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2020

Creative Research

Estudo de caso – Taylor Swift


Desequilíbrio de género na indústria e na composição musical

Ana Margarida Fonseca Pereira


(Produção e Criação Musical BTEC HND, 2ºano - 2018-2020)

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Índice
1.1.
1.2. Índice ................................................................................................................... 1
Resumo ............................................................................................................................. 3
Abstract ............................................................................................................................. 3
2. Introdução ................................................................................................................... 4
2.1. Objetivos da dissertação ...................................................................................... 4
3. Metodologia ................................................................................................................ 5
3.1. Qualitativa ........................................................................................................... 5
3.2. Quantitativa ......................................................................................................... 5
4. Cronograma de pesquisa ............................................................................................. 6
5. Processo de pesquisa .................................................................................................. 6
6. A indústria da música: Ponto de vista feminino ......................................................... 7
6.1. Como é que as mulheres são vistas de uma forma global pela indústria enquanto
produtoras e compositoras ................................................................................... 7
6.2. Como é que esta temática se manifesta e afeta o trabalho e a vida pessoal de
uma artista. Alguns exemplos ............................................................................. 9
6.2.1.Madonna ....................................................................................................... 9
6.2.2.Madonna discursa sobre desigualdade de gênero ao ser eleita a ‘Mulher do
Ano’ pela revista Billboard ........................................................................ 11
6.2.3.Kesha - #FreeKesha ................................................................................... 14
6.2.4.Caso de batalha judicial com Dr. Luke (2013—presente) ......................... 14
6.2.5.Apoio de vários artistas e público para com Kesha ................................... 15
6.2.6.Kesha retira processo contra Dr. Luke ....................................................... 16
7. Estudo de caso - Taylor Swift .................................................................................. 17
7.1. Análise de carreira e obra .................................................................................. 18
7.1.1.Inicio de carreira e 1º álbum “Taylor Swift”.............................................. 18
7.1.2.2º e 3º álbum “Fearless” e “Speak Now” ................................................... 19
7.1.3. .................................................................................................................... 20
7.1.4.4º e 5º álbum “Red” e “1989” .................................................................... 21
7.1.5.6º e 7º álbum “Reputation” e “Lover”........................................................ 23
7.2. Como é que a desigualdade de género afeta e se manifesta na sua vida e obra?
........................................................................................................................... 25
7.2.1.The Man - Crítica à desigualdade de gêneros ............................................ 25
7.2.2.Polémica com Scooter Braun e Scoot Brochetta........................................ 27

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7.2.3.Como é que os outros artistas reagiram à polémica? ................................. 29
7.3. Opinião pública sobre a artista .......................................................................... 29
7.3.1.Entrevista a fã de Taylor Swift................................................................... 30
7.4. Papel dos media na construção da opinião pública sobre a artista .................... 34
8. Inquéritos/ Entrevista ................................................................................................ 36
8.1. Perguntas da Entrevista ..................................................................................... 36
8.2. Inquéritos ........................................................................................................... 37
8.2.1.Perguntas do Inquérito ............................................................................... 37
8.2.2.Resultados do Inquérito.............................................................................. 38
9. Considerações finais ................................................................................................. 40
10. Bibliografia e webgrafia ........................................................................................... 41
11. Anexos ...................................................................................................................... 42

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Resumo
Esta dissertação consiste na compreensão e ampliação de perspetivas relativamente ao
tema: “Desequilíbrio de género na indústria e na composição musical”.
Para além de abordar o tema de um modo geral, dando o exemplo de várias artistas deste
meio da indústria vai mais a fundo na questão com o estudo de caso da cantautora Taylor
Swift.
Palavras chave:
Género; Misoginia; Indústria; Artistas; Feminismo

Abstract
This dissertation consists of the expanding perspectives and the underlying theme:
“Gender inequality in industry and in musical composition”.
The topic is approached in a general way, giving the examples of several artists from the
music industry, but this all goes deeper into the issue with the study case of singer
Taylor Swift.
Keywords:
Gender; Misogyny; Industry; Artists; Feminism

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Introdução

Nas últimas décadas, cada vez é mais notório o movimento feminista em várias áreas da
indústria, mas embora tenha aumentado a conscientização sobre os obstáculos que as
mulheres enfrentam, ainda existem várias questões e barreiras por se resolver,
nomeadamente dentro da indústria musical.
“Como é que a desigualdade de género afeta e se manifesta na vida de
um artista e na sua obra?” é a principal questão de investigação desta dissertação,
como tal pretendo entender quais os impactos que a desigualdade de género tem na vida
das mulheres dentro da indústria musical, nomeadamente da cantora Taylor Swift.

Objetivos da dissertação

Esta dissertação tem como objetivo primeiro tentar chegar a uma conclusão e
compreensão relativamente à desigualdade de géneros na área da composição musical e
de que maneira esta se manifesta no trabalho de um artista, na sua reputação e até
mesmo na vida pessoal, nomeadamente da artista Taylor Swift ao fazer um estudo de caso
da mesma. De modo a possa relacionar com o meu próprio planeamento de carreira.
Questões secundárias a desenvolver no trabalho:

1. “Como a desigualdade de género se manifesta e afeta a composição de um


artista?”
2. “Taylor Swift análise de carreira e obra e como a desigualdade de género a
sobrepõem a uma opinião publica negativa pelas suas obras?”
3. “Como é que as mulheres são vistas de forma global aos olhos da indústria como
produtoras e compositoras?”

Razão da escolha da temática: Enquanto compositora e fã da artista Taylor Swift, ao


acompanhar a carreira da artista já há vários anos, tenho vindo a reconhecer na opinião
publica uma tendência negativa quanto às suas composições. Como compositora quero
tentar perceber melhor o porquê desta discrepância sendo que muitas vezes as artistas são
mais “julgadas” pelas suas canções do que pelo seu trabalho enquanto compositoras.

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Metodologia

A metodologia é um conjunto de métodos pelos quais se gere uma investigação/pesquisa


científica, por exemplo, para esclarecer ou explicar melhor um conceito.
A escolha do método deve fundamentar-se na qualidade esperada da pesquisa e dos seus
resultados. A busca de resposta reais ou com a maior aproximação da realidade, começa
com a construção correta dos dados, técnicas apropriadas ao objeto da investigação que
oferece elementos teóricos para análise e é exequível operacionalmente. (Miclos2, 2012)

Qualitativa
A pesquisa qualitativa é caracterizada por a sua grande flexibilidade e adaptabilidade.
Baseada na fenomenologia, método da crítica do conhecimento universal das essências
busca elucidar os nexos entre o verdadeiro ser e conhecer. Deste modo, investiga em geral
as correlações entre ato, significação e objeto. (Miclos2, 2012)
Nesta pesquisa acabei por utilizar mais a metodologia qualitativa, tendo como:
Fontes primárias: Entrevista/ Inquéritos.
Fontes secundárias: Bibliografias; Entrevistas; Documentários e Artigos.

Quantitativa
A característica da pesquisa quantitativa são de estudos científicos com abordagem
positivista e lógica. Os seus métodos exigem comprovações e quantificações de um
mundo real dos fatos, um mundo lógico das teorias que se comportam segundo critérios
racionais e objetivos permeados por uma visão cartesiana-newtoniana. Todo
conhecimento genuíno para os positivistas está baseado na experiência/observação e na
razão. (Miclos2, 2012)
Nesta pesquisa acabei por utilizar menos a metodologia quantitativa, tendo apenas:
Fontes secundárias: Premiações; Álbum; Visualizações.

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Cronograma de pesquisa

Processo de pesquisa

O meu processo de pesquisa dividisse em 4 partes diferentes, comecei por


escolher/identificar a sinopse do projeto e a problemática da pesquisa, no caso sendo o
tema abordado a “desigualdade de género na indústria e na composição musical”, para
conseguir chegar a resultados mais objetivos em relação ao tema, tomei a decisão de fazer
um estudo de caso de uma artista feminina, no caso, a cantora e compositora Taylor Swift.

Após desenvolver a pergunta de partida e a questão de investigação a pesquisa acabou


por encontrar um caminho mais fácil e objetivo, devido também a metodologia utilizada.
Li artigos e dissertações relacionadas com o tema para poder estar mais presente dentro
do assunto, recorrendo também ao livro “Celebrity and Power: Fame in Contemporary
Culture”.

