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Universidade de Brasília

Instituto de Ciências Sociais


Disciplina: Antropologia Linguística

Pablo Cerrado Rodrigues Silva (211060352)

Ensaio Acadêmico

BRASÍLIA
2023
HIPÓTESE SAPIR-WHORF

No livro “Language, Thought and Reality”, Benjamin Whorf vai atrás da


relação existente entre a linguagem, o pensamento e a realidade, propondo a ideia
de que a estrutura e o vocabulário de uma língua moldam completamente a forma
como seus falantes percebem e interpretam o mundo.
Ele argumenta que cada língua é uma estrutura única de regras e categorias,
e que essas estruturas moldam a forma como as pessoas pensam e enxergam o
mundo ao seu redor.
O argumento central do texto é que a linguagem não serve apenas para
expressar pensamentos, mas também tem a capacidade de moldá-los, de forma a
diferenciar, completamente, as maneiras com que cada cultura tem para definições
como “indivíduo”, “coletivo”, “tempo”, “cores”, etc.
Como confirmação do estudo, Whorf estudou os povos da língua “Hopi” e
argumentou que os falantes de Hopi conceituavam o tempo de maneira diferente de
outras línguas. Ele disse que o Hopi é uma linguagem atemporal, devido ao fato de
carecerem de tempos verbais e de verem o tempo como um único processo, não
fixo, linear ou contável como seis dias ou duas horas, logo sua forma de interagir
com a vida, perceber a realidade e o mundo ao redor, se tornaria completamente
diferente da realidade inglesa, que classifica o tempo como linear e contável.
Essa ideia de que a linguagem pode influenciar o pensamento é conhecida
como hipótese Sapir-Whorf iniciada por Edward Sapir e posteriormente continuada
por Benjamin Whorf. Existem duas versões da hipótese, a versão forte e a versão
fraca. A versão forte ou determinismo linguístico diz que a linguagem determina o
pensamento e pode limitar alguém a novos conhecimentos. A versão forte chega a
dizer que a linguagem determina a percepção de alguém sobre a realidade. A
versão fraca ou relatividade linguística diz que a linguagem apenas influencia os
pensamentos e pode ser mudada e isso é apoiado por algumas evidências
empíricas e é mais aceito entre os pesquisadores.
O NEGRO E A LINGUAGEM

Neste capítulo do livro “Pele Negra, Máscaras Brancas” de Frantz Fanon, ele
aborda a relação complexa entre a identidade racial e a linguagem na experiencia do
negro na sociedade colonizada.
O autor começa o capítulo descrevendo sua própria experiência pessoal
como um negro que cresceu em uma sociedade colonial francesa e como a
linguagem afetou sua identidade. Ele discute como a língua francesa, que era a
língua dominante na Argélia, se tornou uma forma de opressão e marginalização
para os negros.
Ele argumenta que a linguagem é um instrumento poderoso na construção da
identidade e que a imposição da língua do colonizador sobre os colonizados tem um
efeito desumanizante. Fanon critica a ideia de que a assimilação cultural e linguística
é uma solução para a opressão racial, argumentando que isso apenas perpetua a
marginalização e a negação da identidade negra.
Além disso, ele argumenta que a voz do negro é frequentemente silenciada
ou desacreditada na sociedade branca, e que a linguagem se torna uma forma de
resistência e afirmação da identidade negra
Assim, para ele, a linguagem é uma cultura, um mundo, que influencia e tem
direta ligação com a subjetividade colonial existente nas sociedades colonizadas,
amostrando os pensamentos de inadequação impostos pela sociedade branca, que
de acordo com ele, oprime o pensamento marginalizado, o forçando a se adequar se
quiser ter lugar dentro dessa sociedade.
REFERÊNCIAS

WHORF, Benjamin. Language, Thought and Reality. Publicado por The


Technology Press of Massachusetts Institute of Technology and John Wiley e Sons,
Inc. New York London (1959)

FANON, Frantz. O negro e a linguagem. In: Pele Negra Máscaras Brancas.


EDUFBA, 2008.

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