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40 anos
1963 - 2003
Natal - RN
2004
40 Anos 3
ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
WILMA MARIA DE FARIA
Governadora
40 Anos 5
CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS JUVENAL LAMARTINE-CEPEJUL
Tarcisio Rosas, Coordenador
José Albano da Silveira, Subcoordenador
Revisão de texto
José Albano da Silveira e Rosane Braga Ponte
Revisão gráfica
Jorge Rodrigues da Silva
Pesquisa
Afrânio Pires Lemos
Aucides Sales
Clênia Maria de Luna Freire
Genildo Batista de Oliveira
Heitor Lopes Varella Filho
Heriberto de Andrade Pessoa
Jorge Rodrigues da Silva
José Albano da Silveira
Kátia Maria Gurgel Amaral
Maria Cândida Eugênio de Melo
Maria de Fátima Arruda
Rosane Braga Ponte
Sérgio Cunha de A. Mendes
Tânia Lúcia da Silva Cabral
Projeto gráfico
Jailton Augusto da Fonseca
Capa
Anchieta Xavier (foto)
40 Anos 7
8 Fundação José Augusto
NOTA DA PRESIDÊNCIA
A história da Fundação José Augusto confunde-se
com a vida cultural do Rio Grande do Norte. Nas últimas
quatro décadas não se pode falar de cultura, neste Estado,
sem que se lembre desta Fundação.
Há hiatos, algumas deficiências e deformações, mas
este não é o momento de cuidar dos defeitos.
Quero lembrar da utilidade da Casa. Desde sua cria-
ção por Aluízio Alves, em 1963, até este instante do Go-
verno Wilma de Faria, com o mais arrojado programa de
interiorização da ação cultural em toda a sua vida. Tudo
sob o comando da Fundação, cumprindo determinação
expressa da Governadora.
A publicação deste livro faz parte do processo de
reativação prática do Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal
Lamartine.
Além do elenco de obras físicas, inclusive com a res-
tauração do prédio onde funciona a Fundação, com a cria-
ção da Galeria Newton Navarro e do Espaço Cultural
Odilon Ribeiro Coutinho, é preciso acentuar a decisão po-
lítica de democratização do atendimento e da forma de
agir da administração da Entidade. Essa não é uma figura
de retórica; é uma prática, de constatação notória.
Não se promove ação cultural sem democracia. As
ditaduras não agem culturalmente. Elas deformam a cultu-
ra. As ações culturais, nas ditaduras, são caricaturas da arte.
Na escolha entre continuar participando dos even-
tos elitistas, legítimos, ou empregar a energia no apoio à
cultura popular, nós optamos pelo segundo gesto. Sem
demagogia ou populismo. O certo é que a elite tem como
prover sua diversão, bancando eventos culturais. O que nos
cabe é prover um mínimo de logística para que a camada
mais pobre da população tenha acesso à cultura que ela
própria produz. Ela produz e a elite desfruta. Essa defor-
mação tem de ser enfrentada.
Em resumo, taí o livro do CEPEJUL sobre a Funda-
ção José Augusto, nos seus quarenta anos. Parabéns para a
Casa e que tenha vida longa.
40 Anos 9
10 Fundação José Augusto
PREFÁCIO
Não tem futuro quem não cuida do seu passado. A
frase que imaginei para pessoas é ainda mais válida para as
instituições. A Fundação José Augusto, por quatro decênios,
vem fazendo e preservando História, estimulando a criação
artística e intelectual, acreditando que a cultura é o meio de
superar as dificuldades do nosso povo. Nesses 40 anos
gloriosos, a Fundação passou a ser uma instituição essencial.
Até se poderia dizer que ela caracteriza o nosso Estado.
As pessoas que a integram participam do trabalho com
amor, além da coincidência feliz de serem escolhidos bons
administradores em governos diferentes. Assim, a
inteligência dos Presidentes concorreu para não haver
descontinuidade na obra da Fundação, quaisquer que
tenham sido os matizes políticos e psicológicos de cada
dirigente. A marca da personalidade de cada um permanece
incorporada no espírito da Fundação como a noção clara
da cultura e da história de Hélio Galvão, a lucidez criativa
de Ilma Melo Diniz, o conhecimento filosófico e
sociológico de Sanderson Negreiros, a arte na história de
Franco Jasiello, o humanismo de Cláudio Emerenciano, a
política hábil e solidária de Valério Mesquita, a visão
administrativa de Evilásio Leão, a capacidade de realização
de Paulo Macedo, a crítica e atividade corajosas de Woden
Madruga, o saber popular do médico, escritor e pintor
Iaperi Araújo. O nome faz parte do destino do homem.
François Silvestre tem cultura francesa, precursor como o
seu xará Rabelais, com o lirismo de Il Poverello de Assis e é
cidadão do mato, agreste, que, sob aparência urbana, é um
homem silvestre.
Acredito que o patrono José Augusto, a quem tive a
honra de suceder na Academia Norte-rio-grandense de
Letras, homem seridoense e universal, político de rigor
ético, tem influenciado com seu saber e postura ética os
dirigentes da Fundação. E continuará a iluminar os futuros.
Em verdade, decorridos 120 anos do nascimento de José
Augusto Bezerra de Medeiros (1884-1971) a sua orientação
é ainda continuada. Apontava para a necessidade do “saber
organizado”, indicando que “a inteligência e o saber
dominam todos os ramos da atividade social”. A Fundação,
40 Anos 11
com a inteligência e conhecimentos dos que a integram, é
agente de preservação e estímulo à cultura. Exerce influência
positivamente transformadora sobre a nossa comunidade.
José Augusto ocupou altas funções no Estado, como
Deputado Estadual e Federal, Governador, Senador da
República. Em todas as atribuições prevalecia o seu
sentimento de professor de História e Geografia do
Atheneu, instituição antecipadora da Universidade. Dirigiu
duas revistas nacionais de educação que tratavam da
transmissão cultural e que tiveram enorme influência no
país.
Além dos trabalhos de preservação histórica e das
manifestações culturais da comunidade, a Fundação tem
ampliado as suas atividades ao interior, com a implantação
das Casas de Cultura e as respectivas ações valorizadoras
da nossa identidade cultural. Tem reconhecido que não há
fronteiras entre as manifestações artísticas, populares ou
eruditas, que o bom poeta poderá ser um cantador de feira
ou um letrado de gabinete. A sua tarefa cultural tende a
harmonizar o homem do Rio Grande do Norte no seu
sistema de vida.
A Fundação José Augusto tem se associado a ações
das Universidades, da Academia de Letras e do Instituto
Histórico. É preciso notar que na Secretaria de Estado da
Educação, da Cultura e dos Desportos, os problemas de
educação são tão avassaladores que fazem esquecer a área
cultural, da qual a educação é apenas instrumento.
O turismo cultural é o futuro do nosso Estado. Os
primeiros passos para a integração com o turismo vêm
sendo dados. Será mais uma conquista da Fundação José
Augusto que aponta para o futuro.
Este é um livro básico. Nele se vê um registro da
história, das funções exercidas, dos órgãos que congregam
a Fundação e, até mesmo, é texto que examina a abertura
do amanhã. Neste livro até o apêndice é essencial. Porque
os padrinhos e as madrinhas são modelos iniludíveis da
Fundação e dos seus órgãos.
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................................................... 17
40 Anos 15
16 Fundação José Augusto
Introdução
40 Anos 19
Ata de instalação dos
Conselhos Curador e Diretor
da Fundação José Augusto
(03.06.1963)
ANTECEDENTES HISTÓRICOS
Considerações iniciais ........................................................................................................................................ 29
Contexto sociocultural de Natal, à época ......................................................................... 31
Finalidades da Organização .................................................................................................................... 39
(a) Comentário ..................................................................................................................................................... 40
NOTA PRELIMINAR
Função Educacional – (1963-1974) .................................................................................................. 44
Ação cultural
(a) Período de transição – (1975-1982) ....................................................................... 44
(b) Consolidação do processo – (1983-2003) .................................................... 46
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28 Fundação José Augusto
Considerações iniciais
Criar uma instituição pressupõe não só a implementação de um
complexo conjunto de medidas jurídicas e administrativas mas, inclusive
e sobretudo, a clara percepção, por parte de quem a tal se decida, de sua
real e efetiva necessidade. Os fatores possíveis, capazes de suscitar tal
percepção, são múltiplos, contudo. Há quarenta anos, nascia a Fundação
José Augusto; quais as razões causais, deter minantes, que terão
concretizado este fato?
Entendemos que, mesmo coexistindo motivos diversificados,
seguramente um fator terá contribuído de for ma significativa: a
insatisfação da comunidade com as limitadas alternativas artístico-
culturais existentes.
Com efeito, operava-se no Estado – especialmente nesta cidade –
uma efervescência natural, sedimentada ao longo de vasto período de
maturação, dando origem a um clima no qual, inelutavelmente, algo
deveria ocorrer, quanto à ação cultural: se não a criação, por parte do
Governo Estadual, de uma instituição para tal vocacionada, pelo menos
o exercício efetivo, pela Secretaria de Estado da Educação, da Cultura e
dos Desportos-SECD – por exemplo – desse papel. Em outras palavras,
se não tivesse sido criada a Fundação José Augusto, naquele momento
histórico, alguma outra entidade, de qualquer esfera administrativa,
necessariamente assumiria as responsabilidades que lhe foram
incorporadas e confiadas.
Mas, por que isso, qual o impositivo essencial, orgânico, que terá
incidido nas raízes daquele ato, afinal puramente administrativo?...
40 Anos 29
Desportos-SECD –
Para fixarmos com mais objetividade e, portanto, nitidez, o nosso
racíocinio, recuemos um pouco no tempo, às décadas de 40 e 50, nas
quais o comportamento da sociedade natalense, apesar do impulso
tomado nos anos de participação brasileira em eventos da Segunda Guerra
Mundial, longe estava do que se poderia chamar de revolucionário e
inovador.
Foto: Jaecy (acervo Marcos Pedroza)
Via Costeira
centralizador, em quase todas as áreas, abrangia substancial parcela da região,
envolvendo predominantemente os municípios de João Pessoa e Natal, ao
norte, e os de Maceió e Aracaju, ao sul (se bem que este último também
subordinado à força de atração de Salvador), afora a maioria das cidades
interioranas contidas no espectro desse raio de abrangência. A influência de
Fortaleza, também ponderável, era exercida especialmente sobre outras
partes do Estado, como as microrregiões do Oeste Potiguar, Salineira Norte-
rio-grandense e do Seridó.
Assim, partindo de uma maior significação econômica no contexto da
Federação, aquelas capitais, sobretudo Recife, sediavam as entidades federais
mais importantes, os comandos militares, vários consulados e outras
representações estrangeiras, empresas de maior expressão, etc., com o que
se reciclavam permanentemente em suas respectivas infra-estruturas urbanas
(indústria, comércio e serviços), reordenando seguidamente seu processo
de desenvolvimento, o que, até certo ponto, persiste: note-se que os dois
órgãos de maior expressão, do ponto de vista do desenvolvimento regional
– o Banco do Nordeste do Brasil e a SUDENE –, estão sediados exatamente
naquelas capitais. Convém assinalar que, se a SUDENE foi virtualmente
extinta no Governo Fernando Henrique Cardoso, está em processo de
reabertura na administração atual.
Seguindo a regra geral, a cidade não dispunha de uma universidade.
Afora a Escola de Serviço Social (1945) e as Faculdades de Farmácia e
Odontologia (1947) e de Direito (1949), todas então recentes e, portanto,
sem tradição, não havia outras opções. Sua proximidade de Recife e Fortaleza
tornava cômoda aquela situação de quase indigência cultural, pois as famílias
mais abastadas, de onde seria de esperar alguma iniciativa de natureza
reivindicatória, mantinham-se em atitude passiva, simplesmente
encaminhando os filhos àqueles centros, quando não para capitais mais
prósperas, enquanto as demais se atinham às limitadas perspectivas dos
cursos de nível médio, então Científico, Clássico, Pedagógico e
Contabilidade. Repetia-se, regionalmente, o comportamento do começo
do século, quando as elites brasileiras mandavam os seus descendentes
estudar na Europa.
Portanto, a cada ano partiam daqui centenas de estudantes, dentre os
quais gratas promessas no campo intelectual, como única possibilidade de
darem seqüência ao seu aprendizado e de assegurarem uma formação
profissional condizente com o nível de aspiração do meio a que pertenciam.
Muitos deles jamais tornariam a Natal, vez que o processo natural de fixação
do indivíduo ao ambiente (trabalho e família) os reteria, inexoravelmente.
32 Fundação José Augusto
Mas tal estado de coisas não poderia perdurar, indefinidamente. O
crescimento populacional, a modernização administrativa e, apesar de lento,
o desenvolvimento econômico do município requeriam um volume de mão-
de-obra qualificada cada vez maior.
Finalmente, em 1958, durante O Governo Dinarte Mariz, era criada
oficialmente a Universidade Estadual do Rio Grande do Norte-UERN.
Aquele ato vinha coroar a luta e a perseverança de um grupo de abnegados,
tendo à frente o Dr. Onofre Lopes da Silva, que seria com muita justiça o seu
primeiro reitor. Desde então não só foi significativamente contida a prefalada
evasão como, inclusive, abriram-se novas perspectivas para aquelas famílias
menos abastadas, a cujos filhos era dificultado o acesso ao ensino superior.
Este acontecimento trouxe profundos reflexos para o desenvolvimento
de Natal, com nítida repercussão na área da cultura.
Efetivamente, ampliada a faixa de indivíduos com formação
universitária, pouco a pouco ressaltaria com maior clareza a fragilidade da
infra-estrutura cultural do Estado. Tínhamos artistas, claro; sempre os
tivemos. Faltava-nos era um instrumento adequado à sua identificação e à
abertura de caminhos que lhes permitissem ou, quando menos, lhes
facilitassem a comunicação estética através das múltiplas formas de
manifestação (música, dança, poesia, pintura, estatuária, etc.), assim como
ao estudo organizado dos fatos históricos, e que fosse, ainda, adequado a
futuras intervenções, do ponto de vista técnico-administrativo, no arcabouço
da fenomenologia sociocultural norte-rio-grandense.
Em princípios da década de 60, persistia o marasmo na vida cultural
da cidade e, por derivação natural, do Estado. Claro, as insatisfações eram
crescentes pois não havia, ainda, qualquer estrutura institucional dedicando-
se, formal e sistematicamente, à exploração dos valores tradicionais da cultura
local, e todas as iniciativas neste campo eram absolutamente isoladas,
estanques.
Afora o Teatro Alberto Maranhão, discretamente utilizado, o Estádio
Juvenal Lamartine – que, além de futebol, servia de palco a shows artísticos,
cerimônias religiosas e, até!, a jogos de bingo –, alguns clubes sociais de
tradição, tais como o Natal Clube, no centro da Cidade Alta; o Aero Clube
e o América no Tirol; o Alecrim Clube, no bairro do mesmo nome, os cinemas
São Luiz, São Pedro, Rex, Rio Grande e Nordeste, este, aliás, à época com
alguns anos de existência, pouco mais era oferecido por Natal, em termos
de entretenimento, lazer e arte. A Rádio Poti promovia dois programas de
auditório semanais – “Vesperal dos Brotinhos”, aos sábados, e “Domingo
Alegre” – e no centro do Alecrim havia um espaço cultural, o “Quitandinha”,
40 Anos 33
onde eram realizadas esporádicas apresentações artísticas e as grandes
concentrações públicas da cidade.(1)
Um outro ponto de encontro foi o Bar e Sorveteria Oásis, inovação no
estilo de bar, essencialmente juvenil (talvez mesmo por tratar-se, inclusive, de
uma sorveteria), instalado numa área de boemia consagrada. Situava-se anexo
ao Cinema Nordeste, na Rua João Pessoa, esquina com a Rua Dr. José Ivo, o
chamado Beco da Lama, pontilhado de botecos ao longo de décadas, de
ordinário freqüentado por artistas e escritores – o poeta Jorge Fernandes
escreveu versos em suas mesas, Newton Navarro e Bosco Lopes eram habitués
–, proximidades do famoso Bar do Nasi e não distante dos bares Dia e Noite,
ao lado do Edifício Sisal, também na Rua João Pessoa, e Acácia Bar, este na
Avenida Rio Branco, vizinho à Casa da Música, de Gumercindo Saraiva.
Nos períodos festivos, porém, como no carnaval e nos ciclos junino e
natalino, sobretudo durante a administração do Prefeito Djalma Maranhão
(1961-1964), as artes e a cultura populares passaram a ser objeto de atenção,
notadamente em espetáculos folclóricos da nau-catarineta, do pastoril, dos
bois, presépios e lapinhas; das pitorescas batalhas carnavalescas nos diversos
bairros da cidade. Uma concha acústica, erguida no centro da Praça André de
Albuquerque naquela época, concentrava muitas dessas iniciativas, operando
como elemento catalisador e disseminador da cultura do povo. Foi, contudo,
um esforço fugaz, face aos acontecimentos políticos que seriam desencadeados
a partir de 31 de março daquele ano de 1964.
Ademais, a centenária fortaleza não passava de monumental relíquia,
com sua dimensão histórica e o seu valor cultural esquecidos ou relegados
aos escaninhos das bibliotecas e à memória de alguns fiéis e insistentes
pesquisadores. Àquela época não havia, a rigor, museus, exposições,
concertos, festivais, concursos, editorações ou quaisquer outros eventos
que denunciassem, mesmo de longe, iniciativas do gênero com um mínimo
de regularidade. Claro, de tempo em tempo, a largos espaços
assistemáticos, surgia um artista, um grupo, uma trupe; era encenada uma
peça, lançado um livro ou realizada uma exposição itinerante oriunda quase
sempre do sul do país, às vezes de Recife ou Fortaleza. Qualquer desses
eventos, contudo, constituía grande acontecimento, dada a raridade de
____________________
Essa estrutura, localizada na Praça Gentil Ferreira, no cruzamento da Avenida Presidente Bandeira com
(1)
a Rua Amaro Barreto, era uma sólida construção, em alvenaria, constando de bar e lanchonete na parte
térrea e, sobre a cobertura - amplo espaço em concreto -, uma espécie de “tribuna popular”, servindo tanto
para manifestações estudantis e de trabalhadores, como para apresentações artísticas e manifestações
políticas. Ali estiveram presentes e fizeram comícios personalidades como Getúlio Vargas, João Goulart,
Leonel Brizola, Juscelino Kubitschek, Juarez Távora, Tancredo Neves, Carlos Lacerda e Jânio Quadros -
entre outros -, da vida pública nacional, e políticos potiguares, como Café Filho, Dinarte Mariz, Djalma
Maranhão, Djalma Marinho, Georgino Avelino, Aluízio Alves, Cortez Pereira, etc. Naquele local, via de
regra, ocorria o encerramento das campanhas eleitorais.
40 Anos 35
ocorrências. Aquelas doses homeopáticas de arte e cultura eram, realmente,
extremamente esporádicas.
Provavelmente data daquele período a conhecida frase, tantas vezes
repetida por pessoas da terra quando em viagem para centros mais evoluídos:
vou tomar um chá de cultura!, figurando a imensa desigualdade entre a então
desprovida Natal e os núcleos urbanos com atividade cultural mais intensa.
Com efeito, não raro ia-se a Recife ou Fortaleza – por exemplo – apenas para
ver um filme ou uma peça teatral, assistir a um concerto sinfônico ou, até!,
consultar uma biblioteca. João Machado, jornalista talentoso e irreverente, tipo
humano dos mais espirituosos desta cidade rica de tipos humanos, costumava
dizer que Natal era uma fazenda iluminada, o que resume de forma eloqüente o
que vimos reiterando.
Essa realidade está refletida, ainda, nas palavras do ex-Governador
Aluízio Alves, mentor e criador da Fundação José Augusto, em depoimento
ao jornal “O Galo”, em junho de 1993: Até o meu Governo, o Estado não
tinha uma política cultural. As raras atividades desse setor eram atribuídas à
Secretaria de Educação que, com as tarefas próprias e os encargos dos convênios
com a Aliança para o Progresso , não dispunha nem de tempo nem de recursos
para promover estímulos à cultura. Reflete um pouco e completa:
Dei o primeiro sinal dessa preocupação quando realizei, na Lagoa Manoel
Felipe, que transformei em espaço cultural na época, o 1º. Festival do Escritor
Norte-rio-grandense. Trouxe conterrâneos residentes em vários Estados, até então
desconhecidos, para lançar aqui os seus livros, e escritores nacionais para
prestigiar o evento e atrair o público que, certamente, não iria (apenas) ver
escritores conhecidos. Jorge Amado foi a principal estrela do Festival. E reitera:
Mas era necessário ter uma política cultural permanente e (antes disso, claro!)
os instrumentos para criá-la e implementá-la.
Observe-se que, de uma forma ou de outra, urgia uma tomada de posição
pelos poderes constituídos. A carência era tão grande e a pressão de certos
segmentos comunitários (setores da universidade, da imprensa e da população)
tão intensa, que algo deveria ser feito.
Então, algo foi feito:
Com Hélio Galvão, além de jurista um grande escritor, estruturei a Fundação
José Augusto, que, sem as exigências burocráticas da administração direta, poderia
exercer essa tarefa. (...) À Fundação caberia, além de ações culturais da maior amplitude
– desde (a promoção de) semanas de jazz e (escola) de pintura infantil, até a
estruturação do Instituto Juvenal Lamartine, que pretendia fosse réplica norte-rio-
grandense do Instituto Joaquim Nabuco, para pesquisas, realização de seminários,
acompanhamento de nossa vida social, econômica e política, e a Escola de Jornalismo
36 Fundação José Augusto
fosse réplica
Foto: Arquivo da FJA /CDC
40 Anos 37
Eloy de Souza, que não deveria ser um simples curso de comunicação, mas um
instrumento de formação de comunicadores que conhecessem o Nordeste e pudessem
levar, para a imprensa local e a do sul, para a qual boa parte se deslocava, a preocupação
e a visão do nosso drama e das nossas perspectivas.
Na Fundação pusemos, também, a Faculdade de Filosofia, particular,
que encampamos para que não fechasse, entregando-a a Edgar Barbosa, e a
Escolinha de Arte Cândido Portinari, confiada a Newton Navarro.
Começamos, então, a formação de recursos humanos para os vários setores.
Iniciamos a edição de livros há muito esgotados, como os de Ferreira Itajubá, Palmira
Wanderley e outros, e já encomendávamos livros com a história de todos os municípios,
continuando a série que iniciáramos, em 1943, através de uma iniciativa particular,
a Biblioteca de História Norte-rio-grandense. Adquirimos a gráfica, necessária a
essas atividades.
Várias transformações sofreu a Fundação José Augusto, após o trabalho inicial
do meu Governo. Para a Universidade Federal foram transferidas a Faculdade de
Jornalismo, seu atual Curso de Comunicação, e a Faculdade de Sociologia. O Instituto
Juvenal Lamartine perdeu seus objetivos iniciais. Conclui seu depoimento o
ilustre potiguar dizendo ter a expectativa (...) de que nenhum interesse menor
possa fraudar o sonho para cuja realização ela foi criada.
(a) Comentário
Conforme vimos, havia uma tríplice proposta nos objetivos da
Instituição, originalmente. A educacional, caracterizada nos cursos
superiores de Filosofia, Jornalismo e Sociologia; a cultural, então
especialmente desempenhada na realização de conferências e círculos de
debates sobre aspectos relevantes da realidade sócio-político-cultural e
40 Fundação José Augusto
científica regional, e a científica ou de pesquisa, na incorporação e
operacionalização do Instituto Juvenal Lamartine de Pesquisas Sociais.
Certamente tais enfoques foram alvo de inúmeros programas e projetos,
naqueles anos iniciais, perdurando até meados da década de 70. Contudo, como
todo sistema complexo, esta Entidade sofreria alterações em seu dinamismo,
sempre convergindo para o reordenamento de sua estrutura e de suas
metodologias face às exigências político-econômicas e culturais que lhe iam
sendo impostas pelo desdobramento dos fatos – no decorrer daquele período
histórico. As leis e decretos, também já mencionados, que pontilham ao longo
de sua trajetória, suscitaram pequenas alterações ou estabeleceram radicais
transformações em suas respectivas épocas, como no caso do Decreto nº.
4.923, de 17 de dezembro de 1979, dotando a Fundação de uma estrutura
organizacional sobremodo diferenciada da de suas origens e, mesmo, das
imediatamente precedentes.
Claro, por trás de tudo isso encontra-se, disfarçada ou claramente, a
dinâmica social e a cultura, por sua própria natureza, é especialmente dinâmica.
Uma organização tradicional, como banco, tribunal, firma comercial etc., pode
permanecer décadas a fio sem mudanças substantivas em seus procedimentos
básicos, limitando-se apenas a um ajustamento tecnológico do seu desempenho
ao progresso. Um órgão cultural, diversamente, está sujeito à vasta soma de
elementos que diuturnamente influem em significativas, às vezes abruptas,
correções de curso.
Assim, a multiplicidade das manifestações populares, os
compromissos com datas e fatos históricos, a repercussão dos eventos
promocionais, a susceptibilidade dos produtores culturais, a insatisfação
das elites, o choque cultural, as pressões políticas, os radicalismos e a
severidade da crítica – afora a manifesta ausência de tradição, no País, no
trato administrativo das questões vinculadas à área cultural, nunca encarada
como prioridade, entre outros fatores, constituem alguns desses elementos
intervenientes.
Portanto, se ocorreram alterações, e isto é um fato, elas surgiram a partir
de necessidades que costumam ressaltar do seio da própria comunidade,
nascendo e se impondo aos múltiplos processos interagentes que sustentam e
vitalizam a estrutura social.
Mas, não só em termos oficiais, na ordem jurídica, ia se consolidando tal
complexo de mudanças. Sempre antecedendo às medidas técnico-
administrativas e legais, operava-se pouco a pouco uma transformação nos
indivíduos que, por isso mesmo, as promoviam, reformulando o seu modo de
observar, captar e analisar as situações, reorientando os seus pontos de vista e,
40 Anos 41
enfim, revertendo tal conhecimento e experiência em modificações nos
instrumentos e formas de ação e de intervenção na realidade.
Porém, se mudava a forma, permaneciam os seus objetivos, afora a
função educacional, com a passagem dos cursos universitários para a
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (o primeiro deles, Filosofia,
em 1969; o de Jornalismo, em 1974, e o último, Sociologia, no segundo semestre
de 1975). Enquanto esses estiveram sob a responsabilidade do Órgão, todavia,
constituiam-se na sua mais importante linha de ação, mesmo porque muitas
das iniciativas culturais partiam dos respectivos Diretórios Acadêmicos.
Quanto à proposta científica, explícita no decreto de criação e implícita
na operacionalização do Instituto de Pesquisas, a cuja estrutura pertencia a
Faculdade de Sociologia e Política, era desenvolvida não só na ação desses
organismos mas, inclusive, em seminários e debates sobre temas afetos, sempre
bastante sugestivos, como os que se seguem: O Impacto do Urbano sobre a
Personalidade do Homem Contemporâneo, Alternativas para um
Desenvolvimento Integrado, Antropologia e Desenvolvimento, A Questão
Agrária Nordestina e Perspectivas do Desenvolvimento Agrícola Integrado,
Visão Atual da Ciência Política e muitos outros.
Mas foi na área cultural que, enfim, a Fundação encontrou mais
marcadamente sua posição, perante a comunidade norte-rio-grandense.
Com efeito, com a saída dos cursos, a partir de 1975, voltou-se a Entidade
para as suas demais atribuições, encontrando no componente cultural, até então
com discreta participação – grosso modo, de cunho elitista –, o seu caminho
efetivo e definitivo.
40 Anos 43
Função educacional – (1963-1974)
Temos assim que, inicialmente, desde a sua criação e até por volta de
1974 -75, destacavam-se as faculdades como a viga mestra da instituição. Com
a transferência da Faculdade de Filosofia para a UFRN, em 1969, tal papel
ficou restrito aos cursos de Jornalismo e Sociologia, cujo desempenho
intensificou-se e se consolidou de forma incontestável, quer nos âmbitos
específicos de suas respectivas atividades ou nas ações integradas que passaram
a realizar.
O fato é que esta fase fixou-lhe a imagem de órgão educacional por
excelência. As ações essencialmente ditas culturais restringiam-se, via de regra,
a conferências isoladas ou ciclos de palestras e debates sobre temas de alguma
sorte vinculados às áreas de conhecimento daqueles cursos. Sobre o assunto,
retornaremos mais adiante.
Foram presidentes, no período: Hélio Galvão, primeiro dirigente da
Entidade; uma Junta Governativa, integrada inicialmente por Paulo Pinheiro
de Viveiros, Fernando de Miranda Gomes e Ney da Silva Gurgel, depois os
dois primeiros sendo substituídos por Jurandyr Navarro e Bianor Medeiros;
posteriormente, Jurandyr Navarro, Ilma Melo Diniz e Diógenes da Cunha Lima.
Ação cultural
(a) Período de transição – (1975-1982)
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48 Fundação José Augusto
SEGUNDA PARTE
PERÍODO INICIAL
(1963-1974)
40 Anos 49
50 Fundação José Augusto
c a r t e
e n
40 Anos 55
flagrante para o aprimoramento dos processos formativo, intelectual e
profissional de significativa parcela daqueles estudantes. Os acirrados debates,
os apartes inflamados, as colocações críticas ao sistema e às questões
conjunturais, no conjunto iam pouco a pouco delineando e fixando o caráter
da instituição, que passou a ser vista pela comunidade como um núcleo potencial
não exatamente de resistência mas, pelo menos, de manifesto inconformismo
quanto ao sistema político vigente.
Certamente aquele comportamento atrairia as atenções dos setores e
agentes responsáveis pela ordem estabelecida, não raro infiltrando “olheiros”
em pontos de maior concentração de alunos no âmbito da Fundação, e mesmo
na qualidade de alunos em várias turmas, com o fim de identificar os mais
entusiastas e inflamados, as lideranças potenciais, a fim de neutralizar quaisquer
movimentos contrários aos interesses do Poder.
Por diversas vezes a Fundação foi cercada pela Polícia, que ostensivamente
impedia a saída ou entrada de qualquer aluno, seja pela Rua Jundiaí ou Açu.
Naquelas oportunidades suas dependências eram diligentemente
esquadrinhadas e revistadas, à procura de líderes estudantis e de material tido
como subversivo – panfletos e coisas do gênero. Dezenas de situações
semelhantes, das formas as mais diversificadas, ocorreram no recinto da
Faculdade, muitas delas já esquecidas, outras de viva lembrança – algumas,
até, folclóricas.
Certa vez, alguém avisou que a polícia estava chegando. Um estudante,
recolhendo seus livros, pretendeu sair pela porta dos fundos, em direção à
Rua Açu. Próximo da porta que dá acesso ao pátio, nos fundos da Gráfica
Manimbu, um capitão da polícia barrou os seus passos e indagou o que ele
trazia nas mãos. “Livros, apostilas....”, respondeu o jovem. O oficial estendeu
um braço e pegou os livros, passando a vista nas capas, com ar analítico. Em
seguida devolveu-os, sem qualquer comentário, e mandou-o retornar à sala de
aula. Um dos livros era “O Capital”, de Karl Marx.
De outra feita, por volta de 1968, o Diretório Acadêmico Josué de Castro
promoveu um concurso sob o tema “Problemática Educacional do Nordeste”,
para estudantes de Sociologia. Após o resultado, o ganhador do prêmio (uma
determinada soma em dinheiro), visitado por membros do Diretório, foi
informado de que aquela quantia fora utilizada para enviar um representante
ao Congresso da UNE, que se realizaria em São Paulo, e que aquele era o único
recurso encontrado para fazê-lo viajar sem chamar a atenção. Oportunamente,
seria reembolsado – disseram, então. Obviamente, a coisa ficou por ali; caiu
no esquecimento.
A rigor, tais incidentes não deveriam constar deste estudo retrospectivo
56 Fundação José Augusto
da Fundação, no entanto, pelo tragicômico, para caracterizar a diversidade de
obstáculos com que se debatiam aqueles estudantes, e mesmo pelo que de
pitoresco suscitam – à distância –, houvemos por bem mencioná-los. Alguns
daqueles estudantes se viram compelidos, em razão de ocorrências semelhantes,
a se afastar do curso, vez que as sucessivas suspensões de matrícula, para escapar
ao cerco da repressão, tiveram como conseqüência a virtual impossibilidade
de sua conclusão – pelo menos de forma regular.
