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Aula 11
Felipe Luccas
Felipe Luccas
Aula 11
Sumário
Sumário ...........................................................................................................1
Questões sem Comentário ..................................................................................2
Gabarito ...........................................................................................................8
Questões com Comentário ..................................................................................9
A vida privada não é uma realidade natural, dada desde a origem dos tempos: é
uma realidade histórica. A história da vida privada é, em primeiro lugar, a história de
sua definição: como evoluiu sua distinção na sociedade francesa do século XX? Como o
domínio da vida privada variou em seu conteúdo e abrangência?
A questão é tanto mais importante na medida em que não é certo que seu
contorno tenha o mesmo sentido em todos os meios sociais. Para a burguesia da Belle
Époque1, não há nenhuma dúvida: o “muro da vida privada” separa claramente os
domínios. Por trás desse muro protetor, a vida privada e a família coincidem com
bastante exatidão. Esse domínio abrange as fortunas, a saúde, os costumes, a religião:
se os pais que querem casar os filhos consultam o notário ou o pároco para “tomar
informações” sobre a família de um eventual pretendente, é porque a família oculta
cuidadosamente ao público o tio fracassado, o irmão de costumes dissolutos e o
montante das rendas. E Jaurès2, respondendo a um deputado socialista que lhe
censurava a comunhão solene da filha: “Meu caro colega, você sem dúvida faz o que
quer de sua mulher, eu não”, marcava com grande precisão a fronteira entre sua
existência de político e sua vida privada.
Essa separação era organizada por uma densa teia de prescrições. A baronesa
Staffe3, por exemplo, cita: “Quanto menos relações mantemos com a vizinhança, mais
merecemos a estima e consideração dos que nos cercam”, “não devemos falar de
assuntos íntimos com os parentes ou amigos que viajam conosco na presença de
desconhecidos”. O apartamento ou a casa burguesa, aliás, se caracterizam por uma
nítida diferença entre as salas para as visitas e os demais aposentos. O lugar da família
propriamente dita não é o salão: as crianças não entram no aposento quando há
visitas e, como explica a baronesa, as fotos de família ficariam deslocadas nesse
recinto. Ademais, as salas de visitas não são abertas a todos. Se toda dama da boa
sociedade tem seu “dia” de receber − em 1907, são 178 em Nevers4 −, a visita à
esposa de um figurão supõe uma apresentação prévia. As salas de recepção
estabelecem, portanto, um espaço de transição para a vida privada propriamente dita.
(Adaptado de: PROST, Antoine. Fronteiras e espaços do privado. In: PROST, Antoine; VINCENT, Gérard
(orgs.). História da vida privada 5: Da Primeira Guerra a nossos dias. Trad. Denise Bottmann. São
Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 14 e 15.)
Obs.:
1 Período de cultura cosmopolita na história da Europa que vai de fins do século
XIX até a eclosão da Primeira Guerra Mundial.
2 Jean Léon Jaurès (1859-1914): político socialista francês.
3 Pseudônimo de Blanche-Augustine-Angèle Soyer (1843-1911), autora
francesa, célebre em seu tempo pela obra Uso do mundo, sobre como saber viver na
sociedade moderna.
4 Região da França, ao sul-sudeste
Gabarito
1- LETRA E
2- LETRA C
3- LETRA D
4- LETRA C
5- LETRA D
6- LETRA A
7- LETRA A
8- LETRA B
9- LETRA D
10- LETRA D
A vida privada não é uma realidade natural, dada desde a origem dos tempos: é
uma realidade histórica. A história da vida privada é, em primeiro lugar, a história de
sua definição: como evoluiu sua distinção na sociedade francesa do século XX? Como o
domínio da vida privada variou em seu conteúdo e abrangência?
A questão é tanto mais importante na medida em que não é certo que seu
contorno tenha o mesmo sentido em todos os meios sociais. Para a burguesia da Belle
Époque1, não há nenhuma dúvida: o “muro da vida privada” separa claramente os
domínios. Por trás desse muro protetor, a vida privada e a família coincidem com
bastante exatidão. Esse domínio abrange as fortunas, a saúde, os costumes, a religião:
se os pais que querem casar os filhos consultam o notário ou o pároco para “tomar
informações” sobre a família de um eventual pretendente, é porque a família oculta
cuidadosamente ao público o tio fracassado, o irmão de costumes dissolutos e o
montante das rendas. E Jaurès2, respondendo a um deputado socialista que lhe
censurava a comunhão solene da filha: “Meu caro colega, você sem dúvida faz o que
quer de sua mulher, eu não”, marcava com grande precisão a fronteira entre sua
existência de político e sua vida privada.
Essa separação era organizada por uma densa teia de prescrições. A baronesa
Staffe3, por exemplo, cita: “Quanto menos relações mantemos com a vizinhança, mais
merecemos a estima e consideração dos que nos cercam”, “não devemos falar de
assuntos íntimos com os parentes ou amigos que viajam conosco na presença de
desconhecidos”. O apartamento ou a casa burguesa, aliás, se caracterizam por uma
nítida diferença entre as salas para as visitas e os demais aposentos. O lugar da família
propriamente dita não é o salão: as crianças não entram no aposento quando há
visitas e, como explica a baronesa, as fotos de família ficariam deslocadas nesse
recinto. Ademais, as salas de visitas não são abertas a todos. Se toda dama da boa
sociedade tem seu “dia” de receber − em 1907, são 178 em Nevers4 −, a visita à
esposa de um figurão supõe uma apresentação prévia. As salas de recepção
estabelecem, portanto, um espaço de transição para a vida privada propriamente dita.
(Adaptado de: PROST, Antoine. Fronteiras e espaços do privado. In: PROST, Antoine; VINCENT, Gérard
(orgs.). História da vida privada 5: Da Primeira Guerra a nossos dias. Trad. Denise Bottmann. São
Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 14 e 15.)
Obs.:
1 Período de cultura cosmopolita na história da Europa que vai de fins do século
XIX até a eclosão da Primeira Guerra Mundial.
2 Jean Léon Jaurès (1859-1914): político socialista francês.
3 Pseudônimo de Blanche-Augustine-Angèle Soyer (1843-1911), autora
francesa, célebre em seu tempo pela obra Uso do mundo, sobre como saber viver na
sociedade moderna.
4 Região da França, ao sul-sudeste
Comentários:
Uma questão bastante difícil, é preciso destacar. O enunciado menciona claramente
uma “inferência”, então o candidato deveria esperar que a resposta estaria nas
entrelinhas e deveria ser deduzida de forma indireta, não meramente conferida na
literalidade do texto. Veja nosso gabarito e depois suas “pistas no texto”:
(E) Se, na Belle Époque, as condições de vida de meios sociais como os
camponeses, operários ou camadas mais baixas das cidades não lhes permitiam
abrigar de olhares estranhos uma parte de sua vida, o sentido de “privada” era,
para eles, distinto daquele que os burgueses conheciam.
A resposta deixa claro que a referência do texto vale para famílias burguesas da Belle
Epoque, não é uma distinção entre vida pública privada válida para todos os grupos
sociais franceses:
A questão é tanto mais importante na medida em que não é certo que seu contorno
tenha o mesmo sentido em todos os meios sociais. Para a burguesia da Belle
Époque1, não há nenhuma dúvida: o “muro da vida privada” separa claramente os
domínios. (ou seja, não é necessariamente o mesmo para todos os grupos e
não será válido para camadas mais baixas da sociedade. Está-se falando das
camadas mais ricas, a burguesia). Por trás desse muro protetor, a vida privada e a
família coincidem com bastante exatidão.
Em suma, para a burguesia, a distinção entre vida pública e privada apresentada no
texto vale especificamente para os burgueses, e não para camadas mais pobres, pois
para estes não havia toda aquela estrutura de ‘dia de reunião’, antessala para visitas,
casamentos arranjados com investigação do passado das famílias e demais prescrições
sociais que mantinham as famílias burguesas separadas do olhar público.
Gabarito letra E.
Vejamos as demais:
(A) Conhecem flexibilidade sim, pois não há uma separação absoluta entre vida pública
e privada em todos os casos.
(B) O conceito de vida pública ou privada é histórico e não foi mencionada nenhuma
subordinação a nenhum regime político.
(C) Alternativa bem perigosa. Contudo, o texto não diz que a visão da burguesia de
vida pública privada era um padrão, até porque ficou claro que não se aplicava a todos
os grupos sociais. Além disso, “grupo francês” é uma expressão muito vaga, que não
limita de que franceses a alternativa está falando. O texto foca apenas em famílias
burguesas abastadas, com protocolos que não são aplicáveis a outras partes da
sociedade. Também não podemos dizer que não há “nenhuma dúvida” na limitação das
esferas. A delimitação entre vida pública e privada é duvidosa, não vale para todos os
grupos de forma homogênea e evolui ao longo da história, ‘varia em conteúdo e
abrangência”, como afirma o texto.
(D) Novamente, não há “força indiscutível” no conceito. A delimitação entre vida
pública e privada é duvidosa, não vale para todos os grupos de forma homogênea e
evolui ao longo da história, ‘varia em conteúdo e abrangência”.
2. (FCC / ISS SÃO LUIZ / AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS / 2018)
No processo argumentativo,
(A) a consulta dos pais é mencionada porque constitui a causa de as famílias
ocultarem cuidadosamente ao público fatos que poderiam ser considerados
socialmente nocivos. (2º parágrafo)
(B) a resposta de Jaurès é citada para, na composição do painel da vida francesa,
destacar que, já em fins do século XIX e começo do XX, havia críticas a políticos
que usavam a vida particular para alavancar suas pretensões de homem público.
