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Aula, Museos y Colecciones, 5, 2018, 47-56

Interpelações de um esqueleto de hipopótamo no


Museu da Ciência da Universidade de Coimbra
Interpelaciones sobre un esqueleto de hipopótamo del
Museo de Ciencias de la Universidade de Coimbra

Interpellations of a hippopotamus skeleton in the


Museum of Science of the University of Coimbra

Ana Cristina Francisco Rufino & Ana Cristina Pessoa Tavares


Museu da Ciência, Universidade de Coimbra, Portugal
ana.rufino@museudaciencia.org,
actavar@uc.pt

Recibido: 30 de octubre de 2017. Aceptado: 8 de febrero de 2018.


Publicado en formato electrónico: 6 de septiembre de 2018.

Palavras-chave: Hipopótamo, Esqueleto, Biografia do objeto, História da ciência,


Bernardino Machado
Palabras Clave: Hipopótamo, Esqueleto, Biografía del objeto, Historia de la ciencia,
Bernardino Machado
Keys Words: Hippopotamus, Skeleton, Object biography, History of science, Bernar-
dino Machado

Resumo
Os objetos museológicos são fonte de conhecimento, aprendizagem e, também, provo-
cação. Quando um objeto de algum modo desafia, prende ou causa estranheza, esse sentir evolui
para a necessidade de o interpretar, dando origem a um caso de estudo. Tal situação ocorreu
com um esqueleto de hipopótamo, na Galeria de História Natural do Museu da Ciência da Uni-
versidade de Coimbra, pela constatação de incluir réplicas de ossos, o que de imediato suscitou
a investigação da sua identidade museológica, muito peculiar. Procedeu-se à pesquisa biblio-
gráfica, de arquivo e recente, sobre a sua história e as caraterísticas da espécie, Hippopotamus
amphibius Linnaeus, 1758. Como resultados mais relevantes refira-se que o esqueleto, originário
de Angola, foi doado ao Museu em 1902 por Bernardino Machado (antigo Presidente da Repú-
blica) e foi montado “in loco” por dois artífices portugueses, com ferragens e completado com
réplicas esculpidas em madeira de laranjeira, Citrus sinensis (L.) Osbeck. Novas pesquisas sobre
o hipopótamo do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra conduziram à atualização de
conhecimento sobre o passado e o presente da espécie e do espécime, preconizando-se a cons-
ciencialização para a conservação, particularmente nos mais jovens, através da interpretação
museológica transversal e multidisciplinar.

Resumen
Los objetos museológicos son fuente de conocimiento, aprendizaje y, también, provoca-
ción. Cuando un objeto de algún modo desafía, sostiene o causa extrañeza, ese sentimiento
evoluciona hacia la necesidad de interpretarlo, dando origen a un caso de estudio. Esta situación
ocurrió con un esqueleto de hipopótamo en la Galería de Historia Natural del Museo de la
Ciencia de la Universidad de Coímbra, al constatarse que incluía réplicas de huesos, lo que sus-
citó de inmediato la necesidad de investigar identidad museológica, muy peculiar. Se procedió a
la investigación bibliográfica, de archivo y actual, sobre su historia y sobre las características de la
especie, Hippopotamus amphibius Linnaeus, 1758. Los resultados más relevantes demuestran que
el esqueleto, procedente de Angola, fue donada al museo en 1902 por Bernardino Machado (ex
presidente) y fue montado “in situ” por dos artesanos portugueses y completado con réplicas
talladas con madera de naranjo, Citrus sinensis (L.) Osbeck. Nuevas investigaciones sobre el hi-
popótamo del Museo de la Ciencia de la Universidad de Coimbra condujeron a la actualización
de los conocimientos sobre la especie y el espécimen, mediante una interpretación museológica
transversal y multidisciplinar sobre su pasado y su presente, que favoreciera la concienciación
para la conservación, particularmente en los más jóvenes.

doi: 10.29077/aula/5/05_rufino_hipopotamo ISSN: 2605-2091 -47-


Rufino, A.C.F. & Tavares, A.C.P.

