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Testemunho

“Espiritismo”
Luz ou
Trevas?

Janice Miranda Machado Monteiro

A autora revela a natureza dos espíritos e detalhes impressionantes sobre suas


experiências durante 35 anos no Espiritismo Kardecista e 10 anos como principal
médium no Centro Espírita onde foi cofundadora e praticou diversos poderes
sobrenaturais com a supervisão de seu guia espiritual Ângelo/Eurípedes Barsanulfo,
auxiliada por aproximadamente 2000 espíritos.

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ÍNDICE

Capítulo 1 - O Recrutamento na Infância .............................................................


2 .
Capítulo 2 - O Treinamento na Adolescência ........................................................
3
Capítulo 3 – A Entrega da Missão ..........................................................................
4
Capítulo 4 – As Primeiras Sessões – O Início da Fraternidade........................... 4
Capítulo 5 – Os Departamentos do Centro Espírita ............................................. 6
Capitulo 6 – Os Trabalhos Mediúnicos de Cura ................................................... 8
Capítulo 7 – As Mensagens dos Espíritos Desencarnados ................................ 11
Capítulo 8 – Os Trabalhos de Desobsessão .........................................................11
Capítulo 9 – Os Trabalhos de Assistência Social ................................................. 11
Capitulo 10 – Entendendo o Espiritismo Kardecista ........................................... 13
Capítulo 11 – A Separação Conjugal – A Depressão ............................................ 14
Capítulo 12 – O Afastamento do Espiritismo..........................................................
15
Capítulo 13 – A Reação do Mentor e da Fraternidade.......................................... 16
Capítulo 14 – A Dissolução do Centro Espírita .....................................................
16
Capítulo 15 – As Retaliações do Mentor ...............................................................
17
Capítulo 16 – O Confronto Com Ângelo.................................................................
19
Capítulo 17 – Renunciando aos Ídolos e Amuletos.............................................. 20
Capítulo 18 – Mais Uma Investida dos Maus Espíritos......................................... 20
Capítulo 19 – Retornando Para Minas.....................................................................
21
Capítulo 20 – A Desintoxicação................................................................................
22
Capítulo 21 – O Batismo – A Tentação.....................................................................
23
Capítulo 22 – O Engano – Prepare-se....................................................................
25
Capítulo 23 – Como Evangelizar Kardecistas........................................................26
Capítulo 24 – A Cura da Minha Alma – Reconciliada com Deus........................... 27
Capítulo 25 – O Anjo que Deus Enviou...................................................................
30
Capítulo 26 – Testemunhos de Ex-espíritas...........................................................
31
Capítulo 27 – Ocorrências durante a edição deste livro...................................... 37

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CAPÍTULO 1
O RECRUTAMENTO NA INFÂNCIA

Brasília - Distrito Federal, 1970. Eu tinha sete anos. Éramos 10


irmãos. Havia pouco tempo que mudamos de Montes Claros, Minas Gerais
para esta capital. A adaptação estava sendo difícil para todos. Sentíamos
saudades do clima acolhedor e a simplicidade do interior.
Morávamos num apartamento. Aquele lugar tinha algo de sinistro.
Uma úlcera e uma depressão muito fortes encerraram mamãe no quarto,
fase em que ficamos privados de sua presença e de nosso pai, pois viajava
muito a trabalho para manter o padrão de vida da família. Minhas irmãs se
ausentavam também para ir ao trabalho. Me sentia abandonada. Fiquei
deprimida com tudo aquilo. Durante o dia e a noite ouvia
permanentemente vozes, ruídos e via formas grotescas. Só tinha paz na
escola.
Numa noite de domingo em que assistia o programa Fantástico na
televisão, fui a cozinha beber água, momento em que no corredor,
apareceu-me uma belíssima mulher de branco. Suas vestes pareciam com
as de Nossa Senhora (*). Parei, pois a imagem se mexia e era bem real.
Lembrei-me de que no mês de maio eu era vestida de anjo e coroávamos
a mãe de Jesus. Atônita, percebi que ela mexeu os lábios e disse-me: Um
anjo te protegerá.
Poucos dias depois, se apresentou em minha frente um espírito
belíssimo. Me lembrei do aviso daquela mulher e o recebi como anjo
protetor. Seu nome era Ângelo e tornou-se como um amigo permanente
na minha vida.
Outro espírito passou a conversar comigo. Se chamava Ramires(*),
Era um indozinho. Estava sempre comigo e era meu amigo invisível (*),
conversávamos horas. Seu objetivo era me preparar para uma missão no
espiritismo. Para tanto, me ensinou a ver a aura das plantas, ler
pensamentos (*), prever coisas do futuro (*) como acidentes, viagens, etc.
Eu não precisava estudar pois ele me ditava as respostas nas provas e as
redações que eram elogiadíssimas. Era uma criança invejada na escola.
Isso me envaidecia.
Este espírito me ensinou as técnicas de yoga e exercícios de
respiração com uma folha em cima da minha garganta. Este exercício teve
o objetivo de treinar meu espírito para sair fora do corpo e fazer viagem
Astral (*). Fui treinada também em empatia e psicometria, isto é,
capacidade de sentir o que uma pessoa estava sentindo no passado
(mesmo por fotos) e descrever ao tocar em objetos, fatos ligados ou

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acontecidos. É claro que eu não comentava com ninguém estas
experiências.
Naquela época, ocorreu um crime envolvendo a morte de uma
amiga minha da mesma idade, foi um golpe para mim. Ela aparecia (*)
para mim toda desfigurada com as marcas de cigarro que os assassinos
apagaram em seu corpo. Acompanhava pelos jornais o crime e ficava
chocada com a descrição de sua morte. Era rigorosamente idêntica a que
aparecia para mim. Disse a sua mãe que a morte não existia e que sua
filha estava viva em outro plano de existência (*). Queria apenas consolá-
Ia (*). Através destes fatos, os Espíritos estavam me preparando para
assumir uma missão no espiritismo quando adulta.
Meu pai queria um médico na família. Então Ramires falou-me que
eu iria curar multidões com recursos "da minha mente". Para provar, me
pediu que colocasse um pintinho na palma da minha mão. Depois me
ensinou a concentrar e para meu espanto o pintinho morreu na hora (*).
assustada, ele me disse que, com o poder da mente(*) e auxílio de
médicos do além (*), curaria doenças físicas e mentais(*).
Este novo mundo me isolou das outras crianças. Fiquei diferente.
Até nas fotos percebe-se o meu olhar distante e opaco. Minha infância foi
sem o brilho das brincadeiras infantis. Passava boa parte lendo e fazendo
o estilo "intelectual”. Mas pior mesmo foi a adolescência. Vãs sutilezas me
cercavam na infância e filosofias de origem diabólica criavam laços que me
fizeram presa fácil, tudo isso, no período da infância, para que eu fosse
instrumento de todo um esquema que iria se desenrolar muitos anos
depois envolvendo toda uma comunidade e agitando toda uma região.

CAPÍTULO 2
O TREINAMENTO NA ADOLESCÊNCIA

Durante a adolescência, minha personalidade era instável e


melancólica. Não me interessava pelas coisas normais de toda
adolescente. Ângelo (*) sempre as classificava como fúteis. Sem amigas e
mesmo no meio das irmãs, sentia-me diferente e inadequada. Nesse
tempo, sentia-me rejeitada pela minha mãe. Isso deixou marcas
profundas. A minha saúde era frágil e emocionalmente sem equilíbrio.
Cheguei a conversar com um padre da família, sobre a visão e o
contato com espíritos, mas desconversou. Nem fez uma oração. Na
verdade não acreditou ou achou que fosse fantasia de quem quer chamar
a atenção ou não soube como lidar com este assunto.

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Na busca de respostas para estas perturbações, e influenciada pelas
tias de meu namorado com quem me casei, comecei a ler livros e revistas
sobre paranormalidade, tais como Revista Planeta e romances espíritas
que tinham como fundo histórico o Egito e a Espanha. Mediante estas
leituras e os contatos que tinha com os espíritos, concluí que a
reencarnação era a única explicação para tantos problemas nas famílias,
inclusive na minha.
Aqueles espíritos estavam ávidos para que eu cometesse algum
escândalo visando ter mais acesso ao meu corpo. Foi o que aconteceu.
Tive uma gravidez e um aborto encerrando assim a minha adolescência.
Para Ângelo, aquele ato foi um "pacto de sangue", uma "oferenda" que
abriu as portas para se usar de mim. A partir daquele momento, ele
ampliou consideravelmente os meus poderes e me submeteu a uma
"lavagem espiritual". Aproveitou-se da minha baixa auto-estima e retirou
toda a minha capacidade de julgamento, inclusive dos meus atos. Passou a
manipular todas as minhas emoções e sentimentos. Retirou a maior parte
da minha personalidade e a substituiu pela dele. Não era eu que agia no
dia a dia e sim ele. O treinamento que ele me dava, consistia exatamente
nisto: anular-me como pessoa, esvaziar minha mente, formar uma
passividade emocional para que, na idade adulta eu estivesse em
condições de desempenhar a "missão" a mim confiada de fundar um
Centro Espírita onde eu iria ser a médium principal através da qual ele iria
se manifestar e administrar as atividade mediúnicas.
A experiência do "aborto" criou em mim um permanente peso de
culpa e condenação. Espíritos me policiavam e me acusavam 24 horas por
dia. Uma depressão severa me acompanhou e resultou em três tentativas
seguidas de suicídio. Quando lembro-me desta fase, vejo o quanto
vegetei. Não tive uma adolescência normal.

CAPÍTULO 3
A ENTREGA DA MISSÃO

Entrei na vida adulta já cansada de tanta pressão e falta de alegria.


Imagens do bebê que perdi não saiam da minha mente. Fixavam-se em
três dimensões, parecia tudo real, até o choro da criança eu ouvia.
Nesta época, um espírito de uma mulher chamada Meimei (*)
apareceu para mim e proibiu que eu fosse perturbada por aquelas
obsessões. Garantiu-me que Jesus me daria uma belíssima oportunidade
de "resgatar" a pesada dívida do aborto. Para tanto, eu teria que fundar
um educandário e uma creche. Era esta a oportunidade para me livrar do
sentimento de culpa. Coloquei um pôster de Meimei em meu quarto. Me
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identificava com aquela jovem pois as lágrimas que corriam no seu rosto
expressavam a permanente tristeza da minha alma.
A depressão, sentimento de culpa e a insônia queriam debilitar o
meu organismo, então ele reagiu com alterações físicas, gânglios em todo
o corpo, febre, desmaios, cegueira parcial e dores nas juntas. Após a
consulta, foi apresentado o diagnóstico: toxoplasmose. O tratamento foi
prolongado e afetou minha vida conjugal, pois impossibilitava-me a
gravidez. Seria castigo de Deus? É claro que Ângelo (*) teve uma solução.
Me encaminhou para a Comunhão Espírita de Brasília, onde foi realizada
uma cirurgia espiritual pela equipe de "Dias da Cruz" (*) visando permitir a
minha gravidez. Entretanto tomava anticoncepcionais para não me
engravidar pois achava que poderia gerar filhos com seqüelas físicas, em
decorrência da toxoplasmose. Mesmo assim fiquei grávida. Entrei em
desespero mas Ângelo me garantiu que nada afetaria o bebê e de fato,
meu filho nasceu perfeito.
A cirurgia espiritual no intuito de permitir a gravidez teve também o
objetivo de ampliar os meus dons e habilidades psíquicas. Minhas
percepções extra-sensoriais deram um salto assustador. Fui treinada em
leitura dinâmica (instantânea) e em várias áreas do conhecimento, as
quais me ajudaram a montar uma empresa de treinamento onde
ministrava diversas matérias para pessoas com experiências muito
maiores que a minha. Lotava auditórios com centenas de alunos. Depois
usei estes conhecimentos nas expansões doutrinárias do Espiritismo. Uma
das coisas que mais me intrigava, era que mesmo com uma empresa,
emprego público e como instrutora do SENAC, minha vida financeira era
esfarelada.