(2º parágrafo)
(C) a presença do advérbio aliás sinaliza um oportuno acréscimo ao já dito acerca
dos domínios da vida privada, agora demarcados pelo próprio espaço físico da
burguesia francesa do século XX. (3º parágrafo)
(D) a menção a família propriamente dita delimita, no contexto do objeto
focalizado, a referência a “aqueles que descendem de um casal”. (3º parágrafo)
(E) a alusão a notário ou pároco faz parte da caracterização da sociedade da Belle
Époque, com o intuito de demonstrar que a eles cabia, respectivamente, a
responsabilidade pelas fortunas e pela vida religiosa das famílias. (2º parágrafo)
Comentários:
Vejamos:
a) Incorreto. A consulta aos párocos é na verdade a consequência de esconderem os
“podres” do público. Então, para saber os fatos socialmente nocivos que eram
ocultados, era necessário então consultar pessoas que tivessem acesso privilegiado à
Comentários:
Em questões desse tipo, busque sempre a palavra que tem sentido evidentemente
diferente e avance. A banca sempre deixa uma palavra marcantemente diferente para
o candidato perceber. Vejamos:
a) Incorreto. “Tomar informações” não tem em si mesmo o sentido de “examinar
discretamente”. Além disso, “pretendente” não implica necessariamente a idade da
pessoa pretendida.
b) Incorreto. Prescrição é orientação, indicação, recomendação, não é sinônimo de algo
explicitamente proibido.
c) Incorreto. “Ademais” tem sentido de soma, mas não indica que a informação
adicionada é a “mais relevante”.
d) Correto. O grande desafio da questão era aceitar que “supõe uma avaliação prévia”
era equivalente a “tem de submeter-se a uma avaliação impreterível”. Não se
Comentários:
(A) Incorreto. No primeiro período, o segmento de valor adjetivo dada desde a origem
dos tempos caracteriza “realidade natural”, que exerce a função sintática de
predicativo do sujeito.
(B) Incorreto. Em os pais que querem casar os filhos consultam o notário ou o pároco
para “tomar informações” sobre a família de um eventual pretendente, o isolamento da
oração adjetiva por meio de vírgulas alteraria a relação sintático-semântica que
estabelece originalmente com seu antecedente, pois a oração deixaria de ser restritiva
(sem vírgula) para ser explicativa (com vírgula).
(C) Correto. As aspas em “dia” sinalizam que a palavra está empregada com traço
semântico específico, nem sempre explorado no emprego da palavra; no contexto de
uso, sugerem uma circunstância favorável à exibição de condutas sociais, um dia, uma
data oficial socialmente planejada para receber visitas e então, nessa ocasião, exibir
um pouco da vida privada, ainda que de modo “filtrado”. Trazendo para um exemplo
mais cotidiano, quando se diz: “estou tão atrasado, hoje não é ‘dia’ de o ônibus
quebrar”, ou “está sol, hoje é ‘dia’ de ir à praia”, fica nítida essa ideia de que aquela
data específica é desfavorável ou favorável, respectivamente, para um determinado
comportamento ou evento.
(D) Incorreto. Esta questão versa sobre o discurso indireto. Não pode haver essa
vírgula após o “que”, pois está “fatiando” a oração substantiva que serve de objeto
direto ao verbo declarativo (discendi) “comenta”. Além disso, “cercar” é verbo
transitivo direto: não pede preposição. Portanto, não caberia o uso de “lhes”, pronome
que substitui termos preposicionados.
(E) Incorreto. Em “Quanto menos relações mantemos com a vizinhança, mais
merecemos a estima e consideração dos que nos cercam”, os segmentos, demarcados
pela vírgula, associam-se estabelecendo correlação inversamente proporcional (menos
e mais) entre as ideias que contêm.
Gabarito letra C.
5. (FCC / ISS SÃO LUIZ / AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS / 2018)
Se toda dama da boa sociedade tem seu “dia” de receber − em 1907, são 178 em
Nevers −, a visita à esposa de um figurão supõe uma apresentação prévia.
Considere o acima transcrito e as assertivas que seguem, acerca de elementos da
frase.
I. A conjunção Se introduz um fato comprovado.
II. A estruturação do período denota que a conjunção Se faz parte de esquema
comparativo.
III. É aceitável entender que a conjunção Se anuncia um fato eventual, que,
existindo, gerará a consequência citada depois do último travessão.
IV. A expressão boa sociedade e as palavras figurão e dama exemplificam o uso
informal da linguagem.
V. Em a visita à esposa de um figurão, o acento grave sinaliza adequadamente a
contração da preposição com um artigo, exatamente como ocorre em “a visita
àquela mansão”.
Está correto o que se afirma APENAS em
(A) I e IV.
(B) III e V.
(C) II e IV.
(D) I e II.
(E) II, III e V.
Comentários:
Questão dificílima, pois cobra classificações muito específicas do SE.
De plano, poderíamos perceber que esse “SE” não era condicional, pois não menciona
algo hipotético que gera um possível efeito. A informação de que havia um “dia” de
visitas é um fato admitido, não é uma hipótese. Isso já nos permitiria confirmar a
veracidade do item I, eliminar o item III e, consequentemente, as alternativas B, C
(porque não traz o item I) e E. Aí, restaria a dúvida entre A e D. Em IV, “figurão” até
tem sim um tom informal, mas “dama” e “boa sociedade” não trazem qualquer traço
de informalidade. Assim, ficaríamos com a letra D.
Em II, temos um exemplo raríssimo de “SE” compondo uma estrutura comparativa:
Se toda dama da boa sociedade tem seu “dia” de receber, a visita à esposa de um
figurão supõe uma apresentação prévia.
Assim como/do mesmo modo que toda dama da boa sociedade tem seu “dia” de
receber, a visita à esposa de um figurão supõe uma apresentação prévia.
Esse entendimento tão específico e raro em prova é baseado no gramático Sacconi,
que traz um exemplo de ‘SE’ comparativo em sua gramática:
“Se o estilo reflete o homem, o idioma é o espelho da cultura de um povo”.
Pois é, concurso não é para amadores rs... Gabarito letra D.
6. (FCC / ISS SÃO LUIZ / AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS / 2018)
E Jaurès, respondendo a um deputado socialista que lhe censurava a comunhão
solene da filha: “Meu caro colega, você sem dúvida faz o que quer de sua mulher,
eu não”, marcava com grande precisão a fronteira entre sua existência de político
e sua vida privada.
Sobre o que se tem no trecho acima transcrito, comenta-se com propriedade:
(A) Sendo certo que a forma simples do gerúndio expressa uma ação em curso,
que pode ser imediatamente anterior ou posterior à do verbo da oração principal,
ou simultânea a ela, é reconhecível, na frase acima transcrita, a simultaneidade.
(B) O desenvolvimento da oração reduzida respondendo a um deputado socialista
deve gerar a forma “ao responder”.
(C) O verbo “censurar” está empregado com adequada regência, assim como
estaria se houvesse a forma “que lhe censurava à comunhão solene da filha”.
(D) O emprego de você exemplifica a forma linguística usada para interpelação ao
interlocutor, como vocativo, no discurso direto.
(E) Em você sem dúvida faz o que quer de sua mulher, o verbo destacado está
empregado como vicário, uso exemplificado em “Não divulgarei falsas notícias,
como fazem alguns”.
Comentários:
Esse “respondendo” em “respondendo a um deputado socialista que lhe censurava”
mostra que a resposta é simultânea à sua ação de “marcar com grande precisão a
fronteira entre sua existência de político e sua vida privada”. Em suma, ele “marcava
enquanto respondia”.
Gabarito letra A.
Vejamos as demais:
(B) Incorreto. Ao responder também é uma oração reduzida; especificamente, é uma
oração subordinada adverbial temporal reduzida de infinitivo.
(C) Incorreto. “Censurar” não pede preposição “a”, então não haveria crase.
(D) Incorreto. “Você” não é o vocativo. O vocativo é “Meu caro colega”, daí inclusive
ter sido usado com vírgula.
(E) Em você sem dúvida faz o que quer de sua mulher, o verbo destacado NÃO está
empregado como vicário, uso exemplificado em “Não divulgarei falsas notícias, como
fazem alguns”. O verbo vicário é esvaziado de sentido, apenas recupera o sentido do
verbo que substitui (fazem = divulgar). No texto, “faz” tem sentido de “agir, tratar,
comportar-se em relação à mulher”.
Comentários:
Questão de altíssimo nível. Vejamos:
(A) Do sentido do verbo manter-se, decorre, logicamente, uma informação implícita:
se ele “mantinha-se” calado, é porque já estava calado anteriormente. Não há como
“permanecer calado” se você não estava já calado anteriormente.
Porém, há outra palavra que marca um “pressuposto”, uma informação implícita:
“primeira”. Se o texto menciona que ficou calado na “primeira audiência”, o numeral
nos faz presumir que houve mais de uma audiência. Assim como ocorreria em:
Minha primeira mulher era morena (houve mais de uma mulher).
As demais estão corretas.
(B) Considerando que, em Indignado com tudo, rejeitava e respondia a qualquer gesto
que considerasse suspeito, os verbos destacados têm o mesmo complemento, o do
primeiro verbo vem elíptico por antecipação; essa construção é inadequada, visto que
os verbos têm distintas regências: “rejeitar” é VTD e “responder” é VTI, regendo a
preposição “a”. Como regra, não devemos ligar a um mesmo complemento dois verbos
com regências diferentes.
(C) A coesão entre Era coisa que levaria tempo para digerir e a frase anterior se dá por
meio de retomada realizada por substantivo de uso coloquial, que, por ser usado em
tantas distintas acepções, não permite uma precisa delimitação de sentido. Em suma,
“coisa” é uma palavra extremamente genérica e só o contexto detalhado pode
delimitar seu sentido.
(D) A expressão Ou então sinaliza a introdução de ideia que tem orientação
argumentativa diferente da adotada na frase anterior, levando a conclusão oposta à
nesta sinalizada. Em suma “digerir” é oposto a “vingar-se” e o “ou” coordena essas
possibilidades opostas.
(E) A expressão até mesmo introduz o ponto mais alto de uma dada escala, no caso, a
escala de uma suposta “tolerância”: o ponto inicial é “digerir’, perdoar. O ponto mais
alto, no sentido oposto, é vingar-se com um crime.