A medida que ia fazendo a minha recolha de dados, reconheci que muitos deles
provinham de entrevistas meritoriamente das cantoras que exemplifico, ou sobre
discursos dados pelas mesmas sobre o tema.

Por fim realizei uma entrevista a uma fã da cantora Taylor Swift, para obter mais dados
e estabelecer uma opinião mais estruturada vinda de um fã da cantora, e realizei um
inquérito público também sobre a mesma.

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Após toda a recolha, fiz uma análise interior dos dados recolhidos, analisando-os e
interpretando consoante a posterior pesquisa devinda dos artigos e entrevistas que fui
lendo.

A indústria da música: Ponto de vista feminino

A diversidade na indústria musical tem vindo a crescer imenso, especialmente no que toca
as pequenas minorias, apesar de estas representações de diversidade serem ainda baixas.
Segundo o estudo da PRS For Music revelou que dos 20 compositores e compositores
com maior lucro no Reino Unido no ano de 2019, apenas um era do sexo feminino, e uma
pesquisa feita pela BBC descobriu que a percentagem de estrelas pop masculinas que
apareceram nos maiores singles de 2018 é de 3x mais do que as femininas, segundo estes
estudos pode até parecer que a “diversidade” atual na industria musical não é notória, mas
dados recolhidos pela UK Music’s Music Industry Workforce mostram que a proporção
de mulheres que trabalham no mercado musical britânico subiu de 45% para 49% entre
2016 e 2018.

Como é que as mulheres são vistas de uma forma global pela


indústria enquanto produtoras e compositoras

Após ler e ter conhecimento da reportagem de Laura Quiñones para o portal de notícias
da ONU achei que seria uma mais valia para dissertação abordar alguns dos temas que
ela mesma trata.
Link da reportagem: https://news.un.org/es/story/2019/02/1450871

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Figura 1 – Laura Quiñones autora da reportagem

Laura Quiñones foi a uma palestra numa sala de conferências cheia de mulheres que
trabalham na indústria da música, e que se reuniram recentemente na sede das Nações
Unidas em Nova York para discutirem e conscientizarem sobre os desafios que
enfrentam.
Impulsionada pela embaixada de Peru nas Nações Unidas e pelo Foro Internacional das
Mulheres, a reunião destacou preocupantes estatísticas que, em pleno 2019, continuam a
ser “o normal” dentro das discográficas, dos concertos e dos festivais de música, assim
como em muitas outras áreas musicais.
“A discriminação, o preconceito sexual, a escassez de oportunidades para o progresso
profissional, a diferença salarial e a falta de visibilidade são algo muito comum na
indústria da música e, por suposto, enfrentamos os preconceitos comuns que existem
contra as mulheres”, garante Neeta Ragoowansi, advogada e membro da ONG Women in
Music.

Nos Estados Unidos, só 15% das discográficas são propriedade maioritária de mulheres,
no Canadá, apenas 6% dos produtores reconhecidos e 7% do pessoal de vendas e
desenvolvimento da indústria são mulheres, já na Europa, as compositoras registadas
somam apenas 20% do total. Ademais, da lista das 600 canções mais populares entre 2012
e 2017, só 22% foram interpretadas por mulheres, e apenas 12% criadas por compositoras.
(RAGOOWANSI, 2018)

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No ano de 2018, a organização Women in Music revelou o facto mais impactante entre as
mulheres que trabalham na música clássica. Apenas 76 dos 1445 concertos realizados no
ano passado (2017) por grandes orquestras de música clássica incluíram apenas uma peça
composta por mulheres. E, dentre de todas as obras que se tocaram (mais de 3500), apenas
2,3% foram compostas por compositoras.

“Ao longo de vários anos, fui vítima de sexismo, ter um salário inferior ao de meus
companheiros, custou me não poder colocar o meu nome nas minhas composições, entre
outros desafios, que experienciei só por ser mulher. Quando tinha 14 anos, fiz uma
audição para a Orquestra Sinfônica de Boston ‘Los pops’, e disseram que teria que tocar
como um homem e fazer-me representar como um homem. A verdade é que seguimos e
vivemos num mundo patriarcal e, apesar de que como mulheres sejamos capazes, temos
de ser “como homens” em muitos aspetos para sermos reconhecidas e aceites” (MERRYL
2018).

Como é que esta temática se manifesta e afeta o trabalho e a


vida pessoal de uma artista. Alguns exemplos

Madonna

Madonna sempre defendeu a igualdade entre os gêneros e a liberdade das mulheres


expressarem as suas opiniões, sentimentos e sexualidade sem repressão. Isso sempre fez
parte não apenas do seu discurso, como das letras das suas músicas. Foi uma das artistas
pioneiras se não a artista pioneira a debater sobre esses temas, ao quebrar barreiras para
as novas artistas, ao mudar o rumo da indústria.
Tendo sempre uma postura provocadora, Madonna sempre foi um icon para as ideias
progressistas.
Ao ler uma entrevista da revista Visão sobre a cantora, tomei conhecimento da opinião
da mesma em questão a essa temática e como isso a afetou a nível pessoal e profissional.
“Sempre senti que estava na linha da frente. E quebrei muitas barreiras para as mulheres
que vieram depois de mim. Mas penso que a luta não acabou” – estas foram algumas das
palavras da cantora para a revista Visão.

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Num certo ponto da entrevista, a jornalista Sílvia Souto Cunha faz uma série de perguntas
a cantora relacionadas com o movimento #Metoo, serão citadas abaixo as perguntas feitas
pela jornalista e a resposta de Madonna às mesmas:

Atualmente, olhamos à volta e vemos raparigas e mulheres a assumirem posições


fortes como líderes, observamos o movimento #MeToo…Enquanto artista
pioneira,sente que teve uma grande influência nestas jovens?
Madonna: Espero que sim. Essa é a minha intenção. Eu reconheço que uma jovem mulher
como a Emma também é uma porta-voz e uma pioneira para a geração dela. Eu estou só
a continuar o que sempre fiz: a defender os direitos das mulheres e dos seres humanos em
geral. Sempre a lutar pela igualdade.

Olhando para o inicio da sua carreira, com Holiday(1983), acha que este foi um fast
hit porque foi a primeira a defender essas causas?
Madonna: Suportei muitos golpes, claro. Definitivamente, sempre senti que estava na
linha da frente. E quebrei muitas barreiras para as mulheres que vieram depois de mim.
Mas penso que a luta não acabou e ainda estou a combater pelas mesmas coisas.

Usou sempre a provocação para fazer as pessoas concentrarem-se nas ideias


progressistas que defende: os direitos humanos, os direitos das mulheres, LGBT,
antirracismo…. Hoje, é algo assustador porque a provocação é uma estratégia usada
pelos populistas para agitar e par defender a sua agenda. Como vê esta apropriação?
Madonna: Dá-me um exemplo. Quem é que usa a provocação?
Trump, Le Pen…, Mas nos anos 1980,1990,2000, a provocação era um meio de
tornar a sociedade mais progressista. Neste momento, tem-se a sensação de que a
provocação está associada a um retrocesso, a tornarmo-nos mais conservadores e
tacanhos.
Madonna: Se for esse o plano…se for uma pessoa tacanha a ser provocadora, então essa
será a sua mensagem, o seu objetivo. Tudo depende da intenção do provocateur. Eu não
sou tacanha, não estou a ser provocadora para rebaixar as pessoas, para as colocar no seu
devido lugar, para as separar, para contruir muros, para fazê-las sentirem-se pequenas ou
mal acerca de quem são. Essa não é a minha intenção, é evidente – é, alias, o oposto disso.
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Mais uma vez, pode-se ser provocador como um miúdo de sete anos, fazendo birras,
atirando com loiça pelo ar: é ser-se provocador pela vontade de destruir, e essa não é a
minha intenção.
É inevitável falar sobre os projetos da cantora que sempre tiveram a onda provocadora e
desafiante.
Álbuns como: Like a Virgin (1984) (Figura 2), Erotica (1992) (Figura 3) e muitos

Figura 2 – Like a Virgin Figura 3 – Erotica

Madonna discursa sobre desigualdade de gênero ao ser eleita a


‘Mulher do Ano’ pela revista Billboard

Madoonna fez um discurso sobre sua carreira, os obstáculos que encontrou e como venceu
cada um deles ao acreditar em si mesma, quando foi eleita ‘Mulher do Ano’ pela revista
Billboard no ano de 2016.
Ao receber o prêmio, Madonna discursou sobre as dificuldades que enfrentou na indústria
para ter sucesso e ainda salientou a chamada de atenção sobre o machismo na sociedade
e na indústria da música.
Link do discurso: https://youtu.be/c6Xgbh2E0NM

Tradução do discurso da cantora:


“Obrigada por reconhecerem a minha habilidade de dar continuidade à minha
carreira por 34 anos diante do sexismo e da misoginia evidente, e do bullying e abuso
constante.

