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Universidade de Brasília - UnB

Faculdade de Direito - FD
Filosofia do Direito
Professor: Marcus Faro de Castro

A ‘‘FORMAÇÃO DA ALMA’’
DA CULTURA JURÍDICA
BRASILEIRA:
DA CRIAÇÃO DOS CURSOS JURÍDICOS
À ESCOLA DO RECIFE

Alana Nogueira, Alana Rodrigues, Anna Flávia, Carla Cristina,


Ellen Mello, Maria Vitória e Mylena Teresa.
Quem é Renata Carlos Steiner Reisdorfer?

Paranaense, com atuação no Direito desde 2006;


Obteve sua graduaçao pela Universidade Federal do Paraná;
Obteve também seu mestrado pela UFPR em Direito das
Relações Sociais;
Doutora em Direito Civil pela Universidade de São Paulo,
aprovada com distinção e menção honrosa pelo Departamento
de Direito Civil;
Atualmente ela está atuando como árbitra em São Paulo e
também é docente na Fundação Getúlio Vargas;
Entre 13 textos e 7 capítulos de livros - além de 1 livro
organizado - a autora escreveu "A “formação da alma” da
cultura jurídica brasileira: da criação dos cursos jurídicos à
Escola do Recife" em 2011;
QUAIS OS OBJETIVOS DA AUTORA COM O TEXTO "A “FORMAÇÃO
DA ALMA” DA CULTURA JURÍDICA BRASILEIRA: DA
CRIAÇÃO DOS CURSOS JURÍDICOS À ESCOLA DO RECIFE"
1° Dedicar algumas linhas para construir a trajetória da cultura jurídica
brasileira;
Indicar o desenvolvimento da primeiro Escola de Olinda para a depois
Escola de Recife;
Construir, em linhas gerais os motivos para o tardar de uma instituição
da cultura acadêmica propriamente brasileira ;
Quem foi Tobias Barreto e quais suas fases;
Savigny - influência alemã.
SOBRE “FORMAR ALMAS” BRASILEIRAS

Apesar de ter trazido consigo boa parte de seu aparato administrativo, nem
mesmo a vinda da Corte Portuguesa ao Brasil proporcionou a instauração
de cursos jurídicos no país. Percepção de que a Universidade de Coimbra
fornecia os bacharéis de Direito em número suficiente;

Lição da Revolução Francesa para a Independência: a importância da


manipulação do imaginário social em momentos de mudança política e
social (José Murilo de Carvalho).

Mirabeau: “não basta mostrar a verdade, é necessário fazer com que o povo
a ame, é necessário apoderar-se da imaginação do povo. Para a Revolução,
educação pública significava acima de tudo isso: formar almas. “
A FORMAÇÃO DA
INTELLIGENTSIA NACIONAL
Um movimento das elites locais: a necessidade de formar
bacharéis em Direito no Brasil para preencher os quadros da
burocracia do Império; Recife e São Paulo se tornam
responsáveis pela formação ideológica da elite que dirige o
país e que é incumbida com consolidar o projeto de Estado;

Exigência de uma ordem legal oriunda da experiência


jurídica e do conhecimento nacionais;

A ausência de cursos jurídicos no Brasil até a Independência


como consequência da colonização de exploração comercial
portuguesa. Coimbra forma a cúpula do edifício colonial.
LINHA DO TEMPO
1808 1822 1827 1854

Chegada da Corte Independência Fundação dos cursos Mudança de Olinda


Portuguesa ao Brasil jurídicos de Olinda e para Recife
de São Paulo
A ALMA COIMBRÃ - FACULDADE DE DIREITO
DE RECIFE

15 de maio de 1828.
Continuidade de coimbra.
Corpo docente.
Estrutura curricular (Direito Natural, Público, Análise da Constituição do
Império, Direito das Gentes, Diplomacia, Direito Público Eclesiático, Direito
Pátrio Civil, Direito Pátrio Criminal com Teoria do Processo Criminal, Direito
Mercantil e Marítimo, Economia Política e Teoria e Prática do Processo
adotado pelas leis do Império).
Primeiramente Instalada no Monsteiro de São Bento em Olinda.
"Nova Coimbra".
Término de estudos.
Gilberto Freyre - formação de fato universitária e não apenas profissional,
humanística e não estritamente jurídica.
Geração de utópicos - Geração voltados à vida prática - Teóricos,
revolucionários e idealistas (Recife).
A ALMA COIMBRÃ - FACULDADE DE DIREITO
DE RECIFE

Continuidade da tradição portuguesa pela grende participação política.