Gabarito letra A.
8. (FCC / ISS SÃO LUIZ / AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS / 2018)
... respondia a qualquer gesto que considerasse suspeito, de quem quer que fosse.
Seguem propostas de alteração na frase acima. A redação que está em
conformidade com a norma-padrão e não prejudica o sentido original é:
(A) respondia a quaisquer que fosse os gestos que considerasse suspeito, de
quem quer que fosse.
(B) respondia a quaisquer gestos que considerasse suspeitos, fossem de quem
fossem.
(C) respondia a todo e qualquer gesto que os considerasse suspeitos, de quem
quer que fosse.
(D) respondia a gestos, qualquer um, que considerasse suspeitos, vindo de quem
quer que fossem.
(E) respondia a gesto qualquer que fosse, que o considerasse suspeito, de quem
fosse a pessoa.
Comentários:
Vejamos:
a) Incorreto. Há erro de concordância.
respondia a quaisquer que fosseM os gestos que considerasse suspeitos...
b) Correto.
c) Incorreto. Há erro de concordância.
respondia a todo e qualquer gesto que os considerasse suspeito (o núcleo é apenas
“gesto”, no singular)
d) Incorreto. Há erro de pontuação e concordância. A palavra “qualquer” deveria estar
no plural: “quaisquer” e “fosse” no singular. Além disso, não cabe essa vírgula após
“um”, pois existe uma ideia de restrição.
e) Incorreto. O pronome “o” muda o sentido, pois agora quem considerava alguém
suspeito passa a ser ele próprio objeto da suspeita. Gabarito letra B.
9. (FCC / ISS SÃO LUIZ / AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS / 2018)
Redação clara e em concordância com a norma-padrão da língua está presente na
alternativa:
(A) Atitudes como aquela do renomado ator são moralmente condenável, por isso
sanções previstas na lei devem ser efetivamente aplicadas, como forma de coibir
comportamentos indiscutivelmente inadequados.
(B) O tumultuado revesamento de funcionários responsáveis pela revisão dos
cinco últimos processos em análise impediu o coordenador de inclui-los num dos
malotes recém-enviados à direção, sob a rúbrica de urgência.
(C) A tendência de alguns jovens empresários do setor adotar regras de conduta
distintas dos empresários mais antigos merece ser analisada com cautela, pois é
relevante considerar a experiência já adquirida.
(D) Se o debate desse assunto foi consensualmente tido como fundamental para o
desenvolvimento do programa, os responsáveis haveriam de ter comunicado isso
antes, porque agora a inclusão do tema é extemporânea.
(E) Foi convidado à defesa e argumentou de forma contundente, com um preciso e
belo jogo de palavras que não deixassem dúvidas sobre a veracidade dos fatos,
como comprova o resultado a favor do acusado.
Comentários:
Nesse tipo de questão, a banca vai inserir redações confusas, acrobáticas, truncadas
NÃO TENTE REESCREVER A ALTERNATIVA. Se encontrar um erro evidente, passe para
a próxima. Vejamos:
a) Incorreto. Há erro de concordância: “atitudes são condenáveis”.
b) Incorreto. A grafia correta é “revezamento”, “incluí-los” e “rubrica”.
c) Incorreto. A forma correta é “adotarem”, concordando com o sujeito “jovens”, que
está explícito logo antes do verbo.
d) Correto. A propósito, “haveriam” está no plural porque o verbo haver aqui não é
impessoal, é auxiliar. “Extemporânea” é o mesmo que “intempestiva”, isto é,
inoportuna, fora do prazo, do tempo adequado.
e) Incorreto. A forma correta do verbo seria “deixou”, pela referência temporal do
texto e por concordância com “jogo”, no singular. Gabarito letra D.
10. (FCC / ISS SÃO LUIZ / AUDITOR FISCAL DE TRIBUTOS / 2018)
A redação clara e correta, segundo a norma-padrão da língua, é:
(A) Quando se atribui a toda uma categoria a necessidade de obter algo que foi
atingido por um indivíduo particular, corre-se o risco de provocarem frustrações,
como ocorre ao se tratar da fama; nesse caso, peca-se ainda, ao tomar como
eterno algo que pode ser bastante efêmero.
(B) O coordenador de um dos grupos defendeu que mais escassez adiviria se os
plantadores, principalmente a agricultura familiar, se recusassem a investir na
produção que, aliás, já conhecera mais de uma intempérie; não fomos nós,
revendedores, que freiamos a carestia.
(C) Diziam que pelo fato de a presença de um animador ser incômoda, muitos
recusariam participar da confraternização dos veteranos; mas enquanto vigir o
respeito ao combatente mais idoso é a ele que todos seguirão, e tudo indica que,
daqui há duas semanas, todos lá estarão.
(D) O guia dos turistas proveu-os de tudo que seria necessário para a escalada, e
isso explica por que não houve conflitos ou dissidências; não se trata de excesso
de zelo por parte da pessoa encarregada, mas da capacidade de prever possíveis
empecilhos e se antecipar a providências para contorná-los.
(E) Muitos não se adéquam a novos caminhos e lamentam que nada é mais como
era antes − é notório, certamente, a impressão que o novo destruirá uma ordem
perfeita e imporá o caos, mas isso não procede, pois passos em outra vereda nos
faz conhecer novas e sempre enriquecedoras paisagens.
Comentários:
(A) Incorreto. A forma correta é “provocar”, no singular, concordando com
“necessidade”, seu provável sujeito (não é claro quem provoca frustrações). Além
disso, “ainda” deveria vir entre duas vírgulas, ou sem nenhuma vírgula.
(B) Incorreto. A forma grafia correta é “adviria”, do verbo “advir”, com D mudo, e
“freamos”, seguindo a conjugação de “passear” (passeamos).
(C) Incorreto. A expressão “pelo fato de a presença de um animador ser incômoda”
deveria vir entre vírgulas, assim como a oração adverbial temporal “enquanto viger o
respeito ao combatente mais idoso...”. O futuro do subjuntivo de “viger” é “viger”
mesmo, não é “vigir”. A forma correta seria “daqui a duas semanas”, pois o tempo
mencionado ainda está por transcorrer. Se fosse tempo já decorrido, usar-se-ia o
“haver” impessoal: “há duas semanas”.
(D) Correto.
(E) Incorreto. Adequar é defectivo e não possui as formas rizotônicas, isto é, as
formas que trazem a tônica dentro do radical (na prática, na sílaba “dé”, como
adéquam). Formas como “adequamos” existem. O dicionário Houaiss, ao contrário de
quase 100 por cento dos gramáticos, registra “adequar” como verbo regular. De
qualquer forma, a questão tem outro erro evidente: a forma correta é “notória”,
concordando com “impressão”, palavra feminina. Além disso, “faz” deveria estar no
plural, concordando com “passos”. Gabarito letra D.
Sumário
Sumário ......................................................................................................... 21
Questões sem Comentário ................................................................................ 22
Gabarito ......................................................................................................... 27
Questões com Comentário ................................................................................ 28
Os deuses de Delfos
Segundo a mitologia, Zeus teria designado uma medida apropriada e um justo
limite para cada ser: o governo do mundo coincide assim com uma harmonia precisa e
mensurável, expressa nos quatro motes escritos nas paredes do templo de Delfos: “O
mais justo é o mais belo”, “Observa o limite”, “Odeia a hybris (arrogância)”, “Nada em
excesso”. Sobre estas regras se funda o senso comum grego da Beleza, em acordo
com uma visão do mundo que interpreta a ordem e a harmonia como aquilo que impõe
um limite ao “bocejante Caos”, de cuja goela saiu, segundo Hesíodo, o mundo. Esta
visão é colocada sob a proteção de Apolo, que, de fato, é representado entre as Musas
no frontão ocidental do templo de Delfos.
Mas no mesmo templo (século IV a.C.), no frontão oriental figura Dioniso, deus
do caos e da desenfreada infração de toda regra. Essa coabitação de duas divindades
antitéticas não é casual, embora só tenha sido tematizada na idade moderna, com
Nietzsche. Em geral, ela exprime a possibilidade, sempre presente e verificando-se
periodicamente, da irrupção do caos na beleza da harmonia. Mais especificamente,
expressam-se aqui algumas antíteses significativas que permanecem sem solução
dentro da concepção grega da Beleza, que se mostra bem mais complexa e
problemática do que as simplificações operadas pela tradição clássica.
Uma primeira antítese é aquela entre beleza e percepção sensível. Se de fato a
Beleza é perceptível, mas não completamente, pois nem tudo nela se exprime em
formas sensíveis, abre-se uma perigosa oposição entre Aparência e Beleza: oposição
que os artistas tentarão manter entreaberta, mas que um filósofo como Heráclito
abrirá em toda a sua amplidão, afirmando que a Beleza harmônica do mundo se
evidencia como casual desordem. Uma segunda antítese é aquela entre som e visão,
as duas formas perceptivas privilegiadas pela concepção grega (provavelmente porque,
ao contrário do cheiro e do sabor, são recondutíveis a medidas e ordens numéricas):
embora se reconheça à música o privilégio de exprimir a alma, é somente às formas
visíveis que se aplica a definição de belo (Kalón) como “aquilo que agrada e atrai”.
Desordem e música vão, assim, constituir uma espécie de lado obscuro da Beleza
apolínea harmônica e visível e como tais colocam-se na esfera de ação de Dioniso.
Esta diferença é compreensível se pensarmos que uma estátua devia representar
uma “ideia” (presumindo, portanto, uma pacata contemplação), enquanto a música era
entendida como algo que suscita paixões.
(ECO, Umberto. História da beleza. Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2004, p. 55-56)
embalagem definitiva, que visa acondicionar o produto na forma sobre que ele
será apresentado e adquirido pelo consumidor final, caracteriza industrialização.
(E) Esta gerência, tendo apoiado-se na análise de peritos no assunto, firmou o
entendimento que as mercadorias relacionadas no documento subescrito não
estão sujeitas ao regime de substituição tributária pelas operações posteriores.
