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Pe.

Ney Brasil Pereira

SANTA CATARINA
DE ALEXANDRIA

Padroeira da Arquidiocese
de Florianópolis, da Ilha e
do Estado de Santa Catarina

2ª edição, revista e aumentada - 2015


SANTA CATARINA
DE ALEXANDRIA

A SANTA

A ARQUIDIOCESE

A FESTA
Índice

Apresentação ......................................................................................... 9

1ª parte – A SANTA

1. Santa Catarina Padroeira – A Declaração ...................................... 13


2. A historicidade da Santa ................................................................... 14
3. Santa Catarina e seu ambiente alexandrino ................................... 16
4. Os elementos da narrativa lendária ................................................ 19
5. Santa Catarina e a crítica histórica ................................................... 23
6. Razões conclusivas ............................................................................. 27

2ª parte – A ARQUIDIOCESE

1. Antecedentes ........................................................................................ 31
2. A Diocese – Dom João Becker ............................................................. 36
3. A Arquidiocese – Dom Joaquim ...................................................... 37
4. Dom Afonso ........................................................................................ 38
5. Dom Eusébio ....................................................................................... 40
6. Dom Murilo ........................................................................................ 41
7. Dom Wilson ........................................................................................ 43
8. Apêndice
Hino popular a Nossa Senhora do Desterro ...................................... 44
Hino popular ao Senhor Bom Jesus dos Passos ................................. 46
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

3ª parte – A FESTA

1. A Novena ............................................................................................. 52
2. Introdução à missa ............................................................................. 59
3. Hino de Santa Catarina ........................................................................ 60
4. Ritos iniciais ......................................................................................... 62
5. Liturgia da Palavra ............................................................................. 63
6. Liturgia Eucarística ............................................................................ 68
7. Oração a Santa Catarina ...................................................................... 70
8. Hino Popular a Santa Catarina ......................................................... 72
9. Bela Santa Catarina ............................................................................ 74
10. Partituras complementares ............................................................. 76
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Altar-mor da Catedral Metropolitana de Florianópolis, em 2002

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PADRE NEY BRASIL PEREIRA

Apresentação

Em 1996, no decorrer de um semestre de estudos em Jerusalém,


encontrei, na Editora franciscana da cidade, um opúsculo em italiano,
intitulado Santa Catarina di Alessandria, da coleção “Quaderni di ‘La Terra
Santa’”, escrito por Gabriele Giamberardini OFM. Folheando-o, vi que o
autor respondia à pergunta que tantos se fazem sobre a historicidade da
nossa Padroeira. Adquiri, li e reli o livro, e achei que valia a pena tradu-
zi-lo ou, pelo menos, resumi-lo para meus coestaduanos catarinenses.
Celebrando-se no ano de 2002 o 75º
aniversário da elevação da Diocese de
Florianópolis à condição de Arquidiocese,
pensei que um opúsculo sobre a Padroeira
poderia fazer parte das comemorações. Nes-
te sentido é que estão pensadas as três partes
desta publicação: a primeira, intitulada “A
Santa”, resume o opúsculo de Giamberardi-
ni, acrescentando alguns dados; a segunda,
intitulada “A Arquidiocese”, apresenta
um esboço histórico da Arquidiocese de
Florianópolis, incluindo seus antecedentes,
sua criação em 1927, e seu desenvolvimen-
Detalhe do ícone de Santa to até o ano corrente; a terceira, intitulada
Catarina, do mosteiro do Sinai, “A Festa”, apresenta o roteiro da Missa da
século XVII Festa da Santa, no seu dia tradicional, 25 de
novembro, com leituras, orações e cantos próprios. Agora, depois de
quase quinze anos, faz-se necessária nova edição do opúsculo. O texto
é o mesmo, com poucas alterações, a não ser a atualização da 2ª parte,
e o acréscimo do roteiro da Novena preparatória.
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SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Altar-mor da Catedral Metropolitana de Florianópolis, em 2015

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PADRE NEY BRASIL PEREIRA

Gostaria de fechar esta introdução com uma observação, penso,


significativa. Se o mosteiro do monte Sinai, antes dedicado à Transfigu-
ração do Senhor, passou a chamar-se Mosteiro de Santa Catarina, pela
presença posterior das relíquias da Santa no seu recinto; e se a abadia da
Santíssima Trindade em Rouen, na França, passou a chamar-se Abadia
de Santa Catarina, também pela vinda de algumas relíquias da Santa,
aqui, a nossa Catedral, intitulada Nossa Senhora do Desterro, passou,
desde 1922, a reconhecer como sua co-Titular Santa Catarina, cuja bela
imagem troneja, desde então, sobre o altar mor... por quê? Aqui ela não
veio depois, mas antecipou-se. Chegou primeiro, com os primeiros nave-
gadores, que deram à nossa Ilha o seu nome. E aqui ela deseja conosco
permanecer, como nossa Inspiradora e Intercessora.

Florianópolis, 25 de novembro de 2015

O Autor

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SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Imagem de Santa Catarina no Altar-mor da Catedral


talhada em madeira na Academia de Ferdinand Demetz,
no Tirol, Áustria, 1920

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PADRE NEY BRASIL PEREIRA

1ª parte

A SANTA
1. Santa Catarina Padroeira
Declaração de Santa Catarina como Padroeira Principal
da então Diocese de Florianópolis (que abrangia o Estado inteiro)
e co-Titular da Catedral de N.Sra. do Desterro,
por Sua Santidade o papa Pio XI, aos 26 de julho de 1922

Embora a Diocese de Florianópolis, erigida no ano de 1908, seja também


chamada “de Santa Catarina”, por causa do nome da região – o Estado “de
Santa Catarina” – e venere a mesma Santa Virgem e Mártir como sua princi-
pal celeste Padroeira; e embora os fiéis que residem na cidade de Florianópolis,
antigamente chamada “Desterro”, fundada em fins do século XVII, e mesmo
toda a população daquela região, tenham escol-
hido e venerado a mesma Santa Catarina como
sua principal Padroeira, faltam, contudo, os
documentos dessa escolha.
Por esse motivo, o Reverendíssimo Sen-
hor Dom Joaquim Domingues de Oliveira,
Bispo de Florianópolis, aproveitando a ocasião
em que o povo brasileiro, no próximo mês de
setembro, celebrará solenemente o primeiro
centenário da proclamação da sua Independên-
cia, assumindo os anseios suplicantes do Clero
e das Autoridades da Diocese que lhe foi con-
fiada, pediu, com insistência, ao Santo Padre, Catedral de N.Sra. do
o papa Pio XI, que se dignasse declarar Santa Desterro e Santa Catarina
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SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Catarina, Virgem e Mártir, Padroeira principal de toda a diocese de


Florianópolis e co-Titular da Igreja Catedral, cujo Título é o do Desterro
de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Sua Santidade, amavelmente deferindo esses pedidos apresentados pelo
abaixo assinado, Cardeal Prefeito da Congregação dos Sagrados Ritos, de-
clarou e constituiu, com sua suprema Autoridade, Santa Catarina, Vir-
gem e Mártir, Padroeira principal da diocese de Florianópolis e co-Tit-
ular da Igreja Catedral, juntamente com o Mistério do Desterro de Nosso
Senhor Jesus Cristo, atribuindo todos os privilégios e honras à mesma Padroe-
ira e co-Titular, privilégios e honras que pelo direito competem aos Padroeiros
principais dos lugares e aos Titulares das igrejas, nada obstando em contrário.

Roma, no dia vinte e seis (26) de julho e de mil e novecentos e vinte e


dois (1922).
a) A. Card. Vico, Ep. Portuen. Praef.

2. A historicidade da Santa
Vivemos uma época de crítica histórica acentuada, a qual, aplica-
da às narrativas bíblicas e hagiográficas, não tem receio de ser radical.
Impera o minimalismo, que reduz a um mínimo os dados confiáveis,
atribuindo esta posição à falta de documentos. Assim também acon-
teceu com a nossa Santa, a qual, apesar de um culto tão difundido na
Europa desde o século VIII e, mais ainda, a partir do século XI, teve
seu nome retirado do calendário universal da Igreja, na reforma litúr-
gica que se seguiu ao concílio Vaticano II. Essa retirada do calendário
universal foi mal interpretada como uma “cassação”. Mas não houve
cassação alguma da Santa, a qual pôde e pode continuar a ser legitima-
mente venerada nas regiões, dioceses, paróquias ou igrejas a ela dedi-
cadas, e isso na data tradicional, 25 de novembro. Tanto assim que, por
um decreto de Bento XVI (2005-2013), seu nome voltou a ser inserido
no calendário universal, ou seja, no Martirológio. Que houve então?
14
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

Houve o reconhecimento de que não temos, de fato, dados históricos


confiáveis que sejam contemporâneos à personagem cujo martírio, por
escritos bastante posteriores, é situado no início do século IV, na ci-
dade de Alexandria, no Egito, durante a perseguição de Maximino.
Diante da ausência de documentação, surge a pergunta direta: Afinal,
a Santa existiu ou não? Quando a invocamos, invocamos alguém, uma
pessoa, ou apenas um símbolo? 1
A título de exemplo, citemos o caso de alguns personagens bí-
blicos que até deram o nome a certos livros da Bíblia, e cuja existência
histórica não é comprovada. Assim, o personagem Jó, cujas palavras
são a criação literária de um escritor, este sim, histórico, do século V
antes de Cristo, e cujo nome desconhecemos. Jó é um personagem-sím-
bolo de qualquer justo sofredor, que se interroga e questiona o próprio
Deus. É um sofredor verossímil e real, embora não histórico no senti-
do de que tenhamos documentação para situá-lo numa época e lugar
determinados. Assim também Tobias e Judite, personagens simbóli-

1
BIBLIOGRAFIA catarinense sobre a Santa: DE HARO, Rodrigo, Mistério de Santa Ca-
tarina ou Livro dos Emblemas de Alexandria, Florianópolis, 2001, 2ª edição, Edit. Atha-
nor, 113 p.; PEREIRA, Ney Brasil, Santa Catarina de Alexandria. Padroeira da Arquidio-
cese de Florianópolis, da Ilha e do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, Florianópolis,
IOESC, 2002, 51 p.; LUPI, João Eduardo, et al., Santa Catarina: a origem do seu nome,
Florianópolis, UFSC, Pró-reitoria de Cultura e Extensão, col. Cadernos Pedagógicos,
2003, 42 p.; PEREIRA, Moacir, Santa Catarina, Padroeira. Tesouros do Sinai, Florianópo-
lis, Edit. Insular, 2ª edição, 2003, 112 p. Desta obra de Moacir Pereira, reproduzo aqui
a “Apresentação”, de minha autoria: “Livro escrito com o coração e impresso com
requinte, eis o impacto espontâneo que causa ao leitor este livro, sobre a Santa que
deu origem ao nome do nosso estado. A Santa, e o local sagrado onde sua memória se
conservou viva através dos séculos, o Mosteiro de Santa Catarina no Sinai. A Santa,
cujo ícone esplêndido exorna a capa do livro, mas cuja biografia é tão pouco conhe-
cida e divulgada, mesmo entre os catarinenses. Foi para suprir esta deficiência, para
responder à carência da democratização da informação sobre a Padroeira do Estado
, que ele escreveu a oportuna obra. Penso que o livro corresponde plenamente à
intenção do autor, que pretendeu – e conseguiu – contribuir para tornar mais con-
hecida Nossa Padroeira e, com ela, o Mosteiro, local sagrado em que se encontra seu
túmulo, aos pés da montanha do Sinai. Com a obra anterior de Rodrigo de Haro,
escrita com o objetivo de exaltar poeticamente a Santa, e com o meu opúsculo, que
examinou a questão da sua historicidade, penso que está de certo modo preenchida
a lacuna que tantos de nós, catarinenses, deplorávamos. Agora, não mais. Santa Cata-
rina, Padroeira, aí está, para nos informar e nos estimular.”
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SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

cos que protagonizam dois livros deuterocanônicos, isto é, livros que


não pertencem à Bíblia hebraica mas fazem parte da Septuaginta, o
Antigo Testamento grego, e se encontram na nossa Bíblia. Especial-
mente Judite, cujo nome significa “a Judia”, é uma estória com dados
até inverossímeis, mas cuja realidade está na lição que traz: Deus age e
liberta seu povo através de pessoas que, como Judite, nele confiam e se
põem a agir 2. No caso de Santa Catarina, tratar-se-ia também apenas
da heroína fictícia de uma bela estória?
Colocando a questão nesses termos, distingamos as coisas: de
um lado, os detalhes do seu martírio, da roda dentada que se quebra,
do confronto e da conversão dos sábios, do transporte do seu corpo
pelos anjos para o monte Sinai etc, que são realmente os enfeites da
criatividade da devoção e do entusiasmo e, por outro lado, a existên-
cia histórica de uma mulher cristã martirizada em Alexandria, na
perseguição de Maximino, e cujas relíquias se encontram no mosteiro
do monte Sinai. Estou convencido de que, entre tantas e tantos cris-
tãos comprovadamente martirizados em Alexandria durante várias
perseguições ao longo do século III e no início do século IV, podemos
tranquilamente identificar, entre elas e eles, a nossa Santa, a nossa
Padroeira.

