Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ESPAÇOS E VIVÊNCIAS
coordenadora
SANDRA JATAHY PESA/ENTO
\ • K
Editora
da Universidade
UriMnidKlB federal do Ao Grande do Sul
^ '!
MEMÓRIA PORIOALEGRE
ESIKOS evivCnoas
© de Sandra Jatahy Pesavento
1-edição: 1991 ~
Coordenação
Direitos reservados desta edição: Sandra Jatahy Pesavento
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
PrefeituraMunicipal de Porto Alegre Pesquisa e execução
Ana Luiza Carvalho da Rocha
Capa: Carla Luzzatto Dédo Rigatti
Lígia Ketzer Fagundes
Editoração: Geraldo F. Huff
Nivia Terezinha Heinen
Revisão: Marli deJesus Rodrigues dps Santos, Anajara Sônia Maria Piccinini
Carbonell Qoss, Maria da Graça Storti Féres
Montagem: Rubens Renato Abreu Pesquisa de campo
Planejamento gráfico: Carla Luzzatto e Geraldo F. Huff Ana Inês Arce
Divulgação: Jurandir Soares Evangelia Aravanis
Administração: Antonio A. Dallazen Haroldo Loguercio Carvalho
Jorge Luis do Nascimento
Lídia Georg
Pedro Dario Lahirihoy
Sônia Ranicheski
Reprodução fotográfica
Joselito Araújo
Apoio administrativo
Rosemeri Benites
Colaboração especial
Daniel de Andrade
Companhia Jornalística Caldas Júnior
GEDAB - Departamento de Arquitetura/Faculdade de
Arquitetura/UFRGS
Memória Porto Alegre : espaços e vivências / coor
denado por Sandra Jatahy Pesavento. —Porto
Alegre : Ed. da Universidade/UFRGS ; Prefei
tura Municipal de Porto Alegre, 1991.
1. Porto Alegre - História. I. Pesavento, Sandra
Jatahy. II. Título.
CDU 981.651
ISBN 85-7025-209-9
AAEAAÔRIA PORTOALEGRE
ESPAÇOS E VIVÊNCIAS
coondenockxa
SANDRA JATAHY PESAVENTO
F • I A
•LlI I
» • í
M Editora da Universidade
UnwMlade Fedefaldo RioGreide do W
UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO GRANDE DO SUL
Reitor
Tuiskon Dick
Pró-Reitor de Extensão Prefeitura Municipal de Porto Alegre
Waldomiro Carlos N^frói ADMINISTRAÇÃO POPULAR
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Giaduaçâb Cadernos de Memória-1
Abâio Afonso Baeta Neves
ftó-Reitor de Administração Prefeito
José Serafím Gomes Franco Olívio Dutra
Pró-Reitor de Planejamento Secretário Municipal de Cultura
Edemundo da Rocha Vieira Luiz Paulo de Filia Vares
^-Reitor de Assistência Coordenação da Memória Cultural
à Comunidade^ Universitária Matmino Luz
Fernando Irajá Félix de Carvalho
Pró-Reitor de Graduação
Darcy Dillenburg
EDITORA DA UNIVERSIDADE
Diretor
Sergius Gonzaga
a)NSELHO EDITORIAL
Celi Regina Jardim Pinto
Fernando Zawislak /
Conter Weimer
Ivo Sefton Azevedo
Joaquim B. da Fonseca
Luís Alberto De Boni
Mário Costa Barberena
Sérgio Roberto ^Iva ci
Ser^us Gonzajp
LuizDuarte \^anna, presidente
EDITORA DA UNIVERSIDADE
Av. Joâío Pessoa, 415
Fone (0512) 24-8821
90040 - Porto Alegre, RS
EDUNI-SUL
EOtORAS
AREOAOSU.
Editora filiada à
ABEU —Associação Brasileira das Editoras Universitárias,
ejp^icipante do
PuJL - Programa Interuniversitário para Dfetribuição do Livro.