Mas, afora as “Semanas de Estudos Sociais” e os concursos literários, é
importante registrar outras iniciativas do Diretório Acadêmico Josué de Castro,
tais como: realização de cursos sobre cinema; exibição de clássicos das
cinematografias brasileira e internacional, no extinto cine Poti; criação de um
grupo teatral, de um jornal e de um programa radiofônico, o “Sociologia em
Foco”, veiculado através da Emissora de Educação Rural, por esse instrumento
divulgando os cadernos populares da UNE, denunciando os acordos MEC-
USAID, lesivos aos interesses nacionais, realizando entrevistas com
personalidades, dentre elas D. Hélder Câmara, e, inclusive, solidarizando-se
com a luta dos “excedentes”; participação na criação da Executiva Nacional
dos Estudantes de Sociologia e Ciências Sociais-ENESCS e respectivas regionais
(ERESCS), cuja sede regional foi implantada em Recife e, enfim, promoção
de eventos na boate da Lagoa “Manoel Felipe”.
A própria escolha do Prof. Josué de Castro como Patrono do Diretório
foi polêmica. Era exilado em Paris. Enviou carta de agradecimento, de próprio
punho, onde, além de se mostrar honrado com a escolha, destaca estar
escrevendo uma mensagem aos estudantes do Nordeste.
Procuramos levantar o total de alunos que passaram pelos bancos
escolares dessas faculdades. Infelizmente, não nos foi de todo possível face a
quase completa inexistência dos números referentes à Filosofia, afora os de
1966, ainda funcionando na Fundação José Augusto, mas já federalizada. As
fontes mais indicadas, como a própria Fundação, o Departamento de Ciências,
Letras e Artes e o Departamento de Assistência ao Estudante-DAE, ambos
da UFRN, não os dispõem – salvo os do ano mencionado.
Em todo o caso, conseguimos localizar o Sr. Aníbal Délio da Silva, que
foi secretário do curso de Filosofia desde a época em que foi criada, em 1957,
e até 1968, ano anterior a sua transferência definitiva para a UFRN, o qual
gentilmente nos concedeu entrevista onde, além de trazer uma luz sobre o
assunto ajudou-nos num cálculo estimativo dos totais de concluintes.
Conforme o seu depoimento, na Faculdade de Filosofia chegaram a
funcionar cinco cursos, a saber: História, Geografia e Letras Neolatinas, de
1963 a 1968 (aliás, este último passaria a denominar-se simplesmente Letras, a
40 Anos 57
partir de 1966); em 1965 foi criado o curso de Didática e, finalmente, no ano
subseqüente, o de Matemática, ambos permanecendo, como os demais, até
1968. Convém ressaltar que, após 1965, a Faculdade de Filosofia passou à
responsabilidade da UFRN, embora continuando por mais alguns anos a
funcionar no recinto da Fundação.
Aquela Faculdade teria formado, no conjunto dos seus cursos, turmas
médias anuais de sessenta concluintes – estima o senhor Aníbal Délio da Silva;
contudo, os dados oficiais referentes a 1966, constantes em registros na
Fundação, dão conta de apenas quarenta e cinco concluintes. Optamos por adotar
este último dado como ponto médio (anos de 1965-66), reduzindo em quinze
unidades para os anos anteriores de 1963-64 e permanecendo com a estimativa
feita pelo citado informante para os anos posteriores, resultando em duzentos e
setenta concluintes, o que representa uma redução em 25 % em relação à estimativa
original do informante e nos assegura, em contrapartida, uma maior margem de
segurança em não extrapolarmos o que de fato terá ocorrido.
Com relação aos demais cursos, com os respectivos valores distribuídos
por sexo, os dados são os seguintes:
TABELA 1
TOTAL DE CONCLUINTES DOS CURSOS DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA E DE
JORNALISMO NA FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO, POR SEXO
SEXO
T O TA L
CURSOS MASCULINO FEMININO
Abs % Abs % Abs %
To t a l 286 100,0 139 48,6 147 51,4
Sociologia e Política 126 100,0 58 46,0 68 54,0
Jornalismo 160 100,0 81 50,6 79 49,4
FONTE: Arquivos da Fundação José Augusto
40 Anos 59
Foto: Arquivos da FJA / CEPEJUL
40 Anos 61
sócio-econômico dos fenômenos, conforme mais tarde seria definido como
uma das prioridades de ação do Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal
Lamartine-CEPEJUL, órgão que daria seqüência ao Instituto; ela (a pesquisa)
engloba as “tradições históricas e folclóricas”, hoje mais diretamente
subordinadas aos objetivos e às ações dos Centros coirmãos de Documentação
e de Promoções Culturais. Em outras palavras, os itens história e folclore,
plenamente ajustados à natureza e aos propósitos da Fundação, não se situam,
necessariamente, entre os prioritários na perspectiva do atual CEPEJUL. Essas
variáveis são eventualmente examinadas e aprofundadas, segundo o requeiram
as características e peculiaridades dos estudos em curso.
Para um órgão em gestação, ainda por compor sua infra-estrutura,
constituíam aquelas diretrizes um desafio singular, só concebível numa
perspectiva de longo prazo, especialmente numa época em que havia escassez
de recursos humanos devidamente qualificados. As medidas inicialmente
tomadas foram, assim, sobremodo prudentes: buscou-se preencher os seus
quadros, implementar uma biblioteca especializada e definir, com clareza, os
seus objetivos e linhas de ação, iniciativas básicas para o estabelecimento de
um plano de trabalho conseqüente.
Foram organizados, nesse meio-tempo, sucessivos seminários e ciclos
de debates, eventos artísticos e outros empreendimentos do gênero, inclusive
a publicação de algumas obras de autores norte-rio-grandenses. Os temas
conjunturais da época, então, foram sistematicamente abordados.
Com o advento da Fundação José Augusto (abril, 1963), este Instituto
foi absorvido pela nova entidade que assumiu, enfim, considerável parcela de
suas atribuições. Dois anos mais tarde era criado o Curso de Sociologia
(outubro, 1965) e incorporado hierarquicamente ao Instituto, a partir daí
realizando algumas pesquisas. Em 1968, conforme referimos anteriormente,
o Curso foi transformado em Faculdade de Sociologia e Política e
desvinculado formalmente do Instituto, passando a constituir órgão
autônomo. Com a reforma administrativa da Fundação, ocorrida em 1974,
através da Lei nº. 4.403, de 23 de outubro, o então Instituto teve alterada sua
personalidade jurídica, passando à denominação de Centro de Estudos e
Pesquisas, seguido do nome do patrono.
Foram diretores do Instituto: José Augusto Pérez, Augusto Carlos de
Viveiros, Laércio Bezerra de Melo, Flórida Mariano Accioly Rodrigues e Avani
Polycarpo Feitosa.
CONSELHO DIRETOR
DA FUNDAÇÃO JOSÉ AUGUSTO
(ATA DE 25.02.1969)
Sua implantação foi uma estratégia das mais lúcidas, quer do ponto de
vista econômico ou da praticidade de desempenho, pois a demanda de tais
produtos já era bastante intensa naquele ano e a tendência, certamente, era de
crescimento. Com efeito, afora a estrutura de sua sede (gabinetes da presidência
e vice-presidência e setores administrativo e financeiro), a Fundação mantinha,
como referido em itens anteriores, o Museu de Arte e História, o Instituto de
Pesquisas e duas faculdades, as de Filosofia e Jornalismo, e inauguraria a terceira,
a de Sociologia, no ano seguinte, e todo o complexo necessitava,
constantemente, de impressos.
Mas havia, inclusive, sua função de apoio à editoração de livros
aprovados pelo Conselho Editorial-CONEDI, consolidando-a como
instrumento significativamente importante ao tornar a Fundação auto-suficiente
em serviços gráficos, fator desejável por qualquer organização cultural,
sobretudo quando destinada a sustentar uma política de preservação.
Com mais razão, ainda, constituía, naquela quadra, um setor operacional
40 Anos 67
estrategicamente expressivo para a Instituição face à precariedade do mercado
local na oferta de tais serviços.
Sete anos após sua implantação, em 04 de novembro de 1972, seria
acrescido ao seu parque gráfico novos recursos tecnológicos, incluindo sistema
completo off-set, plastificadora rotativa e calandra (máquina de prova
tipográfica), plastbrill, dobradora automática e impressora automática
tipográfica, afora a criação e operacionalização do Departamento de Arte e
Produção, com o que certamente terá otimizado a sua prestação de serviços.
Foi seu primeiro diretor o Jornalista Celso da Silveira.
Foto: Arquivos da FJA/CEPEJUL
Jurandyr Navarro
O último parágrafo do item anterior faz parte do depoimento do próprio
Jurandyr, que resume: (...) por três momentos prestei serviços a esta Entidade: integrando
a Junta Governativa, durante um ano e meses; depois, como Presidente, por alguns meses,
e, finalmente, como membro do Conselho Diretor, na gestão Ilma Melo Diniz.
A esses três, acrescente-se mais um momento: durante a primeira
administração presidida por Woden Madruga, Jurandyr Navarro foi o Diretor
Administrativo do órgão.
Prossegue em seu depoimento:
Na época da Junta Governativa, no Governo do Mons. Walfredo Gurgel, a
atribuição principal, conforme o Decreto de Intervenção, foi a de dar ênfase à parte
administrativa propriamente dita, mesmo porque a Fundação fora criada fazia pouco
tempo e nenhuma atividade cultural havia sido estruturada, ainda.
70 Fundação José Augusto
Cuidava-se, àquele tempo, precipuamente, em se formar jornalistas e sociólogos, nas
escolas superiores existentes, além de profissionais da área de filosofia.
Segundo o ex-presidente, mesmo quando se deram as sucessivas
modificações no âmbito da mencionada Junta – até a gestão Jurandyr/Bianor
–, não houve, em substância, alteração na política de ação adotada.
Prossegue Jurandyr: A Gráfica continuou com seu trabalho de impressão de livros,
dentre os quais destacaria: Padre Francisco de Brito Guerra, um Senador do
Império, de José Melquíades; Injustiça Social e Depoimentos, de Jurandyr
Navarro, e Empresa Pública, de Jobel Amorim das Virgens.
O edifício-sede da Fundação foi ampliado, nesse período, com a construção da parte
que presentemente serve ao almoxarifado, térreo e primeiro andar. Foram feitos, ainda,
reparos internos na Gráfica e refeita a fachada do prédio-sede da Fundação, sendo colocado
o revestimento em mármore, de matiz cinzento, que ainda permanece.
Quanto ao pessoal, foi procedida uma
reestruturação, objetivando modernizar a máquina
burocrática para conferir apoio à política e às metas
finalísticas da Entidade – tendo em vista o seu
futuro, concluiu.
Considerando que nenhuma entidade
pública se firma e consolida no espaço de uma
administração, e que, ao contrário, requer um
somatório de esforços, uma paciente e exaustiva
experimentação de alternativas até que,
contabilizando-se os acertos e excluindo-se os
erros, se cunhe e legitime a sua personalidade,
evidencia-se que aqueles períodos iniciais do Jurandyr Navarro
órgão – conforme acentua Jurandyr, embora com ex-Presidente
incipiente (mas necessária) ação cultural, representaram uma preparação de
sua estrutura para o futuro. Nesta perspectiva, aliás, cada gestão, somada às
anteriores – como numa corrida com bastão – constitui uma etapa na
construção do que é a Fundação José Augusto.
40 Anos 73
restauração, integrando-o à vida cultural do Estado de maneira efetiva. A Fundação
José Augusto teve, depois, inúmeras iniciativas na área.
Destaco, também, o Museu do Sobradinho – procuramos dar-lhe nova vitalidade.
O Prof. Oswald de Souza, que o dirigia, executou uma pesquisa de importância
nordestina: levantou informações sobre rendas e labirintos de toda a região e documentou
esse trabalho, posteriormente editado.
Um outro plano de grande significação foi o de tentarmos fazer uma biblioteca
em cada município do Estado. Cento e cinqüenta bibliotecas no Rio Grande do Norte.
Se não atingimos o total, grande parte foi concretizada.
A Fundação atuava, na época, não como administradora, mas como catalisadora,
como estimuladora do surgimento, da viabilização das
bibliotecas. Então, a partir da nossa gestão, a Biblioteca
Pública, que passou a se chamar ‘Câmara Cascudo’ em
homenagem ao velho mestre – e acho que nenhuma casa
merecia mais o nome de Cascudo do que uma casa de livros
–, assumiu a liderança desse movimento junto às
Prefeituras Municipais, aos clubes de serviço e ao Instituto
Nacional do Livro, o qual nos forneceu muitos livros.
Diógenes vai rememorando os fatos e os
desfiando:
Ao lado desse tipo de preocupação, fizemos voltar
ao funcionamento a Gráfica Manimbu, que estava
desativada, alugada, sem máquinas, máquinas Diógenes da Cunha Lima
estragadas. Então, fizemos uma restauração e a ex-Presidente
Em 1966, o Gov. Da esq. para a dir.: Paulo Viveiros, Fernando Gomes e Bianor
Mons. Walfredo Medeiros, três dos integrantes da Junta Governativa
Gurgel designou da Fundação José Augusto (1966-1968).
uma Junta para
gerir a Fundação
José Augusto.
PERÍODO DE TRANSIÇÃO
(1975-1982)
40 Anos 79
Cláudio José Freire Emerenciano
80 Fundação José Augusto
Fase preliminar (1975-1979)
(a) Criação dos Centros de Estudos e Pesquisas
e de Desenvolvimento Cultural-CDC
40 Anos 83
o processo natural de aprimoramento do sistema. Em outras palavras, não
ocorrendo uma determinada pressão da coletividade, face à qualidade dos serviços
que lhe são prestados – e não só na área cultural, claro! –, pressão essa que se pode
manifestar sob a forma de sugestões e/ou de reivindicações, no apontamento de
alternativas de ação ou, ainda, de crítica a eventuais inadequações e desacertos,
presume-se a aceitação, sem reservas, do modelo então adotado, com o que se
abrem espaços para os lugares-comuns e, enfim, para a rotina.
Este risco foi superado, contudo. Apenas pretendemos registrar o fato
para dar uma idéia dos percalços e dificuldades, muitas vezes as mais sutis,
com que chegaram a se defrontar administradores e técnicos da Fundação: é
evidente que, se não havia um referencial seguro para que se realimentasse o
processo programático, muito provavelmente este fator terá contribuído para
a relativa demora da Entidade em se afirmar como instrumento cultural, após
a saída do último curso universitário por ela mantido.
A despeito desses fatos, porém, o Centro de Desenvolvimento Cultural foi
produtivo, evoluindo de forma a que, no fim daquela década (70), já se mostrava
com a estrutura obsoleta, mal conseguindo comportar a diversidade de linhas de
ação que lhe competia operacionalizar. Esse crescimento espontâneo e, de certa
forma, desordenado, suscitou a que, em dado instante, nova reformulação
administrativa viesse cindir aquela mencionada estrutura, desdobrando-a em dois
novos Centros, os de Documentação e de Promoções Culturais.
Foram diretores do Centro de Desenvolvimento Cultural, ao longo de seis
anos de existência, Ana Emília de Melo Cortez, Jansen Leiros Ferreira, Tarcísio
Gurgel e Deífilo Gurgel, nesta ordem.
40 Anos 93
94 Fundação José Augusto
folclore e mamulengos e pelo menos meia dúzia de projetos visando à
recuperação e manutenção de grupos folclóricos - com a aquisição e doação
de instrumentos e adereços.
Deífilo Gurgel foi seu primeiro diretor.
Cláudio Emerenciano
Iniciada em junho de 1979, a gestão de Cláudio Emerenciano se
prolongaria até 12 de junho de 1980, durando algo em torno de doze meses,
portanto. O seu depoimento começa com uma síntese dos objetivos a que se
propôs, que foram: Proceder a uma análise do desempenho da Fundação, até aquela
época; avaliar sua estrutura funcional e, ouvindo as expressões da cultura do Estado (não só
da cultura erudita mas, sobretudo e principalmente, da cultura popular), definir uma política
cultural. Prossegue: Seguiu-se a elaboração de projetos para todas as áreas definidas na
política cultural e, por fim, sua implantação e execução. Feita esta introdução, o Prof.
Cláudio Emerenciano passa a historiar sua administração nos seguintes termos:
A Fundação vinha de esforços notáveis, realizados pelos diversos dirigentes que
me haviam antecedido, cita-os nominalmente: Sem dúvida alguma, tudo fizeram
para bem desempenhar suas funções. As dificuldades que ainda hoje embargam,
dificultam e atropelam o desempenho da Fundação José Augusto, contudo, sempre
existiram. Essas dificuldades ora se manifestam de modo mais ostensivo, mais
40 Anos 103
expressivo, mais aplicável, ora não; são fases que dependem das prioridades conferidas
no Brasil, na administração pública brasileira, a partir do próprio Governo Federal.
Aliás, o Governo Federal gera, por via de conseqüências, efeitos e desencadeamentos
que alcançam as administrações estaduais e municipais.
Cita que, após realizar aquela “espécie de autocrítica do desempenho da
Fundação”, elaborou e propôs, ao então Governador Lovoisier Maia, uma
nova estrutura para o órgão, o qual a encaminhou, na forma de anteprojeto de
lei, à Assembléia Legislativa, sendo aprovada sem restrições.
Continua: Os Centros que hoje existem foram criados na nossa administração.
Alguns órgãos que haviam sido extintos, por circunstâncias e razões conjunturais, foram
reativados. Cita um exemplo: quando a Fundação José Augusto foi criada, no Governo
Aluízio Alves, um dos seus carros-chefes era o Instituto Juvenal Lamartine de Pesquisas
Sociais. Com o passar do tempo, esse Instituto foi desativado, ou por falta de recursos, ou por
falta de investimentos federais, sobretudo por falta de interesse do Governo Federal em subsidiar
as suas pesquisas. Nós, nessa reformulação da Fundação José Augusto, o restauramos,
então com o nome de Centro de Estudos e Pesquisas Sociais.
Diz, ainda: Procuramos imprimir, na nossa gestão, os conceitos de atividades-meio e
atividades-fim, conforme os entendemos. As atividades-fim seriam, fundamentalmente, próprias
aos Centros de Promoções e de Documentação Cultural. Segue-se um sumário das atribuições e
abrangência desses dois organismos, o que tomamos a liberdade de suprimir face à existência,
em outra parte deste documento, de matéria específica a respeito. O Prof. Cláudio, no entanto,
fez observação sobre o CDC; diz ele que este Centro tem características de atividades-meio e
fim, simultaneamente. E completa: Explico e justifico: meio, quando a Fundação passou a
coordenar, a assumir, na nossa administração, a responsabilidade pelo Sistema Estadual de
Bibliotecas, também já mencionado. Lembramos que o Sistema de Bibliotecas é
subordinado, hierarquicamente, ao CDC.
Cláudio enfatiza este particular: Disseminar bibliotecas por todo o Estado, por
todo o Rio Grande do Norte!... fruto do apoio que obtivemos do então Presidente do INL
que me deu condições e me permitiu, realmente, realizar a obra, que consideramos permanente.
E que não é de uma administração: é impessoal.
Sobre os museus diz que, afora a Casa Café Filho, chamada Museu do
Sobradinho, não estavam comprometidos com o recolhimento, preservação e conservação
de tudo aquilo que seja digno e representativo como parte da história e cultura do Estado, e da
própria maneira de ser, agir e pensar do nosso povo.
Fala das ações cinematográfica e teatral. Relata que tentou
operacionalizar um projeto na área do cinema mas infelizmente, não obtivemos
os meios necessários à concretização das propostas. Ressalta, porém, que chegou a
identificar pessoas e entidades que possuíam filmes, documentando fatos
da vida do Estado e que, a exemplo do notável acervo fotográfico produzido por
104 Fundação José Augusto
João Alves de Melo, de posse dos seus herdeiros, espera que seus sucessores tenham
tomado outras iniciativas.
Quanto ao teatro, durante sua administração foi dinamizado em dois
Festivais Estaduais, cujas peças eram apresentadas simultaneamente no Teatro
Alberto Maranhão e no centro da cidade, no Grande Ponto: em palanque armado na
Praça Kennedy, a Fundação promovia a presença de alunos das redes estadual e municipal de
ensino, durante dez dias; inclusive com reapresentação, à noite, das peças de maior identificação
popular.
Quando retoma o depoimento, fala sobre a Gráfica Manimbu: A Fundação
sempre teve um problema sério com a Gráfica, por falta de apoio financeiro do Governo do
Estado. Mas nós a reativamos. Criamos o Conselho Editorial e elaboramos um programa
de edições. Em nossa administração editamos, diretamente, quatorze títulos, e co-editamos,
com o Instituto Nacional do Livro, com o Instituto Nacional do Folclore e com a Shell, mais
seis obras. Como se vê, foram vinte títulos publicados em
um ano. A Gráfica Manimbu, portanto, ligada
diretamente à Presidência, funcionava como instrumento
de apoio logístico, sobretudo ao Centro de Documentação,
para a execução da política editorial.
Sobre recursos humanos: Quando assumimos
a Fundação José Augusto encontramos um Programa que
era executado em articulação com a Secretaria de
Planejamento da Presidência da República. Era o
PROFIED. Um Programa de aprimoramento de recursos
humanos sobretudo para a administração pública mas,
também, para a inciativa privada. Após avaliarmos sua
importância para o papel a ser desenvolvido pela Fundação, Cláudio Emerenciano
ex-Presidente
operacionalizamos o Centro de Recursos Humanos, que
absorveria o Programa.
Como vimos em outra parte, o PROFIED(7) foi extinto em 31.12.79,
seis meses após o início da administração Cláudio Emerenciano, assumindo
então o CRH, conforme assinala o Prof. Cláudio, as atividades que lhe eram
inerentes. Prossegue: Encontramos um grande déficit nesse Programa, um sério problema
financeiro, mas em oito meses promovemos o seu saneamento, com a obtenção de apoio da
SUDENE, da própria SEPLAN-RN e dos Ministérios do Interior e, à época, da
Educação e Cultura. Desse modo tornou-se possível executar, no Rio Grande do Norte, um
modesto mas objetivo programa de recursos humanos.
Em seguida, menciona o apoio do Prof. Cláudio do Nascimento, então
Presidente do Instituto Nacional do Folclore, possibilitando a edição de algumas
_______________________
(7)
PROFIED: Programa de Formação Integrada de Executivos para o Desenvolvimento.
40 Anos 105
obras, inclusive a reedição de Dante Alighieri e a Tradição Popular no Brasil.
Este, como já vimos, teve os serviços gráficos iniciados na época do Presidente
Franco Jasiello. E de Simbolismo do Povo, ambos de Câmara Cascudo,
e, também, o redimensionamento de atividades iniciadas em gestões
anteriores, como foi o caso do já referido Festival de Mamulengos do Rio
Grande do Norte, extensivo a vários Estados do Nordeste: Trazíamos
mamulengueiros de Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba e mobilizávamos esses
notáveis artistas populares, inclusive nas escolas estaduais e municipais. Era uma
tentativa de despertar o interesse das novas gerações, desde o pré-escolar, para a cultura
popular nordestina e brasileira.
Quero esclarecer – adianta Cláudio Emerenciano – que iniciávamos uma
programação concebida por nossa Assessoria, que contava com o folclorista Deífilo Gurgel
na direção do Centro de Promoções Culturais.
O programa era muito interessante e compreendia um trabalho permanente junto às
escolas.
Realizamos, ainda, dois festivais de emboladores, chegando à descoberta do famoso
embolador Chico Antônio, objeto de estudo de Mário de Andrade. Isto se deve, realmente,
ao Deífilo Gurgel.
Chegamos a elaborar trinta e oito projetos, naquele período, abrangendo diversas
áreas. Em dezembro, por exemplo, durante o ciclo natalino, promovemos o I Encontro
de Seresteiros do RN, na Praça Kennedy. Reunimos mais de sessenta artistas. O
encerramento deu-se com uma homenagem a Câmara Cascudo.
Sobre restauração de monumentos: dentro do Centro de Documentação Cultural
se encontra toda a estrutura de conservação e restauração de monumentos históricos. Concluímos
alguns e iniciamos outros projetos, sem dúvida complementados pelas administrações que nos
sucederam. Por exemplo: executamos oitenta por cento da restauração do Convento Santo
Antônio e sua inauguração deu-se um mês após a nossa saída.
Outros projetos citados por Cláudio: o de Inventário de Bens Culturais
Móveis e Imóveis do RN, elaborado em sua gestão, mas cuja execução, restringida
aos bens imóveis, dar-se-ia anos depois; obras arquitetônicas em Vila Flor, projeto
oriundo de administrações anteriores, ampliado na sua e concluído nas subseqüentes;
obras de conservação e restauração de uma Igreja, em Acari; restauração de imóveis
considerados importantes para a história arquitetônica do Estado nas cidades de
Açu, Mossoró, São José de Mipibu e Goianinha, entre outras. Diz ele: Quando
estávamos saindo, iniciamos os trabalhos de restauração das ruínas de Cunhaú
e entregamos à comunidade norte-rio-grandense o livro, reeditado, Os Holandeses
no Rio Grande do Norte, do Mons. Paulo Herôncio, com episódios de Cunhaú e
Uruaçu.
Encerrando, retoma três itens da área de documentação:
106 Fundação José Augusto
Promovemos, com o Cine Clube Tirol, sessões de cinema no Centro de Turismo;
reativamos a Galeria de Arte, da Biblioteca Pública Câmara Cascudo, e, enfim,
retomamos um projeto de microfilmagem de documentos, com o Arquivo Nacional, que
fora iniciado na época da Profª. Ilma Melo Diniz, mas há muito tempo interrompido.
À questão sobre como vê o desempenho da Fundação, responde Cláudio:
Vejo, como não poderia deixar de ser, como resultado do esforço, da abnegação
de todos os que fazem a sua direção. A Fundação, ao longo de sua história, tem
realmente executado o seu papel. Em algumas administrações, um pouco mais; em
outras, um pouco menos. Não por culpa dos seus responsáveis, mas face a condições
e circunstâncias que escapam à sua vontade. Em síntese, se algo mais não tem sido
feito é pela indigência, lamentavelmente, de recursos financeiros nos níveis federal e
estadual, para a execução de uma ampla política cultural. Como disse no início, há
um ‘efeito cascata’ que alcança todos os órgãos de promoção cultural.
Quanto às perspectivas da Instituição:
Estamos em pleno processo constituinte estadual. A nova Constituição contempla
a cultura com um capítulo ou com uma seção – já vi o anteprojeto(8) – mas, infelizmente,
suas normas representam apenas intenções. Não expressam algo de concreto. Acho que
o futuro da Fundação vai depender muito daquilo que ficar definido na Constituição:
seria importante que houvesse referência ao seu papel e à sua responsabilidade na execução
de uma política cultural.
Mesmo com as limitações constitucionais a que se refere, sintetiza a função
da Fundação José Augusto e emite uma mensagem de otimismo quanto ao seu
futuro:
Uma política cultural se divide entre aquilo que representa o esforço para preservar
e aquilo que representa o esforço para difundir; difundir a cultura popular, a cultura
erudita, estimular novas vocações artísticas e culturais... enfim, a função da Fundação
é a de coordenação e articulação, não a de gerência. A Fundação não pode ter aquela
intenção soberba de pretender produzir cultura, de modo algum. Ela é um
instrumento de articulação, de coordenação de todas as forças vivas
que fazem, efetivamente, a cultura norte-rio-grandense. (o grifo é
nosso).
Foi assim que presidimos a Fundação, com esse compromisso e com esses
propósitos. Não temos dúvida que ela haverá de se encaminhar, cada vez mais, para a
realização dos seus altos objetivos.
40 Anos 107
o Prof. Evilásio Leão, em caráter interino, que
perduraria até outubro daquele ano de 1980.
Relembrando aquela época, assim se pronuncia
Prof. Evilásio:
Acredito ter cumprido fielmente as metas a que me
propus, quando da minha posse. Fruto da experiência no
exercício da Diretoria Administrativa e Financeira, desde
junho de 1979, e em razão de constantes substituições ao
Presidente, não me trouxe maiores novidades ou dificuldades
a atuação como titular. Todos os projetos em execução ou
em tramitação para a obtenção de recursos junto ao Governo
do Estado ou ao do País – Instituto Nacional do Livro,
Fundação Pró-Memória, FINEP, INACEN, Evilásio Leão
ex-Presidente
FUNARTE, etc. – foram levados a termo sem maiores
empecilhos.
Assim é que, nos cerca de quatro meses que passei à frente da Fundação José Augusto,
complementamos a restauração da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Acari, através da
Fundação Pró-Memória; com o apoio da FINEP e da Livraria Universitária, publicamos o
livro Os Degredados Filhos da Seca, do sociólogo Itamar de Souza, e concluímos a
editoração do título História do Teatro Alberto Maranhão, do saudoso Meira Pires.
Através do Instituto Nacional de Artes Cênicas - INACEN, realizamos o Festival
de Teatro Amador, em todo o Estado, enquanto com a Fundação Nacional de Arte -
FUNARTE, dávamos uma ênfase toda especial à realização de Feiras Culturais nas
cidades de Currais Novos, Macau, Pau dos Ferros e Açu. Em Macau, inclusive, lançamos
o livro O Navegador e o Sextante, de Gilberto Avelino.
O projeto Circo da Cultura foi rigorosamente cumprido na minha gestão,
sendo interiorizada a arte cênica através de grupos com apresentações no Circo da
Cultura em várias cidades do interior. Igual apoio foi dado ao Folclore, com a
ajuda do INACEN, facultando aos grupos tradicionais da cidade – como o Asa
Branca e o Araruna – a renovação de suas indumentárias e dos seus instrumentos
musicais. Também o mamulengo foi enfatizado. Promovemos o Festival e levamos os
artistas a várias cidades, inclusive apresentando-os no âmbito do Circo.
Reformei parte da Biblioteca Pública Câmara Cascudo, além de equipá-la
para um melhor funcionamento. Também foi renovado o teto de uma ala do prédio da
Fundação.
Entendo, portanto, que desenvolvi os projetos em andamento e que cumpri o
programa que tracei – desde a minha posse, em 12 de junho.
Faz um comentário final:
Enfrentei a dificuldade conhecida: falta de recursos. É a falta de recursos que exige
108 Fundação José Augusto
do administrador criatividade e, sobretudo, tráfego governamental, bem como disposição de
luta junto às entidades já citadas, ou seja, INL, Pró-Memória, INACEN, FUNARTE
e outras, sem o que a sua administração será um vazio sem fim, limitada às vernissages
dos artistas plásticos locais.
Quanto às perspectivas da Fundação, é este o seu parecer:
A Fundação José Augusto tem um grande papel a cumprir, no Rio Grande do
Norte. E o tem feito, mesmo a duras penas, registrando e promovendo nossa cultura.
Todos os presidentes cumpriram as metas traçadas. Resume sua experiência
quanto ao desenvolvimento de uma política cultural: Planejamento adequado
e isenção política na distribuição de benesses aos produtores culturais, em primeiro
lugar.
É preciso vigilância permanente aos objetivos a serem alcançados. É indispensável,
ainda, que o Presidente tenha tráfego político junto ao Governo e capacidade para suscitar o
acesso às instituições federais, bem como que seja aceito pela intelectualidade estadual e pelas
entidades responsáveis pelo folclore, artes cênicas, artes plásticas, etc.
E conclui:
Para se fazer um bom trabalho é preciso haver comunhão de esforços, no sentido
de possibilitar a realização concreta das atividades. O engrandecimento da cultura
norte-rio-grandense depende de um trabalho sério, concreto e coeso de órgãos como a
Fundação José Augusto.