Abstract
Museological objects are a source of knowledge, learning and also provocation. When
an object somehow defies, arrests or causes strangeness, that feeling evolves into the need to
interpret it, giving rise to a case study. This situation occurred with a hippopotamus skeleton,
in the Natural History Gallery of the Museum of Science of the University of Coimbra, for the
finding of replicas of bones included in the skeleton, which immediately raised the investigation
of its very peculiar museological identity. A bibliographical research was carried out, archival and
recent, on its history and on the characteristics of the species, Hippopotamus amphibius Linnaeus,
1758. The most relevant results and conclusions are that the specimen, originally from Angola,
was donated to the Museum in 1902 by Bernardino Machado (former President of the Republic)
and was assembled “in loco” by two Portuguese artificers, with hardware and completed with
replicas carved in orange tree wood, Citrus sinensis (L.) Osbeck. A new look at the hippopota-
mus of the Museum of Science of the University of Coimbra led to the characterization and
updating of knowledge of the specimen and the species, in a transversal and multidisciplinary
interpretation, about their past and present, advocating for conservation awareness, particularly
in the younger ones.

1. Introdução
1.1. Os museus e suas coleções
Nos aspetos fundamentais, o que distingue o museu de outras instituições são as
suas coleções, de objetos e de espécimes. Os exemplares incorporam saberes únicos
sobre a natureza do homem na sociedade, sendo tarefa dos museus a elucidação de
abordagens que permitam o máximo de informação, uma das múltiplas contribuições
das coleções museológicas (Pearce, 2005). O desenvolvimento das coleções e dos mu-
seus universitários processou-se em paralelo com o avanço do ensino e da investigação
científica nas universidades. O modelo do Museu de Ashmolean, considerado o museu
universitário mais antigo do mundo, integrando as suas coleções, tanto no ensino, como
na investigação e exibição pública, foi seguido, a nível mundial, por muitos museus uni-
versitários, e as suas coleções sobreviveram, quase inalteradas, até aos dias de hoje
(Lourenço, 2005).
Em Portugal, o atual Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (MCUC),
antigo Museu de História Natural, será um dos mais antigos do país, com as suas raí-
zes em 1772 na Reforma Pombalina dos estudos universitários (Pires & Pereira, 2010).
Os estatutos preconizaram uma estreita relação entre programas e equipamentos e
a criação de espaços para as coleções necessárias ao estudo da Filosofia, da Matemá-
tica e da Medicina. Assim, para o ensino da Filosofia seria a Faculdade então provida
com um Museu de História Natural e um Jardim Botânico, um Gabinete de Física e
um Laboratório Químico. É no edifício do antigo colégio jesuíta que ainda hoje se
encontram as coleções do antigo Gabinete de Física, de Mineralogia e Geologia e de
Zoologia do Museu de História Natural, atual MCUC (Pires & Pereira, 2010). Tal como
outros museus portugueses, o espólio do MCUC foi enriquecido com muitos objetos
e espécimes provenientes das províncias ultramarinas (Brandão, Póvoas & Lopes, 2015;
Pires & Pereira, 2010) e atualmente estima-se que contenha cerca de 650.000 objetos
e espécimes distribuídos pelas diferentes coleções disciplinares, sendo os zoológicos
aproximadamente quinhentos mil (MCUC, 2018a).

