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280 • Elementos de Eletromagnetismo Forças, Materiais e Disposi tivos Magnéticos • 281 282 • Elementos de Eletromagnetismo

Esta relação mostra que se Q é positivo, F, e E têm a mesma orientação. Da equação (7 .5), retomamos a relação entre elementos de corrente: Fi~:ura 8.1 Força entre duas espiras de corrente.

Capítulo 8 Um campo magnético pode exercer força somente sobre urna carga em movimento. Da experiên-
cia, verifica-se que a forca magnética Fm experimentada por uma carga Q em movimento, com velo-
cidade u em um campo magnético B, é:
Combinando as equações (8.5) e (8.6), obtém-se
I d l = K dS = J dv (8.6)

F111 = Qu X B (8.2)
I d l = p,u dv = dQ u
O que mostra, claramente, que Fm é perpendicular tanto a u quanto a B. . dQ dl
FORÇAS, MATERIAIS E, A partir das equações (8.1) e (8.2), pode ser feita urna comparação entre a força elétrica F, e a
Altcrnat•vamcnte, I d l = - d l = dQ- = dQ u
dt dt
força magnética F.,. F, é independente da velocidade da carga c pode reali zar trabalho sobre a car-
DISPOSITIVOS MAGNETICOS ga c mudar sua energia cinética. Diferentemente de F,, F., depende da velocidade da carga c é nor-
Por conseguinte,

mal à ela. F., não pode realizar trabalho porque é perpendicular à direção do movimento da carga I d l = dQ u (8.7)
(F.,· dl = 0). Essa força não causa aumento na energia cinética da carga. A magnitude de Fm é geral- Contudo, a partir da lei de Biot-Savart:
Faça todo o bem que puder, mente pequena se comparada à de F,, exceto quando as velocidades envolvidas são altas.
Isso mostra que uma carga elementar dQ, se movimentando com urna velocidade u, (conseqüente-
Com todos os meios que puder, Para uma carga Q em movimento, na presença de um campo elétrico c de um campo magnético, (8.11)
mente, originando um elemento de corrente de convecção dQ u) é equivalente a um elemento de cor-
De todas as formas que puder, simultaneamente, a força total sobre a carga é dada por:
rente ele condução I dl. Dessa forma, a força sobre o elemento de corrente I dl , em um campo mag-
Em todos os lugares que puder,
nético 8 , é determinada da equação (8.2) simplesmente pela substituição de Qu por I dl, isto é, Assim,
Todas as vezes que puder, para todas as pessoas que puder,
Enquanto puder. dF = I d l X B (8.8)
ou d(dF ,) = p. 0 lr t/11 X ( /2 :112 X IIR11 )
- JOHN WESLEY (8. 12)
4·nR 21
F = Q(E + u X B) (8.3) Se a correme I percorre um caminho fechado L ou um circu ito, a força sobre o circuito é dada por:

8.1 INTRODUÇÃO
Esta equação é conhecida como a equação de força de Loremz1• Ela relaciona a força mecânica
à força elétrica. Se a massa da partícula carregada em movimento, na presença dos campos E e B, é
F = fL
I dl X B (8.9)
Esta equação é, essencialmente, a lei da força emre dois elementos de corrente e é análoga à lei de
Coulomb, que expressa a força entre duas cargas estáti cas. Da equação (8. 12), obtemos a força total
F 1 sobre a espira de correme I devido à espira de corrente 2, mostradas na Figura 8.1 , como
111. pela segunda lei do movimento de Newton,
Tendo considerado as leis e as técnicas básicas comumente utilizadas no cálculo do campo magnético Ao utilizar a equação (8.8) ou a (8.9), devemos ter em mente que o campo magnético produzido pe- (8. 13)
B devido a vários arranjos de corrente, estamos preparados para estudar a força que um campo mag- F = 111 -du = Q (E + u X B) (8.4) lo elemento de corrente 1 dlnão exerce força sobre ele mesmo, da mesma forma que uma carga pon-
dt
nético exerce sobre partículas carregadas, elementos de corrente c espiras de corrente. Este estudo é tual não exerce força sobre si. O campo 8 que exerce força sobre I dl deve ser gerado por um outro
importante pam resolver problemas sobre dispositivos elétricos, como amperímetros, voltímetros, gal- elemento. Em outras palavras, o campo B na equação (8.8) ou (8.9) é externo ao elemento de cor- Embora a equação pareça complicada, devemos lembrar que ela é baseada na equação (8. 10), isto é,
A solução desta equação é importante para determinar o movimento de partículas carregadas na pre-
vanômetros, cfclotrons, motores, geradores magnetoidrodinâmico e problemas que envolvem meios rente I dl . Se, ao invés do elememo de corrente em uma linha I dl, tivermos elementos de corrente em é a equação (8.9) ou a equação (8.1 O) que é de fundamental importância.
sença dos campos E c B. Devemos ter em mente que, considerando esses campos, apenas o campo
ionizados (plasmas). A definição precisa de campo magnético, deliberadamente "deixada de lado" no uma superffcie K dS ou um elemento de corrente em um volume J dv, simplesmente fazemos uso da A força F2 sobre a espira 2, devido ao campo magnético 8 1 da espira I , é obtida a partir da equação
elétrico pode transferir energia. Um resumo da força exercida sobre urna partícula carregada é dado
capítulo anterior, será dada agora. Os conceitos de momento magnético e de dipolo magnético tam- equação (8.6), tal que a equação (8.8) torna-se (8.13) pelo intercâmbio dos índices subscritos I e 2. Pode-se dernorlSlrar que F2 = - F 1• Dessa fonna,
na Tabela 8.1.
bém serão considerados. F 1 c F2 obedecem à terceira lei de Newton, para a qual ação c reação são iguais c opostas. E' válido men·
Já que a equação (8.2) é parecida com a equação (8. 1), que define o campo elétrico, alguns au- dF = K dS X 8 ou dF = J dv X 8 (8.8a)
Além disso, consideraremos campos magnéticos em meios materiais, em oposição aos campos cionar que a equação (8.13) foi experimentalmente estabelecida por Oersted e por Ampere. Na verdade,
tores c professores preferem começar a discussão sobre a magnetostática a partir da equação (8.2),
magnéticos no espaço livre examjnados no capítulo anterior. Os resultados do capítulo precedente Biot e Savar1 (colegas de Ampere) usaram essa experiência como base para sua lei.
da mesma forma corno as discussões na eletrostática usualmente se iniciam pela lei da força de enquanto a equação (8.9) torna-se:
necessi tam somente algumas modificações para explicar a i nlluência de materiais em um campo Coulomb.
magnético. Discussões adicionais irão abordar os seguintes assuntos: indutores, indutâncias, energia
magnética e circuitos magnéticos.
TABELA 8.1 Força sobre uma partícula carregada
F= fs K dS X B ou F = f J dv
I"
X B (8.9a ) EXEMPLO 8.1 Uma partícula carregada, de massa 2 kg e carga 3 C, parte do ponto ( I, -2, O) com velocidade 4a,
3a.. m/s em um campo elétrico 12a,. + IOa,' V/m. Emt = I s, determine:
+

(a) a aceleração da partícula;


Estado d a partícula Campo E Campo B Campos E e B combinados Da equação (8.8):
(h) sua velocidade;
8.2 FORÇAS DEVIDO AOS CAMPOS MAGNÉTICOS Escática QE QE O campo magnético 8 é definido como a força por elemento de eo•Tente unitário.
Em movimento QE Qu X B Q(E + u X ll) (c) sua energia cinética;

Alternativamente, 8 pode ser definido da equação (R.2) como o vetor que satisfaz FJq = u X 8 , da (d) sua posição.
Há pelo menos três maneiras de a força provocada por campos magnéticos se manifestar. A força
pode ser devido: (a) ao movimento de partículas carregadas em um campo magnético B; (b) à pre- mesma forma como definimos o campo elétrico E corno a força por unidade de carga, FJ q. Ambas
Solução:
sença de um elemento de corrente ern urn campo externo B; (c) à interação entre dois elementos de as definições demonstram que 8 descreve as propriedades de força de um campo magnético.
B. Força sobre um elemento de corrente (a) Esse é um problema de valor inicial porque são dados valores iniciais. De acordo com a segun·
corrente. da lei do movimento de Newton,
Para determinar a força sobre um elemento de corrente I tfl, de urna corrcllle que percorre um con-
dutor, devido a um campo magnético B, modificamos a equação (8.2) a partir do fato de que para a C. Força entre dois elementos de corrente F = ma = QE
A. Força sobre partícula carregada corrente de convecção [veja equação (5.7)]:
Consideremos agora a força entre dois elementos de corrente 11 dl 1 c 12 dl 2• De acordo com a lei de onde a é a aceleração da partícula. Assim,
De acordo com nossa discussão no Capítulo 4, a força elétrica F, sobre uma carga Q, estacionária ou (8.5) Biot--Savart, ambos os elementos de corrente geram campos magnéticos. Assim, podemos determi-
em movimento, em um campo elétrico é dada pela lei experimental de Coulomb c está relacionada à nar a força d(dF1) sobre o elememo 11 dl1 devido ao campo d8 2, gerado pelo elemento de corrente 12 QE 3 2
a =111
-=-2 (12a.r + IOa>.)= 18a.,+ 15a.' m/s
intensidade do campo elétrico E, de acordo com dl 2, como mostrado na Figura 8.1. A partir da equação (8.8):
1
Hendrik Lorentz ( 1853-1928) foi quem primeiro aplicou a equação para movimenlo em um campo elétrico.
F, = QE (8.1) (8.1 0) du d
a = -dt =dt
- (u-
""11,- • = 18a.•.• + 15a,.
' 11.)