Introdução 7
1740-1620/Origens
De estância de criação
de gado à vila açoriana 9
1820-1890 / Crescimento
De cidade tranqüila ao maior
centro urbano da província 22
1890-1924 / Consolidação
A ordem burguesa se instala-.^ 42
1924-1945 / Renovação
A busca de uma modernidade urbana 70
1945-1970 / (Trans)figuração
Da feição democrática
a uma nova fisionomia autoritária 94
1970-1990 / (Des)caracterização
O novo e o eternamente íguai 113
A questão uifoana é, sem dúvida, um tema de grande atualidade e tem, contenqmraneamente, suscitado
novos e grandesdebates. A cidade é anteriorà urbanização, mas não resta dúvida que com o desenvolvimento
urbano, associadoao desenvolvin^nto do capitalismo, o "viver em cidades" adquiriu um novo significado.
Portanto, falar de uma cidade é falar de um tenpo, de lun espaço, de relações sociais, de novos valores e
da produção de imagens.
Não há como negar que, em termos de uma realidade capitalista, a diminuição da acumulação repousa na
ordem urbano-industrial. Laboratório de experiências, a cidade foi o espaço de realização deste processo.
"Viver em cidades" troiue consigo uma nova gama de problemas, questões e necessidades que se põem e re
põem continuamente na trama da história.
Serviços urbanos, estabelecimento de regras de convivência, proximidade vicinal, gerando novas formas
de solidariedade, r^idez da informação propiciando intercâmbio de idéias e suscitando ações são alguns as
pectos do fenômeno que redefiniu espaços e vivências. Centro de trocas, a ir^rcantilização da vida não se
restringe à venda dos produtos, mas às próprias pessoas e seus valores. Tudo passa a ter um valor simbólico
que se orienta pelas regras do jogo da urbarüdade.
Neste contexto, o ideário da modernidade se constrói a partir da vivência urbana e tem na cidade o seu
espaço de operações. A sensação de morarmun mundo em transformação, a atraçãopelo novo e a sua supera
ção pelo mais novo. O mito das idéias do progresso e da razão são todos facetas da modernidade do século
XIX brotadas de uma vivência urbana e capitalista.
Em termos de Brasil, não há como negar, o fenômeno urbarüzação-industrialização é o conçonente da
modernidade que deu certo e que, mal ou bem, fez o país "acertar o passo com a história".
Do século XIX ao século XX, uma agrária monarquia tropical transitou para a construção de um novo
país, onde a cidade, a indústria e seus valores se colocaram como triunfantes. Do ponto de vista ético ou nK>-
ral ou ainda desde o ponto de vista das condições sociais, tratou-se de uma vitória com derrotas, incidentes de
percurso pouco hotucsos e o desgaste de uma questão social que se renovou e cresceu desn^damente, in
cômodoreverso de uma realidade de riqueza, tecnologia, informação e brilho.
Se este é, por assim dizer , um quadro pertinente à realidade contemporânea mundial e brasileira, cabe
ria resgatar esta trajetória a partir de uma perspectiva regional. Tomando Porto Alegre como foco destapreo
cupação, busca-se recompor a sua construção histórico-social, resgatando os espaços e as vivências que per
mitem apreciaro seu desenvolvimento urbano desdeo antigo Portodos Casaisaté os dias de hoje.
Através, pois, de um caso particular, tentar-se-á learticular a conçosição das modalidades do fenômeno
urbano nacional.
Atende-se, fundamentalmente, que a construção social histórica do espaço urbano de Porto Alegre im
plica a conqneensão das transformações particulares de sua paisagem e das socialidades que nela se operam,
tanto no plano das condições concretas quanto no das representações que se fazem no e sobre o fenômeno ur
bano.
Portanto, entencter a conformação recente do ideário da modernidade em Porto Alegre e os nódulos em
tomo dos quais se constrói uma entidade urbana para a cidade inçlica percorrerhistorican^nte o cotidiano da
cidade.
Tal perspectiva prende-se, sem dúvida, à discussão da memóriasociál da cidade e a entendê-la como um
processo de fabricação-ocultação. O "lembrado" e o "esquecido", o "celebrado" e o "condenado" são fe
nômenos que fazem parte da construção ideologízada da "Porto Alegre cidade". Nessa medida, a desterritori-
zação de formas tradicionais da vida coletiva no domínio da cidade de Porto Alegre e a descaracterização de
seu espaço urbano têm apontado para o sentido dado por sua coletividade ao estatuto da "moderna cidade ur-
bano-industrial".
