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INTRODUÇÃO

A FESTA QUE É HISTÓRIA E PATRIMONIO BARBALHENCE

A Festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio de Barbalha é uma das maiores


celebrações populares do Brasil, sendo elevada a Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro no
ano de 2015. A festa homenageia Santo Antônio de Pádua, padroeiro de Barbalha, município
cearense situado a aproximadamente 500 km de Fortaleza, na região do Cariri, Sul do Estado
do Ceará.
Realizada no final do mês de maio e início de junho de cada ano, a festa é sinônimo do
município pela sua relação com aquele povo. Os moradores da cidade aguardam o ano todo
para esta celebração, que é motivo de orgulho para todos. É um momento de encontros e
confraternização entre os moradores, turistas e barbalhenses que por algum motivo
encontram-se longe de sua terra natal.
Diferente do que acontece em outras festas dedicadas aos santos nas festas juninas que
marcam as festividades de junho no Nordeste brasileiro, a Festa de Santo Antônio traz em si
muita cultura popular local, tornando-a uma celebração alegre e irreverente. Em Barbalha, a
festa do padroeiro é uma mistura do sagrado e do profano que vai da devoção ao santo a
práticas sensuais que envolvem o Pau do Santo.
O santo homenageado nessa grandiosa festa, Santo Antônio, nasceu em Lisboa, capital
de Portugal, no dia 15 de agosto de 1195 e seu nome de batismo era Fernando de Bulhões.
Desde pequeno o menino acompanhava os pais às celebrações da Catedral de Lisboa.  Aos
quinze anos Fernando iniciou sua vida religiosa na Ordem dos Cônegos Regulares de Santo
Agostinho. 
Em 1220 tornou-se padre e conheceu os frades franciscanos que acabavam de chegar
de uma missão no Marrocos, onde alguns haviam sido martirizados. Ao entrar para a ordem
dos franciscanos, Fernando começou a usar o nome de Antônio. Com um forte desejo de
missionar após entrar para a ordem resolveu acompanhá-los para o Marrocos. Na viagem,
Santo Antônio acabou adoecendo, pois, seu barco pegou uma tempestade e foi levado para a
costa italiana. Após a melhora na sua saúde, fixou-se na cidade de Pádua iniciando sua
pregação por lá e em outras regiões. Por onde Santo Antônio passava aconteciam vários
milagres atribuídos a ele. Sua fama de taumaturgo se espalhou e ficou bastante conhecido
também por causa de sua pregação e sua oratória, sendo reconhecido posteriormente pela
igreja como Doutor da Igreja Católica.
 Tratando dos milagres atribuídos em vida a Antônio, podemos mencionar sua relação
com os animais. Em certa ocasião, ao ter sua pregação rejeitada, foi pregar para os peixes e
estes colocaram sua cabeça para fora d'água para ouvi-lo. Em outro momento fez um recém-
nascido falar para defender a honra da mãe e ainda tinha o dom da bilocação 1, pois, de acordo
com a história, esteve na Itália e em Portugal ao mesmo tempo quando foi salvar seu pai da
condenação à morte por que havia sido acusado de matar um homem. Santo Antônio fez
ressuscitar este homem para provar que o seu pai não o havia matado. Diante destes e vários
outros acontecimentos, Santo Antônio ficou bastante conhecido no mundo todo, chegando ao
Brasil juntamente com os portugueses na época da colonização. Hoje o santo é um dos mais
populares no Brasil e possui uma enorme quantidade de capelas e igrejas dedicadas a ele. A
popularidade de Santo Antônio aqui no Brasil deu-se principalmente por dois fatores,
primeiro por se tratar de um santo nascido em Lisboa e por isso já cultuado em Portugal e
segundo pelas várias especialidades, por assim dizer, que o santo possui, entre elas:  santo
casamenteiro e santo das coisas perdidas. Cultuado tanto pelos colonos quanto pelos negros
escravos ou livres, cada um com a sua prece. Enquanto aqueles suplicavam para encontrar
seus escravos fugitivos, estes o tinham como orixá guerreiro Ogum, dentro da perspectiva as
religiões afro-brasileiras.( Colocar nome dos autores, citação indireta). Colocar autor principal
aput os autores do artigo.
Por tudo isso, para honrar o santo, um dos mais populares por seus feitos, o dia 13 de
junho, dia de sua morte, foi reservado para homenageá-lo. No dia 12 de junho, dia que
antecede o dia de Santo Antônio, comemora-se o dia dos namorados, pois como santo das
coisas perdidas, as moças solteiras buscam encontrar um casamento, pedindo ao santo
casamenteiro, assim conhecido, por meio de simpatias, orações, magias. Nesse sentido,
no Brasil, o dia 12 de junho é comemorado o dia dos namorados. A festa do santo
casamenteiro em Barbalha, tem como um dos principais elementos o Pau da Bandeira que tem
um significado para as mulheres que sonham em encontrar um marido. Assim, tomar o chá
das lascas do pau e tocá-lo tem o poder de atrair um matrimônio.
Como tudo começou?
Não diferente de outras partes do país, a devoção a Santo Antônio em Barbalha deu-se
também no período colonial. A localidade, que antes de se tornar cidade era um pequeno
vilarejo ligada à cidade do Crato, cresceu em torno da capela inaugurada em 1970 dedicada ao
santo.

