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Todos sabemos que as línguas mudam com o tempo. (NARO, 2008, p.

43) Dessa
maneira o linguista Anthony Julius Naro introduz o tema de seu texto, “O dinamismo
da língua”, a partir desta afirmação simplória, Naro, explicita que a mudança em uma
determinada língua não se exerce de maneira abrupta, assim sendo um processo
gradual em várias dimensões, sendo favorecido por eixos sociais, econômicos e
culturais, atribuindo, assim um caráter sociolinguístico à mudança na língua dos
falantes. O texto em questão se atém a relação de idade do falante e a mudança
linguística.
Para a compreensão da variação idade-fala, é preciso saber a posição teórica
“clássica”, nesta teoria assume-se que o vernáculo é adquirido no início da puberdade,
mantendo sua variação linguística estável, sendo qualquer variação apenas eventual.
Partindo deste pressuposto, a língua de um falante de 60 anos representa a língua
desenvolvida a 45 anos atrás, uma vez que teria desenvolvido estabilidade aos 15
anos, o estabelecido ‘’início da puberdade’’.
Esta marcação pode ser averiguada na quase não presença do adjetivo
‘’supimpa’’ na fala essencialmente estável de um(a) jovem de 15 anos, hodiernamente.
Sendo mais presente em um falante de idade avançada. Sendo assim, a existência do
termo ‘’supimpa’’ no vernáculo é favorecida por uma idade mais avançada, e é
desfavorecida sua presença em uma idade menor. Se uma pesquisa empírica tivesse
sido feita com um determinado grupo de falantes, poderia perceber uma mudança em
tempo real, partindo do pressuposto da teoria clássica, visto que seria evidenciado o
apagamento do termo ‘’supimpa’’ gradualmente ao avançar da idade dos falantes
pesquisados. A visão clássica prevê a estabilidade do falante durante o tempo e a
instabilidade da comunidade.
A despeito do postulado pela teoria clássica, o tempo aparente prevê a
estabilidade da comunidade, e a instabilidade dos falantes, como é apontado em um
estudo do pesquisador (Gauchat, 1905) em uma aldeia da Suíça. Gauchat pôde
averiguar que a variação dos falantes era diretamente proporcional a idade, não
ocorrendo um apagamento, apenas uma transição, como se os falantes adquirissem o
“supimpa” ao envelhecer.

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