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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS - DCJUR


Curso de Direito

GUSTAVO TEPEDINO E RAÍZES HISTÓRICAS E


SOCIOLÓGICAS DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO:

Alicia Fonseca
Bruna Neiva
Júlia Sales
Kamily Profeta
Kamille Albuquerque
Lilia Letícia
Maria Luísa
Nandriely Santana
Rachel Rocha

Ilhéus, Ba
set./2022
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS - DCJUR
Curso de Direito

GUSTAVO TEPEDINO E RAÍZES HISTÓRICAS E


SOCIOLÓGICAS DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO:

Alicia Fonseca
Bruna Neiva
Júlia Sales
Kamily Profeta
Kamille Albuquerque
Lilia Letícia
Maria Luísa
Nandriely Santana
Rachel Rocha

Trabalho apresentado como parte da


avaliação da disciplina Direito Civil
(CIJ111), ministrada pelo Prof. Carlos
Pereira Neto

Ilhéus, Ba
set./2022

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1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo trazer um resumo do livro Orlando
Gomes raízes históricas e sociólogas do código civil brasileiro e também do que
já foi apresentado anteriormente em sala de aula. Nesse sentido desenvolvendo
um breve resumo conclusivo sobre o primeiro capítulo, parte I, que discorre
criticamente sobre a formação do direito privado brasileiro, a influência do
privatismo doméstico, a estrutura social do país no período da elaboração do
Código e o Código Cívil na questão social.
Contém também uma breve introdução do docente Gustavo Tepedino, e sua
atual relevância na área do Direito Civil nacional e seu papel influente no Instituto
Brasileiro de Direito Civil.

2. DESENVOLVIMENTO
GUSTAVO TEPEDINO
Gustavo Tepedino é Professor titular de Direito Civil e ex-Diretor da Faculdade
de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Doutor em
Direito Civil pela Universidade de Camerino (Itália) e Livre-Docente pela
Faculdade de Direito da UERJ. Um advogado inscrito na OAB em seções dos
estados do Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal, em 2006 fundou seu
próprio escritório Gustavo Tepedino advogados. Ele atua na área de consultoria,
elaboração de pareceres e declarações juramentadas, em litígios nacionais e
internacionais.
Ele possui uma grande relevância atual na esfera do direito civil pois é presidente
da IBDCivil (Instituto Brasileiro de Direito Civil). Gustavo Tepedino também é
autor e tem muitos livros publicados entres eles Teoria Geral do Direito Civil,
temas de Direito Civil e entre outros, tem um pensando Crítico sobre o direito
Civil em suas obras. No dia 5 de setembro de 2022, Tepedino ministrou a
palestra de abertura do VIII Congresso de Direito Civil, realizado na Universidade
de Fortaleza, cujo tema abordado foi os “20 anos do Código Civil na Legalidade
Constitucional”. Em suas palestras Tepedino aborda a complexidade da
sociedade atual, com relação a fluência de informações que estão em constante
fluxo, para uns e outros que vivem a margem da sociedade sem acesso as
mesmas. Com isso ele afirma que cabe ao Direito Civil o desafio de reduzir está
desigualdade e vulnerabilidades: na família, nas relações contratuais, nas
relações de consumo, nas relações empresariais e proprietárias e assim por
diante.
2.1. DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
No livro Orlando Gomes raízes históricas e sociólogas do código civil
brasileiro ele apresenta críticas frente ao lento processo de renovação legislativa
do país, o qual sofreu sob vigência do sistema português de leis civis, as
Ordenações Filipinas, desde o período colonial até o início do século XX. Embora
tenham existido tentativas de consolidar um código novo e genuinamente
brasileiro, como foi a Consolidação das Leis Civis de Teixeira de Freitas,
somente o projeto de Clóvis Bevilaqua, em 1899, será aprovado em 1916. Dessa
forma, o Brasil passa agora por um código pretensamente revolucionário que
aspirava consolidar os espíritos conservadores e as potências dos ideais
revolucionários emergentes no país, o que não ocorreu, já que refletia os anseios