1.2. Metodologias e coleções osteológicas


Desde finais do séc. XVIII, época da formação dos primeiros museus em Portugal,
que estes apresentam coleções osteológicas, constituídas por esqueletos de animais,
com peças isoladas ou montadas, mais fáceis de preservar do que a pele, resultantes
de recolhas que aumentaram ao longo do tempo (Almaça, 1996). Por exemplo, em
1870, o Gabinete de Zoologia na Universidade de Coimbra, sob a direção de Joaquim
Augusto Simões de Carvalho, incluía um pequeno núcleo de anatomia comparada,
que compreendia uma coleção de esqueletos de diferentes animais, que serviam
para demonstrações didáticas (Carvalho, 1872:224). A par das outras coleções, esta
foi também aumentando durante as direções de Albino Giraldes, Manuel Paulino de
Oliveira e Bernardo Ayres, que sucederam a Simões de Carvalho (UC, 1849-1911; UC,
1911-1940). Ao longo do séc. XX houve um decréscimo de entradas de espécimes
osteológicos, surgindo algumas, na sua maioria, de material traficado ilegalmente
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Interpelações de um esqueleto de hipopótamo

(MCUC, 1931-1999). Nos museus, os esqueletos montados conseguem responder a


várias necessidades educativas e expositivas, de forma mais apelativa e completa, mas
não constituem o modo de preparação mais conveniente para um estudo científico
aprofundado (Moreno-Garcia, 2003). Para isso, recorre-se às coleções de referência, ou
osteotecas, constituídas por esqueletos de animais perfeitamente referenciados, parte
essencial das coleções osteológicas de zooarqueologia, como é o caso do Laboratório
de Arqueozoologia do Instituto Português de Arqueologia (IPA). No estudo de sítios
arqueológicos é habitual encontrar fragmentos de ossos e não o animal completo, por
isso, a identificação dos ossos isolados revela-se de grande importância científica. A
osteologia comparada praticada pela arqueozoologia implica uma observação múltipla
e tridimensional dos diferentes elementos osteológicos e, por esta razão, os esqueletos
não são montados em conexão anatómica (Moreno-Garcia, 2003).

1.3. O objeto de estudo: o esqueleto de hipopótamo do Museu da Ciência de


Coimbra

1.3.1. Caraterização da espécie

O nome comum do Hippopotamus amphibius Linnaeus, 1758 é hipopótamo ou


hipopótamo-comum (Lewison & Pluháček, 2017) e pertence à família Hippopotami-
dae, que atualmente contém duas espécies: aquela e o hipopótamo-pigmeu, Choeropsis
liberiensis (Morton, 1849) (Meester & Setzer, 1971). Este grande mamífero, que apenas
existe em África, é semiaquático e permanece na água (lagos ou rios) durante o dia,
de onde sai à noite para se alimentar. É herbívoro, mas normalmente não se alimenta
de plantas aquáticas, preferindo as pastagens circundantes ao seu território aquático
(Lewison & Pluháček, 2017). Animais polígamos, sociais e gregários, os hipopótamos
vivem em grupos de 30 indivíduos (Lewison, 2007; Lewison & Pluháček, 2017). Segundo
a “União Internacional para Conservação da Natureza” (IUCN – “International Union
for Conservation of Nature”) (Lewison & Pluháček, 2017) o hipopótamo tem um estatu-
to de conservação vulnerável (VU) e a sua população está a decrescer, constando no
apêndice II da “Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da
Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção” (CITES, 2017). Este facto é devido à redução
do seu habitat por pressão humana e, acima de tudo, por ser alvo de caça furtiva, pela
carne e marfim dos dentes caninos (Lewison & Pluháček, 2017). De notar que, com a
exclusão internacional do marfim de elefante, em 1989, iniciou-se uma fiscalização mais
apertada e o seu tráfico tornou-se muito difícil, surgindo no mercado negro, ainda hoje
pouco controlado, marfim proveniente de outros animais, como o hipopótamo (UNEP-
WCMC, 2007; Williamson, 2004).
Estas questões globais relacionadas com a biodiversidade e sustentabilidade são
hoje enfoque primordial das ações nos museus (Mattman & Damsa, 2017). No caso do
hipopótamo, verifica-se que a sua dependência por habitats aquáticos os coloca em
constante competição pela água e em confronto com as populações humanas (WWC,
2004; Ertiban, 2016). Esta é uma relação destrutiva para ambas as partes, sendo os
hipopótamos os mais prejudicados, particularmente pela caça, verificando-se um grave
declínio nas populações, nos últimos anos (Lewison & Pluháček, 2017). Esta circunstân-
cia, aliada às sucessivas extinções que têm ocorrido, permite supor que esta espécie
poderá desaparecer num futuro próximo, o que releva a importância dos espécimes em
museus. Estas instituições, arquivo dimensional do mundo natural e das relações entre
as sociedades humanas e o seu ambiente (ICOM, 2013:V), são, também, um espaço de
partilha e divulgação de vários projetos de conservação, como os do hipopótamo e do
seu habitat, da Fundação Africana da Vida Selvagem (AWF, 2018) e o da Conservação do
Baixo Zambeze (CLZ, 2018). Estas ações têm como missão envolver as comunidades
locais na proteção dos hipopótamos e ajudar na construção de cercas e valas para evi-
tar os estragos feitos pelos hipopótamos na agricultura e nos campos, minimizando o
conflito entre humanos e a vida selvagem. Outra forma de proteção do habitat do hipo-
pótamo é pelo do financiamento e requalificação das infraestruturas dos parques, como
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o Parque Nacional do Baixo Zambeze (LZNP), o que origina o aumento do ecoturismo