CONSOLIDAÇÃO DO SISTEMA
(1983-2003)
Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal Lamartine ....................................... 113
Centro de Documentação Cultural Eloy de Souza-CDC ......................... 121
(a) Subcoordenadoria de Documentação .............................................................. 122
(b) Preservação do Patrimônio Histórico e Artístico ........................ 124
(c) Memoriais Câmara Cascudo e Mons. Expedito ........................... 130
(d) Ação da Biblioteca Pública Câmara Cascudo .................................. 131
(e) Sistema Estadual de Museus ........................................................................................... 134
Centro de Promoções Culturais-CPC ..................................................................................... 145
(a) Cultura popular, principais projetos .................................................................... 148
(b) Cidade da Criança; Escolas Cândido Portinari, Newton
Navarro e Rossini Perez; Pinacoteca Estadual/Palácio da
Cultura ................................................................................................................................................................................... 156
Outros segmentos de difusão cultural .................................................................................. 161
(a) Área teatral: Teatros Alberto Maranhão e Lauro Monte Fi-
lho; Centro Cultural Adjuto Dias .................................................................................................... 162
(b) Área musical: Instituto de Música Waldemar de Almeida-
IMWA, Corais Canto do Povo e Harmus, Orquestra Sinfônica do
Rio Grande do Norte, Projeto “Seis e Meia” e Programa de Incen-
tivo às Bandas de Música do Estado ...................................................................................... 168
(c) Área Literária ............................................................................................... 177
Conselho Editorial-CONEDI ........................................................................... 178
Concursos e premiações .................................................................................... 180
Obras e autores publicados ............................................................................. 181
Núcleo de Literatura ............................................................................................ 192
Presidentes da época ......................................................................................................................................... 195
40 Anos 111
Juvenal Lamartine
40 Anos 119
Foto: Arquivos da FJA/ CDC
40 Anos 123
Aureliano) negociaram-no a preço simbólico com o Governo do Estado com
a condição de que, após restaurado, recebesse o nome do antigo dono. Proce-
didos o tombamento e a desapropriação – também sob a responsabilidade
desta Fundação –, concretizou-se a restauração, conservando o frontão, típi-
co da época, com cornijas e varandas laterais.
Além de sediar esta Subcoordenadoria, que mantém inclusive quatro
núcleos especiais, o ambiente dispõe de salas de exposição e está aberto à
visitação pública, seja para referidas mostras ou, mesmo, pelas características
arquitetônicas do prédio.
No que diz respeito aos núcleos prefalados, há um que se destina à orga-
nização dos processos e plantas do Patrimônio e três outros resultantes da
doação de acervos particulares, dos ex-governadores José Augusto Bezerra
de Medeiros e Sylvio Piza Pedroza e o do escritor e antropólogo Manoel
Rodrigues de Melo. Ali estão alocadas obras raras, correspondências de alto
valor histórico, jornais do início do século XX, periódicos diversos e fotografias
que demarcam ou sinalizam aquelas respectivas personalidades e constituem,
certamente, uma preciosidade para pesquisadores que tenham em vista o resgate
da memória histórica do Estado. O documento GESTÃO ADMINISTRATI-
VA (1995-2002), deste Órgão, faz uma advertência: “Documentos, artigos e fo-
tos que necessitam de uma digitalização urgente, ainda estão a depender de con-
dições favoráveis em termos de recursos e de pessoal”.
Além de exposições, o Solar funciona como local para lançamento de
livros. A Subcoordenadoria contribuiu, enfim, na produção do filme For All,
com subsídios de pesquisa sobre a indumentária em voga, em Natal, no perí-
odo da II Grande Guerra.
40 Anos 127
Entre 1989 e 1993, foram elaborados cerca de dez projetos, abrangendo
os itens de restauração, manutenção, ambientação e construção; emitidos pa-
receres diversos sobre preservação (Casarão dos Guarapes e Confeitaria
Atheneu, entre outros) analisado o processo de tombamento do Rio Potengi
e redigida uma Cartilha de Arqueologia, afora vários serviços de manutenção
no âmbito da Fundação José Augusto.(12)
Entre 1995 e 2002 foram realizados serviços de manutenção no edifício-
sede da Fundação, incluindo a reforma da “Sala dos Grandes Atos” e constru-
ção de uma sala para abrigar a Oficina de Gravuras “Rossini Perez”; no Teatro
Alberto Maranhão, abrangendo a construção da “Sala Tonheca Dantas”, com
revestimento acústico, para ensaios da Orquestra Sinfônica; na Fortaleza dos
Reis Magos, compreendendo a recuperação da passarela e dos taludes; no Palá-
cio Potengi; na Cidade da Criança; no Instituto de Música Waldemar de Almeida;
no Memorial Câmara Cascudo; no Solar João Galvão de Medeiros; na Gráfica
Manimbu, e nos Museus de Arte Sacra, Arte Popular e Café Filho.
No período assinalado foram realizados diversos tombamentos, a sa-
ber: em Natal, o do antigo prédio da Escola Doméstica, na Praça Augusto
Severo, Ribeira; da casa onde nasceu Café Filho, na Rua Quinze de Novembro
(antiga Rua do Triunfo), Ribeira; da casa de Luís de Barros, na Rua Chile,
Ribeira; do antigo Palácio do Governo, também na Rua Chile, Ribeira, que
passou a comportar o Museu de Arte Popular e a Escola de Dança-EDTAM;
do antigo prédio do Liceu Industrial, posteriormente denominado Escola In-
dustrial, na Avenida Rio Branco, Cidade Alta; da casa onde funcionou o Hotel
Majestic, na Cidade Alta, e da Maternidade-Escola Januário Cicco, em
Petrópolis. No interior do Estado, das Capelas de São José e de Nossa Senho-
ra da Soledade, em Macaíba; da Escola Estadual Barão do Mipibu, em São
José de Mipibu; da Capela de Santa Rita das Dores, em Pedro Velho; da Casa
de Alzira Soriano, em Angicos; da Casa Paroquial de São Paulo do Potengi,
para a instalação do Memorial Monsenhor Expedito de Medeiros, e da Casa
Velha, em Lagoa de Velhos.
Essas intervenções sejam quais forem as causas que as concretizaram,
deram ensejo (e isto parece-nos fundamental) à criação, no seio da comunida-
de, de uma nova concepção sobre a representatividade e importância dos seus
monumentos, dos seus sítios históricos e paisagísticos, refletindo-se numa cres-
cente preocupação com o destino desses imóveis. Tal conseqüência é percebi-
da, por exemplo, quando consideráveis segmentos da sociedade se organizam
e investem contra a especulação imobiliária, sempre que esta ameaça o nosso
patrimônio cultural em nome de uma suposta ação modernizadora.
____________________________
(12)
O projeto de construção refere-se à proposta de Criação de Bancas Culturais.
40 Anos 129
(c) Memoriais Câmara Cascudo e Mons. Expedito
No local onde se situava uma construção datada do século XVIII, desti-
nada ao Real Erário, foi reconstruído, em 1875, o prédio da Tesouraria da
Fazenda. Após vários usos, inclusive o de sede do Quartel-General do Exérci-
to, o monumento foi designado pelo Governo do Estado para abrigar o
Memorial Câmara Cascudo.
Sob a supervisão da Fundação José Augusto, através do Centro de Docu-
mentação, o Memorial reúne um importante acervo compreendendo jornais,
correspondências e fotografias, além da biblioteca particular do eminente histo-
riador e folclorista Luís da Câmara Cascudo, com cerca de nove mil títulos.
Localiza-se no eixo denominado “corredor cultural”, na Praça André
de Albuquerque, entre as Igrejas Santo Antônio e Matriz de Nossa Senhora da
Apresentação e nas proximidades do Instituto Histórico e Geográfico, das
Praças Padre João Maria e Sete de Setembro, do Museu Café Filho (ocupando
o primeiro prédio assobradado de Natal, na Rua da Conceição) e dos Palácios
Potengi e Felipe Camarão.
Quanto ao Memorial Monsenhor Expedito, está instalado na Casa Paro-
quial de São Paulo do Potengi, onde residiu o Monsenhor Expedito de
Medeiros, que se notabilizou por uma vida inteira dedicada ao serviço dos
Fotos: Arquivos da FJA/CDC e BPCC
40 Anos 131
Não estamos falando dos recursos audiovisuais ou de microfilmagens,
por exemplo, comuns a qualquer biblioteca moderna; referimo-nos a uma par-
ticipação concreta, efetiva e conseqüente no processo de difusão cultural, ob-
viamente sobretudo através do livro, mas não só neste particular.
Já enfatizamos sua incursão em projetos da área cinematográfica. Enve-
redou, inclusive, por experimentações – positivas – na área da cultura popu-
lar, participando de feiras culturais promovidas pelo CPC e coordenando fei-
ras de livros, cujas programações envolviam apresentação de cordelistas,
cantadores de viola e repentistas, concursos de batidas feitas com frutas regi-
onais e outras atividades do gênero.
Durante muitos anos desenvolveu um trabalho importantíssimo junto
às crianças, através da implementação da Sala Infantil, que terá funcionado
como embrião da atual Biblioteca Infanto-Juvenil Myriam Coeli, localizada na
Cidade da Criança. Havia sessões de cinema, laboratório de artes plásticas,
hora da leitura e outras intervenções, sempre com farta explicação dos assun-
tos abordados e canalizando o interesse dos jovens para a utilização do livro
como instrumento informativo e formativo.
Na área específica, qual seja, a de “preservar as informações científicas,
didáticas, históricas e culturais, nos seus diversos formatos, para fins de pes-
quisa, estudo e leitura da comunidade norte-rio-grandense”, ao longo do seu
percurso instituiu o programa de “caixas-estante”, pelo qual era possibilitado
o acesso de operários e comerciários ao livro, inclusive com orientação; havia,
ainda, o “carro-biblioteca”, em ação pelos bairros menos favorecidos da ci-
dade ou por aqueles que, distantes da biblioteca, dificultavam o acesso daque-
les moradores ao seu recinto. Programas similares foram operacionalizados,
vez por outra, dentro da idéia e da concepção de que a biblioteca não deve
permanecer como uma estrutura estática, imobilizada em sua postura eminen-
temente tradicional de guardiã de milhares de títulos irrepreensivelmente or-
ganizados e acondicionados em seus escaninhos. Claro que o armazenamento
de livros é fundamental, mas não deve interpretar-se esta particularidade ele-
mentar, básica, como constituindo o seu universo e a sua razão de ser. Ao
contrário, ela deve aperfeiçoar – como qualquer outro organismo –,
implementar renovados recursos no atento acompanhamento, na medida do
possível, dos avanços tecnológicos para manter satisfatório padrão de quali-
dade em sua prestação de serviços. A sociedade é dinâmica: se a clientela de
ontem se limitava à pesquisa ou consulta bibliográfica, a de hoje requer acesso
à INTERNET. E a de amanhã?...
A propósito, nos últimos anos foi realizada uma compra significativa de
móveis e equipamentos, além das consecuções através do Ministério da Cultu-
132 Fundação José Augusto
ra. A parceria com o Ministério possibilitou a aquisição de computadores e do
software “Arches Lib”, exigindo, porém, por parte da Fundação, novas demandas
para a manutenção do sistema. Através da Secretaria de Informática do Estado
do Rio Grande do Norte-SECRIN, foi possível viabilizar a conexão com a rede
INTERNET e a criação da página eletrônica da Biblioteca. Um dos objetivos
perseguidos e ainda não concretizados, vem sendo a inserção da Biblioteca no
programa do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações-
FUST (Ministério das Comunicações e Ministério da Cultura). Por outro lado,
um Convênio de Cooperação Técnica com o “Instituto Embratel 21”, per-
mitiu, recentemente, a criação da Videoteca, com a recepção da TV Digital da
Embratel, via Projeto Biblioteca Digital Multimídia, que propicia ao usuário
a audiência de vídeos, conferências e programas culturais.
A Biblioteca Pública Câmara Cascudo é a unidade central da
Coordenadoria de Bibliotecas, cuja constituição inclui a Biblioteca Infanto-
Juvenil Myriam Coeli, que dá continuidade ao programa antes desenvolvido
pela já referida Sala Infantil, e a Biblioteca Zila Mamede, situada no bairro de
Ponta Negra.
Além da manutenção das unidades acima discriminadas, a Coordenadoria
de Bibliotecas gerencia o Sistema Estadual de Bibliotecas Municipais, com-
posto por todos os municípios do Estado que mantêm o acordo do Termo de
Cooperação Técnica.
Sobre o acervo, sessenta e cinco mil volumes, aproximadamente, é for-
mado pelas coleções:
(a) geral - compreendida por livros de assuntos diversos;
(b) referência - dicionários, enciclopédias, anuários e obras similares;
(c) didática - constituída por títulos destinados a estudo;
(d) periódicos - formada por jornais, revistas, boletins, etc.;
(e) braille - edições exclusivas para deficientes visuais;
(f) autores norte-rio-grandenses - reunindo livros de autores potiguares
e/ou sobre o Rio Grande do Norte, quando de outras regiões;
(g) especiais - obras raras, coleções “Brasiliana” e “Documentos Brasi-
leiros”, entre outras, e
(h) bibliotecas particulares - composta por livros que pertenceram a
intelectuais e/ou colecionadores do Estado, os quais constituem as Salas
“Jayme Adour da Câmara”, “Berilo Wanderley”, “Floriano Cavalcanti”
e “Humberto Nesi”.
Museu Café Filho, situado na Praça 7 de Setembro, no centro da Cidade Alta, em Natal.
na linha de ação recomendada pelo Ministério. Ato contínuo, este Estado criou,
pelo Decreto nº. 9.987, de 11 de janeiro de 1988, o Sistema Estadual de Mu-
seus do Rio Grande do Norte, definindo, a partir daí, uma política de museus
dentro daquele espírito e conceito, cuja conseqüência imediata foi a implanta-
ção do Museu de Arte Sacra, um dos mais expressivos acervos de quantos são
administrados pela Fundação.
Além da responsabilidade de gerir o Sistema Estadual, pelo que se obri-
ga a prestar assistência técnica na implantação e/ou instalação de museus mu-
nicipais e comunitários, a instituição, através da Subcoordenadoria de Ativi-
dades Museológicas, mantém os seguintes museus:
Fortaleza dos Reis Magos. É uma das edificações militares, em sua
categoria, mais expressivas do país. Sua construção inicial, em pau-a-pique,
data de 6 de janeiro de 1598; a construção atual, em alvenaria, foi dada por
concluída em 1628. Suas muralhas foram erguidas com pedras extraídas dos
arrecifes que a circundam. Na ocupação holandesa (1633-1654) recebeu o nome
de “Kastel Keulen” (em homenagem ao Alto Conselheiro da Companhia das
Índias Ocidentais Mathijs Van Keulen).
A Fortaleza mantém suas características arquitetônicas originais e en-
contra-se em perfeitas condições físicas. Tombado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional-IPHAN, é uma das principais atrações turísti-
40 Anos 137
cas do Estado e o seu museu o mais visitado. Em seu interior está exposto o
“Marco de Touros”, o marco colonial mais antigo do Brasil, chantado na Praia
de Touros em 1501, pela expedição portuguesa de Gaspar de Lemos.
Museu Casa Café Filho. Exposição permanente de objetos, comendas,
fotografias, discursos, artigos, decretos e o livro de memórias (Do Sindicato
ao Catete) do ilustre norte-rio-grandense.
Museu de Arte Sacra. Através de convênio firmado com os Frades
Capuchinhos, esse museu foi instalado na Igreja de Santo Antônio, no centro
da cidade. Seu acervo consta de imagens dos séculos XVII ao XX, afora alfai-
as, pinturas, mobiliário, ourivesaria e prataria utilizados nos rituais litúrgicos
católicos. Contém, ainda, imagens e oratórios de camarinha, como mostra da
devoção doméstica.
Museu de Cultura Popular. Mantém acervo de fotografias, peças,
indumentárias e instrumentos utilizados nas diversas manifestações popula-
res do Estado, além da coleção de cordéis editada pelo Projeto Chico Traíra,
desenvolvido por esta Fundação.
O prédio onde está instalado sediou a administração da antiga Província
e os primeiros anos do regime republicano, na antiga Rua do Comércio (hoje,
Rua Chile), bairro da Ribeira. Com a transferência da sede do Governo para a
Praça Sete de Setembro (1902) – atual Palácio Potengi –, pelo então Governa-
Foto: Joana Lima
Augusto, com o apoio da Fundação Cultural Banco do Brasil, restaurou o prédio do Palácio Potengi, ali
instalando referida coleção e realizando eventos como exposições, lançamentos de livros e outras inicia-
tivas do gênero, passando a designá-lo “Palácio da Cultura”(1999).
40 Anos 139
Um resumo das iniciativas, na área, assinala a promoção de trinta e
dois concursos, incluindo cinco prêmios de pintura (Newton Navarro, Go-
vernador do Estado, Galeria Anna Quadros, Base Almirante Ary Parreiras
e João da Escóssia) e um de escultura, Monumento à Câmara Cascudo,
abrangendo dezesseis anos e classificando cerca de sessenta obras, aí inclu-
ídos primeiros, segundos e terceiros lugares, algumas menções honrosas e
prêmios de aquisição. Foram realizadas, ainda, algo em torno de trezentas
exposições.
Nenhuma outra área foi beneficiada com tal índice de promoções, o
que se pode constatar na simples leitura dos demais itens aqui apresentados;
portanto, nenhuma outra apresentou tão prodigiosa performance.
Aliado a esse maciço apoio aos artistas, a manutenção da Escolinha de
Arte Cândido Portinari e da Oficina de Gravuras Rossini Perez constitui outra
vertente de significativa expressão, dado que suas propostas, em síntese, visam
alimentar o processo formativo de novas gerações de produtores culturais.
Quanto à Oficina de Gravuras Rossini Perez, até 1993 (conforme vimos
anteriormente, esta fora criada em 1980) era subordinada ao Centro de Pro-
moções Culturais – CPC, com a finalidade de desenvolver e aprimorar a arte
da gravura no Estado, área até então sem maior repercussão local. Naqueles
treze anos mantinha-se, a exemplo da Escolinha, antes aludida, fiel àqueles
Foto: Ayres Marques
40 Anos 141
de vez que há significativa faixa de público consumidor deste tipo de literatu-
ra, especialmente nos segmentos jovens.
Anos depois foram realizados trabalhos mais aprimorados e destinados a
outras camadas socioculturais: em 1985 foi editado o álbum Via Sacra, com
versos de Chico Traíra, desenhos de Márcio Coelho e gravuras de Aucides Sales.
No ano seguinte, publicou Casa Nordestina, com poemas de Racine Santos e
gravuras de Aucides Sales, Eribaldo Furtado e Carlos Borges.
Fora do Estado, numa experiência de intercâmbio com a Oficina de
Gravuras do Museu Goeldi, do Pará, foram feitas exposições de cada uma das
Oficinas na capital do Estado coirmão. Internacionalmente, afora coletivas
em Austin (Texas, Estados Unidos) e em Tóquio (Japão), expôs na Petit Galerie,
no centro de Paris, em evento denominado Gravateurs Brasiliens.
Tempos atrás realizou convênio com a Universidade do Rio de Janeiro,
do qual resultou a vinda a Natal dos professores Jean Guido Bonfanti, José
Maria Paixão e Kazuo Iha para ministrarem cursos nesta cidade.
Àquela época a Oficina manteve intercâmbio com várias escolas de arte
de Natal, dentre as quais a do Solar Bela Vista, a do Atelier da então Escola
Técnica Federal do Rio Grande do Norte-ETFRN e a do Colégio Nossa Se-
nhora de Fátima. Fora do Estado, manteve contato permanente com o Nú-
cleo de Arte e Cultura da Universidade da Paraíba e com a Oficina Guaianases,
de Olinda-PE.
Em 1996 suas atividades foram suspensas, retornando enfim em agosto
de 2002 (p. 159).
A implantação da Pinacoteca, por sua vez, foi possível graças à reunião
do acervo preexistente no Estado, à doação de artistas e à aquisição por com-
pra.
A aquisição de acervo, mormente em uma instituição de caráter
museológico, é de singular relevância, tanto do ponto de vista de atualização
das coleções quanto de uma política de incorporação e ampliação. O traba-
lho visa cumprir a finalidade de valorizar, estudar e conservar o que se rela-
cione com o interesse histórico, artístico e técnico, expondo ao público de
forma prazerosa e educativa. No período 1995-2002, a implantação da Pi-
nacoteca do Estado, no Palácio Potengi, a criação do Museu de Cultura Po-
pular e a renovação de acervo em outros museus sob a responsabilidade da
Fundação, exigiram que a incorporação de novos acervos se processasse
por três vias – compra, doação e comodato, conforme discriminação abai-
xo:
COMPRA
g
Coleção de arte popular, com 119 (cento e dezenove) peças;
142 Fundação José Augusto
g
cinco desenhos, da artista primitiva Maria do Santíssimo;
g
cinco esculturas, em cimento constituído, do artista plástico Jordão;
g
dois óleos, do artista primitivo Nivaldo Rocha;
g
duas placas, em cerâmica, da artista Côca;
g
um óleo sobre cartão;
g
uma pintura, do artista plástico Raul Córdula;
g
uma gravura, do xilógrafo Ciro;
g
uma escultura, em pó-de-mármore, do artista Galego, e
g
uma escultura, em pedra-sabão, do artista Emanoel Amaral.
DOAÇÃO
g
Coleção de Artes Visuais, do extinto Banco do Rio Grande do Norte-
BANDERN, composta de 92 (noventa e duas) peças;
g
Coleção de Artes Visuais, do Banco Central, composta de quarenta e
nove peças;
g
seis esculturas sobre plano e cinco óleos sobre madeira, da artista Zaíra
Caldas, pela autora;
g
duas cerâmicas, da artista Regina Guedes, pela autora;
g
dois óleos, do pintor Ranilson Rabelo, pelo autor;
g
óleo sobre papelão, de autoria não-identificada, pelo artista plástico
Iramar Araújo;
g
um óleo, de Fé Córdula, pelo autor;
g
uma obra de arte cinética, do artista Abraão Palatnik, pelo autor, e
g
uma escultura em chumbo, revestida em folhas de ouro, representando
Buda em pé (com 70 cm de altura), de origem indiana, pelo suíço Fritz
Alcin Gegauf.
COMODATO
g
cinco óleos: 02 (dois) da artista Ir. Miriam, 01 (um) do artista Assis Mari-
nho e 02 (dois) de autoria não-identificada, cedidos pelo Colégio Nossa
Senhora das Neves, e
g
duas esculturas – terracota e gesso –, do artista Hostílio Dantas, cedi-
das pelo Professor Protásio Alves de Melo.
40 Anos 145
exigem linguagens diferenciadas para expressar sua natureza. O fato sociocultural
(histórico, político, etc.) requer identificação, registro, documentação, exposição e
preservação através de múltiplos mecanismos condizentes com cada uma dessas
situações. O CPC, enfim, guarda essa particularidade que o distingue dos demais
setores: utiliza-se das linguagens cênicas, normalmente de caráter lúdico, ajustan-
do-se, dessa forma, ao perfil das atividades que lhe compete desenvolver.
Feito o esclarecimento, prossigamos.
O Centro de que tratamos compreende os segmentos que operacionalizam
atividades pertinentes à cultura popular, à música e à dança. No domínio da
cultura popular os projetos mais marcantes, ao longo do tempo, foram o do
Circo da Cultura, o das Feiras Culturais e os dos Festivais de Folclore e
de João-redondo, aos quais se junta o do atual Encontro de Cultura Popu-
lar; na área da música, destacam-se o de Apoio às Bandas de Música Comu-
nitárias e o Projeto Seis e Meia, enquanto que, no que diz respeito à dança,
coordena a Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão-EDTAM. Mas
não há rigidez programática, o que implica em dizer que incursiona, ou é pas-
sível de incursionar, por quaisquer outras formas de expressão artística, do
que é exemplo o projeto Um Presente de Natal, de sua responsabilidade, do
qual participam diversos órgãos da Instituição e que abrange múltiplas mani-
festações (música, dança, artes plásticas, teatral e circense).
Foto: Anchieta Xavier
40 Anos 147
é notório, são constituídos, via de regra, por indivíduos oriundos das camadas
pobres da população.
Os trabalhos assinalados – o Circo, a Feira, os Festivais e a Recupe-
ração de Grupos –, no decurso dos anos 80 e primeiros anos da década se-
guinte foram importantes estratégias muito oportunamente utilizadas pelo
CPC. Posteriormente, surgiram os Encontros de Cultura Popular.
Foram diretores do Centro de Promoções, a partir da sua criação, Deífilo
Gurgel (1980-1987), Francisco Alves (1987-1991), novamente Deífilo Gurgel
(1991-1994), Maria Dolores (1995-1999), Olga Aranha (1999-2001), Iara
Queiroz (2001-2002), Hilneth Correia (2003) e, atualmente, é coordenado
por Maria Amélia Freire.
Seguem-se as linhas de difusão cultural, não necessariamente apenas as
desenvolvidas pelo CPC, como já foi explicado.
40 Anos 149
hoje não têm preço. Percepção medular da contemporaneidade” (Revista
Província, nº. 2, FJA, p. 5, 1971).
Um dá o grito de alerta, iniciando com um lamento, mas encerrando
com um voto de fé no futuro; outro, exemplifica e ensina o caminho.
Cremos que a Fundação sempre adotou uma postura compatível com tal
entendimento, o que se pode constatar nos textos e na execução dos seus projetos.
Fomos pinçar num trecho do relatório da primeira Feira Cultural realizada pelo
CPC (julho, 1980), em Currais Novos, um resumo bastante aproximado do nível
ou importância com que é encarada a cultura popular, nesta Entidade. Ao mesmo
tempo se pode observar com mais atenção, e exatidão, o significado da Feira,
enquanto veículo de disseminação das artes e da cultura potiguares. Vejamos:
“( ... ) Seguiu-se à abertura da Feira o lançamento do livro Os Holan-
deses no Rio Grande do Norte, do Mons. Paulo Herôncio, cuja apresenta-
ção foi feita pelo Pe. Ausônio de Araújo, pároco de Currais Novos.
“A programação desenvolvida incluía a apresentação do grupo folclóri-
co Bambelô Asa Branca; de grupos parafolclóricos de escolas da região; de
emboladores, cantadores de viola e repentistas, e da Banda de Música de
Carnaúba dos Dantas; projeção de filmes cedidos pela EMBRAFILME; ex-
posição de quadros da pinacoteca da Fundação e de um artista da cidade, e o
funcionamento de barracas estilizadas com exposições e venda de livros, pro-
dutos artesanais, comidas e bebidas típicas”.
Observe-se que, utilizando-se de uma estrutura familiar àquela comuni-
dade, explorou-se ali, a música e a dança folclóricas, o artesanato, o cancionei-
ro e a culinária popular, a retreta, o cinema, a literatura e as artes plásticas.
Vale acrescentar que a Feira Cultural esteve em várias outras cidades e
em todas elas lançou livros de autores da terra, promoveu artistas da região,
gerou um saudável intercâmbio.
Outras iniciativas que colheram bons resultados foram os Encontros
de Emboladores, os Circuitos de Teatro e os já assinalados festivais, entre
outros eventos do gênero, sistematicamente trazendo a Natal representantes
dessas manifestações do Estado e da região. Essas promoções eram desenvol-
vidas em palanques erguidos em pontos estratégicos da cidade, em escolas e
na Sala dos Grandes Atos, sala nobre da Fundação.(17)
Nesse período (década de 80), um dos artistas populares que se apre-
sentaram nos eventos da Fundação, especialmente nos Festivais de
Emboladores, foi Chico Antônio (1902-1993), natural de Pedro Velho-RN,
cuja importância foi registrada em várias obras de Mário de Andrade (1893-
1945): Danças Dramáticas do Brasil, Os Cocos, Melodias de Boi, O
______________________________
(17)
V. depoimento do prof. Cláudio Emerenciano, ex-presidente da Fundação José Augusto, na p.103.
todos os estudos populares sobre Tradições, Antiguidades, Costumes e Literatura. No dia 22 de agosto
daquele ano o jornal londrino “O Atheneu” publicou uma carta de Thomas sugerindo a criação da palavra
“Folclore”, hoje aceita em quase todo mundo. Em 17 de agosto de 1965 o então presidente da República
Castelo Branco assinou o Decreto n.º 56.747 instituindo o dia 22 de agosto como o Dia do Folclore no Brasil.
“Na Pacanda do Ganzá”, CD e espetáculo do famoso artista, foi produzido em homengem a Mário de
(19)
40 Anos 151
Quanto ao Rio Grande do Norte, citamos os grupos Caboclinhos e Congos-
de-Guerra (Ceará-Mirim); Cangaceiros (Arês); Coco-de-zambê (Tibau do Sul);
Araruna, Congos-de-calçola e Boi-de-reis (Natal); Pastoril (Parnamirim); Dan-
ça-do-espontão dos Negros do Rosário (Caicó); Bandeirinhas e Lapinha (Tou-
ros); Marujada (Georgino Avelino), e Dança de São Gonçalo (Portalegre) –
afora o grupo parafolclórico da UFRN. Destacamos, ainda, os artistas Elino
Julião (Timbaúba dos Batistas), D. Militana Salustino, romanceira de largo pres-
tígio no Estado (São Gonçalo do Amarante), emboladores de coco (Serra de
São Bento), violeiros, sanfoneiros e rabequeiros de diversos municípios.
Entre os inúmeros espetáculos dignos de menção, registre-se uma ex-
cepcional apresentação do Grupo Suzuki do Instituto de Música Waldemar de
Almeida, tendo como solista o tocador de marimbau Joaquim Penha, natural
de Campo Redondo e residente em Lagoa de Velhos. Versão sertaneja do
berimbau (este de origem africana), o marimbau é um instrumento de fabrica-
ção caseira, montado pelo próprio artista (consistindo num objeto formado
por uma lata de querosene, uma baqueta de pereiro, madeira típica do semi-
árido, e a corda retirada da argola de pneu adaptada no arco de mimosa, ou-
tro tipo de vegetal), o qual, com a utilização de uma faca ferindo as estrias da
argola, sustentada por dois feixes de pedras, executa notas que vão desde o
clássico ao popular, com singular qualidade sonora.
Foto: Joana Lima
40 Anos 153
diz respeito à literatura popular, pelo que sua repercussão foi bastante
positiva junto à comunidade.
Do Relatório da Fundação José Augusto (1995-2002) extraímos o se-
guinte trecho, a propósito deste Projeto: “(...) A estratégia consiste em, inicial-
mente, realizar a chamada dos poetas, por rádio e/ou outros meios de comu-
nicação, de todo o Estado, para participarem do projeto encaminhando cor-
déis inéditos. Depois, a partir de um processo de seleção, estes são impressos
no formato tradicional, com capa em xilogravura de artistas-gravadores. A
tiragem (mil exemplares por título selecionado) é distribuída na proporção de
cinqüenta por cento para os respectivos autores, dez por cento para os grava-
dores das capas e o restante destinada ao arquivo da Fundação e à política de
divulgação nas escolas, etc.”.
Acrescenta, ainda, aquele documento, que o projeto permanece em ati-
vidade desde sua implantação, com uma média de dez unidades editadas por
ano, com o que se tem oitenta mil exemplares, no período. Por outro lado, as
capas dos cordéis editados deram origem a um álbum de Xilogravuras, home-
nageando os gravadores.
A denominação do Projeto Chico Traíra buscou resgatar a memória
de Francisco Agripino de Alcaniz, seu nome de batismo, falecido no fim dos
anos 80 (século XX), considerado um dos maiores, provavelmente o maior de
quantos violeiros nasceram neste Estado. Seu improviso genial era reconheci-
do por toda a região e, mesmo, em outras partes do país. Entre seus inúmeros
cordéis cabe destacar A minha vida de cantador (1978) – publicado pela
Companhia Editora do Rio Grande do Norte-CERN –, pelo primoroso regis-
tro dos momentos mais representativos de sua trajetória artística, resumo admi-
rável e ao mesmo tempo simples, ingênuo às vezes, no qual uma extrema sensibi-
Mostra de alguns “Cordéis” do Projeto Chico Traíra, publicados pela Fundação José Augusto.
de-se implantá-lo, contudo, em todas as cidades cujas respectivas prefeituras se disponham a formalizar
parceria.
40 Anos 155
40 Anos 157
culturais e recreativas. Ali os jovens podem cantar, dançar, representar, recitar
poemas, contar histórias, pintar e/ou entreter-se com brinquedos variados e
em cantigas de roda que remetem os adultos à memória das mais ingênuas e
puras tradições das cirandas infantis.
