Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

UEMG
FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
FCJ

JÚLIA ANTONELLY LOPES DOS SANTOS


VITÓRIA ELIZIA VIEIRA

ATIVIDADE PONTUADA DE TEORIA GERAL DO DIREITO PRIVADO l

DIAMANTINA
2023
JÚLIA ANTONELLY LOPES DOS SANTOS
VITÓRIA ELIZIA VIEIRA

Atividade pontuada de Teoria Geral do Direito Privado l

Trabalho acadêmico avaliado em 30,0 pontos e


apresentado como requisito de avaliação parcial
da disciplina de Teoria Geral do Direito
Privado l, oferecida e ministrada pela
Professora Doutora Lais Godoi Lopes durante o
2º semestre de 2023, na Faculdade de Ciências
Jurídicas da Universidade do Estado de Minas
Gerais (UEMG), unidade de Diamantina (MG).

DIAMANTINA
2023
1. Qual a importância das ordenações Filipinas para o direito privado brasileiro no
contexto da descolonização político-administrativo do país em relação a
Portugal?.

As Ordenações Filipinas tiveram um papel significativo no desenvolvimento do


direito privado brasileiro durante o período colonial, que ocorreu antes da
independência do Brasil em 1822. Elas foram uma compilação de leis e regulamentos
promulgados durante o domínio espanhol dos territórios da Coroa Portuguesa, sob o
reinado de Filipe II de Espanha (Filipe I de Portugal). A importância delas para o
direito privado brasileiro e a descolonização política-administrativa do país em relação
a Portugal.
As Ordenações Filipinas estabeleceram as bases legais para a organização da
sociedade colonial brasileira, incluindo regras relacionadas à propriedade, contratos,
família e herança. Essas leis influenciaram o desenvolvimento do direito privado no
Brasil, deixando um legado que persistiu após a independência.
Durante o período colonial, as leis das Ordenações Filipinas eram aplicadas no Brasil.
Elas regulamentavam questões civis, criminais e eclesiásticas, proporcionando um
quadro legal necessário para a administração colonial.
A presença das Ordenações Filipinas no Brasil contribuiu para o desenvolvimento
gradual de um sistema jurídico próprio e para a formação de juristas locais. Isso foi
fundamental para a capacidade do Brasil de administrar seus próprios assuntos legais
após a independência de Portugal.
Após a independência, em 1822, o Brasil buscou estabelecer sua própria estrutura
legal e constitucional. Embora as Ordenações Filipinas não fossem mais oficialmente
aplicadas, muitos princípios do direito privado derivados delas foram incorporados às
leis brasileiras.
Ordenações Filipinas desempenharam um papel importante na moldagem do direito
privado brasileiro durante o período colonial, fornecendo uma base legal que
influenciou o desenvolvimento jurídico do país. Embora tenham perdido sua
autoridade após a independência, seu legado perdurou e contribuiu para a formação do
sistema legal brasileiro pós- independência.
2. Descreva o papel desempenhado por Teixeira de Freitas na originalidade de um
Direito Civil adaptado às particularidades brasileiras e de países da América do
Sul.

Antônio Pereira de Rezende Teixeira de Freitas desempenhou um papel fundamental


na adaptação e originalidade do Direito Civil para atender às particularidades
brasileiras e de outros países da América do Sul no século XIX. Seu trabalho
influenciou significativamente o desenvolvimento jurídico da região.
Teixeira de Freitas é mais conhecido por sua obra "Consolidação das Leis Civis",
publicada entre 1855 e 1867. Nessa monumental obra, ele compilou, organizou e
reformou as leis civis do Brasil, incorporando elementos do Código Civil francês de
1804 (Código Napoleônico) e do Código Civil português de 1867, mas adaptando-os
às necessidades e realidades específicas do Brasil e de outros países sul-americanos.
Teixeira de Freitas também reconheceu que as realidades sociais, econômicas e
culturais do Brasil e de outras nações sul-americanas eram diferentes da Europa, de
onde muitos dos conceitos legais originais haviam sido importados. Ele adaptou o
Direito Civil para refletir essas realidades, criando um sistema legal mais adequado à
região.
E sua obra contribuiu para unificar e consolidar as leis civis em um único código,
tornando o sistema legal mais acessível e compreensível para os juristas e a população
em geral. Isso promoveu uma maior segurança jurídica.Além de sua relevância no
Brasil, a "Consolidação das Leis Civis" teve influência em outros países da América
do Sul, que estavam buscando desenvolver seus próprios sistemas jurídicos
independentes. Sua obra serviu como referência e inspiração para reformas legais em
várias nações da região.Seu trabalho como legislador, Teixeira de Freitas era um
jurista e acadêmico notável. Ele contribuiu para o desenvolvimento do pensamento
jurídico no Brasil, promovendo a discussão e o aperfeiçoamento do sistema legal.
Teixeira de Freitas desempenhou um papel crucial na adaptação e originalidade do
Direito Civil no Brasil e em países da América do Sul. Sua obra "Consolidação das
Leis Civis" representou uma tentativa pioneira de criar um sistema jurídico adaptado
às realidades regionais, unificando as leis civis e influenciando o desenvolvimento do
direito em toda a região.

