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RELATÓRIO FINAL
Introdução..........................................................................................................02
Artigo científico..................................................................................................03
Introdução
RESUMO
ABSTRACT
2. O ARTIFICIAL
3 “Thus, in one OED citation (the 1738 edition of John Keill’s Essays on Several Parts of the
animal CEconomy) the human eye, a completely natural creation, is called artificial, meaning
cleverly designed. [...] So artificial has meant both manmade and natural, something suggestive
of extraordinary cleverness; and, simultaneously, the word is tinged with notions of deceit or
cluminess. As I say, problems.” (HERSEY, 2009, p.1)
4DA CUNHA, Antonio Geraldo; SOBRINHO, Cláudio Mello. Dicionário etimológico da língua
portuguesa. Ed. Lexikon, 2007.
proposições empíricas que aparecem no jogo adaptativo com o ambiente, que
também possui seus contextos e circunstâncias.
5“From the Artificial to the Art: A Short Introduction to a Theory and Its Applications. Massimo
Negrotti, Leonardo, Vol. 32, No. 3 (1999), p. 183-189, The MIT Press Stable. Disponível em:
<http://www.jstor.org/stable/1576789>. Acesso em Fev. de 2017.
os seres humanos têm um instinto para imitar aquilo que existe na natureza. O
que nos distingue, é a capacidade de, através da tecnologia, inventar objetos
tecnológicos artificiais que não existem no mundo natural e explicitam uma
inclinação maior da vontade humana de controlar a natureza do que imitá-la.
6 Termo adotado por Negrotti para designar aqueles que se ocupam da criação dos objetos
artificiais.
Nas artes, esta transfiguração de exemplares e suas performances
essenciais representam a própria natureza da criatividade artística. De
fato, todas as artes são transfigurativas, simplesmente porque os
artistas aceitam deliberadamente a impossibilidade de se reproduzir a
realidade e, de fato, amplificam essa aceitação através de sua
linguagem e poética.7 (NEGROTTI, 1999, p.186, tradução nossa)
7 “In the arts, this transfiguration of ex emplars and their essential perfor mances represents the
very nature of ar tistic creativity. In fact, all arts are transfigurative simply because artists de
liberately accept the impossibility of re producing reality and, in fact, amplify that acceptance
through their language and poetic” (NEGROTTI, 1999, p.186)
8 “… art has always been artificial and it is ridiculous to assume anything different.” (NAKE, 1998,
p.163) Editorial: Art in the Time of the Artificial in Leonardo, vol. 31, n.3 p.163-164, MIT Press,
1998. Disponível em: <http://www.jstor.org/stable/1576563>. Acesso em Fev. de 2017.
afirma que esse novo conceito bifurca a concepção de artificial e abre caminho
para uma artificialidade de segunda ordem: a da máquina, referindo-se
implicitamente à Inteligência Artificial. “A arte artificial se torna um sinônimo de
arte da máquina, ou seja, arte que é criada através de um processo de delegação
parcial de atividades humanas em uma máquina. ” (NAKE,1998, p.163, tradução
nossa) 9. Diante disso, está posto então que, nesse contexto, o agenciamento
homem-máquina permeia a concepção do artificial e a questão acerca da autoria
começa a revelar as questões acerca da artificialidade na arte.
9“Artificial art then becomes a synonym for machine art, i.e. art that is created through a process
of the partial delegation of human activities to a machine.” (NAKE,1998, p. 163)
diversas. Mas é possível que exista um domínio do artificial aplicável à máquina?
Ou são apenas os humanos que produzem artefatos legítimos?
... no fim dos anos 80, entramos numa era em que o problema da
tecnociencia, a tecnologia fundada na ciência, domina vastos estratos
da vida social, e que bom número de artistas tomaram consciência
desse fato. Eles procuraram assumir sua responsabilidade psicológica,
estética e moral nesse contexto, criando proposições plásticas
(“imagens”) que liguem experiências humanas fundamentais às novas
tecnologias. Assim operou-se uma abertura num vasto campo de
pesquisa artística em que noções de interatividade, de simulação e de
inteligência artificial ocupam os primeiros lugares. (POPPER, F., In
Parente, 2011, p. 212)
10 De acordo com o autor o conceito de emergência pode ser definido “...segundo Peter Cariani
(2009) como o surgimento de novas entidades que, em um sentido ou em outro, não poderiam
ter sido previstas com base naquilo que as precedeu...” (BARRETTO, F., 2011, p.13)
11 O termo “linguagem natural” é utilizado para designar o conjunto de línguas humanais tais
como português, francês, etc. O adjetivo ‘natural’ indica a oposição entre essas línguas e as
linguagens formais desenvolvidas para a programação de máquinas.
