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JOSÉ AUGUSTO DE SOTTO MAYOR PIZARRO

LINHAGENS MEDIEVAIS PORTUGUESAS

Genealogias e Estratégias (1279-1325)

VOLUME I

PORTO 1997
FAMÍLIA REAL 181

respectiva entrega91. Legitimado em 1370, ainda em vida de Dona


Violante Ponço, foi senhor de Mafra, da Ericeira e de Enxara dos
Cavaleiros, alcaide de Monsaraz, de Portel e de Marvão, nos
reinados de D.Fernando e de D.João I mas, acabou por optar pelo
partido castelhano, exilando-se em Castela, onde teve descendência
ilegítima92.
VH18 - FERNÃO GONÇALVES DE SOUSA, que curiosamente não é
referido no test0 de seu pai, foi senhor de Vila Boim e, como aquele,
alcaide de Portel, também seguiu, a partir de 1384, o caminho do
exílio93.

VI21 - DIOGO AFONSO DE SOUSA foi, dos filhos de Afonso Dinis, o mais
beneficiado pelo test0 de sua tia-avó, Dona Maria Anes de Aboim: "seu
criado", recebeu as vilas e senhorios de Mafra e da Ericeira, para além das
250 lbs. dadas a cada um dos seus irmãos94. Sendo o test0 de 1337, como
então referimos, não estiveram esses senhorios na posse de Diogo Afonso
por muitos anos, pois veio a falecer 18 de Nov. de 1344, estando
sepultado na ig. de Santo André de Mafra95. Foi c.c. VIOLANTE
LOPES PACHECO, que lhe sobreviveu cerca de dez anos, durante os
quais deteve aqueles senhorios96. Desta aliança nasceram os seguintes

91
A entrega dos bens foi testemunhada por Vicente Esteves Bugalho, por Fernão Álvares, seu escd0, e por
Pêro Gonçalves, seu homem (BPE, Fundo Monástico - Convento de S.Domingos de Évora, Pergaminhos, m°I,
n°14 - o texto do doe. de 1374 vem inserido no da confirmação da mesma, feita por Constança Gil em 1378).
É possível que Rodrigo Afonso tenha falecido pouco antes da data da referida entrega - 23 de Março de 1374.
92
AC.SOUSA 1946-54, vol.XH, tomo 1, p.153 e AB.FREIRE, 1973, vol.I, p.277. De facto, em 1388
encontrava-se fugido em Castela, porque nesse ano os frades de S.Domingos de Évora, que pretendiam o
treslado do test0 de Rodrigo Afonso, não sabiam se Gonçalo Rodrigues embargaria o seu pedido (BPE, Fundo
Conventual - Convento de S.Domingos de Évora, Pasta de Pergaminhos, n°9).

93
AB.FREIRE, 1973, vol.I, p.277.
94
Vd nota 77. Que Diogo Afonso foi criado por Dona Maria de Aboim não levanta quaisquer dúvidas, não
só pelo tratamento referido no texto, mas também porque o aio de Diogo, Gonçalo Anes, na qualidade de
"homem" de Dona Maria, testemunha uma doação feita por esta senhora em 1327 ao most0 de S.Domingos de
Lisboa (ANTT, Sala 25 - Most0 de S.Domingos de Lisboa, L°9, fl.385), provando-se assim a presença de
Diogo, ainda menor, junto da sua tia e entregue aos cuidados dos membros da sua casa.
95
AB.FREIRE, 1973, pp.277-279.
96
A posse dos senhorios de Mafra e da Ericeira foi-lhe retirada em 1357 por D.Pedro I - não se esqueça que
Dona Violante era irmã de Diogo Lopes Pacheco - mas o mesmo monarca devolveu-lha em 1362. Faleceu nos
inícios de 1365, e está sepultada junto do marido (AB.FREIRE, 1973, p.279).
182 LINHAGENS MEDIEVAIS PORTUGUESAS

filhos:

VII19 - ÁLVARO DIAS DE SOUSA, que provavelmente não chegou a


deter os senhorios de Mafra e da Ericeira, pois faleceu exilado em
Castela antes de 1365, sendo estes entregues a sua irmã, já que
também o seu irmão Lopo o acompanhou no exílio . Foi c.c.
MARIA TELES [DE MENESES], de quem teve descendência,
originária do ramo conhecido por Sousas de Arronches9*.
VII20 - LOPO DIAS DE SOUSA L que regressou a Portugal depois da
morte de D.Pedro I, foi alcaide de Chaves por c. de 27 de Junho de
1368". Referido, em 1365, como rico-homem natural do most0 de
Grijó, casou antes de 1367 com uma BEATRIZ, cuja família se
desconhece, não tendo tidofilhos100.Por morte de sua irmã Branca,
deteve, a meias com o seu sobrinho homónimo, filho de Álvaro, os
senhorios de Mafra e da Ericeira, vindo a falecer antes de 7 de
Agosto de 1377101.
Vn21 - BRANCA DIAS DE SOUSA, também referida no Livro das
Campainhas, em 1365, como rica-dona natural do mosf de Grijó,
foi senhora de Mafra e da Ericeira, por c. de 17 de Abril de 1365 .
Não casou nem teve descendência (ÍX22I15).

VI22 - GARCIA MENDES DE SOUSA Dl que, entre 1332 e 1342,


encontrámos referido como Cón. de Braga e Prior de Sa M3 da Alcáçova
de Santarém103, também em 1337 foi contemplado com 250 lbs. pelo test0

97
A.B.FREIRE, 1973, p.279.
98
A.B.FREBRE, 1973, pp.279-291. Quer a sua mulher quer os seus dois filhos - um dos quais, Lopo Dias de
Sousa II, foi Mestre de Cristo - são referidos em 1365, no Livro das Campainhas, como ricos-homens naturais
do most0 de Grijó (J.A.S.PIZARRO, 1987, p.260).
99
A.B.FREIRE, 1906b, p.164.

100
J.A.S.PIZARRO, 1995, pp.212.

101
IDEM, ibidem.

102
IDEM ibidem.
103
ANTT, Ordem de Avis, n°s. 447, 401 e 403 (does. de 18 de Jun. de 1332, de 28 de Jul. de 1336 e de 12
de Set. de 1338, respectivamente. Na primeira data ordenou que se fizesse um inventário dos ornamentos da

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