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As pessoas estavam a morrer de AIDS em todos os lugares. Não era seguro ser gay,
não era bom estar associada à comunidade gay. Era 1979 e Nova York era um lugar
muito assustador. No meu primeiro ano [na cidade] eu fiquei sob a mira de uma
arma de fogo, fui violada num terraço com uma faca na minha garganta e o meu
apartamento foi invadido e roubado muitas vezes que parei de trancar as portas.
Com o passar do tempo, perdi para a AIDS ou para as drogas ou para as armas
quase todos os amigos que tinha. Como vocês podem imaginar, todos esses
acontecimentos inesperados não apenas me ajudaram a tornar numa mulher audaz
que está aqui, mas também me lembraram que sou vulnerável, e que na vida não há
segurança verdadeira exceto na nossa autoconfiança. Eu inspirei-me, é claro, na
Debbie Harry e Chrissie Hynde e Aretha Franklin, mas o meu verdadeiro muso era
o David Bowie. Ele personificava o espírito masculino e feminino e isso agradava-
me. Ele fez me pensar que não havia regras. Mas eu estava errada. Não há regras se
tu és um homem. Há regras se tu és uma mulher. Se tu és uma mulher, tens que
jogar o jogo. Tens que ter permissão para ser bonita, fofa e sexy. Mas não pareças
muito esperta. Não ajas como se tivesses uma opinião que vá contra o status quo. Tu
podes ser objectificada pelos homens e podes-te vestir como uma prostituta, mas não
assumas e te orgulhes da bitch que tens em ti. E não, eu repito, não compartilhes as
tuas suas próprias fantasias sexuais com o mundo. Sê o que homens querem que tu
sejas, e mais importante, sê alguém com quem as mulheres se sintam confortáveis
por tu estares perto de outros homens. E por fim, não envelheças. Porque envelhecer
é um pecado. Vais ser criticada e humilhada e definitivamente não tocarás nas
rádios.
Eventualmente fui deixada em paz porque me casei com Sean Penn e estava fora do
mercado. Por um tempo eu não fui considerada uma ameaça. Anos depois,
divorciada e solteira, fiz o meu álbum ‘Erotica’ e meu livro ‘Sex’ foi lançado. Eu
lembro-me de ser a capa de cada jornal e revista. Tudo que lia sobre mim era mau.
Eu era chamada de vádia e de bruxa. Uma das capas comparava me ao demônio. Eu
disse ‘Espera aí, o Prince não está a correr por aí a usar uma meia-calça, salto alto,
batom e a mostrar o rabo?’ Sim, ele estava. Mas ele era um homem. Essa foi a
primeira vez que eu realmente entendi que mulheres não têm a mesma liberdade
dos homens.

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Eu me lembro de desejar ter uma mulher para me apoiar. Camille Paglia, a famosa
escritora feminista, disse que eu fiz as mulheres retrocederem ao me objetificar
sexualmente. Então eu pensei, ‘Se tu és uma feminista, tu não tens sexualidade, tu a
negas’. E eu disse ‘Fuck it. Eu sou um tipo diferente de feminista. Sou uma feminista
má’.
Eu acho que a coisa mais controversa que eu já fiz foi ficar aqui. Michael foi se,
Tupac foi se, Prince foi se, Whitney foi se, Amy Winehouse foi se e David Bowie foi
se. Mas eu continuo aqui. Eu sou uma das sortudas e todos os dias eu agradeço por
isso. O que eu gostaria de dizer para todas as mulheres que estão aqui hoje é:
Mulheres têm sido oprimidas por tanto tempo que elas acreditam no que os homens
falam sobre elas. Elas acreditam que elas precisam de apoiar um homem. E há
alguns homens bons e dignos de serem apoiados, mas não por serem homens, mas
porque eles valem a pena. Como mulheres, nós temos que começar a apreciar o nosso
próprio mérito. Procurem mulheres fortes para que sejam amigas, para que sejam
aliadas, para aprender com elas, para as inspirarem, apoiarem e instruam.
Estou aqui mais porque quero agradecer do que para receber este prêmio.
Agradecer não apenas a todas as mulheres que me amaram e me apoiaram ao longo
do caminho, vocês não têm ideia de quanto significa o apoio de vocês. Mas para
aqueles que duvidam e para todos que me disseram que eu não poderia, que eu não
iria e que eu não deveria, a vossa resistência fez-me mais forte, fez-me insistir ainda
mais, fez-me a lutadora que sou hoje. fez-me a mulher que sou hoje. Então,
obrigada.”

Figura 4 – Madonna no discurso da Billboard 2016

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Neste emocionante discurso Madonna, diz tudo o que uma mulher pode vir a sentir na
indústria da música, apenas por ser mulher. Comparando e usando exemplos de homens
na música que podiam fazer coisas mais atrevidas ao contrário dela, Madonna nunca
voltou as costas as causas que apoiava, sempre teve na frente da batalha contra a
desigualdade de género na indústria, sendo ainda hoje aos 61 anos de idade, a mulher
atrevida que era há 3 décadas atrás e desde então tem sido uma inspiração e um modelo
para todas as estrelas femininas da indústria. Sendo mulher, tenho uma grande admiração
por Madonna e consigo automaticamente identificar que toda a sua batalha não foi em
vão, e que se não fosse ela muitos dos direitos das mulheres na ainda estariam tapados
pela misoginia existente. Mas como a mesma afirma, “Mas penso que a luta ainda não
acabou”.

Kesha - #FreeKesha

Caso de batalha judicial com Dr. Luke (2013—presente)

No início de 2013, Kesha promovia o seu último álbum, declarou-se insatisfeita com
certas escolhas feitas por Dr. Luke. Um dos exemplos da sua infelicidade, seria ter
lançado a faixa “Die Young” como primeiro single do albúm “warrior” alegando que Dr.
Luke tinha controle sobre todo o processo criativo do álbum. Ela afirma que foi forçada
a gravar tal canção e a lançá-la por "ordens superiores". A partir dai, fãs acusaram Luke de
tratá-la como um fantoche e organizaram uma petição online para que o mesmo se
afastasse profissionalmente da cantora.
Em janeiro de 2014 Kesha foi internada numa clínica de reabilitação para tratar distúrbios
alimentares. Familiares e amigos culparam Dr. Luke da doença de Kesha, afirmando que
o produtor fazia comentários maldosos e críticas pesadas sobre a forma física da cantora.
Luke pronunciou-se a favor da artista, alegando que as afirmações feitas eram falsas e
que estava a torcer para suas melhoras. Nove meses depois, Kesha entrou com uma ação
contra Dr. Luke, pedindo o fim do seu contrato, onde a cantora alegou sofrer abusos
verbais, sexuais, físicos e psicológicos durante todo o tempo em que trabalharam juntos.
Alegações, as quais o produtor negou afirmando que as acusações são falsas e que Kesha
o fez por não pode pagar dívidas contratuais.

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Algumas alegações de Kesha na altura:


• Aos 18 anos, foi induzida por Luke a consumir álcool e drogas, para
ficar desinibida.
• Kesha declarou que, certa vez, a obrigou a cheirar uma substância antes de
embarcar num avião e a atacou enquanto estava drogada.
• Outro dos incidentes, foi quando Luke deu à cantora supostas “pílulas de
sobriedade”, em que a mesma só se lembra de acordar nua na cama do produtor.
• Houve também abusos físicos, onde o produtor atacava Kesha violentamente.
Num destes espisódios, ela fugiu, sem sapatos, pelas ruas.
• Como prova da tortura psicológica sofrida, Kesha narrou um episódio onde Luke
afirmou que mataria seu cão. Segundo ela, tal fato ocorreu no estúdio de gravação
onde Kesha levava o seu cão e o produtor disse que, se ele se aproximasse dele
novamente, o mataria.
Enfim, tudo isto e muito mais foi declarado pela cantora à justiça americana e, mesmo
assim, quem saiu vitorioso foi o seu abusador, sendo que as acusações de assédio contra
Dr. Luke resultaram apenas em derrotas para Kesha na Justiça, que o declarou inocente
por falta de provas contra ele.

