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O efeito do tráfego de máquinas sobre a compactação e porosidade do


solo
Autores: Adriano Hermel¹, Jean Gustavo Pitthan¹, Leandro Pontes de Chagas¹, Samuel de Oliveira Casali¹,
Alberto Pahim Galli², Fernando Viero³, Sandro Borba Possebon³

INTRODUÇÃO

A compactação do solo é o aumento de densidade e redução da sua porosidade, processo este que se dá
quando o solo é submetido a um esforço ou pressão contínua.

O termo compactação do solo refere-se ao processo, que descreve o decréscimo de volume de solos não
saturados quando uma determinada pressão externa é aplicada, a qual pode ser causada pelo tráfego de
máquinas agrícolas, equipamentos de transporte ou animais (LIMA, 2004).

A disponibilidade de água no solo para a planta, é um fator essencial para seu desenvolvimento, mas para
que isso aconteça as condições de armazenamento de água no solo devem ser favoráveis, sendo
influenciada pela macroporosidade do solo, local onde a água fica armazenada, sendo assim solos mais
compactados por tráfego de máquinas por exemplo, ou por outros fatores tendem a diminuir seus
macroporos, desfavorecendo e dificultando respectivamente a absorção de água pela planta e seu
desenvolvimento radicular.

A natureza do solo é importante para a instalação e crescimento das plantas, em um solo muito
compactado normalmente o desenvolvimento radicular é fraco, em um solo com menor compactação
permite o melhor desenvolvimento radicular. Os macroporos são geralmente encontrados entre unidades
estruturais e possuem diâmetro efetivo de 0,08-5,00 mm. São importantes para drenar a água e para a
difusão de gases, possuindo tamanho suficiente para acomodar raízes e pequenos animais.
(BREWER,1964). A compactação dos solos acarreta a redução do espaço poroso, principalmente dos
macroporos, o que afeta as propriedades físico-hídricas.

O intenso tráfego de máquinas ou implementos agrícolas no solo produz tensões na interface solo/pneu e
solo/implemento em superfície e profundidade. Com o constante avanço da agricultura, veem se buscando
cada vez mais novas técnicas e diferentes tecnologias, principalmente relacionadas as máquinas agrícolas.
Estas precisam atender as demandas de aumento de produtividade e as necessidades de eficiência dos
produtos que são utilizados (GIARADELLO et al., 2014). A densidade do solo pode ser altamente
influenciada pelo tráfego de máquinas, reduzindo, principalmente a macroporosidade, e consequente
diminuição da condutividade hidráulica (WAY et al., 1995).

Dessa forma, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito do preparo do solo e do tráfego de máquina sobre
a distribuição de poros em um Latossolo no município de Panambi, RS.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi realizado na área experimental do Instituto Federal Farroupilha, Campus Panambi-
RS, em 2018. O solo da área apresenta 70 % de argila, 17 % de silte, 13 % de areia e 1,8 % de matéria
orgânica na camada de 0 a 20 cm de profundidade. O clima da região é classificado como Cfa, segundo
Köppen, com temperatura média mensal de 20,2°C e a precipitação média de 1.262 mm (INMET, 2018). As
amostras de solo para avaliação da densidade e porosidade foram coletadas em duas áreas com distintos
preparos de solo (Fig.1). Uma área foi cultivada em preparo convencional (duas gradagens) e a outra área
está em pousio há pelo menos dois anos. Em cada área foi realizada quatro passadas com um trator
(Massey Ferguson, com peso aproximado de 3950 kg).
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As amostras de solo foram coletadas na linha onde passou o pneu e na entrelinha, sem o tráfego de
máquina. Além disso, foram coletadas amostras em uma área de mata, sem histórico de cultivo agrícola
(tratamento controle). Dessa forma, os tratamentos foram identificados como: mata (tratamento
controle); preparo convencional (com e sem tráfego de máquina) e pousio (com e sem tráfego de máquina).

Em cada tratamento foram coletadas amostras indeformadas na camada de 0 a 10 cm de profundidade,


em duplicata, com o auxílio de um anel volumétrico. Nessas amostras foi realizada a avaliação da
porosidade (total, macro e microporosidade) e densidade do solo. A macro e microporosidade do solo foi
determinada pelo método da mesa de tensão (REICHARDT, 1990) os cálculos conforme metodologia
descrita por EMBRAPA (2017).