Gabarito
1- LETRA E
2- LETRA E
3- LETRA A
4- LETRA B
5- LETRA D
6- LETRA C
7- LETRA B
8- LETRA B
Os deuses de Delfos
Segundo a mitologia, Zeus teria designado uma medida apropriada e um justo
limite para cada ser: o governo do mundo coincide assim com uma harmonia precisa e
mensurável, expressa nos quatro motes escritos nas paredes do templo de Delfos: “O
mais justo é o mais belo”, “Observa o limite”, “Odeia a hybris (arrogância)”, “Nada em
excesso”. Sobre estas regras se funda o senso comum grego da Beleza, em acordo
com uma visão do mundo que interpreta a ordem e a harmonia como aquilo que impõe
um limite ao “bocejante Caos”, de cuja goela saiu, segundo Hesíodo, o mundo. Esta
visão é colocada sob a proteção de Apolo, que, de fato, é representado entre as Musas
no frontão ocidental do templo de Delfos.
Mas no mesmo templo (século IV a.C.), no frontão oriental figura Dioniso, deus
do caos e da desenfreada infração de toda regra. Essa coabitação de duas divindades
antitéticas não é casual, embora só tenha sido tematizada na idade moderna, com
Nietzsche. Em geral, ela exprime a possibilidade, sempre presente e verificando-se
periodicamente, da irrupção do caos na beleza da harmonia. Mais especificamente,
expressam-se aqui algumas antíteses significativas que permanecem sem solução
dentro da concepção grega da Beleza, que se mostra bem mais complexa e
problemática do que as simplificações operadas pela tradição clássica.
Uma primeira antítese é aquela entre beleza e percepção sensível. Se de fato a
Beleza é perceptível, mas não completamente, pois nem tudo nela se exprime em
formas sensíveis, abre-se uma perigosa oposição entre Aparência e Beleza: oposição
que os artistas tentarão manter entreaberta, mas que um filósofo como Heráclito
abrirá em toda a sua amplidão, afirmando que a Beleza harmônica do mundo se
evidencia como casual desordem. Uma segunda antítese é aquela entre som e visão,
as duas formas perceptivas privilegiadas pela concepção grega (provavelmente porque,
ao contrário do cheiro e do sabor, são recondutíveis a medidas e ordens numéricas):
embora se reconheça à música o privilégio de exprimir a alma, é somente às formas
visíveis que se aplica a definição de belo (Kalón) como “aquilo que agrada e atrai”.
Desordem e música vão, assim, constituir uma espécie de lado obscuro da Beleza
apolínea harmônica e visível e como tais colocam-se na esfera de ação de Dioniso.
Esta diferença é compreensível se pensarmos que uma estátua devia representar
uma “ideia” (presumindo, portanto, uma pacata contemplação), enquanto a música era
entendida como algo que suscita paixões.
(ECO, Umberto. História da beleza. Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro, Record, 2004, p. 55-56)
Comentários:
A) Incorreta. Coabitar é viver junto, não é sinônimo de ter conflito, confronto.
b) Incorreta. Como alertei na revisão de véspera, a banca adora conjunções
concessivas. “Embora” é realmente sinônima de “Conquanto”. Contudo, Retundir é
“reprimir, moderar”, não tem relação com “exprimir”.
c) Incorreta. “Justo limite” não equivale a “Juízo restrito”, pois “justo” se refere a
“justiça” e “juízo” se refere a “opinião”.
d) Incorreta. Fundar é embasar. Confutar é contrariar, desmentir-se.
e) Correta. Linguagem jurídica típica. Estar sob a égide de= estar sob a proteção de...
Gabarito letra E.
2. (FCC / SEFAZ-GO / AUDITOR / 2018)
O autor organiza sua argumentação de modo a expor, no
(A) quarto parágrafo, uma conclusão que reafirma o argumento expresso
anteriormente de que no conceito grego de beleza as oposições se nulificam.
(B) terceiro e no quarto parágrafo, a opinião de que a beleza apolínea tem sido
progressivamente substituída pelo conceito moderno de beleza dionisíaca.
(C) primeiro parágrafo, uma concepção moderna de beleza que se contrapõe ao
senso comum grego ao abarcar a ideia do caos criativo.
(D) segundo parágrafo, uma visão inconsistente de beleza, ao contrariar os
preceitos gregos de equilíbrio, moderação e harmonia.
(E) terceiro parágrafo, oposições na concepção grega de beleza, as quais se ligam
à combinação dos princípios de ordem e caos.
Comentários:
Comentários:
Embora fosse perfeitamente possível resolver por eliminação, entendo que cabe
recurso contra essa questão. Vejamos.
(A) presumindo uma pacata contemplação
presumindo -a
Contudo, a banca parece não ter notado que havia a conjunção “portanto” intercalada,
de modo que não seria possível simplesmente unir o pronome ao verbo, ou teríamos
algo como:
(A) presumindo, portanto, - a
B e E incorretas porque não usamos –lhe como objeto direto. O –lhe substitui objetos
indiretos.
C- Tendo em vista a regra de colocação pronominal que proíbe o pronome oblíquo
átono após particípio, a estrutura seria algo como: lhe (a ele, a cada ser) designado
uma medida
D- O –lhe substitui objetos indiretos, então a forma correta seria: impõe-lhe um limite.
Gabarito letra A.
Comentários:
Vejamos as correções.
(A) A reescrita de embora se reconheça à música o privilégio de exprimir a alma (3º
parágrafo) com o verbo na voz passiva analítica deve conter a forma seja
reconhecidO, concordando com “privelégio”.
(B) Ao substituir-se a conjunção em Esta diferença é compreensível se pensarmos (4º
parágrafo) por caso, o verbo pensar deve assumir a forma do presente do modo
subjuntivo.
Correto. Se pensarmos vira “caso pensemos”.
(C) A forma verbal destacada em Zeus teria designado (1º parágrafo) não pode ser
substituída pelo pretérito imperfeito do subjuntivo sem prejuízo da correção
gramatical, porque “tivesse designado” causaria um erro de emprego do tempo verbal,
já que a referência é futura em relação a um passado remoto mitológico.
(D) A substituição da forma verbal em o governo do mundo coincide assim com uma
harmonia precisa imensurável (1º parágrafo) por ajusta-se exige a substituição do
elemento sublinhado por a, sem crase, pois não há crase antes de “uma”.
(E) O sentido se altera caso se substitua o seguimento sublinhado em de cuja goela
saiu [...] o mundo (1º parágrafo) por em cuja goela imergiu, porque “imergir” é
afundar, submergir.
Gabarito letra B.
5. (FCC / SEFAZ-GO / AUDITOR / 2018)
Os sinais de pontuação estão empregados corretamente em:
Comentários:
Façamos as devidas correções, incluindo ou apagando a pontuação necessária.
Compare:
(A) Ao produtor contratado será exigido disponibilizar à secretaria acesso a um sistema
digital que possibilite a realização de pedidos, homologações, consultas ao status dos
pedidos em analise – como condição para a continuidade do contrato.
(B) O sistema de controle de informação, conforme estabelecido em contrato, precisa
assegurar: sigilo, integridade, autenticidade e disponibilidade dos dados, para viabilizar
a execução das ações e fiscalização e monitoramento dos processos.
(C) Será descredenciada a empresa que, após ter sido notificada, descumprir as
exigências estabelecidas na legislação tributária relativa à certificação requerida para a
industrialização ou comercialização de produtos de origem animal.
(D) Para efetuar o cadastro de beneficiário, o cidadão deverá preencher o formulário
disponível no site da secretaria, por meio do qual também encaminhará cópia dos
documentos solicitados para análise pelo profissional responsável.
(E) O contribuinte que fabrica ou comercializa água mineral, natural ou artificial fica
obrigado a utilizar o selo fiscal de controle de lacres e água envasada em vasilhame
retornável – independentemente da unidade da federação de origem.
Gabarito letra D.
6. (FCC / SEFAZ-GO / AUDITOR / 2018)
A frase em que a concordância está em conformidade com a norma-padrão da
língua é:
(A) Tanto Apolo quanto Dioniso são divindades cuja simbologia, especialmente no
Comentários:
Vejamos as correções:
(A) Tanto Apolo quanto Dioniso são divindades cuja simbologia, especialmente no
plano das artes, É RIQUÍSSIMA. (A simbologia é riquíssima)
(B) Criar ou apreciar obras de arte REQUER a ativação de valores relativos à beleza, os
quais são complexos e variáveis. (“Criar ou apreciar obras de arte” é um sujeito
oracional e leva o verbo para a terceira pessoa do singular)
(C) Apolo, assim como a divindade antípoda, Dioniso, está nos fundamentos da
representação de beleza para dos gregos. (Ignorando os termos intercalados, a
concordância é: Apolo está nos fundamentos...)
(D) Durante séculos EXERCE influência sobre os artistas ocidentais o conceito de beleza
que vigorava na antiga Grécia. (o conceito exerce influência...)
(E) SABE-SE [que os padrões de beleza para os Gregos estão atrelados a uma visão
especifica de equilíbrio]. (Aqui temos um sujeito oracional passivo e o verbo fica no
singular)
Gabarito letra C.
7. (FCC / SEFAZ-GO / AUDITOR / 2018)
A frase escrita com clareza e correção, no que se refere ao emprego das formas
verbais, é:
(A) Tendo em vista ser este um projeto piloto, aqueles que se oporem ao novo
sistema de arrecadação seriam convidados a manifestar suas críticas através de
diferentes canais, como internet, telefone, além de debates com as lideranças.
(B) Os crimes de sonegação, que vêm persistindo a despeito do arrefecimento da
fiscalização, atentam contra os cofres públicos e promovem a concorrência
desleal, prejudicando o trabalhador honesto.
(C) Será vedada a autorização para a aquisição de matéria-prima ao contribuinte
que não estivesse regular com o pagamento dos impostos na forma e no prazo
que se estabeleceu na legislação tributária.