Apoio de vários artistas e público para com Kesha

Kesha ficou praticamente falida com o caso sendo que ela já não ganhava pela venda das
suas músicas desde 2013, pois os seus royalties pertenciam a Luke. Taylor Swift doou
250 mil dólares a Kesha para ajudar nas despesas com o processo. Além do apoio da
Taylor, outros artistas prestaram solidariedade à cantora. Mais de 50 personalidades
mediáticas pronunciaram-se, de alguma maneira, a favor de Kesha. Inclusive, a
cantora Jayme Dee, publicou um relato pessoal sobre o seu caso de assédio sexual onde
referiu o caso de Kesha:
“(...)Não é segredo que mulheres são oprimidas na indústria da música, e eu garanto
que todas as mulheres nesta indústria têm pelo menos algumas histórias
assustadoras, umas piores que as outras. É horrível que estejamos constantemente
a encorajar mulheres a denunciar, mas depois as punimos pela sua
honestidade. #FreeKesha”

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Kesha retira processo contra Dr. Luke

Em 2016 de acordo com o The Guardian, a cantora retirou a ação judicial apresentada
contra o produtor num tribunal da Califórnia. No entanto, um processo semelhante vai
continuar a ser julgado em Nova Iorque como fim a tentar acabar com o contrato com
Luke e a sua editora Kemosabe Records e a Sony Music.
Com o fim de um dos processos, a cantora pretende retomar a carreira. Segundo os
advogados, Kesha já gravou várias canções, tendo suportado todas as despesas.
"Expressamos à Sony Music e à editora o grande desejo de Kesha em lançar um
novo single e um novo álbum", conta o advogado Daniel Petrocelli, acrescentando que
a cantora apresentou 28 novos temas.
Kesha foi uma das mulheres da industria que participou no movimento #MeToo, sendo
que infelizmente após ter sofrido um enorme processo judicial, não conseguiu ganhar a
sua batalha retirando por fim a ação judicial contra Dr.Luke e continuando apenas com o
processo de tentar acabar com o contrato com Luke e a sua editora Kemosabe Records e
a Sony Music.

Figura 5 – Kesha

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Estudo de caso - Taylor Swift

A compositora e cantora norte-americana Taylor Alison Swift começou a compor canções


por volta dos 11 anos de idade. Mais tarde aos 15 anos, Taylor foi para Nashville tentar a
sua sorte no mundo da música, e foi nessa altura que Swift começou a sua carreira após
atuar no The Bluebird Café, onde reconhecida por um produtor musical da cidade que lhe
propôs a trabalhar com ele.
Atualmente Taylor Swift tem no total 7 álbuns de estúdio, 3 álbuns ao vivo, 3 extended
plays (EP).
Taylor escreveu todas as músicas dos seus álbuns e já foi premiada com vários
prestigiosos prémios como 2 grammys por “Álbum do Ano”, um deles com o seu álbum
1989 em 2016, e Fearless em 2010. Ganhou também famoso Prémio Especial de Auge
da Carreira (Pinnacle Award) de Country Music Association Award, um prémio
estritamente raro de se ganhar, Taylor passou assim a ser a 2ª artista a ganhar este prémio.
Ao longo da sua carreira Taylor teve uma mudança radical do seu estilo musical,
acabando por começar a deixar as influências country no seu álbum RED e entregando se
inteiramente ao pop nos seus últimos álbuns.

Figura 6 – Taylor Swift

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Análise de carreira e obra

Inicio de carreira e 1º álbum “Taylor Swift”

É impossível falar da carreira de Swift sem mencionar música country, afinal o começo
de carreira da cantora foi nesse mesmo género musical.
Na primeira quinta feira do ano de 2004, como consta no website oficial do The Bluebird
Cafe (Figura 8), Taylor Swift é reconhecida pelo empresário Scott Borchetta que lhe
propôs vir a trabalhar com ele num futuro projeto que tinha em mente, a discográfica Big
Machine Records, Taylor aceitou e assinou contrato com a mesma.
No verão de 2006 lança o seu primeiro single intitulado "Tim McGraw" ( nome de um
artista country pelo qual Swift tem uma grande admiração) que chegou ao Top 10 das
tabelas de música country daquele mesmo ano, uns meses mais tarde mais precisamente
no dia 24 de outubro de 2006, dá se o lançamento do primeiro álbum com o título do
nome da cantora (Taylor Swift – Figura 7) recebeu várias críticas geralmente positivas
por parte da crítica musical, que definiu Swift como uma das artistas mais promissoras da
música country na época. Estrou-se também na 19ª posição na Billboard 200 com mais
de 40 mil cópias vendidas nos Estados Unidos, e atingiu mais tarde a 5ª posição ao
acumular um total de cerca de 5 milhões de cópias nos EUA sabendo que atualmente
segundo os números divulgados pelo site Hits Daily Doouble (Figura 17) o álbum consta
agora com cerca de 9.1 milhões de unidades vendidas mundialmente.
Nesses primeiros anos de carreira de Swift já podíamos identificar automaticamente as
suas ligações à música country, não só pela sua sonoridade, mas também pela imagem
inicial que Swift apresentava, nomeadamente as suas botas de “cowgirl” como mostra na
Figura 9.

Figura 7 - Taylor Swift o primeiro álbum da


cantora

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Figura 8 - Printscreen do website do Bluebird Figura 9 - Taylor Swift e o seu visual na


Cafe época

2º e 3º álbum “Fearless” e “Speak Now”


Em 2008 é lançado o segundo álbum de Taylor, intitulado como “Fearless” (Figura 10)
que conquistou o primeiro lugar na Billboard 200 com cerca de 600.000 cópias vendidas
na primeira semana. Com este álbum Taylor tornou-se a primeira artista feminina com a
maior venda de esteia numa semana. Assim como no primeiro álbum da cantora, Taylor
escreveu todas as canções do álbum. Deste álbum foi lançado como single a canção “Love
Story” foi um sucesso na
música country e pop que acabou por quebrar recordes tais como: 1º single country com
o maior número de downloads na história com cerca de 3milhões de cópias.
Na altura o sucesso de Taylor já era bastante notável, mas no ano de 2010 destacou-se
ainda mais pela positiva ao ser indicada 8 vezes para a 52º gala dos Grammy Awards com
o álbum “Fearless” vencendo assim 4 das categorias (Figura 11) para qual foi nomeada,
sendo duas delas: "Álbum do Ano" e "Melhor Álbum Country", sendo classificado como
o disco de música country mais premiado da história.

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2020

Figura 10 - Fearless Figura 11 - Taylor Swift e os 4


grammys

No dia 25 de outubro de 2010 foi lançado o terceiro álbum de estúdio, “Speak Now”
(Figura 12) que vendeu 1 milhão de cópias por todo o EUA apenas na primeira semana.
Neste álbum já podíamos ouvir um pouco da presença pop em algumas canções. Mais
uma vez foi Taylor quem compôs todas das canções do álbum que por sua vez abordam
temas e acontecimentos da sua vida na época em que estava a desenvolver o álbum, já a
produção foi dela com a parceria de Nathan Chapman.
O álbum recebeu muitas avaliações positivas por parte da crítica musical. O trabalho foi
incluído na lista dos cinquenta melhores álbuns femininos de todos os tempos compilada
pela Rolling Stones 2012 assim, Swift, com 22 anos na época da publicação, tornou-se a
cantora mais jovem da história a ter um disco na lista.

Figura 12 - Speak Now

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2020

4º e 5º álbum “Red” e “1989”

Red foi o 4º álbum de estúdio da cantora (Figura 13) e foi anunciado a data de lançamento
para o dia 22 de outubro de 2012, através de um webchat que Taylor realizou e no qual
ela divulgou o título, a capa e o primeiro single oficial do projeto, e ainda respondeu a
perguntas dos fãs. O single que Swift lançou no dia 13 de agosto de 2012 durante a sessão
de webchat foi a canção "We Are Never Ever Getting Back Together". A canção chegou
rapidamente à primeira posição da Billboard Hot 100 na segunda semana com vendas
digitais de mais de 623 mil cópias, tornando-a a cantora com o maior número de vendas
de um single em uma semana, ultrapassando assim os recordes das cantoras Lady
Gaga e Ke$ha.
Em relação a este álbum e ao anterior, neste já era muito mais notório a sonoridade pop
das canções que indicavam que cada vez mais Swift ia optando por um caminho diferente
ao country. As suas roupas já apresentavam um estilo mais casual e não tão rural com
ligações ao género country.