e do consequente potencial económico para as comunidades locais (LZNP, 2018).

1.3.2. Caraterização do espécime – contextualização no museu

O exemplar de hipopótamo (Figura 1) do MCUC está, atualmente, em exibição


na Sala dos Esqueletos e das Viagens Filosóficas, uma das seis salas temáticas da Galeria
de História Natural.
Ao fazer-se uma consulta sobre
exemplares osteológicos do museu em
livros antigos (MCUC, 1879-1903), veri-
ficou-se que o esqueleto de hipopótamo,
que se supunha completo, possuía afinal
réplicas de alguns ossos, esculpidos em
madeira de laranjeira, em substituição dos
ossos que faltavam no esqueleto original.
Tal situação suscitou grande curiosidade
por parte das investigadoras e a neces-
sidade subsequente de enquadramento
no tempo, espaço, autoria e integração no
museu, bem como, da sua correta identifi-
cação (Thomson, 2005:1).
Através da investigação documen-
tal e científica pretende-se desvendar o
“mistério” das réplicas de osso do esque-
leto do hipopótamo e ampliar e atualizar
a história do objeto no contexto institu-
cional, ou seja, a sua narrativa identitária,
que permita uma utilização multidiscipli-
1 - Esqueleto de hipopótamo, Hippopotamus amphibius
nar e inovadora e a promoção de com- FiguraLinnaeus, 1758, em exposição na Galeria de História Na-
portamentos sustentáveis. tural do MCUC. ©Ana Cristina Tavares.

2. Metodologia
Para a investigação documental sobre a história do hipopótamo no Museu,
recorreu-se às seguintes fontes bibliográficas principais: o Arquivo do MCUC, o
Arquivo da Universidade de Coimbra, a Biblioteca do Departamento das Ciências da
Vida da Universidade de Coimbra e o Grupo Dryas Octopetala. A colaboração com
este Grupo de trabalho foi fundamental para a identificação das réplicas dos ossos no
esqueleto, assim como a indicação de bibliografia sobre a anatomia do hipopótamo. Em
colaboração com a Antropóloga, Maria João Neves, concretizou-se uma observação
cuidada para deteção e identificação de todas as réplicas de ossos e a memória
descritiva do esqueleto. Paralelamente, foi feito o registo fotográfico e sua conversão
em esquema, permitindo a localização e interpretação das réplicas em madeira.
Para finalizar fez-se a atualização do conhecimento sobre o espécime, recorrendo
a duas especialistas em hipopótamos (Jen Guyton e Rebecca Lewison), enriquecendo a
sua identidade enquanto objeto museológico do MCUC.