3. Santa Catarina e seu ambiente alexandrino


Chama a atenção o fato de que as características da Santa,
apresentada como uma jovem culta, vivendo numa cidade culta,
conferem com a realidade de Alexandria, no delta do Nilo, uma das
capitais mais importantes do Império romano na época, cidade fa-
mosa pela sua biblioteca e suas instituições culturais, inclusive por
sua escola de filosofia e teologia cristã, o Didaskaleion, celebriza-
do por luminares como Clemente Alexandrino, Orígenes, Dioní-
sio, Atanásio. É de Alexandria também a célebre filósofa pagã neo-

2
Ver o interessante comentário desse livro por Sandro e Ana Maria GALLAZZI, Judite, a
mão da mulher na história do povo. Petrópolis, Ed. Vozes e São Leopoldo, Sinodal, 2001, 143 p.
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PADRE NEY BRASIL PEREIRA

platônica, Hipátia, filha


do matemático Theon
e discípula de Plutar-
co em Atenas, a qual,
um século depois de
Catarina, teve um fim
trágico, no ano de 415.
Ao tomar partido pelo
prefeito Orestes contra
o patriarca Cirilo, foi,
num tumulto, trucida-
da por fanáticos cris-
tãos (!).
O martírio de San-
ta Catarina, situado no
início do século IV, coin-
cide com a grande perse-
guição de Diocleciano e
seus sucessores, perse-
guição que vitimou tan-
tos mártires em Roma
Na ponta Sul do Sinai encontra-se o Mosteiro de e nas várias cidades do
Santa Catarina, com as relíquias da Santa
Império, inclusive em
Alexandria. Nesta cidade, foi a época do governo tirânico de Maxi-
mino, cuja crueldade e devassidão são descritas com fortes tintas pelo
historiador cristão Eusébio, contemporâneo dos fatos. No livro VIII da
sua obra “História Eclesiástica”, ele assim escreve sobre as mulheres
cristãs martirizadas nessa época: Quanto às mulheres, não eram menos
valentes que os homens, na fidelidade à Palavra divina: umas, submetidas às
mesmas torturas, alcançaram prêmios iguais de virtude; outras, arrastadas à
desonra, preferiam antes entregar suas vidas que submeter seus corpos à in-
fâmia. Isto, no parágrafo 14 do capítulo 14 desse livro. Logo a seguir, no
parágrafo 15, infelizmente sem nomeá-la, mas com traços que em parte
coincidem com os que a tradição atribui a Catarina, escreve: Uma delas,
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SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

das que foram molestadas por Maximino, uma cristã muito distinta e muito
ilustre de Alexandria, triunfou da alma pervertida e licenciosa do tirano por
sua corajosa firmeza: era, além disso, famosa por sua fortuna, seu nascimento,
sua educação, e colocava a sua castidade acima de tudo. Ele insistiu muito com
ela, a qual no entanto estava pronta a morrer antes que entregar-se a ele. De
sua parte, o tirano não se sentiu capaz de mandar matá-la, pois sua paixão era
mais forte que seu despeito. Condenou-a então ao exílio, e confiscou-lhe toda
a fortuna.3
Ainda quanto às martires de Alexandria, o mesmo historiador Eu-
sébio se refere a outras, que foram vítimas de diferentes perseguições.
Assim, por exemplo, a mártir Heraís, ainda catecúmena, executada na
fogueira, por volta do ano 235; na mesma época, a jovem Potamiena,
torturada e provada de vários modos, enfim executada com pez ferven-
te derramado sobre seu corpo membro por membro, dos pés à cabeça...
(cf livro VI, 5, 1-4); na perseguição de Décio, em 250, a mártir Quinta,
arrastada pela cidade, espancada e apedrejada (livro VI, 41, 4); a jovem
Amonariana, torturada ferozmente; a anciã Mercúria, e Denise, mãe de
muitos filhos, executadas pela espada (livro VI, 41, 18)... Isto quer dizer
que, mesmo se a lenda embelezou e multiplicou os detalhes do martírio
de Santa Catarina, o fato de mulheres, adultas ou jovens, terem sido marti-
rizadas de vários modos em Alexandria, ao longo do século III e no início
do século IV, é inegável.
Outra característica interessante da época de Santa Catarina,
em Alexandria, é o início do movimento monástico, um movimen-
to que já tivera seus predecessores nas comunidades judaicas dos
“terapeutas”, homens e mulheres que se retiravam para o deserto,
já na época de Fílon, na primeira metade do século I. Depois, des-
de fins do século III, são monges cristãos que, como Santo Antão
e Pacômio, buscam a solidão do deserto, primeiro para fugirem à
perseguição, depois, para viverem o ideal de renúncia do ascetismo.
A propósito, convém lembrar que o corpo da Mártir vai encontrar
3
EUSÉBIO de Cesareia, História Eclesiástica, livro VIII, 14, 14-15 col. Patrística, vol. 15, São Paulo,
2000, pp 426-427. A tradução desses parágrafos, especialmente do parágrafo 15, difere da outra
edição brasileira da mesma obra, publicada pela Editora CPAD, Rio de Janeiro, 1999, p. 314.
Foram levadas em conta ambas as traduções.
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PADRE NEY BRASIL PEREIRA

repouso entre os monges do Sinai, para onde foi transportado, se-


gundo a lenda, pelos anjos.

4. Os elementos da narrativa lendária


A narrativa lendária de Santa Catarina é apresentada na “Passio
Ecaterinae Virginis”, documento do qual temos uma cópia do século
VIII, mas que alguns críticos pensam poder remontar ao século VI 4. Em
todo caso, por meados do século VI, o imperador Justiniano ordenou a
construção do mosteiro ao pé do monte Sinai, mosteiro dedicado pri-
meiro à Transfiguração do Senhor (cf o mosaico da ábside) mas depois,
por causa da presença das relíquias da Mártir alexandrina, chamado
de “mosteiro de Santa Catarina”. Também do século VIII data a mais
antiga representação artística da Santa, encontrada em Roma, num
oratório da antiga basílica de São Lourenço, no Campo Verano. Do
século X temos o “Martírio da Santa e Grande Mártir de Cristo Aikaterina”,
de Simeão Logotheta, cognominado Metafrastes, texto grego que teve
grande divulgação no Ocidente 5. Vejamos os elementos da narrativa.

a. O nome. É Catarina, com aférese da sílaba inicial do nome


grego Aikaterina ou Aikaterine. Segundo alguns, a forma orig-
inal seria Aei (sempre) Katharine (pura, de katharós), dando o
significativo sentido de “sempre pura”. Ou, pelo fenômeno do
etacismo, a sílaba ai ou o ditongo aei ter-se-iam transformado
no artigo feminino hê: assim teríamos hê katharine, isto é, “a
pura”. Acontece que o adjetivo grego katharós se escreve com
theta, não com tau, como se lê nas formas antigas do nome da
Santa, e a primeira sílaba do nome é Ai ou Ekaterine, não Hê.

4
FRUTAZ, A. Pietro, “Santa Caterina d’Alessandria”, verbete na Enciclopedia Cattolica, vol. III,
Città del vaticano, 1949, col. 1137-1139.
5
GIAMBERARDINI, Gabriele, Santa Caterina di Alessandria, Jerusalém, 1978, Franciscan Printing
Press, p. 24, nota 14.
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SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

b. A situação social. En-


quanto a informação de Eu-
sébio fala daquela mulher
anônima ilustre, distinta
por sua fortuna, nascimen-
to, educação etc, as narra-
tivas lendárias fazem de
Catarina a “filha de um rei
pagão, de nome Costos, de
Chipre”.

c. A cultura. Aqui também


temos uma ampliação da
As núpcias místicas de Santa Catarina, notícia de Eusébio sobre a
por Andrea Previtalli, 1504
anônima cristã, “famosa por
sua cultura”. E a lenda faz de Catarina a vencedora de uma dis-
puta filosófico-teológica com numeroso grupo de sábios, os quais
depois teriam por sua vez morrido mártires da sua nova fé. Já
mencionamos acima a figura histórica de Hipátia, a famosa filó-
sofa alexandrina que era consultada pelos sábios do seu tempo,
e que foi morta em circunstâncias trágicas no ano de 415, pouco
mais de um século depois da Santa. A cultura atribuída a Santa
Catarina fez dela a patrona dos estudantes e filósofos, patrona
também da própria Universidade de Paris, que no dia da sua fes-
ta fazia solene peregrinação ao seu Santuário.

d. As núpcias místicas. O relato da Pássio dá a razão por que Ca-


tarina resistiu firmemente às investidas libidinosas de Maxi-
mino, estas, mencionadas por Eusébio. Chega-se até a mencio-
nar o lugar da conversão de Catarina, que teria ocorrido em
Belém, onde a Santa teria recebido do próprio Cristo menino,
em núpcias místicas, o anel do noivado com Ele. O fato é que,
decorrente da lenda ou não, a igreja paroquial de Belém, junto
à basílica da Natividade, é, até hoje, dedicada à Santa.
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PADRE NEY BRASIL PEREIRA

e. O encarceramento. Como nova ampliação das sóbrias notícias


do historiador, a lenda fala da conversão e sucessivo martírio
da própria imperatriz, a mulher de Maximino, que teria vindo
visitar Catarina no cárcere, enquanto depois converteram-se
os próprios soldados que, em grande número, a vigiavam.

f. A roda. O historiador Eusébio menciona a variedade tenebro-


sa dos suplícios infligidos aos cristãos perseguidos. Quanto
à roda armada de unhas ou dentes de ferro, para dilacerar o
corpo da mártir, trata-se de mais um desses instrumentos de
tortura que a crueldade humana tem inventado, e que infeliz-
mente os cárceres da Inquisição conheceram. O fato é que a
roda, despedaçada por intervenção divina, tornou-se o motivo
iconográfico mais peculiar da nossa Santa, normalmente rep-
resentada com ela.

g. A decapitação. É sempre o
suplício resolutivo, o momen-
to final da execução, após os
prodígios lendários que tenham
tornado ineficazes os outros
meios. No caso de Santa Cata-
rina, ainda nesse momento um
prodígio: do pescoço cortado
fluiu leite, em vez de sangue, o
que a tornou padroeira também
das mães que têm dificuldade
de amamentar seus bebês. Martírio de Santa Catarina,
por Masolino da Panicale, 1428

h. O transporte do corpo ao Sinai. A transladação de relíquias


de Santos tem ocorrido mais vezes. É o caso de Santa Ce-
cília, originalmente sepultada nas catacumbas de São Calix-
to, na via Ápia, em Roma, e transladada, no século VIII, para
dentro dos muros da cidade, para a sua basílica no bairro
21
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Vista do Gêbel Katarin, o monte onde foi encontrado o corpo da Santa

do Trastêvere. No caso de Santa Catarina, os “anjos” que


transportaram seu corpo até o Sinai, terão sido os próprios
monges, embora o paradeiro inicial das relíquias, no topo
do monte Gêbel Katarin, a 2.500 metros de altitude, tenha
até justificado a idéia do transporte angélico. O fato é que
as relíquias, depois de certo tempo, encontraram seu lugar
definitivo na basílica justiniana do mosteiro, desde então
chamado “de Santa Catarina”.