As amostras de solos foram pesadas (P1) e protegidas na parte inferior por um disco de pano permeável e
colocadas sobre a mesa de tensão a uma pressão de 60 cm de coluna d’água, por 24 horas, para avaliação
da macroporosidade.

Após esse período, as amostras foram novamente submetidas a pesagem (P2) e depois levadas à estufa a
105°C por 24 h e novamente pesadas (P3). Com os pesos, procedeu com os cálculos, obtendo-se o volume
de macro e microporos contidos nas amostras, macroporosidade(%)=(P1-P2)x100/V e
microporosidade(%)=(P2-P3)x100/V onde: P1 = peso do solo saturado com água (em g), P2 = peso da
amostra após ser submetida a uma tensão de 60 cm de coluna d’água (em g), P3 = peso da amostra seca
em estufa a 105°C (em g), V = volume do cilindro.

A porosidade total do solo é a soma dos resultados de macro e microporos obtidos nos cálculos, porosidade
total(%)=macro+microporos. A densidade do solo=massa de sólidos/V foi calculada por (g/cm3).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A densidade do solo foi influenciada significativamente pela interação entre preparo de solo e tráfego de
máquinas (p< 0,0301). Independentemente do tráfego de máquinas, o preparo de solo aumentou a
densidade do solo, comparado à área de mata (controle) (Figura 1a). Além disso, o tráfego de máquina
também aumentou a densidade do solo (1,45 g cm-3), principalmente em preparo convenciona do solo,
comparado ao tratamento sem o tráfego de máquinas (0,98 g cm-3). Esse aumento na densidade do solo
refletiu diretamente sobre a porosidade total do solo, na qual o aumento da densidade reduziu a
porosidade total (Figura 1b).

Figura 1. Densidade (a), porosidade total (b) e macro e microporosidade (c) de um Latossolo na região de Panambi – RS, por diferentes
preparos de solo e tráfego de máquinas.

A redução na porosidade total foi resultante do preparo do solo, porém o tráfego de máquinas não
apresentou efeito significativo. A redução da porosidade foi verificada principalmente na macroporosidade
do solo (Figura 1c), na qual foi reduzida de 10,4 % sob mata para 1,9 % quando submetido ao tráfego de
máquinas no preparo convencional do solo (Tabela 1). O processo de compactação depende de fatores
externos e internos (LEBERT, HORN, 1991, DIAS JUNIOR et al., 1999). Os fatores externos são caracterizados
pelo tipo de intensidade e frequência de carga aplicada, enquanto que os fatores internos são histórico da
tensão, umidade, textura, estrutura e densidade. Por sua vez, a microporosidade não foi influenciada pelo
preparo de solo (p< 0,1026) ou pelo tráfego de máquinas (p< 0,4132), que na média dos tratamentos foi
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de 46,8 %. É importante ressaltar que os solos reagem diferentemente a uma mesma pressão aplicada.
(Larson et al., 1980).

CONCLUSÃO

O preparo do solo e o tráfego de máquinas agrícolas aumenta a densidade do solo, consequentemente


reduz a porosidade total. Essa redução é verificada principalmente no volume de macroporos, porém
pouco evidente sobre o volume de microporos do solo.

REFERÊNCIAS

EMBRAPA Manual de métodos de análise de solo. 3° ed. ver. e ampl. Brasília, DF: Embrapa, 2017.

GIRARDELLO, V. et al. Benefícios do tráfego controlado de máquinas. 2014. Disponível em:


<http://w3.ufsm.br/projetoaquarius/pdfs/artigos/_a_agranjavitorcgiradello.pdf >. Acesso em:
07/09/2018.

INMET. http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=tempo2/verProximosDias&code=4313904,
acessado em 08/06/2018.

KIEHL, E.J. Manual de edafologia, relações solo–planta. São Paulo, Ceres, 1979. 264p.

KLEIN, V.A. Física do solo 3° ed. Passo Fundo. Ed. Universidade de Passo Fundo 2014. 263p.

REICHARDT. K. A água em sistemas agrícolas. São Paulo, Manole. 1990. 188p.

Informações dos autores:

¹Alunos do Curso Superior de Tecnologia em Produção de Grãos – IFFAR, Panambi – Rio Grande do Sul,
Brasil.;

²Professor Orientador, IFFAR, Campus Panambi, Eixo de Recursos Naturais

Disponível em: Anais do I Congresso Online para aumento da produtividade de soja 2018. Santa Maria, RS.

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