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(b) Equacionando as componentes, tem-se: que é uma equação diferencial linear com solução (v~ja o Caso 3 do Exemplo 6.5): tela
ponto focal
EXERCÍCIO PRÁTICO 8.1 ""-..
d11x
- = 18-?11... = 18t +A
llx = c, cos 51 + c2 sen 51 (8.2.4)
(8.1.1) Uma partícula, carregada de massa I kg e carga 2 C, parte da origem, com velocidade inicial
dt
zero, em uma região onde E = 3a _V/m. Determine: Das equações (8.2.1) e (8.2.4),
d11 ,. (a) a força sobre a partícula;
- = 15-711,-= 151+8 (8.1.2) dux
dt (b) o tempo que a partícula leva para alcançar o ponto P (0, O, 12m); 5uy = dl = - se, scn 5r + 5C2 cos 5t (8.2.5)
(c) a velocidade c a aceleração da partícula em P:
ou
--- -
d11.
-- = o-7 11-- = c (8. 1.3) (d) a energia cinética da partícula em P.
dl lly = - c, sen 5t + c2 cos 51 ( a) (b)

+ 3a,. Donde: Resposta: (a) 6a. N; (b) 2 s: (c) 12a. m/s, 6a. m/s2 ; (d) 72 J.
onde A, 8 e C são constantes de integração. Porém, em t = O, t1 = 4a,, - - - Determinamos, agora, as constantes C0 , C, e C2 utilizando as condições iniciais. Em 1 = O, u = 3a1. Fi~urn 8.2 Focalização magnética de um feixe de elétrons: (a) trajetórias helicoidais dos elétrons: (b) vista das
u.(l = 0) = 4 -7 4 = O + A Portanto: trajetórias . a partir do ponto final das mesmas.
ou A= 4 Uma partícula, carregada de massa 2 kg e carga I C, parte da origem com velocidade 3a. m/s e atra-
EXEMPLO 8.2 ll x = 0 -7 0 = C, · I + C2 · O -7 C, = O
u,{l = O) = O -7 O = O + 8 ou 8 =0 vessa uma região com campo magnético uniforme 8 = IOa, Wb/m1. Em t = 4 s, calculé: Substituindo os valores de b 1, b2 e b3 nas equações (8.2.7) a (8.2.9), obtemos
(a) a velocidade e a aceleração da partícula; uy = 3 -7 3= -c, ·o + c2 · 1 -7 c2= 3
ltz(l = O) = 3 -7 3 = C (x, y, z) = (0,6 - 0,6 cos 5t, 0,6 sen 51, 0) (8.2. 10)
(b) a força magnética sobre a partícula; Uz = O -7 O = Co
Substituindo os valores de A , 8 e C nas equações (8.1.1 ) a (8. 1.3) resulta em: (c) a energia cinética (EC) da partícula e sua localização; Em1=4s
Substituindo os valores de C0, C1 e C2 nas equações (8.2.3) a (8.2.5), resulta em
u(t) = (u_., 11" 11J = ( 181 + 4, 1St, 3) (d) determine a trajetória da partícula eliminando t; (x, y, z) = (0,3552, 0,5478, 0)
u = (u.n uro u,) = (3 scn 5t, 3 cos 5t, O) (8.2.6)
(e) demonstre que a energia cinética (EC) da partícula permanece constante.
Dessa forma (d) Da equação (8.2. 10), eliminamos 1 observando que
Assim,
Solução:
t1(t = I s) = 22a... + 15a,. + 3a. m/s (x - 0,6t
?
+ y-
.,
= (0,6t (cos- 51
., ')
+ scn- 51),
.,
z= O
du
u(t = 4) = (3 sen 20, 3 cos 20, 0)
(a) F = m - = Qu X B = 2, 739ax + 1,224ay m/s
(c) A energia cinética (EC) = l m lul2 = I (2)(22-? + ?
15-
2
+ 3) dt ou
2 2 du
= 718 J du Q a = - = ( 15 cos 5t, - 15 sen 5t, 0) ?
+ y-
., ')

a = - = - u XB dt (x - 0,6)- = (0,6)-, z=O


dt 111
dl d e que é um cfrculo sobre o plano z = O, centrado em (0,6. O, 0) e com rai o 0,6 m. Dessa forma, a
(d) ti - = -dt (x• .}'• " = (181 + 4 • 15t• 3)
=dl 7 )
. Assim partícula gira em uma órbita que coincide com uma linha de campo magnéti co.
a(t = 4) = 6,l0l a.< - 13,703a>mfs·'
Equacionando as componentes, obtém-se a.. a,. a •. 1 I
(b) F= ma = 12,2ax- 27,4a, N (c) E.C. = 2m lul2 = 2 (2) (9 cos2 5t + 9 scn2 51) = 9J
dx
-
(/f
= 11 = 181 + 4-7 X= 9t 2 + 4t + A1 (8. 1.4) ou
X
que é a mesma energia cinética ( EC) em 1 = O e 1 = 4 s. Logo, o campo magnético uniforme não tem
Comparando ambos os lados da igualdade, componente a componente, obtemos: F = Qu X B = ( I )(2, 739a.< + I ,224a,.) X I Oa; efei to sobre a energia cinética da partícula.
dy ,
- =
dt
/1 .
.l
= 151 -7 y = 1,5r + 81 (8. 1.5)
dur
= 12,2a,. - 27,4a,. N . Observe que a velocidade angular w = QB/m e o raio da órbita r = u..Jw, onde tt0 é a velocidade
- = 511 . (8.2.1 ) inicial. Uma interessante aplicação deste exemplo é na focalização de um feixe de elétrons. Neste ca-
dt ) (c) a energia cinética (EC)= 112m lul2 = 1/2(2) (2,7392 + 1,2242) = 9J so, é empregado um campo magnético uniforme orienlado paralelamente ao feixe desejado, como
dz
- =li , = 3 (8.1.6) mostra a Figura 8.2. Cada elétron que emerge do canhão de elétrons segue uma trajetória helicoidal
dl - d11,. dx 3
- = -5u (8.2.2) uX = - = 3 sen 5t -7 x = - 5 cos 5r + b I (8.2.7) c rctorna ao eixo no mesmo ponto focal, juntamente com outros elétrons. Se uma tela de um tubo de
d/ X (/(

Em t = O, (x, y, z:) = ( I , - 2, 0). Assim, raios catódicos for colocada nesse ponto, um ponto luminoso irá aparecer na tela.
du . dy 3
x(t = O) = 1 -7 I = O + A1 ou A1 = I ---"
dt = o- t 11.• = co (8.2.3) ur = di = 3 cos 5t -7 y = 5 scn 5t + I>;. (8.2.8) ' '
EXERCICIO PRATICO 8.2
y(l = O) = -2 -7 -2 = O + 8 1 ou 81 = - 2 dz Um próton de massa m penetra um campo magnético uniforme B = B.,a. com uma velocidade
Podemos eliminar ux ou u,, nas equações (8.2.1) e (8.2.2), tomando a derivada segunda da primeira u. = - = o-7 z = b3 (8.2.9) inicial aax + (3a,. (a) Encontre as equações diferenciais que o vetor posição r = xax + ya,. + za.
z(l = O) =O -7 O = O + c, ou c,= o equação e utilizando a outra. Então, • dr
, deve satisfazer. (b) Demonstre que a solução dessas equações é:
cJ•u r du ,. onde b1, b2 c b3 são constantes de integração. Em t = O, (x. ): z) = (0, O, 0) c, portanto, a a
Substituindo os valores deA 1, 8 1 e C, nas equações (8. 1.4) a (8. 1.6), obtemos: ------,,;;-
- = 5- = - 2511x x = - sen wt, z=
dr dt 3 )• = -w cos wt• {3t
w
? , x(t = 0) = O-7 O = - · I + b 1 -7 b 1 = 0,6
(x, y, z) = (9r + 41 + I, 1,5r - 2, 31) (8.1.7) 5
ou onde w = eB..Jm e e é a carga do próton. (c) Demonstre que essa solução descreve uma

Dessa forma, em 1 = l, (x, .}; z) = (l 4, 5,5, 3).


, 3 hélice circular no espaço.
cJ·u y(t = O) = O -7 O = 5 · O + b2 -7 b2 = O
Ao eliminar 1 na equação (8.1.7), o movimento da partícula pode ser descrito em tem1os de x, y c z. -,f--' + 25ux = O dx dy dz
dr Resposta: (a) - = a cos wt, - = -a sen wt,- = {3, (b) e (c) a demonstração.
z(t = O) = O -7 O = b3 dt dt dt

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Uma partfcula carregada se move com uma velocidade uniforme 4a, m/s em uma região onde E = Uma espira retangular, percorrida por uma corrente/~, é colocada paralelameme a um fio infinita-
EXEMPLO 8.3 EXEMPLO 8.4 z
20 a,. V/m c B = B0a; Wb/m 2• Determine B0 tal que a velocidade da partícula permaneça constante. mente longo, percorrido por uma corrente / 1, como mostrado na Figura 8.4(a). Demonstre que a força I
sobre a espira é dada por I
I
Solução:
Se a partícula se move com uma velocidade constante, isso implica que sua aceleração é zero. Em F= _p.,J,[zb [_!_ - I ] a N
I

B
outras palavras, a partícula não sofre qualquer força líquida. Assim, 21T Po Po +a "
O= F = ma = Q (E + u X B)
Solução:
O = Q (20a1 + 4a_. X B0 a;)
Seja a força sobre a espira dada por

ou
Fc = F, + F2 + F3 + F. = /2 f t/l2 X B, que é uma força atrativa e tenta mover a espira em direção ao lio. A força F1 sobre o fio, pela terceira
lei de Newton, é igual a- F,. Veja a Figura 8.4(b).
' - eixo de ro1ação

(a) (b)

onde F 1, F 2, F 3, e F4 são, respectivamente, as forças exercidas sobre os lados da espira referidos co-
Então, B" = 5. Fi11ura 8.5 Espira rctangutm· plana em um campo magnético uniforme.
mo I , 2, 3 e 4 na Figura 8.4(b). Devido ao fio inlinililmemc longo:
Esse exemplo ilustra um princípi o importante empregado em um li ltro de velocidade, mostrado
na Figura 8.3. Nessa aplicação, E, B e u são mutuamente perpenclicularcs, tal que Qu X B é orienta-
EXERCÍCIO PRÁTICO 8.4
ela em oposição a QE, independente do sinal da carga. Quando as magnitudes dos dois vetores são B, - p."/' a<l> No Exemplo 8.4, determ ine a força sobre o fio infinitamente longo, se 11 = IOA, 12 = 5 A, onde IFoi = /B e porque B é uniforme. Então, nenhuma força é exercida sobre a espira como um to-
21rPo
iguais, Po = 20 em, a = 10 em, b = 30 em. do. Entretanto, F. e - F., agem em diferentes pontos sobre a espira c, com isso, geram um conjuga-
Assim, do. Se a normal ao plano da espira faz um ângulo cr com B, como mostrado na vista em seção reta da
QuB = QE Resposta: 5a. p N. Figura 8.5(b), o Iorque sobre a espira é

ou ITI = IFol wscn a


E ou
u=-
B 8.3 TORQUE E MOMENTO MAGNÉTICOS
T = Blfw scn a (8.16)
Esta é a velocidade crítica requerida para igualar os dois termos da equação de força de Lorentz. F 1 é uma força atrati va porque está dirigida para o lio longo, isto é, F 1 está orientado ao longo de
Partículas com esta velocidade não são defletidas pelos campos, mas são "filtradas" através da aber- - a. pelo fato de que o lado I da espira e o fio l ongo são percorridos por correntes no mesmo sen-
Tendo considerado a força sobre uma espira de corrente em um campo magnético, podemos deter- Contudo, ew = S, a área da espira. Ponamo:
tura. Partículas com outras velocidades são defletidas para cima ou para baixo, dependendo se suas minar o torquc sobre ela. O conceito de torque sobre uma espira de corrente quando sob ação de um
tido. De maneira similar,
velocidades são maiores ou menores que a velocidade crítica. campo magnético é de fundamental importância para entender o comportamento de partículas car- T = B/S scn a (8.17)
o p.,J, regadas em órbita, de motores de corrente contínua e de geradores. Se a espira ror colocada parale-
F3 = I?
- I di, X B 1 = /,
- - i ~ ·h
dz a. X
• ?
-1r ( Po + a) aA ?
lamente a um campo magnético, ela sofre uma força que tende a girá-la. Definimos
EXERCÍCIO PRÁTICO 8.3
p.,J,[zb
2-rr(p0 +a) "
a (repulsiva) O torque T (ou momento mecânico de força) sobre a espira é o produto vetorial entre a força m = /Sa, I (8.18)
Os campos uniformes E e B estão orientados em ângulos retos um em relação ao outro. Um F e o braço de alavanca r.
6
elétron se move com uma velocidade 8 X 10 m/s perpendicularmente a ambos os campos e como o momento de dipolo magnético da espira (em Alm\ Na equação (8.18), a. é o vetor unitário
atravessa-os sem ser detletido. Isto é:
normal ao plano da espira e sua orientação é determinada pela regra da mão direita- dedos apontan-
(a) Se a magnitude de B for de 0,5 mWb!ln2, determine o valor de E. T = r XF (8. 14) do no sentido da corrente e o polegar ao longo de a•.