Figura 13 - Red

Foi no 5º álbum de estúdio que Swift teve a sua grande mudança musical do country para
o pop, apesar de apresentar já um pouco do estilo pop em álbuns anteriores, o 5º álbum
intitulado “1989” (Figura 14) era o que marcava a diferença por não ter nenhuma faixa
country. Como afirmou a cantora: " o primeiro álbum oficialmente pop", apresenta como
gêneros musicais predominantes como o pop e o synthpop.

Teve o seu lançamento no dia 27 de outubro de 2014 e foi comercializado somente nos
formatos físico e digital, não sendo disponibilizado em serviços de streaming, uma
decisão vinda da própria artista.
21
2020
O disco foi desenvolvido e gravado entre 2013 e 2014 e Swift colaborou com uma série
de compositores e produtores, incluindo Max Martin, Shellback, Jack Antonoff, Greg
Kurstin e Ryan Tedder (algo que se diferencia em relação aos seus projetos passados por
ter mais produtores e compositores envolvidos, sendo que por exemplo o primeiro
álbum da cantora que foi produzido só por ela com a colaboração do produtor Nathan
Chapman). O título foi inspirado no ano de nascimento da artista e pelo género
musical da década.

1989 foi recebido de forma positiva por críticos, revistas como a


Billboard e Cosmopolitan citaram o como o melhor álbum do ano, e rendeu à cantora e
compositora uma série de prêmios, incluindo um Grammy Award para Album of the
Year (Figura 15), o que fez de Swift a primeira mulher a conquistar o prémio duas vezes
com próprios trabalhos.

"…Uma das minhas metas era fazer um trabalho coeso musicalmente. Então, se eu
colocasse um violino em "Shake It Off" e a enviasse para as rádios country, eu estaria a
estragar a ideia que tive para este disco que era fazer ele ter seu próprio som."
— Taylor Swift a explicar o porquê de não incluir faixas country no 1989 para a CBS
News.

Figura 8 – 1989

Figura 15 - Taylor na 58th Gala dos Grammys


Figura 14 - 1989

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2020

6º e 7º álbum “Reputation” e “Lover”

Reputation é o 6º álbum (Figura 16), teve o seu lançamento no dia 10 de novembro de


2017 e vendeu 1,216 milhões de cópias nos Estados Unidos tornando-se o álbum mais
vendido de 2017 no país, e com 2 milhões de cópias vendidas no mundo inteiro durante
a primeira semana após o lançamento. Ainda assim foi o álbum (em formato físico) menos
vendido da cantora mundialmente, com apenas 8 milhões de cópias (Figura 17), no
entanto relativamente aos factos que a indústria da musica passa pelos dias de hoje
podemos concluir que o que vende mais são os singles e que o conceito álbum ficou um
pouco para trás, quem se limita a comprar o álbum nos dias de hoje são apenas os maiores
fãs.
As canções do álbum Reputation tratam de certas teorias e rumores criados pelas pessoas
sobre a cantora e a sua própria perspetiva em relação a essas mesmas teorias e rumores.
Escreveu sobre a personagem que os media fizeram com que ela transparecesse, algo que
não era verdade, mas que Taylor Swift conseguiu dar a volta e utilizar esse lado negativo
como inspiração para o seu trabalho.

Figura 16 - Reputation Figura 17 - Vendas mundiais dos álbuns segundo o Hits


Daily Doouble

23
2020

Lover é o 7º álbum (Figura 18) e último até agora lançado por Taylor Swift, lançado a 23
de agosto de 2019 pela Republic Records. Taylor trabalhou como produtora executiva
com os produtores Jack Antonoff, Joel Little, Louis Bell, Frank Dukes e Sounwave no
álbum.

Taylor descreveu o álbum como uma "carta de amor ao amor", o álbum comemora os
altos e baixos do amor e incorpora sons mais brilhantes e alegres, acabando por se
afastar dos sons sombrios do seu antecessor, Reputation.

Dando continuidade a sua sonoridade pop o álbum foi apresentado inicialmente pelo o
single "Me!" e "You Need to Calm Down" e mais tarde o "The Man" sendo até agora o
último single lançado é uma canção que aborda o tema da desigualdade de género,
fazendo uma “troca de papeis” Taylor retrata de como seria a sua vida se fosse um
homem.

O álbum recebeu críticas positivas dos críticos, que elogiaram as composições de Taylor,
afirmando que transmitem maturidade emocional e honestidade.

Lover e seus singles receberam três indicações na 62ª edição do Grammy, incluindo a
indicação para Melhor Álbum Vocal Pop, sendo a terceira indicação consecutiva na
categoria, após 1989 (Figura 24) e Reputation (Figura 16).

Atualmente, Lover já vendeu mais de 6.5 milhões de unidades físicas mundialmente,


sendo apenas 3 milhões só nos EUA.

Figura 18 - Lover

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2020

Como é que a desigualdade de género afeta e se manifesta na


sua vida e obra?

The Man - Crítica à desigualdade de gêneros

É sem sombra de dúvidas uma canção que aborda o tema da desigualdade de gênero na
indústria musical, na qual, a cantora assume a perspetiva de como a sua vida seria
diferente se ela fosse um homem, de como seria mais “aceite” pela sociedade.
No segundo verso da canção Taylor salienta as vantagens de ser um homem na sociedade
moderna.
Assim como a cantora cita na letra “I’m so sick of running as fast as I can
Wondering if I'd get there quicker if I was a man” referindo-se a facilidade que um
homem tem de chegar longe na industria ao contrário de uma mulher que tem um caminho
“mais longo”.
Letra:
They wouldn’t shake their heads and
[Verso 1] question how much of this I deserve
I would be complex, I would be cool What I was wearing, if I was rude
They'd say I played the field before I found Could all be separated from my good ideas
someone to commit to and power moves
And that would be okay for me to do
Every conquest I had made would make me [Pre-Refrão]
more of a boss to you And they would toast to me, oh, let the
players play
[Pre-Refrão] I’d be just like Leo in Saint-Tropez
I’d be a fearless leader
I'd be an alpha type [Refrão]
When everyone believes ya
What's that like? [Ponte]
What's it like to brag about raking in dollars
[Refrão] And getting bitches and models?
I’m so sick of running as fast as I can And it's all good if you're bad
Wondering if I'd get there quicker if I was a And it's okay if you're mad
man If I was out flashing my dollars
And I'm so sick of them coming at me again I'd be a bitch, not a baller
'Cause if I was a man, then I'd be the man They'd paint me out to be bad
I'd be the man So, it's okay that I'm mad
I'd be the man
[Refrão]
[Verso 2]
They'd say I hustled, put in the work

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2020

No videoclip do single, Taylor entra na personagem de um executivo de uma empresa


bem-sucedida e demonstra comportamentos machistas ao longo do videoclipe fazendo
com que a critica presente na sua canção se sobressaísse pela imagem.

Link do videoclip The Man: https://www.youtube.com/watch?v=AqAJLh9wuZ0

Figura 19 – Videoclip” The Man”

O videoclip acaba com “o homem” interpretado por Taylor a sair de um set de filmagem
para receber dicas superficiais da diretora esta que também é interpretada por Taylor Swift
como tal, ela pede lhe para ser “mais sexy e mais adorável”, palavras regularmente
direcionadas para as mulheres nos seus trabalhos.

Ao fazer uma breve análise a esta canção é clara a resposta a uma das perguntas
secundárias da dissertação: “Como a desigualdade de género se manifesta e afeta a
composição de um artista?”.
No caso da cantora-compositora Taylor Swift, escreveu uma canção em forma de critica
a sociedade machista, assim como a cantora refere no seu mais recente documentário
“Miss Americana”, a desigualdade de género é algo que necessita de ser abordado, para
além de ser um tema bastante importante para a cantora, visto que ao longo da sua
carreira foi enfrentando com esta desigualdade e os recentes conflitos com o seu antigo
empresário (Página 18), também referido no videoclip.