i. Relíquias e milagres. Sabe-se como a Idade Média foi um


período de grande veneração das relíquias dos Santos, com
detalhes que hoje consideramos exagerados. No caso de Santa
Catarina, o grande centro de irradiação do seu culto na Europa
foi a abadia beneditina da La Trinité-au-Mont, perto de Rouen,
na França, no início do século XI. Para ali foram levados três
dedos da Santa e algumas ampolas de óleo bento, trazidas do
seu túmulo no monte Sinai. A presença das relíquias desper-

22
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

tou tal entusiasmo e devoção popular, que os milagres, segun-


do os cronistas da época, se multiplicaram.

j. Patrocínio. Os vários detalhes da narrativa lendária da Santa


motivaram os que a escolheram como Patrona: os estudantes e
os filósofos, por causa da sua disputa com os sábios de Alexan-
dria; as moças e noivas, por causa das suas núpcias místicas; as
jovens mães amamentando seus bebês, por causa do leite que
manou do seu pescoço degolado; os carreteiros e os torneiros,
por causa da roda do seu martírio etc. Fala-se em trinta catego-
rias de pessoas que recorriam ao seu patrocínio. O fato é que
também muitas mulheres se ufanaram de terem o seu nome,
várias delas canonizadas, por exemplo: Santa Catarina de Siena,
a grande Santa italiana do século XIV; da mesma época, Santa
Catarina da Suécia; no século XV, Santa Catarina de Gênova;
no século XVI, Santa Catarina de Ricci, em Florença; no século
XVII, Santa Catarina Tekakwitha, entre os peles vermelhas do
Canadá; no século XIX, Santa Catarina Labouré, de Paris, a San-
ta da Medalha milagrosa. É sabido como, no começo do século
XV, entre as Santas que inspiraram a grande heroína francesa
Joana d’Arc, que lhe apareciam e lhe falavam, encontrava-se a
nossa Santa.

5. Santa Catarina e a crítica histórica


É impressionante o contraste entre a abundância da documen-
tação referente à Mártir de Alexandria e seu culto a partir do século XI,
e a progressiva escassez documentária, mesmo o silêncio, nos séculos
anteriores. Exemplo dessa abundância é um livro de 388 páginas (!),
intitulado “Vida de Santa Catarina”, escrito por Jean Mielot em Lille,
norte da França, em 1457, por ordem de Felipe o Bom, duque de Bor-
gonha. É a elaboração de todas as notícias e lendas que circulavam
sobre a Santa, sua vida e seus milagres, até o século XV. Um estudioso
23
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

moderno, Bardy, qualifica o livro de “puro romance”... 6 Cabe aqui


a pergunta, já feita em outros termos acima: É possível, através dos
enfeites da imaginação do “puro romance”, chegar à verdade históri-
ca? Respondendo positivamente, vou seguir, resumindo, os passos da
argumentação que apresenta Giamberardini, no seu já citado opúsculo
“Santa Caterina di Alessandria” 7.

a. O núcleo histórico. Reduz-se aos dados seguintes: Sob Maxi-


mino, pelo ano 307, em Alexandria, na então província roma-
na do Egito, uma jovem cristã, dentre outras, Catarina, sofreu
o martírio em testemunho de sua fé cristã e em defesa de sua
virgindade. Era de família distinta, de posses e instruída. A
preservação de sua memória, num culto que foi crescendo, é o
reconhecimento da sua santidade heróica.

b. Critérios hagiográficos. Normalmente, a história de um Santo ou


Santa é embelezada com detalhes edificantes, constituindo um
gênero literário que, especialmente em tempos passados, realça-
va o aspecto maravilhoso. Toca ao historiador moderno discernir
esses enfeites, nos quais se compraz a devoção e, a seguir, a len-
da, desbastando-os para fazer emergir o núcleo histórico.

c. Documentos. Começando pelo século XI, é do início desse sé-


culo, bem antes, portanto, da primeira Cruzada (1096-1099),
que data a vinda de algumas relíquias de Santa Catarina, do
Sinai para Rouen, na França, redigindo-se pouco depois um
documento que relata essa vinda bem como os milagres que a
partir de então ali aconteceram. Do mesmo século datam três
belos hinos dedicados à Santa, compostos por Alfano, bispo de
Salerno, no sul da Itália.

d. Do século X data a Passio em latim, reelaborada a partir de um

6
Id., ibid., p. 34.
7
Id., ibid., pp. 36-42.
24
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

texto grego mais antigo. Do mesmo século data a composição


de Metafrastes, um monge do monte Athos, no norte da Grécia,
composição intitulada “Martírio da Santa e grande Mártir de Cristo
Aikaterina”. Também do século X data o menológio de Basílio II,
com iluminuras representando cenas do martírio da Santa.

e. Do século IX temos uma “Vida” da Santa, conservada na bib-


lioteca de Lambach, na Baviera. Do mesmo século, um afresco
a retrata na basílica de São Clemente, em Roma, bem como
nas catacumbas de San Genaro, em Nápoles, onde ela é identi-
ficada como Ekaterina.

f. Do século VIII temos a menção da Passio Ecaterinae Virginis Dei,


no Manuscrito Claromontano conservado na biblioteca de Mu-
nique, menção que supõe um texto anterior, traduzido de um
original grego ainda anterior, provavelmente do século VI. Tam-
bém do século VIII data um afresco na basílica de São Lourenço
fora-dos-muros, em Roma, representando vários Santos, entre os
quais Catarina, devidamente identificada.

g. Do século VII ou, mesmo, do século VI, segundo Viteau 8,


data a Passio original, grega, provavelmente escrita no Sinai,
após a transladação do corpo. Esta Passio, traduzida, deu ori-
gem à expansão do culto da Santa no Ocidente.

h. Os séculos V e IV são os séculos do silêncio documentário.


Neles não encontramos documentação alguma referente à
Santa, a não ser o já citado texto de Eusébio (+339), retomado,
pouco depois, com algumas variantes, pelo também histori-
ador cristão Rufino (+410)

Foi o Cardeal Barônio, grande historiador da Igreja no século

8
Id., ibid., p. 39
25
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

XVI, quem aventou a hipótese da identificação da mártir anônima de


Eusébio com a nossa Santa Catarina. Seguindo a sugestão de Giambe-
rardini, apresento em sinopse a narrativa de Eusébio, do século IV, e a
de Metafrastes, do século X:

Eusébio Metafrastes
(História Eclesiástica VIII,14-15) (Martírio da Santa e Grande Mártir de
Cristo Catarina, PG 116,275-302)
Maximino perpetrou no Orien- Maximino lançou os olhos sobre
te e no Egito, onde era Imperador, a Grande Mártir. Ela se chamava
todo tipo de vexação. As mulheres Catarina e vivia em Alexandria. Era
foram humilhadas. Algumas ce- jovem, e bela de corpo e de espírito.
diam. Outras, as cristãs, opunham Era também rica e nobre, descenden-
resistência. Exemplo de heroísmo te de sangue real. Decidira, porém,
foi uma alexandrina. Ela, cristã ter só a Cristo como esposo. Era
nobilíssima e rica de Alexandria, muito instruída em filosofia, na arte
entre as mulheres que foram retórica, na geometria e em outras
molestadas pelo tirano, foi uma ciências. Graças à sua erudição,
das que com viril firmeza venceu pôde contestar e logo converter ao
o ânimo passional e libidinoso cristianismo cinqüenta sábios, os
de Maximino. Era uma mulher quais depois, por castigo, foram
célebre pela nobreza de família, condenados ao fogo. Converteu
pelas posses e pela erudição. Ela, também a imperatriz Augusta, à
porém, a todos esses bens antepu- qual, por ordem de Maximino, foram
nha a castidade. O tirano, tendo-a amputados os seios. Catarina, depois
interpelado mais vezes a fim de de haver frustrado todas as torpes in-
possuí-la, encontrou-a preferindo sistências, foi condenada primeiro ao
antes a morte. Não se decidiu, cárcere, depois ao suplício da roda,
porém, a mandar matá-la, porque enfim à decapitação. Do seu pescoço,
nele era mais forte a paixão que a ferido pela espada, fluiu leite em vez
crueldade. Finalmente privou-a de sangue. O corpo, para ser preser-
de todos os seus bens e mandou-a vado, foi transportado, pelos anjos,
para o exílio. de Alexandria ao Sinai.

Salta aos olhos a diferença entre a sobriedade das informações do


historiador contemporâneo e a abundância de detalhes do hagiógrafo
bem posterior. Evidencia-se também a diferença da conclusão do re-
lato de Eusébio, em relação ao desfecho da narrativa tradicional rep-
resentada por Metafrastes. A anônima de Eusébio não é executada,

26
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

mas mandada para o


exílio, enquanto Santa
Catarina foi decapit-
ada. Exatamente por
isso, os Bolandistas 9
não aceitaram a hipó-
tese de Barônio, de que
a anônima de Eusébio
poderia ser a nossa
Santa. Como ficamos?
Penso que a conclusão
que se impõe é a que
já propus acima: en-
tre as mártires de his-
toricidade comprova-
da da perseguição de
Maximino, podemos
Vista do Mosteiro de Santa Catarina à noite, ao pé tranquilamente inclu-
do Monte Sinai (Gebel Musa, 2.300m de altitude) ir aquela cujo nome,
por circunstâncias não bem esclarecidas, só pouco a pouco foi sendo
declinado e proclamado: Santa Catarina de Alexandria.

6. Razões conclusivas
Correndo o risco de ser repetitivo, resumo a posição, agora sufi-
cientemente clara, de Giamberardini 10 , o qual, mesmo reconhecendo o
problema sério da historicidade da nossa Santa, crê poder inclinar-se – e
nós com ele – para uma conclusão positiva. E isto, pelas seguintes razões:

9
Bolandistas são os pesquisadores críticos das vidas dos Santos que, a partir do séc. XVII, em-
preenderam o trabalho de expurgá-las dos exageros lendários. Seu nome vem do primeiro
deles, o jesuíta belga Jean Bolland, falecido em 1665.
10
GIAMBERARDINI, Gabriele, o. cit. pp. 43-44.
27
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

a. Valorizem-se os elementos essenciais existentes, liberan-


do-os dos elementos fantasiosos, supérfluos, das narrativas
lendárias. Nesse sentido, é exemplar a primitiva iconografia
da Santa, encontrada nos já mencionados afrescos dos séculos
IX e VIII, descobertos em Roma e em Nápoles, com a sua sim-
ples figura e a identificação do seu nome.

b. Utilizar para prova imediata os documentos disponíveis, mas


conservando a abertura para novas possíveis descobertas.
Hoje não é mais possível afirmar que o culto de Santa Catarina
“começou com os Cruzados”, em fins do século XI, quando a
documentação já disponível comprova esse culto na Europa
antes ainda do século VIII.

c. Evite-se condicionar a história e o culto à documentação re-


spectiva, escreve Giamberardini 11, e argumenta: Não é o docu-
mento que está na origem do culto, mas pelo contrário, é o cul-
to que inspirou o documento. E quantas vezes, no decorrer da
História, foi sendo perdida a documentação pela destruição
dos arquivos. Basta exemplificar com as nossas comunidades
e paróquias, com os personagens que fizeram a nossa História
e cuja documentação foi perdida.

d. Além da documentação escrita, podemos apoiar-nos na trans-


missão oral, a tradição, que acompanha e testemunha, no caso,
a veneração da nossa Santa.

e. Tudo somado, e refazendo o caminho que nos leva até bem


perto dos fatos concernentes a Santa Catarina de Alexandria,
não parece científico negar sua historicidade simplesmente a
partir do argumento da escassez documentária. A quem nega

11
Id., ibid., p. 44.
28
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

a historicidade, cabe o ônus da prova desta sua posição. A


nós, o conjunto dos elementos levantados nos parece convin-
cente, confirmando-nos em nossa veneração por essa figura de
mulher, corajosa, sábia e pura, virgem e mártir, excelsa Padroe-
ira da nossa terra e da nossa gente.