Há oficinas de artes plásticas, programa de educação ambiental e de li-
teratura infantil. Todas as atividades são acompanhadas de pessoal qualificado
(pedagogos, monitores, etc.).
A Escolinha de Arte Newton Navarro, cuja criação antecede à da própria
Fundação José Augusto (maio/1962), e a Biblioteca Infanto-Juvenil Myriam Coeli,
com efeito, são dois dos mais importantes instrumentos da Cidade da Criança,
constituem como que o eixo sobre o qual praticamente tudo o mais gira. A primei-
ra surgiu de uma proposta do próprio artista plástico e poeta Newton Navarro
(1928-1991), sendo também sugestão sua o nome inicial de Cândido Portinari
(1903-1962) para o estabelecimento do qual seria o primeiro diretor. Após o seu
falecimento a Fundação, com muita justiça, houve por bem homenageá-lo com a
atual denominação.
Sua função tem sido a de proporcionar a iniciação artística para crianças e
adolescentes, estimulando o desenvolvimento de aptidões e instrumentalizando
o alunado em suas respectivas áreas de interesse, simultaneamente despertando-
o para a importância da arte na formação do indivíduo.
Com circunstanciais alterações no curso do tempo, sobretudo na incorpora-
ção de novas tecnologias, o circuito de suas intervenções percorre – compreendidos
num programa mais amplo de Iniciação às Artes Plásticas – conteúdos como dese-
nho à mão livre e a bico-de-pena, pintura a óleo, pigmentação natural, reciclagem de
materiais e outros do gênero, além de preleções que visam sensibilizar e motivar os
jovens para a exploração e desenvolvimento de suas tendências subjetivas, ou seja, o
seu imaginário e criatividade, para o que inúmeros projetos foram postos em execu-
ção, dentre os quais Brincando de Pintar, Iniciando com Guache, Fazendo Arte,
etc., quase sempre com denominações ajustadas ao universo infantil.
A propósito, um projeto também destinado a este tipo de clientela,
embora realizado fora do ambiente da Cidade da Criança, foi o Brincarte,
experiência ocorrida entre abril e agosto de 2002 no Paço da Pátria – Favela
do Areado –, área de mangue às margens do Rio Potengi e na altura da Cidade
Alta. As Oficinas utilizaram, como matéria básica, a sucata (papel-jornal, ma-
deira, latas, bolas de gude, etc.), e os participantes foram encaminhados para o
projeto Um Presente de Natal daquele ano.
Outro curso ministrado naquele espaço cultural é o de Belas-Artes, tam-
bém com uma boa freqüência – cinqüenta por ano, em média –, cobrindo
outras faixas etárias.
158 Fundação José Augusto
Do Relatório da Fundação José Augusto (1995-2002), outras vezes cita-
do, destacamos o seguinte trecho: “A capacitação de professores e agentes
multiplicadores foi realizada através de Oficinas de Reciclagem de Papel,
atendendo a cento e oitenta e nove alunos representando sessenta e três muni-
cípios do Estado; foram capacitados, ainda, duzentos e dois professores e
agentes multiplicadores nas Oficinas de Literatura Infantil, Educação In-
fantil (0 a 6 anos), Minirradialistas, Recreação Infantil, Musicalização e
Teatro de Bonecos”.
Nos últimos anos a Escolinha passou a ofertar, também, curso na área
de teatro. Tomando o período 1995-2002, seus diversos cursos atenderam
uma média anual de duzentos alunos, noventa por cento dos quais estudantes
da rede pública de ensino, isentos de pagamento (dos demais é cobrada uma
taxa simbólica).
Em julho do corrente ano (2003) a Escolinha promoveu uma exposição
de desenhos e pinturas em homenagem ao centenário de Cândido Portinari,
apresentando retratos, auto-retratos, desenhos do corpo humano e estudos de
várias técnicas, como pintura à tinta guache, aquarela e óleo.
Pela natureza do seu trabalho a Escolinha só encontra paralelo, no âmbi-
to da Fundação José Augusto, na antiga Sala Infantil da Biblioteca Pública
Câmara Cascudo, que funcionou até 1988, quando foi transformada na Biblio-
teca Infanto-Juvenil Myriam Coeli, hoje também alocada na Cidade da Criança
(conforme referido acima), ambas sintonizadas com um trabalho de base.
Esta recebe orientação técnica diretamente da Biblioteca Pública Câma-
ra Cascudo. Seu acervo atual ascende a oito mil e quinhentos títulos e o núme-
ro de consultas, no ano de 2002, ficou em torno de duas mil ocorrências.
Além de organização de catálogos e de programas que visam à
dinamização das atividades em datas comemorativas, foi criado o projeto
Coleções Especiais para preservar – e destacar – os escritores clássicos de
contos e fábulas infantis.
Valendo-se de uma programação ágil – Hora do Conto, Teatro de
Fantoches, etc. – e utilizando-se de didática específica para esse tipo de públi-
co, a Biblioteca vem desempenhando um trabalho de grande significação para
a formação de leitores.
40 Anos 159
Foto: Candinha Bezerra
stituir
Sub
Aspecto da construção do teatro (1899), no Governo Ferreira Chaves.
40 Anos 163
Revitalizou-se o palco, especialmente quanto à iluminação e ao som. Também
foram melhorados os camarins e as condições gerais de acomodação da pla-
téia. Afora isso, serviços de conservação, repintura geral e modernização dos
equipamentos.
Mas, àquela época, não se atentava – pelo menos não com a devida serie-
dade – para serviços de manutenção e preservação: no dia 30 de junho de 1988
desabou o terraço que se localiza no segundo andar do pátio interno, um trecho
que dá acesso ao Salão Nobre, devido às inúmeras goteiras e vazamentos prove-
nientes de fortes chuvas que se abatiam sobre a cidade. Mesmo precariamente
ainda continuaram as atividades até que, por absoluta falta de condições, a 19 de
julho o prédio foi interditado para uma reforma geral. Mesmo a uma visão su-
perficial ressaltavam claramente os danos que se alastravam na velha estrutura.
Que danos eram esses?... Eis um resumo: as paredes apresentavam fissuras
em várias partes, vidros quebrados nos caixilhos carcomidos, portas
emperradas em apelantes gemidos, tabuado do piso desgastado e opaco, ins-
talações elétricas irremissivelmente condenadas, encanamento entupido, co-
bertura ameaçando ruir, poltronas endurecidas nas articulações e do jardim
interno só restava a lembrança.
Coube à Fundação José Augusto proceder a nova intervenção no mal-
tratado prédio. E ela, Fundação, não estaria, tão-somente, recuperando o mais
nobre e tradicional espaço cultural da cidade, ressonância da longínqua belle
époque – traço de união com a ancestralidade –; resgataria do ostracismo e da
decadência, talvez do inelutável fim, o mais expressivo palco para os artistas
das novas e futuras gerações. E, mais: além de recuperar o monumento, à Fun-
dação caberia a responsabilidade de administrá-lo, doravante.
Vejamos trechos do relatório sobre as obras de restauração, elaborado
pelo setor correspondente, vinculado ao Centro de Documentação Cultural:
“Foram executadas obras de conservação no Teatro em 1946, então sendo
recuperadas as instalações elétricas e hidro-sanitárias do prédio. Em 1959 (...)
o Teatro foi restaurado, obedecendo as características da época de sua (pri-
meira) restauração, em 1910. O estilo do prédio foi mantido e o velho Teatro
transformou-se num ambiente mais confortável.
“Desde essa grande restauração e até meados de 1988, o Teatro foi man-
tido com pequenas obras de conservação.
“Em junho de 1988 a Fundação José Augusto efetuou uma vistoria, quan-
do foram constatadas as precárias condições da Casa”.
Prossegue o relatório dando conta de que os trabalhos foram iniciados a
partir das áreas mais críticas, descrevendo-as em seguida e elencando os servi-
ços então realizados, a saber:
164 Fundação José Augusto
(a) “O salão de danças, localizado na parte posterior do prédio, apre-
sentava a estrutura da cobertura comprometida e ameaçando ruir. Nele
foram executadas obras de recuperação total da referida cobertura, com
substituição do madeiramento e telhas. O forro também foi substituído
e as esquadrias recuperadas, (assim como) refeitas as instalações elétri-
cas e hidráulicas. Recuperado e lixado o assoalho. Pintura geral.
(b) “O Salão Nobre, localizado no pavimento superior da parte anteri-
or do prédio, apresentava a estrutura da cobertura em estado precário.
Foi substituído todo o madeiramento e telhas, refeito o forro em tabua-
do de cedro e recuperado o assoalho e as instalações elétricas e telefôni-
cas. Revisão nas esquadrias, instalação de novas cortinas, recuperação
do mobiliário e substituição dos lustres. Pintura geral.
(c) “As alas que circundam o pátio interno tiveram a cobertura toda
substituída. Foram refeitas as instalações elétricas e hidro-sanitárias. Forro
em gesso. Revestidos em mármore os degraus das escadas de acesso ao
Salão Nobre. Pintura geral.
(d) “Os camarins, localizados no pavimento da parte posterior do pré-
dio, não apresentavam as mínimas condições de conforto e higiene. Foi
necessário reestruturar toda a área. Paredes foram demolidas, outras
construídas. Havia seis camarins pequenos e um grande; com a conclu-
são das obras, ficaram cinco camarins grandes, com banheiros privati-
vos e ar-condicionado. O piso foi refeito em cerâmica, o revestimento
das paredes em azulejos e o forro em gesso. As instalações elétricas e
hidro-sanitárias foram substituídas. Recuperadas as esquadrias existen-
tes e confeccionadas outras. Os camarins ganharam uma feição moderna
com bancadas em mármore, espelhos e luminárias novas. Pintura geral.
(e) “Palco e platéia – o ‘coração’ do teatro – tiveram a estrutura metáli-
ca da cobertura toda recuperada, com substituição das telhas de
fibrocimento. As instalações elétricas foram refeitas e recuperada a cen-
tral de ar-condicionado. Os urdimentos do palco foram mecanizados
através de projeto executado por firma de Porto Alegre especializada
nessa área. Quanto à sonorização e iluminação cênica, tudo foi substitu-
ído: noventa e seis refletores foram instalados em cinco varas de luz, das
quais setenta e seis com mil watts, inclusive dois refletores elipsoidais dos
mais avançados e uma mesa de luz com doze canais. Foram instaladas
duas torres com grave e médio-grave, médio e agudo, mesa de oito ca-
nais, duas fontes de potência, equalizador stéreo e novos microfones. Os
tecidos cênicos foram confeccionados e instalados por firma de São Paulo
(também) especializada. Todo o mobiliário foi recuperado, as cadeiras
40 Anos 165
da platéia revestidas em napa branco-gelo, as cadeiras das frisas e cama-
rotes tiveram o estofamento recuperado e o revestimento substituído
por camurça fosca especial vermelho-vinho, mesmo tecido utilizado nas
cortinas do palco. Foi aplicado carpete vermelho nos camarotes, frente
do palco e entrada da platéia, e passadeiras vermelhas nas áreas de circu-
lação. Limpeza e pintura geral”.
E complementa:
“O pátio interno foi todo reestruturado, através de projeto elaborado
pelo paisagista Eugênio Mariano, e restaurada a estátua fundida em ferro pela
Fundição Vald’Osne, de Paris. As dependências reservadas à administração
do Teatro foram pintadas, houve recuperação do mobiliário e instalação de
carpetes e cortinas novas.
“As fachadas do prédio, respeitando a feição de sua fabricação original,
foram pintadas, destacando-se os frisos, cornijas e adornos da época. A preo-
cupação fundamental nesta obra de restauração foi a de transformar o Teatro
numa moderna e tecnicamente equipada Casa de Espetáculos mas, evidente-
mente, sem ferir os traços e características arquitetônicas desta valiosa obra
do início do século XX”.
O texto está assinado pelo Engenheiro Civil e, então, Coordenador do
Patrimônio Histórico e Artístico, Orígenes Monte Neto.
Mais recentemente (2002), novas intervenções foram requeridas, desta fei-
ta para adequar suas instalações e alguns dos seus equipamentos às exigências
naturalmente impostas pelas novas tecnologias, as quais tornavam obsoletos
vários implementos até então tidos como plenamente aceitáveis e/ou satisfatórios.
Com efeito, conforme descreve o Projeto de Reestruturação/Moder-
nização do Teatro Alberto Maranhão, constatou-se a necessidade de substi-
tuição do piso do palco e do sistema de som, bem como a de aquisição de novas cadeiras
para a galeria, medidas que foram tomadas rigorosamente de acordo com as
especificações técnicas estabelecidas naquele documento e, ainda, em inteira
concordância com o oportuno e lúcido parecer emitido pelo Prof. Franco
Maria Jasiello, para quem nunca é demais lembrar que (...) o teatro, em sua ex-
pressão arquitetônico-decorativa e até na gestual-oral, é a mais tradicional das ativida-
des que representam o mais belo fruto do talento humano: a arte.(23)
A 4 de abril de 1989 – mesmo durante o andamento das obras cujo
relatório transcrevemos linhas atrás – o Teatro era incorporado à estrutura
administrativa da Fundação José Augusto, na condição de órgão suplementar,
_________________________
(23)
Prof. de História da Arte da Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN, Crítico de Arte da
Associação Brasileira de Críticos de Arte-ABCC e da Association Internationale des Critiques D’Art-AICA,
escritor e ex-Presidente da Fundação José Augusto.
Temos visto, ao longo destas páginas, que a Fundação José Augusto, espe-
cialmente a partir de 1975 – quando assumiu, de maneira efetiva e exclusiva, o
papel de órgão cultural –, não pára de crescer. E sempre numa linha laboratorial:
criando e recriando, acrescentando ou suprimindo, redefinindo e modelando os
Foto: Arquivos da FJA / TAM
Teatro Alberto Maranhão, após a última reforma (Praça Augusto Severo, Ribeira).
épocas, dos “sotaques” regionais (ou regionalismos), “... na tentativa de interpretar suas expressões com
sensibilidade, graça e vida”, como explica o seu mentor.
40 Anos 171
regiões Norte e Nordeste no I Brasil Cantat;
(b) do XIV Festival Internacional de Porto Alegre-RS (1989), sendo clas-
sificado entre os melhores do Festival;
(c) do Curso Internacional de Música no Espaço Cultural de João Pes-
soa-PB (julho de 1990), a convite do maestro Eleazar de Carvalho
para executar a Nona Sinfonia de Beethoven e a Segunda Sinfonia de
Mahler;
(d) do I Brasil Cantat, em Novo Hamburgo-RS, quando foi inserido no
catálogo da Federação Internacional de Coros, na qualidade de coral
representativo do Brasil;
(e) do III FENACOPE, saindo indicado para representar o Nordeste
no II Brasil Cantat;
(f) dos eventos comemorativos do XII Congresso Eucarístico Nacio-
nal, realizado em Natal, ocasião em que se apresentou para o Papa João
Paulo II, pela primeira vez (outubro, 1991). Naquela oportunidade o
Papa proferiu ao maestro do Coral uma frase que entraria para sua his-
tória: Canto do Povo, Canto de Deus!;
(g) do II Brasil Cantat, em Belo Horizonte-1992, e
(h) das festividades comemorativas do trigésimo aniversário de criação
da Fundação José Augusto-1993.
Foto: Revista Jornal de Hoje
40 Anos 175
– direcionados para estudantes –, são transmitidos ensinamentos sobre músi-
ca e sobre os instrumentos que compõem uma orquestra, complementados
com a distribuição de uma cartilha ilustrada.
A Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte tem um CD gravado
pela Fundação José Augusto (1997), com a participação especial de músicos e
artistas como Canhoto da Paraíba, Henrique Cazes, Sivuca e Morais Moreira,
entre outros. No texto de apresentação, Tárik de Souza a ela assim se refere:
Usina de músicos, laboratório de sons - a mera existência de uma Orquestra Sinfônica
já atesta a profundidade do lastro cultural de uma comunidade. A estréia em disco da
Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte, em profícua atividade há vinte anos
(...) une a sintaxe erudita ao fundamento da música popular, numa comunhão com
platéias mais amplas.
Complementam este item os Projetos Seis e Meia e Incentivo às Ban-
das de Música do Rio Grande do Norte. O primeiro, surgido em 1995,
objetiva a divulgação de artistas da terra – músicos, compositores e cantores –
, utilizando-se da estratégia de apresentá-los ao público ao lado de nomes
consagrados de outros centros. Esta atividade, desenvolvida no Teatro Alberto
Maranhão, de ordinário inicia-se na última semana de março e segue até a pri-
meira semana de dezembro, sempre às terças-feiras. Entre 1996 e 2000 esten-
deu-se a Mossoró, sendo suspensa naquela cidade por falta de patrocínio.
Quanto ao Projeto Bandas (implantado em 1997), visa valorizar as ban-
das comunitárias do Estado, equipando as já existentes, incentivando a forma-
ção de novas bandas e aprimorando músicos e maestros que as compõem,
através da realização de seminários e cursos.
O crescimento quantitativo, no período, se deu pelo aumento de cem
por cento das Bandas de Música, no Estado. De cinqüenta passou a cem,
graças à doação de instrumentos musicais pelo Ministério da Cultura, através
da Fundação José Augusto, e pelo interesse despertado pelo movimento nos
poderes municipais e na própria comunidade.
O crescimento qualitativo foi incentivado pela realização de dez “Seminários de
Música”, realizados em nove cidades das diversas regiões do Estado: Natal, Carnaúba
dos Dantas, Acari, Currais Novos, Baraúna, Macau, Cruzeta (dois), Mossoró e Açu.
Foram emitidos mais de quatro mil “Certificados de Participação”, con-
tando como instrutores respeitados músicos do Estado e do Nordeste.
Foram realizados os seguintes cursos: Regência, Harmonia,
Arranjo e Orquestração, Teoria e Percepção Musical, Musicologia,
Edição de Partituras em computador, Prática de Chorinho, Prática
de Coral, Teclado, Flauta (doce e transversa), Saxofone, Clarinete,
Trompete, Trombone, Trompa, Tuba e Percussão.
176 Fundação José Augusto
(c) Área Literária
40 Anos 177
de Souza, José Bezerra Gomes, Luís da Câmara Cascudo, Oswaldo Lamartine,
José Melquíades e Veríssimo de Melo, entre outros (nas próximas páginas há a
relação completa de livros e autores publicados).
Quando se inicia a década de 80 há uma profunda emulação nos diversos
compartimentos da Entidade (isso está exaustivamente descrito em outros capí-
tulos), e a literatura não fica de fora. Àquela altura, amontoavam-se literalmente
dezenas de textos com pedidos de publicação, nem sempre trabalhos convin-
centes, colidindo, em contrapartida, com vários títulos de indiscutíveis méritos.
A pressão se acentuaria de sorte a justificar a criação do Conselho Editorial,
para o qual foi transferida a responsabilidade pelo disciplinamento desse pro-
cesso.
Por suas características, há de se convir da singular importância assumi-
da por esse instrumento num organismo cultural como a Fundação José
Augusto, a menos que em determinadas administrações a editoração porventura
não estivesse incluída entre suas prioridades. É difícil admitir, contudo, que a
literatura, em algum momento, tenha sido excluída de qualquer elenco
programático, pelo menos de bom grado; não será difícil, no entanto, se aten-
tarmos para a reiterada interveniência do fator recursos financeiros. Com efei-
to, a certa altura, a despeito da vontade dos dirigentes deste Órgão, eis que de
tal fator resulta a desativação do Conselho, pelo que discorreremos a seguir
no tempo passado.
Conselho Editorial-CONEDI
O Conselho Editorial-CONEDI foi oficializado a 1º de junho de 1983,
e destinava-se a receber, analisar e emitir pareceres técnicos sobre obras literá-
rias, em prosa e em verso, com vistas à sua eventual publicação pela Fundação
José Augusto, quer assumindo o patrocínio exclusivo ou em regime de co-
edição. Na qualidade de órgão consultivo e normativo, estendia suas atribui-
ções à apreciação e emissão de recomendações sobre todos os assuntos liga-
dos à editoração, no âmbito desta Casa.
Muito embora a dimensão da política editorial da Fundação, por si
só, se impusesse como fator condicionante para o estabelecimento de um
conselho consultivo, sua criação, naquele ano, foi determinada – conforme
dito acima – pela excessiva procura do Órgão por parte dos autores, a
maioria dos quais inéditos, em busca da aprovação e, claro, publicação
dos seus manuscritos. O vigor criativo, tradicionalmente intenso nesta ci-
dade (parecendo copiar épocas distantes nas quais dominava, aqui, o ofí-
cio das letras, a ponto de inspirar o conhecido verso: “Natal: em cada
178 Fundação José Augusto
esquina um poeta, em cada beco um jornal”), requeria então uma triagem
crescentemente meticulosa, a fim de garantir uma produção de bom nível,
em termos qualitativos.
Aliás – permitam-nos uma ligeira digressão –, muito compreensível que,
aqueles que intencionem se tornar escritores, logo cedo anseiem em ver seus
trabalhos publicados. Não diferem, a não ser em substância, dos composito-
res, cantores ou músicos em relação ao primeiro CD, ou dos artistas plásticos
em face da primeira exposição. Mas, se essa emulação é visceralmente impor-
tante, essencial, em certo sentido (do ponto de vista da instituição responsável
por sua eventual edição, por exemplo), pode tornar-se num problema suple-
mentar, em vista da intensificação do volume de manuscritos a analisar e a
encaminhar aos serviços gráficos. Vários dos títulos recebidos, ao longo da-
quele período, eram de boa qualidade, alguns até excelentes, mas muitos certa-
mente figuravam demasiado elementares, praticamente não ultrapassando o
nível laboratorial.
Em alguns momentos, não fora a exaustiva análise dos textos, sem dúvi-
da o seu alentado número não só inviabilizaria – dada a escassez de recursos –
como, especialmente, seria impraticável a manutenção de um mínimo padrão
de qualidade do produto final, circunstância indesejável à Fundação e, claro,
aos próprios autores.
Foto: Arquivos da FJA / CDC
40 Anos 179
Em seguimento natural àquela função básica, cumpria ao CONEDI, anu-
almente, elaborar o Plano Editorial para o exercício subseqüente, nele incluin-
do indicações para reedição, submetendo-o à apreciação do presidente da En-
tidade. (A propósito, parece oportuno lembrar que alguns daqueles livros ini-
ciais não têm a ficha catalográfica, outros dificultam localizar-se o ano de pu-
blicação e vários ainda estão a pedir reedição, seja por apresentarem inúmeros
erros de revisão, pelo bolor exalado de suas páginas amarelecidas ou, inclusi-
ve, por terem as folhas soltas das lombadas à menor pressão, afora – evidente-
mente – pela importância que assumem, obra e autor, no quadro referencial
de nossa bibliografia, sobretudo ante as novas gerações.)
O Conselho era composto por sete membros, nomeados pelo Presiden-
te da Casa, um dos quais sendo designado para exercer sua chefia. Na apreci-
ação dos manuscritos que lhes eram encaminhados, os conselheiros, obede-
cendo a critérios regimentais, verificavam e estudavam o seu valor cultural,
sua importância no quadro bibliográfico potiguar e sua potencialidade co-
mercial, constituindo estes itens, basicamente, os fatores condicionantes para
a respectiva aprovação. Três conselheiros analisavam cada trabalho e sua apro-
vação se dava por maioria absoluta. Reitere-se a preocupação com o apoio ao
jovem autor, certamente resguardada a qualidade do trabalho.
Em síntese, o relator de cada título se obrigava a redigir o parecer cin-
gindo-se a esses elementos. Da decisão do Conselho não cabia recurso, muito
embora os originais não-habilitados pudessem ser reapreciados, desde que
reformulados segundo as sugestões e/ou recomendações então feitas. Impor-
ta referir, aqui, que havia sigilo absoluto quanto aos pareceres, sendo divulgada,
apenas, a aprovação ou não da matéria apresentada, cujo arquivamento dava-
se em nível rigorosamente confidencial.
Concursos e premiações
Quanto aos concursos, de início destinados exclusivamente à ficção e à
poesia, são realizados a partir da década de 70; só nos primeiros anos da déca-
da seguinte foram incluídos concursos de ensaios e de reportagens. Posterior-
mente, todos foram suprimidos até que, recentemente, em homenagem ao
saudoso poeta Luís Carlos Guimarães (1934-2001), que chefiara o Núcleo de
Literatura da Fundação entre 1999 e 2001, foi criado o concurso de poesias
que leva o seu nome, já naquele ano do infausto acontecimento, ocorrendo
neste 2003 a sua terceira edição.
Os concursos literários são duplamente positivos, em seus resultados:
afora o “peneiramento” natural, exercem uma certa medida de pressão sobre
180 Fundação José Augusto
o conjunto dos concorrentes, instigando-os ao aprimoramento dos seus tex-
tos. Em outras palavras, o concurso age como um poderoso núcleo crítico,
pois os prêmios costumam limitar-se a um ou dois autores, forçando os de-
mais a sucessivas recomposições dos trabalhos, por decorrência a aprimorá-
los, gerando um fluxo de realimentação do processo.
Em suma, é um ciclo estrategicamente enriquecedor, posto que dele re-
sulta, por acréscimo – na saudável tendência natural da competição – o aper-
feiçoamento dos que eventualmente são preteridos. Quando a Fundação pro-
move esses eventos está, na verdade, diversificando suas ações de apoio e
estímulo às letras do Estado.
Um resumo das iniciativas, na área, assinala a promoção de mais de
trinta concursos, incluindo poesia (16), ficção (08), ensaios e reportagens
(04, cada), homenageando os nomes de José Augusto (1884-1971), patrono
da Entidade, Auta de Souza (1872-1901), Elias Souto (1848-1906), Aurélio
Pinheiro (1882-1938), Edgar Barbosa (1909-1967) e o já referido Luís Carlos
Guimarães, ilustres figuras representativas das letras e da cultura norte-rio-
grandenses em diversas áreas e períodos. No total somam cerca de noventa
títulos classificados, considerando os primeiros e segundos lugares e as inú-
meras menções honrosas.
Os prêmios mais antigos de que se tem registro, no âmbito desta Casa
(“Fundação José Augusto”, de ficção, e “Auta de Souza”, de poesia), datam de
1979.
Segue a relação:
1965
001 Gizinha (Polycarpo Feitosa)
002 Poesias completas (Ferreira Itajubá)
003 Roseira brava e outros versos (Palmyra Wanderley)
004 Toda palavra é uma semente (Dom Nivaldo Monte)
005 Velhos costumes do meu sertão (Juvenal Lamartine de Faria)
40 Anos 181
1966
006 Azul solitário (Maria Eugênia Montenegro)
007 Delmiro Gouveia, mais que um industrial (Antiógenes Chaves)
1968
008 Duas palestras (José Melquíades)
009 Nomes da terra: geografia, história e toponímia (Luís da Câmara
Cascudo)
010 Padre Francisco de Brito Guerra, um Senador do Império (José
Melquíades)
1969
011 Cartas de um desconhecido (Eloy de Souza)
012 Encouramento e arreios do vaqueiro do Seridó (Oswaldo Lamartine
de Faria)
013 Viagem ao universo de Câmara Cascudo (Américo de Oliveira Costa)
1970
014 Hôrto (Auta de Souza)
015 Livro de poemas e outras poesias (Jorge Fernandes)
016 Luís da Câmara Cascudo: 50 anos de vida intelectual (Zila Mamede)
017 Os mortos são estrangeiros (Newton Navarro)
1971
018 Contribuição do Nordeste ao Movimento Modernista (Veríssimo
de Melo)
019 John Tagliabue: um poeta do Maine (Protásio Melo)
1972
020 Um governo e um homem: Alberto Maranhão (Paulo Pinheiro de
Viveiros)
021 Uma História da Assembléia Legislativa do RN (Luís da Câmara
Cascudo)
022 Tércio César de Lima Rebello: um cidadão potiguar (discursos)
1973
023 Comércio exterior e desenvolvimento (Elinaldo Renovato de Lima)
024 Demanda de transportes urbanos na Cidade do Natal (IJLPS)
025 ICM: Legislação Federal (Secretaria da Fazenda/RN)
026 Matéria e nunca ouvido canto (Juarez da Gama Batista)
027 Movimento da Indepência no Rio Grande do Norte (Luís da Câ-
mara Cascudo)
028 Palestra de fim de jornada (Geraldo Gonzaga)
029 A primeira feira de José (Manoel Onofre Júnior)
030 Rendas e labirintos do Nordeste (Oswaldo Câmara de Souza)
182 Fundação José Augusto
031 O ritual umbandista (Sérgio Santiago)
032 Somando os dias do tempo (Raimundo Nonato) - FJA/Pongetti
033 Tavares de Lyra: uma vida em linha reta (Carlos Tavares de Lyra)
034 TENAT: um projeto cultural (Inácio Meira Pires)
035 Tradição e cultura de massa (Diógenes da Cunha Lima)
1974
036 Antologia poética (José Bezerra Gomes)
037 Babel (Dailor Varela)
038 Uma câmara vê Cascudo (Carlos Lyra)
039 A porta e o vento (José Bezerra Gomes)
040 Prelúdio e fuga do real (Luís da Câmara Cascudo)
1975
041 Exercício da palavra (Zila Mamede)
042 Instrumento dúctil (Diógenes da Cunha Lima)
043 Os de Macatuba (Tarcisio Gurgel)
044 Memórias (Eloy Castriciano de Souza)
045 Poética (João Lins Caldas)
046 Projeto de autoformação (PROFIED)
047 Romance da Cidade do Natal (Nei Leandro de Castro)
048 Sinopse da História de Currais Novos (José Bezerra Gomes)
049 Teatro de joão-redondo (José Bezerra Gomes)
050 Touros à meia-tinta (Geraldo Gonzaga)
051 Viajando o sertão (Luís da Câmara Cascudo)
1976
052 Antologia do Padre Monte, v. 1 (Jurandyr Navarro)
053 Cinco contistas potiguares
054 Documentos do Rio Grande do Norte (Ivoncísio Meira de Medeiros)
055 Por uma vanguarda nordestina (Anchieta Fernandes)
056 O Rio Grande do Norte em visão prospectiva (Joaquim Inácio de
Carvalho Filho)
057 A vaquejada nordestina e sua origem (Luís da Câmara Cascudo)
1977
058 Antologia da literatura de cordel (Sebastião Nunes Batista)
059 Imagens do Ceará-Mirim, 2ª. ed. (Nilo Pereira)
060 Locuções tradicionais no Brasil, 2ª. ed. (Luís da Câmara Cascudo) -
FJA/Campanha de Defesa do Folclore
061 Meu Seridó (José Praxedes)
062 O moinho e o vento (Gilberto Avelino)
063 São João de 1977 (Folheto)
40 Anos 183
064 Título provisório (Vital Correia de Araújo)
065 Três ensaios franceses (Luís da Câmara Cascudo)
066 Trovas (Jaime dos Guimarães Wanderley)
1978
067 Antologia do Padre Monte, v. 2 (Jurandyr Navarro)
068 Os açudes do sertão do Seridó (Oswaldo Lamartine de Faria)
069 Estudos norte-rio-grandenses (Manoel Onofre Júnior)
070 A Fortaleza dos Reis Magos (roteiro)
071 A humana palavra necessária (Sanderson Negreiros)
072 José Pacheco Dantas: esboço biográfico (Hélio Dantas)
073 Lembranças e tradições de Açu (Maria Eugênia Montenegro)
074 O tempo ontem (Augusto Severo Neto)
075 Meleagro (Luís da Câmara Cascudo) - FJA/Agir
1979
076 Contracanto (Jarbas Martins)
077 Dante Alighieri e a tradição popular no Brasil (Luís da Câmara
Cascudo)
078 A Fortaleza dos Reis Magos e a Capitania do Rio Grande (Pedro
Rebouças de Moura)
