'. Em 1798, a
Rainha D. Maria I determinou a extinção desse cargo, que foi unificado com o cargo
de 'fiel de registro'. Arraias também teve seu posto de contagem denominado
'Contagem de Arraias', que foi mencionado em 1812 pelo Padre Luís Antônio da Silva
e Sousa.
Tudo começou com um arraial que já nasceu com seu nome definitivo, em
referência à espécie que traz um ferrão no rabo, muito comum no ribeirão de mesmo
nome. Localizada no sudeste do Tocantins, na Região Turística das Serras Gerais,
também é conhecida como a Cidade das Colinas, por estar em um vale e cercada por
várias destas formações. Sua zona urbana também é a mais alta do Estado, com cerca
de 722 metros de altitude, o que proporciona noites bem amenas nos meses de junho e
julho.
Gentílico: arraiano
Formação Administrativa

Em 16 de agosto de 1807, o arraial de Nossa Senhora dos Remédios de Arraias


foi elevado à condição de Julgado, que, em 18 de março de 1809, foi citado no Alvará
de D. João VI criando a Comarca do Norte em 1º de abril de 1833, foi elevada à
categoria de vila, instalada em 3 de fevereiro de 1834.
Em meados do século XIX, Arraias perdeu a condição de vila, passando a
pertencer a Cavalcante e depois a Monte Alegre de Goiás. Em 31 de julho de 1861,
readquiriu a condição de vila, desmembrando-se de Monte Alegre, que voltou a ser
povoado agora subordinado a Arraias.
Em 1º de agosto de 1914, Arraias foi elevada à categoria de 'cidade', instalada
em 19 de setembro do mesmo ano.

Religião

O festejo do Divino Espírito Santo no Tocantins tem em seu calendário festivo


de janeiro a julho, de acordo com as características de cada região são realizadas em
várias cidades, principalmente nas regiões sudeste e central do Estado, dentre elas
Arraias. Em Arraias, o Festejo do Divino é uma manifestação que anuncia a presença
do Espírito Santo, através do Festejo e do giro da folia do divino. É uma festa de
caráter popular que vem rompendo as fronteiras do tempo, a qual é composta por
missas, novenas e celebrações. Outras tradições envolvem o festejo, entre elas a Folia
do Divino, o Batuque e a dança da súcia, todas compondo a programação da festa.

Em Arraias, o festejo tem início no mês de maio, nove dias antes da festa de
Pentecostes. Nesta ocasião, o festejo do Divino inicia com uma alvorada que
acontece no primeiro dia da novena (culminância da Festa). Elas têm início às 5
horas da manhã, com fogos de artifício e repicar do sino da Igreja do Divino
Espírito Santo. A comunidade se reúne em frente à Igreja e sai pela principal
avenida da cidade, seguindo um carro de som que toca um CD com músicas da festa
do Divino. No primeiro dia de novena, o cortejo com estandarte do Divino sai da
casa dos mastreiros acompanhados dos festeiros e devotos, em procissão cantando
louvores e canto do Divino para a Igreja do Divino Espírito Santo, lá no alto do
setor Arnaldo Prieto.

Ao chegar à Igreja em procissão, o estandarte à frente é conduzido pelos


mastreiros, festeiros, Ministros da Eucaristia e o Pároco. Os fieis acompanhavam já se
agasalharam dentro da Igreja. No decorrer do novenário acontecem os leilões das
prendas oferecidas pela comunidade, quermesse e bênçãos a cada dia para um
determinado grupo da sociedade. É reservada também um dia para Missa de Cura.
Celebram-se também batizados e casamentos no período do novenário. A missa em
Honra e Louvor ao Divino Espírito Santo acontece após 50 dias depois do domingo
de pascoa, às 19:30min, na porta da Igreja, pois a mesma não comporta o número de
fiéis. Após a missa é lido os nomes dos festeiros mastreiros, pessoas encarregadas de
organizar os Festejos do ano seguinte.

Após a benção final, o padre chama todos os festeiros com os pães na frente do
altar para dá a benção e, em seguida são distribuídos para todos os presentes os
pãezinhos simbolizando a fartura, que o Divino nunca deixe faltar o pão de cada dia.
Os pães são guardados nas latas de alimentos no período de um ano, onde são
substituídos por novos pães.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística-IBGE (2010), a
população de Arraias-TO é formada essencialmente por católicos: cerca de 8.847
habitantes declarados católicos, com 1.858 habitantes declarados protestantes; e cerca
de 52 habitantes declarados espíritas.