3. Leia o seguinte trecho de artigo científico e responda a questão que se segue: " o
Código Civil foi um produto de seu tempo e este diploma legal acabou
consolidando as principais "forças resultantes" em termos de organização social
das quais Clóvis Beviláqua, assim como os demais autores de projetos de Código
Civil dificilmente podiam escapar" (Tomasevicius Filho, 2016, p. 89). O que
significa dizer que o código Civil de 1916 é um produto de seu tempo ? Aponte as
principais críticas formuladas a tal documento normativo.

Dizer que o Código Civil de 1916 é um "produto de seu tempo" significa que ele
reflete as normas, valores, ideias e concepções sociais predominantes na época em que
foi promulgado. Em outras palavras, o código foi influenciado pela cultura,
pensamento jurídico e estrutura social do Brasil no início do século XX.
Principais críticas formuladas ao Código Civil de 1916:
Formalismo Excessivo: O Código Civil de 1916 era noto riamente formalista, o que
significa que enfatizava procedimentos e formalidades em detrimento da substância
das questões legais. Isso tornava o sistema legal rígido e, em muitos casos, inadequado
para lidar com situações complexas e em constante evolução
Paternalismo: O código refletia uma abordagem paternalista em relação à família e à
propriedade, com regras que limitavam a autonomia individual, especialmente das
mulheres casadas. Essas normas eram criticadas como sendo desatualizadas e
desiguais.
Desigualdade de Gênero: O Código Civil de 1916 estabelecia uma série de restrições e
limitações aos direitos das mulheres, especialmente no contexto do casamento e da
propriedade. Isso gerou críticas por perpetuar desigualdades de gênero.
Inflexibilidade para Mudanças Sociais: Como o código era uma representação das
normas da sociedade da época, ele se mostrava inflexível para acomodar mudanças
sociais e econômicas posteriores, como a urbanização e as transformações nas relações
familiares e contratuais.
Concepção Tradicional da Família: O código promovia uma visão tradicional da
família, que não correspondia mais à diversidade de arranjos familiares presentes na
sociedade. Isso foi criticado como limitador dos direitos de indivíduos em famílias não
convencionais.
Centralização Normativa: O código centralizava muitas questões legais em um único
documento, tornando-o extenso e complexo. Isso dificultava a acessibilidade e a
compreensão das leis para a população em geral.
O Código Civil de 1916 refletiu as concepções sociais e jurídicas predominantes em
sua época, mas também recebeu críticas significativas devido ao seu formalismo,
desigualdades de gênero, inflexibilidade e outros aspectos que o tornavam inadequado
para as mudanças sociais e econômicas que ocorreram ao longo do século XX. Isso
eventualmente levou à reforma e à promulgação de um novo Código Civil no Brasil
em 2002, que abordou muitas das deficiências do código anterior.