CAPíTULO 4
AS PRIMEIRAS SESSÕES – O INÍCIO DA FRATERNIDADE ESPÍRITA

Na busca de melhores condições de vida, mudamos de Brasília-DF


para Cárceres em Mato Grosso localizada na divisa com a Bolívia, no
Pantanal Matogrossense, onde a família de meu esposo trabalhava com
fazenda e exportação. Naquela cidade, delineava-se o quadro perfeito
para Ângelo e Ramires executar o plano de me colocar à frente de uma
"missão" que, até em Uberaba havia sido prevista por Chico Xavier.
Assim que cheguei naquela cidade, fiquei amiga de uma mineira de
Barbacena. Espírita desde os 14 anos, e com profundos conhecimentos da
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Doutrina Espírita, especialmente dos qualificados franceses Allan Kardec,
Leon Denis e outros de destaque. Conhecemo-nos na locadora de vídeo de
seu cunhado a qual compramos.
Quando meu filho mais velho estava com um ano e meio de idade,
eu o matriculei na escola maternal desta amiga. Sempre admirei seu
equilíbrio. Convidou-me para trabalhar como supervisora em sua escola.
Esta amizade e este emprego ajudaram-me a adaptar-me melhor naquela
cidade.
Ela também se sentia isolada. Seu esposo, médico, foi para aquela
região objetivando crescimento profissional. Ela não tinha se sintonizado
com nenhum dos três centros espíritas em funcionamento na cidade.
Comentei-lhe a respeito do meu guia "Ângelo". Ficamos amigas e
começamos a fazer o culto no lar (*) que são sessões espíritas semanais
realizadas nas casas, escritórios, fábricas, etc. As reuniões também eram
feitas em minha casa e aos poucos foram aglutinando pessoas com as
mesmas afinidades, formando-se assim uma Fraternidade Espírita.
Neste tempo, fiquei amiga também de uma massagista proprietária
de uma clínica de estética freqüentada pela elite local. Era excelente
profissional e com talentosas mãos. Comentou-me do "stress" de suas
clientes e de como gostaria de atendê-Ias melhor, não só o físico mas
também o espiritual. Para tanto, Ângelo sugeriu que reuníssemos na sua
clínica, um grupo de senhoras para praticarmos exercícios de
alongamento e meditação. A sala foi decorada com o estilo japonês:
colchonetes de espuma, espelho na parede, etc. Fiquei preocupada pois
não sabia como seriam estas reuniões, Ângelo me acalmou dizendo que
não me preocupasse, que Ramires (*), iria me auxiliar, com
conhecimentos de Hatha e Raja yoga (corpo e mente).
Com musicas New Age e exercícios lentos e ritimados, pouco a
pouco Ramires foi nos transmitindo as técnicas orientais de yoga,
respiração, concentração e esvaziamento mental. Eu apenas seguia suas
instruções. Foi difícil acreditar que estava dominando sem esforço,
aquelas técnicas e culturas, sem ter nenhuma formação nestas disciplinas.
Nomes de exercícios como "pranayama" eram soletrados para que eu
acompanhasse com segurança. Dietas de desintoxicação, jejuns e limpeza
dos intestinos foram prescritos para "purificação" física, mental e
emocional.
Ali estava sendo formado o embrião do grupo fundador de uma
Fraternidade Espírita que se chamaria "Fraternidade Dias da Cruz".
Ângelo não gostava que eu freqüentasse nenhum centro espírita da
cidade. Alegava que eram todos contaminados (*) e com desvios
doutrinários (*). Disse que aguardava o momento oportuno para que
fundássemos o nosso próprio Centro Espírita.
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Este grupo de yoga cresceu assustadoramente e começou a
tumultuar a clínica de estética. O grupo então cotizou o aluguel de uma
sala.
Numa noite, numa sessão espírita em meu lar, Ângelo me pediu que
chamasse a tia de meu esposo para esta reunião, porque seu filho, piloto
já falecido há pouco mais de um ano iria comunicar-se. Não sabia como
tudo iria ocorrer. Ela havia buscado notícias dele em Uberaba e Goiânia.
Para minha surpresa, fui usada nesta reunião como médium para receber
espíritos, um dos quais era o jovem piloto. Nesta sessão, ele descreveu
sua morte, detalhes de sua infância e tecia alguns conselhos e
advertências aos seus familiares. Também descrevia a colônia (*), a cidade
espiritual onde estava e seu "despertar" do outro "lado" como também os
"amigos" que reencontrou(*).
A psicografia e psicofonia com este espírito familiar (*) correu de
boca em boca na cidade. Comentavam que as "conversas" de mãe e filho
através do médium pareciam cenas do filme "Ghost". Este encontro e os
posteriores foram gravados e tornaram-se o conteúdo do livro: "Eu
cidadão de dois mundos".
Neste momento nasceu a Fraternidade Dias da Cruz para atender a
tantos necessitados. Ela passou a funcionar na sala alugada por aquela
grupo. Ângelo escolheu entre os freqüentadores, a equipe de passes, a
equipe de ministradores do Evangelho e definiu os trabalhos, os dias, e os
responsáveis de cada tarefa. Pouco a pouco, dia após dia, ele ia
acrescentando um departamento a esta estrutura. Em dez anos aquele
Centro se estruturou de forma impressionante se transformando num
enorme complexo espírita com centenas de colaboradores. As doações
vinham de forma tão espontânea que eu acreditava que tudo era
providência de Deus. Quando precisávamos de orientações,
consultávamos sempre a comunhão Espírita de Brasília que deu sua
"chancela" espiritual para os nossos trabalhos.
O titular desta Instituição, nos fez uma visita e me apresentou o
meu guia Ângelo, como sendo "Eurípedes Barsanulfo", um mineiro de
Sacramento que viveu no início do século e que, junto com "Bezerra de
Menezes" (*) haviam iniciado o processo de estruturação espírita no
Brasil. Fui alertada que ele era o terceiro na hierarquia Kardecista e que no
mundo espiritual ocupava alto posto('*). Acima dele só Emmanuel e
Bezerra de Menezes. Ele e Joana de Angelis('*), são os espíritos
encarregados da ampliação do kardecismo no terceiro milênio. Divaldo
Pereira Franco na Bahia, era o sucessor de Chico Xavier.
A partir daquele dia o espírito Eurípedes Barsanulfo seria o
mentor(*) responsável pela fraternidade espírita que estava sendo
fundada. Ele passaria a me usar como médium principal para atingir os
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seus objetivos transformando a fraternidade num grande Centro Espírita.
Ele me falava sempre que "mentor" não era "adivinho", apenas um
colaborador de Jesus para minimizar as "mazelas" humanas, prestando
aconselhamento e curas que Deus permitisse (*).
Eurípedes presidia (*) vinte e sete centros Espíritas no Brasil. Por
isso, alegava que sua agenda deveria ser rígida e seus horários inflexíveis,
porque não poderia estar em vários locais ao mesmo tempo(*). Sua
secretária(*), Amália, cuidava de todos os detalhes e fichas para facilitar
seu trabalho.

CAPíTULO 5
OS DEPARTAMENTOS DO CENTRO ESPÍRITA

Rapidamente, a Fraternidade transformou-se em um grande


complexo Espírita. Através de mim, o espírito do mentor dava todas as
instruções relativa a administração do complexo. Ele coordenava diversos
trabalhos em locais distintos, envolvendo grande número de voluntários
médiuns. A Diretoria do Complexo Espírita se reunia uma vez por mês para
ouvir suas instruções. A Secretaria e Tesouraria ficavam nas mãos de
pessoas criteriosamente escolhidas pelo "mentor". Todos se dedicavam
com muito carinho em suas tarefas e muitos recebiam o cargo após uma
"conversa" com o "guia", o qual alegava que quem fazia as escolhas eram
os espíritos e por isso bastava a pessoa doar o seu tempo trabalhando
para o Centro Espírita. O resto, os espíritos faziam (*).
A Fraternidade recebeu o nome de Fraternidade Espírita Dias da
Cruz, escolhido pelo "mentor" em homenagem a Comunhão Espírita de
Brasília que é dirigida por esta "entidade" e que dava o apoio logístico aos
nossos trabalhos. A Matriz ficava na parte central da cidade, em lugar
privilegiado. Um prédio novo, recém-construído de dois andares. O prédio
era mantido por doações (carnês mensais) dos membros e diretoria. Era
pintado de cor goiaba e possuía cantoneiras floridas nas janelas.
Em todos os departamentos havia uma organização e um capricho
impressionante. Música clássica ou instrumental animava os ambientes
ornamentados com arranjos finíssimos de flores, belíssimos quadros de
Jesus e Maria, finas cortinas, tapetes e toalhas de mesa. Um
predominante perfume de jasmim (*) inundava todos os setores. Todos
estes preparativos e o atendimento prestativo davam ao local um jeito
muitíssimo acolhedor.

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Os trabalhos internos consistia de muitas atividades como
atendimento médico, odontológico, psicológico, apresentação de peças de
teatro, seminário sobre mediunidade com Jesus, palestras com passes e
água fluida,cursos de reforma íntima, desenvolvimento mediúnico, coral,
chás beneficentes, livraria, Pronto Socorro Espiritual (SOS Passes),
Orientação e aconselhamento, sem mencionar os trabalhos externos que
farão parte do capítulo seguinte.
Esta estrutura grandiosa causou "inveja" a outros três pequenos
centros espíritas da cidade pelo motivo de haverem se esvaziados. Todos
queriam fazer parte daquela família de sucesso composta de jovens
inteligentes, mulheres bonitas, a família do prefeito, empresários
endinheirados, deputados estaduais, médicos, professores universitários,
juízes, dentistas, professores, etc. Eles se mostravam felizes, entretanto
eram pessoas com a vida arrasada, principalmente a espiritual. Além de
pessoas importantes da cidade, o Centro possuía mais de 150 voluntários
que tinham um vínculo de dedicação intensa e leal à "Fraternidade". Até
no atendimento médico, odontológico e psicológico havia voluntários para
atender. Bastava pegar uma senha. O serviço era assistido pelo espírito de
"André Luiz (*)".
Eram muito populares as apresentações das peças de teatro e
seminários sobre "mediunidade com Jesus". Pessoas vinham de diversas
cidades e até da Bolívia vinham visitantes uma vez por ano.
As palestras para o público eram realizadas duas vezes por semana
com passes e água fluída (*). Também havia cursos de Reforma íntima (*),
dirigido por Joana de Angelis e o disputado Desenvolvimento Mediúnico,
uma espécie de Faculdade Holística com duração de três anos que
formava médiuns para o Centro e região. Todo o material para as aulas
vinha da Federação Espírita de São Paulo e abrangia tanto teoria quanto
prática em diversas disciplinas, sendo que os professores eram escolhidos
pelo "mentor". Uma média de 30 alunos compunha as três turmas em
andamento. Tudo funcionava como um relógio. O "mentor" era rígido e
para tudo tinha pastas, controles, etc. O responsável no mundo espiritual
pela formação e desenvolvimento dos médiuns era o espírito Edgar
Armand (*).
Todos queriam participar no Coral. Os "chás beneficentes"
entraram até para o calendário oficial da cidade com o patrocínio de
boutiques locais e promoções de desfiles de moda.
No térreo funcionava a Livraria Meimei, que comercializava
produtos espíritas de ordem new age, yoga, etc. como CDs, livros, fitas
cassetes, camisetas, pôsteres, chaveiros, adesivos, produtos naturais, etc.
Além da livraria, no térreo havia uma sala onde funcionava
exclusivamente o Pronto Socorro Espiritual, o "SOS passes". Naquele local,
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a qualquer hora do dia estava de plantão uma equipe para atender com
preces, água fluída e passes(*), além de orientações e aconselhamento.
Um fluxo enorme de pessoas buscava ali conforto emocional e espiritual.
Estudantes, donas de casa, desempregados, doentes, etc., eram atendidos
gratuitamente(*). Este departamento tinha a chancela espiritual do
espírito "Maria de Nazaré" (*). O atendimento de passes consistia na
seguinte seqüência: a pessoa chegava e seu nome era registrado, assim
como seus dados. A recepcionista então lia uma passagem, do "Evangelho
Segundo o Espiritismo" (*) aberto aleatoriamente pela pessoa. Depois ela
era encaminhada para uma "cabine de passes" onde recebia uma prece
com imposição de mãos (*) e água fluída. Ali também podia deixar uma
ficha solicitando orientação espiritual (psicografia do mentor) ou então
preencher os dados para tentar obter uma mensagem de desencarnados
(*). Caso estivesse com problemas financeiros, requisitava cestas básicas,
roupas, remédios, etc. Havia também um livro especialmente para
Registro de Solicitação de Irradiação (*), isto é, uma sessão onde estas
pessoas eram atendidas à distância (*).
Num outro ambiente funcionava a Farmácia Homeopática. Em um
balcão de vidro eram expostos remédios com Florais de Bach e ervas para
chás "Eurípedes Barsanulfo" (*). Só tinha acesso aos medicamentos as
pessoas que o "mentor" indicasse em suas "consultas de orientação
espiritual". O “mentor” deixava bem explícito que todos os medicamentos
deveriam ser fornecidos gratuitamente. Não se podia aceitar sequer
presentes ou brindes. Caso deixassem, eram rifados e o dinheiro revertido
para cestas básicas.
O sucesso deste trabalho veio em função de que a cidade era
carente e as Igrejas católicas esquivas ao povo carente. Também havia
poucas Igrejas Evangélicas. No centro espírita, as pessoas encontravam
espaço para serem ouvidas e atendidas. Além disso, a região era propícia
para aquela nova forma de “fraternidade” pois possuía um atrativo para
coisas místicas e esotéricas com um passado de idolatria pelos
portugueses e de feitiçaria pelos escravos.

CAPÍTULO 6
OS TRABALHOS MEDIÚNICOS DE CURA

Naquele Centro, havia um recinto específico e completamente


reservado para o atendimento mediúnico onde as pessoas poderiam
conversar com o mentor, o guia do Centro. em busca de alívio
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sobrenatural em suas enfermidades. Estas consultas eram realizadas uma
vez por mês e aguardadas com muita ansiedade. O público esperava o
atendimento num pequeno salão onde eram realizadas pregações do
Evangelho(*) segundo o espiritismo. Este culto era aberto com uma prece
espontânea e a pregação era contínua com rodízio entre os pregadores.
Cânticos ajudavam a manter a sustentação (*) do ambiente. Enquanto os
adultos eram atendidos, professores evangelizavam e doutrinavam as
crianças com filmes bíblicos em outra sala. Jovens voluntárias cuidavam
do berçário, auxiliando com cuidado os bebês. Na livraria, o fluxo era
intenso. Acompanhantes esperavam na cantina o fim da consulta, onde
sanduíches naturais, salada de frutas e sorvetes eram vendidos para
compra de remédios com o dinheiro arrecadado.
Das 150 senhas agendadas durante o mês para a consulta
mediúnica, o mentor selecionava 15 para atender com psicofonia(*) ou
seja, um atendimento privilegiado onde o atendido fala diretamente com
o espírito. O restante, 135, recebia uma psicografia com indicação
específica de tratamento e receituário homeopático. O atendimento
iniciava-se em todas as sextas-feiras às 17 horas e se prolongava até às
duas horas da manhã. Eram nove horas seguidas de psicografia (*) e
psicofonia(*).
Naquele pequeno recinto, ficavam também os médiuns de cura (*)
e de efeitos físicos com poder de materializar algo no mundo espiritual.
Tudo era administrado pelo mentor e eles apenas seguiam as suas
instruções. Antes de começar os atendimentos, os médiuns davam as
mãos, faziam a prece de cáritas (*), o Pai Nosso, a Ave Maria e uma
abertura dos trabalhos pelos "Espíritos superiores". Grávidas, idosos e
deficientes eram atendidos primeiramente sendo que suas fichas com
nome e endereço eram colocadas na minha frente por uma secretária.
Antes de iniciar o tratamento, era tirada uma foto do local doente da
pessoa com uma máquina Kirlian, um tipo de raio-X espiritual. Para tanto,
era preciso apenas colocar o dedo indicador e depois do tratamento tirar
outra foto para atestar a cura e visualizar as alterações antes e após o
atendimento.
Ao redor da mesa em que eu estava, doze médiuns previamente
escolhidos pelo mentor faziam a "defesa” e “sustentação”, no intuito de
interceder junto à Deus para proteger o Centro Espírita da invasão de
espíritos inferiores e auxiliar-lhes naquelas atividades. Música
instrumental ou clássica suave como Ave Maria, compunha o ambiente
que era aromatizado com incenso de jasmim, e mantido na penumbra (*) ,
com abajures colocados em pontos estratégicos visando propiciar um
ambiente tranqüilo. O silêncio era exigido pelo mentor para que os
trabalhos fossem realizados com perfeição. Ao meu lado, a Presidente da
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Fraternidade ia gerenciando todo o processo na mesa. Do outro lado,
havia uma secretária para me entregar as fichas e receber os papeis
psicografados. Este trabalho era feito numa rapidez impressionante.
No momento de receber o espírito do mentor, eu fechava os olhos,
acalmava os batimentos cardíacos, diminuía a respiração e após me
concentrar, sentia-me parcialmente suspensa (*) e podia ver meu corpo
físico sentado junto a mesa. Meu espírito podia sair da sala, mas o mentor
não permitia. Eu acompanhava todo atendimento. Sentia o espírito do
mentor falando em minha boca usando a minha mão para escrever
(psicografar). Não era eu. Era o Espírito que estava dentro de mim. No
Kardecismo, o médium não muda a voz, jeito e personalidade. Somente os
espíritos atrasados (*) é que alteram, pois não estão evoluídos.
Durante o atendimento, as pessoas sentavam-se a minha frente e
sem precisar dizer nada eu iniciava a psicografia da "orientação espiritual".
O mentor (Eurípedes Barsanulfo) encarnado em mim especificava os
malefícios daquela pessoa nas áreas física, emocional, familiar,
profissional, financeira e espiritual. O diagnóstico era especificado
conforme o caso, assim como o tratamento com respectivo receituário
homeopático. Aproximadamente 2.000 espíritos me assessoravam na
busca de informações para tratar e atender as pessoas. Eles trabalhavam
em equipe. Outras vezes, eu mesma saia do meu corpo e ia longe, até em
outras cidades e descrevia para a pessoa atendida o que estava
acontecendo durante aquela viagem astral. A parceria funcionava, pois
vistoriava todo o Centro "passando" (*) sobre ele e podia ir até a casa da
pessoa e entrar em todos os recintos atravessando paredes. Sabia tudo o
que acontecia, era como se eu estivesse em dois locais ao mesmo tempo.
Para ter este poder, tinha que me abster de carne (*) e sexo (*). Caso
contrário, a saída do meu corpo poderia lesionar o meu "cordão de prata"
(*) e causar a minha “morte prematura" (*).
Após a consulta, o receituário homeopático era indicado pelo
mentor através de uma tabela com os nomes dos remédios em ordem
alfabética e respectivas dinamizações. Se o caso fosse agudo ou crônico, a
dosagem da tintura-mãe era diferenciada na diluição. Os remédios desta
tabela tinham que ser lidos letra por letra, pois os nomes eram em latim.
Com a tabela, ele apenas apontava o nome e a dinamização com uma luz
(*), para que eu copiasse. Fazia esta atividade com rapidez
impressionante.
Os tratamentos psicobiocientíficos, cirurgias espirituais, fluido
terapias e correntes de desobsessão (*) eram realizados nos sábados.
Neste dia o atendimento era por ordem de chegada.
Nas cirurgias psíquicas, o paciente deitava em uma maca e após a
medição dos chacras (*) era realizada uma “varredura” no corpo espiritual
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da pessoa, utilizando um pêndulo. Podia ver todo o interior e as vísceras.
Durante aqueles trabalhos, o cheiro de éter de hospital inundava todo o
ambiente. Se fosse preciso anestesiar, uma agulha de acupuntura era
usada, mas mesmo assim em alguns casos havia dor. Um estilete com um
cristal na ponta funcionava como bisturi. O remédio indicado era dado e o
repouso e dieta prescritos. Tudo absolutamente gratuito.
Nas cirurgias, todas as dores e sintomas dos pacientes eram
sentidas por mim. Traumas, emoções, vícios e compulsões eram captados
por mim deixando-me incapacitada com tantos sofrimentos.
Também eu costumava especificar para o interessado seus tipos de
mediunidades (*), áreas de ação no campo da caridade e nome dos
"mentores" (*) que o acompanhavam desde o nascimento, como também
a sua missão. Algumas pessoas eram selecionadas para freqüentar o
centro de educação e desenvolvimento mediúnico.
Os últimos atendimentos eram os 10% (dez por cento) das senhas.
Atendia pessoalmente. (individualmente) Estas pessoas podiam perguntar
qualquer coisa para o mentor livremente que ele respondia. Todos
queriam ter este privilégio.
Se durante este atendimento, alguém quisesse testar o “mentor”
para o desmascarar, pedindo tratamento para alguém que não existe ou
falecido, não conseguia. Ele sabia previamente, inclusive se a pessoa era
evangélica, pois ele tinha uma rede de auxiliares que consultavam
arquivos e fichas das pessoas. Nestes dez anos ele nunca foi
desmascarado e foram muitas as tentativas. Ele sempre acertava, previa e
adiantava-se até nas previsões. Nestes tentativas, o mentor confrontava a
pessoa de maneira suave sempre conseguindo se sair bem com um jeito
carinhoso(*).
O espírito da irmã Sheila (*) era a organizadora de todos estes
trabalhos mediúnicos. Ligados diretamente a mim, 70 médiuns se
revezavam nas escalas de trabalho. No entanto, o mentor Eurípedes
Barsanulfo não aceitava outra médium, somente eu era recebida por ele
(*). Por esse motivo, ele delegou somente a mim, passes, fluidoterapia,
consultas psicográficas em receituário homegrático e notícias de
desencanados. Alegava que nossas afinidades vinham de "outras vidas (*)"
e que eu havia sido sua mãe na última reencarnação e adestrada desde
criança para este trabalho.