Igreja de Nossa Senhora dos Remédios em Arraias

Arquitetura

Como podemos observar na fotografia acima a construção apresenta traços da


arquitetura portuguesa, mesmo tendo sido reformada algumas vezes até se tornar
Museu ela manteve algumas de suas características iniciais como: o formato da
fachada, as inicias da família que construiu a casa, a quantidade de janelas, o
detalhamento dos tijolos e desenhos, entre outros. Outras construções existentes na
cidade também preservam traços da sua arquitetura inicial. Entretanto, esta construção
acabou tornando-se um marco para o município de Arraias e Região, principalmente a
partir do momento que passou a acomodar o museu da cidade no qual esta
pesquisadora teve a oportunidade de adentrar e trabalhar, graças aos projetos de
extensão da Universidade Federal do Tocantins (UFT) - Campus de Arraias.

Com cerca de 10.534 habitantes – estimativa para 2020 (IBGE, 2021), Arraias
possui uma grande diversidade cultural com resquícios da cultura indígena e
afrodescendente devido às pessoas escravizadas trazidas para região no período do
ouro, sendo assim parte da população atual está estabelecida em Comunidades
Quilombolas, sendo quatro delas reconhecidas pela Fundação cultural palmares - FCP.
A cidade é considerada acolhedora por muitos, justamente por conta dos seus
costumes e tradições, a cidade acaba atraindo uma grande quantidade de visitantes em
períodos festivos como o carnaval com o seu tradicional entrudo, assim como em
festas de exposições agropecuárias, festejos religiosos, entre outros eventos.

Localizada entre as serras da região, sendo considerada uma cidade alta,


Arraias é rota de passagem do Goiás para o Tocantins preservando ainda na sua parte
urbana o traçado original de suas ruas, sendo elas estreitas e cheias de becos. Preserva,
ainda que muitas vezes apenas a fachada, alguns casarões antigos com características
do estilo colonial português que ficam localizados na sua grande maioria no centro da
cidade.

Turismo
Riquezas naturais e culturais não faltam, como a Gruta da Fazenda Furnas e as
trilhas que levam às ruínas da Chapada dos Negros e ao Morro da Cruz, um mirante
com vista para todo o vale.

O Turismo de Base Comunitária (TBC) também tem grande potencial de


desenvolvimento nas comunidades remanescentes de quilombo, como Mimoso de
Kalunga e Lagoa da Pedra. Nesta última, ainda se realiza a Roda de São Gonçalo,
uma tradição trazida pelos portugueses, em pagamento de promessas feitas ao santo.
No ponto alto da festa, mulheres desfilam em pares, vestidas de branco, carregando
arcos de madeira enfeitados com flores de papel e iluminados com pavios feitos de
cera de abelha. Enquanto isso, os homens tocam viola e entoam versos em louvor a
São Gonçalo, cuja imagem fica em um altar erguido próximo a um cruzeiro todo
iluminado.

Arraias é um dos oito municípios da Região Turística das Serras Gerais, que
reúne cidades históricas famosas por suas festas folclóricas e religiosas herdadas do
colonialismo e da era do ciclo do ouro. O turismo de natureza também é destaque,
devido à grande quantidade de rios, cânions, cachoeiras, grutas e cavernas. Para quem
se interessar em conhecer Arraias, a dica é fazer um circuito maior, visitando outras
localidades da região.

Tradição
Apesar dos atrativos naturais, os saberes e fazeres da população local são o
grande destaque. Quem nunca ouviu falar na famosa Paçoca de Arraias? Alimento dos
sertanejos e viajantes, a paçoca tem uma longa história, iniciada com a ocupação
portuguesa e que chegou aos dias de hoje como alimento tradicional do Tocantins,
apesar de estar presente em outros estados.

A carne seca, cortada em cubos e frita em óleo quente, é socada no pilão (de
preferência sem verniz), com alho picado e farinha de mandioca. As batidas ritmadas
fazem com que a carne se desmanche e seu sabor seja assimilado pela farinha. A
produção arraiana teria conquistado fama antes mesmo do desmembramento dos
estados de Goiás e Tocantins, com a apreciação do produto em feiras agropecuárias e
outros eventos.

Também chama a atenção a produção artesanal, em especial as peças em argila


branca, que é transformada em potes, panelas e objetos decorativos de cerâmica.

Já o seu carnaval preserva uma tradição quase extinta em outras regiões do


país, o Entrudo, onde os brincantes jogam água uns nos outros enquanto percorrem as
ruas da cidade animados por marchinhas carnavalescas tocadas por uma animada
banda.
Referências Bibliográficas

 https://cidades.ibge.gov.br/brasil/to/arraias/historico
 https://repositorio.uft.edu.br/bitstream/11612/3371/1/TCC%20-
%20Monografia%20Turismo%20-
%20Leticia%20Fernandes%20de%20Santana.pdf
 https://arraias.to.gov.br/historia-do-municipio/
 https://www.to.gov.br/noticias/arraias-280-anos-de-historia-cultura-e-
turismo/42br6w0n8cnp

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