29
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Catedral de Nossa Senhora do Desterro e Santa Catarina


(fachada de 1922, fotografada em 2002)

30
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

2ª parte

A ARQUIDIOCESE
A ARQUIDIOCESE DE FLORIANÓPOLIS

BREVE HISTÓRICO

1. Antecedentes
Celebramos, em 2002, os 75 anos da elevação de Florianópolis
à categoria de Arquidiocese. Este fato ocorreu em 1927, quando o ter-
ritório da então diocese, que abrangia todo o Estado de Santa Catarina,
foi desmembrado, desmembrando-se
dele duas novas dioceses, a de Joinville
e a de Lages. Como “recordar é viver”,
façamos breve retrospecto dos aconteci-
mentos eclesiais e sociais que anteceder-
am e seguiram essa data.
Comecemos com o “descobri-
mento” do Brasil, em 1500, fato marca-
do pela presença, em Porto Seguro, de
um grupo de franciscanos missionári-
os, chefiados por Frei Henrique de Co-
imbra. É Frei Henrique quem celebra a
Primeira Missa no Brasil em terra firme,
ato imortalizado pelo famoso quadro do
pintor florianopolitano Victor Meireles.
Ilha de Santa Catarina
31
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

No tempo do “descobrimento”, a Ilha de Santa Catarina era habitada


pelos índios carijós, que a denominavam de Meiembipe. Quando aqui apor-
tou, em 1526, o navegador veneziano Sebastião Caboto batizou-a de “Ilha de
Santa Catarina”. Isto, certamente 12 por causa do dia da sua comemoração
no calendário litúrgico, 25 de novembro. Era esse, aliás, o costume dos portu-
gueses, que dedicavam as novas fundações ao Santo do dia.
Foram Franciscanos também, e espanhóis, os primeiros mis-
sionários que evangelizaram os índios carijós em nosso Estado, entre
os anos de 1537 e 1548. Seus nomes: Frei Bernardo de Armenta e Frei
Alonso Lebrón. Infelizmente, esta missão, que começou de maneira tão
auspiciosa que os frades chegaram a intitular a região de “Província de
Jesus”, terminou de modo trágico, com os índios sendo escravizados
pelos colonizadores 13.
Seguiu-se a presença dos Jesuítas, aqui vindos em rápidas visi-
tas, desde o primeiro deles entre nós, Pe. Leonardo Nunes, que esteve
em Laguna em 1553.
Em 1551, a cidade de Salvador, na Bahia, recém fundada por
Tomé de Souza, foi declarada bispado, com jurisdição sobre todo o
território brasileiro então conhecido. Já em 1575 é criada a Prelazia de
São Sebastião do Rio de Janeiro, tornada diocese em 1676, com juris-
dição sobre todo o sul do país. Mesmo depois de criada a diocese de
São Paulo, em 1745, Santa Catarina, exceto por alguns anos, continuou
sob a jurisdição do Rio de Janeiro, até a criação do bispado de Curitiba
em 1892.

12
Cito um esclarecimento do Prof. Nereu do VALE PEREIRA, a respeito da hipótese lançada
por Lucas Alexandre BOITEUX, na sua Pequena História Catarinense, editada em 1920, de que
o nome de “Santa Catarina” teria sido uma homenagem de Caboto à sua mulher, Catarina
Medrano. Escreve o Prof. Nereu em sua obra: “Santa Catarina – a Ilha – 500 anos”. Origem de
sua denominação e outros feitos. Florianópolis, 2013, Edit. Papa-Livro, 166 p.: “Desde há muito,
venho insistindo que as afirmações de que Sebastião Caboto batizara a llha com o atual nome
em referência à sua mulher, Catarina Medrano, é uma fantasia, uma inverdade e, até, face aos
costumes da época, uma heresia e, por que não dizer, uma informação completamente infun-
dada que se vai repetindo pelos menos esclarecidos, por parecer mais ‘chocante’ e sensacional”
(op. cit. p. 62). A Ilha, portanto, é mesmo “da Santa”, não “da outra”...
13
Ver o belo opúsculo de Pe. Tarcísio MARCHIORI, Terra dos Carijós, sobre esses inícios da
história de nosso Estado, Ed. do Autor, Florianópolis, 1999, 2ª edição.
32
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

Ilha de Santa Catarina,


onde a gloriosa Virgem reside só no nome,
mais deserta que no Sinai,
porém mui piedosa para as embarcações
que ali recebe e agasalha,
como se fora seio esta sua enseada,
que ali tem.
Jaz a Ilha no meio do braço de mar,
que a divide da terra firme, tão estreita,
unindo-se à terra tanto uma à outra
que parece que ambas estão arrependidas
de se dividirem algum tempo,
e agora desejam sumamente se abraçarem
outra vez e se darem as mãos.
Mas impede-lho a grande corrente
que ali levam as águas,
furtando-lhe as areias e os mais materiais
que ambas acarretam, para se unirem.
Com tudo ainda estão tão vizinhas
que quase, quando passam,
vão as embarcações batendo com as antenas
pela penedia e arvoredo,
que de uma e outra parte se derrama
Ilha de Santa Catarina, sobre as águas. 14
mapa de 1712

No século XVII são fundadas povoações estáveis em São Fran-


cisco, Desterro e Laguna, sendo que São Francisco já é paróquia desde
1665. Desterro, a atual Florianópolis, fundada em 1675(?) por Fran-
cisco Dias Velho, tornou-se paróquia só em 1713.
Em 1748 chegam os primeiros casais açorianos, que se estabelece-
ram especialmente na Ilha de Santa Catarina e vizinhanças, surgindo

14
Pe Inácio de Siqueira, SJ, em junho de 1635, segundo BESEN, José Artulino, na contracapa do
livro História de Nossa Senhora do Desterro, Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina,
IHGSC, Florianópolis, 2013.
33
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

logo as paróquias de
N. Sra. das Neces-
sidades (em Santo
Antônio de Lisboa) e
N.Sra. da Conceição
da Lagoa, em 1750,
além das paróquias
de Enseada do Brito,
São José da Terra
Firme e São Miguel.
Também em 1750 cri-
ou-se o Colégio dos
Matriz de Nossa Senhora de Desterro, iniciada em
1753, elevada a Catedral diocesana em 1908 Jesuítas no Desterro,
instituição infeliz-
mente interrompida pela expulsão dos Jesuítas sob Pombal, poucos
anos depois. Em 1753 começa-se a construção da nova Matriz de N.Sra.
do Desterro, tornada Catedral diocesana em 1908, e reformada e am-
pliada em 1922.
No planalto serrano, então sob a jurisdição de São Paulo, cria-se
em 1767 a freguesia ou paróquia de N.Sra. dos Prazeres das Lages,
pelos esforços de Antônio Corrêa Pinto. Na mesma década situa-se,
em Florianópolis, a criação da Irmandade do Senhor Bom Jesus dos
Passos (1765) e do Hospital de Caridade, graças aos esforços da Beata
Joana de Gusmão e do Irmão Joaquim do Livramento.
Data de 1801 a primeira proposta de uma diocese englobando
Rio Grande do Sul e Santa Catarina, idéia retomada em 1819, agora já
com a proposta de duas dioceses, uma sediada na cidade do Dester-
ro. Em todo caso, em 1824 é criado o Arciprestado de Santa Catarina,
abrangendo as freguesias do Desterro, Lagoa, Santo Antônio, Ribeirão,
São José, São Miguel e Enseada do Brito, cabendo ao pároco do Des-
terro o título de Arcipreste. O mais famoso deles é o Arcipreste Paiva,
também muito atuante na política, o qual exerceu esse cargo entre 1863
e 1869. Seu nome é conservado na rua que corre entre a Catedral e o
Palácio Cruz e Souza.
34
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

Em 1829 começa a colonização alemã em São Pedro de Alcân-


tara, seguindo-se Blumenau, Joinville e Brusque, na década entre 1850
e 1860. Os italianos chegaram em 1875, vindo com a primeira leva de-
les a menina Amábile Visentainer, futura Santa Paulina. Ela, em 1890,
com 25 anos de idade, deu início à sua obra de Fundadora, começando
um “hospitalzinho”, que foi o germe da Congregação das Irmãzinhas
da Imaculada Conceição.
Em 1845, jesuítas espanhóis estabelecem-se no Desterro, abrin-
do novamente um Colégio, o qual, porém, encerra suas atividades em
1853, por causa da epidemia de febre amarela que vitimou quase toda
a comunidade.
Em 1892, por decreto de Leão XIII, é criada a diocese de Curitiba,
à qual ficou pertencendo o nosso Estado, desmembrado da diocese do
Rio de Janeiro. Em Santa Catarina havia então 39 paróquias, das quais
22 não estavam providas de pároco. Com a Proclamação da República
dera-se o fim do Padroado e a separação entre Igreja e Estado, em 1890,
separação que privou a Igreja do amparo oficial mas ao mesmo tempo
deu-lhe muito mais liberdade de ação.
Em 1893, Florianópolis, ainda com o nome de Desterro, abrigou
líderes da revolta da Armada, logo presos e executados com simpa-
tizantes, na fortaleza de Anhato-mirim. No ano seguinte, o nome de
Desterro é mudado para Florianópolis, em homenagem ao Presidente
de então, Floriano Peixoto.
Em 1895 realiza-se a primeira Visita Pastoral do Bispo de Curitiba,
Dom José de Camargo Barros, ao nosso Estado. É Dom José quem nomeia
Pe. Topp, então vigário de Tubarão, para ser o pároco da Matriz de N.Sra.
do Desterro em Florianópolis, onde Pe. Topp permaneceu até 1925, sendo
um dos grandes promotores da criação do bispado de Florianópolis.
Do tempo do Pe. Topp data a fundação do Colégio Coração de
Jesus, das Irmãs da Divina Providência, em 1898, e do Colégio Cata-
rinense, dos Padres Jesuítas, em 1905. Desse mesmo ano data a Visita
Pastoral do segundo Bispo de Curitiba, Dom Duarte Leopoldo e Silva,
o qual, entre outras medidas, criou então o primeiro Santuário cata-
rinense, o Santuário Episcopal de N.Sra. de Azambuja, em Brusque.
35
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

2. A Diocese - Dom João Becker


Em 1908, pelos esforços de muitas
pessoas, coordenadas pelo Pe. Topp, dá-
se, por ato do papa São Pio X, a criação
da diocese de Florianópolis, abrangen-
do todo o Estado de Santa Catarina.
Nesse ano, o Estado todo, não incluindo
o planalto, contava com 41 paróquias, 9
curatos ou capelanias, e um Santuário.
Toda a parte do planalto e do oeste do
Estado, constituindo o “Contestado”,
só se definiu em 1916, passando oficial-
mente para a jurisdição de Florianópolis
em 1917.
Dom João Becker, Primeiro Bispo de Florianópolis
1908 - 1912
foi Dom João Becker, que aqui esteve
por apenas 4 anos, desenvolvendo intensa atividade pastoral, mar-
cada pelo incentivo às escolas paroquiais e a realização do primeiro
Sínodo diocesano. Seu interesse pela imprensa levou-o a criar a re-
vista diocesana, impressa, com o título “Resenha Eclesiástica”, que
perdurou até 1922.
Segundo Bispo de Florianópolis foi Dom Joaquim Domingues
de Oliveira, nomeado em 1914, e que aqui permaneceu por mais de
50 anos, recebendo em 1927 a dignidade de Arcebispo. Sua ação
pastoral foi marcada pelas Visitas Pastorais que o levaram a todos
os recantos do Estado, a começar da primeira Visita, já em 1914. Re-
alizou três Sínodos diocesanos: um em 1919, outro em 1925 e o ter-
ceiro em 1951; realizou ampla reforma da Catedral, inaugurando-a
em 1922, ano em que conseguiu da Santa Sé a oficialização de Santa
Catarina como Padroeira da Arquidiocese e do Estado e co-titular
da Catedral de N.Sra. do Desterro.
Em 1915, em Rodeio, surge nova Congregação religiosa em
36
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

Santa Catarina: as Irmãs Catequistas Franciscanas, erigidas canoni-


camente em 1935.