079 Jazz, cinema e educação (Alvamar Furtado de Mendonça)
080 A poesia e o poema do Rio Grande do Norte (Moacy Cirne)
081 Ponto de fuga (Luís Carlos Guimarães) - FJA/Clima
1980
082 Os amigos do sangue noturno (Franco Maria Jasiello) - FJA/Ed.
Universitária
083 Corpo breve (Diógenes da Cunha Lima)
084 As filhas do arco-íris (Eulício Farias de Lacerda) - FJA/Ática
085 Folclore do Brasil: pesquisas e notas (Luís da Câmara Cascudo) -
FJA
086 Fulô do mato e outras poesias (Renato Caldas)
087 A granja e eu (Dom Nivaldo Monte)
088 História do Teatro Alberto Maranhão (Inácio Meira Pires)
089 Os holandeses no Rio Grande do Norte (Mons. Paulo Herôncio) -
FJA/Clima
090 O menino e seu pai caçador (Berilo Wanderley) - FJA/Clima
091 Migrações internas no Brasil (Itamar de Souza) - FJA/Vozes
092 Não enterrarei os meus mortos (Francisco Sobreira)
093 O navegador e o sextante (Gilberto Avelino)
094 Os pontos cardeais (Gilberto Avelino) - FJA/RN-Econômico
184 Fundação José Augusto
1981
095 Acervo do Patrimônio Histórico e Artístico do RN (Oswaldo Câ-
mara de Souza)
096 Os brutos, 2ª. ed. (José Bezerra Gomes) - FJA/Clima
097 Cerro-Corá (CEPEJUL)
098 O compadrio, da política ao sexo (Itamar de Souza) - FJA/Vozes
099 Itajubá esquecido (Nilson Patriota)
100 Inventário (Myriam Coeli) - FJA/Achiamé
101 Persona: uma face perversa (Francisco Ivan da Silva) - FJA/Ed.
Universitária
102 O pioneiro esquecido (Augusto Fernandes)
103 Roderic Crandall, um mossoroense da Califórnia (Vingt-un
Rosado)
104 São Gonçalo do Amarante (CEPEJUL)
105 Serrinha (CEPEJUL)
106 Uma viagem pelo arquivo epistolar de Adauto da Câmara (Raimundo
Soares de Brito)
1982
107 Aconteceu na Quinta Delegacia (Nilo Sérgio Emerenciano)
108 Antologia do Padre Monte. v. 4 (Jurandyr Navarro) - FJA/Secreta-
ria de Educação e Cultura
109 Antologia poética (Luís Rabelo)
110 A Biblioteca e seus habitantes (Américo de Oliveira Costa) - FJA/
Achiamé
111 Caicó (CEPEJUL)
112 O dia em que a Coluna passou (Eulício Farias de Lacerda) - FJA/
Cátedra
113 Eduardo Gomes (CEPEJUL)
114 A festa do rei (Racine Santos)
115 Flor dos romances trágicos (Luís da Câmara Cascudo) - FJA/
Cátedra
116 Florânia (CEPEJUL)
117 História do Rio Grande do Norte (Augusto Tavares de Lira) - FJA/
Senado Federal
118 Humanismo e tradição: ensaios e palestras (Veríssimo de Melo)
119 José Augusto Bezerra de Medeiros, um democrata (Nilo Pereira)
120 Le tiers monde et sa modernité de second main (Alf Schwarz)
121 Memorial do Varela (Ionah Campiello Varela Asfora)
122 Menino 16 (Afrânio Pires Lemos)
40 Anos 185
123 O Nordeste dentro da realidade brasileira (Nelson Hermógenes
Freire)
124 Poemas diabólicos e dois temas de Satã (Franklin Jorge)
125 O popular em 78 rotações (Grácio Barbalho)
126 Salvados (Manoel Onofre Júnior)
127 Serpentário (Edna Duarte)
128 Sete degraus do absurdo (Edna Duarte)
1983
129 Açu no roteiro das glosas (Francisco Amorim)
130 O calvário das secas (Eloy Castriciano de Souza) - FJA/Cátedra/INL
131 Canto vivo (Dione Maria Barros) - FJA/Clima
132 Contos do entardecer (Jansen Leiros)
133 Cronologias mossoroenses (Lauro da Escóssia)
134 Um dia ... os mesmos dias (Francisco Sobreira)
135 Feiras e feirantes (Dorian Gray Caldas)
136 História de São Paulo do Potengi (Aluísio Azevedo) - FJA/CERN
137 Itinerário do imprevisto (Franco Maria Jasiello) - FJA/Achiamé
138 O luar potiguar (Homero Homem) - FJA/Presença
139 Macaíba (CEPEJUL)
140 Meu barco sem roteiro (Clarice Palma)
141 A piabinha encantada e outras histórias (Maria Eugênia Montenegro)
142 O reino das joaninhas (Camilla Cascudo Barreto) - FJA/Achiamé
143 Relíquias de mãe, encantos da vida (Maria Rosicler Rabelo Dias)
1984
144 Armadilha das aranhas (Tarcisio Rosas)
145 Bandeira desfraldada: Walter Pereira e amigos (depoimentos) - FJA/
Livraria Universitária
146 Calungagem de papel (Edna Duarte)
147 Catálogo das publicações da Fundação José Augusto - 1965/84
(Coord. Zila Mamede)
148 Centenário de José Augusto Bezerra de Medeiros - síntese biográfi-
ca (CEPEJUL)
149 Cinema Pax (Moacy Cirne) - FJA/Achiamé
150 Cordiais saudações (Anselmo Pegado Cortez)
151 Deusa do além - pulsações: um estudo estranho e profundo ... (Carlos
Gurgel) - FJA/Coojornat
152 A dissipação da aurora (Fagundes de Menezes) - FJA/Presença
153 Dois discursos em Natal (Fagundes de Menezes) - folheto
154 Elegia do mar aceso em lua (Gilberto Avelino) - FJA/RN-Econômico
186 Fundação José Augusto
155 A esperança não morre (Dom Nivaldo Monte)
156 Evolução urbanística de Mossoró (Raimundo Nonato) - FJA/ESAM
157 Guia poético da Cidade do Natal (Manoel Onofre Júnior) - FJA/
Nossa Editora
158 História de Lagoa de Velhos (Aluísio Azevedo)
159 História do Rio Grande do Norte, 2ª. ed. (Luís da Câmara Cascudo)
- FJA/Achiamé
160 José Augusto, o líder (Dinarte Mariz)
161 Literatura de cordel em discussão (Umberto Peregrino) - FJA/Pre-
sença
162 Marrons, crepons, marfins (Marize Castro)
163 O mundo de Sylvio Pedroza: retrospectiva fotográfica - 1930/1983
(catálogo)
164 Padre Miguelinho, vida e obra (Dorian Gray Caldas)
165 Pensamento e ação: marco de uma trajetória de governo (Sylvio
Piza Pedroza)
166 Pouso em Natal (Stella Leonardos) - FJA/Clima
167 Raízes dos Batistas potiguares (Mário Jesiel de Oliveira Alexandre)
168 Rio do vento (Antônio Pinto de Medeiros)
169 Seminário sobre José Augusto Bezerra de Medeiros (depoimentos)
- FJA/Assembléia Legislativa-RN
170 É tempo de recordar (Jaime dos Guimarães Wanderley)
171 Via-sacra: xilogravura e poemas (Chico Traíra)
172 Macau (Aurélio Pinheiro) - FJA/UFRN/Presença
173 Documentos potiguares - 16 (série): José Augusto B. de Medeiros
(Org. Leonardo H. Barata)
1985
174 BANDERN: origem e evolução (CEPEJUL)
175 Canguaretama centenária (José Jácome Barreto)
176 Correspondência atrasada (Franco Maria Jasiello)
177 Era uma vez... (contos infantis) - FJA/Nossa Editora
178 Euthanasia (Januário Cicco) - ed. fac-similar
179 Janaína: poemas (Afrânio Pires Lemos)
180 Leitura de Jorge Fernandes (Francisco das Chagas Pereira)
181 Macaíba: imagens, sonhos, reminiscências (Menerval Dantas) - FJA/
Presença
182 Mutante (Jorge Luís Azevedo)
183 Palavras (Nathalie Bernardo Câmara)
184 Poemas do bem e do mal (Esmeraldo Siqueira)
40 Anos 187
185 Poesia na geração alternativa (J. Medeiros) - FJA/Nossa Editora
186 Proto-história do Rio Grande do Norte (Tarcísio Medeiros) - FJA/
Presença
187 Notas de história (Antônio Soares de Araújo)
188 Tempo e vida (João Batista Rodrigues)
189 Terapêutica pela mecânica (Maria do Socorro Nogueira Ferreira)
190 Levitas do Senhor (Mons. Severino Bezerra) - FJA/CERN
1986
191 Anedotas do Padre Mota (Lauro da Escóssia)
192 Curiosidades do mundo animal (Anadila Borges) - FJA/Clima
193 Um gosto amargo de fim (Nilson Patriota)
194 Itinerário de um sertanejo (Jansen Leiros)
195 Lembranças e andanças: crônicas (Waldir Reis Espínola) - FJA/Clima
196 Natal daqui a cinqüenta anos (Manoel Dantas)
197 Prelúdios de um novo dia (Jansen Leiros)
198 Pequena história do Integralismo no Rio Grande do Norte (Luiz
Gonzaga Cortez) - FJA/Clima
199 Sete canções da terra & outros poemas (Carlos Humberto Dantas)
200 O vento leste (Gilberto Avelino)
201 Fatos da História do Rio Grande do Norte (Pedro Rebouças de
Moura) - FJA/SEPLAN-RN/Prefeitura de Macaíba
1987
202 Dicionário da imprensa no Rio Grande do Norte, 1909-1987
(Manoel Rodrigues de Melo) - FJA/Cortez
203 Padre Francisco de Brito Guerra, um Senador do Império, 2ª. ed.
(José Melquíades)
1988
204 Crônica da banalidade (Carlos de Souza) - FJA/Clima
Publicação periódica:
205 O GALO: jornal cultural
Iniciado em: Ano 1, nº. 1, março de 1988 (editora: Marize Castro)
Encerrado em: Ano 14, nº. 10, outubro de 2002 (editor: Nelson
Patriota)
1989
206 Derradeiras cartas da praia e outras notas sobre Tibau do Sul (Hé-
lio Galvão) - FJA/Clima
207 Imagens do Ceará-Mirim, 3ª. ed. (Nilo Pereira)
208 Mãe (Henrique Castriciano)
209 Opúsculo humanitário (Nísia Floresta Brasileira Augusta) - FJA/Cortez
188 Fundação José Augusto
210 No rastro dos flamengos (Olavo de Medeiros Filho)
1990
211 Esqueça a primavera, irmão: ensaios de independência cultural
(Nestor dos Santos Lima)
212 Novos poetas do Rio Grande do Norte (coletânea)
213 Nuvem poema (João Gualberto de Aguiar)
214 Eu sem ego (Homero Homem)
1991
215 Além das salinas (Gilberto Avelino)
216 O gume e a pedra (Augusto Severo Neto)
217 Lavadeiras: poesias
218 Terra natalense (Olavo de Medeiros Filho)
219 Velhas oiticicas (Pery Lamartine)
1992
220 Eu quero voar (Pedro Coelho da Silva)
221 Ginásio Diocesano Seridoense: meio-século de presença educativa (CPC)
222 Os habitantes do sonho (Iaperi Araújo)
223 Cartilha de preservação (folheto)
224 Tempo de saudade: memórias (Lair Tinoco)
225 Veredas do Seridó (Airton de Negreiros Monte)
1993
226 Caminhos: poesias (Marluce G. Brandão)
227 Calendário cultural 1993 (CPC) - FJA/Gráfica Santa Maria
228 Cantilena diabólica (Dailor Varela)
229 Como se faz(ia) um reitor (Lauro Bezerra)
230 Dez poemas para José Bezerra Gomes (Moacy Cirne)
231 O Engenho Cunhaú à luz de um inventário (Olavo de Medeiros
Filho)
232 Gracioso ramalhete: poesias (Ferreira Itajubá, org. por Cláudio
Galvão)
233 Textos de história para estudantes de colégio (Carlos Borges de
Medeiros)
Publicações periódicas:
234 CADERNOS DO CEPEJUL: Juvenal Lamartine - Ano 1, nº. 01,
nov. 1993
235 CADERNOS DO CEPEJUL: Dix-Sept Rosado - Ano 1, nº. 02,
dez. 1993
1994
236 De braços abertos (Chris James Ortojic)
40 Anos 189
237 A bença, meu padim! (Iaperi Araújo)
238 Natal: secreta biografia (Paulo de Tarso Correia de Melo)
239 Pequena História da Fortaleza dos Três Reis Magos (Hélio Galvão)
240 Poemas da tarde (Hélio Galvão)
241 Uma pura criação potiguar (Hélio Oliveira)
242 Trapézio e outros movimentos (Nivaldete Ferreira) - FJA/Coop.
Cultural Universitária
Publicações periódicas:
243 CADERNOS DO CEPEJUL: Padre Monte - Ano 2, nº. 03, abr. 1994
244 CADERNOS DO CEPEJUL: Ubaldo Bezerra de Melo - Ano 2,
nº. 04, mai. 1994
245 CADERNOS DO CEPEJUL: Padre João Maria - Ano 2, nº. 05, jun.
1994
246 CADERNOS DO CEPEJUL: Clara Camarão - Ano 2, nº. 06, jul.
1994
247 CADERNOS DO CEPEJUL: Maria do Santíssimo - Ano 2, nº. 07,
jul. 1994
248 CADERNOS DO CEPEJUL: Georgino Avelino - Ano 2, nº. 08,
jul. 1994
249 CADERNOS DO CEPEJUL: Berta Lutz - Ano 2, nº. 09, ago. 1994
250 CADERNOS DO CEPEJUL: Henrique Castriciano - Ano 2, nº. 10,
ago. 1994
251 CADERNOS DO CEPEJUL: Januário Cicco - Ano 2, nº. 11, set.
1994
252 CADERNOS DO CEPEJUL: Jesiel Figueiredo - Ano 2, nº. 12, set.
1994
253 CADERNOS DO CEPEJUL: Seabra Fagundes - Ano 2, nº. 13, nov.
1994
254 CADERNOS DO CEPEJUL: José Augusto - Ano 2, nº. 14, dez.
1994
255 CADERNOS DO CEPEJUL: Theodorico Bezerra - Ano 2, nº. 15,
dez. 1994
1995
256 Cartas e cartões de Oswaldo Lamartine (Veríssimo de Melo)
257 Epopéia nos ares (Pery Lamartine)
258 Frutos do meu pomar (Olegário Oliveira Júnior)
259 As marés e a ilha (Gilberto Avelino)
1996
260 Contracanto, 2ª. ed. (Jarbas Martins) - FJA/Ed. Universitária
190 Fundação José Augusto
261 O fruto maduro (Luís Carlos Guimarães)
262 Todas as Marias (Maria Eugênia Montenegro)
263 Velhos costumes do meu sertão, 2ª. ed. (Juvenal Lamartine de Faria)
1997
264 Angicos, ed. fac-similar (Aluízio Alves)
265 Feriado municipal: contos (Geraldo Edson de Andrade)
266 A lágrima de um caeté (Nísia Floresta Brasileira Augusta)
267 Vocabulário do criatório norte-rio-grandense (Oswaldo Lamartine
de Faria e Guilherme Azevedo)
268 O lirismo nos quintais pobres: a poesia de Jorge Fernandes(Hum-
berto Hermenegildo)
1998
269 Alma patrícia: crítica literária, 2ª. ed. (Luís da Câmara Cascudo)
270 Canto da quase aurora (Maia Pinto)
271 A hora da lua da tarde (Sanderson Negreiros)
272 A imprensa periódica no Rio Grande do Norte de 1832 a 1908, 2ª.
ed. (Luiz Fernandes) - FJA/Sebo Vermelho
273 José Augusto Bezerra de Medeiros: político e educador (Marta Maria
Araújo) - FJA/Ed. Universitária/A. Legislativa do RN
274 O livro de José: memórias (José Maria Guilherme)
275 Obras completas (Newton Navarro) - FJA/FIERN
276 Rio Vermelho (Moacy Cirne) - FJA/DEI
277 A última estação (Alex Nascimento)
1999
278 História do Seminário de São Pedro (José Melquíades) - FJA/
DEI
279 Personalidades Históricas do Rio Grande do Norte - Século XVI a
XIX (CEPEJUL)
2000
280 Auta de Souza e a estética simbolista, 3ª. ed. (Giselda Lopes do Rego
Pinto)
281 Chuva ácida: poemas (Carmem Vasconcelos)
2001
282 Almas de rapina (Alex Nascimento)
283 O alvissareiro (Adriano de Souza)
284 O cancioneiro de Auta de Souza (org. Cláudio A. Pinto Galvão) -
FJA/Ed. Universitária
285 Em alpendres d’Acauã: conversa com Oswaldo Lamartine de Faria
- (org. de Natécia Campos)
40 Anos 191
286 Literatura do Rio Grande do Norte: antologia (org. Constância Lima
Duarte) - FJA/SEPLAN
287 Mulher potiguar: cinco séculos de presença (org. Ana Amélia Fernandes
e Hélio Oliveira)
288 O plantador de sons: vida e obra de Felinto Lúcio (Danilo Guanais)
289 Prelúdios potiguares (Oriano de Almeida)
2002
290 Cavalo-de-pau (Manoel Rodrigues de Melo)
291 Destempo (Carmem Vasconcelos)
292 O guerreiro de Yaco: Serra das Almas - memórias de Zé Rufino
(Calazans Fernandes)
293 Pois é a poesia (Luís Carlos Guimarães)
294 A noite de Florânia: Santuário de N. S. das Graças (João Medeiros
Filho) - FJA/Letra Capital
2003
295 Dicionário crítico Câmara Cascudo (org. de Marcos Silva) - FJA/
Perspectiva/USP/FAPESP/Ed. Universitária
Publicações periódicas:
296 PREÁ: revista cultural - Ano 1, nº. 1, mai. 2003 (editor: Tácito Costa)
297 PREÁ: revista cultural - Ano 1, nº. 2, jul. 2003 (editor: Tácito Costa)
298 PREÁ: revista cultural - Ano 1, nº. 3, set. 2003 (editor: Tácito Costa)
299 PREÁ: revista cultural - Ano 1, nº. 4, dez. 2003 (editor: Tácito Costa)
Publicações sem data:
300 ABC do cantador Clarimundo (Newton Navarro)
301 Barreira do Inferno (Fernando Mendonça)
302 O Forte dos Reis Magos e a história colonial (Marcos Maranhão)
303 Igreja de Santo Antônio - FJA/Fundação Pró-Memória
304 Do outro lado do rio, entre os morros (Newton Navarro)
305 A pobreza do mundo rico (Otomar Lopes Cardoso) - FJA/Nossa
Editora
306 Reflexos (Lívia Medeiros)
307 Tempos humanos (Rubem G. Nunes)
308 Tobias Monteiro (José Augusto Bezerra de Medeiros)
309 Regimento interno da Fundação José Augusto
Núcleo de Literatura
Havia um Núcleo de Literatura no antigo Centro de Desenvolvimento
Cultural mas, na prática, era um tanto inoperante, tanto que só com a criação
192 Fundação José Augusto
Fotos: Arquivos da FJA/ O GALO
40 Anos 193
do já descrito CONEDI é que temos um maior dinamismo na atividade literá-
ria. Não há registros consistentes a respeito daquele núcleo.
Em 1995, contudo, foi criado um outro setor com a mesma designação
– Núcleo de Literatura –, o qual se susteve especialmente com a execução do
programa Semana da Literatura, trazendo anualmente a Natal nomes ex-
pressivos das letras do Nordeste para depoimentos, palestras e debates pro-
fundamente instigantes. Estiveram aqui, entre outros, Odilon Ribeiro Coutinho,
Marcos Acioly, Humberto Hermenegildo de Araújo, Francisco Dantas e Jor-
ge Taufic, os quais mantiveram substanciosas trocas de experiência – no deba-
te às vezes ameno, às vezes acirrado – com autores locais. Dirigia o Núcleo
Luís Carlos Guimarães (resumo biográfico em APÊNDICE). Hoje , este se-
tor dedica-se especialmente à revista PREÁ e à realização do Concurso Luís
Carlos Guimarães, de poesia. É dirigido por Gustavo Porpino de Araújo.
Foto: Clóvis Tinoco
Aspecto da restauração do prédio do antigo QG, hoje sediando o Memorial Câmara Cascudo.
40 Anos 197
Foto: Arquivos da FJA /CDC
vestimento. Não havendo dinheiro para tal objetivo não se pode traçar nem,
inclusive, antever perspectivas. Improvisar e assumir as feições das circunstân-
cias são as alternativas, aqui e agora. Lamentavelmente.
Paulo Macedo
Com efeito, as ações da Fundação José Augusto, entre os meses de feve-
reiro de 1986 e março de 1987, presidida pelo Jornalista Paulo Macedo, caracte-
rizaram-se pela ênfase à solução dos problemas de infra-estrutura. Muitas das
suas dependências exigiam urgentes reparos, reformas ou, em alguns casos, ampla
restauração. Os setores de transportes e comunicações estavam literalmente es-
trangulados, praticamente desativados, e vários outros careciam de equipamen-
tos e de material permanente.
Numa única frase Paulo Macedo dá a dimensão das dificuldades com
que se deparou: A soma dos problemas internos era tal que dispensava estudos preli-
minares para estabelecer-se prioridades.
A tarefa se tornava duplamente dificultosa quando deveria sustentar uma
intensa programação, conforme ele mesmo relata:
Por outro lado, não poderíamos negligenciar os projetos e programas
198 Fundação José Augusto
anterioriormente eleitos, excelentes projetos do meu antecessor, Deputado Valério
Mesquita, nem outras idéias que foram surgindo. Dentro das possibilidades que
nos foram permitidas, realizamos cursos, concursos artísticos e literários, ciclos de
palestras, concertos sinfônicos, pesquisas e documentários, restauração de monu-
mentos e, enfim, iniciativas nas áreas de biblioteca, museu e editoração.
Lembra o ex-presidente que, ao final de sua gestão, lançou um folder com
o elenco de todas as realizações efetivadas no período, dentre as quais destaca:
(a) idéia, projeto e construção do Memorial Câmara Cascudo, compreendendo a
restauração do edifício e instalação de equipamentos para a guarda e preservação da obra
do mestre, além de construção de uma praça, com jardins e espelho d’água, e nela uma
estátua do homenageado em tamanho natural;
(b) criação e instalação da Casa do Produtor
Cultural, destinada à prática e à convivência profis-
sional dos produtores culturais potiguares, envolvendo
todas as organizações do setor;
(c) restauração da sede do Instituto Histórico e Ge-
ográfico do Rio G. do Norte, inclusive renovando seus equi-
pamentos e promovendo a pintura total do prédio;
(d) criação e instalação da Biblioteca Floriano
Cavalcanti, com um acervo de dez mil volumes compreen-
dendo variados assuntos - especialmente vinculados à his-
tória, filosofia e direito (doação da família do homenagea-
do); Paulo Macedo
(e) restauração da Fortaleza dos Reis Magos, in- ex-Presidente
cluindo suas instalações hidráulicas e elétricas, pintura completa - interna e externa -, recu-
peração dos canhões, pavimentação a blokret da passarela de acesso ao monumento e, por
acréscimo, constituição de policiamento da área, através de convênio com o Comando da
Polícia Militar do Estado;
(f) reforma geral da Biblioteca Pública Câmara Cascudo, renovando o sistema
de ar-condicionado e procedendo a aquisição de novos birôs, estantes, mesas e equipa-
mentos afins;
(g) aquisição de uma central de telex e de uma central telefônica;
(h) restauração da Sala dos Grandes Atos, da sede da Fundação, desde os lustres e
luminárias à recuperação e alinhamento de todas as suas poltronas e a instalação de ar-
condicionado central;
(i) recuperação da Igreja de Santo Antônio, na Cidade Alta, em Natal;
(j) restauração do edifício onde funciona o Museu Café Filho, e
(l) continuidade da execução do Projeto de Inventário dos Bens Culturais Imóveis do
Rio Grande Norte, cobrindo 36 (trinta e seis) municípios.
40 Anos 199
Realmente, considerando o curto espaço de tempo para a sua atuação, a
administração Paulo Macedo foi dinâmica, especialmente – conforme já acen-
tuado – no que diz respeito aos aspectos infra-estruturais do Órgão. Também
acusou boa presença na área da restauração de monumentos históricos, como
vimos no rol acima. Outras ações, não citadas, foram desenvolvidas, em simi-
lar padrão de representatividade.
Woden Madruga
Em março de 1987 Paulo Macedo passaria o cargo para outro jornalis-
ta, também combativo, profundo conhecedor da terra e de sua gente, Woden
Madruga, que trazia, entre outras, a idéia de criar e implantar o Museu Histó-
rico da Aviação e da II Guerra Mundial. Por feliz coincidência no mês seguinte
estaria sendo concretizada a primeira reunião efetiva – para julgamento de
projetos – do Sistema Nacional de Museus, que tinha uma proposta aberta,
revolucionária: propunha a desmistificação do museu enquanto reduto inex-
pugnável, ambiente de ungida contrição onde se guarda intocáveis relíquias.
Ao contrário, num país de tão colossais dimensões, de tantas peculiaridades
culturais quantas são suas regiões imensas, o museu deveria desligar-se da or-
todoxia imposta pela cultura européia e tornar-se, enfim, descontraído como
Foto: Arquivos da FJA /BPCC
Flagrante de um grupo de balé se apresentando na Sala dos Grandes Atos, durante o III
Encontro Estadual de Bibliotecas Públicas (1994).
Iaperi Araújo
As atividades compreendidas no quadriênio
1991-1994, no qual esteve à frente da Entidade
Iaperi Soares de Araújo, estão relatadas ao longo Iaperi Araújo
da Quarta Parte. Destacaríamos, contudo, a cria- ex-Presidente
_________________________
O Projeto de Criação e Instalação e o Decreto-lei da Criação do Museu Histórico da Aviação e da II Guerra
(28)
40 Anos 201
ção da estrutura administrativa da Cidade da Cri-
ança, que passava à responsabilidade da Funda-
ção, a instalação do Instituto de Música Waldemar
de Almeida em sua sede definitiva – andar superi-
or da Gráfica Manimbu – e o novo impulso dado
ao plano editorial. Reiteramos que estas interven-
ções são apenas destaques, conforme o texto.
Woden Madruga
A exemplo do que foi dito da administra-
ção anterior, as intervenções de Woden Madru- Woden Madruga
ex-Presidente
ga, em seu segundo período na presidência da Fun-
dação (que engloba oito anos), estão contidas na Quarta Parte deste estudo,
em grande parte extraídas do documento GESTÃO ADMINISTRATIVA
(1995-2002).
ATIVIDADES COMPLEMENTARES
Centro de Recursos Humanos-CRH ...................................................................................... 205
Contribuição da Gráfica Manimbu ............................................................................................ 206
Informação e divulgação: Ass. de Imprensa; Jornais e Revistas ...... 206
Informações sobre o Arquivo da Fundação ................................................................... 212
Projetos produzidos
(a) Considerações iniciais ............................................................................................................... 215
(b) Projetos produzidos, por área .......................................................................................... 215
INFRA-ESTRUTURA
ADMINISTRAÇÃO ............................................................................................................................ 217
EXCLUSIVAMENTE CULTURAIS
ESTUDOS E PESQUISAS .............................................................................................................. 220
DOCUMENTAÇÃO ...................................................................................................................... 222
PATRIMÔNIO HISTÓRICO ....................................................................................................... 223
MUSEUS .............................................................................................................................................................. 224
BIBLIOTECA ............................................................................................................................................ 225
DIFUSÃO CULTURAL ................................................................................................................... 225
40 Anos 203
204 Fundação José Augusto
Centro de Recursos Humanos-CRH
Ao longo da década de 80 esse departamento teve um impulso formidá-
vel. Disséramos, alhures, do seu indisfarçável ostracismo enquanto perdurara
a existência do PROFIED (V. p. 84), e que, com a extinção daquele Programa,
deveria encontrar os seus próprios caminhos e, enfim, adquirir personalidade.
Foi o que ocorreu, efetivamente.
Com efeito, realizando cursos e seminários para instituições diversas, para
empresas dos setores público e privado e para a própria Fundação (reciclando
segmentos específicos do seu quadro), o CRH se foi afirmando e, com o tempo,
passou a apresentar uma folha de serviços prestados dos mais significativos.
Os seus objetivos se resumiam em três pontos, a saber:
(a) planejar, coordenar e executar atividades de capacitação técnica de
recursos humanos, no Estado;
(b) oferecer assistência técnica, na área de recursos humanos, a organiza-
ções públicas e privadas, e
(c) promover estudos e pesquisas sobre recursos humanos, no âmbito
do Rio Grande do Norte.
observa-se esse fenômeno, nos idos das primeiras décadas do século XX.
40 Anos 213
de transformação, reciclando pessoal, adquirindo equipamentos, organizando
fichários, pondo ordem no caos. Hoje, o setor de Arquivo é ágil, funcional,
eficiente.
A reversão iniciou-se em 1989, a partir de um acordo tácito mas consis-
tente entre a direção do CDC e a do setor de Serviços Gerais, ao qual o Arqui-
vo estava subordinado. Iniciava-se, ali, as atividades técnicas de seleção e or-
ganização do material alocado no acervo.
Fez-se necessário, a partir de então, a criação legal de um Núcleo de
Arquivística, que seria responsável direto pelas atividades de recepção, guarda
e preservação do acervo administrativo, desmistificando parte do preconcei-
to que envolvia as atividades do setor. Tal não foi concretizado, contudo, o
que felizmente não desestimulou as partes interessadas. A não-implantação do
núcleo pretendido foi resolvida, ainda dentro da informalidade do citado acor-
do, com a Coordenadoria de Documentação assumindo aquelas tarefas (as de
recepção, guarda e preservação de documentos, hoje armazenados em duzen-
tos e três metros lineares, acumulados desde 1963). É ali, sobretudo, que está
guardada a história da Fundação.
Sua constituição dá-se de forma lenta mas ininterrupta, acompanhando
passo a passo a trajetória da Entidade. Considerando que essa massa docu-
mental – de caráter administrativo, funcional, contábil e cultural – reflete tudo
o que foi produzido por seus diversos setores, salvo a danificação de algumas
séries documentais vitimadas pela intempérie no período anterior, aludido no
início deste item, é indiscutível a importância do setor para estudos como este
empreendido pelo CEPEJUL, ou outros que ao longo do tempo venham a se
concretizar.
Desenvolveu-se, a princípio, um trabalho de identificação, análise e sele-
ção dos documentos existentes. Classificou-se o material em séries específicas,
ordenando-as de forma cronológica e setorial. Posteriormente tais séries fo-
ram armazenadas em caixas-arquivo, conforme as normas arquivísticas vigen-
tes. Na fase de avaliação, convém registrar, foram criteriosamente expurgadas
as cópias de documentos com prazo de validade vencido, assim como se pas-
sou a exercer estreita vigilância sobre aqueles que poderiam servir de lastro
informativo às pesquisas administrativas.
É função deste, ainda, atender a consultas e empréstimos de documen-
tos diversos solicitados por outros setores cuja finalidade seja a de fundamen-
tar informações que necessitem prova e evidência legal.
Paralelo a tais iniciativas, naquela época (fev., 1989) foi implantado o
Núcleo de Microfilmagem, com o objetivo de restringir a massa documental,
o que possibilitaria maior segurança e rapidez no acesso à informação; no
214 Fundação José Augusto
entanto, devido a vários fatores (inclusive deficiência no equipamento), encer-
rou suas atividades cerca de cinco anos após sua criação.
Pela peculiaridade de poder exercer suas funções no estilo tradicional – o
que ainda vem ocorrendo –, não significa que haja renunciado à aquisição de
novas tecnologias, o que possibilitaria a otimização de sua prestação de serviços.
Projetos produzidos
(a) Considerações iniciais
O volume e a finalidade dos projetos produzidos são fatores de
ponderável importância para se avaliar o nível de desempenho da Fundação,
muito embora nem todas as atividades desenvolvidas o tenham sido através
de projetos, da forma que também nem todos os projetos produzidos, neces-
sariamente, foram aprovados. A maioria dos trabalhos realizados com recur-
sos próprios, por exemplo, dispensou essa construção formal, sendo desen-
volvidos a partir de simples roteiros ou esquemas metodológicos. Observe-se
as artes plásticas, cujo total de projetos elaborados não ultrapassa sequer a
meia dúzia, não obstante este segmento haver efetuado mais de uma centena e
meia de exposições. A área de biblioteca revela fenômeno similar.