(D) Para participar da licitação, a empresa deverá possuir tecnologias gráficas de
segurança que correspondesse às especificações do edital, além de obter todas as
Comentários:
Vejamos:
(A) Tendo em vista ser este um projeto piloto, aqueles que se OPUSEREM ao novo
sistema de arrecadação SERÃO convidados a manifestar suas críticas através de
diferentes canais, como internet, telefone, além de debates com as lideranças.
Na redação original, há problema de correlação verbal. Aplicando a correlação básica:
“Se eu puder, farei”, teremos: OPUSEREM/SERÃO
(B) Os crimes de sonegação, que vêm persistindo a despeito do arrefecimento da
fiscalização, atentam contra os cofres públicos e promovem a concorrência desleal,
prejudicando o trabalhador honesto.
CORRETA.
(C) SERÁ vedada a autorização para a aquisição de matéria-prima ao contribuinte que
não ESTIVER regular com o pagamento dos impostos na forma e no prazo que se
estabeleceram (forma e prazo foram estabelecidos) na legislação tributária.
Na redação original, há problema de correlação verbal. Aplicando a correlação básica:
“Se eu puder, farei”, teremos: ESTIVER/SERÁ
(D) Para participar da licitação, a empresa deverá possuir tecnologias gráficas de
segurança que correspondA às especificações do edital, além de obter todas as
autorizações para operação no estado.
Na redação original, há problema de correlação verbal. Aplicando a correlação básica:
“Caso eu possA, farei”, teremos: CORRESPONDA/DEVERÁ
(E) Apenas depois que efetuaSSEM o pagamento de todos os impostos e que
mantivesse regularizada sua situação junto aos órgãos responsáveis é que as lojas
ESTARIAM aptas a abrir suas portas ao consumidor.
Na redação original, há problema de concordância e de correlação verbal. Aplicando a
correlação básica: “Se eu PUDESSE, FARIA”, teremos: EFETUASSEM/SERIA
Gabarito letra B.
8. (FCC / SEFAZ-GO / AUDITOR / 2018)
A frase redigida em conformidade com a norma-padrão da língua é:
(A) Cabe ao estabelecimento fornecedor emitir nota fiscal em nome do
estabelecimento adquirente, a qual, além das exigências já previstas, devem
constar nome, endereço e número de inscrição estadual do estabelecimento aonde
os produtos serão entregues.
(B) O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à
restituição total ou parcial do tributo e seus acréscimos, seja qual for a
Comentários:
(A) Cabe ao estabelecimento fornecedor emitir nota fiscal em nome do estabelecimento
adquirente, NA QUAL, além das exigências já previstas, devem constar nome,
endereço e número de inscrição estadual do estabelecimento aonde os produtos serão
entregues. (CONSTA NA NOTA FISCAL)
(B) O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição
total ou parcial do tributo e seus acréscimos, seja qual for a modalidade do seu
pagamento, quando for constatada a ocorrência de erro no cálculo do montante do
débito. (CORRETA)
(C) As operações de saída com destino a empresas do comercio varejista e insumos
agropecuários DISPÕEM de isenção fiscal e redução de base de cálculo, conforme já
prevê-se em lei, desde de que observados os requisitos exigidos para cada caso. (O
verbo é transitivo indireto e não é pronominal, não tem justificativa esse SE )
(D) Conclui-se, após análise criteriosa do caso em questão, de que a colocação de
embalagem definitiva, que visa acondicionar o produto na forma sobre A QUAL ele será
apresentado e adquirido pelo consumidor final, caracteriza industrialização.
(Concluir não pede preposição “de”. Além disso, Bechara registra uma regra sobre os
pronomes relativos. Com o pronome “que”, usa-se preposição monossilábica. Se
houver mais de uma sílaba (como “sobre”), usa-se “o qual” ou alguma variante.
(E) Esta gerência, tendo SE apoiado na análise de peritos no assunto, firmou o
entendimento que as mercadorias relacionadas no documento subscrito não estão
sujeitas ao regime de substituição tributária pelas operações posteriores.
Não se usa pronome oblíquo átono após verbo no particípio. Além disso, a grafia
correta é “subscrito”.
Gabarito letra B.
Sumário
Sumário ......................................................................................................... 36
Questões sem Comentário ................................................................................ 37
Gabarito ...........................................................................................................7
Questões com Comentário ..................................................................................8
Texto CB1A1AAA
1 O Juca era da categoria das chamadas pessoas sensíveis, dessas a que tudo
2 lhes toca e tange. Se a gente lhe perguntasse: “Como vais, Juca?”, ao que qualquer
3 pessoa normal responderia “Bem, obrigado!” — com o Juca a coisa não era assim
4 tão simples. Primeiro fazia uma cara de indecisão, depois um sorriso triste
5 contrabalançado por um olhar heroicamente exultante, até que esse exame de
6 consciência era cortado pela voz do interlocutor, que começava a falar chãmente em
7 outras coisas, que, aliás, o Juca não estava ouvindo... Porque as pessoas sensíveis
8 são as criaturas mais egoístas, mais coriáceas, mais impenetráveis do reino animal.
9 Pois, meus amigos, da última vez que vi o Juca, o impasse continuava... E que
10 impasse!
11 Estavam-lhe ministrando a extrema-unção. E, quando o sacerdote lhe fez a
12 tremenda pergunta, chamando-o pelo nome: “Juca, queres arrepender-te dos teus
13 pecados?”, vi que, na sua face devastada pela erosão da morte, a Dúvida começava
14 a redesenhar, reanimando-a, aqueles seus trejeitos e caretas, numa espécie de
15 ridícula ressurreição. E a resposta não foi “sim” nem “não”; seria acaso um “talvez”,
16 se o padre não fosse tão compreensivo. Ou apressado. Despachou-o num átimo e
17 absolvido. Que fosse amolar os anjos lá no Céu!
18 E eu imagino o Juca a indagar, até hoje:
19 — Mas o senhor acha mesmo, sargento Gabriel, que ele poderia ter-me
20 absolvido?
Mário Quintana Prosa & Verso Porto Alegre: Globo, 1978, p 65 (com adaptações)
Acerca dos aspectos linguísticos do texto precedente e das ideias nele contidas, julgue
os próximos itens.
Gabarito
1- INCORRETA
2- CORRETA
3- INCORRETA
4- CORRETA
5- CORRETA
6- INCORRETA
7- INCORRETA
8- INCORRETA
9- INCORRETA
10- CORRETA
11- INCORRETA
12- CORRETA
13- INCORRETA
14- INCORRETA
15- CORRETA
16- CORRETA
17- INCORRETA
18- CORRETA
19- INCORRETA
20- CORRETA
Texto CB1A1AAA
1 O Juca era da categoria das chamadas pessoas sensíveis, dessas a que tudo
2 lhes toca e tange. Se a gente lhe perguntasse: “Como vais, Juca?”, ao que qualquer
3 pessoa normal responderia “Bem, obrigado!” — com o Juca a coisa não era assim
4 tão simples. Primeiro fazia uma cara de indecisão, depois um sorriso triste
5 contrabalançado por um olhar heroicamente exultante, até que esse exame de
6 consciência era cortado pela voz do interlocutor, que começava a falar chãmente em
7 outras coisas, que, aliás, o Juca não estava ouvindo... Porque as pessoas sensíveis
8 são as criaturas mais egoístas, mais coriáceas, mais impenetráveis do reino animal.
9 Pois, meus amigos, da última vez que vi o Juca, o impasse continuava... E que
10 impasse!
11 Estavam-lhe ministrando a extrema-unção. E, quando o sacerdote lhe fez a
12 tremenda pergunta, chamando-o pelo nome: “Juca, queres arrepender-te dos teus
13 pecados?”, vi que, na sua face devastada pela erosão da morte, a Dúvida começava
14 a redesenhar, reanimando-a, aqueles seus trejeitos e caretas, numa espécie de
15 ridícula ressurreição. E a resposta não foi “sim” nem “não”; seria acaso um “talvez”,
16 se o padre não fosse tão compreensivo. Ou apressado. Despachou-o num átimo e
17 absolvido. Que fosse amolar os anjos lá no Céu!
18 E eu imagino o Juca a indagar, até hoje:
19 — Mas o senhor acha mesmo, sargento Gabriel, que ele poderia ter-me
20 absolvido?
Mário Quintana Prosa & Verso Porto Alegre: Globo, 1978, p 65 (com adaptações)
indivisível, que gera dúvida sobre quem de fato teria falado, narrador ou o personagem
do padre. Questão incorreta.
2. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR / 2018)
Caso seja suprimido o pronome “lhes” (L.2), a correção gramatical do texto será
mantida, embora o trecho se torne menos enfático.
Comentários:
Essa questão é muito, muito específica mesmo. Traz numa mesma sentença o uso de
objeto direto preposicionado e pleonástico.
Tocar é um verbo transitivo DIRETO, por definição, não pede preposição alguma.
Então, quando “pessoas sensíveis” foi substituído pelo relativo “que”, a preposição que
veio antes dele não exigência do verbo, mas sim uma preposição adicionada ali por
termos um verbo indicativo de sentimento “tocar”. Trata-se de um caso de objeto
direto preposicionado. Curiosamente, o autor, repete esse objeto direto preposicionado
por motivo enfático, de modo que temos um objeto direto “pleonástico”, repetido.
Como o pronome “lhe” retoma termos preposicionados, foi ele a escolha do autor:
O Juca era da categoria das chamadas pessoas sensíveis, dessas a que tudo lhes
toca e tange.
...tudo toca a que (a pessoas sensíveis)
...tudo lhes toca (a pessoas sensíveis)
O objeto direto pleonástico e também o preposicionado com verbos que indicam
sentimento são sim recursos estilísticos de ênfase, então a retirada do “lhes” reduziria
sim a ênfase original. Questão correta.
3. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR / 2018)
Na linha 3, caso a forma verbal “era” fosse substituída por seria, a respectiva
afirmação sobre o comportamento de Juca seria mais categórica que a que se
verifica no texto.