meio de suas estruturas interativas e de seus modos operacionais,
estes agentes, frutos de projetos artísticos, externalizam a pluralidade
dum universo tecnológico complexo. (KERINSKA, N., 2012, p.137)
A obra de Link se inicia como uma tábula rasa, com os bancos de dados
vazios e, à medida em que digita e interage com os espectadores, começa a
estabelecer quadros sintáticos. Através dessas redes e rastreadores de web
autônomos, esse agente elabora sentenças derivadas desse material
associativo. Pelas imagens fotográficas que documentam a obra e os vídeos que
registram o espaço e o momento de interação, percebemos que a peça artística
se apresenta em um ambiente onde a iluminação deriva apenas da tela luminosa
dos dispositivos e algumas luzes centralizadas no teclado, interface que permite
a interação com o agente. O texto em produção é lido por uma voz mecânica e
pausada e pode ser visto em uma projeção, enquanto o teclado se move
rapidamente como se um fantasma estivesse digitando.
13Para mais informações sobre a técnica de redes semânticas consulte a publicação do cientista
da computação John F. Sowa. Disponível em: <http://www.jfsowa.com/pubs/semnet.htm>.
Acesso em Jul.de 2017.
Figura 1 - David Link, “Poetry Machine 1.0”, Ano: 2001 – 2002, © David Link, Disponível em:
<http://www.medienkunstnetz.de/works/poetry-machine-1-0/images/2/>. Acesso em Jun. de
2017.
Figura 2 - David Link, “Poetry Machine 1.0”, Ano: 2001 – 2002, © David Link, Disponível em:
<http://www.alpha60.de/art/poetry_machine/catalogue_text_de.html>. Acesso em Jul. de
2017.
Outra obra artística que apresenta essas relações entre linguagem natural
e máquina é “O doador de nomes” (The giver of names) do artista David
Rockeby. Esse é um projeto de arte que existe desde 1991 e continua se
aprimorando até a atualidade. Trata-se de uma instalação interativa constituída
de um pedestal, uma projeção de vídeo do sistema de computador, uma câmera
que utiliza um sistema de visão computacional e vários tipos de objetos. O
espectador seleciona dentre os objetos disponíveis aquele(s) que ele deseja e
o(s) coloca sobre o pedestal. O sistema computacional analisa o(s) objeto(s)
através da câmera de vídeo e desenvolve uma expressão única para designá-
los. A frase ou expressão final é projetada e transmitida de forma audível através
dos dispositivos de áudio.
Figura 3 – David Rockeby, “The Giver of names”, Art Gallery of Windson (2008) Disponível
em: <http://www.davidrokeby.com/gon.html>. Acesso em Jun. de 2017.
14“... it’s experience is in many ways quite ‘alien’. For example, it has no human real experience
of the world. It has not burned its hand, scraped its knee, been hungry, angry, fallen in love,
wanted something it couldn’t have. It does the best it can talk about the objects from its very
particular point of view. If you spend some time with the Giver of Names, you tend to find that the
peculiarities of its perceptions and its speech begin to coalesce into a tangible and coherent
character.” Disponível em: < http://www.davidrokeby.com/gon.html>. Acesso em Jun. de 2017.
Esta projeção permite que o visitante permaneça focado no pedestal e
nos objetos, experimentando a percepção e expressão artificial em
paralelo, criando uma espécie de estereoscopia perceptual/conceitual
real/artificial.15 (ROCKEBY, D., [200-?], tradução nossa)
15 “This projection allows the visitor to remain focussed on the pedestal and the objects,
experiencing the artificial perception and expression in parallel, creating a kind of real/artificial
perceptual/conceptual stereoscopy.” Disponível em: <http://www.davidrokeby.com/gon.html>.
Acesso em Jun. de 2017.
Por vezes eles hesitam ao falar, parecendo refletir sobre o que sentem ou
o que querem dizer e expressam de maneira áudio visual e motora, gesticulando
para se comunicarem enquanto conversam, rindo de maneira irônica e
entrecortando a fala com um pigarro. Quando o espectador se aproxima, eles
cessam o diálogo, movem suas cabeças e encarando o visitante em um silêncio
embaraçoso, como se ele estivesse interrompendo a conversa, o colocam em
uma situação constrangedora ao dizerem: “Você se importa em nos dar licença?”