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CAPÍTULO 7
AS MENSAGENS DOS ESPÍRITOS DESENCARNADOS

O primeiro domingo de cada mês, era o dia das "mensagens de


desencarnados" (mensagens de espíritos de pessoas que morreram). O
atendimento era mais demorado. No intuito de ter tempo suficiente para
estas mensagens, apenas 5 pessoas eram selecionadas (premiadas) entre
150 pedidos. Quem atendia não era o "mentor" e sim eu, pois estava
acostumada com aquilo. Eles sentavam-se e aguardavam o espírito
desencarnado manifestar em mim. Ao recebê-lo, as viagens (*) destes
desencarnados eram passadas num telão em minha mente para que eu
não perdesse nenhum detalhe. Cada um deles, descrevia sua história,
como, onde e quando morreu (*) e seus sentimentos atuais. Alguns
aconselhavam a família para superar a dor da separação, mas a maioria
estava em sofrimento(*) no além. Sofria vendo aquilo. Após psicografar
as mensagens, os textos eram lidos. Continham aproximadamente 70
páginas com descrições e pormenores íntimos daquele que partiu (*) e
que comprovavam (*) sua identidade. Caso o desencarnado não se
identificasse, imediatamente, algum parente presente o reconhecia e
solicitava a psicografia. O parente guardava com extremo zelo este
documento psicografado. Livros foram psicografados desta forma.

CAPÍTULO 8
OS TRABALHOS DE DESOBSESSÃO
LIBERTAÇÃO DE ESPÍRITOS ATRASADOS

Fazíamos também o trabalho da corrente de desobsessão. Era


indicada para espíritos atrasados moralmente e sem evolução (*). Nesta
sessão, os médiuns formavam um círculo onde no meio ficava outro
médium para receber o espírito desencarnado a ser liberto da obsessão.
Nele manifestavam espíritos suicidas, homicidas e torturadores os quais
descreviam seus penosos estados no além. Naquele momento, outro
médium recebia o espírito “Aura Celeste” para aconselhar o
desencarnado, doutriná-lo e libertá-lo da obsessão. Ele doutrinava
dizendo “Jesus te ama, Jesus te perdoa. Não importa o que você fez. Ele te
dará outra chance”. Durante aqueles trabalhos, os médiuns enviavam
aquele espírito para tratamento em hospitais no além onde passavam por
doutrinação. Estas sessões eram fechadas ao público. Tanto doutrinação

15
quanto desobsessão e terapias eram feitas em dias específicos, assim
como as irradiações a distância(*).

CAPÍTULO 9
OS TRABALHOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

Haviam várias atividades dedicadas aos trabalhos de assistência


social: cursos gratuitos de yoga, alongamento, meditação, campanha do
cobertor, distribuição de cestas básicas, bazar da pechincha, o sopão,
campanha da pizza, festival de sorvete, palestras contra o aborto, sobre
suicídio, fumo e drogas, visitas a hospitais, presídios e domicilílios, auxílio
aos idosos, distribuição do Evangelho Segundo Allan Kardec, tudo
gratuitamente.
Os cursos de bordados, costura, crochê e outros, eram
administrados pelo espírito da irmã Dolores (*). A única exigência era
assistir uma palestra sobre Doutrina Espírita(*).
A campanha do cobertor, coletava e distribuía agasalhos e
cobertores para a comunidade carente e enxovais de bebê para mães
carentes. Era organizada por "Irmã Tereza (*)". Os enxovais eram
confeccionados durante os cursos e muitos comerciantes também doavam
"kits". Os cobertores eram arrecadados pela "sociedade", composta de
grupo de jovens, que, além de teatro, música e evangelização atuavam na
caridade.
As cestas básicas eram montadas pela equipe coordenada pelo
espírito "Auta de Souza (*)". Nos domingos saiam de casa em casa
distribuindo folhetos e arrecadando alimentos. A ala masculina do centro
se encarregou deste setor, especialmente os militares. Por ser região de
fronteira com a Bolívia, um grupo ativo da cruzada dos militares espíritas
nos auxiliava neste departamento. Reverenciavam "Bezerra de Menezes
(*)" que foi militar e influenciou o crescimento espírita dentro dos
quartéis.
As roupas e objetos eram doados para o Bazar da Pechincha e
depois revendidos a preços populares. O dinheiro arrecadado era
revertido para o trabalho do "sopão" em seis bairros periféricos da cidade
e para a compra do "Evangelho Segundo o Espiritismo" que era doado em
todos os departamentos do Centro. Só recebíamos produtos em ótimo
estado (*).
O "sopão" nas favelas era um trabalho realizado aos sábados pela
manhã em seis pontos distintos da cidade. Durante a distribuição da sopa,
divulgava-se a doutrina espírita e rebatia as críticas de que o Centro era
elitista.
16
Foi construído o Educandário Meimei com doações provenientes de
campanhas como a da "pizza" e festival de sorvete. Lá oferecia aulas de
yoga, alongamento e meditação para a comunidade carente, tudo de
forma gratuita. Era muitíssimo procurado. Realizava-se também,
campanhas contra o aborto, suicídio, fumo e drogas através de palestras,
cursos. Sua principal missão era a caridade.
Os voluntários eram tantos que tínhamos que encaixá-los para que
ninguém se sentisse excluído.
Outro setor que se movia com esmero era o coordenado pelo
espírito de "Frei Fabiano de Cristo(*)" que assumiu a visita domiciliar a
doentes e o cuidado com idosos do albergue e leprosos do Hospital
Samaritano. Ao visitar hospitais ou favelas, o grupo ia uniformizado com
camisetas e acompanhado de violão.
A visita ao presídio era realizado pelo grupo "Vicente de Paula(*)"
composto por senhoras e senhores idosos como também aposentados.
Eles ministravam pregações e distribuiam kits aos presidiários.
Haviam também os núcleos que funcionavam como filiais do
Centro: Batuíra, Francisco de Assis, Joana D'Are, Bezerra de Menezes,
Joana D'Angelis, Vicente de Paula e Irmã Sheilla. Eram residências com a
missão de distribuir sopas, cobertores e remédios. Seus coordenadores
eram os benzedores da região que cediam suas residências para este fim.
Em troca, recebiam material de construção para melhoria de suas
residências.
Um dos núcleos era em uma residências de uma benzedeira,
parteira muito conhecida e estimada na região. Como recompensa pela
cessão do local, o Centro cobria suas despesas de aluguel, funcionário e
limpeza.
Os benzedores eram pessoas pobres e humildes. Eles ficavam
orgulhosos por suas casas terem sido escolhidas pelo Centro para ajudar o
povo sofrido da região.
Ainda tinha um Núcleo em Cuiabá, o "Maria de Nazaré" , que se
especializou em atender os casos de oncologia (câncer) e AIDS. As
orientações terapêuticas eram dadas pelo mentor para cada paciente e
transmitidas por fax.
A matriz do Centro sustentava todos os núcleos. Tudo era orientado
pela matriz, sendo que 60% dos trabalhos e atividades proviam da sede
principal. Se chamavam "núcleos" por haver maior aceitação. Aliás, a
palavra Centro Espírita era evitada pelo "mentor" (*). Fraternidade,
educandário, núcleos eram palavras substitutas para evitar a
discriminação pela população, empresários e patrocinadores.
Exércitos de espíritos com cavalos rondavam os a matriz e os
núcleos do Centro para evitar invasões inimigas(*).
17
O mentor sempre falava em tom de profecia(*) que aquela cidade
se tornaria como um "modelo" para o novo milênio. Sua última profecia
foi a construção de um hospital que atuaria no campo da saúde mental
com terapias alternativas e tratamento psicobiofísico. Projetou a planta e
especificou o local.
Todas essas atividades eram feitas em nome de Jesus. Até as cestas
básicas eram doadas com os dizeres: Receba em nome de Jesus.

CAPíTULO 10
ENTENDENDO O ESPIRITISMO KARDECISTA

Seria possível que a figura de Jesus pudesse ser explorada pelo mal?
Poderia as trevas usar a caridade e a filantropia para afastar as pessoas de
Deus? Haveria, jeito de a Bíblia ser citada de forma a justificar alguns
preceitos contrários de que o próprio Deus ensinou? Qual a possibilidade
de que "curas" poderiam ser manipuladas por agentes trevosos?
O "mentor" citava freqüentemente a Bíblia, inclusive nas paredes
do Centro havia pôsteres com o Salmo 91. O espírito Meimei citava de
forma poética o Salmo 23. Todos os livros de Chico Xavier escritos pelo
espírito Emmanuel como “O Cristo” e “Há 2000 Anos”, trazem mensagens
e passagens bíblicas. Freqüentemente o mentor citava Jesus como o
governador da Terra e colocava-o numa posição bem diferente da de Filho
de Deus. São distorções que impregnam a mente de quem não tem seu
alicerce na Palavra do Senhor.
A caridade dentro do Espiritismo é o carro-chefe. O lema do
Kardecismo é “Fora da caridade não há salvação”, frase de Allan Kardec.
Mais uma vez a sutileza: a salvação depende só de você e de suas obras.
Descarta-se o papel de Jesus como salvador e redentor. A reencarnação é
pregada como única comprovação da justiça de Deus. Como é que Ele iria
privilegiar uns e fazer sofrer outros? Afirmavam que Deus é justo e se você
está nesta posição é porque você mereceu. Deus não tem culpa disto.
Pecado? Para eles não existe como os puritanos pregam. O conceito
de moral varia conforme o local, tempo e cultura. Os espíritas alegam que
com a evolução, os sentimentos e emoções se refinam, por isso,
combatem o fumo e as drogas pois podem causar lesões que irão atingir o
corpo físico na próxima reencarnação. O aborto provocará esterilidade nas
próximas vidas e o suicídio gerará nascimentos com síndrome de Down.

18
Na realidade, o Espiritismo prega a moral com o objetivo de salvar a
pessoa do sofrimento e não com o objetivo de agradar a Deus.
Inferno? Argumentam que Deus não criaria um local para penas
eternas, pois Ele é amor e perdoa. O que ganharia torturando
eternamente seres sem uma segunda chance?
Demônios? Afirmam que não existem. Deus é perfeição e não
criaria nada que desse errado. São apenas almas de desencarnados
errantes e necessitadas.
Adão e Eva? Respondem como sendo pura ficção. A queda seria
uma total falta de cuidado de Deus com a sua obra-prima.
Juízo final? É feito a cada reencarnação quando é pesado créditos e
débitos morais.
Doenças? São frutos de erros em vidas passadas. Para tudo há
respostas lógicas, coerentes, racionais.
Constantemente, o mentor afirmava que de tempo em tempo ele
despachava com Jesus nos casos mais difíceis e que envolviam cidades e
comunidades. O mentor monitorava 27 centros espíritas no Brasil(*).
Foi acreditando piamente de que o mentor trabalhava para Jesus de
forma abnegada que eu me dediquei com afinco ao Kardecismo.