(b) Esse tihro funcionará para cargas positivas c negativas c para qualquer valor de massa? c sua unidade é Newtons-metro (N · m). O momento de dipolo magnético é o produto entre a corrente c a área da espira. Sua direção
z é perpendicular à espira.
Apliquemos esta relação à uma espira retangular, de comprimento I e largura w, colocada em um
Resposta: (a) 4 kY/m; (b) sim. campo magnético uniforme 8 , como mostrado na Figura 8.5(a). A part ir desta figura, observamos
que dl é paralelo a B ao longo dos lados 12 e 34 da espira, e que nenhuma força é exercida sobre estes Introduzindo a equação (8.1 8) na equação (8.17), obtemos:
lados. Bntão:
0 IT=mxBI (8.19)
f
F1 - -10 G) - r: 1
F = I
i 3
dl X B + I
I
dl X B
Esta expressão é geralmente aplicável para determinar o torque sobre urna espira plana, de qualquer

r
2 4
formato, embora ela tenha sido obtida para uma espira retangular. A única limitação é que o campo
obcnura o
0 = I
o
dz 3 : X B + I feo dz 3 : X B magnético deve ser uniforme. Deve-se observar que o torque é na direção do eixo de rotação (eixo z
p>nículas no caso da Figura 8.5a). Ele é orientado de forma a diminuir a uma vez que m e B estão alinhados.

-
u
ponfculas com
carrcg:tdas
\•clocídade consHlllte Em uma posição de equilíbrio (quando m e B têm a mesma orientação), a espira é perpendicular ao
y t/ ou
F, campo magnético e o torque será zero, bem como a soma de forças na espira.

ZL .Y J
F,. = Qu X B (a) (b)
F = Fo - Fo =O (8.15)

Figura 8.3 Um filtro de velocidade para partículas carregadas. }'i::ura 8.4 Referente ao Exemplo 8.4: (a) espira retangular sob a innuência de um campo produzido por um fio
infinitamente longo: (b) forças que atuam sobre a espira e o fi o.

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,
8.4 DIPOLO MAGNETICO TABELA 8.2 Comparação entre monopolos elétricos e magnéticos e entre dipolos elétricos e magnéticos Escolhemos o sinal positivo em função da oriemação da corrente na espira (usando a regra da mão
FiJ!ura 8.1! Um imã em um campo magnético externo. direita, m é orientado como na tigura 8.9). Portanto,
Elémoo Mngné1ioo
Um ímã ou uma pequena espira fi lamentar de corrente é usualmente referido como um dipolo mag- 8
• m = 5 (4 sen 60°) (a.r + a,. + a,)
nético. A razão para tanto e o que significa para nós ·'pequena'' ficará logo evidente. Determinemos
v= Q
____;::._
v3
o campo magnético B em um ponto P(r, 9, tJ>) devido a uma espira circular que é percorrida por uma JO(a.r + a,. + a,) A · m2
4tre.,r
corrente / , como mostrado na Figura 8.6. O potencial magnético vetorial em Pé: Nilo OXÍSIC
Qa,
E = -----=
A = P.of f~ (8.20) 4Tre.,rz : Fi~-:uru 8.9 Espira triangular do Exemplo 8.5.
41T ,. Considere o ímã da Figura 8.8. Se Q.,é uma carga magnética isolada (intensidade de pólo) e I o
p seu comprimento, o ímã tem um momento de dipolo Q.,l. (Observe que Q,. existe, entretanto, não
Pode-se demonstrar que, em campo distante (r:::$> a, tal que a espira pareça pequena para um obser- existe sem um - Qm associado. Veja tabela 8.2.) Quando ímã está imerso em um campo magnético 2
vador no ponto P), A tem somente a componente q, e é dada por uniforme B, ele experimenta um torque

p. 0 17Ta 2scn Oaó T = m X B= Q,e X B (8.23)


A = ,
!C."-----;.,-.;.__:: (8.21 a)
41Tr·
Q e
onde apon ta na direção sul- norte. O torque tende a alinhar o ímã com o campo magnético externo.
ou A força que age sobre a carga magnética é dada por:
Monopolo (carga ponrual) Monopolo (cnrgn 1>0nllml)
F = Q,B (8.24)
(8.2 1b) Q cos o ~ 0 m senOa~
v "' ---,- A s---- Já que tanto uma pequena espira de corrente quanto um ímã se comportam como dipolos magnéti-
4Trs.,r2 4wrl
cos, eles são equivalentes se produzem o mesmo torque quando sob a ação de um dado campo mag-
2
onde m = /-rra a,. o momento magnéti co da espira, e a, X a, = sen (} aó. Determin amos a densidade Qd
de nuxo magnético B a partir de B = \1 x A, fazendo:
E =
4Tr&or3
(2 cos O a, + sen 9 ao)
J.lom
8 = - (2coslla, +
41frJ
~en8a,)
nético 8 , isto é, quando . '
EXERCICIO PRATICO 8.5
T = Q.,eB = 158 (8.25) 2
Urna bobina retangular, de área 10 cm , é percorrida por uma corrente de 50 A e está sobre o
JLolll a,
B= 3 (2 cos Oa, + sen Oa8) (8.22) p Dessa forma, plano 2x + 6y- 3z = 7, tal que o momento magnético da bobina está orientado para fora da
4-rrr p origem. Calcule seu momento magnético.
+Q (8.26)
,
+ 4,286ay- 2,143a, 10- 2 A· m2
E interessante comparar as equações (8.2 1) e (8.22) com as expressões similares (4.80) e
(4.82) para o potencial elétrico V e a intensidade de campo elétrico E devido a um dipolo elétri- T
d
r demonstrando que eles devem ter o mesmo momento de dipolo.
Resposta: (1,429a, X

co. A comparação é feita na Tabela 8.2, na qual observamos a estreita semelhança entre B, em T
campo distante, como o campo devido à uma pequena espim de corrente, e E, em campo distante,
devido a um dipolo elétrico. É, portanto, razoável considerar uma pequena espira de corrente co-
1 -Q
d