3. Resultados
3.1. Investigação documental
No Arquivo da Universidade de Coimbra (UC, 1889-1911) as pesquisas revelaram
que o esqueleto de hipopótamo, Hippopotamus amphibius Linnaeus, 1758 (Fig. 1), terá
entrado no MCUC em 1902. Nessa época, o Governador-geral de Angola, Francisco
Cabral Moncada, ofereceu um esqueleto de hipopótamo a Bernardino Machado, dire-
tor do Museu de História Natural, seção de Antropologia. Este, por sua vez, doou o
exemplar ao diretor da seção de Zoologia do Museu de História Natural, Bernardo
Ayres.
As personalidades de renome referidas nestes documentos, relacionadas com a
entrada do esqueleto do hipopótamo no Museu, suscitaram um breve enquadramento
histórico e uma breve biografia. Francisco Xavier Cabral de Oliveira Moncada (1859-
1908) nasceu na vila de Constância, em 1884 obteve o grau de bacharel de Direito
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Interpelações de um esqueleto de hipopótamo

pela Universidade de Coimbra e, por decreto de 19 de julho de 1900, assumiu o car-


go de Governador-Geral da Província de Angola (1900 - 1903) (Varzeano, 1995). Em
1902, ano em que ofereceu o esqueleto de hipopótamo a Bernardino Machado (UC,
1889-1911), escreveu “A Campanha do Bailundo” onde relata a insurreição contra a
ocupação da metrópole (Moncada, 1903).
Por sua vez, Bernardino Luis Machado Guimarães (1851-1944) nasceu no Rio de
Janeiro, em 1851, estudou em Coimbra, onde foi lente na Universidade, sendo o res-
ponsável pela proposta de criação da disciplina de Antropologia, que entendia dever
ser anexada à respetiva secção do Museu (Amaral, Martins & Miranda, 2013:137). Foi o
diretor da secção de Antropologia, desde a sua criação, em 1885 (Diário do Governo,
1885) até 1907. Este período caracterizou-se por um acentuado incremento na incor-
poração de coleções, incluindo mais de mil objetos provenientes maioritariamente de
Angola e de Moçambique, em consequência da “Exposição Insular e Colonial Portugue-
za”, de 1894, no Palácio de Cristal no Porto (Martins, 1985:126). Desempenhou vários
cargos políticos como deputado, ministro, tendo sido eleito 3º Presidente da República,
de 1915 a 1917 e 8º Presidente da República, de 1925 a 1926 (Portal oficial da presi-
dência da República, 2017).
Por último, Bernardo Ayres (1868-1931) nasceu em Vila Real, em 1868, estudou
Philosophia na Universidade de Coimbra, onde obteve o grau de doutor em 1892 (Uc,
1898). Foi secretário da Faculdade de Philosophia (1894? - 1898?) e diretor do Museu
Zoologia entre 1898 e 1931 (UC, 1849-1911; UC, 1911-1940).
Aprofundando a consulta de documentos no Arquivo da Universidade de Coim-
bra e os registos do Diário de despesas do Museu, confirmou-se ainda que o esqueleto
terá sido restaurado em janeiro de 1903, pelo carpinteiro Julio da Fonseca, de Coimbra,
contratado para a elaboração de ossos em falta, que esculpiu em madeira de laranjeira.
Outro artífice, o serralheiro José Maria Dias, produziu as ferragens e procedeu, no local,
à montagem do esqueleto de hipopótamo (MCUC, 1879-1903; UC, 1903).
Consultando ainda o Arquivo documental e digital do MCUC verificou-se que o
espécime em estudo, único esqueleto completo de hipopótamo existente na coleção,
estava documentado com o número 50a do Catálogo das Coleções Osteológicas pu-
blicado em 1931, por António Armando Themido (Themido 1931), então assistente de
Antropologia na Faculdade de Ciências de Coimbra. Neste catálogo foi feito um primei-
ro inventário da coleção osteológica existente no Museu, onde foram enumerados 201
exemplares, dos quais 120 esqueletos; desde então não foi publicado nenhum catálogo
sobre esta coleção. A partir de 2006, com a reformulação do MCUC, foi iniciado um
processo de digitalização de todas as coleções e foi atribuído o número ZOO.0004499
ao esqueleto de hipopótamo, cuja ficha pode ser consultada na base de dados online
(MCUC, 2007). Até à data, foram inventariados 7367 espécimes zoológicos, incluindo
320 osteológicos, mas apenas 95 esqueletos. Analisando esta diminuição de esqueletos,
verificou-se que os exemplares desaparecidos eram de pequenas dimensões e bastante
frágeis, supondo-se, por isso, que se possam ter degradado ao longo do tempo. Assim,
da coleção de esqueletos do MCUC, um é de hipopótamo, de entre 16 espécimes os-
teológicos desta espécie (Themido, 1931; Themido, 1944; Mathes, 1939a; Mathes, 1939b;
Carreira et al., 2000), conforme a Tabela I.