3. A Arquidiocese - Dom Joaquim


Em 1927, no dia 17 de janeiro, com a
bula Inter Praecipuas, do papa Pio XI, eram
criadas as dioceses de Joinville e de Lages,
desmembradas da diocese de Florianópolis,
elevada, a partir de então ao nível de Arqui-
diocese. No mesmo ano, Dom Joaquim, ago-
ra com o título de Arcebispo Metropolitano,
funda o Seminário Menor, iniciado em Flo-
rianópolis mas logo transferido para Azam-
buja, Brusque, confiando-o ao então Cura da
Catedral, Pe. Jaime de Barros Câmara, futuro
Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro.
A diocese de Joinville teve como pri-
Dom Joaquim D. de Oliveira, meiro Bispo Dom Pio de Freitas, CM. A
1914 - 1965 diocese de Lages, abrangendo 6 enormes
paróquias, com apenas 1 padre diocesano e 15 padres franciscanos, foi
confiada ao também franciscano Dom Daniel Hostin, OFM.
Em 1933, o oeste catarinense passou a integrar a Prelazia de Pal-
mas, até a criação da diocese de Chapecó em 1958.
Em 1939, no mês de maio, realizou-se com extraodinário brilho o
1º Congresso Eucarístico Estadual, comemorando o Jubileu de Prata da
sagração episcopal de Dom Joaquim. O Hino desse Congresso Eucarístico foi
composto por dona Edésia Aducci (letra) e Pe. Luiz Cordiolli (música).
Na década de 1940, houve grande florescimento das Congre-
gações Marianas em todo o Estado, graças ao entusiasmo e liderança
do jesuíta Pe. Emílio Dufner, SJ, que fundou e difundiu o apreciado
jornal católico “O Apóstolo”. Na década de 1950 foi a vez da Ação
Católica, florescente nos seus vários ramos.
37
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Em 1954 foi criada a diocese de Tubarão, no sul do Estado, con-


fiada ao bispo Dom Anselmo Pietrulla, OFM. Em 1957, Dom Joaquim
recebeu como auxiliar Dom Felício da Cunha Vasconcelos, OFM, que
veio com o título de Arcebispo Coadjutor e aqui permaneceu até 1965.
Em 1958 foi criada a diocese de Chapecó, desmembrada da
ex-prelazia de Palmas e voltando a integrar a Província Eclesiástica
de Santa Catarina. Seu primeiro Bispo foi Dom José Thurler. Nesse
mesmo ano realizou-se em Florianópolis o 2º Congresso Eucarístico
Estadual, comemorando os 50 anos de criação do bispado. As cele-
brações ao ar livre tiveram lugar no aterro da Baía Sul, que estava sen-
do iniciado na época. A letra do Hino deste 2º Congresso é de autoria
de Eduardo Mário Tavares, depois ordenado Diácono Permanente, e a
música é de Sebastião Vieira e Emanuel Peluso, músicos locais.
De 1962 a 1965 realizou-se em Roma o Concílio Ecumênico Vat-
icano II, de efeitos tão marcantes na vida da Igreja.
Em 1964 celebrou-se em toda a Arquidiocese o Jubileu de Ouro da
sagração episcopal de Dom Joaquim, cujo ponto alto foi a inauguração do
novo edifício do Seminário de Azambuja, cuja construção começara em
1957.

4. Dom Afonso
Em 1965, Dom Afonso Niehues,
desde 1959 Bispo Coadjutor de Lages,
foi nomeado Arcebispo Administrador
Apostólico, recebendo o título de Arce-
bispo Metropolitano aos 18.05.1967,
por motivo do falecimento de Dom
Joaquim.
De 1966 data a fundação da revis-
ta “Pastoral de Conjunto”, que durante
quase 30 anos registrou a caminhada
Dom Afonso Niehues,
pastoral da Arquidiocese. Dessa épo- 1965 - 1991
38
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

ca datam também os primeiros Planos de Pastoral, dentro do espíri-


to do Concílio.
Em 1968, no contexto latino-americano, realizou-se a Con-
ferência Episcopal de Medellin, na Colômbia, que assumiu oficial-
mente a opção pelos pobres. No mesmo ano, foram criadas duas
novas dioceses no Estado: Caçador, confiada ao Bispo Dom Orlan-
do Dotti, OFMCap, e Rio do Sul, cujo primeiro Bispo foi Dom Tito
Buss.
De 1970 data a criação do Regional Sul IV da CNBB, em Flori-
anópolis, em solenidade presidida por Dom Jaime de Barros Câmara,
Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro.
Em 1973 realizou-se a fundação do ITESC, Instituto Teológico de
Santa Catarina, cujo primeiro Diretor foi Pe. Paulo Bratti, falecido pre-
maturamente em 1982. Nestes mais de 40 anos de existência, o ITESC,
transformado em Faculdade Católica, FACASC, em 2011, já formou,
para a Igreja de Santa Catarina e de outros Estados, mais de 500 Pres-
bíteros. Em 1975 foi criada a diocese de Joaçaba, confiada ao Bispo
Dom Henrique Müller, OFM.
Em 1977, por ocasião dos 50 anos da Arquidiocese, e comemoran-
do essa data, foi publicado o livro A Igreja em Santa Catarina. Notas para
sua História, do Prof. Walter Piazza. No mesmo ano, integrando essas
comemorações, foi publicado o livro Azambuja, 100 anos de história, do
Pe. José Artulino Besen.
Novo passo na caminhada pós-conciliar representa a Conferên-
cia Episcopal e o Documento de Puebla, em 1979, reafirmando a opção
preferencial pelos pobres.
Em 1983, comemorando os 75 anos da criação do bispado
de Santa Catarina, realizou-se concorrida Concentração arqui-
diocesana no Estádio Orlando Scarpelli, com o slogan “A semente
cresceu na unidade”.

39
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

5. Dom Eusébio
O ano de 1991 foi marcado por
dois grandes acontecimentos: em
16.03, tomava posse o terceiro Arce-
bispo Metropolitano, Dom Eusébio
Oscar Scheid, SCJ, que recebeu o
báculo das mãos do Arcebispo an-
terior, Dom Afonso Niehues; e em
18.10, no aterro da Baía-Sul, deu-se a
beatificação de Madre Paulina, com a
presença especialíssima do papa João
Paulo II.
Dom Eusébio Oscar Scheid,
Em 1992, comemorando os 500
1991 - 2001
anos da “descoberta” da América, re-
alizou-se mais uma Conferência Episcopal latino-americana, que cul-
minou na publicação do Documento de Santo Domingo.
Em 1993 faleceu placidamente, em Brusque, Dom Afonso Nie-
hues, aos 79 anos de idade, e depois de mais de 25 anos como nosso
Arcebispo.
De 1996 data o primeiro número do novo órgão de comunicação
arquidiocesana: o Jornal da Arquidiocese.
De 1997 até o ano 2000 desenvolveu-se o Projeto Rumo ao
Novo Milênio, marcado pelas Concentrações populares anuais
no Estádio Orlando Scarpelli e por intensa atividade pastoral em
preparação e na celebração do Grande Jubileu: o ano 1997, dedica-
do ao Pai; o ano 1998, dedicado ao Filho; e o ano 1999, dedicado ao
Espírito Santo.
Entretanto, novas dioceses foram sendo criadas, ampliando o
quadro institucional de Igreja em Santa Catarina: a diocese de Criciú-
ma, criada em 1998 e confiada a Dom Antônio Paulo De Conto, e a
diocese de Blumenau, criada no ano 2000 e confiada a Dom Angélico
Sândalo Bernardino.

40
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

Promovendo a ministerialidade da Igreja, foi criada, no ano 2000,


a Escola dos Ministérios da Arquidiocese, a EMAR, com o objetivo de
formar e capacitar nossos novos ministros e ministras.

6. Dom Murilo
Em 2001 fomos surpreendidos
com a nomeação do nosso Arcebispo
Dom Eusébio para a Sé Metropolitana
de São Sebastião do Rio de Janeiro, da
qual ele tomou posse em 22.09. A par-
tir de então ficamos aguardando nosso
novo Arcebispo, enfim nomeado em
20.02 de 2002: Dom Murilo Sebastião
Ramos Krieger, SCJ, que tomou posse
oficial do seu cargo no dia 27.04.
Nesse ano jubilar de 2002, além
Dom Murilo S. R. Krieger,
de recebermos nosso novo Arcebispo,
2002 - 2011
tivemos a graça da canonização de
Santa Paulina em Roma, no dia 19.05. E no dia 30.05, por ocasião da
procissão de Corpus Christi, na Catedral, Dom Murilo anunciou oficial-
mente a escolha de Florianópolis como a sede do 15º Congresso Eu-
carístico Nacional, a ser realizado em 2006. O anúncio foi reiterado na
Concentração das “forças vivas” da Arquidiocese, no Ginásio do SESC,
em Florianópolis, no dia 25.08, ocasião em que se comemorou oficial-
mente a passagem dos 75 anos da Arquidiocese.
Em 2003, Dom Eusébio, já Arcebispo do Rio de Janeiro, foi cria-
do Cardeal da Santa Igreja Romana. A partir de 2005 começaram as
obras de restauração da Catedral, cuja estrutura inspirava cuidados.
As obras se protraíram por vários anos, seguindo critérios do Patrimô-
nio Histórico, critérios infelizmente mais museológicos que de uma Ig-
reja viva. Em 2006, de 18 a 21-5, realizou-se o 15º Congresso Eucarísti-
co Nacional, com a presença de grande parte do Episcopado brasileiro,
41
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Capela moderna, ecumênica, dedicada a Santa


Catarina, junto à sede do Tribunal de Justiça
do Estado. Em seu interior, desde 2001,
repousa uma relíquia da Santa, “ex óssibus”,
que o Governo do Estado solicitou do Mos-
teiro do Sinai e recebeu em 1999, perma-
necendo por dois anos na Igreja Ortodoxa.

42
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

tendo como lema: Vinde e vede, Ele está no meio de nós! O Hino, letra e
música, foi composto pelo Pe. Ney Brasil Pereira. As grandes concele-
brações foram feitas no Estádio Orlando Scarpelli. As Conferências e a
Adoração Eucarística, no “Centro Sul”.
Em 2007, diante da catedral de Tubarão, foi beatificada Albertina
Berkenbrock, martirizada em 1931, aos 12 anos de idade. A Bem-aven-
turada Albertina nasceu e viveu na localidade rural de São Luís, mu-
nicípio de São Martinho, em território então ainda pertencente à Ar-
quidiocese. Em 2008 foi devidamente comemorado o centenário de
criação da diocese de Florianópolis, por São Pio X. A diocese, naquele
início de século, abrangia todo o Estado. Lema escolhido e cantado:
De graça recebestes, de graça dai! Em 2009, em Joinville, houve a insta-
lação da “Católica” em Santa Catarina, isto é, a extensão da PUC de
Curitiba, PR, com dois campus: um em Joinville e um em Jaraguá. No
campus de Joinville, funciona, desde 2012, o curso do Bacharelado em
Teologia, que se acrescenta, assim, ao da FACASC em Florianópolis.
Em 2011, Dom Murilo foi transferido para a Sé Primacial de Salvador
da Bahia, tornando-se Arcebispo Primaz do Brasil.

7. Dom Wilson Jönck


Em 15-11 de 2011, iniciou seu
ministério como nosso Arcebispo Dom
Wilson Tadeu Jönck, SCJ, dehoniano,
como o foram seus antecessores ime-
diatos, Dom Murilo e Dom Eusébio.
Dom Wilson fora Bispo-Auxiliar do
Rio de Janeiro e, desde 2010, Bispo de
Tubarão, de onde foi transferido para
Florianópolis. No início de 2012 foi
credenciada pelo MEC a Faculdade
Católica de Santa Catarina, FACASC,
continuando a missão do ITESC, para a Dom Wilson Tadeu,
2011 - ...
43
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

formação teológica de nossos presbíteros e agentes de pastoral.


Em 2012, a Assembleia Arquidiocesana de Pastoral aprovou
o novo Plano de Pastoral, o 13º, com vigência por dez anos, até
2022. Em 2013, a arquidiocese foi movimentada pela peregrinação
da Cruz e do Ícone da Jornada Mundial da Juventude, que se real-
izou no Rio de Janeiro, em julho, com a presença do Papa Francisco.
Em 2014, a Arquidiocese recebeu nova organização pastoral: em
vez das antigas Comarcas, criaram-se as Foranias, com seus respec-
tivos Vigários Forânios, em número de treze. Também a ASA, Ação
Social Arquidiocesana, teve reformulada a organização, sendo sua
direção confiada a um Diácono Permanente. No mesmo ano, o Jornal
da Arquidiocese, criado em 1996, passou para nova direção, e procu-
rou-se dar mais eficiência e unidade aos vários meios de comunicação
da Arquidiocese.