Comentários:
Pelo contrário. Embora seja tempo do indicativo, o futuro do pretérito indica incerteza,
possibilidade, por isso seu uso constante em estruturas condicionais ou hipotéticas:
Ex: Seu estudasse, passaria na prova.
Ex: O candidato estaria envolvido em um esquema de propina.
Portanto, de forma alguma deixaria a alternativa mais categórica, mas afirmativa e
certa. Questão incorreta.
4. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL SUPERIOR / 2018)
Caso o advérbio “heroicamente” (L.5) fosse deslocado para logo após
“contrabalançado” (L.5), haveria alteração de sentido do texto, embora fosse
preservada sua correção gramatical.
Comentários:
Acerca dos aspectos linguísticos do texto precedente e das ideias nele contidas, julgue
os próximos itens.
Sumário
Sumário ......................................................................................................... 51
Questões sem Comentário ................................................................................ 52
Gabarito ......................................................................................................... 20
Questões Com Comentário ................................................................................ 21
Acerca de aspectos linguísticos do texto precedente e das ideias nele contidas, julgue
os itens a seguir.
1 É curioso notar que a ideia de porto está presente nas sociedades humanas
2 desde o aparecimento das cidades. Isso porque uma das características das
3 primeiras estruturas urbanas existentes na região do Oriente Próximo foi a presença
4 do porto.
5 As primeiras cidades, no sentido moderno, surgiram no período compreendido
6 entre 3.100 e 2.900 a.C., na Mesopotâmia, civilização situada às margens dos rios
7 Tigre e Eufrates. A estrutura desses primeiros agrupamentos urbanos era tripartite:
8 a cidade propriamente dita, cercada por muralhas, onde ficavam os principais locais
9 de culto e as células dos futuros palácios reais; uma espécie de subúrbio,
10 extramuros, local que agrupava residências e instalações para criação de animais e
11 plantio; e o porto fluvial, espaço destinado à prática do comércio e que era utilizado
12 como local de instalação dos estrangeiros, cuja admissão, em regra, era vedada nos
13 muros da cidade.
14 Não se trata, portanto, de uma criação aleatória apenas vinculada à atividade
15 comercial. O porto aparece como mais um elemento de uma forte mudança
16 civilizacional que marcou o contexto do surgimento das cidades e da escrita. O
17 comportamento fundamental dessa mudança localiza-se no aumento das
18 possibilidades do agir humano, na diversificação dos papéis sociais e na abertura
19 para o futuro. Houve, em resumo, uma ampliação no grau de complexidade da
20 sociedade.
Cristiano Paixão e Ronaldo C Fleury Trabalho portuário — a modernização dos portos
e as relações de trabalho no Brasil São Paulo: Método, 2008, p 17-8 (com adaptações)
Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os
próximos itens.
10. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
O texto é predominantemente descritivo, na medida em que apresenta
detalhadamente as características dos portos na Antiguidade.
11. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
Infere-se do texto que, entre 3.100 e 2.900 a.C., os reis da Mesopotâmia
habitavam o campo, porque ainda não havia palácios reais nas cidades.
12. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
A supressão da vírgula empregada logo após “2.900 a.C.” (L.6) manteria a
correção gramatical do texto.
13. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
Sem prejuízo dos sentidos e da correção gramatical do texto, o trecho “local que
agrupava residências e instalações para criação de animais e plantio” (L. 10 e 11)
poderia ser reescrito da seguinte forma: onde se agrupavam residências e
instalações destinadas à criação de animais e ao plantio.
14. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
Conforme o texto, o porto foi fator de mudança por permitir, além de trocas
comerciais, ampliação de perspectivas sociais.
15. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
O pronome “Isso” (L.2) retoma toda a ideia expressa no primeiro período do texto.
16. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
A correção gramatical e os sentidos do texto seriam mantidos caso fosse
suprimido o trecho “que era” (L.11).
17. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
A palavra “tripartite” (L.7) poderia ser substituída por tripartida, sem prejuízo
dos sentidos e da correção gramatical do texto.
18. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
A palavra “portanto” (L.14) introduz, no período em que ocorre, uma ideia de
conclusão.
19. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
O texto aborda o impacto dos portos no desenvolvimento de cidades portuárias
litorâneas e no comércio marítimo.
20. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
Seriam mantidos a correção gramatical e os sentidos originais do texto, caso a
forma verbal “Houve” (L.19) fosse substituída por Ocorreram.
Gabarito
1- INCORRETA
2- CORRETA
3- INCORRETA
4- CORRETA
5- CORRETA
6- INCORRETA
7- INCORRETA
8- INCORRETA
9- INCORRETA
10- INCORRETA
11- INCORRETA
12- CORRETA
13- CORRETA
14- CORRETA
15- INCORRETA
16- CORRETA
17- CORRETA
18- CORRETA
19- INCORRETA
20- INCORRETA
Acerca de aspectos linguísticos do texto precedente e das ideias nele contidas, julgue
os itens a seguir.
1 É curioso notar que a ideia de porto está presente nas sociedades humanas
2 desde o aparecimento das cidades. Isso porque uma das características das
3 primeiras estruturas urbanas existentes na região do Oriente Próximo foi a presença
4 do porto.
5 As primeiras cidades, no sentido moderno, surgiram no período compreendido
6 entre 3.100 e 2.900 a.C., na Mesopotâmia, civilização situada às margens dos rios
7 Tigre e Eufrates. A estrutura desses primeiros agrupamentos urbanos era tripartite:
8 a cidade propriamente dita, cercada por muralhas, onde ficavam os principais locais
9 de culto e as células dos futuros palácios reais; uma espécie de subúrbio,
10 extramuros, local que agrupava residências e instalações para criação de animais e
11 plantio; e o porto fluvial, espaço destinado à prática do comércio e que era utilizado
12 como local de instalação dos estrangeiros, cuja admissão, em regra, era vedada nos
13 muros da cidade.
14 Não se trata, portanto, de uma criação aleatória apenas vinculada à atividade
15 comercial. O porto aparece como mais um elemento de uma forte mudança
16 civilizacional que marcou o contexto do surgimento das cidades e da escrita. O
17 comportamento fundamental dessa mudança localiza-se no aumento das
18 possibilidades do agir humano, na diversificação dos papéis sociais e na abertura
19 para o futuro. Houve, em resumo, uma ampliação no grau de complexidade da
20 sociedade.
Cristiano Paixão e Ronaldo C Fleury Trabalho portuário — a modernização dos portos
e as relações de trabalho no Brasil São Paulo: Método, 2008, p 17-8 (com adaptações)
Com relação aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os
próximos itens.
Comentários:
Sim. O trecho destacado pela banca é um aposto explicativo de “uma espécie de
subúrbio, extramuros”.
A estrutura desses primeiros agrupamentos urbanos era tripartite: a cidade
propriamente dita, cercada por muralhas, onde ficavam os principais locais de culto e
as células dos futuros palácios reais; uma espécie de subúrbio, extramuros, local que
agrupava residências e instalações para criação de animais e plantio; e o porto
fluvial, espaço destinado à prática do comércio e que era utilizado como local de
instalação dos estrangeiros
Esse aposto explicativo pode então ser substituído por uma “oração adjetiva
explicativa”, introduzida pelo pronome relativo “onde”, que serve justamente para
retomar lugar físico. Além disso, a reescritura transformou “residências e
instalações...” em sujeito passivo (daí o verbo no plural+SE apassivador)
uma espécie de subúrbio, extramuros, onde se agrupavam residências e
instalações destinadas à criação de animais e ao plantio;
Questão correta.
14. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
Conforme o texto, o porto foi fator de mudança por permitir, além de trocas
comerciais, ampliação de perspectivas sociais.
Comentários:
Sim. Pelo porto não entravam apenas mercadorias, mas sim pessoas de diferentes
civilizações e produtos culturais diversos. Isso diversificava a cultura e a sociedade que
se abria por meio do porto. Veja:
Não se trata, portanto, de uma criação aleatória apenas vinculada à atividade
comercial. O porto aparece como mais um elemento de uma forte mudança
civilizacional que marcou o contexto do surgimento das cidades e da escrita. O
comportamento fundamental dessa mudança localiza-se no aumento das
possibilidades do agir humano, na diversificação dos papéis sociais e na
abertura para o futuro. Houve, em resumo, uma ampliação no grau de complexidade
da sociedade. Questão correta.
15. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
O pronome “Isso” (L.2) retoma toda a ideia expressa no primeiro período do texto.
Comentários:
Questão extremamente capciosa, até covarde. O problema é que o “isso” não retoma
“TODA a ideia”, mas apenas a parte principal dela: a ideia de porto está presente nas
sociedades humanas desde o aparecimento das cidades
Questão incorreta.
16. (CESPE / EMAP / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018)
A correção gramatical e os sentidos do texto seriam mantidos caso fosse
FGV
Sumário
Sumário ................................................................................................. 64
Lista de questões sem comentários ....................Erro! Indicador não definido.
Gabarito .........................................................Erro! Indicador não definido.
Questões com Comentário ................................Erro! Indicador não definido.
Não se trata de uma referência às fontes murmurantes cantadas por Ary Barroso em
sua "Aquarela do Brasil". As fontes em questão são outras, estão atualmente em
debate nos meios jornalísticos e legais: o direito de proteger o sigilo das "fontes".
Contrariando a maioria, diria até a unanimidade dos colegas de ofício, sou contra este
tipo de sigilo e, sobretudo, contra as fontes em causa. Tenho alguns anos de estrada,
mais do que pretendia e merecia, e em minha vida profissional nunca levei em
consideração qualquer tipo de informação que não fosse assumida pelo informante.
Evidente que fui mais furado do que um ralador de coco. Mas não fiz minha carreira no
jornalismo na base de furos, que nunca os dei e nunca os levei a sério, uma vez que a
maioria dos furos são, por natureza, furados.