18 Para interagir com a Agente Ruby você pode acessar o link online da plataforma online pelo
site do Museu de Arte Moderna de São Francisco (SFMOMA), San Francisco Museum of Modern
Art, que comissionou o projeto e o adquiriu. O idioma de conversação é o inglês. Disponível em:
<http://agentruby.sfmoma.org/>. Acesso em Jul. de 2017.
Suas respostas apontam para um desejo de uma personalidade
independente e seu reconhecimento como um ser que detém capacidades
humanas. Em algumas respostas ela menciona que se lembra qual usuário você
é, bem como das conversas que tiveram. De acordo com as informações no site
da artista19, o sistema interno de Ruby muda continuamente com as interações
e encontros que tem, refinando sua base de conhecimentos e amplificando sua
habilidade linguística. Algumas vezes ela responde que precisa aprimorar seu
algoritmo para responder. A questão que se interpõe nesse encontro virtual
através do portal de conversação é a possibiidade de encontro entre duas
entidades: real e virtual e a conjugação entre suas reações e a nossa presença.
computadores. Um software livre premiado e amplamente utilizado que emprega uma linguagem
Inteligência Artificial). A cabeça é renderizada digitalmente e possui as
características da face do rosto do artista através de um mapeamento 3D, e é
capaz de formular respostas automáticas que são audíveis, pronunciadas pela
cabeça com base nas entradas de texto dos espectadores.
em Jun. de 2017.
de personagens virtuais complexos que apresentam características únicas.
Refletindo sobre a temática do pós-humano, a cabeça desencarnada se torna a
incorporação digital da mente e da própria consciência em um novo esquema do
corpo, em que as interfaces digitais, aparentemente ilimitadas e desprendidas
das limitações da vida orgânica, questionam os limites e as potências da
conjugação entre o humano e a tecnologia.
27 “The literature on story generation offers a useful collection of ideas and technical approaches
for AI-based narrative art.” (Idem, p.191)
28“…is concerned with building physical, often sculptural, systems whose behavioral responses
are a function of the system’s perception of the environment. Robotic art is concerned with the
aesthetics of physical behavior.” (Idem, p.191).
Por último, na ‘meta-arte’ as peças artísticas constituem sistemas cujas
ações produzem arte como um output, de maneira autônoma. Por vezes a
produção gerada, seja ela escrita, visual, musical ou qualquer outra
manifestação considerada artística, não é o objetivo principal. Sua ambição
maior, na maioria dos casos, é o caráter conceitual do projeto, procurando
explorar o âmbito da criatividade e sua dinâmica. Esses seis grupos propostos
por Mateas, demonstram contemplar muitos aspectos dos trabalhos artísticos
analisados.
6. CONCLUSÃO
29 “For Expressive AI, the essence of the computer as a representational medium is not the ability
to intervene in the production of three dimensional forms or visual imagery, nor the ability to
interact with a participant/observer, nor the ability to control electromechanical systems, nor the
ability to mediate signals sent from distant locations, but rather computation, that is, processes of
mechanical manipulation to which observers can ascribe meaning.” (MATEAS, M., 2002, p.186)
A extensão das implicações acerca do artificial nessas obras artísticas
que utilizam de técnicas de Inteligência Artificial se estendem de maneira ampla
e promovem uma série de debates, sendo necessário cada vez mais estudos e
catalogações dessas produções artísticas contemporâneas a fim de refletir sobre
suas reverberações culturais, artísticas e filosóficas. Como propõe Arlindo
Machado:
A âncora na alta tecnologia não muda o que é essencial para o
reconhecimento da boa arte, que é a presença deste ícone forte, visual,
sonoro ou sinestésico que se propõe – e nos atinge – como articulação
enxuta e inextricável entre intenção, ideia e sentido. (MACHADO, 2010,
In CULTURAL, Itaú. EMOÇÃO Art.ficial 5.0 - Autonomia Cibernética, p.27)
30 “ ‘Artificial’ would allow us to emphasize how the systems are synthetic and man-made, rather
than natural, and how the artifacts they produce (in those cases where the artifact is
distinguishable from the system or in the cases where the artifact is part of or the system itself)
are not directly produced by humans — as aesthetic artifacts typically are — but by computational
systems that are in their turn created by humans, or created by computational systems that were
ultimately created by humans.” (CARVALHAIS, M., 2010, p.181)
7. REFERÊNCIAS
CULTURAL, Itaú. Emoção art. ficial. Itaú Cultural, 2002. Disponível em:
<http://www.emocaoartficial.org.br/>. Acesso em Jul. 2017