CAPÍTULO 11
A SEPARAÇÃO CONJUGAL – A DEPRESSÃO

Julho de 1998. Eu estava no ápice do espiritismo, sendo conhecida


em toda região. Dedicava todo o meu tempo para o centro, crendo que
aquele trabalho era uma missão dada por Deus e que Ângelo era o anjo
enviado por Ele para me ajudar e proteger naquela missão. Não percebia
que a caridade e a filantropia eram disfarces perfeitos para demônios se
apresentarem como anjos de luz para nos enganar.
Ele me escravizou no espiritismo dizendo que era melhor praticar a
caridade do que ficar em casa dando atenção para a família. As atividades
do Centro consumiram o meu tempo completamente. Sob este disfarce da
caridade, fez com que eu colocasse meu esposo e filhos em segundo
plano na minha vida, provocando o distanciamento e separação do meu
esposo. Agora, com o fim do casamento, tinha que fazer o papel de pai e
mãe. Tudo ficou confuso na minha mente e não queria que nada
acontecesse de mal com meus filhos, ainda pequenos com 2, 4 e 9 anos
19
respectivamente. Sentia falta do meu esposo pois precisávamos de um pai
e um chefe de família.
Sentimento de culpa, falta de paz, solidão e tristeza profunda me
consumiram por dentro. Porque o meu guia não impediu este desastre na
minha vida? Fiquei decepcionada. Afinal desde os 15 anos, fazia parte de
mim e foi impotente para impedir que meu casamento acabasse após 20
anos de convivência. De que adiantaria ajudar tantas pessoas se a minha
família estava destruída? Além disso, a minha saúde era muito debilitada.
Como não tinha saúde uma "médium" de cura que havia tratado doentes
até em cadeira de rodas, como a menina Alessandra e curado a mão
ressequida de dona Aparecida? Ângelo debitava a conta nas
conseqüências oriundas da "transmissão" de cargas negativas (*) pelas
pessoas curadas. Mas, porque ele não me libertava?
Revolta e amargura com o meu guia tomaram conta de mim. Me
senti fracassada, desprezada e rejeitada de forma grotesca e violenta.
Meu mundo caiu. Decepção e mágoa paralisaram minhas emoções e
anularam a minha consciência.
Revoltei-me com as atividades espíritas. Haviam sido uma barreira
em meu casamento. Absorveram o meu tempo, fazendo de mim uma
médium, uma paranormal, uma pessoa fora dos padrões da normalidade
que exercia a caridade com os outros mas faltava com a minha família.
Apesar de tantos poderes e de ser reconhecida pela sociedade, eu já
estava cansada com estes dois mundos, o natural e o sobrenatural.
Tornei-me agressiva e passei a ter insônia permanente com um
quadro de consciência nervosa. Para piorar, a minha situação financeira
caiu 70% e afetou meus filhos e meu status social. Como esposa de
empresário era respeitada, mas com a separação, os próprios amigos de
meu ex-esposo passaram a me assediar. Tudo isso me assustou. A
hipocrisia de pessoas próximas me causou profunda decepção pois sabiam
de tudo que estava ocorrendo com meu esposo e não foram leais. Tanto
fingimento me saturou.

CAPÍTULO 12
O AFASTAMENTO DO ESPIRITISMO

Iniciei inteiramente o processo de afastar-me das atividades do


Centro. Precisava de um tempo pois estava esgotada após 10 anos
consecutivos de tantos empreendimentos. Queria dar um novo rumo em
20
minha vida, respirar, ser eu mesma. Quando avisei ao "mentor" que ia dar
um tempo, ele simplesmente, de maneira ríspida e autoritária falou me
que parasse de infantilidade, que seria imatura em paralisar todo o
processo que envolvia toda uma comunidade leal. Catalogou meus
sentimentos como egoísmo e disse-me que diante de uma dor e decepção
pessoal, eu achava mais importante afastar-me para cuidar de mim do que
perseverar na maravilhosa missão de cuidar dos necessitados, consolar
mães que perderam filhos, curar os doentes, e praticar obras de caridade.
Argumentei que já era hora dele começar a treinar outro médium e ele
simplesmente ignorou meu pedido. Parecia não se importar com meus
sentimentos, senti-me usada. Quando mais precisei de apoio e
compreensão, fui decepcionada. Perdi toda a motivação. No intuito de sair
do controle do mentor, comecei a agir de maneira mecânica no Centro e
não me concentrava como devia. Imediatamente ele acionou meu guia
Ramires e sugeriu que eu precisava de calmantes pois sob efeito daqueles
remédios, poderia me subjugar aproveitando-se do estado passivo de
minha mente(*). Já cansada, aceitei este tratamento pois afinal, doente,
estaria afastada das atividades espíritas, ocasião em que dormi com
tranqüilidade e alimentei-me melhor. Nesta situação, ele me controlava e
me subjugava no intuito de evitar que eu afastasse da Fraternidade.
Deprimida, busquei apoio e amizade no Presidente do Educandário
Meimei, Jesus Zinhani, recém-separado, solitário, discreto, muito
prestativo e humilde. Vi nele a oportunidade de afastar-me das atividades
espíritas. Contei-lhe o que estava ocorrendo ocasião em que recebi deste
colega a amizade e compreensão. Ele me idolatrava. Admirava a minha
dedicação e assustou-se com minha fragilidade. Ambos feridos por
problemas familiares nos consolamos. Esta amizade provocou conflitos,
ciúmes e uma discussão interminável na Diretoria do Centro Espírita,
inclusive calúnias a respeito do nosso relacionamento que era
simplesmente fraterno. Estas contendas motivaram mais ainda o meu
afastamento temporário das atividades do Centro. Queria um tempo para
pensar e perdoar, rever e refletir sobre o meu papel em toda aquela
estrutura. Zinhani me deu apoio e afastou-se também.

CAPÍTULO 13
A AMEAÇA DO MENTOR - A REAÇÃO DA FRATERNIDADE

Após o nosso afastamento, surgiu a primeira ameaça do mentor:


“você não irá sair viva dessa". A princípio interpretei esta mensagem como
um alerta para não abandonar a minha missão pois muitos médiuns que
21
fracassaram ou se desviaram(*), sofreram acidentes fatais e morreram
de forma violenta. Pensei novamente no que ele me disse e por um
momento não quis acreditar, mas aquela mensagem era clara: se eu
abandonasse o espiritismo seria eliminada, varrida do mapa. Fiquei
decepcionada. Não podia ser ele, meu guia! Devia ser outro "espírito" que
tomou sua forma, voz e personalidade. Calei-me e isolei-o. Não tive
coragem de transmitir para ninguém aquela informação tão pesada de um
guia que me acompanhou por 20 anos. E quem é que acreditaria? Como
provaria? Diriam que eu estava ficando louca!
Decepcionada, redigi uma carta com meu afastamento definitivo e
apresentei a Diretoria que sem entender, achou que eu estava fazendo
isso por causa das murmurações a respeito do meu relacionamento com
Zinhani, Presidente do Educandário. Deixei que pensassem assim. Fizeram
um discurso. Me chamaram de sem-juízo. Culparam a separação por meus
"desequilíbrios emocionais".
Após serem comunicados do meu afastamento, a comunhão
espírIta de Brasília e minha família foram acionadas para agir. Todos me
procuravam para esclarecer-lhes a razão do afastamento. Comentava-se
também que eu me afastei devido ser abandonada pelo "mentor". A
Diretoria acreditando nisso, achava bom o abandono pois eu merecia ser
castigada pelo Mentor. Não contra argumentei, pois não tinha confiança
de dividir com eles os meus problemas. Após estes fatos, pensei
seriamente em mudar-me da cidade.

CAPÍTULO 14
A DISSOLUÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA

Julho de 1998 - Um grupo de amigos evangélicos começou a reunir


em meu lar juntamente com um ex-padre, marido de uma amiga. A
pedido meu, as reuniões começavam com a leitura da Bíblia (*). Amava os
espíritas, mas não confiava mais no meu guia e estava saturada com coisas
sobrenaturais. Queria Jesus.
Desde quando começamos estas reuniões, diversos espíritos
passaram a me atacar para destruir a minha vida e de meus filhos. Para
me defender, meus amigos evangélicos faziam a leitura dos Salmos em
voz alta criando em meu redor um muro de proteção. Nessa época, fatos
horríveis aconteceram como o afogamento do filho da minha empregada
na piscina de minha casa, um caminhão me prensou na parede, tive uma
pneumonia com internação em hospital por 10 dias, acidentes com meus
22
filhos, brigas judiciais por parte de ex-funcionários, uma bala perdida em
Cuiabá e um assalto que resultou em seqüelas, me deixando medrosa e
exausta.
Senti uma vontade enorme de me vingar daqueles espíritos. Se
aquele ser (o mentor) era assim tão frio e calculista para me fazer sofrer,
agiria como ele. Tudo que ele me ensinou, eu usaria contra ele mesmo.
Então comecei um processo de desfazimento do Centro Espírita. Para
tanto, dei ordens expressas às sete linhas de defesa do Centro, aos
espíritos de baixa hierarquia (*) para que abandonassem seus postos e
funções e deixassem o Centro desprotegido. Percebendo a vulnerabilidade
do Centro, legiões de "espíritos inimigos" invadiram aquele complexo
provocando desentendimentos, contendas, insatisfação e acusações entre
os membros. Dentro de pouco tempo, tudo estava destruído. A presidente
da Fraternidade tentou em vão unificar o pessoal e acalmar os ânimos,
mas foi inútil. Satisfeita, eu via tudo desmoronando. Havia feito o que
tinha planejado, colocar um fim naquela estrutura diabólica e maléfica.
Deixei de ser espírita. Queria ser cristã.
Revelei a Zinhani os motivos do meu afastamento, esclarecendo-lhe
que aqueles espíritos eram demônios vestidos de ovelhas. Ele acreditou
nas minhas informações e afastou-se também do Espiritismo, incusive a
médium titular do Centro. Toda aquela estrutura parou com o nosso
afastamento, pois os dois cargos chaves eram ocupados por nós, eu a
parte espiritual e Zinhani, a parte da caridade (Assistência Social). A outra
presidente ocupava-se mais da parte administrativa e gerencial e com a
nossa saída, não tinha o que administrar.
A saída de Zinhani foi fundamental para o desfazimento do Centro,
pois a fraternidade não podia mais contar com esta figura dócil e
carismática que atraía muitos freqüentadores e doadores de alimentos
para distribuí-los nos seis núcleos do complexo espírita.

CAPÍTULO 15
AS RETALIAÇÕES DO MENTOR

O Guia ficou revoltado com as minhas atitudes e ameaçou tirar a


minha vida e a de meus filhos caso não retornasse ao Espiritismo. Disse-
me que faria pior do que o afogamento daquela criança na piscina. Estas
ameaças me torturavam. Temendo que colocasse seus planos em prática,
providenciei a transferência de meus filhos para uma escola evangélica,
23
pois onde freqüentavam, estavam sofrendo constantes acidentes. O
diretor da nova escola e sua esposa, cientes do que acontecia, se
comprometeram a orar por nós. A partir de então meus filhos se
acalmaram e pararam de se acidentar.
O guia não se deu por vencido. Fui vítima de uma tentativa de
assalto e tiros dados pelos bandidos. Foi a gota d’água. Caí prostrada,
enferma com uma pneumonia e fui hospitalizada.
No hospital, bastante magra, temia pelos destino dos meus filhos
diante das ameaças do guia. Eu me assustava fácil e chorava sem parar.
Como companhia no hospital, havia somente a presença do fiel escudeiro
Zinhani a prestar-me, carinho e atenção. Ele notou a minha palidez e
fragilidade. Prestativo, fez uma prece ao meu favor. Ainda não havia lhe
falado claramente sobre as perseguições do guia, suas ameaças e ações
para me destruir. Receava que se falasse a verdade, me abandonaria, me
acharia louca. Ele sabia do meu desgosto com o espiritismo, também era
do seu conhecimento o afastamento do "mentor" (*) da minha vida.
Entretanto, se soubesse de mais detalhes, poderia se sentir culpado do
meu sofrimento.
Após aqueles fatos, decidi que deveria sair daquela cidade, caso
contrário, meus filhos não ficariam vivos, mesmo morando numa
excelente casa.

Escrever Talvez Alivie

Mil novecentos e noventa e oito


Um ano de perdas e muitas desilusões dolorosas
Fase de grandes pesares e lutas, provações imensuráveis
Roubaram meu marido com quem vivi muitos anos
Perdi uma grande amiga e confidente
Me tiraram a casa das orações que construí por amor a Jesus
Perdi a força de falar com Deus
Perdi meu melhor amigo
Perdi a estima dos chamados irmãos companheiros
Perdi o apoio da minha família
Perdi o padrão financeiro
Perdi a estrutura emocional
Nada sobrou, nada ou quase nada
Ficou a ingratidão dos beneficiados
Ficou o julgamento a opressão
Ficou a maledicência odiosa
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Ficou a calúnia difamatória
Ficou as lágrimas sem causa
A dificuldade de viver e caminhar
Ficou a solidão asfixiante
Ficou a estima e o amor próprio afetado
O desamparo que causa medo
Fui jogada na arena dos leões
pelos fiéis amigos do passado que me odeiam
Entretanto, permaneceu o que era sólido:
O amor em Jesus Cristo, o amigo fiel.
O carinho dos filhos amados e desamparados
O grande amor do companheiro Jésus Zinhani
O apoio dos companheiros de fé
A fé imensa incalculável em Deus
A sua justiça acolhedora e sábia
A perseverança em servir e praticar caridade sem reservas
A oração sincera e afetuosa de alguns amigos que nunca me abandonaram
Peço a Deus apenas que me alivie o coração
Que favoreça a oportunidade do perdão
Que não me abandone, mesmo quando não consigo orar
Que me perdoe os imensuráveis pecados
Que me dê oportunidade de Lhe encontrar
O meu espírito está desejoso de Paz e Renovação.

CAPÍTULO 16
O CONFRONTO COM ÂNGELO

Julho de 1999. Era noite. Estava sozinha no meu quarto, na capital


do Mato Grosso em um apartamento com meus três filhos que dormiam
sossegadamente. Os últimos acontecimentos passavam pela minha mente
quando me vi em grande agonia. Evitei ir a janela do meu apartamento
pois pensamentos de suicídio vieram a minha mente. Naquela noite, eu
prostei-me no chão. Chorei sem parar de meia-noite até às três horas da
manhã. Chamei por Jesus. Implorei que Deus me assistisse. Pedi perdão se
havia errado ou desagradado a Deus. Poderia até morrer, mas antes
queria ter certeza de que Jesus poderia se mostrar a mim. Porque
somente o mal se materializava? Neste momento travou-se um confronto.
Fui jogada na parede de meu apartamento com força tal que quase
desmaiei. Mãos fortes apertaram meu pescoço, murros em meu estômago
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provocavam vômitos. A voz era ameaçadora: Como ousas chamar outro?
Traidora! Você me pertence! De repente, gritos, assobios e uivos
encheram todo apartamento. Seria alucinação? Olhei para o relógio, eram
cinco Horas da manhã e o socorro de Deus não viria? Senti minhas forças
esgotarem pois a luta parecia física. Um cheiro podre invadiu todo
apartamento e gotas de suor começaram a pingar da minha testa. Sentia
meus pulsos pressionados por garras. Senti que iria morrer, mas quando
pensei em meus filhos acordando e encontrando a mãe morta no quarto,
então, minhas forças renovaram e decidi que precisava viver. Após três
horas de luta, consegui me soltar e refugiei-me no meu quarto.
O apartamento parecia rodar e sem forças para nada pensei em
interfonar para o porteiro. Ele não iria entender o que se passava. Iria
pensar que eu estava drogada ou louca. Eu estava sozinha naquele lugar
sendo atacada por uma força invisível. Levantei minhas mãos e disse:
Jesus, preciso de seu socorro. Salva-me por misericórdia. Te entrego a
minha vida! Trêmula, senti minha pressão baixar rapidamente. Encostei-
me. Fechei os olhos. Uma paz invadiu todo o ambiente. Uma luz forte
como a luz do sol veio em minha direção e me aqueceu. Uma brisa tocou
meus cabelos e todo o ambiente foi se renovando. O medo, o terror, as
ameaças, as vozes e os risos sarcásticos, cederam espaço quando uma paz
e um silêncio invadiram o meu ser. Busquei aqueles olhos vermelhos e
aquelas garras, mas haviam desaparecido. Uma mão tocou-me, humilde e
serena e me disse: Eu te recebo! Tudo se fará novo em tua vida. Prepare-
se para uma nova vida com plena liberdade e alegria. Olhei pela janela.
Um bando de espíritos era dissipado por guerreiros com espadas. Tudo
parecia cenas de um filme de ficção científica ou de guerra. Adormeci ali
mesma.
Às sete da manhã, liguei para meus pais em Minas Gerais e disse-
lhes: Ajudem-me a sair daqui. Preciso recomeçar a vida em outro lugar e
tratar da minha saúde. Meu pai perguntou-me: O que quer? Respondi-lhe
resoluta: Busque-me rapidamente. Então meu irmão foi acionado para me
auxiliar na condução do carro até Montes Claros, Minas Gerais com os
meus filhos. Tomei esta decisão de forma firme e serena.