Por outro lado, é acentuada a quantidade de propostas não-consolida-
das, o que se explica em grande parte pela carência de recursos nas fontes de
captação. Há, ainda, projetos que foram reduzidos, ampliados, parcial ou to-
talmente reformulados – geralmente por sugestão dos órgãos potencialmente
patrocinadores – e que, enfim, por outras circunstâncias nem sempre claras e
convincentes, nem assim lograram aprovação. Exemplo flagrante foi o Inven-
tário de Bens Culturais, encaminhado em quatro versões para três entidades,
entre 1980 e 1984, sempre atendendo a recomendações de tais organismos,
até ser arquivado para ulterior oportunidade por absoluta falta de sintonia.
Destes fatos resulta que não devemos nos fixar, apenas, na quantidade
dos projetos produzidos para avaliar e estimar a performance da Fundação,
muito embora esse dado, como dissemos acima, constitua um forte indicativo,
uma significativa referência. Há, porém, outras informações que devem ser
levadas em conta com bem mais propriedade, quais sejam aquelas sobre as
ações efetivas de pesquisas, documentários, editoração, festivais, exposições,
concertos, concursos etc., tantas vezes referidos.
vezes o projeto Festival de Folclore, por exemplo, face à sua execução por
igual número de anos: I, II, III... Festival, assim sucessivas Semanas de Teatro
ou Encontros de Cultura Popular, mesmo que sofrendo reajustes
metodológicos). Por outro lado não estão incluídos, nesta tabela, eventuais
projetos elaborados no período inicial, quando prevaleciam os cursos univer-
sitários: as Semanas de Estudos Sociais e o programa Xeque-mate, por
exemplo, referidos na primeira parte deste estudo, são eventos não-consigna-
dos. Fica o registro.
Isto posto, fixemo-nos nestes trezentos e sessenta e oito projetos, para
efeito das próximas apreciações; se estão aquém da realidade efetiva não esta-
rão muito distantes, resguardadas aquelas observações.
Como vemos na tabela acima, perto de 30% dos projetos produzidos se
concentram na área infra-estrutural, dos quais 16,6%, voltados para a realiza-
ção de cursos, seminários e afins (a maioria desses cursos destinou-se à
capacitação de recursos humanos, como veremos na discriminação mais adi-
ante; outros, porém, tinham uma feição especificamente cultural, mas mesmo
assim os conservamos no item “infra-estrutura” pelo seu caráter de aprimora-
mento do quadro de pessoal). Os demais projetos, compreendendo a área
216 Fundação José Augusto
“exclusivamente cultural”, se distribuem entre pesquisas (16%), difusão cultu-
ral (25,5%) – reunindo os projetos de promoção de eventos e os de biblioteca
–, e documentação (29,1%), concentrando as propostas pertinentes à restau-
ração e recuperação de monumentos, museus e documentários diversos.
Restringindo-nos a estes, vejamos a produção de projetos por setor
operacional, não decorrendo daí que os valores registrados correspondam
necessariamente às ações desenvolvidas pelos respectivos Centros. Para efeito
de demonstração podemos assinalar que o Centro de Documentação elabo-
rou projetos de pesquisa e de promoção os quais foram computados, aqui,
para estes segmentos; igualmente, vamos encontrar inclusos no CDC projetos
de outros centros cujas características se ajustam à documentação. Assim os
demais setores:
TABELA 3
O dado, já destacado,
PROJETOS EXCLUSIVAMENTE CULTURAIS,
de projetos em maior núme- POR ÁREA DE INTERVEÇÀO
ro na área de documentação,
face a somar inclusive os se- VALORES
tores de museus e do ÁREAS Abs %
patrimônio histórico, seguido TOTAL 260 100,0
dos de difusão cultural, por
Difusão Cultural (1)
94 36,2
sua vez incluindo os de bibli- Pesquisa 59 22,7
otecas (afora um sem-núme- Documentão 107 41,1
ro de atividades promo- .Patrimônio histórico (2)
52 20,0
.Museus 26 10,0
cionais), em relação aos de .Outros(3) 29 11,1
pesquisa, é reforçado pelo FONTE: Arquivos da Fundação José Augusto
fato de (a) os projetos de pes- Promoção de eventos e bibliotecas. Restauração e recuperação de monumentos.
(1)
INFRA-ESTRUTURA
ADMINISTRAÇÃO
g
Instalação da Biblioteca Pública Câmara Cascudo
g
Construção e implantação de Centros Culturais
g
Criação do Caminhão da Cultura
40 Anos 217
g
Criação do Circo da Cultura
g
Construção da Passarela do Forte dos Reis Magos
g
Proposta de criação do Centro de Atividades Culturais
g
Estruturação e implantação do PROFIED
g
Proposta para a criação de um Centro de Cultura Popular
g
Aquisição de equipamentos para a Biblioteca Pública Câmara Cascudo
g
Criação e implantação do Museu Casa Café Filho
g
Criação do Sistema Estadual de Bibliotecas
g
Conservação e Manutenção do Circo da Cultura
g
Criação da Oficina de Restauração de Peças Museológicas
g
Criação e implantação do Museu Ary Parreiras
g
Criação da Pinacoteca e da Oficina de Gravuras Rossini Perez
g
Proposta de criação da Sala de Projeção Cinematográfica
g
Aquisição de equipamentos para espaços culturais
g
Aquisição de livros para a Biblioteca Pública Câmara Cascudo
g
Instalações elétricas e manutenção do Forte dos Reis Magos
g
Revitalização do Circo da Cultura
g
Ampliação da Oficina de Restauração de Peças Museológicas
g
Restauração da Passarela do Forte dos Reis Magos
g
Ampliação física e expansão do Parque Gráfico da Gráfica Manimbu
g
Ampliação da Biblioteca Pública Câmara Cascudo
g
Criação do Instituto de Música Waldemar de Almeida
g
Criação e implantação do Museu Capitão Antas (Pedro Avelino)
g
Implantação do Núcleo Audiovisual da Fundação José Augusto
g
Criação e instalação da Biblioteca Zila Mamede
g
Infra-estrutura para a Biblioteca Zila Mamede
g
Implantação de Banco de Dados na Fundação José Augusto
g
Criação e instalação da Biblioteca Myriam Coeli
g
Criação do Sistema Estadual de Museus
g
Implantação do Núcleo de Microfilmagem do CDC
g
Criação e implantação do Museu de Arte Sacra do RN
g
Criação do Museu Mons. Paulo Herôncio (Currais Novos)
g
Reforma e estruturação do Auditório Epílogo Campos (Mossoró)
g
Ampliação física do Centro de Documentação Cultural
g
Ampliação do Instituto de Música Waldemar de Almeida
g
Implantação do Instituto de Artes Plásticas do RN
g
Redimensionamento das instalações físicas do CRH
g
Ampliação do Núcleo de Processamento de Dados da FJA
g
Construção dos Centros Culturais das Zonas Norte e Sul de Natal
218 Fundação José Augusto
g
Criação da Oficina de Restauração de Bens Móveis do Maranhão
g
Ateliê de Restauração de Esculturas Policromadas de São Luiz -MA
g
Recuperação do Circo da Cultura
g
Recuperação do parque gráfico da Gráfica Manimbu
g
Ampliação da Oficina de Conservação e Restauração
EXCLUSIVAMENTE CULTURAIS
ESTUDOS E PESQUISAS
g
Diagnóstico da Cultura Norte-rio-grandense
g
Textos Sócio-Econômicos sobre o Rio Grande do Norte
g
Estrutura do Eleitorado Natalense
g
Demanda de Transportes Urbanos na Cidade do Natal
220 Fundação José Augusto
g
Mercado do Pescado na Cidade do Natal e Adjacências
g
O Movimento de Natal: a Igreja e o Desenvolvimento da Comunidade
g
Substituição da Mão-de-obra nas Populações de Baixa-renda do NE
g
Crescimento Urbano da Cidade do Natal
g
Diagnóstico das Favelas de Natal
g
Pequeno Comércio da Periferia de Natal
g
Movimento Operário no Rio Grande do Norte
g
Inventário de Bens Culturais Móveis e Imóveis do RN
g
Inventário dos Bens Culturais Imóveis do RN (nova formulação)
g
Sincretismo Religioso na Grande Natal
g
Desemprego e Educação em Natal
g
Projeto CAERN: Cadastro de Usuários
g
A Política de Combate às Secas: antes e depois da SUDENE
g
Levantamento de Estudos sobre Emprego, Migração e Mão-de-obra
g
Coleção das Leis Imperiais do Rio Grande do Norte
g
Mensagens dos Presidentes do Estado do Rio Grande do Norte na
Primeira República, VIII (José Augusto Bezerra de Medeiros)
g
Bibliografia Norte-rio-grandense
g
O Integralismo no Rio Grande do Norte
g
História do BANDERN
g
História da Associação Comercial do Rio Grande do Norte
g
História das Organizações Estaduais de Saúde
g
História do Futebol Natalense
g
História do Município de Cerro-Corá
g
História do Município de Serrinha
g
História do Município de Eduardo Gomes
g
História do Município de São Gonçalo do Amarante
g
História do Município de Caicó
g
História do Município de Florânia
g
História do Município de Macaíba
g
História do Município de Santo Antônio
g
História do Município de João Câmara
g
História do Município de São José de Mipibu
g
História do Município de Goianinha
g
História do Município de Nísia Floresta
g
História do Município de Parelhas
g
História do Município de Pau dos Ferros
g
História do Município de Martins
g
História do Município de Caraúbas
40 Anos 221
g
História do Município de Carnaúba dos Dantas
g
História do Município de Pedro Avelino
g
História do Município de Angicos
g
Hábitos de Leitura em Natal
g
Vida e Obra de Café Filho
g
Sincretismo Religioso na Grande Natal (nova formulação)
g
Construção da Base Naval de Natal (história)
g
Evolução Histórica da Indústria no Rio Grande do Norte
g
Tipos e Aspectos do Rio Grande do Norte
g
História da Cidade do Natal (1941/1991)
g
Cadastro de Artistas Plásticos do RN
g
Diagnóstico e Mapeamento da Cultura Popular
g
Dramaturgos Potiguares
g
Personalidades Históricas do Rio Grande do Norte (Séculos XVI-XIX)
g
Memorial Nísia Floresta
g
Memorial Mons. Expedito
g
Fundação José Augusto - 40 Anos
DOCUMENTAÇÃO
g
Memória Cultural do Rio Grande do Norte
g
Circuito Integrado de Cultura da Grande Natal
g
Memória Musical do Rio Grande do Norte
g
Interação Básica em Diferentes Contextos Sociais (cinema)
g
Divulgação e Preservação dos Negros do Rosário
g
Projeto de Arte Postal
g
Documentação de Danças Folclóricas
g
Catálogo do Artesão Norte-rio-grandense
g
Cadastro dos Artistas Plásticos do Rio Grande do Norte
g
Cadastramento de Artistas e Grupos Teatrais do RN
g
Cadastro de Escritores Norte-rio-grandenses
g
Cadastro de Músicos Norte-rio-grandenses
g
Cadastro de Terreiros e Pais-de-santo da Grande Natal
g
Dinamização da Gravura em Intercâmbio Postal
g
Caderno da Educação e da Cultura Norte-rio-grandenses
g
Projeto “Sessão Especial” (cinema)
g
Circuito Popular de Cinema
g
Publicação do Catálogo do Acervo Câmara Cascudo
g
Organização Técnica do Arquivo Administrativo da FJA
g
Expansão do Circuito Popular de Cinema
222 Fundação José Augusto
g
Banco de Textos Teatrais do Rio Grande do Norte
g
Fotografias, Resgate de uma História
g
Banco de Talentos
g
Proposta para a Criação do Laboratório de Conservação e Restaura-
ção de Livros e Documentos do Fórum Municipal de Currais Novos
g
Documentação e Difusão Cultural
g
Catálogo do Acervo de Câmara Cascudo
g
Reestruturação do IHGRN: restauração do acervo fotográfico
g
Inventário do Acervo Museológico
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
g
Plano Quadrienal de Reconstrução de Cidades Históricas
g
Levantamento Arquitetônico da Igreja de São Gonçalo do Amarante
g
Levantamento do Forte e Igreja de Nossa Senhora dos Remédios
(Fernando de Noronha)
g
Agenciamento da Praça Onofre Soares (Ceará-Mirim)
g
Agenciamento da Praça e Igreja de Nossa Senhora do Desterro (Vila Flor)
g
Construção do Memorial de Touros
g
Restauração do Solar do Antunes (Ceará-Mirim)
g
Restauração do Solar do Ferreiro Torto (Macaíba)
g
Restauração da Casa-Grande do Engenho Guaporé (Ceará-Mirim)
g
Restauração da Casa-Grande de Pendências
g
Restauração da Casa de Câmara e Cadeia de Acari
g
Restauração da Casa de Câmara e Cadeia de Vila Flor
g
Restauração da Casa Paroquial de Jardim do Seridó
g
Restauração da Casa de Padre João Maria (Natal)
g
Restauração da Cadeia Pública de Ceará-Mirim
g
Restauração da Cadeia Pública de Mossoró
g
Restauração da Igreja de N. Sª do Rosário (Acari)
g
Restauração da Igreja de N. Sª do Desterro (Vila Flor)
g
Restauração da Igreja de N. Sª do Rosário dos Pretos (Natal)
g
Restauração da Igreja de Santo Antônio (Natal)
g
Restauração da Igreja de São Gonçalo do Amarante
g
Restauração da Igreja de Santana (São Luiz-MA)
g
Restauração da Igreja de Padre João Maria (Natal)
g
Restauração da Capela de N. Sª da Soledade (Macaíba)
g
Restauração da Capela de Utinga (São Gonçalo do Amarante)
g
Restauração da Capela de Nossa. Sª das Candeias, Fazenda Cunhaú,
(Canguaretama)
40 Anos 223
g
Restauração do Mercado Público de Ceará-Mirim
g
Restauração do Mercado Público de Macau
g
Restauração do Antigo Quartel-General (Natal)
g
Restauração do Antigo Palácio do Governo (Natal)
g
Restauração da Antiga Casa de Detenção de Natal
g
Restauração do Instituto Histórico e Geográfico do RN
g
Restauração do Casarão da Junqueira Aires (Natal)
g
Restauração da Capitania dos Portos (Natal)
g
Conservação e Manutenção da Igreja de Santo Antônio (Natal)
g
Conservação e Manutenção da Igreja de São Gonçalo do Amarante
g
Conservação e Manutenção do Forte dos Reis Magos
g
Conservação e Manutenção do Teatro Alberto Maranhão
g
Conservação de Monumentos Tombados do Rio Grande do Norte
g
Revitalização do Forte dos Reis Magos
g
Revitalização da “Cidade da Criança” (Lagoa de Manoel Felipe)
g
Recuperação do Forte dos Reis Magos
g
Restauração da Rampa para Instalação de Museu Histórico
g
Recuperação do Museu do Sobradinho
g
Restauração do Acervo de José Augusto
g
Restauração do Casarão de Patu
g
Restauração do Casarão dos Italianos, em Florânia
g
Iluminação e Ambientação da Concha Acústica da Cidade da Criança
g
Reestruturação do Instituto de Música Waldemar de Almeida
g
Restauração do Teatro Alberto Maranhão
g
Ampliação da Biblioteca Pública Câmara Cascudo
MUSEUS
g
Implantação do Museu de História e das Tradições Populares do Rio
Grande do Norte
g
Projeto de Instalação de Museu no Forte dos Reis Magos
g
Instalação do Museu de Arte Popular de Natal
g
Conservação de Imagens Sacras (Goianinha)
g
Renovação do Espaço Museológico da Casa Café Filho
g
Reestruturação do Museu Capitão Antas (Pedro Avelino)
g
Proposta Conceitual e Museográfica do Museu Histórico de Acari
g
Museu Histórico da Aviação e da II Guerra Mundial
g
Revitalização do Museu de Currais Novos
g
Revitalização Museográfica do Museu Casa Café Filho
g
Revitalização do Museu do Seridó
224 Fundação José Augusto
g
Revitalização Museográfica do Museu Câmara Cascudo
g
Recuperação do Gabinete de Câmara Cascudo
g
Elaboração Conceitual do Museu do Forte dos Reis Magos
g
Proposta Conceitual e Museográfica do Museu de Macaíba
g
Criação da Reserva Técnica do Museu Câmara Cascudo
g
Proposta Conceitual e Museográfica do Museu de Touros
g
Museus Comunitários, uma Alternativa para o Rio Grande do Norte
g
Museu Histórico da Aviação e da II Guerra Mundial (nova formulação)
g
Laboratório de Restauração e Conservação de Couro de Teresina-PI
g
Montagem do Museu de Arte Sacra do Maranhão
g
Projeto “Guia-Mirim”
g
O Pré-Escolar nos Museus
g
Implantação de Museus Comunitários
g
Inventário do Acervo Museológico
g
Inventário da Arte Sacra Potiguar
BIBLIOTECA
g
Projeto de Cooperação “Corpo da Paz”
g
Manutenção do Sistema Estadual de Bibliotecas
g
Treinamento de Auxiliares de Biblioteca
g
Projeto “Bancas Culturais”
g
Instalação de Caixas-Estante
g
Projeto “Nossa Biblioteca”
g
Implementação da Coordenadoria do Sistema Estadual de Bibliotecas
g
Projeto “O Autor na Biblioteca”
g
Projeto “O Escritor na Cidade”
g
Projeto “Vivendo a Leitura”
g
Projeto “Biblioteca-Pólo”
DIFUSÃO CULTURAL
g
Revitalização e Expansão: Implantação de Centros Culturais
g
Artes Plásticas do Rio Grande do Norte
g
Centro de Produção e Comercialização do Artesanato do Rio Gran-
de do Norte
g
Encontro do Compositor Potiguar
g
Plano de Incentivo à Arte Musical
g
Festival de Música Camerística
g
Concerto na Praia
g
Música, Som e Luz
40 Anos 225
g
Projeto “Seis da Tarde” (música)
g
Festival de Emboladores do Rio Grande do Norte
g
Projeto Ademilde Fonseca
g
Violando e Embolando
g
I Ciclo de Dança de Natal
g
Interiorização do Teatro e da Dança
g
Implantação do Circo da Cultura
g
Projeto Cine-Teatro
g
Encontro de Emboladores do Rio Grande do Norte
g
Teatro no Circo da Cultura
g
Semana Potiguar do Teatro Amador
g
Encontro Nacional sobre a Poesia Popular Brasileira
g
Projeto Cultural-Educativo para o Circo da Cultura
g
Oficina de Teatro (direção, cenografia e interpretação)
g
Projeto Cinema Volante
g
I Festival Nacional de Teatro de Rua
g
Projeto Paralelo 16
g
Circuito Teatral da Grande Natal
g
Projeto Escolinha do Circo
g
Mostra do Teatro de Currais Novos
g
Ciclo de Palestras sobre a Presença do Nordeste no Cinema Nacional
g
Edital de Auxílio e Montagem de Peças Teatrais
g
Projeto “O Autor Vai à Escola” (palestras e debates)
g
Circuito de Interiorização das Artes Cênicas
g
Projeto Quadrinhos Potiguares
g
Oficinas Moduladas para Criação de uma Escola de Teatro
g
Curso de Roteirização de Desenho na História em Quadrinhos
g
Encontro de Mamulengos do Nordeste
g
História do Rio Grande do Norte em Quadrinhos
g
Recuperação e Fortalecimento do Teatro de Bonecos do Rio Grande do
Norte
g
Estudos Sociais: Comunicação e Expressão em Quadrinhos
g
Apoio ao Mamulengo Potiguar
g
Programa de Incentivo ao Folclore
g
Semana da Dramaturgia Potiguar
g
Encontro de Folclore do Rio Grande do Norte
g
Semana da Dramaturgia Nordestina
g
Preservação de Grupos Folclóricos
g
Revista Sobre o Teatro Nordestino
226 Fundação José Augusto
g
Projeto Feiras Culturais
g
Projeto de Editoração: Coleção Folclore Potiguar
g
Projeto de Editoração: Coleção História do Rio Grande do Norte
g
Projeto de Editoração: Coleção Ficção
g
Projeto de Editoração: Coleção de Literatura de Cordel
g
Projeto de Editoração: Clássicos da Seca
g
Projeto de Editoração: Coleção Biografia
g
Projeto de Editoração: Cadernos Literários
g
Projeto de Editoração: Coleção Ensaios - crítica e pesquisa
g
Projeto de Editoração: Coleção Poética
g
Projeto de Editoração: Histórias Infantis
g
Exposição de Fotografias: “Natal Era Assim”
g
Criação do jornal “O Galo”
g
Reestruturação e Animação Cultural da “Cidade da Criança”
g
Projeto Feiras Culturais (nova formulação)
g
Animação Cultural junto às Populações Confinadas
g
Arte e Educação na Fundação José Augusto
g
Dinamização da Gravura através do Intercâmbio Postal
g
Projeto Ruth Aklander (Interiorização da Ação Cultural)
g
Restauração e Dinamização dos Grupos Folclóricos do Rio Grande
do Norte
g
Implantação do Instituto de Artes Plásticas Cândido Portinari
g
Literatura Potiguar: Cordel
g
Revitalização e Apoio ao Folclore Potiguar
g
Restauração da Capela de São José (Macaíba)
g
Plano Editorial (1993)
g
Incentivo à Produção Cênica do Rio Grande do Norte
g
Dinamização Cultural da Cidade da Criança
g
Revitalização e Apoio ao Folclore Potiguar
g
VIII Festival de Cinema de Natal
g
Incentivo à Produção Musical do Rio Grande do Norte
g
Projeto Renascer (bandas de música)
g
Projeto “Seis e Meia”
g
Encontro de Cultura Popular do Rio Grande do Norte
g
Encontro de Emboladores do Rio Grande do Norte
g
Projeto “Chico Traíra”
g
Um Presente de Natal (auto natalino)
g
Implantação de “Casas de Cultura Popular”
40 Anos 227
228 Fundação José Augusto
SEXTA PARTE
INFORMAÇÕES SUPLEMENTARES
40 Anos 229
230 Fundação José Augusto
Referências históricas sobre
o prédio-sede da Fundação
É bastante razoável supor que tudo (ou quase tudo) o que se fez, e
que tenha alguma importância (histórica, social, política, cultural, econômica,
jurídica, urbanística, etc.) esteja, de forma mais ou menos detalhada,
registrado ou pelo menos anotado em algum lugar. Para isso existem
cartórios, arquivos, bibliotecas, centros de processamento de dados. Tais
informes podem estar transpostos, segundo sua natureza, em atas, certidões,
escrituras, cadastros, relatórios, correspondências, crônicas e textos
memorialísticos, entre outros, contendo, assim, parcelas consideráveis dos
fatos e feitos da comunidade a que pertencem. Contudo, não havendo a
sistemática organização de tais arquivos, se os milhares – dezenas de
milhares! – de referências estão dispersos, mesmo parcialmente dispersos,
sem meios adequados e eficientes a serem prontamente localizados, em
termos objetivos não se tem a informação.
A propósito, vejamos o que ocorreu há cerca de trinta anos, em troca
de correspondência entre duas insuspeitas personalidades do Estado.
Em 1972 a Fundação José Augusto publicou a obra Uma História da
Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte, escrita por Luís da Câmara
Cascudo. A carta do Deputado Moacyr Duarte (1971), então presidente
daquela instituição, ao historiador propondo o trabalho, é verdadeiro libelo
ao aparente descaso com que era tratado o acervo da Casa. Não apontou
responsáveis, é certo, pois a sua crítica não se dirigia aos antecessores,
especificamente, antes constituindo um alerta às novas gerações de
parlamentares e à própria comunidade: tratava-se de um traço cultural, ou
40 Anos 231
seja, aquele “descaso” decorria, sobretudo, da falta de uma consciência crítica
mais apurada por parte da própria sociedade.
A certa altura de sua correspondência, diz o Deputado: Há nesta
Assembléia, um abismo entre o passado e o presente... verifiquei que a Assembléia
Legislativa não possui sequer os anais e os apontamentos que testemunhem, perante a
Crônica dos tempos, a sua existência e a sua sobrevivência (op. cit., p. XI). Mais
adiante, na mesma página: (...) jamais alguém preocupou-se em corporificar, em
letra de forma, a história do Poder Legislativo norte-rio-grandense. Há quando muito,
na tradição oral, na reminiscência e na saudade de uns, na lembrança e na evocação
de outros, o reconto dos fatos, episódios, debates, polêmicas, apartes e discursos que
assinalaram uma época, marcaram um período ou simbolizaram um estado de espírito
coletivo ou comunitário. Segue o texto reiterando a necessidade de reconstituir
os caminhos da Assembléia Legislativa.
Declara Cascudo, em resposta, que em 1953 concluíra estudo sobre
a Assembléia (...) pela primeira vez reunindo a esparsa e tumultuosa documentação,
de arquivo e jornais, testificando a vida coletiva da entidade desde fevereiro de 1835
(idem, p. XIII).(31) Acrescenta que naquele mesmo ano fizera entrega solene
dos originais, os quais lhe foram devolvidos posteriormente porque um
funcionário benemérito temia o inevitável desaparecimento. Adianta, ainda, que
quatro anos antes tentara editar seu trabalho, mas não encontrara apoio:
Os originais ficaram em palácio do governo, potencialmente perdidos e sem interesse
pelo meu esforço. Enfim, aceitava o encargo mas com a condição de recuperar
seus originais, o que evidentemente conseguiu.
O livro referido acima, pois, é uma revisão daqueles originais de
1953 com uma reestruturação dos capítulos, conforme assinala o próprio
autor.
Das duas correspondências extrai-se, em síntese, as informações de que
(a) o acervo da Assembléia estava, então, disperso e desorganizado; (b) o
estudo de Cascudo, de 1953, fora elaborado através da análise de esparsa e
tumultuosa documentação e, (c) o trabalho de 1972, por decorrência, consistindo
numa revisão do anterior, provavelmente se ressente da profundidade que o
mestre lhe daria, fossem outras as condições de organização dos arquivos da
Assembléia.
Há outros exemplos históricos, claro. Que não tenhamos memória; nunca
se diga que não temos história! – disse Djalma Marinho em depoimento ao
programa Memória Viva, da UFRN, o que de certa forma vem ao encontro
do raciocínio acima. Os fatos importantes desta comunidade certamente
estão registrados nos escaninhos das repartições públicas, conquanto nem
_________________________
(31)
A Assembléia Legislativa da Província do Rio Grande do Norte foi instalada em 02.02.1835.
40 Anos 233
Anos mais tarde (janeiro de 1937), o prédio foi alugado ao Governo
Estadual para instalar, em suas dependências, a Escola Normal de Natal, o que
perduraria até meados da década de cinqüenta. Em algum momento, após 1937
– provavelmente no início dos anos 40 –, no mesmo prédio passou a funcionar
simultaneamente o Colégio Estadual do Atheneu Norte-rio-grandense, secção
feminina. Quanto à Faculdade de Filosofia, também inaugurada no mesmo
imóvel, foi criada pela resolução nº. 1, de 12 de março de 1955, mas só iniciaria
as atividades dois anos mais tarde, em março de 1957.
No início dos anos sessenta a APRN atravessava séria crise financeira,
inclusive correndo o risco de ter seu patrimônio desapropriado, tal o sistemático
acúmulo de dívidas junto a fornecedores diversos e, até, ao Instituto de
Aposentadoria e Pensões dos Comerciários-IAPC. O então Governador do
Estado, Aluízio Alves – conforme ele mesmo menciona em seu depoimento –
, propôs saldar os débitos e, concomitantemente, a sua aquisição; o Governo
criaria uma Fundação, (...) a fim de dirigir e assumir a responsabilidade pela
Faculdade de Filosofia, ficando assegurada a permanência dos professores em suas
respectivas cadeiras (DUARTE, p. 122).
Em linhas gerais, essas são as informações disponíveis sobre o prédio-
sede da Fundação José Augusto, o qual, como se vê, sempre teve uma
destinação cultural.
40 Anos 235
236 Fundação José Augusto
Os objetivos desta lei compreendem, basicamente, duas ordens de
intervenção, a saber:
(a) promover o incentivo à pesquisa, ao estudo, à edição de obras e à
produção das atividades artístico-culturais nas áreas das artes cênicas,
plásticas e gráficas; cinema e vídeo; fotografia; literatura; música; folclore
e tradições populares; museus, bibliotecas e arquivos;
(b) promover a aquisição, manutenção, conservação, restauração,
produção e construção de bens móveis e imóveis de relevante interesse
artístico, histórico e cultural.
Depoimentos de ex-Funcionários
Em qualquer dos setores que compõem a Fundação José Augusto
encontraríamos personagens que, seguramente, enriqueceriam este trabalho.
Pelo que os conhecemos o fariam com a lembrança de fatos expressivos que
por certo permeiam e ilustram sua trajetória funcional e, neles estruturados,
com a emissão de opiniões e pontos de vista sobre o que é e o que representa
este Órgão no contexto cultural e humano da cidade.
Não estamos nos referindo a estratos específicos, a conjuntos
segmentados de servidores cuja performance profissional, por exemplo,
os tenham eventualmente projetado de forma singular. Não operamos, aqui,
no sentido de grupá-los segundo a importância das funções que exerceram,
40 Anos 237
do seu nível intelectual ou idiossincrásico, mas, sim, apenas enquanto
indivíduos pensantes, criaturas capazes de ver, ouvir e sentir a realidade
que os cerca e de emitir, face a tal percepção, conceitos, juízos de valor a
respeito.
Alguns, fluentes, letrados; outros, humildes; todos, não obstante,
indistintamente, cheios de sensibilidade, ávidos a dar seu testemunho e a sua
contribuição para a obra comum de renovada construção – pedra a pedra, até
a pedra angular – desta Entidade. São eles valorosos tipos humanos, “grandes
figuras”, como diria Siminéa, com os quais houve por bem o acaso agraciar-
nos com a convivência diária.
Gostaríamos de contar com a palavra de cada um deles; de dispor de
suas impressões e comentários. Não sendo possível, contudo, dada a
exigüidade de espaço e de tempo, pretendemos homenageá-los e a todo o
corpo funcional transcrevendo resumos de depoimentos que nos foram
gentilmente prestados por alguns dos que o integram. É com profundo
respeito que falam sobre a Fundação, nisso especialmente há unanimidade,
e se fluem com um certo sabor de nostalgia pelos meandros do passado,
não escondem, no discurso do presente, a inquebrantável fé e convicção
no futuro.
Aliás, é notável como as pessoas se apegam a esta Casa. Certamente este
fenômeno ocorre com mais intensidade entre os servidores antigos, todavia é
bastante perceptível esta sensação em outros escalões, até mesmo por parte de
quem aqui passa um curto período. É como diz Diógenes: A Fundação parece
que tem um visgo, que pega as pessoas e essas se apaixonam e a ela se dedicam, de
corpo e alma.
Vejamos o que alguns dos nossos amigos nos têm a dizer (esclarecemos
que estes depoimentos nos foram concedidos em 1991).
31.03.64.
(34)
O Dr. Tarcísio de Vasconcelos Maia foi Governador do Estado do Rio Grande do Norte de 15 de março
de 1975 a 15 de março de 1979.
40 Anos 239
acrescentando-lhe a Gráfica Manimbu, reconstruindo e conservando um patrimônio
que, embora digno de elogios, infelizmente necessita urgentes reformas.
Tem um grande apreço pela Fundação mas, embora sem rancores, guarda
algumas lembranças não muito agradáveis. Em todo caso, conclui, valeu a pena.
Cascudo, Zila Mamede e Myriam Coeli, a Escolinha de Arte Cândido Portinari, o Instituto de Música
Waldemar de Almeida, o Teatro Alberto Maranhão e os museus Café Filho, de Arte Sacra do Rio
Grande do Norte e do Forte dos Reis Magos. No Interior, os Museus Capitão Antas, em Pedro Avelino,
e do Solar do Ferreiro Torto, em Macaíba.
ser o primeiro prédio assobradado de Natal; a configuração estética do teto dessa edificação também lhe
confere a denominação de “Véu de Noiva”.