1
Presença simultânea em dois lugares diferentes. Disponível em: https://www.dicio.com.br/bilocacao/.
Acesso em: 16 de março de 2023.
A então capela foi construída por XXXX, vindo de Urubu de baixo

Em 1838, a modesta capela foi elevada à categoria de Freguesia, sendo desmembrada da de


São José de Missão Velha (Neves, 1988). Oito anos após a criação da Freguesia, o povoado
de Barbalha foi elevado à categoria de Vila, sendo desmembrado do território de Crato.
( Citação desse texto colocar página)
A chegada dos colonos à região do Cariri e o encontro destes com os nativos ( citação
indios, pegar de outro texto) fez com que essa relação baseada principalmente em submissão
construíssem práticas cotidianas que se eternizaram em heranças culturais desses povos que
aqui deixaram suas tradições.
Ao redor da Igreja de Santo Antônio, o vilarejo cresceu e se desenvolveu, sendo
elevada a cidade em 18XX. Assim, por estar intimamente ligada ao surgimento e
desenvolvimento da cidade e ainda ligada à identidade do povo da localidade, a Matriz de
Santo Antônio é o lugar na cidade dedicado ao santo. E é esta relação do povo com seu santo
padroeiro que faz com que anualmente esta relação seja celebrada. A Festa do Pau da
Bandeira de Santo Antônio em Barbalha que começou pequena, hoje é considerada uma das
maiores celebrações religiosas do Brasil.
A grande proporção que a festa tomou fez com que em 2015 a festa fosse considerada
Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro pelo Iphan( o que é- nota de roda pé) por meio de um
inventário que catalogou todos os componentes da celebração. A riqueza da festa é dada pela
junção de diversos bens culturais, que são transmitidos de geração a geração. Os bens
culturais não são necessariamente estáticos, pois como estão submetidos ao tempo estão
constantemente num processo de recriação pelos que vivenciam a festa e por quem a ela dá
significado. Esse processo afirma o sentimento de pertencimento dando continuidade a
celebração, primordial para sua memória e  identidade.
O inventário traz em si as principais características da festividade com muitos detalhes
que envolvem os aspectos históricos, culturais e naturais. Assim, podemos observar que o
inventário traz: as celebrações como  o Corte do Pau da Bandeira, as Formas de Expressão
como as Bandas Cabaçais, os Ofícios como o Carregador da Bandeira, os Lugares como o
Sítio São Joaquim, dentre outras.
A Festa de Santo Antônio de Barbalha é, portanto, um caleidoscópio formado por uma
infinidade de bens associados – cinquenta e um ao todo – revelando a riqueza cultural e
histórica dessa celebração caririense, digna de ser registrada e reconhecida como Patrimônio
Cultural Imaterial do Brasil.( Citação desse texto colocar página)
Caracterização e formação histórico-cultural do Cariri

A  riqueza cultural da cidade de Barbalha também deve muito a sua localização e a