4. Disserte sobre a afirmação de que a Constituição de 1988 define um marco


democrático para as relações privadas na contemporaneidade

A Constituição Federal de 1988, também conhecida como a "Constituição


Cidadã", é considerada um marco democrático para as relações privadas na
contemporaneidade no Brasil. Essa afirmação pode ser analisada a partir de
diversos aspectos:A Constituição de 1988 coloca a dignidade da pessoa humana
como um dos fundamentos da República. Esse princípio influencia diretamente as
relações privadas, destacando a importância de se respeitar os direitos
fundamentais e a autonomia dos indivíduos nas esferas privadas de suas vidas.
A Carta Magna garante uma extensa lista de direitos fundamentais e garantias
individuais que são aplicáveis não apenas nas relações com o Estado, mas também
nas interações privadas. Isso inclui, por exemplo, a liberdade de expressão, a
liberdade de associação, o direito à propriedade e o direito à intimidade.
A Constituição preconiza o princípio da igualdade, proibindo a discriminação
injusta e promovendo a igualdade de direitos entre os cidadãos. Isso tem
implicações diretas nas relações privadas, combatendo discriminações em áreas
como emprego, educação e acesso a bens e serviços.
O texto constitucional estabelece que a propriedade deve cumprir sua função
social, indo além de uma visão meramente individualista. Essa abordagem busca
equilibrar os interesses individuais com os interesses coletivos, influenciando as
relações de propriedade no contexto privado.
A Constituição reconhece o direito de contratar, mas coloca limites à autonomia
privada quando esta entra em conflito com princípios constitucionais, como a
dignidade humana e a função social do contrato. Isso visa evitar abusos e práticas
contratuais que prejudiquem de forma desproporcional uma das partes. A Carta de
1988 prevê a defesa do consumidor como um direito fundamental, influenciando as
relações entre empresas e consumidores. Essa proteção visa equilibrar as
disparidades de poder nas transações privadas
Por Fim,a Constituição de 1988 estabelece um marco democrático para as relações
privadas ao reconhecer e proteger direitos fundamentais, promover a igualdade,
limitar a autonomia privada quando necessário e buscar o equilíbrio entre
interesses individuais e coletivos. Essa abordagem reflete uma visão mais
contemporânea e alinhada com os princípios democráticos, influenciando
diretamente a forma como as relações privadas são estruturadas e conduzidas na
sociedade brasileira.
5. Como se deu a discussão legislativa e a promulgação do código Civil de 2002?
Correlacione tal processo com a notícia de instauração de uma comissão de
atualização do código por Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, em agosto de
2023

A discussão legislativa e a promulgação do Código Civil de 2002 no Brasil foram um processo


complexo e demorado. O trabalho de revisão e reforma do código anterior, de 1916,
começou nos anos 1970, quando foi criada uma comissão de juristas para revisar e
modernizar o código civil então vigente. Esse processo envolveu ampla discussão e debate
entre especialistas, acadêmicos, advogados e outros interessados.
A comissão de juristas trabalhou por várias décadas, e o projeto de lei para o novo Código
Civil foi apresentado ao Congresso Nacional em 1999. A partir daí, passou por várias revisões
e debates em ambas as casas do Congresso (Câmara dos Deputados e Senado Federal).
Durante esse período, foram realizadas audiências públicas e consultas públicas para coletar
opiniões e sugestões da sociedade.
Finalmente, o Código Civil de 2002 foi aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo
então presidente Fernando Henrique Cardoso em 10 de janeiro de 2002. O novo código
entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003, revogando o código anterior de 1916.Esse
processo de revisão e promulgação do Código Civil de 2002 foi marcado pela participação de
diversos especialistas e por um amplo debate público, visando modernizar e adaptar o
direito civil brasileiro às mudanças sociais e econômicas ocorridas ao longo do século XX.
Em relação à notícia sobre a instauração de uma comissão de atualização do código por
Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, em agosto de 2023, isso indica que após duas
décadas de vigência do Código Civil de 2003, as autoridades estão considerando a
necessidade de revisão e atualização das leis civis novamente. Isso pode ser motivado por
mudanças sociais, avanços tecnológicos e econômicos que podem ter ocorrido desde a
promulgação do código.Essa comissão provavelmente seguirá um processo semelhante ao
de 2003, envolvendo juristas, especialistas e debates no Congresso Nacional. A finalidade é
garantir que o código continue a ser relevante e eficaz para a sociedade brasileira, refletindo
as mudanças que ocorreram desde sua última revisão}

REFERÊNCIAS:

MARIO DA SILVA PEREIRA, Caio. Instituicoes de Direito Civil - Volume 1 - Introducao ao


Direito Civil - Teoria Geral de Direito Civil. 30. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. v. 1.

WIEACKER, Franz. História do Direito Privado Moderno.Trad. A. M. Hespanha.2. ed. Lisboa:


Fundação calouste Gulbenkian, 1967

SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo:
Companhia das Letras, 2015, p. 488.

SKIDMORE, Thomas E. Uma História do Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998, p. 270

Você também pode gostar