3.2. Investigação científica


Para a caracterização física do esqueleto de hipopótamo procedeu-se à medição
de alguns parâmetros, indicados na Tabela II.
Corroborando a descoberta documental e feita a análise “in loco” do esqueleto
do Museu, foram encontrados, no total, 26 ossos em madeira de laranjeira, cujas desig-
nações estão de acordo com a nomenclatura de Meléndez (1995) (Fig. 2):
a) 4 falanges distais, 2 falanges mediais, 1 falange proximal, o semilunar, o escafoide
e o trapezoide (Fig.2a) totalizando10 ossos no membro anterior direito;
b) 4 falanges distais, 1 falange proximal e o escafoide) (Fig.2b) totalizando 6 ossos
no membro anterior esquerdo;
c) osso entrocuneiforme (Fig.2c); 1 osso no membro posterior direito;
d) osso entrocuneiforme (Fig.2c), 1 osso no membro posterior esquerdo. É
de salientar ainda, que o 3º metatarso apresenta alguma porosidade, lesões erosivas
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e proliferativas com Tabela I. Lista de exemplares de hipopótamo das coleções do MCUC


formação de osso novo
com aspeto esponjoso,
lesões ósseas compatíveis Nº de inventário Espécime Coleção Catálogo
com uma possível infecção ZOO.0004499 Esqueleto, 50a Zoologia Themido 1931
(Fig.3b);
ZOO.0002994 Crânio Welwisch, 1859 Mathes 1939a
e) 6 vértebras cau-
dais (Fig. 2e e Fig.3a); ZOO.0004508 Crânio Antropologia? Mathes 1939a
f) 1 osso da porção ZOO.0004509 Crânio Antropologia? Mathes 1939a
do esterno e a porção es- ZOO.0004510 Crânio Antropologia? Mathes 1939a
ternal da clavícula esquer- ZOO.0004511 Crânio, 704 Medicina, 1991 Livro registo 1931-1999
da (Fig. 2f), e 2 ossos da ZOO.0004512 Crânio Antropologia? Mathes 1939a
cintura escapular. ZOO.0004513 Crânio, 50b? Zoologia Themido 1931;
Para além disso, veri- Mathes 1939a
ficou-se que a fíbula dire- ZOO.0004514 Crânio, 50c? Zoologia Themido 1931;
ita apresenta uma fratura Mathes 1939a
transversal da diáfise com ZOO.0004515 Crânio, 704 Medicina, 1991 Livro registo 1931-1999
formação de uma superfí- ZOO.0004516 Crânio, 704 Medicina, 1991 Livro registo 1931-1999
cie articular (Fig. 4a), pos-
sivelmente resultante de ZOO.0004517 Crânio Antropologia? Mathes 1939a
uma lesão. Ostenta, ainda, MIN. Mandíbula Mineralogia sem registo conhecido
uma perfuração com si- e Geologia
nais de reformulação no ZOO.0003194 Dente canino Vandelli, 1774? Carreira et al. 2000, 29
osso zigomático direito MIN. Dente Mineralogia Mathes 1939a;1939b
(Fig. 4b), o que poderá e Geologia
ser resultado de uma per- ZOO.0004518 Dentes caninos Zoologia Themido 1931; Mathes
furação por bala, prova- e incisivos 1939a; Themido 1944
velmente, vítima de uma monstruosos
caçada mal sucedida, dado
que se pode constatar a
regeneração de tecido en-
volvente. Não foi possível,
até ao momento, apurar a Tabela II. Medidas do esqueleto de hipopótamo do MCUC, ZOO.0004499.
causa de morte. A partir
da análise de fotos do crâ- Esqueleto de Medidas (aproximadas) em cm
nio e dos dentes (Fig.4c), hipopótamo Comprimento Altura Largura
quanto ao desgaste e fór- Corpo 340 97 138
mula dos molares, realiza-
da por duas zoólogas es- Crânio 73 70 50
pecialistas na matéria (Jen Dentes Incisivos 26 - 4,5
Guyton e Rebecca Lewi- inferiores
(parte
son) foi possível deter- exposta) Caninos 17 - 5,5
minar que o hipopótamo
teria uma idade avançada
e seria do sexo masculino
(Laws, 1968).