1-Q,.. EXEMPLO 8.5 Determine o momento magnético de um circuito elétrico formado pela espira triangular da Figura 8.9. EXEMPLO 8.6 Uma pequena espira de corrente L,, com momento magnético 5a. Altn2 , está localizada na origem,
enquan1o outra pequena espira de corrente, com momento magnético 3aYA/m 1 está localizada em
mo um dipolo magnético. As linhas de B devido a um dipolo magnético são similares às linhas de Solução: (4,- 3, I 0). Determine o Iorque sobre L 1 .
-~
E devido a um dipolo elétrico. A Figura 8.7(a) ilustra as I in has de 8 em torno do dipolo magnéti- Do Problema 1. 18(c), a equação de um plano é dada por Ax + 8y + Cz + D = O, onde D = - (A 2 +
co m = !S. 8 2 + C).' Uma vez que os pontos (2, O, 0), (0, 2, 0) e (0, O, 2) estão sobre o plano, estes pontos de- Solução:
Oipolo (duas c:Jil!OS poniUais) Dipolo (j)l.'qUCM cspim de com:nle ou barrn iman!ada)
~~~--~~--~~~~~~
vem sati sfazer a equação do plano e as constan tes A, 8, C e D podem ser determinadas. Fazendo O Iorque T 2 sobre a espira L2 é devido ao campo 8 1 produzido pela espira L,. Portanto,
isto, resulta em x + y + z = 2 como o plano sobre o qual a espira está. Portanto, podemos usar
T 2 = m2 X B,
Figura 8.6 Campo magnético em P devido à m = /Sa,
uma espira de corrente. Já que m, para a espira L, é ao longo de a,, determinamos B, usando a et]uação (8.22):
P(r. O, 'M
onde
I !J-oll'l·l
81= (2 cos (}a,. + sen (} a0)
II S = área despiras = ~ X base X al tura= -i (2VÍ)(2v'2)sen 60° 41!"r 3
r

II = 4 sen 60° Uti Iizando a equação (2.23), transformamos m 2 do sistema de cm1rdcnadas cartesiano para o sistema
es féri co:
I
I Definimos a superfície plana pela função
m2 = 3a,- = 3 (sen (} scn cp a, + cos (} scn cp a0 + cos if> a<>)
I I f(x,y,z) = x + y + z - 2 = O,
' '- II (a) (bl Em (4, - 3, I0):
'-...J
Vf = + (a.,. + a ,. + a:)
X Fi~:ura 8.7 As linhas de B devido aos dipolos magnéticos: (a) uma pequena espira de corrente com m = /S: a, = :t IVf i V3 r= V4 2
+ (-3) + 102 = 5Vs 2
(b) um ímã com m = Q.e.
p 5 I I 2
Uma pequeno ímã permanente, moSLrado na Figura 8.7(b), pode também ser considerado como to(}= - = - = - --+ sen (} = ---:;=. cos(} = Vs
um dipolo magnético. Observe que as linhas de B devido ao ímã são similares àquelas devido à pe- "' z 10 2 V5'
quena espira de corrente na Figura 8.7(a).
J -3 -3 4
tg <P = - = ---+ sen <P = -.
X 4 5
cos <P = 5
Fo rças, Materiais e D isposi tivos M agnéticos • 295 296 • Elementos de Eletromagnetismo Forças, Materiais e Dispositivos Magnéticos • 297 298 • Elementos de Eletromagnetismo

Assim, Portanto, ou
F'i~ura 8. 1O (a) Elétron orbitando em tomo

81 =
47r X 10-
7
X 5( 4
a, + I
a8) <V do núcleo: (b) movimento de rotação do elétron.
A = P.oJMx
I
V' - dv' (8.28) B = /Lo(H + M) (8.33)

+
á!
411" 625 v5 v5 Vs núcleo
<1)
I
41f R
10-7 elétron A relação na equação (8.33) mantém-se para todos os materiais, sejam eles lineares ou não. Os con-
Utilizando a equação (7.48), obtém-se:
625 (4a, + a,) ceitos de linearidade, isotropia e homogeneidade, introduzidos na Seção 5.7 para meios dielétricos
I I M
M X V'- = - V' X M - V' X - igualmente se aplica aqui para meios magnéticos. Para materiais li neares, M (em A/m) depende
nh = 3 [ - 3a, _ 6a0 + 4aô] R R R linearmente de H, tal que
- 5Vs 5Vs 5 (a) (b)

Substituindo esta relação na equação (8.28):


(8.34)
c
w- 7 (3)
Figum 8.11 Espira circular de corrente equivalente ao movimento
eletrônico da Figura 8. 10.
A = Jlo
41r
f v.
V' X M dv' - ..&.
R 41r
f ,,.
V' X M dv'
R onde x.. é uma grandeza adimensional (a razão M sobre H) denominada sttscetibilidade magnética
T = Vs ( - 3a, - 6a0 + 4Vsaô) X (4a, + aô)
do meio. É mais ou menos a medida de quão suscetível (ou sensível) a matéri t~ é ao campo magnéti -
625 (5 5)
11
Aplicando a identidade vetorial co. Substilllindo a equação (8.34) na equação (8.33) vem que
= 4,293 X 10-
= - 0,258a, +
( -6a,

1,665a0
+ 38,78a0 + 24aô)
+ 1,03aô nN · m t V' X F dv' = - {. F X dS (8.35)

ou
à segunda integral, obtemos:

EXERCÍCIO PRÁTICO 8.6


Se a bobina do Exercício Prático 8.5 é imersa em um campo uniforme 0,6ax + Se há N átomos em um dado volume ôv e o k-ésimo átomo tem um momento de dipolo mk,
A = ..&.
41r ,.·
f V' X M dv'
R
+ ..&. 1
41r Js.
M X a, dS'
R
B= !Lo!L,.H (8.36)

2 (8.29)
0,4ay + 0,5a. Wb/m ,
(a) detennine o torque sobre a bobina;
= Jlo f J, dv' + Jlo 1 K, dS'
onde

(b) demonstre que o torque sobre a bobina é máximo se el a for colocada sobre o plano
M = lim (8.27)
41r ,.. R 41r Ts· R
/Lr = l +xm =~;
!Lo
(8.37)

2x - 8y + 4z = \184. Calcule o val or do torque máximo. 4.•·--tO Comparando a equação (8.29) com as equações (7.42) c (7.43) (desconsiderando "as linhas"), '-----
obtém-se: A grandeza !L= !Lo/L, é denominada permeabilidade do material e é medidt~ em henrys/metro. O hcn-
Resposta: (a) 0,03ax - 0,02a,. - 0,02a: N · m; (b) 0,04387 N · m. Um meio para o qual M não é zero em nenhum ponto é dito magnetizado. Para um volume diferen- ry é a unidade de indutância e será definida mais adiante. A grandeza adimensional /L, é a razão entre
cial dv', o momento magnético é dm = M dv'. Da equação (8.21 b), o potencial magnético vetorial J, = vX M I (8.30) a pcm1eabilidadc de um dctem1inado material e a do espaço livre, sendo chamada de permeabilidade
devido a dm é: relativa do material.
e Deve-se ter em mente que as relações nas equações (8.34) a (8.37) são válidas somente para ma-
teriais lineares e isotrópicos. Se os materiais são anisotrópicos (cristais, por exemplo), a equação
8.5 MAGNETIZAÇÃO EM MATERIAIS K, = M x a,. I (8.3 1) (8.33) é válida, mas as equações (8.34) a (8.37) não se aplicam. Neste caso, !L tem nove termos
(similar ao !L na equação (5.37)) e, conseqüentemente, os campos 6 , H e M não são mais paralelos.
De acordo com a equação (7.46):
N ossa discussão aqui será semelhante àquel a sobre a polarização de materiais em um campo elétri - onde J,.,é a densidade de corrente de magnetização ligada. emtmt volume. ou a densidade de corren·
co. A ssumiremos que nosso modelo atômico é o de um el étron orbitando em torno de um núcleo po- R I te de magnetização em 11111 volume (em amperes por metro quadrado), K,.,é a densidade de corrente
Ji3= 'V'- ligada em uma supelfície (em ampercs por metro) c a, é o vetor unitário normal à superrície. A equa- .t~ - ,
siti vo. R '8.6 CLASSIFICAÇAO DOS MATERIAIS MAGNETICOS
Sabemos que um dado material é composto ele átom os. C ada átomo pode ser considerado como ção (8.29) mostra que o potencial de um corpo magnético é devido à densidade de corrente em um
consti tuído de elétrons orbitando em torno de um núcleo central positivo. Os elétrons também giram volume J., através do corpo e de uma corrente K,. sobre a supcrffcic do corpo. O vetor M é análogo
em torn o de seus pr6prios eixos. Portanto, um campo magnético in terno é gerado pel os elétJon s que ao vetor polarização P nos dielétricos e, algumas vezes, é chamado de densidade de polarizaçcio Em geral, podemos usar a suscet.ibilidade magnética x, ou a permeabilidade magnética /L, para elas-
orbi tam em torno elo núcleo como na Figura 8.1 O(a), ou pel a rotação dos elétrons, como na Figura 8 magnética do meio. Em outro sentido, M é análogo a H c ambos têm as mesmas unidades. Neste as- si lk ar os materiais em termos de suas propriedades magnéticas ou de seu comportamento magnéti-
11 =O, M=O
8. 10(b). Esses doi s movimentos eletrônicos geram campos magnéticos intern os 8; que são similares pecto, assim como J = V x H , também J,. = V x M. J,.,c K.,para um corpo imantado também são co. Um material é dito não-magnético se x., = O(ou /L,= I ). Ele é magnético se isso não se veriti-
ao campo magnético produzido por uma espira ele corrente ela Figura 8. 11 . A espira de corrente similares à P.,. e P., para um corpo polarizado. Como fica evidenciado nas equações (8.29) a (8.3 1), car. Espaço livre, ar e materiais com x., = O(ou JJ.,."' I) são considcrt~dos não- mt~gnéticos.
equi valente tem um momento magnético m = / 1,Sa,. onde Sé a área da espira e 11, é a corrente no en- J,., c K., podem ser obtidos de M. Por conseguinte, J,,c K,. não são comumente utilizados. Em termos genéricos, os materiai s magnéticos podem ser agrupt~dos em três categorias princi-
torno do átomo. No espaço livre, M =O e temos pais: diamagnéticos, paramagnéticos e ferromagnéticos. Esta classificação genérica está indicada na
Sem um campo externo 8 aplicado ao material, a sorn a elos ms é zero devido à orientação Figura 8. 13. Um materi al é dito diamagnético se ti ver /L, !5 I (isto é, um x., muito pequeno e nega-
randômica, como na Figura 8.12(a). Quando um campo ex terno 8 é aplicado, os momentos mag- V X H = J1 ou (8.32) tivo). É dito paramagnético se tiver JJ.,;;::: I (isto é, um x.. muito pequeno e positivo). Se JJ., » 1 (is-
néticos dos elétrons tendem a se alinhar com B, tal que o momento magnético líqu ido não é zero, co- to é, um x., muito grande e positivo), o materit~l é ferromagnético. A Tabela B.3, no Apêndice B,
mo ilustrado na Figura 8.12(b) . apresenta os valores de JJ., para alguns materiais. Da tabela, fica evidente que, para a maior parte das
(3) (b) onde J1 é a densidade de corrente livre em um volume. Em um meio material M :f: O e, como resul-
t~plicações práLiC<IS, podemos assumir JJ., = I para materiais diamagnéticos e para materiais paramag-
tado, B muda, tal que
A magnetização M (em ampêres/metro) é o momento do dipolo magnético por unidade de néticos. Portanto, podemos considerar materiais diamagnéticos e materiais paramagnéti cos como li-
FiJ(ura 8.12 Momemo de dipolo magnético em um vol ume Av: (a) antes da aplicação de B: (b) após a apli-
volume. neares e não-magnéticos. Materiais ferromagnéticos são sempre não lineares c magnéticos, exceto
cação de B. VX (: ) = J1 + Jm= J quando as temperaturas de trabalho estão acima da temperatura Curie (a ser explicada mais adiante).
=V X H + V X M A razão para isso ficará evidente à medida que examinarmos mais de perto cada um dos três tipos de