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2020

Polémica com Scooter Braun e Scoot Brochetta

No dia 30 de junho de 2019, Taylor Swift escreveu uma carta aberta na rede social Tumblr
(Figura 20), onde desabafou com os fãs sobre a venda da sua antiga discográfica Big
Machine Records, da qual a cantora fez parte desde o início da sua carreira. O seu antigo
empresário e dono da discográfica, Scott Borchetta vendeu o catálogo de Taylor Swift a
Scooter Braun por um valor de aproximadamente 300 milhões de dólares. Atualmente
Scooter Braun detém dos direitos de todas as masters das músicas de Taylor desde o
primeiro álbum até o mais recente, o “Reputation”.
Na sua carta aberta na rede social Tumblr, a cantora afirma ter tentado comprar os direitos
das músicas, mas foi impedida, alegando que a solução que lhe fora atribuída por Scoot
Borchetta seria assinar um novo contrato com a discográfica em que a cada futuro novo
álbum lançado um antigo seria “oferecido” a Taylor, mas a cantora recusou assinar, após
ter se sentido chantageada pois a cantora já tinha ideias em se mudar de discográfica após
o termino do seu contrato atual na altura. Sendo assim, o seu álbum mais recente “Lover”
foi lançado com a nova discográfica com que Taylor assinou, a Universal Music.

Figura 20 – Carta aberta de Taylor na rede social Tumblr

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2020
Tradução da carta aberta de Taylor:
“Por anos eu pedi, implorei por ter uma chance de ser dona do meu trabalho. Em vez disso,
tive a oportunidade de renovar com a Big Machine Records e ‘ganhar’ um álbum de volta
de cada vez, um antigo em troca de cada novo que eu entregasse. Eu recusei porque sabia
que uma vez que assinasse esse contrato, Scott Borchetta ira vender a discográfica,
acabando assim por me vender a mim e o meu futuro. Eu tive que fazer a escolha excruciante
de deixar para trás o meu passado. Músicas que eu escrevi no chão do meu quarto e vídeos
com que sonhei e paguei com o dinheiro que ganhei ao tocar em bares, depois clubes, depois
arenas, depois estádios.
Algumas curiosidades sobre as notícias de hoje: soube da compra das minhas gravações
originais pelo Scooter Braun, conforme foi anunciado ao mundo. Tudo o que eu conseguia
pensar era no contínuo e manipulador bullying que eu recebi nas suas mãos por anos.
Como quando Kim Kardashian orquestrou a publicação de uma parte de um telefonema
ilegalmente gravado e, em seguida, Scooter reuniu os seus dois clientes para me intimidarem
online sobre isso. (Ver foto) Ou quando o seu cliente, Kanye West, organizou um “vídeoclip
porno” como vingança em que expunha “o meu corpo” nu. Agora a Scooter tirou-me o
trabalho da minha vida, o qual eu não tive a oportunidade de comprar. Essencialmente, o
meu legado musical está prestes a ficar nas mãos de alguém que tentou desmantelá-lo.
Este é o meu pior cenário. É o que acontece quando se assina um contrato aos quinze anos
com alguém para quem o termo ‘lealdade’ é claramente apenas um conceito contratual. E
quando esse homem diz ‘a música tem valor’, ele quer dizer que o seu valor é devido a
homens que não participaram na sua criação.
Quando deixei as minhas ‘masters’ nas mãos de Scott, fiquei em paz com o fato de que,
eventualmente, ele os iria vender. Nunca, nem nos meus piores pesadelos imaginei que o
comprador seria Scooter. Toda vez que Scott Borchetta ouviu as palavras ‘Scooter Braun’
a saírem dos meus lábios foram quando eu estava a chorar ou a tentar não chorar. Ele sabia
o que estava a fazer, ambos fizeram. Controlar uma mulher que não queria estar associada
a eles. Na perpetuação. Isso significa para sempre.
Felizmente, agora estou com um contrato assinado com uma gravadora que acredita que eu
devo possuir qualquer coisa que eu crie. Felizmente, deixei o meu passado nas mãos de Scott
e não o meu futuro. E, esperançosamente, jovens artistas ou crianças com sonhos musicais
lerão isto e aprenderão sobre como se proteger melhor numa negociação. Tu mereces
possuir a arte que fazes.
Eu sempre estarei orgulhosa do meu trabalho anterior. Mas para uma opção mais saudável,
o ‘Lover’ será lançado no dia 23 de agosto.
Triste e agoniada, Taylor.”

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2020

Como é que os outros artistas reagiram à polémica?

Artistas como, Rihanna, Miley Cyrus e Adele deixaram de seguir Scooter Braun no Instagram
após o aconteciemnto. Halsey e Sky Ferreira escreveram mensagens sinceras em apoio a Taylor
Swift (Figura 21). O amigo e colaborador de Taylor, Todrick Hall, usou as suas redes sociais para
detalhar as suas próprias experiências como cliente de Scooter Braun por seis anos, alegando que
o empresário não é apenas homofóbico, mas também “não é fã” de Taylor Swift (Figura 22).

Figura 22 – Comentário de Todrick


Hall sobre o empresário Scooter Braun.

Figura 21 – Comentário de apoio a


Taylor Swift, da cantora Halsey.

Opinião pública sobre a artista

Quando um artista alcança uma certa visibilidade facilmente atrai fãs que facilitam o
processo de identificação que pode vir a acontecer com a celebridade ou com os valores
que ela encarna.
Os artistas da música pop são todos alvos de uma grande visibilidade por parte da
comunicação social, expondo os seus comportamentos tanto em âmbito profissional,
como em privado, toda esta “exposição” influencia o aparecimento de fãs e em alguns
casos anti fãs que interagem nas redes sociais tendo conhecimento de toda a informação
sobre o artista.

Taylor Swift está constantemente envolvida em críticas e ofensas machistas advindas dos
media e do público tendo sempre a sua vida amorosa e privada exposta.

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2020
Algo que aos longos dos anos gerou uma má opinião sobre a cantora, tendo vários “anti-
fãs” que criticam os seus valores com base na exposição que os media colocam sobre a
cantora e não sobre o julgamento das suas obras.
Sendo várias vezes atacada com “só escreve músicas para os ex namorados”, Taylor citou
numa recente entrevista que: “You’re going to have people who are going to say, ‘Oh,
you know, like, she just writes songs about her ex-boyfriends'. And I think frankly that’s
a very sexist angle to take. No one says that about Ed Sheeran. No one says that about
Bruno Mars. They’re all writing songs about their exes, their current girlfriends, their
love life, and no one raises the red flag there. / "Vão existir pessoas que vão dizer: 'Ah,
tu sabes, ela apenas escreve canções sobre os seus ex-namorados'. E, francamente, acho
que isso é um comentário muito sexista de se afirmar. Ninguém diz isso sobre o Ed
Sheeran, ninguém diz isso sobre Bruno Mars. Estão todos a escrever canções sobre os
seus ex,relacionamentos e atuais namoradas, sobre a vida amorosa e ninguém levanta a
bandeira vermelha nesses casos. ”

Entrevista a fã de Taylor Swift


Explorei o método da metodologia qualitativa ao fazer uma entrevista a uma fã de longa
data da cantora.
Ana Beatriz Mendes, respondeu me via email, a 4 perguntas sobre a artista e a sua
reputação perante o público e os media.

1 -Alguma vez sentiu que a desigualdade de género se afeta e se a manifestasse nas


obras da cantora?

Resposta: Sim, conseguimos perceber mais nas recentes obras da mesma, que esta,
manifesta se sobre a desigualdade de gênero, principalmente no novo álbum da cantora,
a música "the man" retrata bastante a desigualdade de gêneros e como nós mulheres,
temos que fazer mais para termos melhores salários e melhores condições, enquanto os
homens parecem que têm tudo fácil , por isso a mesma diz :
"I'm so sick of running /As fast as I am can/ Wondering if I'd get there quicker If I was a
man"
Pois Taylor como já esteve nesta situação devido a vários homens terem pensado que a
conseguiam meter para baixo, além que faz uma referência que os homens pensam que

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2020
podem chamar o que quiserem às mulheres, estes muitas vezes chamam “bitches” por
isso ela diz
“If I was out flashin' my dollas/ I'd be a bitch, not a baller”
Já que muitos fazem isso, como têm muito dinheiro exibem-se só para mostrar e só
querem saber de mulheres e dinheiro por isso também esta diz “What's it like to brag
about raking in dollars/ And getting bitches and models?”
Para mim sendo mulher e fã de Taylor acho que foi uma das melhores músicas para
descrever a desigualdade de género, além que o vídeo está perfeitamente bem pensado e
representa muito bem e encaixa mesmo perfeitamente com a música.

2- Como acha que a opinião pública sobre a cantora foi mudando ao longo dos seus
anos de carreira?