40 Anos 245
monumentos históricos e artísticos – vinculado ao Programa Integrado de
Reconstrução das Cidades Históricas do Nordeste –, não obstante, por sua
vez, atingirem faixas limitadas de público.
A atual administração, fundamentada neste princípio – sem descurar-se,
no entanto, dos aspectos tidos como elitistas das suas linhas programáticas
(artes plásticas, música erudita, literatura, etc.) –, busca concretizá-lo de forma
consistente e, tanto quanto possível, conseqüente, para o que criou a Revista
“Preá” e o Programa “Casas de Cultura”, cujas concepções estão direcionadas
para tal fim, muito embora a revista também divulgue a cultura potiguar para
além-fronteiras do Estado e da Região.
Quando dizemos tanto quanto possível conseqüente é no sentido de que
tenham continuidade, independentemente das circunstanciais alternâncias
partidárias nos poderes públicos estadual e municipal: o complexo de padrões
de comportamento, as crenças e costumes, tradições e formas de expressão
são peculiares e exclusivos a cada comunidade, e são, portanto, elementos
constitutivos da sua identidade cultural, não podendo permanecer
indefinidamente submetidos aos humores passageiros dos administradores.
Com efeito, estes dois agentes constituem importantes elementos na atual
política cultural do Órgão, sob a liderança ativa e
participativa do Presidente François Silvestre de
Alencar, a partir de “determinação expressa da
Governadora” (V. Nota da Presidência, p. 9).
Tal perspectiva expande o raio de atuação
da Entidade, concretiza um sonho de várias
gerações e dignifica a cultura do nosso povo.
Foto: Ivanísio Ramos
François Silvestre, atual Presidente da FJA; Solar da Baronesa, onde está instalada
a Casa de Cultura de Açu, na Praça São João, principal logragradouro daquela cidade.
40 Anos 247
248 Fundação José Augusto
Comentário final
Chegamos ao fim do nosso trabalho. Refizemos o roteiro palmilhado
pela Fundação José Augusto desde o longínquo ano de 1963. Nele, falamos de
tudo – ou de quase tudo.
Falamos dos primeiros tempos, das faculdades, dos centros culturais e das
suas atividades. Discorremos a respeito dos monumentos históricos e dos museus,
os quais representam as nascentes da nossa formação enquanto sociedade organizada.
Dissemos das tintas e cores vivas destas artes tropicais, da forma que enaltecemos a
verve dos nossos escritores e a estuante vitalidade expressa nos versos dos nossos
poetas. O teatro, o folguedo, a cultura popular, estão nestas páginas das quais não
sem esforço escondemos – nós, que fazemos a Fundação José Augusto – um pouco
de orgulho por termos dado parcela de contribuição para a obra comum.
Mas, a Fundação não é feita, apenas, deste seu lado vistoso: para que
espoquem as notas das sinfonias ou brilhem os lustres da Sala dos Grandes
Atos, todo um trabalho de bastidores há de ter sido realizado, da forma
que, para escrevermos sobre a história da Entidade, recorremos ao seu
Arquivo Geral.
Assim, neste comentário final pretendemos lembrar, rapidamente, alguns
aspectos da Fundação que, ou por não conterem os atrativos e interesses que
suscitam, por exemplo, a descrição de como surgiram os diversos setores e a
narrativa dos presidentes, ou por não representarem, por si sós, elementos
ponderáveis para a compreensão do contexto histórico em que eles se deram,
não lograram destaque nestas páginas, senão em circunstanciais referências.
Os setores de Contabilidade, de Pessoal e de Serviços Gerais; o
Almoxarifado e a Secção de Transporte. São segmentos que também
40 Anos 249
contribuem para o brilho da coreografia, para manter o órgão em funcio-
namento. São pilares de sustentação de todo o arcabouço.
Essas referências, mesmo discretas, significam uma mensagem para
aqueles servidores que lutam no dia-a-dia, ombro a ombro com todos e com
cada um de nós, em busca do aperfeiçoamento do sistema.
Se não coube mencionarmos essas peças da engrenagem, porque são a
infra-estrutura e seria árido e inconseqüente um discurso contábil, tanto
quanto quantificarmos os veículos de nossa frota, cabe referirmos a luta dos
nossos companheiros por aprimorar aqueles serviços, reorganizando os
arquivos, facilitando-nos os deslocamentos, polindo o assoalho e cada friso
desta Casa nesta festa de quarenta anos, tão deles quanto nossa.
O CEPEJUL saúda a todos quantos têm colaborado para o engran-
decimento da Fundação José Augusto: do conjunto dos Presidentes àqueles
que, por quarenta longos anos, não deixaram um dia de varrer o seu piso ou de
servir um simples cafezinho.
Outro assunto.
Na palavra dos presidentes há gritos de alerta, mensagens de confiança
no futuro e planos otimísticos. Tudo isso é fundamental, uma vez encontremos
o ponto de equilíbrio.
O alerta cuida para que mantenhamos os pés no chão e, sempre atentos,
aproveitemos as oportunidades. Se possível, até, provocando para que elas
surjam. A confiança no futuro é o elã vital que forja a luta do presente e enobrece
o trabalho do homem. Sonhar é preciso. Ponhamos um belo sonho lá na frente
e o persigamos, e lutemos por ele.
Tracemos planos otimísticos e, com a fronte erguida, os encaremos com
fé no peito. Credo; qui absurdum non credere, disse Santo Agostinho (Creio,
seria um absurdo não crer).
Se repararmos bem, já vemos frutos dessa extraordinária semeadura.
Que Deus a proteja!
PATRONOS E MADRINHAS
(dados biográficos) ....................................................................................................................................................... 253
_________________________
Fontes: PIRES, Inácio Meira. Teatro Alberto Maranhão e seu Patrono (síntese histórica). Natal: Secretaria
de Estado da Educação, da Cultura e dos Desportos, 1975; Personalidades Históricas do Rio Grande do
Norte (século XVI-XIX) FJA/CEPEJUL, 1999.
Foto: Arquivos da FJA/CEPEJUL.
Nota complementar
A inauguração do projeto “Chico Traíra”, em 1995, coincidiu com o lançamento
do cordel “Poemas do Açu”, do próprio Francisco Alcaniz, do qual extraímos as seguintes
estrofes:
I IV
As formosas paragens do Açu Depois de Vila Nova Princesa
vêm de mil seiscentos e cincoenta, Já no ano de mil oitocentos
habitada por tribos violentas, E trinta e cinco com leis e documentos
por indígena que andava quase nu. Foi passada à comarca com certeza
Se chamava a aldeia Taba-Açu. E sobre esta vasta redondeza
Janduís eram os índios do arraial, Progredia a comarca e prosperava
se estendiam próximo ao litoral, Já um templo católico se elevava
de Açu a Mossoró, a Upanema, Aos incrédulos propondo grande guerra
empunhando feroz o tangapema. O primeiro vigário desta terra
Janduí era o chefe principal. Manuel de Mesquita se chamava.
II V
Foi em mil seiscentos e noventa e seis Já criando maior prosperidade
que Bernardo Vieira governava, De produtos e vários alimentos
Rio Grande do Norte as leis ditava, E no ano de mil e oitocentos
enviadas do reino português. Quando é fragorosa a invernada
A seis de fevereiro dia e mês E quarenta e cinco foi cidade
atacou os indígenas, propôs guerra, Com perfeita municipalidade
Expulsou-os além da grande serra, E a Matriz que o católico a Deus adora
Estendeu seus domínios e poderes D. Clara Macêdo tinha outrora
E foi Nossa Senhora dos Prazeres Muita fé em S. João e amou-o tanto
O arraial primitivo desta terra. Que uma légua de terra deu ao Santo
Que cidade de Açu se chama agora.
III VI
O Açu, alguns anos se tornou Está a cidade edificada
Esquecido do reino português Com um quilômetro e meio de distância
Mas em mil setecentos e setenta e três No seu rio que corre em abundância
Município tornou-se e prosperou Quando é fragorosa a invernada
Depois de dois anos se instalou Ao norte a cidade é limitada
Sua sede cresceu, criou riqueza Com a linha que faz a divisão
Possuindo alguns meios de defesa Da terra de Santo está então
Contra o índio feroz na luta afoito Limitando-se com o córrego na nascente
Em mil setecentos e setenta e oito Com o cemitério público no poente
Se chamou Vila Nova da Princesa. E com o sul a fazenda de S. João.
_________________________
Fontes: Arquivo da FJA/CEPEJUL; Jornal “O Galo”, edição de agosto de 1999; arquivos do escritor e
folclorista Gutemberg Costa.
Foto: Arquivos da FJA/CEPEJUL.
Nota complementar
Afora as referências contidas no verbete acima, aditamos alguns informes que tornam
essa excepcional figura mais perceptível, do ponto de vista humano, especialmente para
aqueles que não pertenceram a sua geração. Veríssimo de Melo, que foi seu amigo apesar
de dezessete anos mais jovem, é quem registra:(39)
Era de porte físico imponente, alto, forte, cabeleira vasta e extrema simpatia no
g
sorriso amistoso e constante bom-humor. Generoso até onde poderia ser. Tinha a gratidão
como emblema de vida e não tolerava injustiças, em qualquer sentido. Era enérgico em sua
metodologia de ensino: a arte pianística era a sua missão e paixão. Fez de cada aluno um
amigo. Todos o estimavam.
g
Tinha a palavra fácil, foi conversador brilhante. De sua vivência na Europa,
principalmente Berlim e Paris, guardava repertório rico de fatos e pessoas com as quais
convivera. Os diálogos que reconstituía eram espontâneos, emprestando colorido e vivacidade
às cenas que descrevia.
Foi utilíssima e fecunda sua liderança e atuação. Felizes os alunos que tiveram a
g
Acima: Centro Cultural Dep. Adjuto Dias, projetado para a realização de apresentações
artísticas diversas. Abaixo: Casa de Cultura Pe. Francisco de Brito Guerra, ambas em Caicó.
Foto: Ivanísio Ramos
_________________________
Fontes: CASCUDO, Luís da Câmara. Uma História da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte.
Natal: Fundação José Augusto, 1972; Informações prestadas por seu filho, Leonardo Arruda Câmara.
Foto: acervo da família.
40 Anos 263
Fotos: Anchieta Xavier
Inauguração da Casa de Cultura Lauro Arruda Câmara, de Nova Cruz, jul., 2003:
(1) fachada do prédio e (2) o Pte. François Silvestre, discursando.
Nota complementar
Edgar Barbosa foi o orador oficial na sessão conjunta que a Academia Norte-rio-
grandense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte fizeram,
em memória de José Augusto Bezerra de Medeiros, em 22 de setembro de 1971. Através
de requerimento do então Deputado Grimaldi Ribeiro, aludido discurso passou a constar
dos Anais da Câmara. Transcrevemos, aqui, alguns tópicas daquela peça oratória:(40)
Comecei a conhecer José Augusto em 1927, quando terminava o seu quadriênio de
g
governo. Não parece fácil a qualquer de nós, jovens daquele tempo, prestar um testemunho impassível
sobre a personalidade de José Augusto, tão mágica era a sua simpatia, tão envolvente seu modo de
desfazer reservas ou hesitações de estudantes admitidos a trabalhar na redação d’A República.
Quase todas as manhãs o Governador aparecia n’A República. Lia os telegramas,
g
comentava-os entre os circunstantes, conversava com auxiliares e chefes políticos e às vezes despachava
o expediente. A impressão que deixava era a de que governava pouco, ou não tinha o que governar,
cingido que estava aos usos e praxes do liberalismo. Mas, era uma impressão falsa: a simplicidade
de José Augusto desarticulava as pautas do formalismo.
Seus títulos morais e intelectuais, seu prestígio internacional, o poder que deteve por
g
aclamação dos seus méritos, jamais desequilibraram sua naturalidade, seu modo de ser gentil-
homem cuja nobreza guardava apenas o brasão da honradez.
_________________________
(40)
extraído da Revista da ANL, Ano XXI, nº. 10, pp. 195-198, 1972.
Foto: extraída do jornal “O Galo”, ano XI, nº. 2 (1999).
40 Anos 267
Nota complementar
No discurso de posse na Academia Norte-rio-grandense de Letras o poeta Luís
Carlos Guimarães, referindo-se ao seu antecessor na Cadeira nº. 37 - Newton Navarro -,
disse:(41)
Newton transformava em poesia tudo quanto tocava. Mais destacado como desenhista
g
e pintor, suas atividades de pensamento na pintura e na ficção estão a exigir um estudo crítico,
pois ambas merecem igual atenção e uma não é mais importante que a outra. Se em alguma
instância o escritor supera o pintor, este aparece naquele pela impressionante capacidade descritiva
de ambientes, paisagens, figuras, numa composição detalhista e plástica possível apenas a quem
tem o domínio absoluto da arte pictórica.
Seus desenhos possuem um estilo que ficou conhecido em todo o Brasil, pela elaboração
g
e firmeza do traço que é só seu e pela clareza marcante da construção pictórica nos quais, mesmo
com a força de um sulco gravando a forma de uma figura humana ou paisagem, não lhe faltavam
leveza e delicadeza. Nada neles é labiríntico ou obscuro: a sua arte guarda a essência do que
projeta, meridiana e de alta plasticidade.
Não é redundante afirmar que ninguém esquecerá a suave aspereza de seus vaqueiros
g
que decorre ser plenamente aceitável a hipótese de sua estada naquela cidade por algum período.
40 Anos 269
foi seu sucessor, no ano seguinte sendo eleito. “Primeiro e único norte-rio-grandense
que, no Império, teria a honra de representar na Câmara Vitalícia a sua província, o
Senador Guerra foi figura ímpar e vigorosa, cheio de idéias magníficas que encalharam na
lama fofa da política” (CASCUDO, p. 346). O mesmo historiador menciona que
“morreu paupérrimo”, doando tudo o que recebia. Recebeu a Comenda da
Ordem de Cristo. Faleceu, no Rio de Janeiro, a 26 de fevereiro de 1845 e está
sepultado na Catedral de Caicó.
_________________________
Fonte: BEZERRA, Mons. Severino. Levitas do Senhor, Vol. I. Natal: Fundação José Augusto/CERN, 1985;
CASCUDO, Luís da Câmara. Uma História da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte. Natal:
Fundação José Augusto, 1972; MELQUÍADES, José. Padre Francisco de Brito Guerra, Um Senador do
Império. Natal: Fundação José Augusto, 1987.
Foto: extraída do livro 400 Nomes de Natal.
Nota complementar
Do prefácio escrito por Nilo Pereira na 1ª. edição do
livro “Padre Francisco de Brito Guerra, um Senador do
Império”, de José Melquíades, extraímos os seguintes tópicos:
g
José Melquíades reconstitui toda a vida do Senador
Padre Brito Guerra, a sua formação, a sua atividade de vigário
e de político, o seu mundo - às vezes pequeno, às vezes grande -, e
tem sempre para o seu biografado uma palavra amena,
compreensiva e humana.
g
Seu trabalho é arguto, penetrante. Deixa diante do
leitor uma figura válida, tangível, quase cor pórea, projetado na sua perspectiva histórica - um
servidor de sua terra, um pároco atento aos seus deveres, um patriota, um sacerdote empenhado
no trato das almas, um político com os vícios da época mas voltado para a sua Província, que
tornou conhecida na Corte pela ilustração e pela dignidade com que a serviu no Parlamento.
g
Muita coisa que se dizia de Brito Guerra teve, afinal, um esclarecimento e, não raro,
uma retificação. Não admira que, em torno dele, homem importante e influente, houvesse equívocos
com aparência de verdades históricas, como as que o ligaram a Feijó desde os primeiros anos,
numa tentativa de substituir Pasmado e Olinda pelo Seminário de Itu.
_________________________
Fontes: CASCUDO, Luís da Câmara. O Livro das Velhas Figuras, Vol. I. Natal. Instituto Histórico e Geográfico
do RN, 1974; WANDERLEY, Walter. Família Wanderley - História e Genealogia. Rio de Janeiro: Editora
Pongetti, 1966.
Foto: extraída do livro Família Wanderley, acima citado.
40 Anos 275
Nota complementar
Aos 24 (vinte e quatro) dias do mês de junho de 1885 (um mil, oitocentos e
oitenta e cinco), nesta Cidade do Assu, Província do Rio Grande do Norte, na
Igreja Matriz do Glorioso São João Batista, Padroeiro desta Freguesia, pelas 9
(nove) horas da manhã, onde se achava reunida, em sessão solene, a Sociedade
Libertadora Assuense e presentes o Ilmº. Revmº. Arcipreste desta Província, Vigário
Pedro Soares de Freitas, o Sr. Dr. Juiz de Direito da Comarca Ângelo Caetano de
Souza Cousseiro, Presidente da Câmara Municipal, representantes da imprensa,
numeroso concurso de pessoas gradas, senhoras, cavalheiros e grande massa de povo,
foi pelo mesmo Revmº. Arcipreste aberta a sessão e lida, pelo Revmº. Vigário Antônio
Germano Barbalho Bezerra, Presidente da mesma Sociedade, o documento pelo qual
se demonstrou que a Cidade do Assu está livre, e que dentro de sua circunscrição não
existe um só escravo. Depois das salvas e descargas foi executado o Hymno da
Redempção da Cidade do Assu. Fallarão os diversos oradores inscritos e recitarão
poezias referentes ao acontecimento. Uma banda de música de pancadaria tocou o
Hymno Nacional, depois de entregues as cartas de liberdade, tendo tocado differentes
peças ao passo que terminavão os seus discursos os oradores.
Logo que foram concluídas as formalidades de estylo foi encerrada a sessão
pelo Dr. Juiz de Direito desta Comarca, Ângelo Cousseiro, e para constar foi lavrada
a presente ata em livro especial, em que assignarão a Sociedade Libertadora Assuense
e as pessoas que quiseram. Eu, Torquato de Oliveira, secretário, a escrevi.
Vigário Antônio Germano Barbalho Bezerra, Presidente; Antônio Dantas
Cor reia de Medeiros, vice-presidente; Torquato de Oliveira, Socretário; Elias
Antônio Ferreira Souto, orador ; Pedro Soares de Araújo, Tesoureiro; Augência
Virgílio de Miranda e Galdino dos Santos Lima, Promotores da Liberdade; Vigário
Pedro Soares de Freitas, Arcipreste; Vigário Félíx Alves de Souza, Ângelo Caetano
de Souza Cousseiro, Manoel Lins Caldas, Palmério Augusto Soares de Amorim,
Epaminondas Lins Caldas, Manoel Cândido Maciel de Brito, Justiniano Lins
Caldas, Francisco Urbano de Souza Macedo, Antônio Cabral de O. Barros Filho,
Manoel Liberalino Freire de Carvalho, Theofilo de Oliveira Lins, Antônio Soares
de Macedo, Egídio Ferreira de Carvalho, Dr. Luís Carlos Lins Wanderley, Antônio
Filgueira Segundo e Luís Antônio Freire de Carvalho, sócios.
276 Fundação José Augusto
CASCUDO, Luís da Câmara
(Patrono da Biblioteca e do Memorial)
questões de saúde, na sua mocidade, em Natal, Cascudo teve existência de príncipe. Andava de polainas,
monóculo e bengala do Egito, guiando um ‘Ford bigode’, dos primeiros chegados à cidade. A Vila
Cascudo, no Tirol, era centro permanente de reuniões literárias, jantares festivos, recitais de músicos
famosos que transitavam por Natal (...) (Veríssimo de Melo, op. cit., p. 125).
40 Anos 277
pesquisa incessantes, fizeram-no, no transcurso de décadas, antropólogo,
etnógrafo, folclorista, historiador, sociólogo e professor, possuidor de vasta
erudição. Para Zila, embora escrevendo sobre variados assuntos, (...) é evidente a
sua especialização na etnografia e no folclore e a sua predileção pela história, pela geografia e
pela biografia (ib., p. 16). Seu primeiro livro publicado foi Alma Patrícia, crítica
literária (1921), seguindo-se muitos outros, tais como: Histórias Que o Tempo
Leva (1924), O Mais Antigo Marco Colonial do Brasil (1934, 1940, 1965), O Brasão
Holandês do Rio Grande do Norte (1936, 1949, 1955), O Marquês de Olinda e Seu
Tempo (1938), Informação de História e Etnografia (1940, 1944), Contos Tradicionais
do Brasil (1946, 1955, 1967), Geografia dos Mitos Brasileiros e História da Cidade do
Natal (1947), Os Holandeses no Rio Grande do Norte (1949), Geografia do Brasil
Holandês (1949, 1956), Dicionário do Folclore Brasileiro (1954, 1962), História do Rio
Grande do Norte (1955, 1984), Paróquias do Rio Grande do Norte (1955), Vida de
Pedro Velho (1956), A Cozinha Africana no Brasil (1964), Flor dos Romances Trágicos
(1966), Folclore do Brasil (1967), História da Alimentação no Brasil (v. 1, 1967; v. 2,
1968), Civilização e Cultura (1973) e, em seis volumes, O Livro das Velhas Figuras
(entre 1974 e 1989), este baseado em suas crônicas no jornal “A República”
(coluna Acta Diurna), entre dezenas de outros. Sua obra compreende mais de
150 títulos, muitos dos quais foram traduzidos e reeditados no exterior. A maior
parte desse trabalho foi produzida no seu gabinete - casarão da Rua Junqueira
Aires, 377, onde residia, hoje tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. A
extensão de temas sobre os quais pesquisou e escreveu é, segundo seus biógrafos,
“prodigiosa”, sobretudo ao considerar-se a particularidade de que trabalhava
só (críticos experientes se surpreenderam ao constatar tratar-se de trabalho
individual obra cuja dimensão, em circunstâncias normais, sugere a intervenção
de uma equipe): É ele o conhecedor dos problemas em todos os campos da expressão
literária e artística, especialmente no que se entende com as tradições populares que integram
a ciência que estuda mitos, contos, fábulas, adivinhas, música, poesia, provérbios, sabedoria
tradicional e anônima (João Medeiros Filho, Contribuição à História Intelectual do Rio
Grande do Norte, p. 31). Para Veríssimo de Melo, o seu desempenho foi singular
no país: Sobre cada setor da nossa cultura popular – contos, literatura de cordel, superstições,
mitos, rede de dormir, jangadas, etc. – ele escreveu um volume. Além da coleta pessoal, foi às
raízes de cada manifestação, comparando, interpretando, procurando as origens, num esforço
de exegese, compreensão e amor pelas tradições do nosso povo, que, em amplitude e profundidade,
não tem paralelo no Brasil (Patronos e Acadêmicos, Vol. II, p. 122). Zila Mamede,
menos emocional e mais técnica, corrobora: (...) povo e gente, municípios, cidades,
vilas, fazendas, engenhos; mares, praias, rios, serras, cavernas; economia e produção; igrejas,
casas, ruas, becos, festas populares, santos, artistas. Quem quer que seja que deseje escrever
sobre o Rio Grande do Norte, sobre a cidade do Natal, terá, evidentemente, que partir de
278 Fundação José Augusto
Luís da Câmara Cascudo. Sua obra é a fonte inicial (ib., p. 16). Em 1941 fundou a
Sociedade Brasileira de Folclore; em 1948 foi nomeado pelo então Prefeito de
Natal, Sílvio Pedroza, “Historiador da Cidade”, e, em 1955, a rua em que
nascera, das Virgens, passou a ter o seu nome, por iniciativa do prefeito à
época, Wilson Miranda. Ensinou História do Brasil e Etnografia Geral no
Atheneu, na Escola Normal e no Instituto de Música, e Direito Público
Internacional na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. Exerceu os cargos de Secretário do Tribunal de Justiça, Consultor
Jurídico do Estado, Diretor do Arquivo Público Estadual e do Museu do Rio
Grande do Norte, Presidente do Conselho Municipal de Turismo e Membro
do Conselho Federal de Cultura. Foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro e, segundo Veríssimo, de todos os Institutos Históricos dos Estados; sócio-
fundador da Academia Norte-rio-grandense de Letras (1936) e integrante das
academias de letras do Pará, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Acre;
pertencia à Academia Nacional de Filologia; à Sociedade Brasileira de
Antropologia e Etnologia, e ao Centro de Ciências, Artes e Letras de Campinas-
SP. No plano internacional pertencia a várias instituições dedicadas ao estudo
da arqueologia, antropologia, etnologia, história, geografia, folclore, filosofia
e sociologia, como sejam: Instituto Português de Arqueologia, História e
Etnologia; Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia da Universidade
do Porto (Portugal); Academia Nacional de História e Geografia, do México;
Sociedade de Geografia de Lisboa; American Folk-lore Society (honorário);
International Society for Folk-Narrative Research (Gottingen, Alemanha);
Comission Internacional des Arts et Traditiones Populaires (Paris, França);
Associación Española de Etnologia y Folk-lore; Sociedade de Folk-lore do
México; Societé des Americanistes de Paris; Societé Suisse des Americanistes;
Academia de Ciências de Lisboa; Instituto de Coimbra (Portugal); Real
Academia Galega (Galiza, Espanha); Honorary Life Membership of the
American International Academy (New York, Estados Unidos), além de outras
localizadas na Inglaterra, Irlanda, Argentina, Chile, Uruguai, Peru e Bolívia.
Era do Lyons Club Natal-centro desde sua fundação e o primeiro sócio
honorário do Lyons Club Internacional. Recebeu dezenas de condecorações e
títulos honoríficos, a saber: Grande Oficial da Ordem do Mérito Naval,
Comendador da Ordem do Rio Branco, Comendador da Ordem de Cristo
(Portugal), Comendador da Ordem dos Cisneiros (Espanha), Comendador
da Ordem de São Gregório (Vaticano) e Oficial da Ordem da Coroa (Itália),
entre outras no grau de comendador; recebeu, ainda, a Medalha de Guerra do
Brasil, a Star and Cross of the Academy Honor (da The American International
40 Anos 279
Academy of New York), as Medalhas Culturais Pacificador, Tamandaré,
Atlântico Sul (Aeronáutica), Guararapes, Sílvio Romero, Alberto Maranhão,
Pirajá da Silva, Vital Brasil, Nina Rodrigues, Alexandre de Gusmão e do Mérito
(esta, de Recife), etc. Entre os prêmios de literatura, constam: “João Ribeiro”
(1948), “Machado de Assis” (1956), “Brasília”, pelo conjunto de sua obra, e
“Henning Albert Boileesen”, por sua luta em favor do desenvolvimento cultural
do País. No centro da capital potiguar o Memorial Câmara Cascudo guarda o
fabuloso acervo por ele construído, admirável obra individual a surpreender
os contemporâneos e exemplificar os pósteros. Sua efígie estampou papel-
moeda (1991) e seu nome está em biblioteca, escola, museu, concurso literário,
etc. Faleceu em Natal, a 30 de julho de 1986.
__________________
Fonte: texto e foto, Arquivos da FJA/CEPEJUL
Nota complementar
A obra “Geografia da fome”, escrita em 1939, persiste como tema
eminentemente atual, e não só pelo projeto “Fome Zero”, do Governo Federal,
mas sobretudo pelos altos índices de miséria existentes no país e no mundo. No
prefácio da 5ª. edição deste monumental estudo, disse o Prof. André Mayer:(44)
Ninguém poderá esquecer, depois de as ter lido, as páginas em que o autor nos
g
_________________________
Fonte: Arquivos FJA/CEPEJUL.
Ilustração: lápis do prof. Hostílio Dantas, Natal (1948).
_________________________
Fontes: MELO, Veríssimo Pinheiro de. Patronos e Acadêmicos, Vol. II. Rio de Janeiro: Editora Pongetti,
1974; foto e informações complementares fornecidas por seu filho, Dácio Galvão.
Nota complementar
Comentários de escritores contemporâneos de Luís
Carlos Guimarães,(45) quando do lançamento de “A Lua no
Espelho” (1993):
Em seu novo livro, “A Lua no Espelho”, Luís Carlos
g
etapas conquistadas e desdobradas. Essa evolução encontra o seu páramo mais alto neste “A Lua no
Espelho”. Nele, o sentimento do verso e o sentimento do poema se unem e criam um espaço de afirmação
pessoal que reclama a atenção e o interesse do leitor de poesia. (Lêdo Ivo)
g
Desde a década de 60, Luís Carlos Guimarães vem construindo, com apaixonada persistência
de tecelão, uma das obras líricas mais importantes do país. Sua poesia tem momentos tão altos quanto os
mais altos vôos dos nossos poetas consagrados. (Nei Leandro de Castro)
Nesta última fase, o poeta consegue a síntese de uma visão unificadora do mundo, o seu mundo,
g
arrancando de tudo que passa a incólume certeza de aprisionar a poesia, em sua fugacidade permanente,
como nebulosas que se expandem no espaço curvo e finito. É quando o verso banha-se do frêmito de paz e
tranqüilidade pela graça de uma sagração bela e precípite. (Sanderson Negreiros)
_________________________
(45)
Extraído do livro “A Lua no Espelho”, Ed. Clima, 1993.
_________________________
(46) – matéria inserta no jornal “O Galo”, ano X, nº. 8, set, 1998, p.11.
(47) – INTERNET: www.memoriaviva.digi.com.br
Fontes: MAMEDE, Zila da Costa. A Herança. Recife: Edições Pirata, 1984; FONSECA, Edson Nery. “Vida
e Morte de Zila Mamede”, artigo publicado no Diário de Pernambuco, Recife, 1985; FONSECA, Edson Nery.
“A Poesia de Zila Mamede”, conferência realizada na UFRN em 29.09.1998 e publicada no Jornal “O Galo”,
set. – 1998; Jornal “O Poti”, edição de 15 de dezembro de 1985; foto, Arquivos da FJA/CEPEJUL.
_________________________
Fonte: Informações e fotos, acervo da família.
40 Anos 291
Nota complementar
Um dos conjuntos residenciais mais antigos de Natal é a Vila Ferroviária, situada no
Bairro das Rocas. São casas humildes, geminadas, em nítido contraste com os condomínios
concebidos pela moderna arquitetura, mas na época de sua construção (1954) emprestaram
um novo colorido à cidade, especialmente para quem se dirigia à Praia do Meio pela Rua
do Areal.
As fotos abaixo, extraídas do jornal “O Ferroviário” – de circulação interna na
Rede Ferroviária Sampaio Correia –, constituem momentos significativos da história daquela
Instituição, de certa forma também da Cidade do Natal. Vê-se, numa, a chegada do Dr.
João Galvão de Medeiros, acompanhando o então Presidente da República Café Filho,
no local para a inauguração do condomínio; na outra, ambos reunidos a populares. Estes
fatos se deram em 11 de dezembro de 1954.
_________________________
Fonte: Texto e foto, Arquivos da FJA/CEPEJUL.
_________________________
Fonte: Texto e foto cedidos pelo Prof. Raimundo Soares de Brito.
40 Anos 295
PARREIRAS, Ary
(Patrono de Museu em Natal)
_________________________
Fonte: Arquivos da FJA/CDC.
Foto: acervo do Museu Ary Parreiras (Marinha do Brasil - Natal)
_________________________
Fontes: MELO, Veríssimo Pinheiro de. Patronos e Acadêmicos, V. II. Rio de Janeiro: Editora Pongetti, 1974;
BRITO GUERRA, Otto de. Elogio de Nilo Pereira in Revista da ANL, Vol. 37, nº. 25, 1996, Natal. 400 Nomes
de Natal.
Foto: extraída do livro 400 Nomes de Natal.
40 Anos 299
Fotos: Ricardo Monteiro
Nota complementar
Em 1999 a Academia Brasileira de Letras expôs uma seleção de gravuras de Rossini
Perez – “Trajetória 1954-1981” -, dentro da Mostra Rio Gravura, ocasião em que o
Acadêmico Antonio Olinto emitiu o seguinte parecer:
g
O negro profundo de muitos dos seus trabalhos é, de vez em quando, substituído por traços
rápidos a que a prensa empresta determinado tom de leveza. Falei em “coração da matéria”, e é nessa
penetração mais funda e forte no íntimo dos objetos que vejo o vigor de Rossini Perez como gravador.
_________________________
Fonte: Transcrito de Artes Plásticas do Rio Grande do Norte, de Dorian Gray Caldas, UFRN-FUNPEC-
SESC. Natal, 1989.
Foto: Juan Esteves (cedida por Rossini Perez).