materiais magnéticos.

Forças, Materiais e Dispositivos Magnéticos • 299 300 • Elementos de Eletromagnetismo Forças, Materiais e D isposi tivos Magnéticos • 301 302 • Elementos de Eletromagnetismo

/blindagem de rcrro EXEMPLO 8.7 A região O :s z :s 2 m está ocupada por um bloco infinito de material permeável (p., = 2,5). Se • -...
B = !Oyax- 5xa,. mWb/nl dentro do bloco, dctemtinc: (a) J, (b) J1,, (c) M, (d) K" sobre z =O. - ~

materiais magnético.~;
,..., - _.:· "..·;; .. 0 llt
.
I,: ~-:::-·
Solução:
linear· n!lo-lincar {/N- """"' s .. o-!.:
.5 K
N (a) Por definição, .

I (
(
.. .. - a

+ + J =VX H= VX B 1 (a~
- - -a~) a d c
161•
diamagnéticos p..'1r.lm.1gnéticos
P.oJ.Ir 41T X I 0- 7 (2,5) ax ay ~ tt.w
rerron"'gnc!tioos (a) (b) 3
~t l l
106
x. < O.p, s 1.0 X.> O.p, :e I x.>O.p, > I
= ( -5 - 10)10- 3a, = -4,775a, kA/m 2
Figura 8.14 Isolamento magnético: (a) blindagem de ferro protegendo uma pequena bússola: (b) a bússola dá 1T Bz, H I,
llz
uma indicaçào crr.tda sem a blindagem.
G) 0 I'I

FiJ,:ura 8.13 Classificação dos materiais magnéticos.


(b) J" = x..,J = (p., - l )J = I ,5( -4,775aJ · I 03 (a) (b)

Embora B = 1-!o (R + M ) seja válida para todos os materiais, inclusive os lerrornagnéticos, are- = -7, 163a1. wm-
?
O diamagnetismo ocorre em materiais em que os campos magnéticos, devido aos movimentos Figum8. 16 Condições de fronteira entre dois meios magnéti cos: (a) para 8: (b) para H.
lação entre B e H depende da magnetização prévia do material ferromagnético, isto é, sua " história
de translação dos elétrons em torno em torno do núcleo e de rotação dos elétrons em torno de seus
magnética". Ao invés de termos uma relação linear en tre B e H (isto é, B = !-!H), somente é possível c) M _ H _ B _ 1,5(10yax - 5xay) · 10- 3
própri os eixos, se cancelam mutuamente. Desse modo. o momento magnético permanente (ou in-
(
- Xm - Xml-'ol-'r - 41T X 10- \2,5)
representar essa relação pela cun1a de magnetização ou curva 8- H. Então,
trfnseco) de cada átomo é zero, e os materiais são fracamente afetados pelo campo magnético. Para = 4,715yax - 2,387xay kA/m
Uma curva 8-H típica é mostrada na Figura 8.15. Em primeiro lugar, observe a relação não linear
a maioria dos materiais diamagnéticos (por exemplo, bismuto, chumbo, cobre , silíci o, diamante,
5 entre B e H. Em segundo lugar, em qualquer ponto sobre a curva, !-! é dado pela razão BIH e não por ou (8.41)
cloreto de sódio), x.. é da ordem ele - 10- . Em certos tipos ele materiai s denominados supercondu- (d) K" = M X a,. Já que z = Oé a porção inferior do bloco que ocupa O s z :S 2, a, = -a~. Dessa for-
d8/dH, a inclinação da curva.
tores. a temperaturas próximas do zero absoluto, o "diamagnetismo perfeito" ocorre: x,. = - I ou ma,
2 Se assumirmos que o material ferromagnético, cuj a curva 8- H está na Figura 8. 15, está inicial-
p., = Oc B = O. Portanto, os supercondutores não podem con1er campos magnéticos. À exceção urna vez que 8 = J.L H. A equação (8.4 1) mostra que a componente normal de 8 é contínua na fron-
mente desmagnetizado, à medida que H aumenta (devido ao aumento da corrente) de O até a máxi- Kh = (4,775ya.. - 2,387xay) X (- aJ
dos supcrcondutores, os materiais diamagnéticos são raramente utilizados na prática. Embora o teira. Essa equação também mostra que a componente normal de H é descontínua na fronteira; H
ma intensidade de campo apljcada H011,, a curva OP vai sendo gerada. Essa curva é referida como a
efeito diamagnético seja mascarado por outros efeitos mais proeminentes em alguns materiais, to- = 2,387xa_.. + 4.775ya>" kA!m pode ter alguma mudança na interface.
curva virgem ou cun1a inicial de magnetização. Após alcançar a saturação em P, se H diminuir, B
elos os materiais apresentam diamagnetismo. De maneira similar, aplicamos a equação (8.39) ao caminho fechado abcda da Figura 8.16(b),
não segue a curva inicial, mas se au·asa em relação à H. Esse fenômeno de B se atrasar em relação à
Os materiais cujos átomos tem um momento magnélico permanente não-nulo podem ser ou para- onde a corrente K na superfície da fronteira é considerada normal ao caminho. Obtemos
H é denominado histerese (que significa " atraso" em grego).
magnéticos ou fcrromagnéticos. O paramagnetismo ocorre em materiais para os quais os campos EXERCÍCIO PRÁTICO 8.7
Se H for reduzido a zero, 8 não é reduzido a zero, mas a 8 ,, que é referido como a densidade de tlh tlll
magnéticos produzidos pelos movimentos de translação dos elétrons em torno do núcleo e de rotação
fluxo remanellfe. O valor de B, depende de H,.v., a intensidade de campo máxima aplicada. A ex-
K · tl w = H 1I • tlw + H 1n · -
2 + H•.ui · - 2
dos elétrons em torno de seus próprios eixos não se cancelam completamente.
Em uma certa região (J.t = 4,6p0 ),
istência de 8, é a causa de termos ímãs pem1anentes. Se H cresce negati vamente (ao inverter o sen- tlh tlh
Diferentemente do diamagnetismo, o paramagnetismo depende da temperatura. Para a maioria
tido da corrente), B toma-se zero quando H toma-se H., que é conhecida como imensidade de cam- B = lOe--'a, mWb/m 2 - H?a · tl w- H?-"' · - - H In · - (8.42)
dos materiais paramagnéúcos (por exemplo: ar, platina, tungstênio, potássio), x.. é da ordem de 2 2
po coerciti1·a. Materiais para os quais Hc é pequeno são ditos magneticamente macios. O valor de H,
o· o·
+ I 5 a + I 3 c depende da temperatura. Tais materiais encontram aplicação em masers. depende de Hft11., ·
encontre: (a) Xm• (b) H , (c) M
À medida que llil -+ O, a equação (8.42) nos leva a
O ferrouwgnetismo ocorre em materiais para os quais os átomos têm momento magnético per-
Um aumento adicional de H na direção negativa até alcançar Q c a reversão até alcançar P resulta
manente relativamente grande. São denominados materiais fcrromagnéticos porque o material mais (8.43)
em uma curva fechada denominada laço de histerese. O fonnato dos laços de histerese variam de um
conhecido dessa categoria é o ferro. Outros materiais são o cobalto, o níquel e seus compostos. Os
material para outro. Algumas ferri tes, por exemplo, tem um laço de histcrese quase retangular e são uti-
materiais ferromagnéticos são muito úteis na prática. De forma distinta dos materiais diamagnéticos Isso mostra que a componente tangencial de H é também descontínua. A equação (8.43) pode seres-
lizadas em computadores digitais como memórias para armazenamento de dados. A área de um laço de
c dos paramagnéticos, os materiai s ferromagnéticos têm as seguintes propriedades: crita em termos de 8 como
histerese dá a energia perdida (perda histerética) por unidade de volume durante um ciclo da magneti-
I . são capazes de serem magnetizados fortemente por um campo magnético;
2. retêm um grau considerável de magnetização quando retirados do campo;
zação periódica do material fetromagnético. Essa perda de energia se dá na lbrma de calor. E, p011anto,
é desejável que os materiais utiljzados em geradores elétricos, motores c transformadores t.enham laços
- '
8.7 CONDIÇOES DE FRONTEIRA MAGNETICAS (8.44)
3. perdem suas propriedades ferromagnéticas c tornam-se materiais paramagnéticos lineares de histercse altos, mas estreitos, tal que as perdas histeréticas sejam minimizadas.
quando a temperatura fica acima de urna certa temperatura con hecida como temperatura Defi nimos as condições de fronteira magnéticas como as condições que o campo H (ou B) deve No caso geral, a equação (8.43) torna-se
Curie. Portanto, se um imã permanente for aquecido acima ele sua temperatura Curie (770° C B satis-fazer na fronteira entre dois meios dife rentes. Nossas deduções aqui são similares àquelas da
para o ferro), el e perde sua magnetização por completo; Seção 5.9. Faremos uso da lei de Gauss para campos magnét.icos (8.45)
4. são não-lineares, isto é, a relação consti tutiva B = J.l.,,p.,.H não se verifica para materiais fer-
romagnéticos porque p., depende de B e não pode ser representado por um único valor.
curvn dl! f B· dS =O (8.38) onde a., 12 é um vetor unitário normal à interface e orientado do meio I para o meio 2. Se a fronteira
Portanto, os valores de p., citados na Tabela B.3 para materiais ferromagnéticos são apenas típicos. mngncaiz.aç5o está livre de corrente ou os meios não são condutores (por K se entende densidade de corrente livre),
Por exemplo, para níquel p., = 50 sob certas cond ições e 600 sob outras condições. inici:1l
K = O c a equação (8.43) torna-se
Como mencionado na Seção 5.9, referente a materiais condutores, os materiais fcrromagnéticos,
e da lei circuilal de Ampere
como o ferro e o aço, são utilizados para isolamento (ou blindagem) para proteger dispositivos
elétricos sensíveis de distúrbios causados por campos magnéticos intensos. Um exemplo típico de f H ·dl = I (8.39)
ou (8.46)

~laço de histerese
uma blindagem de ferro é mostrada na Figura 8.14(a), onde a bússola está protegida. Sem a
blindagem de ferro, a bússola fornece uma leitura errada devido ao efeito do campo magnético ex- Portanto, a componente rangencial de H é contínua, enquanto que a componente tangencial de B é
-8r Considere a fromeira entre dois meios magnéticos I e 2 caracterizada, respectivamente, por p,1 e descontínua na fronteira.
terno, como na Figura 8.14(b). Para um isolamento perfeito requer-se que a blindagem tenha per- P-2• como na Figura 8.16. Aplicando a equação (8.38) ao cilindro (superfície gaussiana) da Figura
meabilidade infinita. Se os campos fazem um ângulo 8 com a normal à interface, a equação (8.41) resulta em
8.16(a) e fazendo llh ~ O, obtemos:
(8.47)
'Um tr.uamcmoexcclcncc dos supcrcondutor.:s é encontrado em M. A. Ptonus. Applied fltctmmo.~netics. Ncw York: McGr.tw-Hill. 1978. p. 375-388. Também. 81., t:.S - 82., llS = O (8.40)
a edição de agosto de 1989 dos Pmceedinss of IEEE é dedicado à supercondutividadc. Jo'i~uru 8. 15 Curva de magnetização (B-H) típica.

Forças, Materiais e Dispositivos Magnéticos • 303 304 • Elementos de Eletromagnetismo Forças, Materiais e Dispositivos Magnéticos • 305 306 • Elementos de Eletromagnetismo