Resposta: A opinião da cantora foi mudando ao longo dos anos da sua carreira e
conseguimos verificar bastante isso. Também a mesma foi se reinventando ao longo do
tempo. Taylor começou por ser vista como a "menina do country" afinal começou com
este estilo musical e tinha apenas 15 anos. Entretanto a cantora foi atacada diversas vezes
pelos os media sobre as relações pessoais da mesma , coisa que os media não têm nada
que se meter, foi chamada de "slut" e entre outros nomes, pois, todos diziam que ela tinha
sempre um namorado diferente e mesmo quando a mesma estava solteira, havia alguns a
tentar fazer com que a cantora tivesse esta imagem, vimos isso numa entrevista de uma
premiação, onde a apresentadora afirma que esta não só iria levar para casa vários prêmios
mas assim como bastantes homens , o que foi ridículo, mas a cantora controlou bem a
situação dizendo que não iria levar nenhum homem apenas sair com os amigos e depois
ir para casa ter com os seus gatos.
Esta também teve uma grande mancha devido a situação do Kayne West, que inventou
que Taylor tinha concordado que este pudesse ofendê-la na sua música. Ele e a sua mulher
Kim Kardshian, ligaram a Taylor, é verdade mas este nunca disse que iria ofender a
cantora na sua música, apenas perguntou se podia menciona-la , mas estes editaram e
então fez parecer com que Taylor tivesse concordado e quando este falso vídeo saiu , a
cantora viu se numa situação bastante complicada , pois estava a ficar com a imagem
manchada, principalmente quando começaram a usar a hashtag no Twitter
"#taylorswiftisoverparty", no documentário da mesma verificamos que esta passou um

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2020
momento difícil. A mesma foi chamada de cobra, falsa, que se estava sempre a vitimizar
e entre outras coisas.
Mas com o passar do tempo vemos que quando esta lança o álbum "reputation" onde fala
sobre, como o próprio álbum diz, da sua reputação, a sua opinião pública muda
totalmente, claro que muitos ainda continuam a dizer as mesmas coisas, mas a atitude da
artista em si já era diferente e claro que se notou, então muitos daqueles que falavam mal
da artista começaram a falar bem da mesma e o público muda a sua opinião e até porque
entretanto com o recente álbum lover a cantora dá a sua primeira opinião política nas
redes sociais, isso ajudou a melhorar também a opinião pública da mesma. E agora (2020)
em que saiu o vídeo original daquilo que realmente Taylor disse quando Kayne West lhe
ligou, ainda mais veio novamente melhor a sua opinião pública.

3 - Sentiu que os media sempre tiveram um papel negativo na sua carreira? ou


também tiveram aspetos positivos para o sucesso da mesma?

Resposta: Os media tiveram grande impacto na carreira da mesma. Tanto positivamente


como negativamente. Por exemplo, quando a cantora teve o maior auge no álbum "1989"
todos os media falavam e elogiaram o mesmo, inclusive chegou a ser comparada aos
Rolling Stones (podemos ver esta informação no documentário da cantora) também é
facto que alguns media ajudam a divulgar as obras da mesma. Mas por outro lado, foram
a causa de espalharem várias fake news da artista e só diziam aquilo que queriam ver mas
que não era a verdade e inclusive dizerem coisas horrendas sobre a Taylor, o que para nós
fãs causou imensa confusão e revolta, por isso, a minha opinião dos media não é melhor,
pois acho que fizeram uma mancha , mas a artista conseguiu superar e mostrar quem
verdadeiramente é, por isso no álbum “reputation”, a imagem do álbum é a foto dela a
preto e branco e metade está escrita e outra não, porque a parte que está escrita e parte
que os media falavam sobre ela e a que não está é o que ela é realmente ,a sua essência, e
é triste que só depois de ter lançado este maravilhoso álbum é que alguns media
entenderam que ela não era aquilo que inventaram.

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2020
4 - Sendo fã da Taylor Swift e acompanhando o seu trabalho a alguns anos, qual é a
sua opinião e perspetiva da evolução da carreira da cantora?

Resposta: Para mim ela evolui bastante tanto como artista e com a postura dela. Tal como
já referi esta reinventou se várias vezes e muitos de nós fãs que acompanhamos o trabalho
dela desde de pequenos , por menos eu acompanho desde dos meus 8 anos, tendo
atualmente 20 anos, vi várias mudanças, a primeira música que ouvi dela foi "You Belong
With Me" e quem conhece sabe perfeitamente que a música têm um mix entre o country
e pop, nessa altura Taylor não tinha ainda o grande reconhecimento como tem, entretanto
no álbum “RED”, comecei a notar que já havia mais gente a falar da Taylor devido ao
grande sucesso das músicas "22" e "we are never getting back Together" e "everthing has
changed" um dueto com o cantor Ed Sheeran , estas músicas ainda tinham muito o estilo
country à mistura, entretanto o grande "boom" que para acompanhou a artista foi mesmo
bastante um choque num bom sentido, pois, Taylor reinventou se completamente, foi com
o famoso álbum "1989" que já só notava mais o pop no álbum e foi o álbum que vendeu
bastante na carreira dela e começou se a ouvir falar muito dela por volta dessa altura.
Acho que foi um dos maiores auges na carreira da artista, até chegou a ser comparada aos
Rolling Stones, como já tinha referido. Entretanto devido aos media a artista
"desapareceu" durante algum tempo e nós sentimos muito isso. Mas ela voltou em grande
como já era de esperar, confesso que por menos para alguns de nós fãs foi um choque
quando ela voltou e postou só vídeos de cobras nas suas contas de redes sociais e tava
sem seguidores e sem pessoas a seguir e com uma imagem branca, muitos de nós
pensávamos que ela tinha sido hackeada ao início, mas quando ela lança o hit " look what
you made me do" foi de génio, acho que foi realmente muito bem planeado e foi mesmo
um choque para todos e lá está a artista a reinventar se mais uma vez, o famoso "
reputation " foi um álbum que vendeu também bastante, não ganhou o melhor álbum do
ano como o 1989, mas devia ter ganho mas não vou falar das premiações porque muitas
vezes nós sabemos que aquilo já está quase tudo planeado. A música "look what you made
me do" bateu o recorde de visualizações no youtube o que lhe ajudou bastante na sua
carreira e além que foi a tour que encheu sempre todos os estádios na América, para mim
acho que foi um álbum de génio mesmo porque ter a ideia que ela teve e usar aquilo que
diziam contra a ela , foi mesmo uma coisa incrível. Entretanto começamos a ver que a
sua postura também estava diferente, Taylor evitava falar em entrevistas nas galas e

33
2020
entretanto da a sua opinião política e começa a falar sobre aquilo que acredita e defende
, até mesmo em público, com o lançamento do álbum "lover", o primeiro single foi o
"ME!", onde ela teve outra ideia de génio no vídeo que transforma a cobra em borboletas,
já se renovou novamente, e já é um álbum mais romântico mas que fala também da
desigualdade de gêneros e assim como descriminação contra a comunidade LGBTQ e a
da competição do mundo dos artistas , que comparam sempre os artistas uns aos outros e
entendemos isso com o lançamento da musica " you need to calm down" que foi bastante
incrível na minha opinião, pois a artista conseguiu abordar estes 2 temas na musica, e até
entretanto agora com o lançamento do single "the man" foi muito bem pensado, pois
também ridiculariza ao mesmo tempo em que diz a verdade na música e no próprio vídeo.
Resumidamente para mim acho que ela teve uma tremenda evolução na sua carreira,
também, começou muito nova apenas com 15 anos e foi crescendo ao longo do tempo e
reinventando se, mas nunca deixou de ser quem era apenas foi crescendo.

Papel dos media na construção da opinião pública sobre a


artista
A celebridade é uma invenção social, na qual os meios de comunicação representam um
papel importante para estimular uma cultura participativa que se desenvolve em torno
dela. Elas funcionam como modelos subjetivos com os quais o público pode, ou não,
identificar-se (MARSHALL, 1997).