CAPíTULO 17
RENUNCIANDO OS ÍDOLOS E AMULETOS

Nos dias que preparava a mudança, estava na casa de Zinhani,


quando recebemos a visita de um seminarista de uma igreja evangélica.
26
Ao saber por meio de sua irmã sobre o esfacelamento da Fraternidade,
veio conversar conosco. Era muito tímido. Após ouvir o nosso relato, me
perguntou se gostaria de receber Jesus como o seu único e suficiente
salvador. Após confirmar,, ele descreveu-me todo o plano de salvação e
pediu-me para ajoelhar. Depois de uma oração repreendendo as trevas,
fez-me repetir suas palavras como uma oração a Deus reununciando todas
as habilidades conferidas a mim de forma sobrenatural, rejeitar guias,
mentores e anjos da guarda.
Ao sair, deixou um aviso. Como você renunciou o seu passado, é
preciso que saiba que alguns objetos precisam ser destruídos para evitar
contato com os espíritos, afinal, estes objetos estão carregados de
maldição.
No meu apartamento, enquanto organizava a mudança, enchi
muitas caixas com objetos de ocultismo como CDs de meditação, músicas
new age da Enya, incensos, pêndulos, cristais, pôsteres de acupuntura,
livros de yoga, tudo que me ligava naquele passado, coloquei-os no porta-
malas do carro e destruí tudo em um local ermo. Juntar todos aqueles
objetos me desgastou. Fiquei penalizada do dinheiro empregado naquilo
tudo, pois eram de primeira qualildade e haviam custado muito caro.
Alguns eu trouxe dos Estados Unidos.
Mais tarde, telefonei para a minha mãe e dei lhe a notícia de que
havia abandonado o Espiritismo. Ela recebeu a novidade com muita
alegria pois sempre se desgostou com minhas ligações com o Kardecismo.

CAPÍTULO 18
MAIS UMA INVESTIDA DOS MAUS ESPÍRITOS

Após o almoço, deitei-me para descansar um pouco, pois afinal teria


uma viagem puxada de dois dias até Minas Gerais. Acordei com o cheiro
de rosas em todo recinto e quando virei o rosto, perto da cortina e da
escrivaninha apareceu-me Santa Terezinha (*) numa indescritível beleza
com uma radiante serenidade, tendo no semblante um olhar hipnótico e
um sorriso meigo. Vi nesta visão um sinal de que a minha mãe estava em
seu grupo de oração pedindo por mim através desta santa. Refleti que
quando chegasse em Minas Gerais teria que fazer uma oração em uma
Igreja católica, pois os últimos embates me deixaram a certeza de que
teria que ter uma íntima comunhão com Jesus.
A visão continuava e eu fiquei estática. Vários pensamentos
ocorreram me deixando com receios. Afinal o "outro" mundo não parecia
27
de confiança. Por que o medo se aquela experiência passada com Jesus
trouxe-me esperança e fortalecimento? Então, com voz firme falei alto:
Jesus! Eu te entreguei minha vida, irei para onde quiseres. Só te peço que
não me deixes mais enganada. Neste momento as flores e o crucifixo da
santa começaram a cair e murchar e os olhos dela tornaram-se vermelhos
e ferozes. Pouco a pouco apareceu por traz a verdadeira identidade. A
máscara caiu, o engano foi revelado. O fato serviu para alertar me que
tinha ainda em casa outros objetos que precisavam ser descartados como
imagens, anjos, terços, etc. Agi por impulso e pedi a Jesus que me
mostrasse tudo que não fosse do agrado dele. Então mais cinco caixas
foram cheias com livros, camisetas, chaveiros, adesivos, imagens de Buda,
quadros e coleção de anjos da guarda, etc. Tudo foi destruído. Meus filhos
ficaram sem entender ao me verem juntando tudo aquilo e depois me
desfazendo. Então lhes contei o que aconteceu para que fossem
"vacinados" contra todo o engano. Após ouvir-me, o mais velho tomou a
iniciativa e se livrou de jogos de videogame violentos ou com forte
conotação sobrenatural, camisetas, adesivos. Tudo foi descartado.Tantos
acontecimentos em um só dia fizeram que eu amadurecesse muito.
Meus olhos estavam atentos a tudo e a mão de Deus foi guiando-
me de forma soberana. Jesus disse que tudo seria novo e uma nova vida
começaria. O processo começou tirando todo este peso satânico que
deixava em meu lar um ambiente oprimido. Ri ao lembrar que
ridicularizava os evangélicos, que só se apoiavam na Bíblia, achava-os
atrasados e ignorantes. Isto antes de conviver com eles naquela escola
evangélica. Alí, conheci um grupo de pessoas íntegras que se dedicavam à
adoração a Deus. Isto marcou a minha vida. Meus preconceitos estavam
caindo por terra, um por um. Fiquei chocada ao verificar que não tinha
nenhuma Bíblia. Havia ganhado uma da escola evangélica mas teria a
deixado com Zinhani. Prontifiquei-me a comprar uma bem bonita na
primeira ocasião.
No final da tarde fui visitada por uma cabeleira que era espírita.
Quando chegou vi que estava diferente. Falou-me que tinha convertido ao
Evangelho e seu testemunho em muito edificou-me. Como meus cabelos
estavam caindo em grande quantidade, pedi-lhe que cortasse. Queria
tudo novo e uma nova vida.

28
CAPÍTULO 19
RETORNANDO PARA MINAS GERAIS

Chegou o dia da viagem para Montes Claros-MG. Esperanças


renovadas de uma nova vida brotaram do meu coração, sentia-me
fortalecida e amparada por Deus. Jesus disse que me recebia e que tudo
se faria novo.
Após dez anos de contato com tantos colaboradores e amigos,
poucos estavam ao meu lado na hora da minha partida: Zinhani, minha
dentista, o ex-padre, sua esposa e Milena. Sentia a falta de uma pessoa
que era como uma amiga e irmã, a Presidente da Fraternidade. Foi a
pessoa mais próxima nestes dez anos de atividades no Centro. Ela e seu
esposo médico me assistiram nos partos de meus filhos. Não ficávamos
um dia sem nos falar. Admirava sua calma e perseverança. Nossa amizade
foi ferida após os atritos durante o meu afastamento do Centro. Havia um
ano que tudo isso ocorreu e queria dizer-lhe pelo menos um adeus.
Perguntei a Deus como duas amigas que se consideravam irmãs podiam se
separar assim, sem uma despedida sequer, alguém em que tanto confiava,
com quem compartilhava tudo, alegrias e tristezas. Deixei a cidade com a
esperança de que um dia ela entenderia, aceitaria e perdoaria todos os
eventos passados.
Sexta-feira, 13 de agosto de 1999. Partimos com destino a Montes
Claros-MG. Dirigia com a sensação de alívio e no peito um desejo de
recomeçar tudo de novo. Meu irmão mais velho que estava me
acompanhando nesta viagem me perguntou: quer dizer que você fundou
centros espíritas, psicografou livros, recebeu mensagens de
desencarnados, fez curas psíquicas auxiliada por um espírito que não era
da parte de Deus? Então lhe relatei o meu encontro com Jesus durante o
confronto com aquele ser que se passava como anjo de luz.
Estava pensativa. Não conseguia encontrar uma explicação racional
para todos aqueles acontecimentos. Como entender a enorme capacidade
de ódio, vingança e destruição de alguém que por trinta anos foi meu anjo
da guarda, meu "guia"? Aquele que dirigiu, opinou, compartilhou todos os
momentos da minha vida, fazendo parte de meu ser, com o qual havia um
entrelaçamento emocional, espiritual intenso, profundo e prolongado.
Como entender que esse ser pudesse se transformar em um rival
rancoroso e destruidor? Por que queria minha morte? Por que, somente
agora, mostrou suas garras?
Com o objetivo de me levar ao suicídio, passou a me aparecer e
assustar-me para se divertir. Sua voz era ouvida por mim até quando
estava dormindo. Não dá para descrever as cenas, os quadros, as
29
ameaças, as acusações. Por várias vezes quis acreditar que tudo isso não
passava de fantasias, invenções ou até alguma alteração emocional.
Infelizmente era real! me sentia pequena e impotente para enfrentá-lo.
Uma equipe de maus espíritos foi especialmente escalada para me punir.
Pedi a morte a Deus. Era tudo por demais assustador. Ódio materializado,
vingança desenfreada e retaliações sucessivas. Não acredito que sobrevivi.
Quando as forças do inferno se voltaram contra mim, quando aquelas
pessoas bem intencionadas da Fraternidade se sentiram traídas,
enganadas e abandonadas por mim, somente Jesus me protegeu como
uma rocha. Só não fui destruída devido ao cuidado amoroso de Jesus.
Nesse período conturbado, estava sendo forjada uma guerreira no campo
de batalha. Quando o general é Cristo, lutar é um privilégio, sofrer é um
prêmio. Minha vida foi posta neste conflito, mas aqui estou salva com
todos os fios de meus cabelos. O Senhor teve cuidado de mim de uma
forma espantosa. A força dos seus anjos me fez agir e rever todos os meus
critérios e julgamentos a respeito da graça de Deus. Apesar de ser um
instrumento usado por um esquema pesado de satanismo, a· misericórdia
do Senhor prontamente se manifestou sem merecimento e com mão forte
amarrou meus inimigos e me libertou das garras do príncipe das trevas.

CAPÍTULO 20
A DESINTOXICAÇÃO

Ao chegar em Montes Claros, fiquei morando com meus pais, os


quais me encaminharam para um tratamento médico pois o meu corpo
físico estava debilitado e precisava ser desintoxicado de tantas práticas no
ocultismo: foram mais de dez anos utilizando águas fluídas consagradas e
substâncias homeopáticas que sugavam toda a minha vitalidade, marcas
deixadas por Satanás e que levam um tempo para serem desfeitas.
Também pudera, em todo este tempo, com base no número de
atendimentos, psicografias, psicofonias, mensagens e outras práticas,
creio que recebi aproximadamente 8.000 espíritos. Estava intoxicada
fisicamente e espiritualmente.
Após ser liberta daqueles espíritos, minha mente precisou de tempo
para se adaptar pois não estava acostumada a tomar decisões e ter
opinião própria. Ter a mente livre de espíritos foi um novo desafio a
vencer. Foi como uma escrava que após ser liberta, passou a ter
dificuldades para sobreviver por não ter profissão e sempre viver
controlada por outras pessoas, não sabendo fazer outra coisa senão o seu
trabalho diário. Assim também, desde a minha infância fui escravizada
pelo espírito "ÂngeloIEurípedes" (*). Ele escravizou o meu corpo físico e a
30
minha mente. Ele se incorporou em mim de tal forma que me sentia
amputada dos meus membros, retirou minha capacidade de julgamento
próprio me fazendo agir de acordo com seus pensamentos e não com os
meus.

CAPÍTULO 21
O BATISMO – A TENTAÇÃO

Oito meses depois de chegar em Minas Gerais estava sendo


batizada numa igreja evangélica onde senti uma diferença enorme. Fiz
estudo bíblico, assisti programas evangélicos na televisão e comprei
revistas evangélicas com gravações de áudio e vídeo que muito me
edificaram. Fiquei maravilhada com a Bíblia. Tenho profunda alegria de
meus filhos terem conhecido a Palavra de Deus quando ainda pequenos.
Sempre que o desânimo e o cansaço me abatiam eu recorria a Bíblia e o
meu ser se renovava de esperança pois nela encontram-se belíssimas
promessas de amor e redenção.
Eis alguns versículos que marcaram a minha conversão os quais
tenho como promessas de Deus na minha vida. Estão no livro de Isaías,
capítulo 54:

1) Porque os filhos da desamparada serão mais numerosos do que os da


mulher casada; declarou o Senhor;

4) Nada temas, não será desapontada. Não te sintas perturbada. Não terás
do que envergonhar-te, porque vais esquecer-te da vileza de tua
mocidade. Já não te lembrarás do opróbrio de tua viuvez;

5) Porque seu esposo é o Criador. Chama-se o Senhor dos Exércitos. Teu


Redentor é o Santo de Israel. Chama- se o Deus de toda Terra;

6) Como uma mulher abandonada e aflita eu te chamei. Pode-se repudiar


uma mulher desposada na juventude? Diz o Senhor teu Deus.

7) Por um momento eu havia te abandonado, mas com profunda afeição


eu te recebo de novo;

8) Num acesso de cólera, volvi de ti minha face, mas no meu eterno amor,
tenho compaixão de ti;
31
10) Jamais meu amor te abandonará e jamais meu pacto de paz vacilará.
Diz o Senhor que se compadeceu de ti;

13) Todos os teus filhos serão instruídos pelo Senhor e a felicidade deles
será grande. Tu serás fundada sobre a justiça;

17) Qualquer arma forjada contra ti, será destinada ao insucesso e na


justiça ganharás causa de qualquer língua que quiser te acusar. Tal é o
apanágio dos servos do Senhor, tal é o triunfo que lhes reserva, diz o
Senhor.

Após minha conversão ao Evangelho de Jesus Cristo, retornei ao


mercado de trabalho, ocasião em que recuperei a alegria de viver, fazer
novos planos e delinear projetos. Fui amorosamente conduzida pelo
Espírito Santo a uma plenitude de paz espiritual nunca vivida.
Testemunhava de Jesus para todos com destemor. Entretanto, o inimigo
espiritual, aquele que tentou Jesus após o seu batismo, estava me
espreitando, aguardando o momento para me atacar e tentar tirar de mim
o propósito de servir somente à Deus por meio de nosso Senhor Jesus
Cristo.
Uma pessoa sendo casada, começou a me seduzir, não percebendo
que estava sendo usada como instrumento pelo diabo. Fiquei
decepcionada com suas investidas e com minha ingenuidade, ocasião que
nos afastamos. Fiz o propósito de ter mais cuidado com os planos do
diabo pois ele conhecia a área da minha vida na qual eu estava mais
carente para me tentar. Apesar de tudo, cresci muito com esta
experiência, amadureci e aprendi a ter discernimento das estratégias do
diabo e fiquei mais vigilante. Também vi o cuidado de Deus com minha
vida espiritual não permitindo que este fato se prolongasse a ponto de
criar raízes. O inimigo tentou me fazer sua presa, mas não conseguiu. Ele
não quer perder e nem ceder. É um eterno insistente que tenta voltar às
suas antigas posses. Por isso, digo que ser liberta não é fácil, mas mais
difícil é manter a libertação. E sem a nossa obediência e santidade, as
bênçãos de Deus em nossa vida ficam comprometidas. A santidade cria
um escudo que neutraliza os ataques do inimigo. Por isso Jesus alertou:
“vais e não peques mais” (*) deixando claro que muitos sofrimentos e
maldições em nossa vida são conseqüências dos nossos pecados.

32
Minha Aliança Pessoal com Deus

Reconheço que Jesus Cristo entrou em minha vida e declaro que Ele
é meu Senhor. Tudo que sou e tenho está debaixo do Seu comando, para
fazer o que Lhe é agradável. Unir-me-ei a uma Célula Familiar e à Igreja,
considerando que ali está minha família espiritual.
Aprenderei a orar e a ouvir a voz de Deus para saber como me
conduzir e como ser um instrumento para abençoar outras vidas.
Com a graça de Deus eu me comprometo a ser um instrumento da
visão de. Jesus de ganhar almas e fazer discípulos para Cristo.
Neste propósito, peço ao Espírito Santo para tomar minha vida e
fazer dela um motivo de alegria para minha família, bênção para minha
geração e glória de Deus.