enquanto que a equação (8.46) origina Portanto, Porém, 8.8 INDUTORES E INDUTÂNCIAS
s.
- senO. = H 1, = H 21 =
8,
--=- sen ~ (8.48)
H 1, = H1 - H 1, = (- 2, 6, 4) - (-4, 4, O)
(8.8.2)
~. ~2 = 2ax + 2ay + 4a: Um circuito (ou um caminho fechado condutor) que é percorrido por uma corrente I gera um campo
magnético B, que causa um fluxo 'f = f B · dS que atravessa cada espira do circuito, como mostrado
Dividindo a equação (8.48) pela equação (8.47), temos Utilizando as condições de fronteira, temos e na Figura 8.19. Se o circuito tiver N espiras idênticas, definimos o fluxo concatenado À como
H 21 = H 1, = 2a.• + 2a,. + 4a: À=N 'P (8.50)
= -~· (8.49) (8.8.3)
B21, = B 1, ~ 1'2H 21, = 1-'1H 1n Ainda, se o meio que circunda o circuito é linear, o fluxo concatenado À é proporcional à corrente I
Tendo determinado as componentes normais, podemos encontrar as componentes tangcnciais que o gerou, isto é,
ou
que é similar à equação (5.65), e é a lei da refração para linhas de lluxo magnético quando na fron- usando
teira não há qualquer fonte de corrente na superfície da interface de separação. À 'X I

ou À = LI (8.51 )
EXEMPLO 8.8 Dado que H = - 2a_, + 6a1 + 4a<A/m em uma região y- x- 2 < O, onde~~ = 5~0 , calcule: ou
Então, onde L é uma constante de proporcionalidade denominada indutância do circuito. A indutância L é
(a) M 1 e U 1;
(8.8.4) uma propriedade que é função da geometria do circuito. Um circuito, ou parte de um circuito, que
(b) H 2 e 8 2 na região y- x - 2 > O, onde ~ 2 = 2~,. tem uma indutância é denominado um indu to r. Das equações (8.50) c (8.5 1), podemos definir a in-
e Substituindo as equações (8.8.2) e (8.8.3) na equação (8.8.4), temos: dutância L de um indutor como a razão entre o tluxo magnético concatenado À e a corrente I através
Solução: do indutor, isto é:
Já que y- x- 2 = O é um plano, y - x ::5 2 ou y s x + 2 é a região I na Figura 8. 17. Podemos con- 7
B2 = 1'2H 2 = l'ol'r2H 2 = (47r X 10- )(2)(-8, 12, 4) I I I
firmar isso com a localização de um ponto nessa região. Por exemplo, a origem (0, 0) está nessa , - (Bxa, + Byay + B,aJ X a. = - (5a,. + 8a,) X a,. + -;;- ay
6J.l.o 4~ ro À N'P
região, uma vez que O- O- 2 < O. Se descrevermos a superfície do plano porf(x, y) = y- x- 2, um = -20,11a_,. + 30,16a!' + 10,05a, I-'Wbfm· L= - = - (8.52)
1 I
vetor unitário normal ao plano é dado por Equacionando as componentes, tem-se:
Vf a,. - a., '
EXERCI' CIO PRATICO 8.8 - 8 - 5 A unidade de indutância é o henry (H), que é equivalen te à wcbcrs/amperc. Já que o hcnry é uma
a,= IV/I - Ví By =O, _..:;.X
6
= -
4
+ ou (8.8.5) unidade muito grande, as indutâncias são normalmente dadas em rnili-henry (rnH).
A região I, descrita por 3x + 4y > I O, é um espaço livre, enquanto que a região 2, descrita A indutância detinida pela equação (8.52) é comumente referida como awo-indutância,já que o
por 3x + 4y < 10, é um material magnético para o qual f.J ::: IOf.J•. Assumindo que a fronteira
A partir das equações (8.8. 1) e (8.8.5), fluxo concatenado é gerado pelo próprio indutor. Da mesma forma que no caso das capacitâncias,
(a) M1 = Xm1 H 1 =(~ri - I) H 1 = (5 - 1)(-2, 6, 4) entre o material e o espaço livre seja livre de corren te, determine B,, se B1 = O, I as + 0,4a, +
? - podemos considerar a indutância como uma medida da quantidade de energia magnética que pode
0,2a. Wbfm·. 8 1 = 1,5a.. + 8a: mWbtm-
?

= - 8ax + 24ay + 16a: Nm • ser armazenada dentro de um indutor. A energia magnética (em joules) armazenada em um indutor é
B 1 = ~I H I = ~o~r1 H 1 = 47r X 10- (5)( -2, 6, 4)
7 ? 81 I expressa na Teoria de Circuitos como
, Resposta: - I,052a, + l,264aY+ 2a<Wbtm·. H1 = - = - (0,25a, + l,:na _) mA/m
= -12,57a, + 37,7a,. + 25,13a: ~Wbfm · J.l.1 J.l.o • - I ?
w = - Lf · (8.53)
( - I , I , 0) ] (- I , I, 0) "' 2
(b) H 1, = (H I a,)an = [ ( -2, 6, 4) · v'2 v'2 c
·
O plano xy serve como interface entre dois meios diferentes. O meio I (z < 0) é preenchido com um
EXEMPLO 8.9 I ou
material cujo 1-'r = 6, e o meio 2 (z > O) é preenchido com um material cujo 1-'r = 4. Se a i nterface é
= -4a.r + 4a,. H2 = J.l.o ( 1,25a.. + 2aJ mA/m
percorrida por uma corrente (I/I-') a,. mA/m c B 2 = 5a, + 8a, mWb/m 2 , determine H 1 c B 1•
2W
Porém,
L = 12111 (8.54)
Solução: Observe que H,,, é (l/p,0 ) mA/m menor do que H~, devido à lâmina de corrente e também porque
No exemplo anterior, K = O, tal que a equação (8.46) era adequada. Neste exemplo, entretanto, K :t:- O 8 1,. = Bz,,,
c temos que recorrer à equação (8.45) em conjunto com a equação (8.4 1). Considere o problema co- Portanto, a auto-indutância de um circuito pode ser definida ou calculada a partir de considerações
mo ilustrado na Figura 8.18. Assuma que B 1 = (B,,. 8>, B) seja expressa em mWb/m 2• de energia.
'
EXERCICIO '
PRATICO 8.9 Se ao invés de termos um circuito tivermos dois circuitos percorridos por correntes 11 e 12, como
Fij!ura 8.J 7 Rcfcrcmc ao Exemplo 8.8. (8.8. 1) mostrado na Figura 8.20, uma i nteração magnética existirá entre os circuitos. Quatro componemes de
Um vetor unitário normal apontando da região 2 (/1 = 2Jl0 ) para a região I (f/ = fi.) é
a,.21 = (6ax + 2a,.- 3a,)/7. Se H 1 = IOax + a)' + 12a, A/m e H 2 = H~a,- 5a,, + 4a, A/m,
determine: Fi~:ura 8.19 Campo magnético B gerado por um circuito.
Fi~:ura 8. 18 Referente ao Exemplo 8.9. (a) H~;
(b) a densidade de corrente K na interface;
a,..tl = a t (c) os ângulos que 8 1e B2 fazem com a normal à interface. I I

--------------~-----------.--~ y
, t K Resposta: (a) 5,833; (b) 4,86a~ - 8,64a,. + 3,95a, A/m; (c) 76,27°, 77,62°.

0 1',-J ~6

Forças, Materiais e Dispositivos Magnéticos • 307 308 • Elementos de Eletromagnetismo Forças, Materiais e D isposi tivos M agnéticos • 309 31O • Elementos de Eletromagnetismo

fluxo '1' 11 , '1',2, '1'2 , e '1'22 são geradas. O !luxo '1'12, por exemplo, é o !luxo que passa através do circuito Como mencionado anteriormente, um indutor é um condutor montado com formato adequado ou
I devido à corrente / 2 no circuito 2. Se 8 2 é o campo devido à /2 e S1 é a área do circuito I , então para armazenar energia magnética. Exemplos típicos de indutores são toróides, solenóides, linhas de
I ,
transmissão coaxial e linhas de transmissão de fios paralelos. A indutância de cada um desses indu- .ó.Wm = - ruH-.a.v
'1'12 = f.s. 8 2 · dS (8.55)
torcs pode ser determinada pelo procedimento descri to a seguir, similar àquele utilizado para deter-
minar a capaci tância de um capacitor. Para um dado indutor, determinamos a sua auto-indutância L Ll.J•
A densidade de energia magnetostática w,. (em J/m
3
)
2

é definida como
seguindo os passos abaixo: .O.x
/ÁI
Definimos a iudwâucia mtíttta M 12 como a razão entre o lluxo concatenado À12 = N,'1'12 sobre o cir- J. escolha um sistema de coordenadas adequado; .O.z .a. w.. I
w = A•-40
lim = -2 p.H 2
cuito I devido à corrente / 2 , isto é: 2. considere que o indutor é percorrido por uma corrente I; lâminas m .Ó. \1
condutoms 8
3. determine B a partir da lei de Biot-Savart (ou a partir da lei de Ampere se houver simetria) e Portanto,
)'
calcule 'I' a partir de 'I' = J B · dS; À N'l' .oy.
(8.56) 4. finalmente, determine L a partir de L = - = - .
I I (8.65)
A indutância mútua entre dois circuitos pode ser calculada por um procedimento semelhante.
X
De maneira similar, a indutância mútua M21é definida como o lluxo concatenado do circuito 2 por Em um indutor tal como uma linha de transmissão coaxial ou uma linha de tran smissão de fios Então, a energia em um campo magnetostático em um meio linear é
unidade de corrente / 1, isto é, paralelos, a indutância produzida pelo tluxo interno ao condutor é denominada indutância in tema L,,.

(8.57a)
enquanto que a produzida pelo nuxo externo é denominada indurância externa Lc,.· A indutância to-
tal L é:
l'i~ura 8.21 Um diferencial de volume no interior de um campo magn6tico.
W, = f w,. dv

(8.61) A ssumimos que toda a regi ão está preenchida com tais volumes di ferenciais. Da equação (8.52),
ou
cada volume tem uma indutância de
Pode-se demonstrar, utilizando conceitos de energia, que, se o meio que circunda os circuitos é
Da mesma maneira como foi demonstrado para capacitares
linear (isto é, na ausência de material ferromagnético),

(8.57b) RC= -
E:
(6.35)
t:J.L = t:J. 'f' = p.H t:J.x t:J.z
t:J.l t:J.l
(8.63) W = -I
m 2 f8 · H dv =-I
2 f uH 2 d v
r
(8.66)
(]

onde M = H t:J.y. Substituindo a equação (8.63) na equação (8.53), temos


A indutância mútua M 12 ou M 21 é expressa em henrys c não deve ser confundida com o vetor de mag- pode-se demonstrar que que é similar à equação (4.96) para um campo eletrostático.
netização M expresso em amperes/metro. I I , 2
t:J. Wm = -2 t:J. L t:J.l = -2r,.H - t:J.x t:l.)• t:J.•~ (8.64)
Definimos a auto-indutância dos circuitos I e 2, respectivamente, como Lcx•C = p.e (8.62) Calcule a auto-indutância, por unidade de comprimento, de um solenóide infinitamente longo.
EXEMPLO 8.1O
(8.58) Então, L<" pode ser calculada utiJjzando a equação (8.62) se C for conhecido. Solução:
Uma coleção de fórmulas para alguns elementos fundamentais de circuitos é apresen tada na TABELA 8.3 Urna col eção de fórmulas para a indutância de geometrias básicas Lembremos do Exemplo 7.4 que, para um solenóide infinitamente longo, o nuxo magnético no inte-
e Tabela 8.3. Todas as fómlUias podem ser deduzidas seguindo os passos listados acirna. 3 rior do solenóide, por unidade de comprimento, é
1. Fio 5. Espiro circular B = p.H = p./11
(8.59)
L =-
/Lo
81T
e L = P.ot (In 4e - 2.45) onde 11 = NIC = número de espiras por unidade de comprimento. Se Sé a área da seção reta do
8.9 ENERGIA MAGNÉTICA 21T d
solenóide, o fluxo total através dessa área é
onde '1', = '1',1 + '1' ,2 e '1' 2 = '1'21 + '1'22. A energia total no campo magnético é a soma das energias e= 21Tp0 , Po >> d
devido a L ,, L 2 e M 12 (ou M2 ,), isto é, Da mesma forma que a energia potencial em um campo eletros táti co foi deduzida como 2. Cilindro oco

