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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

Tópicos Especiais em Antropologia VII – Feminismos Negros Semestre: 2022.1


Professora: Alexandra Eliza Vieira Alencar
Aluno: Angelo Augusto de Menezes Freire Matrícula: 1801306
Ensaio Final
A Ética do Cuidado e O Auto Cuidado Como Estratégia Coletiva

Introdução

O presente trabalho tem por objetivo fazer uma breve trajetórias desde as

éticas tradicionais em face da ética feminista, passando pela ética do cuidado e

culminando com a problemática do cuidado colonial, com a apresentação com

alguns pontos que chamaram-me a atenção e que considero de relevância.

Alguns dos tópicos aqui apresentados foram objeto de estudo nas disciplinas

Introdução à Ética e Psicologia da Educação.

Ética feminista x éticas tradicionais

A ética feminista é uma tentativa de revisar, reformular e repensar

elementos tradicionais da ética ao se refletir sobre a forma com a mesma é

formulada, depreciando e desvalorizando as experiências morais das mulheres,

que deveriam também ser consideradas. A filósofa Alison Jaggar critica as

correntes éticas tradicionais por desconsiderar as mulheres em cinco aspectos

que se relacionam:

(i) as éticas tradicionais percebem os interesses das mulheres como menos

centrais do que os dos homens;

(ii) dentro das perspectivas éticas tradicionais, não são problematizadas

questões morais do âmbito “privado”, no qual na maior parte das vezes as

mulheres tomam conta das crianças, dos enfermos, dos mais velhos,

realizando a atividade do cuidado, e portanto, uma ética do cuidado;

(iii) parte-se da generalização de que as mulheres são “menos profundas” e não

tão maduras moralmente quanto os homens;


(iv) Alguns traços masculinos como “independência, autonomia, vontade,

hierarquia, dominação” são valorizados, ao passo que características como

“emoção, comunidade, conexão, compartilhamento, ausência de

hierarquia” não o são;

(v) as formas tipicamente masculinas de se pensar moralmente são

favorecidas: as regras, universalidade e imparcialidade são enfatizadas,

enquanto que relacionamentos, parcialidade e responsabilidade são menos

tematizados.

O Desenvolvimento Moral e a ética feminina/ética do cuidado

O psicólogo estadunidense Lawrence Kohlberg identificou 3 níveis e 6

estágios de desenvolvimento moral, a saber:

Nível 1 (Pré-Convencional)

1) autoridade/ prevenção à punição (Como eu posso evitar a punição?);

2) satisfação dos próprios desejos e deixar os outros fazerem o mesmo,

por meio de trocas equitativas (O que eu ganho com isso?);

Nível 2 (Convencional)

3) cultivo dos relacionamentos e performance dos deveres dos papéis

sociais próprios; (Normas sociais; Orientação “bom moço”/”boa moça”)

4) obediência à lei e manutenção do bem-estar do grupo (Moralidade “Lei e

Ordem”);

Nível 3 (Pós-Convencional)

5) apoio aos direitos básicos e valores da própria sociedade;

6) conformidade com princípios morais abstratos (Consciência principiada).

Segundo ele, apenas uma minoria de adultos chega ao estágio 5. No

entanto, a filósofa feminista, em seu livro In A Different Voice (“Em Uma Voz
Diferente”) Carol Gillian faz uma crítica à classificação de Kohlberg, afirmando

que só se pode falar em níveis de desenvolvimento moral mais elevados se

pensarmos a ética dos princípios como superior à ética do cuidado: a maioria

dos filósofos fez isso pelo fato de serem homens, abstraindo os detalhes e

particularidades de cada situação. Segundo Gilligan, a orientação básica das

mulheres é o cuidado – cuidar dos outros de modo pessoal e não apenas estar

preocupado com a humanidade em geral. Essa sensibilidade às necessidades

dos outros fazem as mulheres capazes de prestarem a atenção a vozes que não

as suas próprias, incluindo-as em seus julgamentos e pontos de vista. A esse

respeito, afirma ARAÚJO(2018):

Enquanto a ética do cuidado seria usada para resolver questões morais


específicas, a ética da justiça seria mais abstrata e impessoal. A primeira se
encontraria mais facilmente entre as mulheres, como um senso ético derivado
do cuidado realizado por elas na esfera privada. Já a ética da justiça pressupõe,
para essas autoras, um sujeito masculino, racional, imparcial e público,
amplamente teorizado por teorias políticas e morais contemporâneas.