. Todavia, embora o ideário da modonidade postule uma universalização do novo e "ma homogeneização
do fenômeno do urbanismo, percorrerhistórica e socialmente o passado da cidade implica desvelar diferentes
modalidades do urbano e identificar sobrevivências incômodas que persistem r^sar dos desejos de uniformi'
zação. Seja em sua morfologia, seja em suas formas de vida coletiva,estas variantes do urbano se rçresentam
com as Histintas textutas espaciais da cidade que foram sendo construídas historicamente.
Sem maiores pretensões, este trabalho se propõe a realizar um certo "inventário" das diferentesformas
urbanas da cidade de Porto Alegre, de suas socialidades coletivas cotidianas e de seus espaços existências
enqnantn tertitórios quc entaizam as expoiências do "viveremcidade".
8
1740-1820 / Origens
De estância de criação de gado
à vila açoriana
As origens de Porto Alegre nfôsclamrse com o próprio processode formação histórica do Rio Grandedo
Sul. Na passagem do século XVn para o século XVm, a descoberta de ouro no interior do Brasil, na zona
das gerais, motivou a demanda para o serviço das minas de animais para corte e tração. As grandes reservas
de gado existentes no Rio Grande tomaram-se então um pólo de atração para bandos de tropeiros qite, de ar
mas na mão, em enfrentan^ntos diretos com os castelhanos, dedicaram-se à preia deste gado xucro ou chimar-
rão.
Ao iniciar a terceira década do século XVm, a devastação do rebanho já começara a conqnometer o
tropeio do gado, pelo que se tomou interesse tanto da Coroa quanto dos particulares a qnopriação da terra.
Nesse contexto, processou-se a distribuição pela Coroa de sesmarias para o estabelecimento de estâncias
de criação que garantissem o fomecin^nto regular para as minas.
Entre estes colonizadores que se estabeleceram para a criação de gado encontrava-se Jerôninm de Qr-
neUas que, em 1740, recebeu uma sesmaria às margens do Guaíba, tendo conptovado que se achava com sua
gente habitando a região há alguns anos.
Logo, contudo, o Porto do Domelles recebeu novos moradores, os "Casais d*El Rei", vindos de Açores
p^ ocupar o território das Missões, qite pelo tratado de hSuiri em 1750^passara a ser prc^edt^ de Portu
gal. As guerras e os novos acertos diplomáticos entre as coroas ibéricas,fazendo retomar as Nfissões à Espa
nha, não possibilitaram a ocupação daquela região, de modoque os ^oiianos acabaram provisoriamente "ar-
ranchados" à beira do Guaíba, na região que passou a ser conhecida como Porto do Domelles.
A área onde ficaram "arranchados" os colonos açorianos cresceu e se tomou o embrião da vida urbana
local, que se ligou, através de caminhos que cortavam a penfosula no sentido leste-oe^, à Aldda dos
Anjos de Gravataf e a Viamão.
Novos conflitos militares com a primeira invasão espanhola de 1763 no Rio Gran^ do Sul motivarama
chegada de mais açorianos a este local, fugidos da guerra que ocorria rm sul da crqntania de São Pedro. Nas
cia, em 1772, a freguesia de São Francisco dos Casais, separadade Viamão, que se favoreceu da posiçãode
núcleo central entre os cánqtosde Viamão, o Jacuf e o Porto de Rio Grande.
Data deste período a distribuição das terras dos casais açorianos, a demarcação de lotes, ruas e estradas
com a destqiropriação da antiga sesmaria de Jerônimo de Qriiellas. Neste conjunto de medidas, resmyou-se a
área denominada Alto da Praia (Praça da Matriz) para assentamento do centro cívicoe iniciou-se a construção
dos primeiros edifícios civis e religiosos como a Igreja da Matriz, a Casa da Junta e o Palácio da Presid&i-
cia. Singiram tambémas primeiras fontes públicas, os moinhos, o arsenal da Marinha e os armazéns gerais.