Nota complementar
“(...) Macau é, para nós, seus conterrâneos, o seu trabalho
mais representativo, justamente por suas características
regionalistas: a estória, os tipos humanos, o ambiente, os costumes,
as circunstâncias nos restituem (...) um passado de oitenta ou
noventa anos, na cidade de Macau, seu centro urbano, os subúrbios,
o aterro, as salinas, as praças, as ruas. Romance social, além de
regionalista? Digamos: mais romance de costumes, e, como todo
romance de costumes, romance realista.
“Aurélio não pretendeu servir-se da presença das atividades
para levá-la ao seu livro, como background. Outros o tentariam,
como José Mauro de Vasconcelos em ‘Barro Blanco’. O objetivo de Aurélio foi, mais definidamente,
o ‘piccolo mondo’ macauense de que o romancista se tornou, como acentuou o crítico Agripino
Grieco, o ‘arrecadador de sentimentos infinitesimais’, depondo como testemunha de vista e ouvido.
Recriou-o o escritor com a verdade de sua memória e de sua imaginação, fixando pessoas, fatos e
cenários que deixaram raízes na lembrança coletiva.”
Estas colocações fazem parte do prefácio da obra “Macau”, elaborado por Américo
de Oliveira Costa,(48)que assim o conclui:
“Quando saiu ‘Macau’, o crítico Agripino Grieco, já aqui citado, em artigo publicado
na Imprensa do Rio, e inserto, depois, em seu livro ‘Gente Nova do Brasil’ (Ed. José Olímpio,
2ª. edição, 1948, pp. 60-62), frisou: ‘De outros romances se tem falado demais. Deste se tem
falado de menos.’ Observação que bem resume todo o injusto destino literário de Aurélio Pinheiro.
Sempre de menos se falou dele, nunca na extensão, na proporção de sua exata importância.”
________________________
(48)
Américo de Oliveira Costa, Natal, 1984
Fonte: Arquivos da FJA/CEPEJUL.
Foto: Reprodução da gravura de Francisco Iran, por Anchieta Xavier.
Nota complementar
Com uma prodigiosa produção
superior a 4.000 obras – incluindo murais,
afrescos, painéis, pinturas, desenhos e
gravuras –, abordando extrema variedade
de aspectos da realidade brasileira do seu
tempo (primeira metade do Séc. XX),
Portinari ainda encontrou tempo para fazer
poesias, inclusive atendo-se a mesma
temática do seu trabalho nas artes plásticas.
Em 1964 foi publicado o livro
“O Menino e o povoado”, com uma
seleção dos seus poemas realizada pelo
poeta Manuel Bandeira, no qual consta
uma revelação do ilustre pintor. – Quanta
coisa eu contaria, se soubesse a língua como a
cor! ...
Ao seu respeito, disse o escritor
Jorge Amado:
O Cândido Portinari nos engrandeceu com sua obra de pintor. Foi um dos homens mais
importantes do nosso tempo, pois de suas mãos nasceram a cor e a poesia, o drama e a esperança
de nossa gente. Com seus pincéis, ele tocou fundo em nossa realidade. A terra e o povo brasileiros
– camponeses, retirantes crianças, santos e artistas de circo, os animais e a paisagem – são a
matéria com que trabalhou e construiu sua obra imorredoura...
_________________
Foto: Reprodução da obra Jangada 60 x 72 / Ano 1950; pintura a óleo / tela.
_________________________
Fonte: Arquivos da FJA/CEPEJUL
Foto: extraída do livro 400 Nomes de Natal.
40 Anos 307
Nota complementar
Registramos uma curiosidade, a respeito do ilustre jornalista. Vimos, acima,
que fundou vários jornais, inclusive “O Nortista”, em São José de Mipibu.
Mundando-se para esta capital, continuou a publicá-lo dando seqüência à
numeração: em março de 1893 distribuiu o nº. 56, já em Natal.
Posteriormente, havendo Elias Souto adquirido a empresa Libro-Tipográfica
Natalense, aumentou-lhe o formato e mudou-lhe a denominação para “Diário do
Natal”, mais uma vez prosseguindo a numeração iniciada com “O Nortista”, desta
feita publicando o nº. 292 a 7 de setembro de 1895, “com o mesmo programa, os
mesmos fins e intuitos e a mesma redação”. O redator-chefe também era o mesmo
– Elias Souto –, cujo escritório situava-se na Rua da Conceição, nº. 33. A tipografia,
porém, estava instalada na Rua Visconde do Rio Branco, nº. 28, mais tarde sendo
transferida também para a Rua da Conceição “esquina do Beco da matriz”.
Consta que referida tipografia “(...) foi assaltada e em grande parte destruída
na noite de 18 para 19 de fevereiro de 1905, causando esse ato sumamente
lamentável a interrupção da publicação do jornal por algum tempo”.
No ano seguinte, com o falecimento de Elias Souto, assumiu a chefia de
redação o Dr. Augusto Leopoldo Raposo da Câmara.
_________________________
Fonte: Informações colhidas no livro “A Imprensa periódica no Rio Grande ao Norte - 1832-1908”, de Luiz
Fernandes, 2ª. edição, FJA/ Sebo Vermelho, 1998.
Nota complementar
Poema extraído do livro Inventário:
40 Anos 311
Nossa Senhora da Apresentação, no dia seguinte oficiando sua primeira
missa, na Capela do Colégio Santo Antônio. Em 1943, por designação de
Dom Marcolino Dantas, então Bispo da Diocese de Natal,(49) assumiu a
Paróquia de São Paulo do Potengi como seu primeiro Vigário, posto em
que permaneceria até sua morte, quando foi substituído por Pe. Severino
dos Ramos Vicente (jan. 2000). Destacou-se por suas ações sociais no meio
rural, tendo sido, inclusive, um dos líderes do “O Movimento de Natal”,
do qual resultariam as comunidades eclesiais de base da Igreja Católica
progressista. Nos últimos anos, apesar da idade bastante avançada,
integrou-se na luta por um semi-árido mais humanizado e pelo combate à
seca. Foi um dos mais eloqüentes defensores do projeto de adutoras. A
Casa Paroquial de São Paulo do Potengi, onde residia, foi tombada pelo
Governo Estadual (set., 2002), ali sendo instalado importante acervo de
objetos pessoais e da obra daquele que entraria para a história do Rio
Grande do Norte como “O Apóstolo das Águas”. Faleceu em 16 de janeiro
de 2000.
_________________________
Fonte: Livro “Biografia dos Sacerdotes” – Cúria Metropolitana da Arquidiocese de Natal.
Nota complementar
Quando do falecimento do ilustre norte-rio-grandense, o então Governador do
Estado, Garibaldi Alves Filho, recebeu a seguinte mensagem do Presidente da República:
Senhor Governador,
Estou sendo informado do falecimento do Reverendíssimo Monsenhor Expedito Medeiros,
abnegado servidor da Igreja Católica e desprendido apascentador do povo potiguar e a quem
tive a honra de conhecer quando da inauguração de obras hídricas nesse Estado, em companhia
de Vossa Excelência.
A força e a obstinação com que defendia a expansão da oferta de água para o semi-árido
nordestino, como condição essencial para a preservação da vida e da dignidade humana, deixaram-
me forte e indelével impressão, permitindo-me passar a denominá-lo de ‘apóstolo das águas’.
A sua mensagem e o seu exemplo de luta estão sendo perpetuados através das importantes
obras de captação e adução que o meu Governo, em conjunto com o Estado, está realizando no
Rio Grande do Norte, dando Vossa Excelência, merecidamente, o seu nome a uma das adutoras
recentemente inauguradas.
Associo-me aos seus familiares, ao Clero e, através de Vossa Excelência, ao povo potiguar
pela partida do insigne Monsenhor Expedito.
Atenciosamente,
Fernando Henrique Cardoso
_________________________
A Diocese de Natal só seria elevada à categoria de Arquidiocese a 16 de fevereiro de 1952, na mesma
(49)
_________________________
Fonte: SOUZA, Auta de. HÔRTO. 4ª. edição. Natal: Fundação José Augusto, 1970.
Foto: arquivos da FJA/CEPEJUL
Nota complementar
“Figura brilhante de intelectual, jornalista vigoroso e
parlamentar de largos movimentos, formado na erudição e no
humanismo das gerações que vinham da tradicional Escola do Recife,
Eloy de Souza emprestou ao Estado, por vários ciclos da sua vida,
o concurso inequívoco do seu talento e da sua inteligência, sempre
postos ao serviço da terra comum e da sua gente”.
Quem assim se pronuncia é Raimundo Nonato, no
prefácio do livro Cartas de um desconhecido por ele organizado,
e composto de uma coletânea de textos de Eloy de Souza
publicados entre 1914 e 1915 no jornal “A República” sob o
pseudônimo de Jacinto Canela de Ferro.
Tais cartas são enriquecidas com adendos e referências sobre diversos aspectos da
realidade norte-rio-grandense, e este fator - sobretudo - é o que qualifica o trabalho como
um excelente documentário. A propósito, complementa Raimundo Nonato:
“(...) essas cartas, que Eloy de Souza escreveu debaixo da modéstia do nome Jacinto
Canela de Ferro, representam alta contribuição no plano de estudo da geografia e do homem dos
sertões nordestinos.
“Com essa intenção foi que realizei o levantamento das mesmas (...) dando-lhes atualização
ortográfica e plano de organização, pensando, desse modo, poder contribuir para maior divulgação
do nome e do trabalho do autor”.
poeta e dramaturgo; Celestino Carlos (1862-1942), seu pai, poeta; Ezequiel Lins (1872-1933),
dramaturgo e cronista; Carolina (1891-1976), poetisa; Sandoval Carlos (1893-1972), ator, poeta e
dramaturgo, fundador do Teatro de Amadores de Natal-TAN, e Jaime dos Guimarães Wanderley
(1897-1986), seu irmão, poeta, teatrólogo e memorialista, entre muitos outros.
40 Anos 317
encenado no então Teatro Carlos Gomes (hoje, Teatro Alberto Maranhão),
e publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais-SBAT,
nº. 28 (meados dos anos 30). Algumas das suas peças foram escritas em
parceria com Mário Lago, outras com Daniel Rocha, ambos autores
renomados. José Wanderley, que trabalhou no antigo Serviço Nacional de
Teatro e secretariou o SBAT (1942-1945), foi o mais representado autor
norte-rio-grandense. Faleceu no Rio de Janeiro, em 1982.
_________________________
Fontes: WANDERLEY DE ALBUQUERQUE, Walter Fonseca. Família Wanderley – história e genealogia. Rio
de Janeiro: Editora Pongetti, 1966; Revista Em Cena, abril, 2003, p. 22.
Foto: extraída do folheto Teatro Brasileiro 42, edição da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais-SBAT.
a cabo (levar) – fazer chegar ao fim, fazer terminar, completar, concluir, finalizar.
adinamia – estado de prostração física e/ou moral; debilidade geral; falta de forças. No
texto: a Cidade do Natal, no período assinalado, mostrava-se inoperante, do ponto
de vista cultural.
adinâmico – relativo à adinamia.
adução – operação de trazer a água, nos sistemas de abastecimento, desde o ponto de
captação até a rede de distribuição.
afresco – técnica de pintura aplicada em paredes e tetos, que consiste em pintar sobre
camada de revestimento recente, de modo que possibilite o embebimento da tinta.
agreste – relativo ao campo, sobretudo quando não cultivado; campestre; área entre a
mata e o sertão nordestinos caracterizada pelo solo pedregoso e pela vegetação
escassa e rasteira.
ajaezados – enfeitados, ornados, adereçados.
Alecrim Clube – clube social e recreativo localizado no centro do bairro que lhe dava o
nome. Sua expressão maior deu-se em meados do século XX, sobretudo em fins
dos anos quarenta e década de cinqüenta. Não confundir com Alecrim Futebol Clu-
be, outra entidade do mesmo bairro.
alfaia – móvel ou utensílio de uso ou adorno doméstico; enfeite, adorno, atavio; jóia;
paramento de igreja.
amostra – subconjunto de uma população por meio do qual se estabelecem ou estimam
as propriedades e características dessa população.
amostragem – ato ou processo de seleção de amostras para ser analisada como repre-
sentante de um todo; ato ou processo de seleção e escolha dos elementos de uma
população para constituir uma amostra. Amostragem acidental: que se realiza segun-
do uma lei probabilística.
anais – história ou narração organizada ano a ano; publicação periódica de ciências, letras
ou artes; registro de fatos históricos ou pessoais.
animação cultural – arte ou técnica de organizar e/ou dirigir atividades de natureza
recreativa no universo artístico-cultural (danças, folguedos, espetáculos cênicos, etc.).
apoio logístico – planejamento e execução de serviços auxiliares ao desenvolvimento
das atividades fins.
a priori – diz-se de conhecimento, afirmação, verdade, etc., anterior à experiência, ou que
a experiência não pode explicar.
apriorístico – relativo a, ou em que há apriorismo.
área de boemia – numa cidade, é a zona de maior concentração de freqüentadores de
bares, botequins e ambientes congêneres.
área cultural – território ou zona geograficamente delimitada, definida pela presença,
entre a população aí estabelecida, de um conjunto de elementos culturais dados,
relativos a um ou vários aspectos da vida coletiva, como a ecologia, a economia, a
cultura material, etc.
arquitetura rural – arte de construir edifícios rústicos de modo que se prestem às exigên-
cias do trabalho agrícola.
arranjo (mús.) – versão diferente da original, de obra ou fragmento de obra musical,
feita pelo próprio compositor ou por outra pessoa; harmonização.
art nouveau – estilo decorativo que floresceu aproximadamente entre 1895 e 1914, sur-
gido como reação ao historicismo imitativo do século XIX, e que se caracteriza, em
princípio, pela assimetria das linhas sinuosas, pelas formas orgânicas.
arte – atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito de caráter
40 Anos 321
estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o
desejo de prolongamento ou renovação.
arte (obra de) – obra produzida segundo o conceito de arte, especialmente a que é tida
como de boa qualidade. Objeto executado com perfeição, acabamento, gosto, senso
crítico.
arte barroca – a que se caracteriza pelo estilo artístico que vigorou no Ocidente do século
XVI ao XVIII, em reação ao espírito renascentista.
arte cênica – conjunto das artes e técnicas relativas à representação teatral.
arte cinética – forma de arte que rompe com a imobilidade da pintura e da cultura
tradicionais; as obras, em três dimensões, têm partes móveis animadas por motores,
pelo movimento do ar ou por impulsão manual. Aquela em que o movimento é
componente estético.
arte circense – a que se ocupa diretamente com a exibição de qualidades e proezas
humanas (no teatro, circo, cinema, dança, rádio, televisão).
arte moderna – conjunto das manifestações artísticas desenvolvidas no mundo ocidental
durante a história moderna, isto é, no período que, no âmbito cultural, se inicia com
o Renascimento no século XV.
arte sacra – relativa, inerente, pertencente ou dedicada a Deus, a uma divindade ou a um
desígnio religioso.
artesanato – a técnica, o tirocínio ou arte do artesão; o produto do trabalho do artesão.
artesão – aquele que exerce uma atividade produtiva de caráter individual; indivíduo que
exerce por conta própria uma arte, um ofício manual.
artista primitivo – aquele que adota por modelo a ingenuidade de forma e o sentimento
da arte dos povos primitivos.
assistemático – que não tem, ou em que não há sistema; não sistemático.
ata (livro de) – registro escrito no qual se relata o que se passou numa sessão, convenção,
congresso, etc.
atávico – adquirido ou transmitido por atavismo.
atavismo – reaparecimento, em um descendente, de um caráter não presente em seus
ascendentes imediatos, mas sim, em remotos.
ateliê (fr. atelier) – oficina onde trabalham em comum certos artesãos, operários, pinto-
res, escultores, fotógrafos, etc.
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B ●
caixilho – a parte de uma esquadria onde se fixam os vidros ou outro material transpa-
rente; moldura.
cancioneiro – coleção de canções; coleção da antiga poesia lírica galego-portuguesa e
provençal; coleção de poemas de apelo popular.
cantador (de viola) – diz-se de ou poeta popular que, em versos cantados de improviso
e geralmente acompanhados de viola ou rabeca, relata acontecimentos diversos,
freqüentemente em desafios com outros cantadores.
canto-coral – canto (melodia) em coro (conjunto de cantores); termo genérico que de-
signa as atividades ligadas à música para coro.
catalisar – produzir catálise em; estimular, dinamizar, incentivar.
causal – relativo a causa; que expressa causa; motivo em que algo se funda; causa, origem,
explicação.
causeur – conversador brilhante.
cedro – árvore de grande porte sem ramificação, com numerosas sementes, que fornece
madeira própria para esculturas e xilogravuras, entre outros.
cênica (ilum.) – técnica de iluminar um cenário ou um ambiente qualquer de modo a
criar neste, por meio de variações e efeitos de luz, o clima adequado à cena filmada
ou televisionada levada ao palco. O efeito produzido por essa técnica.
40 Anos 323
chantar – fincar no chão; plantar de estaca (marco ou pedra fundamental); fixar-se, esta-
belecer-se.
choque cultural – conflito de valores resultante da interação social vivenciada por indi-
víduos de culturas diferentes.
cidade-satélite – cidade com autonomia administrativa ou sem ela, e cuja vida depende
de outra cidade mais desenvolvida, mais ou menos próxima.
científico (curso) – curso de nível médio, em três anos, em que predominava o ensino
das ciências exatas, da biologia, etc.
clássico (curso) – curso de nível médio, em três anos, no qual predominava o ensino de
línguas, de filosofia, etc.
coco – dança popular de roda, originária de Alagoas, e acompanhada de canto e percus-
são; pagode; zambê.
coco-de-roda – o mesmo que coco.
coco-de-zambê – difere do coco-de-roda em alguns aspectos fundamentais, como se-
jam: (1) só é praticado por indivíduos do sexo masculino; (2) ao invés de um, dois
dançarinos se apresentam na roda, e (3) além do sapateado característico, ambos se
agridem com movimentos rápidos e bruscos das pernas (rasteiras).
coletiva (pint.) – exposição conjunta de diversos artistas plásticos.
Coluna Capitolina – oriunda de um templo sagrado no Monte Capitólio, em Roma,
datada do IV século d. C. Foi chantada na Esplanada Silva Jardim, na Ribeira, em 8
de janeiro de 1931 pelo aviador Ítalo Balbo, como oferta do governo italiano –
então exercido por Benito Mussolini – ao Brasil, em memória do feito aeronáutico
dos aviadores italianos Ferrarin e Del Prete, no vôo sem escala de Roma ao Brasil,
pousando na Praia de Touros em 5 de julho de 1948. Atualmente esta coluna está
chantada no Largo Vicente Lemos, ao lado do Instituto Histórico e Geográfico do
Rio Grande do Norte, no Centro de Natal.
comenda – benefício que antigamente era concedido a eclesiásticos e a cavaleiros de
ordens militares; distinção puramente honorífica.
comodato – empréstimo gratuito de coisa não fungível, que deve ser restituída no tempo
convencionado pelas partes.
comunicação estética – cada uma das formas de expressão artística (a composição
musical, o poema, a pintura, a escultura, etc.).
concerto (mús.) – composição musical para um instrumento solista, com acompanha-
mento de orquestra. Espetáculo em que se executam obras musicais.
concha acústica – construção concoidal, capaz de propagar eficazmente os sons e des-
tinada a apresentações de música e teatro, geralmente ao ar livre.
confessional (estilo) – relativo a ou próprio de confissão; que se assemelha a uma
confissão.
conjunto de câmara (mús.) – grupo estável de músicos que tocam juntos, ou de dança-
rinos, ou de pessoas que cantam em coro.
conselho curador – órgão da administração superior que delibera sobre as políticas e
projetos propostos pela presidência e pelo conselho diretor.
conselho diretor – reunião de pessoas para deliberarem sobre assuntos particulares.
contexto sociocultural – relativo aos fatores ou aspectos sociais e culturais de um dado
grupo, em período determinado.
contralto (mús.) – voz feminina de tessitura mais grave; cantora que a possui.
coral – relativo a coro (conjunto de cantores); que constitui um coro ou que dele par-
ticipa.
cordel (lit. de) – termo relativo à literatura popular, impressa em livretos de baixo custo,
e feita por poetas populares; relativo à literatura popular.
debuxo – rascunho; desenho de um objeto em suas linhas gerais; projeto, traçado: debuxo
de um romance; esboço: debuxo de um retrato.
dégradé – diz-se de cor que vai esmaecendo em tonalidades cada vez menos vivas; o
conjunto dessas tonalidades.
diagramação – ato ou efeito de diagramar.
diagramar – determinar a disposição de (os espaços a serem ocupados pelos elementos
– textos, ilustrações, legendas, etc. – de livro, jornal, revista, etc.), precisando o for-
mato do impresso, os títulos a serem utilizados, as medidas das colunas, etc.
dignitário – aquele que ocupa cargo elevado, que goza de alta graduação honorífica.
dinâmica social – impulsos ou forças vitais dos seres humanos tal como se articulam nas
atividades coletivas.
direito público – ciência que estuda as regras de convivência na sociedade humana;
jurisprudência; conjunto de leis e normas jurídicas vigentes num país.
drama – designação genérica de obra literária escrita para ser encenada; atividade de
representar; arte dramática.
dramaturgia – arte ou técnica de escrever e representar peças de teatro; a totalidade de
recursos técnicos, mais ou menos específicos, de tal arte, usados para compor e
representar peças de teatro.
dramaturgo – autor de peças de teatro; dramatista.
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E ●
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H ●
habitat – área típica habitada por determinados e específicos seres vivos; ambiente pró-
prio à existência das respectivas espécies.
habitué – freqüentador assíduo; habituado, acostumado; que freqüenta regularmente um
lugar.
humanista – versado no estudo de humanidades; indivíduo com vasta formação literária
e científica.
humanístico – relativo a humanismo ou a humanista.
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I ●
40 Anos 327
iconografia – arte de representar por meio da imagem; conjunto (exposição, etc.) de
fotografias, pinturas ou desenhos.
identidade cultural – conjunto de elementos socioculturais peculiares de um povo (cul-
tura brasileira, cultura judaica, cultura francesa, etc.).
indigência cultural – carência, necessidade; mediocridade intelectual. No texto: a ausên-
cia ou insuficiência de ações artístico-culturais no âmbito da Cidade do Natal na
década de 50.
in loco – no lugar; no próprio local.
inserto – introduzido, inserido (num texto).
instituição – associação ou organização de caráter social, educacional, cultural, religioso,
etc.; estrutura decorrente de necessidades sociais básicas, com caráter de relativa per-
manência; instituto.
instituir – dar início a; estabelecer, criar, fundar; nomear, constituir.
intempérie – tempo instável, temperaturas oscilantes; mau tempo.
intendência – cargo ou direção de intendente; repartição onde o intendente exerce suas
funções.
intendente – designação dada ao chefe do executivo municipal, no Brasil, até 1930
(corresponde, hoje, a prefeito).
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J ●
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L ●
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M ●
malha viária – rede, mais ou menos complexa, das vias (ruas e avenidas) que compõem
a estrutura física de comunicação urbana.
mamulengo – espetáculo de marionete, de conteúdo freqüentemente crítico, que repre-
senta cenas entre boneco e público, boneco e operador, ou entre dois bonecos. No
Rio Grande do Norte, joão-redondo ou calunga, expressão mais usada no nosso
sertão.
mamulengueiro – indivíduo que faz o mamulengo ou o fantoche se mover.
manifestação cultural – ato de manifestar-se ou exprimir-se (pensamentos, idéias) atra-
vés das diversas formas de expressão artística; cada uma dessas formas de expressão:
dramaturgia, música, dança, etc.
marujada – denominação dada ao fandango, sobretudo desde a Bahia até o Sul do Brasil.
matiz (pint.) – colorido obtido da mistura ou combinação de várias cores num todo
(pintura, bordado, tecido, paisagem etc.); gradação de uma cor ou cores; nuança; tom
suave de cor; variedade de detalhes, de aspectos sentidos ou descritos de maneira
viva, colorida, sugestiva.
mecenas – indivíduo rico que protege artistas, homens de letras ou de ciências, propor-
cionando recursos financeiros, ou que patrocina, de modo geral, um campo do saber
ou das artes; patrocinador; protetor dos artistas.
mecenato – condição, título ou papel de mecenas (mecenas: patrocinador generoso das
letras e artes).
memória cultural – tradições socioculturais e históricas de um povo trazidas à atualidade
pelo estudo, pesquisa e reconstituição, com vistas a sua preservação para a posteridade.
memorial – lugar destinado à reunião e exposição de objetos pessoais de determinado
indivíduo caro à comunidade em questão, quer por seus feitos quer por sua
representatividade histórica.
microrregião – subdivisão de uma região geográfica natural.
minuta – a primeira redação, ainda não definitiva, de um texto; borrão, rascunho.
modernismo – gosto ou tendência pelo que é moderno; modernice; designação genérica
de vários movimentos artísticos e literários (cubismo, dadaísmo etc.), surgidos no fim
do século XIX e início do XX, que buscaram examinar e descaracterizar os sistemas
estéticos da arte tradicional.
monsenhor – título honorífico, concedido pelo Papa a alguns eclesiásticos.
museografia – estudo dos museus sob o ponto de vista de sua história e da tecnologia
necessária para organizar, catalogar, apresentar e conservar acervos.
museólogo – indivíduo formado ou especializado em museologia; museologista.
música clássica – composição cuja estrutura respeita as características predominantes no
classicismo (século XVII e parte do século XVIII); atualmente também são conside-
radas clássicas determinadas composições populares, com tratamento erudito.
música erudita – o mesmo que música clássica.
música popular – música urbana de tradição oral, da qual os autores são normalmente
conhecidos.
música profana – a que não se destina a culto religioso.
música sacra – composição musical especialmente feita para ser executada durante ritos
e ofícios religiosos, nas igrejas.
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N ●
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O ●
oboé – instrumento da família dos sopros de madeira, com palheta dupla e tubo cônico,
utilizado em orquestras.
ofsete (off-set) – método de impressão litográfica em que a imagem ou os caracteres,
gravados por processo fotoquímico em uma folha de metal flexível (chapa), geral-
mente zinco ou alumínio, são transferidos para o papel por intermédio de um cilin-
dro de borracha. Nome inglês da fotolitogravura.
ópera – obra dramática musicada, geralmente desprovida de partes faladas, composta de
recitativos, árias, coro, às vezes de balé, e acompanhada de orquestra; drama musical.
organograma – gráfico da estrutura hierárquica de uma organização social complexa,
que representa simultaneamente os diferentes elementos do grupo e as suas ligações.
ortodoxia – qualidade de ortodoxia; fiel, exato e inconcusso cumprimento de uma dou-
trina religiosa; conformidade com essa doutrina. Absoluta conformidade com um
princípio ou doutrina.
ortodoxo – relativo a ou conforme com a ortodoxia; que professa os padrões, normas
ou dogmas estabelecidos, tradicionais.
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P ●
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Q ●
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R ●
rabeca – espécie de violino, com quatro cordas e sonoridade fanhosa, que se toca apoi-
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ando-a na altura do coração ou no ombro esquerdo, mas sempre com a voluta
(parte superior da cabeça do instrumento, enrolada em forma de espiral) para baixo.
rabequeiro – no Nordeste, diz-se do indivíduo que toca rabeca; rebequista.
realismo (mov.) – doutrina segundo a qual a arte deve expressar somente os caracteres
essenciais da realidade.
recalcitrante – teimoso, obstinado, insistente.
recital – audição em que são recitadas composições literárias.
regente (mús.) – diretor de orquestra, banda, orfeão, etc.; maestro.
reisado – festa popular que se realiza na véspera e no dia de Reis; reisada; tipo de auto
natalino surgido no final do XIX, difundindo-se no Norte e Nordeste, constituído de
um figurante acompanhado por um coro cantando peças em seqüência.
relicário – caixa, cofre, lugar próprio para guardar relíquias; bolsinha ou medalha com
relíquias que algumas pessoas trazem ao pescoço, por devoção.
Renascença – movimento artístico e científico dos séculos XV e XVI, que pretendia ser
um retorno à Antiguidade Clássica.
Renascentista – relativo à, ou próprio da Renascença.
repentista – cantador popular que faz versos de improviso.
retreta – concerto popular de uma banda em praça pública.
ribalta – fileira ou série de luzes, na parte externa do palco, entre a orquestra e o pano de
boca, destinando-se a iluminar os primeiros planos da cena.
romantismo – grande movimento intelectual e artístico ocidental que, a partir do final do
século XVIII, fez prevalecer, como princípios estéticos, o sentimento sobre a razão, a
imaginação sobre o espírito crítico, a originalidade subjetiva sobre as regras estabelecidas
pelo Classicismo, as tradições históricas e nacionais sobre os modelos da Antiguida-
de, a imaginação sobre o racional.
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S ●
Santa Cruz da Bica – cruzeiro instalado ao sul da cidade, no declive do Baldo, com fins
de demarcação do perímetro urbano nos primeiros anos da colonização.
Seridó – região nordestina entre o campo e a caatinga, que compreende terras do RN e
da PB, e onde se realizam largas culturas de algodão de fibra longa; nome de
microrregião do RN, onde se destaca o município de Caicó.
serigrafia – técnica de impressão de desenhos de cores planas através de um caixilho
com tela. A tinta é colocada sobre uma tela (tecido de seda, de náilon, rede metálica)
com umas regiões permeáveis e outras impermeáveis, de modo a formar um dese-
nho sobre qualquer base (papel, metal, tecidos etc.).
sine qua non – expressão que indica uma condição sem a qual não se fará certa coisa;
indispensável, essencial.
sinfonia – peça exclusivamente instrumental, que serve de prelúdio às grandes obras
vocais: ópera, oratório, cantata, etc.
sinfônica (orquestra) – aquela que executa sinfonias.
sítio arqueológico – aquele onde se pesquisa e colhe material arqueológico; jazida arque-
ológica.
sítio histórico – lugar assinalado por alguma circunstância (ou acontecimento) importante.
Sobradinho (Museu do) – primeiro prédio assobradado de Natal, localizado no centro
da cidade e onde está instalado o Museu Café Filho, seu nome efetivo.
soprano (mús.) – a voz feminina mais aguda; tiple; cantora que tem esse tipo de voz.
status quo – o estado em que se achava anteriormente certa questão. No texto, a expres-
são status quo vigente significa a sociedade de então.
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U ●
Uirapuru – pássaro amazônico cujo canto, que só se ouve uns quinze dias por ano (quan-
do constrói o ninho) e, ademais, apenas durante cinco a dez minutos, ao amanhecer,
é tido como particularmente melodioso, musical e diverso do que o de qualquer
outra ave, a ponto de, segundo a lenda, os outros pássaros todos se calarem para
escutá-lo.
universo (pesq.) – conjunto, com grande número de membros, cujas propriedades se
investigam por meio das de subconjuntos que lhes pertencem (amostragens).
urdidura – ato ou efeito de urdir.
urdimento – no palco dos teatros, o travejamento do teto e dos sótãos que ficam por
cima dele.
urdir – tecer; dispor ou entrelaçar os fios.
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V ●
variável (pesq.) – na análise de uma situação dada, aspecto que deve ser considerado por
sua relevância em referido contexto.
vernissage (pint.) – abertura de uma exposição de pintura (originalmente, o dia que
antecede a abertura de uma exposição de pintura, onde se supõe que o artista dá a
última demão em seus quadros).
vertente – que verte; de que se trata; a respeito de que se fala; que é objeto de discussão.
violeiro – que ou aquele que fabrica instrumentos de corda; que ou quem toca viola
(brasileira ou portuguesa).
violoncelo – instrumento de arco e cordas friccionáveis, que corresponde ao baixo da
família dos violinos, executado, porém, entre as pernas, e apoiado num espigão; cello,
rabecão pequeno.
virtuose – artista que atingiu um altíssimo grau de conhecimento e domínio técnico na
execução de sua arte; virtuoso.
vodu (culto) – religião de origem africana, de raiz semelhante ao candomblé praticado
no Brasil, seguida especialmente pelos negros do Haiti e, em menor grau, também de
outras ilhas das Índias Ocidentais; voduísmo, vudu, vuduísmo.
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W ●
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