44
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

45
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

7. Apêndice

a. HINO POPULAR
de
NOSSA SENHORA DO DESTERRO 15

1. Senhora do Desterro, eis vosso povo,


que vem saudar-vos, recorrer a vós:
Ó Mãe querida, com o vosso Filho,
vinde socorrer-nos, pois estamos sós!

Refrão: Depois deste desterro mostrai-nos Jesus,


Ó Mãe pura e clemente, na pátria da luz!

2. Fugindo para o Egito, para o desterro,


o imprevisível tínheis de enfrentar:
Ó Mãe querida, com o vosso Filho,
vossa Fé em Deus vinde nos inspirar!

3. Partir e deixar tudo, quanto nos custa!


Quanto custou-vos na noite partir!
Ó Mãe querida, com o voso Filho,
vinde acompanhar-nos na via a seguir!

Grupo escultural da Fuga para o Egito


- Nossa Senhora do Desterro -
de Demetz, na Catedral desde 1902

15
Composto pelo Pe. Ney Brasil em 1975, no 3º centenário da fundação de Desterro, Florianópolis
46
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

47
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

b. HINO POPULAR
do
SENHOR DOS PASSOS 16
1. Senhor, os vossos passos
queremos imitar.
Tirai nosso cansaço,
fazei-nos caminhar!
Refrão: Senhor dos Passos, Bom Jesus,
por nosso amor levando a Cruz,
Senhor Jesus, Senhor Jesus!
2. Dissestes no Evangelho:
Quem quer vir após mim
que tome a Cruz às costas,
caminhe até o fim!
3. A vós nós adoramos
porque, por vossa Cruz,
do mundo os crimes tantos
remistes, Bom Jesus!
4. Ao vosso encontro, aflita,
Maria caminhou,
bendita Mãe das Dores:
que exemplo nos deixou!
5. Quem vos seguir fielmente
na Cruz triunfará:
banhado em vosso Sangue,
também ressurgirá!

Imagem do Senhor Bom Jesus dos


Passos, venerada em
16
Composto pelo Pe. Ney Brasil, em 1999. Florianópolis, desde 1764
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PADRE NEY BRASIL PEREIRA

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SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Ícone de Santa Catarina, no Mosteiro do Sinai,


pelo pintor Jeremias, 1612

50
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

3ª PARTE

A FESTA
NOVENA, HINOS, ORAÇÕES E MISSA

DE

SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA


Virgem e Mártir

Padroeira da Arquidiocese de Florianópolis,


da Ilha e do Estado de Santa Catarina

25 de novembro

51
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

NOVENA
16 a 24 de novembro
Nota: O roteiro do 1º dia da Novena repete-se nos dias seguintes,
mudando-se apenas a Leitura Bíblica. Sugere-se fazê-lo no final da
Missa do dia, antes da Bênção.

NOVENA – PRIMEIRO DIA: 16-11

(1) Canto inicial


Refrão: Santa Catarina, Santa Padroeira,
escutai os rogos desta Ilha (terra) inteira!
Inspirai Justiça que assegure a Paz,
alcançai as bênçãos que o Senhor nos traz!

1. Santa Virgem-Mártir, sois chamada “A Pura”,


dai reinar, nos lares, / respeito e ternura!
2. Santa Virgem-Mártir, fostes sábia outrora:
que o saber divino / não nos falte agora!
3. Santa Virgem-Mártir, pela Fé morrestes:
dai sejamos firmes / na Fé que vivestes!

(2) Invitatório
Refrão: Vinde, ó Deus, em nosso auxílio /
socorrei-nos, por Santa Catarina!

Sl 94(95): 1. Vinde, exultemos de alegria no Senhor, /


aclamemos o Rochedo que nos salva! Refrão
2. Ao seu encontro caminhemos com louvores, /
e com cantos de alegria o celebremos! Refrão

52
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

3. Na verdade, o Senhor é o grande Deus, /


o grande Rei, muito maior que os deuses todos. Refrão
4. Tem nas mãos as profundezas dos abismos, /
E as alturas das montanhas lhe pertencem! Refrão
5. O mar é dele, pois foi Ele quem o fez, /
E a nossa Ilha, suas mãos a modelaram. Refrão
6. Dele, as praias, os mangues, as baías, /
As brancas nuvens e o verde das colinas. Refrão
7. Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra, /
e ajoelhemos ante o Deus que nos criou! Refrão
8. Nós somos o seu povo e seu rebanho, /
as ovelhas que conduz com sua mão. Refrão

(3) Leitura bíblica: Do livro do Êxodo (Ex 19,1-5)


No mosteiro do Sinai, o túmulo de Santa Catarina

No terceiro mês depois da saída do Egito, nesse mesmo dia, os is-


raelitas chegaram ao deserto do Sinai. Partindo de Rafidim, chegaram ao
deserto do Sinai, onde acamparam. Israel acampou ali, diante da mon-
tanha, enquanto Moisés subiu ao encontro com Deus. O Senhor o chamou
do alto da montanha e lhe disse: “Assim deverás falar à casa de Jacó e
anunciar aos israelitas: Vistes o que fiz aos egípcios, e como vos levei sobre
asas de águia e vos trouxe a mim. Agora, se realmente ouvirdes minha
voz e guardardes a minha Aliança, sereis para mim a porção escolhida
entre todos os povos”. Palavra do Senhor. Graças a Deus. Breve silêncio,
meditação.

(4) Ladainha de Santa Catarina (se possível, cantada)


Senhor, tende piedade de nós (bis) /
Cristo, tende piedade de nós (bis) /
Senhor, tende piedade de nós (bis)
Pai do céu, que sois Deus, tende piedade... /
Filho, Redentor do mundo, que sois Deus, tende... /
Espírito Santo, que sois Deus, tende... /
53
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende...


Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós /
São José, esposo de Maria, rogai....
Santa Catarina de Alexandria, rogai...
Santa Catarina, Virgem e Mártir, rogai...
Santa Catarina, inflamada do amor de Jesus Cristo, rogai...
Santa Catarina, Discípula sábia e fiel, rogai...
Santa Catarina, Virgem forte na fé, rogai...
Santa Catarina, Virgem forte na esperança, rogai....
Santa Catarina, Virgem fervorosa na caridade, rogai...
Santa Catarina, defensora corajosa da Verdade, rogai...
Santa Catarina, vencedora dos tormentos do martírio, rogai...
Santa Catarina, transportada pelos anjos ao monte Sinai, rogai...
Santa Catarina, nosso Modelo e nossa Advogada, rogai...
Santa Catarina, nosso auxílio em nossas necessidades, rogai...
Santa Catarina, nossa poderosa Padroeira, rogai...
Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais.... ouvi-nos, Senhor
Cordeiro de Deus, que tirais... tende piedade de nós
Rogai por nós, Santa Catarina de Alexandria, para que sejamos
dignos das promessas de Cristo.
Oremos: Ó Deus de poder e misericórdia, admirável nos vossos
Santos e Santas, que destes a Santa Catarina de Alexandria os dons
da Sabedoria na proclamação da fé e da Fortaleza nos tormentos do
seu martírio, concedei a nós, seus devotos, que temos o privilégio
de ostentar o nome de “catarinenses”, a graça de ser dignos de tão
grande Padroeira, e de poder contar, sempre, com a sua poderosa in-
tercessão. É o que vos pedimos por Jesus Cristo, vosso Filho e nosso
Senhor, na unidade do Espírito Santo.

(5) Proposta / compromisso do dia

(6) Canto: 1. Nossa Igreja peregrina, sempre unida à Santa Sé,


no Evangelho se ilumina, para as lutas pela Fé. (bis)
54
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

Refrão: Virgem Mártir, Flor divina, / que morrestes pela Cruz,


Salve, Santa Catarina, seguidora de Jesus! (bis)
2. Como nossa Protetora, seguiremos com ardor
A doutrina salvadora / de Jesus, nosso Senhor! (bis)
3. Toma, ó Santa, ao teu cuidado, implorando bênçãos mil,
Não somente o nosso Estado, mas também todo o Brasil! (bis)

NOVENA – SEGUNDO DIA: 17-11

(3) Leitura Bíblica: Livro do Êxodo (Ex 19,6-8)


O Sinai, local da Aliança
Disse o Senhor a Moisés, no monte Sinai: “Assim falarás aos isra-
elitas: ‘Em verdade, toda a terra é minha. Mas vós sereis para mim um
reino de sacerdotes e uma nação santa’. São essas as palavras que dirás
aos israelitas”. Moisés desceu e convocou os anciãos do povo, para
lhes expor tudo o que o Senhor lhe havia ordenado. O povo inteiro re-
spondeu a uma só voz: “Faremos tudo quanto o Senhor falou”. Moisés
voltou ao monte e transmitiu a Deus a resposta do povo. Palavra do
Senhor. Graças a Deus. Breve silêncio, meditação.

NOVENA – TERCEIRO DIA: 18-11

(3) Leitura Bíblica: Livro do Êxodo (Ex 24,4-8)


O Sinai, fidelidade à Aliança
Levantando-se na manhã seguinte, Moisés ergueu ao pé da
montanha um altar e doze colunas sagradas segundo as doze tribos
de Israel. Em seguida mandou alguns jovens israelitas oferecer holo-
caustos e imolar novilhos como sacrifícios de comunhão ao Senhor.
Moisés pegou a metade do sangue, colocou-o em vasilhas e derramou a
outra metade sobre o altar. Tomou depois o livro da Aliança e o leu em
voz alta ao povo, que respondeu: “Faremos tudo o que o Senhor falou
e obedeceremos”. Moisés pegou então o sangue, aspergiu com ele o
povo, e disse: “Este é o sangue da aliança que o Senhor fez convosco,
55
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

referente a todas essas cláusulas”. Palavra do Senhor. Graças a Deus.


Breve silêncio, meditação.

NOVENA – QUARTO DIA: 19-11

(3) Leitura Bíblica: Profecia de Isaías (Is 2,2-4)


A paz, sob a guia do Senhor, não mais a guerra!
Em dias vindouros, acontecerá que o monte da Casa do Senhor
vai avultar por cima das montanhas, dominará sobre as colinas, e para
ele afluirão todos os povos. As nações virão em multidão, dizendo:
“Subamos ao monte do Senhor, à Casa do Deus de Jacó! Ele nos en-
sinará os seus caminhos, e nós trilharemos as suas veredas!” Então,
Ele será o árbitro das nações, o juiz entre todos os povos. E estes con-
verterão suas espadas em relhas de arado, e suas lanças em foices de
colheita. Uma nação não se levantará mais contra a outra e não se ade-
strarão mais para a guerra. Palavra do Senhor. Graças a Deus. Breve
silêncio, meditação.

NOVENA – QUINTO DIA: 20-11

(3) Leitura Bíblica: Livro da Sabedoria (Sb 9,1-3.9-10)


Pedir a Sabedoria, como Santa Catarina
Oração de Salomão: “Ó Deus de meus pais e Senhor de misericór-
dia, que tudo fizeste com a tua Palavra, e com tua Sabedoria criaste o
ser humano para dominar as criaturas que fizeste, para governar o
mundo com santidade e justiça, e exercer o julgamento com retidão
do coração! Contigo está a Sabedoria que conhece as tuas obras e que
estava presente quando fazias o mundo; ela sabe o que é agradável aos
teus olhos e o que é correto conforme os teus preceitos. Manda-a dos
teus sagrados céus e faze que ela venha do teu Trono glorioso, para
que me acompanhe e trabalhe comigo, e eu saiba o que é agradável di-
ante de ti”. Palavra do Senhor. Graças a Deus. Breve silêncio, meditação.

