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Introdução
O presente trabalho tem por objetivo fazer uma breve trajetórias desde as
Alguns dos tópicos aqui apresentados foram objeto de estudo nas disciplinas
que se relacionam:
mulheres tomam conta das crianças, dos enfermos, dos mais velhos,
tematizados.
Nível 1 (Pré-Convencional)
Nível 2 (Convencional)
Ordem”);
Nível 3 (Pós-Convencional)
entanto, a filósofa feminista, em seu livro In A Different Voice (“Em Uma Voz
Diferente”) Carol Gillian faz uma crítica à classificação de Kohlberg, afirmando
dos filósofos fez isso pelo fato de serem homens, abstraindo os detalhes e
mulheres é o cuidado – cuidar dos outros de modo pessoal e não apenas estar
dos outros fazem as mulheres capazes de prestarem a atenção a vozes que não
O Cuidado Colonial
Segundo a cientista política Joan Tronto, os seres humanos são uma espécie
morrer na mesma condição, o que leva-me a pensar se não seria o ser humano
vulnerável efetivamente durante toda a sua vida. Sem dúvidas, somos todos
“cidadãos autônomos” e aqueles que são mais dependentes. Dessa forma, ela
atribuição exclusiva das mulheres e famílias, mas algo que deve ser repartido
por todos os membros da sociedade1: o seu propósito deveria ser voltado para
como o psiquiatra e filósofo político Frantz Fanon (2008 apud PASSOS, 2020)
mostram-nos que a própria ideia universal de “ser humano” foi concebida para
uma espécie de “limbo”, a que ele chama de “zona de não ser”. O racismo passa
próprias relações sociais. O próprio Estado, que através de uma pretensa ética
processo que certas pessoas não conseguem, seja por um motivo ou outro,
para que possa ser homogeinizado. Tudo isso são reflexos da colonialidade.
negra: são babás, enfermeiras, cuidadoras de idosos, etc. A mulher negra, então,
tem que se dividir em duas, já que deve realizar a atividade do cuidado com sua
realidade: com o suicídio da minha mãe quando eu tinha apenas 10 anos, a babá
e madrinha da minha irmã mais nova, passou a ser a nossa mãe substituta.
Acredito ter sido um ato de amor dela por a minha mãe, que tinha essa prática
do cuidado para com ela, e de uma certa forma, ela desejava retribuir esse
cuidado recebido. Era uma mulher negra, Alice, de origem humilde, com uma
uma mulher santa, “Santa Alice”, como eu a chamava, era capaz de tirar as coisas
de si para dar aos outros. Infelizmente, não pode ter filhos – tinha um marido
alcoólatra, de quem ela sempre cuidava e apoiava! Mas nós a ajudamos a adotar
uma menina, Camila, que ela criou com o mesmo amor, cuidado e carinho que
ela dedicou a mim e à minha irmã. E esse carinho e cuidado, eu repassei para
Camila, que hoje é uma mulher, casada e com o filho, que carinhosamente me
chama de tio, quando na realidade somos mais irmãos que tio-sobrinha. Alice
sempre brincava comigo dizendo que ela era a minha “Mamãe Dolores”, em
e depois viu na televisão. Eu dizia que ela era a minha segunda mãe, e que a
minha mãe tinha sido sábia ao escolhê-la para cuidar de nós. Então, eu vi e vivi
toda essa realidade da mulher negra que tem que se desdobrar para cuidar da
sua família e da família dos seus patrões. Ainda tive a oportunidade de, ao voltar
dos Estados Unidos, depois de 7 anos, ir morar com ela no bairro popular da
morar com o meu pai biológico no bairro chique e burguês do Jardim Apipema,
popular com todo aquele burburinho peculiar aos bairros populares. E sempre
por todos, que foi maculada pela herança maldita do sistema escravagista no
Brasil. As suas formas mais comuns são a da “zona do não ser” (na perspectiva
papel de cuidar dos filhos das mulheres brancas: a mulher negra, nesse contexto
de “ser mãe” vê-se como um “não ser” e passa ao espaço que a branquitude lhe
seu corpo, não tem o mesmo valor que a do branco. A ideia é reminiscente do
negras pelas forças policiais, não apenas no Brasil, mas também em outros
tocante a jovens negros, moradores de favelas, o que pode ser visto como um
verdadeiro genocídio, uma vez que visa exterminar pessoas jovens de uma
cuidado colonial, ela refere-se ao fato estereotipado de que, dentro de uma ótica
racista e sexista, as mães/mulheres negras têm um limiar para a dor muito mais
alto que o das outras mulheres. Como isso não é verdadeiro, não ocorre
somente a dor física, mas elas ficam marcadas pelo sofrimento e dor psíquica,
propõe Vilma Piedade (2017 apud PASSOS, 2020), no seu livro de mesmo nome:
O Auto Cuidado
ética do cuidado implica em um cuidado coletivo, i.e., uns para com os outros, o
primeiro passo é a pessoa cuidar de si mesma, para que esteja apta para cuidar
de outras pessoas – passar adiante essa ideia coletiva de cuidado. Isso implica
europeus (já havia culturas aqui quando chegaram, não havia nada a colonizar
mas a agregar, a aprender com essas culturas indígenas). A mulher negra tem
que se afirmar, se amar como mulher negra que é, entender a sua beleza
seus ancestrais vindos da África, conectar-se com eles, pondo “os pés no chão”,
no sentido se conectar com a Terra, sentir a sua energia, e com ela a energia dos
a sua experiência, a sua realidade, nada melhor que outra mulher negra. Mas
não apenas para os momentos difíceis, em que a nossa autoestima está no chão,
mas momentos de real alegria – não essa alegria banalizada, mas uma alegria
preconceito de quem alguém é melhor do que o outro, mas o seu igual, como
que, com ela vem uma força e um poder, que multiplicado, pode tudo!
REFERÊNCIAS