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Juliana Maria Araújo de Oliveira1

Religiosidade na Península de Itapagipe

Na Península de Itapagipe encontram-se quatorze bairros da cidade de

Salvador que carregam consigo belos pontos turísticos e importantes festas
populares, como a Lavagem do Senhor do Bonfim e a Procissão de Bom Jesus
dos Navegantes. A região engloba pontos marcantes da cultura baiana,
religiosidade, monumentos históricos, paisagens deslumbrantes, além da grande
importância industrial no passado.

Segundo o memorial de Fernanda Aragão intitulado “Ribeira de Itapagipe:

História e Cotidiano de um Bairro de Salvador” a Península é marcada por uma
grande quantidade de igrejas que foram sendo construídas ao decorrer do
tempo:

Entre os séculos XVII e XVIII, o que marcou a história da península foi a

construção de diversas igrejas católicas. Entre 1608 e 1614 foi construída a
Igreja de Monte Serrat. Por volta de 1712, a ordem Franciscana ergueu a Igreja
de Nossa Senhora da Boa Viagem. Já em 1742, surgiu a igreja de Nossa
Senhora da Penha de França e, por volta de 1802, a de Nossa Senhora do
Rosário – ambas localizadas no bairro da Ribeira – as quais serão melhor
apresentadas adiante. A Igreja do Bonfim começou a ser construída em 1745,
mas sua parte interna só ficou pronta em 1754. [...] A igreja dos Mares e a
igreja de São Jorge, localizadas nos bairros Mares e Jardim Cruzeiro/Vila Rui
Barbosa, respectivamente, são do século XX. (ARAGÃO, 2020, p.12)

Apesar de possuir muitas igrejas, a região não é só marcada pela religião

católica. A Lavagem do Senhor do Bonfim é uma celebração inter-religiosa que
teve início em 1773 quando os integrantes da "Devoção do Senhor Bom Jesus

1
Graduanda do curso de Licenciatura em Teatro na Universidade Federal da Bahia. Bolsista do
Programa de Iniciação à Docência da UFBA.
do Bonfim", constituída por devotos leigos, faziam com que os escravizados a
lavassem e ornamentassem a Igreja como parte dos preparativos para a festa
do Senhor do Bonfim. Posteriormente, para os adeptos do candomblé, a
lavagem da igreja do Senhor do Bonfim passou a ser parte da cerimônia
das Águas de Oxalá. Foi então proibida a lavagem na parte interna do templo e
transferida para as escadarias e o adro. Durante a tradicional lavagem, as portas
da Igreja permanecem fechadas e as baianas despejam água de cheiro nos
degraus e no adro, ao som de toques e cânticos de caráter afro-religioso (embora
atualmente o ritual se revista de um perfil ecumênico), que ocorre na quinta-
feira que antecede festa e conta com grande participação do povo, que chega
em carroças enfeitadas, e das tradicionais baianas, com seus vasos com água
de cheiro.

É ainda nessa região que se encontra o Santuário Santa Dulce, ao lado da

sede das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), a igreja começou a ser erguida em
2002, a partir da Campanha do Tijolo, no mesmo local onde na década de 40 do
século XX Irmã Dulce havia construído o Círculo Operário da Bahia e o Cine
Roma. Lá também se encontra a Capela das Relíquias, aberta no dia 09 de junho
de 2010, quando o corpo da então Venerável Dulce foi transladado da Capela
Santo Antônio (localizada no Memorial Irmã Dulce) para sua nova morada. Em
setembro de 2019 o local passou por uma nova reforma, ganhando um túmulo
de vidro com uma efígie em tamanho real da Santa Dulce dos Pobres.

Sendo assim, a Península de Itapagipe reúne todos os anos moradores e

turistas que se juntam para participar de missas e de uma das maiores
caminhadas religiosas do estado. A região, hoje, ainda conta com o Santuário
Santa Dulce, sendo um dos principais roteiros de turismo religioso do Brasil.

Referências:

ARAGÃO, Fernanda. Ribeira de Itapagipe: História e Cotidiano de um Bairro de

Salvador, 2020. Disponível em: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/31556 Acesso em:
10/02/2021.

Santuário. Disponível em: https://www.irmadulce.org.br/portugues/religioso/santuario

Acesso em: 10/02/2021