O sigilo das fontes beneficia as fontes, e não o jornalista, que geralmente é manipulado
na medida em que aceita e divulga as informações obtidas com a garantia do próprio
sigilo. São fontes realmente murmurantes, que transmitem os murmúrios, as
especulações e as jogadas inconfessáveis dos interessados, que são os próprios
informantes.
Digo "inconfessáveis" por um motivo óbvio: se fossem confessáveis, as fontes não
pediriam sigilo, confessariam o que sabem ou supõem, assumindo a responsabilidade
pela informação.
Os defensores do sigilo das fontes se justificam com o dever de informar a sociedade,
como se esse dever fosse a tábua da lei, o mandamento supremo acima de qualquer
outro mandamento ou lei. No fundo, aquela velha máxima de que o fim justifica os
meios, pedra angular em que se baseou a Inquisição medieval e todos os movimentos
totalitários que desgraçaram a humanidade.
CONY, Carlos Heitor. Folha de São Paulo. 06/12/2005.
3- “As fontes em questão são outras, estão atualmente em debate nos meios
jornalísticos e legais: o direito de proteger o sigilo das ‘fontes’.”
O mesmo sentido da palavra sublinhada aparece em:
(A) O fato ocorrido é único, mas são outras as visões desse fato na imprensa.
(B) Umas e outras interpretações foram veiculadas nos jornais.
(C) Em outras vezes, as fontes são identificadas nos jornais.
(D) Umas notícias foram dadas e outras, escondidas.
(E) Uns jornais negaram informações e outras revistas as publicaram.
4- Diante do debate sobre o sigilo das fontes jornalísticas, assinale a opção que indica
a posição do autor do texto.
(A) É favorável à proteção das fontes de informação, desde que elas não tenham
motivos inconfessáveis.
(B) É contrário ao sigilo das fontes, pois este protege mais os informantes que os
jornalistas.
(C) É contrário à obrigação de sigilo, pois a obrigação maior dos jornalistas é dar a
notícia, e não proteger os informantes.
(D) É contrário a que se protejam as fontes, visto que os jornalistas têm o dever de
informar a sociedade.
(E) É favorável à proteção das fontes, já que o argumento empregado na sua defesa já
está historicamente desmoralizado.
7- “Evidente que fui mais furado do que um ralador de coco. Mas não fiz minha carreira
no jornalismo na base de furos, que nunca os dei e nunca os levei a sério, uma vez que
a maioria dos furos são, por natureza, furados.”
O segmento do texto destacado acima mostra uma série de conectores
argumentativos. Assinale a opção que indica o conector cujo valor semântico é
inadequado ao contexto.
(A) do que / comparação.
(B) mas / oposição.
(C) que / causa.
(D) e / adição.
(E) uma vez que / tempo.
10- O texto 1 é visto como uma crônica jornalística. Levando em consideração o texto
lido, assinale a característica mais adequada a esse tipo de escrita.
(A) Organização lógica dos parágrafos.
(B) Apelo a estratégias de suspense.
(C) Destaque de detalhes pitorescos.
(D) Utilização constante de linguagem popular.
(E) Presença de várias vozes textuais.
11- Entre os segmentos a seguir, assinale aquele que apresenta intertextualidade com
o discurso religioso.
(A) “Os defensores do sigilo das fontes se justificam com o dever de informar a
sociedade, como se esse dever fosse a tábua da lei, o mandamento supremo acima de
qualquer outro mandamento ou lei.”
(B) “No fundo, aquela velha máxima de que o fim justifica os meios, pedra angular em
que se baseou a Inquisição medieval e todos os movimentos totalitários que
desgraçaram a humanidade.”
(C) “O sigilo das fontes beneficia as fontes, e não o jornalista, que geralmente é
manipulado na medida em que aceita e divulga as informações obtidas com a garantia
do próprio sigilo.”
(D) “São fontes realmente murmurantes, que transmitem os murmúrios, as
especulações e as jogadas inconfessáveis dos interessados, que são os próprios
informantes.”
(E) “Digo ‘inconfessáveis’ por um motivo óbvio: se fossem confessáveis, as fontes não
pediriam sigilo, confessariam o que sabem ou supõem, assumindo a responsabilidade
pela informação.”
sua ‘Aquarela do Brasil’. As fontes em questão são outras, estão atualmente em debate
nos meios jornalísticos e legais: o direito de proteger o sigilo das ‘fontes’.
Contrariando a maioria, diria até a unanimidade dos colegas de ofício, sou contra este
tipo de sigilo e, sobretudo, contra as fontes em causa.”
No segmento, o termo que funciona como complemento de um termo anterior é:
(A) às fontes murmurantes.
(B) em sua ‘Aquarela do Brasil’.
(C) nos meios jornalísticos e legais.
(D) das fontes.
(E) dos colegas de ofício.
TEXTO 2
Na coluna desta semana, o professor Carlos Eduardo Lins da Silva comenta o caso de
processos sendo movidos por policiais do Espírito Santo contra o jornal A Gazeta.
No carnaval, o jornal publicou uma charge em que um policial está fantasiado de
bandido e um bandido de policial. Os policiais justificam que a charge é ofensiva à
categoria, mas o colunista alerta que atitudes como esta ferem a liberdade de
expressão e configuram censura prévia. O professor também comenta a relação
conturbada entre jornalistas e o Poder Judiciário no Brasil.
14- “No carnaval, o jornal publicou uma charge em que um policial está fantasiado de
bandido e um bandido de policial. Os policiais justificam que a charge é ofensiva à
categoria. Mas o colunista alerta que atitudes como esta ferem a liberdade de
expressão e configuram censura prévia”.
Sobre os componentes desse segmento do texto, assinale a afirmativa correta.
(A) Para a compreensão do texto, é indispensável a presença da charge.
(B) A interpretação da charge é independente do momento em que foi veiculada.
(C) O termo “em que” se refere a “o jornal”.
(D) A “categoria” citada é a dos jornalistas.
(E) O demonstrativo “esta” se refere semanticamente ao problema judicial.
Gabarito
1- LETRA A
2- LETRA E
3- LETRA A
4- LETRA B
5- LETRA B
6- LETRA C
7- LETRA E
8- LETRA D
9- LETRA B
10- LETRA A
11- LETRA A
12- LETRA A
13- LETRA D
14- LETRA E
Não se trata de uma referência às fontes murmurantes cantadas por Ary Barroso em
sua "Aquarela do Brasil". As fontes em questão são outras, estão atualmente em
debate nos meios jornalísticos e legais: o direito de proteger o sigilo das "fontes".
Contrariando a maioria, diria até a unanimidade dos colegas de ofício, sou contra este
tipo de sigilo e, sobretudo, contra as fontes em causa. Tenho alguns anos de estrada,
mais do que pretendia e merecia, e em minha vida profissional nunca levei em
consideração qualquer tipo de informação que não fosse assumida pelo informante.
Evidente que fui mais furado do que um ralador de coco. Mas não fiz minha carreira no
jornalismo na base de furos, que nunca os dei e nunca os levei a sério, uma vez que a
maioria dos furos são, por natureza, furados.
O sigilo das fontes beneficia as fontes, e não o jornalista, que geralmente é manipulado
na medida em que aceita e divulga as informações obtidas com a garantia do próprio
sigilo. São fontes realmente murmurantes, que transmitem os murmúrios, as
especulações e as jogadas inconfessáveis dos interessados, que são os próprios
informantes.
Digo "inconfessáveis" por um motivo óbvio: se fossem confessáveis, as fontes não
pediriam sigilo, confessariam o que sabem ou supõem, assumindo a responsabilidade
pela informação.
Os defensores do sigilo das fontes se justificam com o dever de informar a sociedade,
como se esse dever fosse a tábua da lei, o mandamento supremo acima de qualquer
outro mandamento ou lei. No fundo, aquela velha máxima de que o fim justifica os
meios, pedra angular em que se baseou a Inquisição medieval e todos os movimentos
totalitários que desgraçaram a humanidade.
CONY, Carlos Heitor. Folha de São Paulo. 06/12/2005.
Comentários
Fontes murmurantes se refere metaforicamente ao murmúrio das fontes, no sentido de
cochichos, boatos, especulações. Então, o gabarito deveria ser a letra B. Isso está
claramente no texto:
São fontes realmente murmurantes, que transmitem os murmúrios, as especulações e
as jogadas inconfessáveis dos interessados.
No entanto, a FGV, sendo FGV, deu como gabarito preliminar a letra E. De fato, as
fontes jornalísticas até podem trazer informações sigilosas (na verdade o texto diz que
a FONTE é mantida em sigilo, a informação é divulgada), mas a pergunta é a
justificativa do título “Fontes Murmurantes”, que está evidente no texto que destaquei
acima.
Cabe recurso aqui, segundo a fundamentação acima. Elaborem COM SUAS PRÓPRIAS
PALAVRAS e peçam a anulação ou mudança de gabarito, conforme seja melhor para
cada um.
Gabarito letra E.
3- “As fontes em questão são outras, estão atualmente em debate nos meios
jornalísticos e legais: o direito de proteger o sigilo das ‘fontes’.”
O mesmo sentido da palavra sublinhada aparece em:
(A) O fato ocorrido é único, mas são outras as visões desse fato na imprensa.
(B) Umas e outras interpretações foram veiculadas nos jornais.
(C) Em outras vezes, as fontes são identificadas nos jornais.
Comentários
Aqui temos uma sutileza. Em “as fontes são outras” e “são outras as visões desse
fato”, outras funciona como adjetivo, com sentido de “diferentes”. Nos demais casos,
“outras” é pronome indefinido e tem esse sentido de indeterminação. A FGV costuma
cobrar essa diferença em frases como:
Outra mulher voltou da Europa (uma mulher indefinida)
A mulher voltou outra da Europa (voltou diferente, transformada, renovada).
Gabarito letra A.
4- Diante do debate sobre o sigilo das fontes jornalísticas, assinale a opção que indica
a posição do autor do texto.