O Cuidado Colonial

Segundo a cientista política Joan Tronto, os seres humanos são uma espécie

que são naturalmente “necessitados” de cuidados em determinados períodos

das suas vidas, principalmente na infância e na velhice. A cientista rejeita a ideia

de um ser humano autônomo e abraça a proposta de pensarmos nas nossas

relações em função da interdependência, visto que, todos nós já fomos crianças

e seremos um dia, velhos, i.e., nascemos na condição de vulneráveis e iremos

morrer na mesma condição, o que leva-me a pensar se não seria o ser humano

vulnerável efetivamente durante toda a sua vida. Sem dúvidas, somos todos

vulneráveis mas em diferentes escalas, contextos e critérios de vulnerabilidade.

A ética do cuidado vem propor exatamente essa troca de cuidado entre

“cidadãos autônomos” e aqueles que são mais dependentes. Dessa forma, ela

tenta apresentar-nos principalmente alternativas para a proteção (e o cuidado)

daqueles (fisicamente) mais fracos, dependentes e vulneráveis.


Nesse sentido, a ética do cuidado não deve ser entendida como uma

atribuição exclusiva das mulheres e famílias, mas algo que deve ser repartido

por todos os membros da sociedade1: o seu propósito deveria ser voltado para

tornar-nos uma sociedade a mais democrática possível. Para isso, há de se

questionar as relações sociais, a sociabilidade burguesa fundamentada no

racismo, no sistema do patriarcado e na desigualdade entre as pessoas. Dentro

dessa análise do racismo no contexto da ética do cuidado, alguns pensadores,

como o psiquiatra e filósofo político Frantz Fanon (2008 apud PASSOS, 2020)

mostram-nos que a própria ideia universal de “ser humano” foi concebida para

pessoas brancas, ficando os indivíduos negros, ambos homens e mulheres em

uma espécie de “limbo”, a que ele chama de “zona de não ser”. O racismo passa

a ser a base de um sistema hierárquico que divide a sociedade em inferiores e

superiores, e notadamente, no caso do Brasil, por meio da cor da pele. Assim, o

racismo tornou-se a base estruturante/estrutural da sociabilidade brasileira, que

pode ser observado através de políticas públicas e sociais, instituições e das

próprias relações sociais. O próprio Estado, que através de uma pretensa ética

do cuidado diz proteger os mais vulneráveis, acaba – através de suas políticas,

por promover violações de direitos fundamentais que culminam com tanto a

punição como o extermínio de pessoas negras, seja fisicamente, em seus corpos,

ou culturamente, em seu comportamento. É nesse contexto que surge o que se

chama de “cuidado colonial” que, através de suas práticas e discursos

colonialistas, tenta redefinir a captura de ser negro, da existência negra.

Mas porquê há pessoas que são mais dependentes e vulneráveis que

outras? No processo de transformação da natureza e das relações sociais, surgiu

o ser social, como novas necessidades a serem satisfeitas, e é exatamente nesse

processo que certas pessoas não conseguem, seja por um motivo ou outro,

suprir essas novas necessidades, criando uma relação de dependência com os


1
Muito embora as mulheres desempenhem papel fundamental na promoção da ética do cuidado, e no Brasil,
principalmente mulheres negras dedicam-se a atividades relacionadas com o cuidado, seja no âmbito doméstico,
da educação, da saúde, para citar alguns.
outros que conseguem. O cuidado seria basicamente essa relação de

interpendência entre as pessoas mais vulneráveis e as que têm mais recursos

para satisfazer as suas necessidades e as alheias, como já mencionado no ínício

deste ensaio. No evolução para o sistema capitalista, houve a divisão social e

sexual do trabalho e a partir daí, o cuidado passa a ser atribuição e

responsabilidade das mulheres. No caso específico das mulheres negras, o

gênero, a raça e a classe as levam a dedicarem-se principalmente ao trabalho

doméstico e de cuidados: ocorre uma “naturalização” dessas habilidades como

constituinte do sexo biológico, definindo até os comportamentos. Mas o binômio

mulher-domesticidade envolve muitos aspectos de relações de raça e classe

para que possa ser homogeinizado. Tudo isso são reflexos da colonialidade.

A Minha Experiência com O Cuidado Colonial

No Brasil, um boa parte das mulheres que realizam a tarefa do cuidado é

negra: são babás, enfermeiras, cuidadoras de idosos, etc. A mulher negra, então,

tem que se dividir em duas, já que deve realizar a atividade do cuidado com sua

própria família e com a família do seu/sua empregador/a. Eu sou um fruto dessa

realidade: com o suicídio da minha mãe quando eu tinha apenas 10 anos, a babá

e madrinha da minha irmã mais nova, passou a ser a nossa mãe substituta.