O papel dos media foi algo que conduziu a música pop ao sucesso desde da década dos
anos 50 a televisão tinha um grande impacto na vida das pessoas, e estando a televisão a
passar certas canções, e mostrar artistas isso faria com que as pessoas ouvissem as canções
e logo certamente se tornassem populares. Mais tarde os media começaram a ter outro
papel fundamental, não só comentavam e criticavam as canções dos artistas pop como
também começaram a expor um pouco da sua vida pessoal, pois sendo artistas pop têm
vários fãs que os vêm como “modelo” e exemplos a seguir, o público pedia um pouco de
mais informação sobre a vida dos artistas, o público queria saber coisas como: “Com
quem namoram? Qual a sua sexualidade? O que fazem fora do palco?” Então o jornalismo
acabou por ter um papel importante nesta “exposição” do artista que na minha opinião
pode ser vista como algo negativo mas também positivo, pois algo “bom” do artista que
seja revelado poderá fazer com que este conquiste mais fãs, mas muitas vezes basta algum
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2020
boato que crie uma má reputação e logo a carreira do artista pode estar por um fio. Isto é
algo que se vê muito nos dias de hoje, um dos casos deste acontecimento de má reputação
perante os media, como o caso da cantautora Taylor Swift.
Taylor usou toda essa má reputação gerada maioritariamente pelos media, como fonte de
inspiração do seu álbum Reputation.

A imagem da “menina” ideal disseminada através dos media indica claramente uma
questão de valores sociais aos quais o público adolescente, principalmente feminino, está
sujeito. A sociedade, dita uma regra de como uma pessoa deve ser esteticamente e como
se deve comportar e esses valores são limitados por ela e tendem a ser seguidos e
estimulados por uma grande quantidade de pessoas, ainda mais quando se trata do público
adolescente, que se encontra numa fase de mudanças constantes, de definição de
identidades e de alta instabilidade emocional.
Os valores e as normas disseminados para o público, também equivalem para a
celebridade. As celebridades têm que seguir esses mesmos valores que definem as ‘‘boas
meninas’’ (Freire Filho, 2013)
Na época do lançamento do seu álbum Reputation, Taylor lançou uma edição especial do
álbum em forma de revista, visto que o conceito do álbum é uma grande critica aos media.
Nessas mesmas revistas Taylor aborda a exposição dos media que enfrentou desde o
início da sua carreira, tanto quanto no lado musical quanto pessoal, e incentiva os seus
fãs a não acreditarem em rumores sobre ela, afirmando que "talvez um dia
encontraremos essa pessoa e vamo-nos sentir idiotas por termos acreditado em
remores sem fundamento". A cantora afirma que "no lado bonito e amável da
exposição dos media, fui muito sortuda em fazer música durante a vida e olhar para
multidões de pessoas amáveis e vibrantes" e "no outro lado da moeda, os meus erros
foram usados contra mim, as minhas mágoas foram usadas como entretenimento e as
minhas composições foram banalizadas como 'superexageradas' ", concluindo: "Nós
achamos que conhecemos alguém, mas a verdade é, que, nós apenas conhecemos a
versão que elas escolhem mostrar nos. Não haverá maiores explicações. Haverá
apenas uma reputação".

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“Um homem a escrever sobre seus sentimentos mostrando se vulnerável é tratado como
corajoso, já uma mulher que escreve sobre seus sentimentos e mostra se vulnerável é
acusada de partilhar demais e fazer se de vítima. Misoginia está enraizada nas pessoas
desde o momento em que nascem. Então, para mim, o feminismo é provavelmente o
movimento mais importante que se pode abraçar, porque é basicamente apenas outra
palavra para igualdade” – afirmou Taylor em uma das suas entrevistas.

Inquéritos/ Entrevista
De forma a obter a minha fonte primária optei pelas entrevistas, visto que os inquéritos
não iriam fazer muito sentido dentro do tema abordado, como tal escrevi 3 perguntas que
poderiam ter ótimas respostas para comprar com o estudo de caso.

Perguntas da Entrevista

1. Os media tiveram impacto na sua carreira? Se sim, de que modo? Foi positivo ou
negativo?

2. Como mulher na indústria da música quais são as barreiras que sente que ainda
não foram quebradas e que necessitam de ser?

3. Ao longo da sua carreira sentiu ou viveu algum acontecimento relacionado com o


desequilíbrio de género presente no meio?

Enviei estas 3 perguntas via email para 5 artistas femininas distintas, mas infelizmente
não obtive nenhum feedback (Imagens dos emails enviados nos Anexos), como tal decidi
realizar um formulário em forma de inquérito, que me ajudou a perceber a evolução sobre
a opinião pública da cantora, assim como a entrevista que realizei à fã de Taylor Swift (
Na página 30 a 34).

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2020

Inquéritos

Realizei um inquérito a partir da plataforma Google Forms, no qual obtive 44 respostas.

Imagens dos inquéritos nas páginas dos Anexos.

Perguntas do Inquérito

1. Idade
Resposta escrita.

2. Sexo
Feminino/Masculino/Prefiro não responder

3. Conhece a artista Taylor Swift?


Sim/Não/Talvez

4. Selecione as músicas que conhece da artista


Shake It Off / Lover/ Love Story/ ME! / I Knew You Were Trouble/ Blank
Space/ Look What You Made Me Do/ You Belong With Me/ Delicate/ …Ready
for It? / Todas as respostas acima/ Nenhuma das respostas acima

5. Sabia que a Taylor Swift compõe todas as suas canções?


Sim/ Não

6. Tem conhecimento da recente polémica entre Taylor Swift e o empresário Scooter


Braun?
Sim / Não

7. Sabia que Scoot Brochetta vendeu todo o catálogo de Taylor Swift a Scooter
Braun por 300 milhões de dólares sem o consentimento da artista?
Sim / Não

8. Qual é a sua opinião da artista?


Positiva / Negativa/ Não Sei

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2020

Resultados do Inquérito

Com o inquérito pude obter uma opinião mais estruturada enquanto à opinião pública
sobre a cantora, observando que, atualmente esta tem uma reputação melhor em
comparação há 4 anos atrás.

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2020

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2020

Considerações finais
Sendo uma jovem mulher que está agora a iniciar a sua carreira na indústria da música,
seria mentira dizer que este projeto não teve um grande impacto em mim, visto que a luta
pela igualdade e os direitos das mulheres ainda ser algo em movimento, por existirem
ainda tantas barreiras para ser quebradas, apesar de já muitas delas o terem sido como se
pode perceber na dissertação, mesmo assim o caminho e a luta ainda são longos.
Como é obvio a desigualdade de género é algo que afeta bastante a vida e as obras das
artistas, assim como conclusão no estudo de caso de Taylor Swift, a cantora agora está
mais disposta a falar sobre assuntos relacionados com o tema, pois como se pode observar
ao longo da sua careira foi vivendo vastas experiências devindas da desigualdade de
género, que a foi afetando profissionalmente e pessoalmente.
A dissertação acabou por influenciar o planeamento da minha carreira de diversas formas,
sendo que uma delas é o desejo e objetivo de em breve começar a abordar o tema da
desigualdade de género nas minhas composições, pois acho que acaba por ter um grande
impacto no público, feminino, que é o meu publico alvo. Tentar fazer colaborações e mais
projetos com artistas femininas, assim como afirma Madonna no seu discurso, é bastante
importante que as mulheres da indústria se apoiem umas as outras. E tenciono também
começar a participar ativamente com atuações em eventos relacionados com a luta pelos
direitos das mulheres.
A resposta da indústria a tais estratégias pode ter efeitos tanto como negativos como
positivos, assim como mostra a recolha de dados feita no projeto, penso que no meu
caso não será diferente.

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2020

Bibliografia e webgrafia

(Miclos2, 2012), Pesquisa Quantitativa e Qualitativa: A integração do conhecimento


científico;

(RAGOOWANSI, 2018) https://news.un.org/es/story/2019/02/1450871;

(MERRYL 2018) https://news.un.org/es/story/2019/02/1450871;

(MARSHALL, 1997) Celebrity and Power: Fame in Contemporary Culture;

(Freire Filho, 2013) Convergências e Divergências Midiáticas: Fãs, Indústrias do


Entretenimento e os Limites da Interatividade. 2007

Revisão Literária:

Integration or isolation? Considering implications of the designation &woman


composer – Aisling Kenny

The Woman Composer Question: Historical and Philosophical Perspectives – Eugene


Gates
Creating a career as a woman composer: Implications for music in higher education-
Dawn Bennett

Musical Direction, Identity and Authenticity within Popular 21st Century Singer-
Songwriters – Cameron E Smith

The Woman in the Music (On Feminism as Theory and Practice) - Marianne Kielian-
Gilbert

A construção discursos de fãs e antifãs diante dos valores sociais projetados na


cantora Taylor Swift – Isabel Alves

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Anexos

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