(A) É favorável à proteção das fontes de informação, desde que elas não tenham
motivos inconfessáveis.
(B) É contrário ao sigilo das fontes, pois este protege mais os informantes que os
jornalistas.
(C) É contrário à obrigação de sigilo, pois a obrigação maior dos jornalistas é dar a
notícia, e não proteger os informantes.
(D) É contrário a que se protejam as fontes, visto que os jornalistas têm o dever de
informar a sociedade.
(E) É favorável à proteção das fontes, já que o argumento empregado na sua defesa já
está historicamente desmoralizado.
Comentários
No texto, temos a passagem: “…sou contra esse tipo de sigilo e, sobre tudo, contra as
fontes em causa”. Em seguida, temos: “O sigilo das fontes beneficia as fontes, e não o
jornalista…”
Tais passagens sustentam o gabarito na letra B: O autor é contrário ao sigilo das
fontes, pois este protege mais os informantes do que os jornalistas.
Gabarito letra B.
Comentários
Esse enunciado é bastante perigoso, porque pede o motivo pelo qual, segundo a
crônica, a maioria dos jornalistas defende o sigilo das fontes. Pois bem, segundo a
crônica, os jornalistas defendem o sigilo baseados no dever de informar a sociedade.
Veja o trecho literal que traz essa informação, segundo a crônica:
“Os defensores do sigilo das fontes se justificam como dever de informar a sociedade.”
Deveria haver uma alternativa com esse teor. Não há. O gabarito oficial aponta para a
letra D: os defensores do sigilo querem defender as fontes de possíveis riscos… (Quais
riscos? O risco de responsabilização por informação falsa, que é realmente pertinente
ao texto, está na letra E, que não foi considerado gabarito)
Gabarito letra B.
Comentários
Vejam o problema:
Aqui a banca diz “nesse segmento do texto, o autor nos informa que…
O segmento é: Evidente que fui mais furado do que um ralador de coco.
O gabarito da banca, no entanto, foi uma informação que está em “OUTRO
SEGMENTO”, no período seguinte, não no segmento destacado!
Mas não fiz minha carreira no jornalismo na base de furos,
que nunca os dei e nunca os levei a sério, uma vez que a
maioria dos furos são, por natureza, furados.
Dessa forma, entendo que, olhando para o segmento que a própria banca destacou, o
“furado” tem sentido de “enganado” e o gabarito é letra B.
Gabarito letra C.
7- “Evidente que fui mais furado do que um ralador de coco. Mas não fiz minha carreira
no jornalismo na base de furos, que nunca os dei e nunca os levei a sério, uma vez que
a maioria dos furos são, por natureza, furados.”
O segmento do texto destacado acima mostra uma série de conectores
argumentativos. Assinale a opção que indica o conector cujo valor semântico é
inadequado ao contexto.
(A) do que / comparação.
(B) mas / oposição.
(C) que / causa.
(D) e / adição.
(E) uma vez que / tempo.
Comentários
Uma vez que não indica tempo, indica causa.
Gabarito letra E.
Comentários
Veja: O sigilo das fontes beneficia as fontes, e (mas) não os jornalistas. O E tem
sentido adversativo, como também sinaliza a vírgula antes do E.
Gabarito letra D.
Comentários
O autor não diz expressamente que os furos prejudicam o bom jornalismo. Nas demais
opções temos sim fatores que fazem o autor ser contra o sigilo das fontes.
Gabarito letra B.
10- O texto 1 é visto como uma crônica jornalística. Levando em consideração o texto
lido, assinale a característica mais adequada a esse tipo de escrita.
(A) Organização lógica dos parágrafos.
(B) Apelo a estratégias de suspense.
==11c10==
Comentários
Nessa, deve caber recurso. No enunciado dessa questão, a mim parece que a FGV não
deixou plenamente claro se o candidato deveria marcar uma característica “mais
adequada” (termo bem vago, diga-se de passagem) da crônica, da crônica jornalista
em geral, ou da crônica jornalística específica que trouxe na prova. Isso porque diz
“considerando o texto lido” e traz entre as opções características consideradas gerais,
mas que podem não estar no texto lido. Então, creio que queria cobrar o que de fato
está no texto lido e, mesmo assim, não trouxe uma característica absolutamente
específica da crônica jornalística, que é um texto híbrido que pode ou não ter as
características listadas. Assim sendo, o que observamos na crônica é a diversidade de
vozes, pois temos a voz do autor, que também traz a voz (opinião) dos jornalistas e
também cita uma máxima (outra voz). Há sim, por traz da voz principal, outra vozes,
então esse é provavelmente o gabarito.
Contudo, podemos sim argumentar que os parágrafos são logicamente ordenados,
embora isso não seja restrito à crônica jornalística; há momentos de uso linguagem
popular (furos mais furados que ralador de coco), embora não seja “constante” como a
banca diz. Então, embora o gabarito esteja na letra A, que fala dos parágrafos bem
ordenados, essa não é a única característica presente no texto, tampouco é exclusiva
da crônica, sendo também típica do texto dissertativo-argumentativo.
Gabarito letra A.
11- Entre os segmentos a seguir, assinale aquele que apresenta intertextualidade com
o discurso religioso.
(A) “Os defensores do sigilo das fontes se justificam com o dever de informar a
sociedade, como se esse dever fosse a tábua da lei, o mandamento supremo acima de
qualquer outro mandamento ou lei.”
(B) “No fundo, aquela velha máxima de que o fim justifica os meios, pedra angular em
que se baseou a Inquisição medieval e todos os movimentos totalitários que
desgraçaram a humanidade.”
(C) “O sigilo das fontes beneficia as fontes, e não o jornalista, que geralmente é
manipulado na medida em que aceita e divulga as informações obtidas com a garantia
do próprio sigilo.”
(D) “São fontes realmente murmurantes, que transmitem os murmúrios, as
especulações e as jogadas inconfessáveis dos interessados, que são os próprios
informantes.”
(E) “Digo ‘inconfessáveis’ por um motivo óbvio: se fossem confessáveis, as fontes não
pediriam sigilo, confessariam o que sabem ou supõem, assumindo a responsabilidade
pela informação.”
Comentários
A intertextualidade com o discurso religioso está na referência aos mandamentos
supremos. Precisaríamos lembrar os “Dez mandamentos”. Cuidado com as alternativas
que se referem à inquisição: embora seja um evento histórico relacionado à igreja, não
é propriamente um vocabulário do discurso religioso.
Gabarito letra A.
Comentários
Referência é um substantivo abstrato derivado de verbo e pede complemento.
Fazemos referência A alguma coisa. Essa “coisa” é então o complemento de
Referência, introduzido por uma preposição gramatical, exigida pela regência do nome.
TEXTO 2
Na coluna desta semana, o professor Carlos Eduardo Lins da Silva comenta o caso de
processos sendo movidos por policiais do Espírito Santo contra o jornal A Gazeta.
No carnaval, o jornal publicou uma charge em que um policial está fantasiado de
bandido e um bandido de policial. Os policiais justificam que a charge é ofensiva à
categoria, mas o colunista alerta que atitudes como esta ferem a liberdade de
expressão e configuram censura prévia. O professor também comenta a relação
conturbada entre jornalistas e o Poder Judiciário no Brasil.
Comentários
Essa questão admite mais de uma resposta, pois podemos sim dizer que, olhando
amplamente, ambos os textos têm sim alguma relação com a atividade jornalística e
com o tema da liberdade de expressão. Também poderíamos pensar que publicar uma
notícia falsa ou “furada” (texto 1) ou uma notícia\charge que ofenda injustamente uma
categoria sejam ambas “falhas na atividade jornalística”. Contudo, fazendo uma análise
específica, podemos dizer que o primeiro texto fala de sigilo e veracidade das
informações e o segundo fala de liberdade de expressão e de censura prévia. Dessa
forma, ambas as questões são temas ligados à atividade jornalística.
Gabarito letra D.
14- “No carnaval, o jornal publicou uma charge em que um policial está fantasiado de
bandido e um bandido de policial. Os policiais justificam que a charge é ofensiva à
categoria. Mas o colunista alerta que atitudes como esta ferem a liberdade de
expressão e configuram censura prévia”.
Sobre os componentes desse segmento do texto, assinale a afirmativa correta.
(A) Para a compreensão do texto, é indispensável a presença da charge.
(B) A interpretação da charge é independente do momento em que foi veiculada.
(C) O termo “em que” se refere a “o jornal”.
(D) A “categoria” citada é a dos jornalistas.
(E) O demonstrativo “esta” se refere semanticamente ao problema judicial.
Comentários
Façamos esta por exclusão:
a) A leitura da charge não é “indispensável”, pois o texto já declara o teor da charge,
não seria necessário lê-la. Eliminamos a letra A.
b) A charge tem um conteúdo de humor suficiente em si mesmo, lendo a charge dez
anos antes ou depois de hoje, ainda haveria um elemento de humor em um bandido
vestido de policial assaltar um policial vestido de bandido. Além disso, a charge é o
contexto da outra notícia, mas não depende dela. No entanto, a banca entendeu que a
charge só faz sentido no carnaval, só porque fala de pessoas fantasiadas de policial ou
de bandido. Olhando no google, recentemente houve diversos casos em que bandidos
se fantasiaram de policiais para roubar e não é carnaval há muito tempo; enfim…
c) O termo “em que” se refere a “charge”. Eliminamos a letra C.
d) A categoria citada refere-se aos policiais. Eliminamos a letra D.
e) Esta se refere a atitudes que ferem a liberdade de expressão, o que, segundo a FGV
é o problema judicial. Foi uma forma muito muito indireta mesmo de dizer que a ação
movidas pelos policiais fere a liberdade de expressão. Na verdade, o texto diz que o
problema é com o judiciário, quando a atitude veio dos policiais (processar os
jornalistas fere a liberdade de expressão, não “ter um problema com o judiciário”;
também não foi dito em nenhum momento qual foi a ação do judiciário. Este é o
gabarito, com ressalvas.
Gabarito letra E.