Conflito da faculdade no mosteiro e transferência para o Palácio dos
Governadores em 1852.
Problemas não só com localização, mas também pela baixa produção
discente.
Não se vislumbra nesse período uma sólida cultura jurídica efetivamente
brasileira, o ínicio dessa cultura é melhor percebida na transferência do
curso para Recife.
A LIBERTAÇÃO DA VELHA ALMA

Transferência de Olinda para Recife Em 1854


Mudança no decreto 1386
Introdução do Direito Romano e administrativo
Expansão intelectual e influência estrangeira
AS QUESTÕES IDEOLÓGICAS EM TOBIAS
BARRETO E SUA IMPORTÂNCIA PARA O
DESENVOLVIMENTO JURÍDICO NO BRASIL

QUEM FOI TOBIAS BARRETO?

Nascera de família modesta, em Sergipe, no ano de


1839.
Em 1862, Tobias Barreto viaja para Pernambuco, para
cursar Direito na Faculdade do Recife.
FASES DA ESCOLA DE RECIFE

A primeira fase da Escola do Recife é aquela que vai de 1862 a 1868,


caracterizada por um sentimento patriota. Observa-se um Tobias Barreto,
fortemente marcado pelo romantismo.
A segunda fase, teve início entre os anos de 1868 e 1870 e terminou com o
ingresso de Tobias Barreto no quadro de professores da Faculdade de
Direito, voltando-se ao positivismo, porém “pouco se deteve Tobias no
positivismo”.
A terceira fase, iniciada em 1882, é a mais jurídica, e encontra-se um Tobias
Barreto mais crítico. Para ele o Direito é um fenômeno social, demonstrando
a sua negação ao direito natural.
CRÍTICA AO DIREITO
NATURAL
No Brasil havia uma forte cultura jusnaturalista.
A Escola Histórica na Alemanha do século XIX pode ser vista como um
amadurecimento da transição do jusnaturalismo para o juspositivismo,
culminando nas análises de Savigny, defendendo que o fenômeno jurídico é
particular de cada sociedade no espaço e no tempo, concebendo o direito
como um produto cultural e não meramente natural.
Escreve na "Dissertação do Concurso": “os chamados direitos naturais e
originários, como o direito à vida, à liberdade e poucos outros, nunca
existiram fora da sociedade foi esta quem os instituiu e consagrou [...] Dessa
força conservada e desenvolvida, é que tudo tem-se produzido, inclusive o
próprio Direito, que em última análise não é um produto natural, mas um
produto cultural, uma obra do homem mesmo”.
Considera o Direito como um produto cultural, histórico e um processo de
adaptação das ações humanas à ordem pública
CRÍTICA AO POSITIVISMO

Considera-o como um dos precursores da implantação de uma cultura


juspositivista no Brasil
“o estudo dos fenômenos sociais, considerados em sua totalidade e
reduzidos à unidade lógica de um sistema científico são evidentemente
incompatível com as forças do espírito humano”
Retorno a filosofia de Kant para reconhecer que os humanos são guiados
por intenções éticas ou valores, sendo que o direito e a ética são um
esforço para corrigir a natureza, fonte de toda a imoralidade, por meio da
cultura.
PERGUNTAS
1. Quais os motivos para o tardar de uma cultura propriamente brasileira
e criação dos cursos jurídicos no Brasil?

2. Porque a faculdade de Olinda era considerada uma "Alma Coimbrã"? Quais


aspectos herdados reforçam esse título?

3. Qual foi o movimento instaurado por Tobias Barreto logo após a mudança
da Escola para a capital, Recife?
TEXTO-BASE
STEINER, Renata. A ‘formação da alma’ da cultura jurídica brasileira: da criação dos cursos
jurídicos à Escola do Recife. In: ______. (org.). Captura Críptica. Direito, Política, Atualidade
3. Florianópolis: Revista Discente do Curso de Pós-Graduação em Direito da UFSC, 2010, p.
165-190.
OBRIGADA

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