CAPÍTULO 22
O ENGANO – PREPARE-SE

Prezado leitor, prepare-se. Satanás é sujo. Sua especialidade é


enganar e produzir lama, seu intento é homicida e sua sanha é feroz e
doentia.
Nestes dez anos de espiritismo, vi Satanás libertar várias pessoas de
um problema mas criava outro na sua vida. Muitos foram curados
fisicamente, mas após o tratamento sofriam com alterações mentais e
emocionais que vinham com o tempo, prejudicando suas personalidades,
famílias e profissões. Se o problema era uma depressão emocional, após
o tratamento surgiam problemas físicos. Melhoravam-se os
relacionamentos afetivos ou familiares, mas piorava as finanças.
Libertava-se dos vícios, mas o preço era o suicídio. As pessoas que
buscavam tratamento, recebiam mensagens de desencarnados, mas em
troca destes contatos, os espíritos provocavam loucura na família. Quanto
mais especializado era o tratamento, mais pesadas eram as
conseqüências para a pessoa tratada. Entretanto, eu não percebia esta
troca.
Enquanto escrevo este capítulo sinto-me constrangida em saber
como fui inocentemente cercada e enganada pelos príncipes espirituais
33
deste mundo(*). Matar, roubar e destruir, mentir e enganar são
especialidades do Curriculum de Satanás e seus anjos.
Amadorismo! Esta palavra não existe no dicionário luciferiano, bem
como a palavra improviso. O reino das trevas possui uma estrutura
organizacional super organizada. São legiões que trabalham em equipe e
todos os seus planos são meticulosamente calculados. Paciência,
perseverança e camuflagem são características próprias destes espíritos
que agem de forma maquiavélica. Eles nos transmitem palavras e
filosofias com aparência de sabedoria, nos ensinando a cultivar a
humildade e abster das vaidades desnecessárias, mas por traz destas
palavras agem como lobos devoradores. Determinam maldições nas
famílias e as perpetuam de geração em geração. É claro, que para isso, a
pessoa primeiramente dá lugar à ação diabólica, através do pecado,
principalmente a idolatria e o contato com espíritos familiares.
A ação dos maus espíritos em minha vida teve origem na idolatria
praticada pelos meus antepassados portugueses e indígenas, adeptos ao
xamanismo, abrindo assim as portas para o diabo agir em suas vidas
transmitindo suas maldições de geração em geração até chegar em mim
para fazer-me sua discípula no ocultismo.
Este lobo vestido com pele de cordeiro devorou trinta anos da
minha vida com seus prodígios e mentiras. Aproveitou da minha total falta
de conhecimento bíblico. Camuflou-se perfeitamente como anjo de luz e
"discípulo" de Jesus. Mas Deus transformou maldição em benção.
Quantos alertas a Bíblia fornece acerca do engano. Quantas pessoas
estão envolvidas em seitas onde fazem da Bíblia apenas um pano de fundo
para camuflar suas más intenções. Ela nos avisa constantemente que
muitos serão enganados, especialmente nos últimos tempos. Vemos isto
se cumprindo na disseminação do ocultismo, contaminando as mentes
infantis e juvenis. Quantos acreditam em duendes, tarôs, búzios, etc. e
relegam a Palavra de Deus como algo que não deve ser levado a sério!
Eles ridicularizam a Bíblia e relegam-na em segundo plano como coisa de
"atrasados" e de "gentinha" sem cultura, sofismas que o reino das trevas
influi com seu discurso científico e materialista.
A única arma contra as seitas e o ocultismo é pregar a palavra de
Deus vacinando as crianças contra este espiritualismo barato que enche
nossas TVs, revistas, filmes, brinquedos, marcas.
Considero a Maçonaria e o Kardecismo os dois braços mais
poderosos do satanismo. Vale ressaltar que "expulsam" e "exorcizam"
somente os espíritos inferiores, mas os chefões continuam imunes. Estes
não se manifestam com facilidade como os espíritos de umbanda e
candomblé. Os espíritos chefões entram em igrejas evangélicas e assistem
aos cultos. Ficam ocultos, disfarçados. Esta estirpe acompanha falsos
34
convertidos e desviados. Disseminam dentro das igrejas evangélicas os
falsos dons de profecia e de línguas. Disseminam até a feitiçaria entre os
Cristãos. Se apresentam como pessoas humildes mas são espíritos
enganadores. A iniqüidade é a sua marca. A santidade e obediência seus
repelentes. A desunião seu alvo. A destruição sua meta.
Satanás opera e muitas pessoas ainda duvidam da sua existência.
Ele exerce um poder de influência que penetra em todos os setores desde
a moda até o conhecimento científico. Suas digitais estão na violência, na
miséria, nas doenças, nas famílias destruídas e sua assinatura é visível em
todas as áreas da vida humana. Suas marcas estão nas faculdades,
empresas, na medicina, arquitetura, Bancos, Política, Igrejas, etc. Foi deste
reino que fui transportada. É desse reino que Jesus tem se colocado como
meu escudo. Ele venceu este reino na cruz por mim e vencerá por ti se
entregar-lhe sua vida e buscá-lo com perseverança.

CAPÍTULO 23
COMO EVANGELIZAR KARDECISTAS

Evangelizar Kardecistas é uma tarefa árdua que requer um profundo


discernimento espiritual e estratégias enviadas por Deus. É necessário
buscar do Espírito Santo, discernimento para conhecer as estratégias
necessárias para alcançar pessoas tão generosas e dedicadas, iludidas pelo
engano de sinais e prodígios produzidos por agentes trevosos e pela
embalagem da caridade. Somente com as ferramentas espirituais que as
Escrituras nos fornecem é que podemos vencer as hostes espirituais da
maldade.
Com os Kardecistas é necessário "tato". Não podem ser tratados
como "umbandistas" pois não fazem "nenhum" tipo de trabalho. Não
bebem sangue, não matam animais, não fazem despachos nem sugerem o
termo "mesa branca". A magia ali é de outro nível e os trabalhos são feitos
num patamar que os umbandistas desconhecem. Todos os Kardecistas
abominam Umbanda, Candomblé e Quimbanda. Considera-os maléficos.
Eles se consideram colaboradores de Jesus na obra de "limpeza" do
planeta Terra.
É necessário um maior conhecimento no meio evangélico de como
ganhar Kardecistas para Jesus. Antes de tudo é preciso muita consagração
e santidade. São hierarquicamente de uma esfera com inteligência e
astúcia impressionantes. Não sabem que estão sendo usados por Satanás.
35
Não acreditam em Inferno, pecado e demônios. São terrenos que não
encontram "eco" em suas mentes, pois foi apagado qualquer registro
bíblico.
O testemunho de vida dos evangélicos são muito observados pelos
Kardecistas. A primeira Bíblia que o incrédulo lê é a vida do crente. Por
isso devemos ter uma vida disciplinada e com o pensamento cativo em
Cristo. Satanas imita os crentes. Ele age na hipocrisia determinando que os
Espíritas sejam humildes e praticantes da caridade, ser transparentes,
pregar e praticar o amor genuíno pela salvação de todos aqueles que se
dedicam piamente as atividades filantrópicas e gratuitas em prol do
"bem".
Nenhum caso de conversão de Kardecista é difícil ou impossível
para Deus. Quando vejo o que Jesus fez em minha vida em tão pouco
tempo e de forma tão simples, me encho de esperanças de que o Espírito
Santo capacita e realiza. Devemos ser humildes e depender
exclusivamente de Deus. Sem a proteção devida nossa mente seria um
campo de batalha.
Muitas pessoas dão ouvidos à doutrina de demônios e se deixam
manipular por espíritos enganadores porque não tiveram a oportunidade
de conhecer a Verdade.

CAPíTULO 24
A CURA DA MINHA ALMA – RECONCILIADA COM DEUS

Um ano se passou desde o meu batismo. No entanto, a partir do


início dos meus estudos bíblicos, o inimigo adentrou aos poucos em
minha vida nas áreas financeira, familiar e profissional. Comecei a ter
problemas. Mesmo evangélica, ele me rondava 24 horas e senti falta nesta
época de um acompanhamento mais próximo de um irmão na fé que todo
novo convertido precisa. Fiquei "solta", sem alguém para me esclarecer o
que se passava comigo. O pensamento de que ao me converter não teria
mais contato com o "outro lado" me fez desanimar. Esfriei na Igreja. Me
perguntava porque passava por estes problemas se havia aceitado Jesus,
renunciado os espíritos e batizada em uma verdadeira fé? Por que Deus
permitia que espíritos imundos se camuflassem sob o manto da caridade e
da filantropia para enganar as pessoas, usando o nome de Jesus, fotos e
versículos bíblicos? Não aceitava essa permissividade.
36
Buscava respostas na Bíblia e ao abrir no Salmo 147, estava escrito:
"O Senhor sara os quebrantados de coração e lhes ata as suas feridas."
Então entendi que faltava dentro de mim a "cura da alma" pois meu
interior era carregado de culpas, mágoas e decepções. Uma depressão
tomava conta do meu ser e não cedia. Estava livre em Jesus, mas o peso
das correntes ainda se fazia sentir. Faltava-me determinação para me
entregar totalmente a Ele. No entanto, com o intuito de me aperfeiçoar, o
Senhor me enviou para participar de uma Reunião denominada “Encontro
com Deus”, realizada pela Convenção Batista Nacional e dirigida pela
Igreja Batista Renascer de Montes Claros onde passei a ser pastoreada
com mais cuidado e proximidade. Uma equipe foi especialmente
designada para acompanhar-me. Passei por ministrações individuais de
aconselhamento e cura interior. Aprendi a fazer uma oração renovada de
poder a qual me preparou para as próximas batalhas. O confronto foi
tremendo. O despojo de guerra enorme. Entretanto a misericórdia de
Deus atuou de forma esplêndida. Eu apenas me predispus com todo o
meu coração e com todas as minhas forças a colaborar com a obra de
salvação que o Senhor iniciava em minha vida.
Pouco a pouco Deus transformou o meu exterior e interior, de
forma madura e dedicada, ocasião em que a minha alma foi curada. A
libertação ocorrida no meu ser reflete bem o que o salmista Davi quis
dizer no Salmo 124, versículos 6 e 7: O Senhor, mesmo sabendo que o
inimigo estava com os dentes próximos de sua presa, fez minha alma
escapar como um pássaro dos últimos laços que prendiam. O Senhor
quebrou definitivamente estes laços, eu escapei e voei como a águia.
Montes Claros-MG, Janeiro de 2002. Três anos se passaram do meu
encontro com Jesus Cristo. Alimento-me da Palavra de Deus diariamente.
Tenho feito da oração um estilo de vida e da comunhão com a Igreja uma
forma de crescer. Todo o meu passado, marcado pela falta de
entendimento foi perdoado por Jesus Cristo no meu batismo. As "obras
más" que desagradavam a Deus foram demolidas e Ele me fez nascer de
novo. Reconciliei-me com Deus através da obra redentora de Jesus Cristo
e por isso lhe tributo o seguinte louvor:
Reconciliada com Deus tenho a mente livre para pensar e não para
ser controlada por Espíritos imundos.
Reconciliada com Deus posso dirigir a minha vida sem ansiedade,
sabendo que tudo está sob o seu controle.
Reconciliada com Deus tenho a oportunidade de ir até o meu
Senhor Jesus e confessar-lhe os meus pecados na certeza que Deus me
perdoará.
Reconciliada com Deus buscarei a santidade como um propósito de
vida.
37
Reconciliada com Deus, tenho a certeza da salvação e encaro a
morte com serenidade.
Reconciliada com Deus, servirei o próximo em suas necessidades.
Reconciliada com Deus mortifico todo dia o egoísmo e me entrego
totalmente e exclusivamente a Ele sem reservas.
Reconciliada com Deus vejo a Trindade Santa em todos os setores
da minha vida, especialmente nos momentos angustiosos.
Reconciliada com Deus prossigo numa caminhada belíssima onde o
Condutor é Jesus Cristo.
Reconciliada com Deus, sou vivificada, pois pela sua graça fui salva
da morte e do inferno.

O capítulo 2 da carta escrita pelo apóstolo Paulo aos Efésios,


transcrito abaixo, expressa a obra redentora do nosso Salvador Jesus
Cristo, deixando claro que somos salvos pela graça, isto é, pela fé em
Cristo Jesus e não pelas nossas obras de caridade ou de assistência social
como pensam os espíritas. A salvação é um dom gratuito de Deus, é de
graça, pois o valor das boas obras que podemos praticar em nossa vida
nunca corresponderá o valor da salvação das nossas almas. Entretanto, as
boas obras são os frutos da obra redentora de Jesus Cristo. Devemos
praticar boas obras como gratidão a Jesus Cristo que nos salvou e nos
vivicou e não com o intuito de sermos salvos.

Capítulo 2 da Carta Escrita Pelo


Apóstolo Paulo aos Efésios

Pela Graça Sois Salvos


“1
E vos verificou estando vós mortos em ofensas e pecados 2em que
neutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe
das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da
desobediência, 3entre os quais, todos nós também andávamos nos desejos
da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos
por natureza filhos da ira, como os outros também, mas Deus, que é
riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito 4amor com que nos amou,
5
estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente
com Cristo. Pela graça sois salvos, 6e nos ressuscitou juntamente com ele e
nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, 7para mostrar nos

38
séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua
benignidade para conosco em Cristo Jesus, 8porque pela graça sois salvos,
por meio da fé, e isto não vem de vós, é Dom de Deus, 9não vem das
obras, para que ninguém se glorie, porque somos feitura sua, criados em
Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus proporcionou para que
andássemos nelas”

Mensagem De Um Folheto Recebido


Em Uma Igreja Evangélica

Filho, como estou triste sem saber onde você anda!


A cada minuto, meu coração se aperta mais, e me pergunto:
"Por que você resolveu deixar a sua casa?"
Andamos juntos por anos, choramos, nos alegramos,
vivemos intensamente nossas vidas.
Tenho a certeza que todos viam nossa união!
No entanto, num dia, você quis mais aventura,
mais vida, e foi-se separando da sua família.
Deixou aqueles que o amavam,
achando que seus novos amigos eram tudo,
e principalmente, uma oportunidade de uma vida melhor.
Filho, por onde você anda? Qual será o seu caminho?
Está com fome, frio, conflitos em sua vida?
Venha, volta para casa de seu pai!
Vamos caminhar juntos novamente!
Eu quero estar com você!
Venha, meu filho, venha sem demora.
Com os braços sempre abertos eu estou a lhe esperar

CAPÍTULO 25
O ANJO QUE DEUS ENVIOU

Quando morava em Cárceres no Estado do Mato Grosso, e nascido


o meu segundo filho, Deus enviou um "anjo" para acompanhar minha
caminhada. Seu nome era Milena. Sendo minha massagista e conselheira,
39
exerceu um papel ímpar em minha conversão. Durante sete anos ela orou
por mim com perseverança e destemor. Evangélica desde criança, nossa
amizade fortaleceu-se e sou grata a ela pelos cuidados que prestou. Nunca
desistiu de lutar e com uma fé inabalável, não se intimidou com as
circunstâncias, mas Deus a sustentou no processo da minha conversão.
Operando Deus, quem impedirá? Foram essas palavras que deram a
ela vitória em suas petições diárias a Jesus em meu favor. Somos hoje,
irmãs em Cristo. O impossível tornou-se possível com a poderosa força
intercessora da oração. Através de suas orações, Jesus Cristo desmontou
uma estrutura e destronou o poder das trevas. A considero como a minha
mãe no evangelho e exemplo de perseverança e determinação. Peço a
Deus diariamente que a retribua abundantemente em bênçãos espirituais.