A segunda invasão espanhola, ocorrida em 1773, resultou na fortifícação da área compreendidapela pe-
nfnsiila com a construção de uma muralha (1771/1778) e seus portões de acesso. Em 1773, a fieguesia de São
Francisco passou a ser chamada fieguesia da Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre. No mesmo
ano, face à sua situação estratégico-militar e também à sua situação centro-comercial, no cruzamento das ro
tas, Porto Alegre passou à capital da província de São Pedro.
Em 1882, nascia a cidade de Porto Alegre, mas ainda se constituía numa tranqüila comunidade que nos
dias de festas reUgiosas congregava-se em procissões e quermesses.
Abriam-se nessa época os caminhos e estradas que uniam a antiga vila a outras povoações e cidades,
marcando o início dos primeiros percursos que formariam anos mais tarde algumas de suas principais artérias.
10
1740-1752
RS, século XVIII; bandos armados
percorrem o "continente" na disputa pelo gado
No século XVIII, o
"continente" do Rio Grande
do Sul era palco de lutas de
fronteira entre Espanha e
PortugaL
•Trwnwrisisfvri
DO RIO «RAMOB
t /
As reservas de gado no Rio
Grande do Sul constituíam um
pólo deatração para bandos de
tropeiros armados que se
dedicavam à "preiado gado
xucro". (Gravurade Debret)
•nCKM<u^x« *fa*i f
C^^rfc ae/rarruio^
/ ** t. mosr^jkut
^7JZ
p ^fír^ttcaicr {
—•—Íf5/fe/w/e<i ejôxnc/rt) vozie
im jor^^rrt £i
ijtn/^iere
t > > 4 ii*«
em nemejorn
rmmoiiaemfftGBã&jmssxftmMeffWt» /
MMCHM MM 90 «i tWM9 f
If
§?
ú
t?
14
1752-1772
De Porto do Dornelles a Porto
dos Casais: chegam os açorianos
PORIO
MMMKHMyeOD
ffg^
CORVO
FLORES
GRACIOSA
SAO JORGE
TERCEIRA
FAIAL^
SAO MIGUEL
SANTA MARIA
nr-
M
Não ocorrendo a projetada transferênci
para as Missões, os açorianos foram se
instalando de forma mais definitiva na
região. Casa açoriana.
1752-1772
Os castelhanos atacam: no palco da guerra,
o Porto dos Casais é um refúgio para a população em fuga
AS /M VASOes eSPANUOLAS
Ctòof/o» ne/ /76^
Vcrfti (77^
iTwcwc; e» r * ^
At.perfrvsyyircmTi^fn m «a
p&f^ítess^jaéf t.9em>:yií ^
®98*7%
iáTf^ f
» f ?rô
&'? /w •*
M. . i i
liniKiiKr
KlÍHiíilÍ(iKM!li
1772-1820
Um povoado tranqüilo na encruzilhada dos caminhos:
a Freguesia da Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre
Capital do "continente" em 1773, vila em 1820, cidade em 1822. Porto Alegre crescia
e tomava-se mais agitada. Na ^nta da península concentrou-se a vida urbana: láno
Alto daPraia erguiam-se osprincipais edifícios coletivos. Ao longo dorio, o comércio
e a vida citadina estabeleceram-se.
VISTA UO orSTf
\1.HTA l»l'.
Ao longo do século XIX, o Brasil realizou o seu processo de independência com relação à metrópole
portuguesa, constituindo-se em nação autônoma sob regime nmnárquico unitário e centralizai. Por volta da
metade do século, o país passou a experimentar uma série de transformações econômico-sociais que eram
contrq)artida, ao nível nacional, do processo de internacionalização do c^italismo que se verificava. Inaugu
rava-se assim a transição capitalista, que tem seu centro principal de operações constituído em tomo do com
plexo cafeeiro e como elemento central de mudança a transição da mão-de-obra escrava para a n^o-de-obra
livre.
Porto Alegre não ficou à margem deste processo. A imagem de uma cidade tranqüila iria ser, ao
longo do século XIX, nK)dificada^por outros moradores urbanos. Junto a toda uma complexa modificação
econômica, social e política, brotaria uma nova cidade, norteada por valores burgueses, perpassada pela
idéia do progresso.
O resultado seria o consolidar-sp de uma nova identidade urbana, ao longo de um período de cercade
setenta anos, quando Porto Alegre transitava, tal como o país, nos rumos da lenta internacionalização do ca
pitalismo.
