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Introdução
Ao mesmo tempo em que o surgimento de uma nova mídia gera instabilidade entre as
fronteiras das linguagens, sua incorporação como meio de expressão artística prova que
a arte tem fôlego infinito. Com o advento do vídeo e sua incorporação no campo das
artes visuais não foi diferente. Desde as origens da vídeo arte na década de 60, muitas
das discussões que foram geradas ecoam até hoje.
O mesmo impacto e potencial das imagens eletrônicas que podemos gerar hoje
com os novos recursos e aparatos contemporâneos, instigam da mesma forma as
experimentações em vídeo, som e instalação de artistas contemporâneos.
A vídeo arte surge como uma alternativa instigante de experimentação de novos meios
nas obras artísticas na década de 60. Sua estética tem influência do enredo
cinematográfico e do caráter experimental do vídeo, mas de uma maneira peculiar que
usufrui dessas características em favor primordialmente da ideia do artista.
Somente no final da década de 60 que a vídeoarte começa a se estabelecer e ser
reconhecida como um meio na arte. Muitos consideram Paik como o “pai da vídeo arte”
e pioneiro no uso dos recursos midiáticos embora Wolf Vostell, Vito Acconti, Bruce
Nauman e posteriormente Bill Viola são artistas exponenciais merecem destaque e
juntamente com Nam June Paik são referência no uso do vídeo como forma de
expressão artística e a consequente concepção da vídeo arte. Eles utilizaram desses
recursos da manipulação do vídeo e das imagens técnicas de maneira única
estabelecendo uma relação peculiar com esses novos meios que irão afetar suas
produções poéticas de formas diferentes.
Nesse contexto temporal a televisão é o auge tecnológico e Paik irá usar esse
objeto em função de suas criações. A valorização desses recursos envolve o avanço dos
setores de informações e serviços da sociedade pós-industrial definida por Daniel Bell
na qual valoriza-se o meio de produção, ideias e informações.
Figura pioneira na arte multimídia, o artista sul coreano Nam June Paik (1932 – 2006)
explorou a relação entre arte e tecnologia com os recursos do vídeo e música eletrônica
de forma visionária e provocativa.
Suas obras possuíam caráter de releitura desses novos dispositivos até então
comerciais, que dialogavam com a sua geração e transferiam o espectador para um
contexto imersivo da vídeo arte com produções de influência neo-dadaísta de vertente
pós-moderna.
Há três aspectos que são importantes nas obras de Paik e que o acompanharão ao longo
de sua carreira: a performance, a música/sonoridade e o vídeo, que suscitarão
experiências temporais, sensoriais e de movimento.
Em Nixon Tv, a escolha da figura pública de Nixon para produção dessa obra
não é desprovida de intencionalidade, pelo contrário, suas campanhas midiáticas usaram
a televisão de forma manipuladora contra o concorrente John Kennedy. Assim a
reflexão sobre a influência desse meio de comunicação, a possibilidade de distorções
das informações fomenta a criação dessa obra. O par de monitores com a imagem do
presidente Nixon é distorcida a cada oito minutos quando a eletricidade é enviada
através dos fios magnéticos, uma espécie de bobina circular. A reflexão do meio e sua
utilização é um aspecto recorrente que também acompanha Paik na obra Magnet TV.
PAIK, Nam June. Magnet TV, 1965, televisão preto e branca modificada e imã, 98.4 × 48.9 ×
62.2 cm, Whitney Museum of American Art New York.
A ideia de repensar a obra como conceito até sua objetualização com base na
adoção de materiais industriais, é um ponto em comum entre estava presente antes e
continua ressoando nos dias atuais.
Em Random Acess, Paik deixa claro essa perspectiva de rápido progresso dos
meios eletrônicos e a ideia de instantaneidade de assimilação e processamento das
informações.
PAIK, Nam June. Random Acess, 1965 – 2000.
Nos dias atuais, com a ajuda de softwares e programas digitais, a vídeo arte se
encaminha para instalações cada vez mais interativas. O grupo Noisefold aderiu a
proporções cinematográficas utilizando-se da ambientação proporcionada para
exibições de seus vídeos em suas performances.
Outro grupo de artistas que também utiliza dos recursos do vídeo e efeitos
sonoros é o Chelpaferro, grupo multimídia composto pelos artistas Luiz Zerbini,
Barrão e Sergio Mekler. Formado em 1995, suas obras misturam música
eletrônica, esculturas e instalações tecnológicas realizadas em apresentações
ao vivo, exposições e performances.
C h e l p a F e r r o , 2 0 1 2 , Batyki, Polônia.
Conclusão
A vídeo arte colaborou para que artistas reanalisassem as novas possibilidades através
dos novos meios tecnológicos que vão surgindo. A interação e o contato com o espectador
e sua correspondente resposta também são recursos que foram utilizados por Paik e são
extremamente explorados até hoje.
O que chamamos hoje de novas mídias nada mais é do que a tecnologia atual. Antes os
artistas usavam a tecnologia de sua época como ferramenta. Desde o Renascimento os
artistas usaram máquinas para auxiliar na produção de imagens. Em um certo momento
usaram a fotografia como mecanismo na pintura onde se decreta a morte da mesma e
posteriormente com a sua volta nos anos 80. O vídeo nesse contexto da década de 60 é
usado como ferramenta e mei
O estágio de incipiência dessas novas mídias a longo prazo esvai a sensação de que são
novas e tornam-se cotidianas. Nada permanece estático, elas sempre serão confrontadas
e mutadas com o passar, evolução e o surgimento de novas mídias e os artistas sempre
terão que lidar com a particularidade desses apetrechos.
Referências Bibliográficas
PAUL, Christiane. Digital Art. London: Thames & Hudson Ltd, 2003.
TATE.org.uk
ARTGALLERY.nsw.gov.au
NOISEFOLD.com
CHELPAFERRO.com.br