Depoimento De Milena Carla Capello Jorge,


Minha Mãe No Evangelho

No momento que conheci a Janice trabalhando em sua locadora de


vídeo, senti uma emoção inexplicável e uma vontade enorme de chorar.
Não sabia o motivo, mas ao saber que era espírita, descobri que aquele
sentimento era da minha alma antevendo a batalha e a missão que teria
pela frente.
Comecei a trabalhar com ela numa estética e em sua casa cuidando
das crianças. Percebi que o seu filho mais velho, o Andrei de nove anos,
era muito indócil, e tinha algo estranho que o perturbava. Era o inimigo
que tirava a sua paz, mas eu sempre pedia ao Senhor para acalmá-lo.
Eventualmente, minha mãe dormia na casa da Janice. Um dia às
quatro horas da manhã ela me telefonou falando que estavam sendo
assaltadas e pedindo oração desesperadamente. Apavorada, logo me
ajoelhei e orei. Deus ouviu a minha oração e não deixou que nada de mal
acontecesse a elas. Eu tinha certeza de que era o adversário das nossas
almas que fazia tudo aquilo para perturbar a Janice. Ficamos amigas e ela
foi madrinha do meu casamento. Meu marido me falava: toma cuidado
com esta amizada, a Janice é espírita . Eu só respondia: Vamos orar por
ela.
Li muitos livros espíritas. Nada daquilo me abalava. Pelo contrário,
quanto mais lia, mais sentia que tinha uma missão de dar o testemunho
de Jesus Cristo para ela. Aquela missão seria longa e exaustiva.
Quando conversava com ela sobre seus problemas, chorava ao
sentir que existiam muitas diferenças entre nós. Mesmo assim a amava de
40
coração. As pessoas me perguntavam como eu lidava com a situação
sendo ela espírita e eu evangélica. Respondia que não debatia com ela
sobre suas crenças. Apenas orava pedindo que Deus tivesse misericórdia
dela, pois sabia que tinha um coração puro e uma bondade imensa. Nunca
me esqueci dela e nem das crianças nas minhas orações.
Eu estava sempre por perto dela nos momentos difíceis da sua vida.
Ela tinha a vida muito atribulada e sua saúde não estava boa. Seu
casamento acabou. Piorou mais ainda quando morreu afogado em sua
casa, o filho de sua empregada e aumentou as suas brigas com as pessoas
do Centros Espírita. Teve que ser hospitalizada. No enterro do menino, ela
estava transtornada mas eu não podia fazer nada, apenas orar por ela.
Um dia sua mãe me disse: tire a minha filha do espiritismo, isso está
acabando com a vida dela. Eu lhe disse que só poderia orar e que só Deus
poderia tirá-la do espiritismo.
Janice me dizia que a nossa ligação era forte porque eu devia ter
sido sua mãe em outra encarnação. Eu não dizia nada, pois sabia que a
nossa ligação era um meio pelo qual, Deus lhe revelaria a graça de nosso
Senhor Jesus Cristo.
Um dia a Janice me contou uma visão em que muitos gafanhotos
grandes sobrevoavam o Centro Espírita. Senti uma alegria muito grande
entendendo que Deus iria permitir um grande movimento no centro,
através do qual o Ele iria iniciar uma obra de salvação na vida de Janice.
Eu chorava de tristeza quando via a Janice naquela situação
desesperadora com problemas de saúde, conflitos no Centro espírita e no
casamento, mas hoje eu choro de alegria por saber que ela conheceu o
verdadeiro evangelho e agora é minha irmã tendo Jesus Cristo como seu
único guia e real Salvador. Amém.

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CAPÍTULO 26
TESTEMUNHOS DE EX-ESPÍRITAS CONVERTIDOS AO CRISTIANISMO

Depoimento De Jésus Zinhani, Ex-Diretor De Ações Sociais Do


Centro Espírita De Caceres-MT, Hoje Diácono Da Igreja Do
Evangelho Quadrangular

Janice (Jane), nome de origem hebraica que significa Deus é graça.


Para ela o amor em todas as suas expressões é fascinante, nunca duvide
de seu talento, sua força e da sua inabalável fé em Deus. Ela era médium
muito respeitada e evidenciada pelo seu poder no mundo dos mortos, era
exímia líder nata, comandava uma legião de adeptos do espiritismo. Ela
não precisava convidar ninguém, a sua presença e a divulgação dos seus
préstimos era o suficiente para as pessoas virem chegando e ficando, não
cobrava nada, tudo era gratuito. As funções eram distribuídas a todos os
médiuns da casa que cumpriam a risca, foi a fundadora da Fraternidade
Dias da Cruz e um Educandário do mesmo seguimento. A princípio a Janice
era uma mulher muito abastada financeiramente e eu testemunhei essa
grande mulher de Cristo que lutava, curava, empregava a caridade e o
amor sem reservas, sem receio e constrangimento. A sua luta era
incansável com os menos favorecidos. Ela visitava bairros pobres,
hospitais, casas de detenções, onde precisasse de orações lá estava ela
com seus comandos, sem esquecer-se dos aniversários dos participantes
do grupo espírita, visitando-os em suas residências. É maravilhoso que
uma vida não se acabe como uma chama sem alimento, quando nada
contém além da miséria e trabalho, quando não se oferece alegria, nem
permite descanso, não tem beleza e um mínimo de esperança. A Janice
adentrava nestes bairros pobres com sua equipe para evangelizar, orar,
dar passes, alegrava a todos com os hinos evangélicos, ouvir velhos,
crianças, jovens, sem distinguir raça, religião ou posição social. Havia a
sopa comunitária, as roupas, fogões e geladeiras doadas, além dos
remédios e da assistência médico-hospitalar. Além do seu abraço sincero,
o sorriso e o ânimo, apesar de ser uma serva competente de Deus. A
Janice tem uma aparência franzina e possui cabelos loiros o que lhe valeu
o apelido carinhoso de boneca Barbie.
Janice acreditava que homens e mulheres são criaturas pacientes e
capazes ao sofrimento, o que os faz suportar muitas vezes a força que lhe
foi concebida pela natureza. Mas ela encarava os fatos com amor a Jesus e
muito carinho a todos, visitava a todos os bairros (ao todo sete bairros
carentes) abraçando a adultos e crianças que sofriam sem se lamentar. A
Janice falava de Jesus com tanto amor que abrandava os corações,
42
confortava e dirigia o perdão, então ocorria uma transformação naquela
gente humilde, que saia dali felizes e esquecidos dos sofrimentos.
Além do trabalho nos bairros carentes, a Janice administrava uma
série de cursos dentre eles de yoga e mediunidade, corte e costura,
manicure, bordados e muitos outros que atendiam a diversas camadas
sociais. Tudo isso em nome do amor, caridade e da fraternidade com que
Cristo nos ensinou.
Alguns fatos ficaram registrados pela sua equipe: Certa vez, a Janice
acompanhou uma velhinha que ficava a mendigar nas ruas e verificou que
a mesma morava em um casebre feito de bambu. As condições do casebre
eram horríveis, as paredes eram esburacadas e dava a impressão de que
não havia paredes. Com dez dias, a Janice mandou construir uma casa de
alvenaria e passou a usar o casebre como ponto de distribuição de sopa. A
velhinha recebeu roupa e comida e foi suprida de todas as suas
necessidades.
Em outra ocasião quando fazia muito frio, a Janice passava pelas
ruas da cidade e viu um pobre homem tremendo de frio. Pediu ao seu
marido que parasse o veículo, desceu e aproximou-se do coitado, tirou sua
luxuosa blusa de lã, presente caríssimo do marido, e vestiu o homem, deu-
lhe um abraço e pediu um beijo no rosto.
Certa vez, fomos informados que uma das famílias que dávamos
assistência a enchente estava invadindo um casebre e as crianças das
famílias corriam risco de se afogarem. Ao' chegar no local, verificamos que
teríamos de atravessar uma lagoa que tinha muita sujeira, inclusive o
esgoto havia poluido a lagoa. Não foi surpresa ver a Janice atravessar a
lagoa com água até o pescoço para socorrer as crianças. Outras pessoas
que estavam na equipe não tiveram a mesma coragem.
Um dia, a Janice estava a caminho de casa. Quando viu uma mãe e
seus cinco filhos debaixo de uma árvore, levou-os para sua casa, deu-lhes
banho e comida. No outro dia, providenciou moradia e assistiu-a com
cestas básicas, remédio, escola e um salário mensal. Fazia pelo amor e a
caridade que ela aprendeu segundo o espiritismo. Mas o inexplicável
aconteceu. Ela desrespeitou as regras do espiritismo rígido e passou a
fazer a leitura da Bíblia Sagrada, e se não bastasse começou a cantar hinos
evangélicos. Aí então, foi sem dúvida o começo dos problemas e uma
enxurrada de desgraças e desagradáveis acontecimentos. A Janice
começou a padecer e ela sempre perguntava que Deus era aquele do
espiritismo. Reencarnação? Pagamento dos males feitos em outras vidas?
Eu e outros semelhantes que seguem Jesus, provavelmente teremos
sofrimentos e frustrações de algum modo. (Isaías 53).

43
Teve o seu último livro publicado "O cidadão de dois mundos", de
um piloto jovem que perdeu a vida em um acidente aéreo no norte do
Mato Grosso.
Chegava assim o fim de seus dias de médium. Para ela não sobrou
nem esposo, amigos e finanças, nem o centro espírita ao qual havia
fundado. Apenas os três filhos pequenos para criar e a fé em Deus e do
grande mestre Jesus. Janice então escolheu em ser evangélica através do
caminho oferecido por Jesus, que até então para ela era o governador da
Terra e hoje ela sabe que é o Deus vivo. Aqueles que eram da sua equipe
se tornaram evangélicos também, pois ela é um exemplo de fé para todos
que seguiram sua caminhada, inclusive eu.
Janice nunca desistiu da busca da felicidade juntamente com seu
maior orgulho: seus três filhos. O Senhor é o meu pastor, nada me faltará
(Salmo 23:1). Janice trocou o espiritismo pela graça do Espírito Santo e
hoje goza de plenitude de paz e alegria, plenitude de alimentos, energia e
forças, plenitude de amor, saúde e vida.
A fidelidade significa uma atitude de confiança, quando se tem FÉ. É
uma demonstração do caráter leal e fiel ao Senhor Jesus Cristo, de quem
sempre seguiu as suas pegadas.
Os pecados cometidos contra o Pai ou o Filho podem ser perdoados
porque o Espírito Santo é quem nos conduz ao arrependimento.
Obrigado, mulher de Cristo, por ter te conhecido e aprendido a
amar tanto o Senhor, como você ama. Deus te guie sempre até a sua
etemidade.

Depoimento De Antônio Roosevelt Bezerra De Menezes Ex-


Médium, Sobre Sua Conversão Ao Evangelho De Jesus Cristo

Antonio representa a quarta geração do Dr, Bezerra de Menezes que


foi o primeiro presidente da Federação Espírita Brasileira, Vereador,
Deputado e Prefeito do Rio de janeiro. Veremos seu depoimento a seguir
copiado da revista “A Voz Adhonep”.