Neste período, a cidade ino-a-muros despontou progressivamente como núcleo urbano, contrastando
com o aspecto rural de suas áreas circunvizinhas.
A muralha de fortificação já havia sido destruída ficando, entretanto, seus limites simbólicos na lem
brança da comunidade local. Para a área intra-muros surgiu o primeiro código de posturas para a cidadeem
1831. E)esmend>raram-se ruas na área central, constituham praças e largos e iniciou-se a implantação de be
nefícios urbanos associados aoasseio público, abastecimento de água, iluminação, aorecolhimento e despejos
dos dejetos e lixos. ;
A chegada dos imigrantes súemães no Vale do Rio dos Sinos resultou na abertura de mais um caminho
que ligou a-cidade aesta região —Caminho Novo —atual Voluntários da Pátria. Ocrescimento econômico da
quela zona ativou as ativida^s portuárias da cidade, que passou a atender a demanda da comercialização de
produtos oriundos da zona colonial.
No período da Revolução Farroupilha, a cidade viveu o seu primeiro período crucial em termos pro
priamente urbanos. Na área central, tmritório onde se processava a vida coletiva, concentrou-se a população
sitiada.
22
Se, por um lado, aresistência ao cerco valeu à cidade otítulo de "mui leal e víííerosa", por outro a con
centração populacional na ponta da península fez com que a vidaemcomum se complexificasse e trouxesse à
tona novos problemas. A cidade tomou-se "suja" aos olhos de seu novo status face à Província. Rq)leta de
"miasmas" e "imundicies", com aglomerações desordenadas de casas, entre cruzamentosde ruas e becos, ur
gia que se desse à capital um aspecto mais nobre e mais citadino.
Neste período de guerras a cidade tanto tomara-se o centro escoadouro de produção colonial dos imi
grantes alemães sediados no Vale do Rio dos Sinos, o que deu maior movimento ao porto. Também nesta
época revelaram-se os primeiros problemas decorrentes da concentração populacional que se verificara na
ponta da península. Tomou-se, pois, necessária a inq)lantação de serviços urbanos para atender uma cidade
que se adensava e crescia em função de seu movin^nto comercial.
Denotando o cumulativo estado crítico da vida urbana local, em 1855 ocorreu um surto de cólera mor-
bus, mal que castigaria Porto Alegre mais vezes no decorrer dos anos.
No período que se seguiu à paz de 1845 a cidade se tomara o principal centro econômico da província,
constituindo-se num foco de atração para o investimento dos capitais advindos da comercialização dos pro
dutos coloniais e configurando-se como o maior marcado de trabalho do ^o Grande do Sul.
Relatos e crônicas de época falam de unm área central povoada de becos, mas, largos. Nas poucas pra
ças transitavam negros de ganho, pequenos comerciantes, artesãos, funcionários pdblicos, além de senhoras e
cavaleiros da elite local.
Nas áreas limítrofes, os primeiros arraiais eram locais onde se erguiam olarias, moinhos, matadouros; la-
vadeiras, doceiras e negros alforriados que se dedicavam a toda sorte de pequenos serviços urbanos, davam o
contomo de um mercado informal de trabalho em formação.
Do traçado destas mas e becos, resultam ainda ho^ muitos dos trajetos das ruas centrais dacidade; dos
arraiais tem-se a formação dos bairros atuais de Porto Ale^.
Nesse contexto, os jogos de entrado, os enforcamentos, as festas do Divino, as corridas de cancha reta,
as sessões de batuque e os "cocumbis" traçavam o panorama das vivências das populações pobres que ocu
pavam territórios na cidade. Eramsocialidades distintas dos divertimentos das famílias da elite, das baronesas
e dos brigadeiros, com seus saraus, seus passeios campestres, suas noites no teatro.
Em suma, a complexificação da vida urbana local que se concentrava w^intra-muros do imaginário so
cial expandira-se para além destes limites e punha em xeque os poderes municipais, demandando soluções pa
ra seus problemas.
Nesse sentido, os notáveis da comunidade iniciaram inúmeras tentativas de promover o atendimento às
necessidades da comunidade urbana.