56
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

NOVENA – SEXTO DIA: 21-11

(3) Leitura Bíblica: Carta aos hebreus (Hb 12,1-3)


Correr ao combate, como Jesus
Caríssimos: Com tamanha nuvem de testemunhas em torno de
nós, deixemos de lado tudo o que nos atrapalha, e o pecado que nos
envolve. Corramos com perseverança na competição que nos é pro-
posta, com os olhos fixos em Jesus, que vai à frente da nossa fé e a leva
à perfeição. Em vista da alegria que O esperava, suportou a Cruz, não
se importando com a infâmia, e assentou-se à direita do trono de Deus.
Pensai, pois, naquele que enfrentou uma tal oposição por parte dos
pecadores, para que não vos deixeis abater pelo desânimo. Palavra do
Senhor. Graças a Deus. Breve silêncio, meditação.

NOVENA – SÉTIMO DIA: 22-11

(3) Leitura Bíblica: Primeira carta de João (1Jo 5,1-4)


Vitória da Fé sobre o mundo
Caríssimos: Todo aquele que crê que Jesus é o Messias, foi gera-
do por Deus. E quem ama Aquele que gerou, amará também Aquele
que dele foi gerado. Mas este é o nosso critério para saber que ama-
mos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e guardamos os seus
mandamentos. Pois amar a Deus consiste nisto: em guardar os seus
mandamentos. Ora, os seus mandamentos não são pesados, pois todo
o que foi gerado de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que venceu
o mundo: a nossa fé. Palavra do Senhor. Graças a Deus. Breve silêncio,
meditação.

NOVENA – OITAVO DIA: 23-11

(3) Leitura Bíblica: Carta aos romanos (Rm 8,35-39)


Triunfo da Mártir
Caríssimos: Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação,
angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada? [...] Mas, em tudo
57
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

isso, nós somos mais que vencedores, graças Àquele que nos amou.
Tenho certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potências, nem as
alturas, nem as profundezas, nem qualquer outra criatura será capaz de
nos separar do amor de Deus, que nos foi revelado no Cristo Jesus, nos-
so Senhor! Palavra do Senhor. Graças a Deus. Breve silêncio, meditação.

NOVENA – NONO DIA: 24-11

(3) Leitura Bíblica: Livro do Apocalipse (Ap 21,1-5)


Novo céu e nova terra
Eu vi então um novo céu e uma nova terra. Pois o primeiro céu
e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade
santa, a nova Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus, vestida
como noiva enfeitada para o seu Esposo. Então, ouvi uma voz forte
que saía do Trono e dizia: “Esta é a morada de Deus-com-os-homens.
Ele vai morar junto deles. Eles serão os seus povos, e o próprio Deus-
com-eles será o seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos seus oilhos.
A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor,
porque as coisas antigas passaram”. E Aquele que está sentado no tro-
no, disse:”!Eis que eu faço novas todas as coisas!”

58
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

MISSA DA FESTA DE
SANTA CATARINA
1. INTRODUÇÃO

A data de 25 de novembro assinala, com a festa de Santa Catarina,


o dia do “batismo” definitivo de nossa Ilha, atribuído ao navegante ita-
liano a serviço da Espanha, Sebastião Caboto, em 1526. O nome “Santa
Catarina” estendeu-se logo à Capitania, depois Província e finalmente Es-
tado de Santa Catarina, mas foi só em 26 de julho de 1922 que a Santa Sé, a
pedido de Dom Joaquim Domingues de Oliveira, então bispo diocesano,
declarou a Mártir de Alexandria oficialmente Padroeira da então diocese
de Florianópolis, que se estendia por todo o Estado catarinense. Ao mes-
mo tempo, Santa Catarina era declarada co-Titular da Catedral de Nossa
Senhora do Desterro, sendo sua bela imagem colocada na posição de hon-
ra que desde então ocupa sobre o altar-mor.
Pouco sabemos, em concreto, da vida da Padroeira, a quem a
tradição atribuiu extraordinária cultura, tornando-a patrona também
dos estudantes, especialmente dos filósofos. Ainda os motoristas, por
causa da roda partida do seu suplício, a invocam como protetora. Suas
relíquias, localizadas pela tradição no monte Sinai, situado no Egito,
na península do mesmo nome (cf a primeira oração da Missa), conser-
vam-se em precioso sarcófago situado na ábside da basílica do mos-
teiro que leva seu nome, ao pé da montanha do Decálogo.
O que é historicamente certo é que seu culto avassalou a Idade Média
cristã, refletindo-se nas inúmeras telas que os mais famosos pintores lhe
dedicaram e, mais que nas telas, nas inúmeras Catarinas que procuraram
imitar-lhe a santidade: Catarina de Gênova, Catarina de Cortona, Catari-
na de Bolonha, Catarina da Suécia, Catarina Labouré e, mais que todas,
59
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Catarina de Siena, a famosa Santa italiana que tanta influência exerceu na


história da Igreja e de sua pátria na segunda metade do século XIV.
O nome “Catarina” é em si um programa de vida: “a Pura”. E seu título
de Mártir, isto é, “testemunha”, confessora da Fé, confirma a atualidade do
seu exemplo. Que a sua intercessão, nesta Arquidiocese e neste Estado que
lhe perpetua o nome, se faça poderosamente sentir em nosso favor.

2. HINO DE SANTA CATARINA


Hino oficial da Arquidiocese de Florianópolis

1. Nossa Igreja peregrina,


sempre unida à Santa Sé,
/: no Evangelho se ilumina
para as lutas pela Fé! :/

Estribilho: Virgem-Mártir, flor divina,


que morreste pela Cruz,
/: Salve, Santa Catarina,
seguidora de Jesus! :/

2. Como nossa Protetora,


seguiremos com amor
/: a doutrina salvadora
de Jesus, nosso Senhor!:/

3. Do Estado a Igreja inteira


uma prece ardente faz,
/: suplicando à Padroeira
que lhe dê justiça e paz! :/

4. Toma, ó Santa, ao teu cuidado,


implorando bênçãos mil,
/: não somente o nosso Estado,
mas também todo o Brasil! :/
60
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

61
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

3. RITOS INICIAIS

a. Antífona de Entrada 17 (do Comum de um/a Mártir)


Esta Santa lutou até a morte, pela Lei do seu Deus,
/: e não temeu as ameaças dos ímpios,
pois se apoiava numa Rocha inabalável! :/
1. Vede, Eu vos envio como ovelhas / para o meio de lobos:
Sede prudentes como as serpentes / e simples como as pom-
bas! (Mt 10,16)
2. Por minha causa sereis levados / diante de governadores e de reis:
De modo que dareis testemunho / diante deles e dos pagãos!
(Mt 10,18)
3. Não tenhais medo daqueles que matam o corpo / mas não
podem matar a alma:
Pelo contrário, temei Aquele / que pode lançar a alma e o cor-
po no inferno! (Mt 10,28)
4. Todo aquele que se declarar por mim / diante dos outros,
Também eu me declararei por ele / diante do meu Pai que está
nos céus! (Mt 10,32)
5. Quem quiser salvar a sua vida / a perderá;
Mas quem perder a sua vida por causa de mim / a encontrará!
(Mt 10,39)

b. Ato penitencial (motivação a cargo de quem preside)


Pedindo perdão de nossos pecados por pensamentos, palavras,
atos, e por nossas omissões, rezemos:

- Senhor, que nos encorajais com o exemplo e nos ajudais com a inter-
cessão de vossos Santos, tende piedade de nós!
Senhor, tende piedade de nós!

- Cristo, que hoje como ontem fortaleceis os vossos mártires, tende pie-
dade de nós!
17
Ver partitura na pág. 73
62
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

Cristo, tende piedade de nós!

- Senhor, que sois o nosso Caminho e o nosso único Mediador junto ao


Pai, tende piedade de nós!
Senhor, tende piedade de nós!

c. Hino de louvor

d. Oração
Ó Deus, que no alto do monte Sinai destes a Lei a Moisés, e para
o mesmo lugar fizestes maravilhosamente transportar o corpo de San-
ta Catarina, Virgem e Mártir, concedei, vos pedimos, que por seus
méritos e por sua intercessão, possamos nós também subir ao monte
santo que é o Cristo, vosso Filho, que, sendo Deus, convosco vive na
unidade do Espírito Santo. Amém.

4. LITURGIA DA PALAVRA

a. Primeira Leitura
(Livro do Êxodo, capítulo 19, versículos 1 a 8: a Aliança de Deus com o
seu povo, no monte Sinai)
Leitura do Livro do Êxodo. No terceiro mês depois da sua saí-
da do Egito, os israelitas entraram no deserto do Sinai. Tendo partido
de Rafidim, chegaram ao
deserto do Sinai, onde aca-
mparam. Ali se estabeleceu
Israel, em frente ao monte.
Moisés subiu para Deus, e o
Senhor o chamou do alto da
montanha, nestes termos:
Eis o que dirás à família de
Jacó, eis o que anunciarás aos
O corpo de Santa Catarina transportado
filhos de Israel: Vistes o que fiz pelos Anjos, ícone do Mosteiro, séc. XVI
63
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

aos egípcios, e como vos tenho trazido sobre asas de águia para junto de mim.
Agora, pois, se obedecerdes à minha voz, e guardardes a minha Aliança, sereis
o meu povo predileto entre todos os povos. Toda a terra é minha, mas vós
sereis para mim um reino de sacerdotes e uma nação consagrada. Tais são as
palavras que dirás aos israelitas.
Veio Moisés, e convocando os anciãos do povo, comuni-
cou-lhes as palavras que o Senhor lhe ordenara repetir. E todo o
povo respondeu a uma voz: “Faremos tudo o que o Senhor nos
diz!”. Palavra do Senhor.

b. Salmo Responsorial 18 (Isaías 2,2-4)

Refrão: Vinde, subamos ao monte do Senhor!

1. Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor / vai


avultar por cima das montanhas, // o monte do Senhor dominará
sobre as colinas / e para ele afluirão todos os povos. Refrão
2. As nações virão em multidão, dizendo: / “Subamos ao monte do Sen-
hor, à Casa do Deus de Jacó! // Ele nos ensinará os seus caminhos / e
nós trilharemos as suas veredas! Refrão
3. Ele será o árbitro das nações, / o juiz entre muitos povos. // E estes
converterão suas espadas em relhas de arado / e suas lanças em foices
de colheita. Refrão
4. Uma nação não levantará mais a espada contra a outra / e não se
adestrarão mais para a guerra. // Vinde, ó casa de Jacó, / caminhemos
à luz do Senhor! Refrão

c. Segunda Leitura
(Primeira Carta de São Pedro, capítulo 1º, versículos 3 a 9: Manter
acesa a esperança e estar prontos a suportar as provas a que está exposta
a nossa fé)

Leitura da Primeira Carta de São Pedro. Irmãos e Irmãs, bendito


18
Ver partitura na pág. 74
64
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

seja Deus, o Pai de Nosso Senhor Jesus


Cristo! Na sua grande misericórdia,
Ele nos fez renascer pela ressurreição
de Jesus Cristo dentre os mortos, para
uma viva esperança, incorruptível,
incontaminável e imarcescível, reser-
vada no céu para vós: para vós, que
sois guardados pelo poder de Deus,
por causa da vossa fé, para a salvação
que está pronta a se manifestar nos úl-
timos tempos.
É isto o que constitui a vossa
alegria, apesar das aflições passageiras
a vos serem causadas ainda por diver-
sas provações, para que a prova a que
está submetida a vossa fé – mais pre-
Santa Catarina com cenas do seu
ciosa que o ouro corruptível, o qual,
martírio, ícone do Mosteiro do
entretanto, não deixamos de provar Sinai, séc. XIII
ao fogo – redunde para vosso louvor,
para vossa honra e vossa glória, quando Jesus Cristo se manifestar.
Este Jesus, vós o amais, sem o terdes visto; nele credes, sem o
verdes ainda; e isto para vós é fonte de uma alegria inenarrável e glo-
riosa, porque estais certos de obter, como prêmio de vossa fé, a vossa
salvação. Palavra do Senhor.

d. Aclamação ao Evangelho
Aleluia, Aleluia, Aleluia! Eis que chega o Esposo! Preparai as
lâmpadas e saí ao encontro do Cristo Senhor! Aleluia, Aleluia, Aleluia!

e. Evangelho
(Evangelho segundo Mateus, capítulo 25, versículos 1 a 13: as virgens
prudentes estavam preparadas para receber o Esposo, ao chegar este inespera-
damente, altas horas da noite)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
65
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos esta parábola: O


Reino dos céus é semelhante a dez virgens, que saíram com suas lâm-
padas ao encontro do Esposo. Cinco dentre elas eram tolas, e cinco,
prudentes. Tomando suas lâmpadas, as tolas não levaram azeite con-
sigo. As prudentes, porém, levaram de reserva o azeite, junto com as
lâmpadas. Tardando o Esposo, cochilaram todas e adormeceram.
No meio da noite, de repente, ouviu-se o anúncio: O Esposo está
chegando! Ide ao seu encontro! E todas aquelas virgens levantaram-se,
e prepararam as suas lâmpadas. Disseram então as tolas às prudentes:
Daí-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagan-
do! Mas as prudentes responderam: Não temos suficiente para nós e
para vós; ide, antes, aos negociantes, e comprai-o para vós! Ora, en-
quanto elas foram comprar, o Esposo chegou. E as que estavam prepa-
radas entraram com Ele para a sala das bodas. E foi fechada a porta.
Pouco depois, chegaram também as outras virgens e começaram
a clamar: Senhor, Senhor, abre para nós! Mas Ele respondeu: Em ver-
dade vos digo: Não vos conheço! Vigiai, pois, porque não sabeis o dia
nem a hora! Palavra da Salvação.

f. Profissão de Fé

g. Oração da Comunidade

Celebrando a festa de Santa Catarina, Padroeira da Arquidio-


cese e do Estado, apresentemos a Deus, por sua intercessão, os nossos
pedidos:

1. Por toda a Igreja, da qual a Igreja particular de Florianópolis


é parte integrante, para que seja, para todos, Sinal visível da salvação,
rezemos: Senhor, escutai a nossa prece!