Meu tataravô Bezerra de Menezes era uma pessoa muito caridosa e


respeitada. Costumava dizer que aquele que não ajudasse um enfermo,
ainda que pela madrugada, não subisse o morro e fosse socorrê-lo, não
era um médico, mas um maldito. Um dos seus princípios básicos era o
amor ao próximo.
Nasci nesta família que seguia o Kardecismo e vivia o evangelho
segundo AlIan Kardec. Estávamos sempre nos centros espíritas, fazendo
44
trabalhos. Lembro que tinha uma tia na umbanda, e por isso nos
envolvíamos algumas vezes com esta seita, outras com o Kardecismo.
Fomos nos aprofundando. Na casa dela sempre ocorriam manifestações
sobrenaturais. Ela recebendo espíritos que nos traziam mensagens de
"Deus". Outra tia, após o jantar, tirava a mesa, colocava a toalha branca e
iniciava o trabalho de Kardecismo com orações e preces mediúnicas.
Na minha adolescência comecei a ter amizade com rapazes cujos
pais eram donos de Centros Espíritas. E com isso começou a ocorrer uma
verdadeira salada de coisas. Fui então para o Budismo e as religiões do
Oriente. Comecei a praticar yoga e
quatro artes marciais. Passei a me
envolver com toda a ideologia da
Nova Era e a buscar o poder e as
realizações da mente. Andei atrás
de coisas sobrenaturais - o poder
latente da alma, o entrar em
lugares sem ser visto, pensar em
pessoas e elas surgirem. E come-
cei a me sentir cheio de poder.
Jesus sempre foi para mim
um grande ser iluminado e um
alvo para a minha vida. Imaginava
que se continuasse a crescer
espiritualmente seria um dia como
Jesus, Gandhi, Buda, ou outro ser
superior. E minha família
continuava a conviver com o
espiritismo, trabalhos, seções e
operações mediúnicas. Um dia, quando trabalhava na construção de um
edifício, dois reverendos Cristãos vieram falar comigo de Jesus, um Jesus
muito diferente daquele que eu conhecia nas reuniões kardecistas. Mas
eu confesso que odiava os cristãos!
Sempre que os via com a Bíblia na mão, ou debaixo do braço, ficava
enraivecido. E quando via Bíblias com zíper, mais enfurecido ainda ficava!
O pior é que um dia meu irmão chegou em minha casa com uma Bíblia
daquelas distribuídas nos colégios. Ao vê-lo, fui logo dizendo: “Taca fogo
nessa Bíblia! Isso aí não é nosso! Nós somos espíritas, temos o evangelho
segundo Allan Kardec; esse sim, é o evangelho que vamos seguir! Um por
menor interessante é que no evangelho segundo Alan Kardec, bem no
começo, existe um texto que diz que no início o evangelho segundo
Kardec chamava-se "A Imitação do Evangelho", Então eu pergunto: quan-
do queremos alguma coisa buscamos o original ou a imitação? Comecei a
45
refletir, a ficar meio cismado. Saí muito abalado daquele encontro.
Abalado porque embora acreditasse em outras vidas e na teoria
reencarnacionista, me veio uma dúvida: E se o que eles dizem for
verdade? Fiquei muito preocupado. Lembro que não gostava de Bíblia,
nem a lia nunca. No entanto, li um monte de livros, como o Evangelho de
Buda, e na Rosa Cruz estudei profundas técnicas de estudo da mente. Mas
de repente comecei a me interessar pela Bíblia, porque o que ouvira me
despertou a curiosidade.
Costumava psicografar, ter revelações e contato com os mortos -
assim como minhas tias e outros familiares. Eu era empresário, dono de
uma construtora, e minha vida começou a ficar muito ruim, os negócios
entrando em crise: Passei a me afundar cada vez mais no espiritismo e a
cair em desespero. O que aconteceu na verdade foi que comecei a seguir a
tradição espírita verdadeira. Pesquisando a vida de Allan Kardec, descobri
que na França - país onde ele fundou a religião - o espiritismo não
subsistiu. Ele se perdeu totalmente, e hoje não tem influência na
sociedade. Das ciências ocultas, só a magia negra tem hoje força naquele
país. O próprio Alan Kardec, que em 1824 fundou uma escola idêntica à de
seu amigo Pestallozzi, faliu. O Dr. Bezerra de Menezes, que foi Prefeito do
Rio de Janeiro e pessoa de renome, perdeu tudo que tinha no final da sua
vida. E até os meus avós perderam seus bens, ao se envolverem com o
espiritismo. E não foi diferente comigo. Minhas finanças começaram a
seguir as tradições espíritas verdadeiras. Eu tinha uma empresa, e num
determinado momento comecei a sofrer tremendas perdas. Cheguei a
perder quase milhares de dólares em meus negócios! Uma loucura!
A situação se tornou tão terrível, que minha vida ficou
completamente acabada; virei um derrotado. Comecei a pensar realmente
em suicídio; uma voz me sussurrava: "Você já era! É hora de tentar o
suicídio!" Eu era sócio do melhor clube da cidade: a Sociedade Hípica.
Tinha quatro veículos, uma motocicleta, motorista particular, enfim,
desfrutava uma vida estável, muito boa. Aliás, eu anunciava a quantos
podia que encontrara o Caminho, a paz e a felicidade! Só que eu era
espírita e, insatisfeito, incontrolável, fui me envolvendo com ocultismo
japonês, Seichonoiê, yoga, artes marciais, Igreja Messiânica, Nova Era,
religiões orientais, seitas egípcias, cabala etc. Então perdi a empresa, os
carros e até a minha casa. Cheguei ao fundo do poço. Minha vida ia de mal
a pior. Mas aquela conversa com os reverendos não me saía da mente.
Lembro que não consegui esquecer algo que me disseram: "Quando você
conhecer a Verdade, ela vai libertá-lo!". Começou então uma grande
briga no meu interior. Havia duas vozes. Uma dizia que eu devia acabar
com a minha vida. Eu era campeão de tiro no exército. Era simples.
Bastava pegar um revólver e dar um tiro no ouvido. A outra dizia que Deus
46
me queria vivo, e ele tinha muitos planos para a minha vida. A luta no meu
íntimo foi muito intensa. Foram 33 anos de resistência à voz de Deus. Eu
não aceitava a verdade.
Minha vida financeira estava um verdadeiro desastre. Além disso
minha mulher vivia no hospital, com o sistema nervoso abalado e eu
andava aborrecido, porque o espiritismo não conseguia resolver seu
problema. A opressão dentro de mim aumentava cada vez mais. Até que
um dia resolvi me candidatar a vereador de minha cidade. E ao entrar em
campanha política procurei a Federação Espírita. Lá, a presidente me
disse: “Você é nosso candidato ideal; precisamos de um vereador espírita
na Câmara dos Vereadores. Vamos apoiá-lo". Deu-me então uma lista de
todos os centros espíritas da cidade. Havia Centro Espírita de mesa
branca, Umbanda, Kardecismo, Candomblé. Parti em busca de votos, e
para isso me afastei da família durante seis meses. Abandonei minhas
filhas e minha mulher. A situação ficou tão terrível que ela, num momento
de grande agonia, me disse: "Eu não posso mais viver com você! Pegue a
sua mala e vá cuidar da sua vida! Você não quer abandonar a campanha
política, e eu preciso de você como chefe da família. Vá embora!" Com a
família destruída, continuei a campanha. Um certo dia, quando cheguei
num centro espírita, vi uma médium totalmente incorporada. Ora, eu não
acreditava nem em Deus nem no diabo. No entanto a expressão daquela
mulher me assustou muito! A sua imagem estava distorcida. Seu rosto
tinha uma expressão demoníaca. O susto foi tão grande que saí correndo
daquele lugar. Foi terrível! De novo comecei a ouvir a voz: "Quando você
conhecer a verdade, ela vai libertá-lo!" Eu não gostava de cristão, nem de
igreja, nem de Bíblia, nem de nada. No entanto agora começara a temer
pelo futuro.
Sofria muito. Estava muito triste, louco para voltar para a minha
casa. Um dia um casal de amigos ex-espíritas me procuraram (eles haviam
feito um pacto, no Vale do Amanhecer, em Brasília, e eram
profundamente envolvidos com o espiritismo) e me disseram: "Bezerra,
aparece Já em casa, queremos conversar com você". Como precisava de
voto, fui até aquela casa pedir apoio para minha campanha política. Mos-
traria nossos planos para a cidade, as obras que precisavam ser feitas e a
legislação que necessitava de mudança. Lá pelo meio da conversa os dois
me disseram: "Você precisa de Jesus, você precisa conhecer a Deus!" Ao
ouvir isso, caí com a cara no chão! Completamente desacordado, comecei
a lembrar o que Deus fizera na minha vida, sem que nunca me houvesse
dado conta. Uma vez fui assaltado por três homens, eles colocaram o
revólver na minha cabeça e na barriga, levaram meu carro, e Deus me
livrou. Noutra ocasião sofri um acidente terrível em São Paulo, meu carro
pegou fogo e não morri. Também estive 22 dias internado, 9 em coma no
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hospital, e sobrevivi. Sofri um terrível acidente na Via Dutra, quando um
caminhão carregado de areia passou por cima do meu carro, eu e toda
família dentro, ninguém morreu. Ali, com o rosto no chão, lembrando de
tudo aquilo, ouvi a voz de Deus me dizendo: “Você não quer, agora, deixar
que eu cuide da sua vida de verdade? Não quer me entregar, agora, o seu
coração?" Lembrando de tudo, como se estivesse vendo um filme, e
chorando por dentro, disse: "Sim, Deus, eu quero entregar a minha vida!"
Quando disse isso, ouvi: "Bezerra, eu te recebo"
Ao abrir os olhos, chorando, vi diante de mim aquele casal de
amigos. Eles olharam para mim e disseram: "Bezerra, você quer entregar a
sua vida a Jesus?" E eu respondi: "Sim, eu quero!" Fiz minha primeira
oração e entreguei a minha vida a Deus.
Mas eu ainda tinha um problema muito sério: estava separado da
minha mulher. Queria voltar para a família. Minha vida tinha sido muito
complicada. Eu era um péssimo chefe de família. Minha mulher e eu nos
agredíamos verbalmente com palavrões, e a separação foi praticamente
inevitável. Resolvi então retornar a casa e voltar a viver com ela. Foi
terrível! Discutíamos muito. Até que eu desejei, do fundo do coração,
juntamente com aquele casal, levá-Ia à igreja. No dia marcado para isso,
cheguei a minha casa e fui direto para o banheiro. Trancado, e chorando,
fiz esta oração: "Senhor Jesus, salva a minha casa. Muda a minha vida!
Transforma a minha família!". No carro, durante o percurso, minha mulher
foi o tempo todo discutindo comigo. Ela queria que eu reagisse, que
brigasse com ela, e acabasse voltando no meio do caminho. No entanto,
dentro de mim eu repreendia o mal e clamava pela ajuda de Deus.
Quando chegamos à porta daquela igreja, algo maravilhoso aconteceu.
Deus encheu o meu coração, e a minha alma transbordou de alegria.
A reunião foi maravilhosa. No final, o reverendo disse a ela: "Deus
deseja que você e seu marido voltem a se amar". Mas ela não aceitou.
Contudo o pastor tinha tanta convicção do que estava dizendo que
respondeu: "Posso ir à sua casa e orar por sua família?" Ela respondeu:
"Pode, às 18h". (Respondeu afirmativamente porque sabia que na sexta--
feira, às 14h, assinaríamos a separação).
Desesperado, e ao mesmo tempo confiante no que Deus poderia
fazer na minha vida, liguei para o advogado e disse: "Olha, eu não quero
mais assinar a separação"; "Mas é impossivel! Está tudo preparado! " "Por
favor, não apareça aqui amanhã! por favor, não venha!. Ele não veio.
Na sexta-feira, desesperada, ela ligou muitas vezes para o
advogado, mas inutilmente. Até que às 18 horas chegou o reverendo.
Confiante, ele pediu licença para orar. Enquanto clamava a Deus por nossa
vida, disse que havia em nosso quarto um altar espírita de adoração. E
descreveu-o com tanta precisão que minha mulher e eu ficamos muito
48
impressionados. Chocado com aquilo, confirmei ser verdade. Então
perguntei-lhe: “Que devo fazer?” “Amigo, quebre tudo!” – respondeu
incisivo.
E o mais impressionante: enquanto eu quebrava aquele altar, minha
filha de apenas 2 anos de idade pegou uma Bíblia que eu tinha em casa,
uma Bíblia histórica Barsa, levou-a até minha mulher, abriu-a, apontou
com o dedinho e disse: "Mamãe, lê aqui", Minha mulher, sem entender
nada, olhou e leu sobre o divórcio. Minha esposa começou a chorar. No
dia seguinte, enquanto fazia compras, em profunda depressão ela pensou
em várias maneiras de suicídio. Atirar-se debaixo de um carro, jogar-se da
janela do apartamento, tomar veneno, cortar o pulso etc. Mas não
conseguiu. Deus estava operando na sua e na nossa vida.
Quando no dia seguinte voltamos à igreja, o reverendo perguntou:
"Existe alguém aqui que já tentou suicidar-se muitas vezes na vida, e
ontem tentou suicídio mais uma vez" Naquele momento, totalmente
contrita e desesperada, minha mulher levantou-se, entregou sua vida a
Jesus. Nós nos reconciliamos, e nosso casamento foi restaurado. A saúde
de minha esposa também foi restaurada! Hoje somos muito felizes e
temos três filhas lindas. Sou um homem livre!

CAPÍTULO 27
OCORRÊNCIAS DURANTE A EDIÇÃO DESTE LIVRO

Quando iniciamos o projeto deste livro, foi deflagrado um confronto


com Satanás e seus anjos. Não agradaria ao reino das trevas denunciar
seus esquemas, descortinar seus bastidores do ocultismo, libertar cativos
e glorificar Jesus Cristo pela sua grandiosa arma de salvação em minha
vida. Levantou-se hordas de espíritos do romanismo e da marçonaria para
esgotar-me espiritualmente. Sentimos os ataques vindos de todas as
formas e direções fazendo com que a edição fosse paralisada várias vezes.
Sinceramente, pensei em desistir. No entanto, havia feito um voto com
Deus ainda em 1999 de editá-lo. Sabia também dos resultados que os
testemunhos iriam produzir na colheita de almas para o reino de Jesus.
Além do mais, levei ao trono de Deus a seguinte questão: fui psicógrafa de
Satanás e através disso publiquei livros. Por que para Jesus há tanta
dificuldade? Por que o diabo dita e fala as regras?
Colocamos em ação um plano para enfrentar o exército de Satanás
e concluir o livro. Marcamos um prazo para a conclusão. Enquanto
editava, sete irmãos permaneciam em constante oração e jejum. Além
disso, recebemos a unção e cobertura do Pastor de nossa Igreja.
49
Entretanto, pessoas e situações eram colocadas para “roubar” a nossa
produtividade. O prazo expirou. Um sentimento de frustração tomou
conta de mim. Tranquei-me em meu quarto e por quatro horas orei como
nunca havia feito. No término desta súplica que foi uma total entrega e
dependência de Jesus, veio em minha mente quinze versículos que
inspiraram os temas de cada capítulo. Uma ordem me foi dada: Pare tudo
e escreva três capítulos por dia em uma semana. Sou grata por isso, pois
ao final deste prazo foi concluído o livro.
Fui testada na perseverança e na fidelidade à Deus. Ele venceu por
mim. Para tanto, apeguei-me ao versículo 36 do capítulo 8 do Evangelho
de João: Se pois o Filho vos liberta, verdadeiramente sereis livres. Foi com
este passaporte e completamente submissa a vontade de Deus que
cumprimos este propósito que irá alcançar vidas, transformar famílias e
auxiliar ministérios de libertação.
Nos próximos livros haverá um material exclusivamente para
crentes presentearem seus parentes, vizinhos e colegas que abraçaram o
kardecismo. Uma coletânea de meditações e versículos bíblicos que
confronta a Doutrina Espírita. O outro material é um manual específico
para quem atende na área de libertação e precisa de mais detalhes
específicos, próprios dos Kardecistas, área por área, desde passes e água
fluida até cirurgias mediúnicas, nomes das falanges de demônios que
atuam e sua hierarquias.
Me coloco a disposição para que o reino de Jesus seja conhecido e
vivenciado em plenitude e abundância. É o meu desejo e fonte perene de
alegria.

VERSÍCULOS QUE ME INSPIRARAM CADA CAPÍTULO DESTE LIVRO

Ninguém vos domine a seu bel prazer com pretexto de humildade e culto
aos anjos, metendo-se em coisas que não viu estando debalde inchado
na sua carnal,compreensao" Colossenses 2:38 ~

"Acautelai-vos, porém dos falsos profetas, eles vem até vós, vestidos
como ovelhas, mas interiormente, são lobos devoradores” - Mateus 22:15

“O qual nos tirou da potestade das trevas e nos transportou para o Reino
do Filho do seu amor”. Colossenses 1:13

"Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas e farão sinais e


prodígios para enganarem se for possível até os escolhidos." Marcos 13:22
50
“Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós temos pregado ou
se recebeis outro espírito que não recebestes com razão o sofrereis.” II
Coríntios 11:4

"Até o meu próprio amigo íntimo em que tanto confiava, que comia do
meu pão, levantou-se contra mim o seu calcanhar." Salmo 41:9

“E derrubareis os seus altares e quebrareis as suas estátuas e os seus


bosques. Queimareis o seu nome daquele lugar.” Deuteronômio 12:3

"Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de
filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os
rudimentos do mundo e não segundo Cristo." "Porque se levantarão
falsos cristas e falsos profetas e farão sinais e prodígios para enganarem se
for possível até os escolhidos. Colossenses 2:8

“Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos, apostarão


alguns na fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrina de
demônios." I Timóteo 4: 1

"Pelos teus mandamentos alcancei o entendimento por isso odeio todo


falso caminho." Salmo 119:10

"Bendito seja Deus que não rejeitou a minha oração nem desviou de mim
a sua misericórdia." Salmo 66:20

Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias;
e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir os fortes.lI
I Coríntios 1:27

"Para isto se manifestou o Filho de Deus, para destruir as obras do diabo."


João 3:8

"Também sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado


entendimento para reconhecermos o Verdadeiro e estamos no
Verdadeiro em seu filho, Jesus Cristo. Esse é o Verdadeiro Deus e a Vida
Eterna." 1ª Carta de João 5:20

À vos também que noutro tempo éreis estranhos e inimigos do


entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vós reconciliou”.
Colossenses 1:21
51
AGRADECIMENTOS

À Ione Lopes, amiga, discipuladora, intercessora, parceira de oração que


me ensinou a ser serva em Cristo e uma mulher virtuosa, segundo o
coração de Deus.

Milena, intercessora usada poderosamente por Deus para me evangelizar;

Laice, irmã preciosa;

Sr. Jesus Zinhani, parceiro de guerra;

Zezinho, irmão, companheiro, soldado escalado por Cristo;

Seminarista Nilberto, por ter sido instrumento de Deus;

Pastor Toni pelo encaminhamento correto;

Pastor Sinval e Lurdinha pelos cuidados pastorais;

Aos que oraram por mim para a conclusão projeto:

Jane Cristina, Mônica, Adriana, Mirtes, Selma, Jair, Mima e Wagner.

CONTATOS: jbmonteiro7@hotmail.col11

prs. basilioejanicemonteiro seminário@hotmail.com

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