4. Conclusões e Perspetivas Futuras


Proclamada no século XIX, a missão dos museus permanece intacta: são insti-
tuições de produção de conhecimento, mas também de difusão, de comunicação e
de educação, sendo considerados instrumentos valiosos para estimular vocações para
profissões científicas e técnicas (Delicado, 2008; Durant, 2004; Yahya, 1996) e existem
para contar a história por via dos objetos (MacGregor, 2014).
Nesta investigação no MCUC foi possível descobrir dois pontos-chave que
enriqueceram a narrativa identitária do objeto: liga-se a uma personalidade de Portugal,
tão ilustre como um Presidente da República (Bernardino Machado), e incorpora
réplicas de ossos esculpidos em madeira de laranjeira, caso único na coleção do
Museu. Reconhecendo que são escassas as fontes de informação sobre os motivos
para a escolha de madeira de laranjeira, Citrus sinensis L. Osbeck, pensa-se que esta
espécie, comum em Portugal, seria acessível e a sua madeira fácil de trabalhar e de cor
semelhante à dos ossos (Orwa et al., 2009). Sob o ponto de vista museológico será
também interessante pensar que uma técnica de restauro utilizada há mais de 100 anos,
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Interpelações de um esqueleto de hipopótamo

3a

3b

Figura 2. Esquema com a localização (a sombreado), no es- Figura 3. a) Vertebras caudais (comparação en-
queleto, dos ossos esculpidos em madeira. A. Mem- tre ossos e madeira. b) Membro posterior
bro anterior direito; B. Membro anterior esquerdo; esquerdo. ©Manuel Malva 2018.
C. Membro posterior esquerdo; D. Membro poste-
rior direito; E. Coluna vertebral; F. Esterno e costelas.
©Cristina Rufino 2017.

Figura 4. a) Fíbula direita com fratura transversal da diáfise. b) Perfuração com sinais de reformulação
no osso zigomático direito. ©Cristina Rufino. 2017. c) Vista lateral esquerda do crânio. ©Manuel
Malva 2018.

seja ainda usada hoje, como ocorreu no recente restauro de um exemplar de baleia no
Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP, 2018).
As duas novidades ampliam a narrativa biográfica deste exemplar aumentando as
possibilidades de exploração para fins científicos e educativos, para além de poder sus-
citar e atrair a atenção do público em geral e até dos órgãos de comunicação social. Na
verdade, uma palestra sobre “O mistério do esqueleto do Hipopótamo do Museu da
Ciência” foi tema de interesse dos media, que ampliaram o impacto destas descobertas

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Rufino, A.C.F. & Tavares, A.C.P.