e (In ~ - I)
w, =

=
w, + w2 + w, 2
I
2
,
L,Ij
I ,
+ 2L2f ?.::!: M, 2/1/2 (8.60)
WE = ~ I D · E dv = ~ I eE dv
2
(4.96)
L = /Lo

e >>
21T
8
8 2o f
'-~"
6. Solenóide
0
L =;_;__
p, N1S
Já que esse lluxo é somente para um comprimento unitário do solenóide, o fluxo concatenado por
unidade de comprimento é

seria interessante deduzir uma expressão similar para a energia em um campo magnetostático. Uma e
O sinal positivo é considerado se as correntes / 1 e 12 lluem tal que os campos magnéticos dos dois cir- abordagem simples consiste em utilizar a energia magnética no campo de um inelutor. A partir ela e >> a
3. Fios pamlclos
cuitos se reforçam. Se as correntes tluem de tal modo que seus campos magnéticos se opõem, o sinal equação (8.53),
é considerado negativo. 1'-oe d e, portanto, a indutância por unidade de comprimento é
L = - In -
u ~-
I 1T a L ')..' ,
w, = (8.53) e>> d, d >> a 5. Toro (de seção reta circular) L' =- =- = p.ll- s
Figura 8.20 Intcração magnética entre
2
L = p..,N2[p0 - ~)
e 1
dois ci rcuitos. verifica-se que a energia está annazenada no campo magnético B de um inelutor. E' interessante ex-
pressar a equação (8.53) em termos de B ou de H .
Considere um volume diferencial em um campo magnético, como mostrado na Figura 8.21. Se-
ja o volume coberto com lâminas metálicas condutoras nas superfícies do topo e ela base percorridas 4. Condutor coaxial
por corrente t:J. 1'-oi b 6. Lâmina
L= - ln-
21T a L = !Lo u (111 b u + o.s) + I l
circuito I circuito 2
' Fónnulas adicion:1is podem ser encon1r.1das em manuais de padrões elé1ricos ou em H. Knoepfcl. Pulscd High Magnelic Ficlds. Ams1erdarn: Nonh-Holland,
'=f ~~~
b
1970. p. 312-324.
Forças, Materiais e Disposi tivos Magnéticos • 311 312 • Elementos de Eletromagnetismo Forças, Materiais e D isposi tivos Magnéticos • 313 314 • Elementos de Eletromagnetismo

EXERCÍCIO PRÁTICO 8.10


Para um comprimento do cabo, e Agora,

Um solenóide muito longo, com seção reta de 2 X 2 em, tem um núcleo de ferro (Jl, = 1.000) e L cx t = ?2 f 2
8 ? dv = --:;-
I fff J.h ,
411"-p 2
2
P dp d<P dz
I2,. d</> Jb -d r- -P. J-p.
4.000 espiras/metro. Se o solenóide for percorrido por uma corrente de 500 mA, determine:
(a) sua auto-indutância por metro;
(b) a energia armazenada, por metro, nesse campo.
L· = ~ = p.e
'" f 81r
(8. I 1.1 ) e
p.
= - ,
411"- I o
c
dz
o a p
p p. b.
= - ln -
271" a
e
Jl.
= ----;
4 1i"
it i2'"
o
dz
o
d<P f'/
u
(I
-dp
p
p.e d-a
Resposta: (a) 8,042 Hlm; (b) I ,005 J/m. A indutância interna por unidade de comprimento, dada por L = L· + Le.t = - Jl.e[1- + In -b] = - ln - -
271" a
'" 271" 4 a

corno obtido anteri ormente.


Uma vez que os dois fios são simétricos,
Determine a auto-indutância de um cabo coaxial de raio interno a c raio externo b. H/m (8. 11.2)
EXEMPLO 8.11 L = 2 (L;n + Lcxt)
EXERCÍCIO PRÁTI CO 8.11
Solução:
A auto-indutância do indutor pode ser encontrada de duas maneiras: seguindo os quatro passos da- é independente do raio do condutor ou do fio. Portanto, as equações (8. I I. I) e (8. I 1.2) são também Calcule a auto-indutância do cabo coax ial do Exempl o 8. 11 se o condutor interno for feito de
= -p.C [I-
1f 4
+ In {/ d- a] H
dos na Seção 8.8 ou usando as equações (8.54) e (8.66). aplicáveis para encontrar a indutância de qualquer condutor reto infinitamente longo de raio finito. um material não-homogêneo, tendo p. = 2p.J( I + p ).
Agora, determinaremos a indutância externa L"" considerando os lluxos concatenados entre os corno obtido anteriormente.
Método 1: considere a seção rcla do cabo como mos trado na Figura 8.22. Lembremos da equação
Resposta: -P.oe + -Jl.oe [ In-
b- (I + _ b)]
condutores interno e externo, como na Figura 8.22(b). Para uma casca diferencial de espessura dp,
(7.29) que, jJela aplicação da lei circuitai de Amperc, obtemos para a região 1 (0 < p < a), In..:...._ _,_
811" 1r a ( I + a) EXERCÍ CIO PRÁTICO 8.12
!J.I
f.L/p d'P2 = 8 2 dp dz = - dp dz
81= a~ 27rp Dois fi os de cobre com bitola 10 AWG* (2,588 mm de diâmetro) estão colocados em paralelo
21ra2 no ar com um espaçamento entre eles de d. Se a indutância de cada fio
Determine a indutância, por unidade de comprimento, de uma linha de transmissão a dois tios, com
EXEMPLO 8 .12 é de I ,2 p.Him, calcule:
e, para a região 2 (a s p s b), Neste caso, a corrente I a ser considerada para o cálculo do lluxo é a corrente total/. Portanto, separação entre eles de d. Cada fio tem um raio a, como mostrado na Figura 6.37.
(a) L,. e L..,. por metro, para cada tio;
B, ~-'' a~
= - Sol ução: (b) o espaçamento d entre os fios.
- 27rp U tilizaremos os dois métodos do último exemplo.
Resposta: (a) 0,05 c 1, 15 .uHJm; (b) 40,79 em.
Primeiro, encontramos a indutância interna L;. considerando os fluxos concatenados devido ao con- >.., p.e b Método 1: determinamos L... da mesma forma como foi feito no último exemplo. Portanto, para a
dutor interno. Da Figura 8.22(a), o fluxo que sai de uma casca diferencial de espessura dp é: L
exo
= --=-
I
= - !n -
211" a região O ~ p <a, obtemos
p1p Dois anéis circulares coaxiais de raios a e b (b > a) estão separados por uma distância h (h » a,b)
d'P1 = 8 1 dp dz = 21ra-, dp t/z Então, EXEMPLO 8.13
como mostrado na Figura 8.23. Determine a indutância mútua entre os anéis.

O fluxo concatenado é d'l' 1 multiplicado pela razão entre a área limitada pelo caminho que envolve como no último exemplo. Para a região a < p <d - a, os fluxos concatenados entre os fios são Solução:
o fluxo c a área total, isto é, Seja o anel I percorrido pela corrente / t. Em um ponto arbitrário P sobre o anel 2, o potencial mag-
d- a Jt p.l p.lf d- a nético vetorial devido ao anel I é dado pela equação (8.21 a), a saber:
ou a indutância por unidade de comptirnento é: À, = 'P, =
- - fp= a ::z O
-dpdz = - In - -
271"p 27r a

L
L= 21rIA- [I4 + In b]
,= e a J-1/m Os fluxo~ concatenados gerados pelo fio I são:
porque I está uniformemente distri buído através da seção reta, para excitação em corrente contínua
(de). Então, os lluxos concatenados totai s no interior do elemento diferencial de fluxo são: ~ ~
" ' + " Z = -87r + -271"
p.te p.te d - a
ln - -
Se h >> b
a
' = f.Llp dp dz . i_ Método 2: é mais fácil utilizar as equações (8.54) c (8.66) para determinar L , isto é,
d AJ > 2
21ra- a Por simetria, a mesma quantidade de tlu xo é gerada pela corrente - 1 no fio 2. Portanto, os fluxos con-
I , catenados totais são:
W, = LI- ou Portanto,
2
p.te[ l + In d-
a a]
®I
0 eixo z À = 2(À 1 + À2) = ---;- = LI
onde 4
---
,'"... ..... -
I I
....·
......

W = -I I B · H dv = _:_ I
8' dv
2~J.
Se d »a, a auto-indutância, por unidade de comprimen to, é:
e
,,,,_
1r
I I
"' 2
,_ Portanto, L' =7=; [~ + In:] I H/m

(a) (b)
L;n = 22
1
I Bi ;;-dv = 2 I
- P. I IA-
III / 12/ , ~ pdpd~dz
47r"(l Método 2: do último exemplo,

~ c lz.. I" e
Io dz o d~ o p dp = L87r *
3 N. de T. A sigla AWG significa Amcrican \Vire Gage e representa um padrão none-ámeric:mo de bitola de lios. hoje em desuso.
Fi~:ura 8.22 Seção reta do cabo coaxial: (a) para a região I (O< p < a ): (b) para a região 2 (a < p < b): refe-
= 4
4r. a
rente ao Exemplo 8. 11.

Forças, Materiais e D isposi tivos Magnéticos • 315 316 • Elementos de Eletromagnetismo Forças, Materiais e Dispositivos Magnéticos • 317 318 • Elementos de Eletromagnetismo

~ ,
Figura 8.23 Dois an~is coaxiais: referente ao Exemplo 8.13.
'8.11 FORÇA SOBRE MATERIAIS MAGNETICOS
..
v- É de interesse prático detem1inar a força que um campo magn<!tic() exerce sobre uma peça de material
magnético sob a ação do campo. Esse conceito é útil em sistemas eletromecânicos, como eletroímãs,
relés c máquinas rotativas, e no processo de levitação magnética. Considere, por exemplo, um

T
, (a) (b)
eletroímã feilo de ferro com permeabilidade relativa constante, como mostrado na Figura 8.25. A bobi-
na tem N espiras e é percorrida por uma corrente /. Se despre:r.armos o va:r.amento, o campo magnético
8 no entreferro de ar é o mesmo que no interior do ferro (81• = 8z,). Para encontrar a força entre as duas

1 Figuru !!.U Analogia entre (a) um circuito elétrico c (b) um circuito magnético.

A fon te de fmm em circuitos magnéticos é usualmente uma bobina percorrida por uma corrente, co-
peças de ferro, calculamos a alteração na energia total que resultaria se as duas peças fossem separadas
de um deslocamento diferencial tR. O trabalho necessário para efeti var esse deslocamento é igual à
variação da energia armazenada no entreferro de ar (assumindo corrente constante), isto é, Fi~ura
(a)

8.26 (a) Núcleo toroidal do Exemplo 8. 14: (b) circuito elétrico equ ivalente.
(b)

mo mostra a Figura 8.24. Ddinimos também relllfâucia (/fi, (em ampcrc-csp/wcbcr) como 2
- F d/ 1 8- S dl ]
= dW = 2 [ - (8.74)
111

(/fi, = -
e (8.68)
2 11-o Solução:
Este problema pode ser resol vido de duas maneiras di !'crentes: usando a abordagem do campo mag-
p.S onde Sé a área da seção reta do entre ferro, o fator 2 aparece para contabilizar a contribuição dos dois
EXERCÍCIO PRÁTICO 8.13 nético (modo direto) ou usando o circuito elétrico análogo (modo indireto).
cntrcfcrros de ar, e o sinal negativo indica que a força age no sentido de reduzir o entre ferro (ou in-
Determine a indutância mútua de duas espiras circulares coplanares c concêntricas de raios 2m onde ee S são, respectivamente, o comprimento médio c a área da seção reta do núcleo magnético. dica que a força é atrativa). Então: M étodo 1: j á que p 0 é muito maior do que a, do Exemplo 7.6,
e 3 m. O recfproco da relutância é a permeâucia f/f' . A relação básica para elementos de circuitos é a lei de

Resposta: 2,632 ,uH.


Ohm (V = /R): F = -2 (jfJ_)
211-o
(8.75)
B = JJ-NI = lko!J-,.NI
e 21rP0
(8.69)
Note que a força é exercida sobre a peça inferior e não sobre a peça superior na qual está enrolada a Assim,
bobina percorrida pela corrente que dá origem ao campo. A força de tração através de um tínico en-