suas condições ambientais, que são os atrativos da região. A cidade está situada na região do
Cariri, entre as cidades de Crato, Jardim, Juazeiro do Norte e Missão Velha, no sul do Estado
do Ceará, com uma distância de aproximadamente 500 quilômetros da capital Fortaleza.
Barbalha é uma das cidades contempladas com a presença da Chapada do Araripe em
seu território, o que significa um clima agradável, chuvas estáveis, permeabilidade do solo e
acumulação de água subterrânea, ocasionando irrigação por meio de fontes perenes que
brotam das nascentes nas encostas da chapada, além de vales úmidos, solos férteis e um
ambiente florestal privilegiado. (colocar página desse texto)
Acredita-se que as condições climáticas e as características naturais da região do
Cariri tenham atraído os primeiros habitantes para essa região, os índios Kariris. Estudiosos
acreditam que esse grupo de indígenas originou-se em outras regiões, chegando ao Cariri
seguindo o percurso dos rios, assim, ao chegarem na  região encontraram um verdadeiro oásis
e condições favoráveis para se fixarem. Foram essas condições favoráveis que atraíram outras
tribos para a região, o que causou conflitos intensos entre eles. Logo mais adiante os conflitos
continuaram, agora com os colonizadores que chegaram à região em busca de explorar suas
riquezas. Procurar citação
Semelhante ao que aconteceu no Brasil, os colonizadores que chegaram à região
vindos de outros Estados buscavam aqui vantagens econômicas que as terras poderiam
oferecer. A princípio o intuito dos colonizadores era expandir a pecuária, mas se deparando
com a riqueza natural e terras favoráveis ao plantio resolveram investir na plantação de cana-
de-açúcar, e assim fez surgir os engenhos e a produção da rapadura. Ao passo que os
colonizadores foram se instalando na região, foram surgindo os povoados e a desapropriação
de forma impositiva das terras dos índios, o extermínio de nativos, como também a
transformação de alguns desses em mão de obra para trabalhar nas plantações de cana-de
açúcar e nos engenhos.
Neste contexto, Barbalha consolidou-se como pólo canavieiro e grande produtor de rapadura.
No século XIX, contava com mais de 70 engenhos, 13 fábricas de aguardente e 150 casas de
farinha, sendo considerada na época uma das cidades mais ricas da região. Os primeiros
canaviais e as engenhocas de madeira pertenceram a Antônio de Souza Goulart, nos sítios
Salamanca, Brito e Lama, no baixio que hoje é o tapete verde do município, como é chamada
a várzea onde a cana é ainda hoje cultivada, mantendo para Barbalha o epíteto de cidade dos
verdes canaviais. (citação desse texto)
Voltando a tratar do período colonial, o estabelecimento dos aldeamentos também
foi essencial para disseminação do modo de vida dos colonizadores entre os indígenas
que aos poucos foram sendo expulsos e transferidos para Parangaba, no norte do Ceará,
sendo paulatinamente esquecidos. Apesar da expulsão e mesmo eliminação física dos
primeiros habitantes da região, sua cultura e visão de mundo permaneceram presentes

através da oralidade e de práticas culturais e religiosas, mantidas, muitas vezes, às escon-


didas. Assim, o modo de vida caririense é ainda profundamente marcado pela cultura

dos índios kariri: as bandas cabaçais, as lendas sobre nascentes tapadas pelos índios e
que um dia inundarão o vale do Cariri, as histórias de assombração, repletas de caboclos
e pais da mata, o uso de ervas medicinais e outras práticas culturais da localidade dão
indícios dessa herança cultural.
Vale salientar também a vinda para o Cariri de um contingente de mineradores
de outras localidades, sobretudo da Paraíba, atraídos pela divulgação da existência de
ouro na região, em 1756, em Morros Dourados, no atual Município de Missão Velha. A
mineração, que também recebeu mão de obra escrava negra, teve duração efêmera, e o
trabalho escravo foi direcionado para as atividades nos engenhos, no cultivo da cana-de-
-açúcar e no trabalho doméstico. A presença negra na região possibilitou a participação
da cultura de origem africana na formação cultural do Cariri, tornando as expressões
manifestadas pelo povo ainda mais diversas2

. Segundo Figueiredo Filho: “A mineração do ouro fracassou por falta de resultados


compensadores, deixando, no entanto, o tra-
balhador escravizado na região, muito contribuiu ele para a riqueza do cariri, mesmo nas

degradantes condições do cativeiro” (1966, p. 108).

Nesse sentido, a convivência de índios, negros e colonizadores vindos de Pernam-


buco, Sergipe e Bahia, impregnados de elementos culturais ibéricos, possibilitou a for-
possibilitou a for-
mação de um caldeirão cultural no Cariri, gerando uma multiplicidade de manifestações,

evidenciadas nas celebrações, nos ofícios, saberes e fazeres do povo da região. As marcas

desse amálgama perpassaram o tempo, sendo reelaboradas constantemente e subsistin-


do na inventividade das expressões da cultura popular em muitos municípios da região.

Outro elemento importantíssimo na constituição da população e da cultura cari-


riense ocorreu entre fins do século XIX e início do século XX, quando o fenômeno

Padre Cícero Romão Batista do Juazeiro foi historicamente construído pela fé do povo
sertanejo e por sua esperança em obter uma vida de melhoria espiritual e social na terra
da Mãe de Deus3

. Os romeiros foram fundamentais na história da região, que até hoje


recebe anualmente milhões destes, especialmente no período das grandes romarias de
Juazeiro do Norte (Nossa Senhora das Candeias, em fevereiro, Nossa Senhora das Do-
res, em setembro, e Finados, em novembro). Não há como entender a historicidade do

Cariri, sem se referir às contribuições dos romeiros do Padim Ciço, com sua memória,

oralidade, saberes e práticas culturais que enriqueceram o catolicismo popular e o coti-


enriqueceram o catolicismo popular e o coti-
diano da região sul do Ceará.
Portanto, como celebração que tem lugar no Cariri, a Festa de Santo Antônio de
Barbalha não deixa de refletir a história e a diversidade cultural de tal região, como
demonstraremos no próximo tópico, ao descrevermos os principais momentos e bens
culturais que integram os festejos do padroeiro dessa cidade.

Características da Festa?

Mas será que toda essa simbologia que gira em torno da festa, só é percebida e vivenciada nas ruas

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