científicas promovidas pelo museu (MCUC, 2018b) com divulgação, quer pela rádio1,
quer em jornais2.
Neste contexto, e tratando-se de uma espécie ameaçada, como anteriormente
referido, propomos uma nova interpretação educativa para a sua conservação, particu-
larmente importante na sensibilização dos mais jovens.
Na verdade, a admiração do mundo vivo e a sensibilidade para os organismos
e seus habitats pode desenvolver uma ligação pessoal entre as crianças e a natureza,
sendo a infância o momento perfeito para a conjugação entre o que se observa, o pen-
samento e a reflexão, e a importância dos seres vivos e sua sustentabilidade (Tavares,
2015). E é uma análise geral e multidisciplinar do esqueleto de hipopótamo do MCUC
que se preconiza, decorrente da provocação e indagação sobre a existência de réplicas
de madeira e o seu passado ligado à História de Portugal. Recorrendo-se a outras es-
tratégias de comunicação, eficaz e cativante, em especial para para os estudantes, a sigla
HIPPO (iniciais em inglês do hipopótamo) que refere e marca os principais fatores de
risco de extinção: H-Habitat destruction (Destruição do Habitat), I-Invasive species (Es-
pécies Invasoras), P-Population growth (Crescimento Populacional), P-Polution (Poluição);
O-Overexploitation (Exploração excessiva) (Tavares, 2015), relevando a problemática do
hipopótamo. Pretende-se assim levar os jovens a prestar mais atenção aos espécimes
do museu, a olhá-los como únicos e guardadores de segredos, que facilmente passam
despercebidos. Consoante a realidade de quem apresenta e observa o espécime, assim
se constroem diferentes interpretações que podem assumir um sentido científico ou
histórico, ou suscitar motivação para uma simples estória infantil, como uma narrativa
sobre duas personagens, o hipopótamo e uma laranjeira. Tal como outras estórias, “A
alga que queria ser flor” (Tavares, 2014) sobre o (re)conhecimento da diversidade e da
evolução das plantas, ou “O Hipopótamo e o Maçarico” (Lopes, 2012) sobre mutualismo
entre um hipopótamo e uma ave, também novos contos podem surgir, não só enrique-
cendo a interpretação do hipopótamo enquanto objeto do museu, como promovendo
a consciencialização para o seu conhecimento e preservação. Aprofundando conteú-
dos, estas abordagens educativas permitem também uma análise sobre a anatomia e o
esqueleto do hipopótamo, comparando-o com outros animais vertebrados em expo-
sição e, também, com o próprio corpo do observador.
Cumprindo a missão do Museu e partilhando um conhecimento atualizado e mui-
tas estórias e realidades dos objetos e de Ciência, este espécime valioso e centenário
será o foco de atenção de muitos aprendizes, particularmente, os mais jovens, cujo
papel é determinante para um futuro sustentável, da vida no mundo e dos seus Museus.

Agradecimentos

Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (MCUC), em particular ao Doutor


Pedro Casaleiro e à Doutora Maria Teresa Girão, pelas múltiplas sugestões. Ana Maria
Bandeira, Arquivo da Universidade de Coimbra, pelo apoio na pesquisa bibliográfica.
Maria João Neves, Antropóloga do CIAS (Centro de Investigação em Antropologia e
Saúde) do Departamento das Ciências da Vida da Universidade de Coimbra (DCVUC),
pelo apoio na análise do esqueleto de hipopótamo. Maria do Rosário Martins, An-
tropóloga do CIAS do DCVUC, pelo apoio na pesquisa bibliográfica do Arquivo do
MCUC. Grupo Dryas Octopetala, empresa de consultadoria em Arqueologia e Patri-
mónio histórico-cultural, pelo empréstimo de bibliografia essencial a este trabalho. Jen
Guyton, Exploradora da National Geographic e candidata a doutoramento em Ecologia
e Biologia da Evolução da Universidade de Princeton e Rebecca Lewison, Professora
de Biologia e Diretora do Instituto de Monitorização e Gestão em Ecologia San Diego
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Interpelações de um esqueleto de hipopótamo

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fotografias do exemplar.

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