t8.10 CIRCUITOS MAGNÉTICOS Baseado nisso, as leis de Kirchhoff de corrente e de tensão podem ser aplicadas aos nós e às malhas treferro pode ser obtida da equação (8.75) como:
O conceito de circuitos magnéticos está baseado na resolução de alguns problemas de campo magnético -
de um determinado circuito magnético da mesma forma como em um circuito elétrico. As regras de
soma de tensões e de combinação de resistências em série c em paralelo também são válidas para
-
utilizando a abordagem de circuitos. Dispositivos magnéticos como toróides, transfom1adores, motores, fmm's e relutâncias. Portanto, para 11 elementos de circuito magnético em série: (8.76) ou
geradores e rclés podem ser considerados circuitos magnéticos. A análise desses circuitos é simplificada
se uma analogia entre circuitos elétricos e magnéticos for explorada. Urna vez feito isso, podemos dire- '1', = '/',_ = 'f, = ... = 'I'.J , (8.70)
tamente aplicar conceitos de ci.rcuitos elétricos para resolver circuitos magnéticos análogos. Observe a semelhança entre a equação (8.76) e aquela deduzida no Exemplo 5.8 para o caso 471' X 10- 7 ( 1.000)(200)( 1 X 10-
4
)
A analogia entre circuitos elétricos e magnéticos está resumida na Tabela 8.4 e mostrada na Figu- e
eletrostático. A equação (8.76) pode ser usada para calcular as forças em muitos tipos de dispositivos,
ra 8.24. Aconselhamos o leitor a fazer uma pausa na leitura c estudar atentamente a Tabela 8.4 e a =- = 3,979 A
'if = ~I + '!Ji2 + · · · + ~n (8.7 1) incluindo relés e máquinas elétricas rotativas, e no processo de levitação magnética. A pressão de
Figura 8.24. Primeiramente, observamos da tabela que dois termos são novos. Definimos a força 2
tração (em N/m ) em uma superfície imantada é
magnetomotriz (fmm) ?F (em amperes-espiras) como
F 81 I Método 2: o núcleo toroidal da Figura 8.26(a) é análogo ao circuito elétrico da Figura 8.26(b). D o
p =- = - = - 8H (8.77)
~ =NJ =f H · d l S 2J!.0 2 circuito e da Tabela 8.4,
(8.67) Pamu elementos de circuito magnético em paralelo,

(8.72) que é igual à densidade de energia w, no emrcferro de ar.

c
TABELA 8.4 Analogia entre circuitos elétricos e magnéticos
_j Fil(ur>l 11.25 Um eletrofmã. ou

..-- - - .I
I
I
'!f, = 'i},- = 'ifi3 = . . . = ~11 (8.73) 2p 'f'
Elétrico Magnético •
- - - -,
I I
I = Q , = 3,979 A
I I lko!J-rNa·
Condutividadc o Pem•eabilidade !" Algumas diferenças entre circuitos elétricos e magnéticos devem ser destacadas. Diferentemente I N espiras
I
Intensidade de campo ê Intensidade ele cam110 N de um circuito elétrico onde tlui con·cntc /, o tluxo magnético não flui. Também, a condutividade (} I I
I I corno obtido anteriom1ente.
Corrente I = f J · dS Fl uxo magnético 'f = f 8 · dS é independente da densidade de corrente J em um circuito elétrico, enquanto que a permeabilidade p. I I
I I
V'
i:
~. . I E
'""'ns1dndc de corrente 1 = - = o · Densidade de fluxo 8 = S = 1•fl varia com a densidade de fluxo Bem um circuito magnético. Isso porque materiais ferro magnéticos I EXERCÍC IO PRÁTICO 8.14
s (não lineares) são normalmente utilizados na maioria dos dispositivos magnéti cos práticos. Apesar úlj_ '
1/ _F t F I
t 1/ 2 F
Força clctromotriz (fem) V
Rcsistcncia R
Força magnetomotriz (fmm) f}
Relutância 9t
dessas diferenças, o conceito de circuito magnético é útil corno uma análise aproximada dos dispo- T L--------.J I Com um condutor de raio a faz-se uma espira circular de raio médio p 0 (veja Figura 8.26a). Se
p 0 = JOem e 2a = l em, calcule a indutância interna da espira.
sitivos magnéticos práticos.
Condutãncia G = .!.. - ·n.
Pemleanc&a I
u = ~
R Resp osta: 3 1,42 nH.
. v e
1..<:1 de 0 hm R = - = - Lei de Ohm ~ = ! = i_ O núcleo toroidal da Figura 8.26(a) temPo = l Oem e uma seção reta circular com a = I em. Se o
I oS 'f pS EXEMPLO 8.14
ou V = EC = IR ou '!f = fie= '1"-Jt = Nt
núcleo é feito de aço (JI. = 1.000JI.0 ) e tem uma bobina com 200 espiras, calcule a intensidade de cor-
L<:i de Kirchhoff: Lei de kirchhoff: rente que irá gerar um fluxo de 0,5 mWb no núcleo.
!.I= O r.'I' = O
!. V - !. RI = O 'f. f} - r. !l!l 'f = o

Forças, Materiais e Dispositivos Magnéticos • 319 320 • Elementos de Eletromagnetismo Forças, Materiais e Dispositivos Magnéticos • 321 322 • Elementos de Eletromagnetismo

No circuito magnético da Figura 8.27, calcule a corrente na bobina que irá gerar uma densidade de A fmm é: Porém, onde Xmé a suscetibilidade magnética do material.
EXEMPLO 8. 15 2
fluxo magnético de I ,5 Wb/m no entrcferro de ar, assumindo que Jl. = 50JA,0 , e que lodos os trechos 6. Em termos de suas propriedades magnéticas, os materiais são ou lineares (diamagnéticos ou
'
do núcleo tenham a mesma área de seção reta de 10 cnl". '!Ji = N/ = 'P"Rr !'; = NI = 'P(f!Jt" + l!it;) paramagnéticos) ou não lineares (ferromagnéticos). Para materiais lineares,
3 6
Porém, 'Pu = 'f = B,?. Assim,
1!Jt = f" = 2 XO, I X 10- _ 6X 10
B = JIH = Jloll,H = J.t0 {1 + x,.)H = J.to(H + M)
f.o - 1 O cm--~--1 O cm--~
·1 Fi~:ura 8.27 Circuito magnético do
l•- " p.S 41i X 10- 7 X 40 X I O ~ 4811"
Exemplo 8.15.
3
I = Basr!ltr = _.:_
1,5_ 10 _
X _ X 10-
4
7,4_
__ X___:. 10_8
X_ 2
5 X I06 onde Jl =permeabilidade e J.t, = p}J.t0 =permeabilidade rel ativa do material. Para materiais não
4 ~ -------- 4r ------ -- ~ 2 50 X I0

T
1Oem
I
I
I
I
I
I I
I
I
I
I
N
= 44,16 A
400 X 2011"

~
~:F,. = I!Jt"I!Jt(l
47r X 10- 7 X 3.000 X 40 X 10- 4
~
~ = 6 +6 5 Nl = -I6I N/
=
4811"
lineares, 8 = J.t(H) H , isto é, Jl não tem um valor fixo. A relação entre 8 e H é usualm en te
representada pela curva de magneti zação.
7. As condições de fronteim que H ou B devem sati sfazer na interface en tre dois meios diferentes

1
I I são
I I ' ,
+ I!Jt 1
I I I EXERCI CIO PRATICO 8.15
L--- ---- ---~ - - - - - - ----~
I Já que
O toróide da Figura 8.26(a) tem uma bobina com 1.000 espiras enroladas em torno de seu
ou se K = O
núcleo. Se P. = I Oem e a = l em, qual a corrente necessária para estabelecer um fluxo
magnético de 0,5 mWb: ~'a
01:; = Ha et1 = s"e"
--"-.=.
P.o onde a, 12 é um vetor unitário orientado do meio I para o meio 2.
Solução: (a) se o núcleo é não magnético? 8. A energia em um campo magnetostático é dada por:
O circuito magnético da Figura 8.27 é análogo ao circuito elétrico da Figura 8.28. Na Figura 8.27, I I B"e" li X 1, 11 X 0, 1 X 10- 3
0'1.,, ~. 0'1.3 e 0'1.., são as relutancias nos trechos 143, 123, 35 c 16 c 56 (cntrcferro de ar), respectiva-
mente. Portanto,
(b) se o núcleo tem p.,, = 500?

Resposta: (a) 795,8 A; (b) 1.,592 A.


N = -
6 p.0 1
N = 162
= -------'--:;----
6 X 47r X I 0- 7 X I
Wm = 2_
2 I B ·H dv

0'1., = sY!.z = --
e 30 X 10 2
Para um indutor percorrido por uma corrente/:
Jl.oJA.rS
3 X 108 I ,
EXEMPLO 6.16 Um eletroímã na forma deU, mostrado na Figura 8.29, é projetado para levantar uma massa de 400 EXERCÍCIO PRÁTICO 8.16 w, =
2 u-
20r. kg (o que inclui a massa do protetor). O núcleo em U de ferro (J.t, = 3.000) tem uma seção reta de 40
2 Determine a força através do entreferro de ar do circuito magnético do circuito do
sYl, _ 9 X 10- 2 = 0.9 X lOS cm e um comprimento médio de 50 em e cada entreferro de ar tem O, I mm de comprimento.
Exemplo 8. J5. Portanto, a indutância L pode ser encontrada usando:
(4r. X 10- 7)(50)( 10 X 10-~) Desprezando a relutância do protetor, calcule o número de espiras na bobina quando a corrente de ex-
I
3
- 2071'
ci tação for de I A.
I X 10- 2 5 X lOS Resposta: 895,2 N. 8 · H dv
~
a
= -----::-___;_ _ _..,.... - - - -
(4r. X 10- 7)( 1)( 10 X 10-~) 2011' Solução:
L = ..:......---=--
12
A força de tração através dos dois entreferros deve equilibrar o peso. Portanto,
1. A equação da força de Lorentz
Combinamos 0'1.1 e !'A2 como resistores em paralelo. Dessa maneira: RESUMO 9. A indutância L de um indutor pode ser também determinada a partir de sua detinição básica: a
(B~S) mzão entre o fluxo magnético concatenado e a corrente através do indutor, isto é:
F= 2 = mg du
21-'o F = Q(E + u X B) = m -
dt À N'l'
L= - = -
ou 1 I
refere-se à força que atua sobre uma partícula com carga Q na presença de campos EM . Ela ex-
7
A relutância total é:
a·~ = 400_
11181-'o = _ 9,8_
X _,;. 411"- :X- I-0-
X_ --
pressa a lei fundamental que relaciona o eletromagnetismo com a mecânica. Dessa maneira, assumindo a corrente / , determinamos B c 'I' = f B · dS c, finalmente, encon-
" S 40 X I 0 '
1 2. Baseado na lei da força de Lorentz, a força experimentada por um elemento de corrente /dl em tramos L = N'l'/1.
um campo magnético B é: 10. Um circuito magnético pode ser analisado da mesma maneira que um circuito elétrico, simples-
Ba = L, li Wb/m 2
dF = I d l X 8 mente levando em conta a similaridade entre

Fi~ura 8.29 Eletroímã na forma deU: referente ao Exemplo 8. 16.


Assim, podemos definir o campo magnético B como a força por elemento de corrente unitário.
3. O torque sobre uma espira de corrente, com momento magnético m, em um campo magnético
s; = N/ = f H · dl = 'l'(i/t c V = IR
~l
uniforme B é:
- núcleo de ferro em U isto é,
' +!1lJ T B /Sa, X B
~.
• !ll, ~ (j't l 11 ~{ l = m X =
'!Ji ~V, 'I' ~I. 9Jt ~R
4. Um ímã ou uma pequena espira de corrente filamentar é um dipolo magnético. Essas geometrias
~~
- 11
I T são assim denominadas pelo fato de que as linhas de campo B por elas geradas são semelhantes Portanto, podemos aplicar as leis de Ohm e de Kirchhoff aos circuitos magnéticos da mesma
_j às linhas de campo E de um dipolo elétrico. forma que as aplicamos aos circuitos elétricos.
(3) (b) ' - - - - - r - - - - - '1 -protetor S. Quando um material é submetido a um campo magnético, ele se toma magnetiz.c1do. A magneti- 11. A pressão magnética (ou força por unidade de área) sobre uma peça de material magnético é
J peso zação M é o momento de dipolo magnético por unidade de volume de um material. Para um ma-
l'igura 8.28 Circuito elétrico análogo ao circuito magnético na Figura 8.21. terial linear, F I 82
P= - = - 8H= -
S 2 2J.t0
M = x,.H
onde B é o campo magnético na superfície do material.

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