As áreas urbanas das chácaras que margeavam a região central de Porto Alegre passaram a sofrer retifi
cações para o surgimento de novos arraiais e ruas. Iniciou-se o alinhamento e a nun^ração de casas, a limpe
za, o calçamento e o emplacamento das ruas principais com as suas denominações; a implantação de serviços
de iluminação pública, de abastecimento d'água e de esgotos^cloacais; a criação dos passeios públicos, etc.
A paisagem urbana da cidade mudou com novas edificações (Mercado Público, Cadeia Pública, Teatro
São Pedro) apontando para a diversificação econômico-social da cidade que espacialmente se revelava na
proliferação de inúmeros becos e ruas, cortiçôs e sobrados, chácaras e sítios que compunham um panorama 23
para a "vida em cidade" dessa época. O perfil originai de Porto Alegre começou a se modificar com os pri
meiros aterros sobre o rio Chiaíba, com o que resultou na extinção do Beco dos Marinheiros (atual Rua 7 de
Setembro).
Quando se aproximou o final do século, o crescimento econômico de Porto Alegre, a diversificação so
cial e a incorporação de novos espaços ao okío urbano haviam mudado a fisionomia da cidade.
A presença de imigrantes na cidade resultou na ocupação das áreas que orbitavam em tomo do Caminho
Novo, cada vez mais repleta de fábricas e pequenas indústrias. As atividades comerciais e financeiras engen
dravam no seu seio as canmdas médias urbanas.
No processo de urbanização vivido pela cidade, surgiram os solares onde os escravos passaram a não
ter residência fixa. Trabalhando nas casas de senhores e morando em cortiços ou malocas, a população negra
migrou para regiões próximas à área central (Areai da Baronesa, Colônia Afiicana), delas fazendo seu territó
rio de vida.
Progressivamente assistiu-se a uma transformação burguesa na antiga paisagem colonial da cidade.
As praças e as ruas centrais de Porto Alegre perderam suas antigas formas e ganharam novas feições,
adequadas ao desfile burguês. A libertação dos escravos jogou no mercado um contingente de mão-de-obra
que engrossaria o circuito informal de trabalho, uma vez que a preferência era dada aos brancos e, se possí
vel, descendentes de imigrantes.
Surgiam, desta forma, novos espaços e vivências na cidade que se renovara. Os jornais falavam de ca
pitães de indústria e de operários, de intelectuais e uma jeunesse dorée que freqüentavam ora cafés, ora taver-
nas. Na zona central, os majestosos prédios públicos, os inqwnentes sobrados e as casas de comércio que
aiunciavam produtos franceses conviviam de forma indiscriminada com cortiços, prostíbulos e botequins.
Carroças e bancas de peixes eram também imagens que se confundiam no panorama da cidade que se urbani
zava e ganhava as suas primeiras ruas iluminadas. Muitas destas ruas e praças mudavam seus nomes tradicio
nais para ganhar novas denominações, mas continuavam popiüarmente a ser chamadas pelas antigas denomi
nações.
Vivências burguesas e redutos do povo viviam os seus últimos momentos de co-habitação na área cen
tral. Da mesma forma, a feição bucólica dos arraiais chegava progressivamente ao seu final.
&n 1889 surgiu um novo Código de Posturas Municipais que buscava imprimir na cidade um novo ideal
de urbanidade. No processo de transformação burguesa, as classes menos abastadas e seus territórios passa
vam a sofrer uma investida dos notáveis da comuiúdade local no sentido do controle social e da disciplinari-..
zação das socialidades. A nova ordeín burguesa estabelecera suas normas, valores e procedimentos na busca
de uma vida urbana adequada.
Nesse contexto, o maior centro Urbano da província oferecia o ambiente ideal para a efervescência polí
tica que caracterizou a queda do regime monárquico.
Um grupo de jovens e radicais republicanos passou a denunciar a monarquia como incapaz de acompa
nhar as transformações que se processavam no país.
A cidade tranqüila dos anos pós-RevoluçãoFarroupilha consolidara a posição como o maior centro eco
nômico, político e cultural do Rio Grande, ociq)ando inclusive um lugar destacado na discussão das preocu-
2^ pações que secolocavam no centro do país.