2. Pelo Papa e pelos Bispos, especialmente por nosso Arcebispo


Dom Wilson, para que sejam pastores inteiramente dedicados ao seu
rebanho, a exemplo de Jesus Cristo, o Supremo Pastor, rezemos:
66
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

Senhor, escutai a nossa prece!

3. Por esta Arquidiocese de Florianópolis, para que seus Padres


e Diáconos, seus seminaristas, seus consagrados e consagradas, e seus
movimentos de leigos, adultos e jovens, assumam cada um a parte que
lhe cabe no processo de tornar sempre maior realidade, para os irmãos
e irmãs catarinenses, a libertação que o Cristo nos trouxe, rezemos:
Senhor, escutai a nossa prece!

4. Pelo Estado de Santa Catarina e por seu Governo, tanto no


poder executivo como no legislativo e no judiciário, para que propi-
cie ao povo catarinense, especialmente aos setores menos favorecidos,
aquele desenvolvimento integral que é o anseio de todos, rezemos:
Senhor, escutai a nossa prece!

5. Por cada um de nós, catarinenses, para que o exemplo de fé


atuante e corajosa de nossa Padroeira nos inspire, e sua intercessão se
faça sentir a nosso favor, em nossos lares e em nossas comunidades,
rezemos:
Senhor, escutai a nossa prece!

6. Pelos nossos falecidos, e por todos os que, ao longo das ger-


ações, construíram a história do nosso Estado, para que estejam na paz
e na luz de Deus, rezemos:
Senhor escutai a nossa prece!

Oremos: Ó Deus, que nos concedeis a alegria de festejar a Santa


que deu o nome ao nosso Estado e à nossa gente, ouvi
com bondade estes nossos pedidos. É com toda a confi-
ança em sua intercessão que nós vo-los apresentamos,
por Cristo, nosso Senhor.

67
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

5. LITURGIA EUCARÍSTICA

a. Canto da apresentação das oferendas 19

Refrão: /: Ninguém tem maior amor


do que aquele que dá a própria vida! :/ (Jo 15,13)
1. Sereis os meus amigos, se fizerdes o que vos mando:
O meu Mandamento é que vos ameis uns aos outros! (Jo 15,14-17)
2. Se o mundo vos odeia, sabei todos: odiou a mim!
Se fosseis do mundo, o mundo amaria o que é seu! (Jo 15,16-19)
3. Não é maior o servo, do que aquele que é o Senhor:
Se a mim perseguiram, perseguirão também a vós, também! (Jo 15,20)
4. Porém, quando vier o Defensor de junto do Pai,
De Mim testemunho Ele dará, e vós também dareis! (Jo 15,26-27)
5. A vós disse estas coisas, para que em mim tenhais paz:
No mundo tereis tribulações, venci o mundo! (Jo 16,33)
6. Agora sentis medo, mas Eu vos verei novamente:
Ninguém poderá então vos tirar vossa alegria! (Jo 16,22)

b. Oração sobre as Oferendas


Acolhei, ó Deus, estes dons que vos apresentamos na festividade
de Santa Catarina, Virgem e Mártir, em quem proclamamos as vossas
maravilhas. Concedei-nos, a seu exemplo e por sua intercessão, que
possamos manter acesa, em nossos corações, a chama do vosso amor.
Por Cristo, nosso Senhor.

c. Prefácio
O Senhor esteja convosco! Ele está no meio de nós!
Corações ao alto! O nosso coração está em Deus!
Demos graças ao Senhor, nosso Deus!
É nosso dever e nossa salvação!
19
Ver partitura na pág. 74
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PADRE NEY BRASIL PEREIRA

Na verdade, ó Pai, Deus


eterno e todo-poderoso, é nos-
so dever dar-vos graças, é nos-
sa salvação dar-vos glória, em
todo tempo e lugar. Pela Vir-
gem e Mártir CATARINA,
que confessou o vosso Nome
e derramou seu sangue como
o Cristo, manifestais as mara-
vilhas do vosso poder. E assim,
sustentando a fragilidade hu-
mana, nos dais coragem para o
nosso testemunho, por Cristo,
Senhor nosso. Por Ele, os coros
dos Anjos e a imensa multidão
dos Santos entoam um hino
à vossa glória. Concedei-nos,
também a nós, associar-nos aos
seus louvores, cantando a uma
só voz: Santo, Santo, Santo... Santa Catarina, afresco policromo do séc.
VIII, na Basílica de São Lourenço em Roma

d. Oração Eucarística

e. Canto da Comunhão

Estribilho: Quem nos separará, quem vai nos separar 17


do amor de Cristo, quem nos separará?
Se Ele é por nós, quem será, quem será contra nós?
Quem vai nos separar do amor de Cristo, quem será?(cf Rm 8,38)

1. Nem a espada, ou perigo, nem os erros do meu irmão,


e nenhuma das criaturas, nem a condenação!

17
Texto e música de Pe. Valmir Silva
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SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

2. Nem a vida, nem a morte, nem tampouco a perseguição,


Nem passado, nem o presente, o futuro e a opressão!
3. Nem alturas, ou abismos, nem tampouco a perseguição,
Nem a angústia, a dor e a fome, nem também a tribulação!

f. Oração após a Comunhão


Experimentamos, ó Deus, alegrias profundas ao participarmos
deste Sacramento na solenidade de Santa Catarina, nossa Padroeira.
Como a coroastes com a dupla vitória da virgindade e do martírio, as-
sim concedei-nos, por sua intercessão, vencer corajosamente o mal que
nos cerca e participar com entusiasmo na construção do vosso Reino.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

6. ORAÇÃO
a
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA
Santa Catarina, a quem a Igreja honra com os títulos gloriosos
de Virgem e Mártir, e cujo exemplo inspirou tantas heroínas e santas
que, no decurso da história, trouxeram o vosso nome, escutai a nossa
súplica.
A vós recorremos, confiantes no poder da vossa intercessão junto
a Cristo, nosso único Salvador e Mediador junto ao Pai. É por Ele que
somos salvos, é por Ele que somos ouvidos quando rezamos, é por Ele
que recebemos quando pedimos. Na certeza, porém, de estardes mais
próxima dele que nós, e confiantes na realidade da comunhão-dos-san-
tos, que a todos nos une, é com grande confiança que a vós nos dirigi-
mos.
Inspirai-nos, em nossa fé, a mesma firmeza que vos levou a ar-
rostar os sofrimentos e a própria morte, em sua defesa e testemunho.
Inspirai-nos, nas coisas divinas e humanas, a sabedoria que vos fez su-
70
PADRE NEY BRASIL PEREIRA

perar as argumentações dos sábios deste mundo. Inspirai-nos a pure-


za, vós, cujo nome nos lembra esse mandamento e essa virtude, tão
necessários em nossa sociedade permissiva.
Padroeira desta Ilha e deste Estado que trazem o vosso nome,
exercei em nosso favor o vosso padroado: sede a nossa Intercessora,
a nossa Advogada, o exemplo de fé e de virtude que estimule a nossa
mocidade e todo o povo catarinense, que inspire governantes e gov-
ernados a construírem, de mãos dadas, uma sociedade sempre mais
fraterna e humana, onde todos possam sentir-se felizes no gozo da paz,
a paz que é “fruto da justiça” (Is 32,17).
Intercedei por nós, rogai por todos os que recorrem ao vosso pa-
trocínio, à vossa intercessão, na certeza de sermos atendidos por Jesus
Cristo, nosso Senhor, que é o nosso Mediador junto ao Pai, a quem seja
dada a glória para sempre, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Santa Catarina de Alexandria, rogai por nós!

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SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

7. HINO POPULAR
a
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA
Padroeira da Arquidiocese de Florianópolis,
e da Ilha e do Estado de Santa Catarina
Refrão: Santa Catarina, Santa Padroeira,
Escutai os rogos desta Ilha inteira.
Inspirai Justiça, que assegure a Paz,
Alcançai as bênçãos que o Senhor nos traz!
1. Santa Virgem-Mártir, sois chamada “a Pura”,
dai reinar, nos lares, respeito e ternura!
2. Santa Virgem-Mártir, fostes sábia outrora,
que o Saber divino não nos falte agora!

3. Santa Virgem-Mártir, pela Fé morrestes,


Conservai-nos, firmes, na Fé que vivestes!

Catedral de Florianópolis - detalhe


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SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

BELA SANTA CATARINA


Um hino para o Estado 17
Pe. Ney Brasil Pereira
1. Cantemos, em versos de rimas e cores,
num Hino, que suba a um céu sempre azul,
a terra querida dos nossos amores,
o Estado [mais belo] pioneiro 18, das plagas do Sul.

refrão: Bela Santa Catarina / vales, serras, ilhas, mar,


teu amor nos ilumina, / faz o coração cantar!
Somos nós, catarinenses, / deste Estado cidadãos:
nossa fibra tudo vence, / no Brasil, todos, irmãos!

2. A terra, tão bela, melhor não terias,


demonstra que a vida aqui palpitou:
É nobre lareira, a unir as etnias
e, com o trabalho [e o empenho], mais vida gerou.

3. Na história passada, a fé e o denodo


de Anita e do Monge 19, que glórias nos traz,
com as lutas travadas garantem a todos
justiça [amor] e partilha, penhores da Paz 20!

4. De três cores, linda, a nossa Bandeira 21,


tremula, garbosa, ostentando o brasão:
com a estrela fulgente e a águia altaneira,
fanal de esperança [nas lides], de glória é pendão!

17
Com as sílabas acrescentadas entre colchetes, no último verso de cada estrofe, o texto se adapta
perfeitamente à melodia do Hino Oficial do Estado, de autoria de José Brasilício de Souza.
18
“Estado pioneiro”, porque historicamente o primeiro dos Estados do Sul: Santa Catarina, cria-
da como Província em 1738, antes do Rio Grande do Sul e do Paraná (este, só em 1853).
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19
Anita Garibaldi, a nossa heroína “dos dois mundos”, nascida em Laguna e falecida na Itália,
em 1849, acompanhou o marido nas lutas da “República Juliana” e da unificação italiana. E
“o Monge”, figura-simbolo das lutas do Contestado, no meio Oeste catarinense, culminadas na
guerra civil de 1912-1916.
20
Segundo o profeta Isaías: O fruto da justiça é a paz (Is 32,17)
21
Oficializada em 1953 com a forma atual, que substituiu a primeira bandeira, de 1895, incluindo
o Brasão, desenhado por Lucas Alexandre Boiteux.
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