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das classes mais iluminadas do país, isto é, trazia como cerne um Brasil agrário
e patriarcal estruturado em 3 pilares: família, propriedade e contrato.
Orlando Gomes principia lembrando a singularidade de nosso direito civil
marcado pela ininterrupta vigência das Ordenações Filipinas, as Ordenações
Filipinas foram resultado da reforma feita por Felipe II da Espanha (Felipe I de
Portugal), ao Código Manuelino, durante o período da União Ibérica. Continuou
vigindo em Portugal ao final da União, por confirmação de D. João IV e o nome
Ordenações Filipinas é em homenagem ao Rei Felipe I). As Ordenações Filipinas
segundo o professor Braga da Cruz no qual ele diz que já nasceu envelhecida,
como uma simples versão atualizada das ordenações Manuelinas. “As
ordenações filipinas no dizer de Marthis Junior, como um pedaço da
nacionalidade portuguesa, como um direito que estava sendo feito e precisava
ser aplicado, depois de importado.”
A formação do moderno direito privado português e brasileiro é o produto dum
longo processo evolutivo, cujo ponto de partida se pode fixar, com bastante rigor,
nos meados do séc. XVIII. A história da construção do Direito Civil no Brasil
reflete em muito o tipo de colonização recebida desde que o navegador
português proferiu a frase que ficou na história como um marco para todo o
sempre: “Terra à vista”. Assim, fazendo uso do método histórico-dialético, busca-
se demarcar até que ponto essas iniciativas fizeram parte de um processo
efetivamente democrático e em que medida serviram meramente como um
instrumento de controle e reprodução social, imposto pelo Direito vigente.
O código civil de 1916, individualista, surgia, numa época marcada pelo
individualismo jurídico. Não havia espaço para os direitos sociais. A elite
brasileira, não soube se libertar de seus interesses conservadores, não
possuindo a visão histórica, a tardia obtenção do primeiro código civil como uma
segunda visão da sociedade latifundiária nacional da época de um aspecto
patrimonialista.
Em divergência das colônias espanholas que possuíam cada um próprio sistema
judiciário, o Brasil se designou como uma extensão do território de Portugal em
termos jurídicos, com isso tendo toda sua estrutura implantada na colônia. Com
este processo de colonização brasileira, deve se levar em conta determinados
fatores fundamentais e aspectos como econômicos, políticos, a grande
proporção de terras, método agrário, distribuição de latifúndio exportação, os
métodos escravocratas, este cenário possuindo também um modelo familiar
patriarcal, e na ordem jurídica a superioridade da ordem privada acima de
qualquer outra, como método de organização social, com uma base
fundamentada na área rural.
Com tais valores sendo considerados, era presente uma classificação de direitos
sendo levados em conta como, não sendo as pessoas e as coisas distinguíveis,
mas sim suas obrigações e direitos, com isso chegando a conclusão que a
distinção dos direitos reais e pessoais é de total responsabilidade do direito civil,
isto numa época com predominância agraria e individualista, então vem a se
concluir que o código civil de 1916 é resultado de uma mistura de origens de
uma classe média que buscava um ideal mais “liberal e progressista” que colidiu
com o conservadorismo dos latifundiários, resultando no que pode ser chamado
de liberalismo conservador.

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3. CONCLUSÃO
Em toda a construção desta e das demais apresentações sobre as raízes
históricas do direito civil brasileiro fica claro a discrepância entre o direito escrito
e a realidade social, sua criação tendo sido baseada em ideias ilusionais de uma
classe ramificada da maioria, trazendo a real aparência da estrutura social do
país, com esse cenário embora juristas e legisladores buscassem compor um
cunho liberal e progressista aos seus meios legais à aplicação do direito, tendo
constantes impasses com as limitações da própria realidade estrutural da
sociedade, e em particular daqueles que detinham poder político, econômico e
ideológico, porém mesmo com a presença destas limitações e impasses é válido
enfatizar a relevância do código civil brasileiro, que foi ao seu tempo, um dos
mais independentes códigos da América, apesar das óbvias influências
externas.
O código era conservador nas suas relações patrimoniais, contratual e familiar,
amarrado ao seu contexto histórico e ligado a seus valores dominantes
(colonização), acrescentando o fato do uso das experiências de outros povos em
sua concepção, seus pilares fundamentados em filosofias classe senhoril,
influenciando todos os citados. Nesta tradição patrimonial do direito civil e sua
tendência de personalização fica claro a dificuldade de se obter uma visão da
sociedade em toda sua amplitude. A prioridade do indivíduo na relação civil é a
fundamentação de adequar o direito à realidade e os fundamentos
constitucionais.

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4. REFERÊNCIAS
GOMES, Orlando. Formação do Direito Privado Brasileiro. In: GOMES,
Orlando. Raízes Históricas e Sociológicas do Código Civil Brasileiro. São
Paulo: Martins Fontes, 2003.

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