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Ministério da Educação
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Faculdade de Educação (FaEd)
De acordo com Paulo Chagas, a língua sempre se refaz. A cada geração, ou mesmo em cada situação
de fala, cada falante recria a língua, dessa forma ela está sujeita a alterações nessa recriação. Por outro
lado, depende de uma tradição, já que cada falante diz as coisas de determinada maneira em grande
parte porque é daquela maneira que se costuma dizer. Há então, um delicado jogo de continuidade e de
inovações, sempre em menor número. Como a língua está sempre sendo recriada, ela comporta o
surgimento de inovações a todo momento. O crucial é que nem toda inovação vinga, nem toda inovação
é realmente incorporada e difundida pelos falantes de uma determinada comunidade (p.150).
Como a língua está a todo momento se equilibrando entre tendências potencialmente conflitantes, e até
mesmo opostas, está sujeita a sofrer mudanças, pois esse equilíbrio pode vir a ser alterado por qualquer
tipo de fator, interno ou externo. Dessa forma, tanto a língua quanto a sociedade podem apresentar uma
grande heterogeneidade. Essa heterogeneidade é no fundo a raiz de toda a mudança e podemos
verificar que a heterogeneidade na sociedade pode gerar heterogeneidade na língua,e vice-versa. No
caso dos reflexivos expostos, a heterogeneidade linguística gerou uma variação que gera reações
diversas, ou seja, externas à língua. Qualquer outra variação que surja por motivos que não seja os
internos à língua constitui também uma heterogeneidade dentro da própria língua.
Ademais, as línguas mudam, de acordo com a perspectiva variacionista, de maneira que essa mudança
pressupõe a variação, ou seja, para que a mudança ocorra a língua tem necessariamente de passar por
um período em que há variação, em que coexistem duas ou mais variantes. Entretanto, é importante
lembrar que pode haver fatores de duas espécies que favorecem ou dificultam a mudança: fatores
linguísticos e fatores extralinguísticos. Os fatores linguísticos se relacionam à forma como a língua está
organizada, como funciona o seu sistema, quais são seus elementos, suas regras, etc. E os fatores
extralinguísticos relacionam-se à forma como a língua está inserida e organizada na sociedade