Acredito ter sido um ato de amor dela por a minha mãe, que tinha essa prática

do cuidado para com ela, e de uma certa forma, ela desejava retribuir esse

cuidado recebido. Era uma mulher negra, Alice, de origem humilde, com uma

capacidade de amar imensa! Carinhosamente nós a chamavam de “Dinda”. Era

uma mulher santa, “Santa Alice”, como eu a chamava, era capaz de tirar as coisas

de si para dar aos outros. Infelizmente, não pode ter filhos – tinha um marido

alcoólatra, de quem ela sempre cuidava e apoiava! Mas nós a ajudamos a adotar

uma menina, Camila, que ela criou com o mesmo amor, cuidado e carinho que

ela dedicou a mim e à minha irmã. E esse carinho e cuidado, eu repassei para

Camila, que hoje é uma mulher, casada e com o filho, que carinhosamente me
chama de tio, quando na realidade somos mais irmãos que tio-sobrinha. Alice

sempre brincava comigo dizendo que ela era a minha “Mamãe Dolores”, em

referência à novela “O Direito de Nascer”, que ela ouviu primeiramente no rádio,

e depois viu na televisão. Eu dizia que ela era a minha segunda mãe, e que a

minha mãe tinha sido sábia ao escolhê-la para cuidar de nós. Então, eu vi e vivi

toda essa realidade da mulher negra que tem que se desdobrar para cuidar da

sua família e da família dos seus patrões. Ainda tive a oportunidade de, ao voltar

dos Estados Unidos, depois de 7 anos, ir morar com ela no bairro popular da

Boca do Rio, na comunidade do Alto de São Franciso, por opção, ao invés de ir

morar com o meu pai biológico no bairro chique e burguês do Jardim Apipema,

em Salvador. Meus amigos ficavam atônitos como eu me adaptava bem

morando ali – sair de um bairro burguês, de classe média/alta para um bairro

popular com todo aquele burburinho peculiar aos bairros populares. E sempre

tive um excelente relacionamento com os vizinhos e as pessoas de lá.

As Formas Mais Comuns do Cuidado Colonial

O lado perverso da ética do cuidado é esse cuidado colonial, dentro da

perspectiva maravilhosa de uma ética de cuidado, a ser executada e recebida

por todos, que foi maculada pela herança maldita do sistema escravagista no

Brasil. As suas formas mais comuns são a da “zona do não ser” (na perspectiva

de Fanon), a do corpo matável e exterminável e a do objeto estereotipado.

Dentro da primeira forma de expressão do cuidado colonial, a “zona do não

ser” pode ser exemplificada pelo conceito de maternidade concebido para a

branquitude, segundo o qual, as mulheres negras não seriam capazes de

realizar a maternidade – destinada às mulheres brancas, cabendo-lhes então, o

papel de cuidar dos filhos das mulheres brancas: a mulher negra, nesse contexto

de “ser mãe” vê-se como um “não ser” e passa ao espaço que a branquitude lhe

reservou, uma “região extraordinariamente estéril e árida”, como menciona


Fanon. Quando a mulher negra tenta sair dessa “zona de não ser”, tentando

(re)existir, o que ela encontra é o sofrimento.

Em relação ao corpo matável e exterminável, isso diz respeito ao fato do

inconsciente coletivo de que o negro é inferior, consequentemente, a sua vida, o

seu corpo, não tem o mesmo valor que a do branco. A ideia é reminiscente do

sistema escravagista em que o senhor de escravos poderia castigá-los e até

matá-los ao seu bel-prazer. Parece que é autorizado o extermínio de vidas

negras pelas forças policiais, não apenas no Brasil, mas também em outros

países em que houve o sistema escravocrata, como os EUA. Principalmente no

tocante a jovens negros, moradores de favelas, o que pode ser visto como um

verdadeiro genocídio, uma vez que visa exterminar pessoas jovens de uma

determinada raça – pessoas essas que deveriam ser potencialmente o futuro de

sua raça. É um processo do desumanização da população afrodescendente.

No tocante à forma do objeto estereotipado com que se apresenta o

cuidado colonial, ela refere-se ao fato estereotipado de que, dentro de uma ótica

racista e sexista, as mães/mulheres negras têm um limiar para a dor muito mais

alto que o das outras mulheres. Como isso não é verdadeiro, não ocorre

somente a dor física, mas elas ficam marcadas pelo sofrimento e dor psíquica,

muitas vezes culminando em transtornos de ansiedade e depressão nas

mulheres negras, pobres e domésticas. Com isso, em face à sororidade do

movimento feminista tipicamente branco, hoje fala-se na dororidade, como nos

propõe Vilma Piedade (2017 apud PASSOS, 2020), no seu livro de mesmo nome:

essa dor que é compartilhada pela mulheres negras na sua trajetória de

(re)existir, de sairem da “zona do não ser”, de recusarem-se a ser um objeto

esteotipadamente mais resistente à dor.

Hoje em dia, observa-se no Brasil, não apenas o extermínio de pessoas e,

especialmente, mulheres negras, mas a tentativa e intenção de mutilação de

seus corpos, no que os autores chama de lógica manicomial, em uma referência


às instituições de violência representadas pelo manicômio. Nesse contexto de

manicomialização das relações humanas, em que se incluem a medicalização e

patologização da vida, a cura gay, a internação compulsória, etc, tem-se, por

exemplo, a retirada compulsória dos bêbes de mulheres negras, pobres e que

são usuárias de drogas.

O Auto Cuidado

Dentro dessa visão da ética do cuidado e da realidade das mulheres negras

no tocante à atividade do cuidado, é imprescindível cuidar de si mesma. Se a

ética do cuidado implica em um cuidado coletivo, i.e., uns para com os outros, o

primeiro passo é a pessoa cuidar de si mesma, para que esteja apta para cuidar

de outras pessoas – passar adiante essa ideia coletiva de cuidado. Isso implica

em trabalhar-se a autoestima, conhecer-se, aceitar-se, principalmente com as

mulheres negras, que encontram no mundo real um sistema perverso, racista,

sexista e capitalista, impregnado pelo indecente sistema escravocrata, trazido do

Velho Mundo para o Novo Mundo pelos invasores, ditos “colonizadores”

europeus (já havia culturas aqui quando chegaram, não havia nada a colonizar

mas a agregar, a aprender com essas culturas indígenas). A mulher negra tem

que se afirmar, se amar como mulher negra que é, entender a sua beleza

interior e exterior – que não segue os padrões da branquitude, mas padrões de

seus ancestrais vindos da África, conectar-se com eles, pondo “os pés no chão”,

no sentido se conectar com a Terra, sentir a sua energia, e com ela a energia dos

seu antepassados, que persiste. É de fundamental importância ter-se uma rede

de apoio, de suporte, de outras mulheres negras – pois para realmente entender

a sua experiência, a sua realidade, nada melhor que outra mulher negra. Mas

não apenas para os momentos difíceis, em que a nossa autoestima está no chão,

mas momentos de real alegria – não essa alegria banalizada, mas uma alegria

que envolve o corpo, o espírito, a mente, uma forma de catarse da

autorealização – esses momentos de real alegria contaminam as outras


mulheres e pessoas, e o efeito será o esperado pela ética do cuidado: um

cuidado coletivo, que torne a sociedade mais democrática e justa, sem o

preconceito de quem alguém é melhor do que o outro, mas o seu igual, como

membro da comunidade a que pertence – ter essa sensação de pertencimento,

que, com ela vem uma força e um poder, que multiplicado, pode tudo!

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Anna Bárbara. Da Ética do Cuidado à Interseccionalidade: Caminhos e


Desafios para a Compreensão do Trabalho de Cuidado. In: Mediações, v. 23 n. 3,
p.43-69, set.-dez. 2018. Londrina: UEL, 2018. Disponível em:
<https://www.uel.br/revistas/uel/index.php/mediacoes/article/view/34245>.
Acesso em: 23 jul. 2022.

COMUNICAÇÃO INSTITUTO DE ESTUDOS DE GÊNERO – UFSC. 8o CCD - Aula 6


(20/11) - Autocuidado como estratégia coletiva. Youtube, 2020. Disponível em <
https://youtu.be/k6b_jcjoRk0>. Acesso em 23 jul. 2022.

FRANCISCO, Mônica. A dororidade e a dor que só as mulheres negras


reconhecem. In: Portal Geledés. São Paulo: Geledés Instituto da Mulher Negra,
2017. Disponível em <https://www.geledes.org.br/dororidade-e-dor-que-so-as-
mulheres-negras-reconhecem >. Acesso em: 23 jul. 2022.

FRANTZ FANON. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Wikimedia, 2022. Disponível


em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Frantz_Fanon> Acesso em: 23 jul. 2022.

HOOKS, Bell. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. Tradução: Stephanei


Borges. São Paulo: Elefante, 2020.

JOAN TRONTO. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Wikimedia, 2021. Disponível


em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Joan_Tronto>. Acesso em: 23 jul. 2022.

LAWRENCE KOHLBERG. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Wikimedia, 2022.


Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Lawrence_Kohlberg>. Acesso em:
23 jul. 2022.

PASSOS, Rachel Gouveia. Mulheres negras, sofrimento e cuidado colonial. In:


Revista Em Pauta, Rio de Janeiro, n. 45, v. 18, p. 116 - 129. Rio de Janeiro: UERJ,
2020. Disponível em
<https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revistaempauta/issue/view/2237>.
Acesso em 21 jul. 2022.

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