1820-1835
Entre o urbano e o rural; para além das muralhas
da cidade, chácaras, várzeas e estâncias
iiMiij]::uituiÍAUt;lM
ÍS / '>*-* 1-
l2
I— yTZXmm
l/.VA-r*
1-^^-
Ê i; isií S^ m.
• r.^ *
ti ~
•«
•iJismssmmj-''
1-Jl
Sitiada pelos Farroupilhas, a
ponta da península foi definida
por uma linha de trincheiras. O
abastecimento tomou-se difícil
e as condições sanitárias da
cidade atingiram um ponto
crítico.
:- yA ^ ,/' \v
Hjk* —-" ^/ A// >
f >''M
1835-1845
Um porto de escoamento da produção
colonial: a vida urbana se agita
rdztRda
slhünfo
ÇMa<i«Pól«oa(CTÍsbO
M?aPedTO
28
A produção colonial dos
imigrantes alemães
movimentou o comércio da
cidade e garantiu o
abastecimento da população
diurante o cerco farrapo. Na
1
gravura, antiga doca de Porto
Alegre.
-r
' .A** • •
1845-1870
Da ponta da península para além das
trinclieiras: a cidade se expande
I j '.í '•i'
' •i'W.. ..
j.;-sv.|3iSL,.*
mm
A''im
'ii V
•fv •
• . >'
Lft 1
p ÍEjIilfllIft
jA diversificação econômi-
^ ' i l,''ír 3. • ' : co-social da cidade tradu
ziu-se espacialmente na
proliferação de becos e
r»^'í a ^ruas, cortiços e sobrados,
Iseramopanoramada"vida
Ichácaras e sítios e compu-
ifiT fiiii
kéí5E7'',^
tf Ti®
1870-1890
Cidade, espaços do controle social:
vivências burguesas e redutos do povo
A' noite
Porto Alegro, á noite, não resta du
vida, já tem 08 foros de uma grande Os bordéis e tascas eram alvo de críticas da imprensa,
capital, movimentada e perdida. Amo- que denunciavam tais locais como centros de perdição
cidade libeilina, de bordel em bordel, para a juventude e de degradação da família. O
atravessa uma noite inteira, levantando Independente, Porto Alegre, 1901.
brindes obscenos, mostrando no dia se
guinte apenas o sulco fundo das olhei
ras roxas, attestado fatal de uma orgia
onde embriagou-se e cavou com as suas
próprias mãos mais uma cóva onde se
rão enterradas as illusões de sua vida
inútil e rapida.
Ao lado das prostitutas, gosando bei
jos e affagos mei'cenarios, sem a ref-
flexão precisa para evitar tamanho mal,
encontro-sé o moço e o velho libertino,
trocando phrases indecorosas, tresandan-
do a cachaça, vinho e cerveja barata,
no mais completo bem estar deste
mundo.
Numa verdadeira romaria de perdição
vê-se mulheres moças, perdidas, famin
tas, de tasca em tasca, que, em troca
de instantes de praaei*es, exigem, paia
matar a fome que as devoram, bifes com
batatas regados a vinho entiagavel.
E, para reter a freguezia, o taver-
neiro destas casas infamantes que a po
licia devia prohibir, tem lá dentro dois
ou brez typos que, arrastando a lingua,
h» 1
A* %
gritam e berram a palHda madona e
qucjaqdas, ao som desafinado de um
violão de pinho, ordinário. á.pós cada
cantiga, do meio delles, surge uma ho
rizontal indecente,, cheirando a remé
dios, de pires em punho, esmolando dos A diferenciação social se evidenciava na caracterização de
convivas uma moeda de 100 reis. B, espaços de vivências do povo, como a Festa do Divino,
deste modo, vae vivendo a canalha va realizada na Praça da Matriz.
gabunda, explorando a bolsa alheia e
inexperiente.
As vivências burguesas se estruturavam em
redutos mais sofisticados, como o velódromo,
nos Campos da Várzea (Parque da Redenção)
o CANDOMBE DA MAE RITA ERA NA VARZEA DEFRONTE
DA CASA E CURRAL ÁNTIGC MATADOURO, MAIS OU MENOS
NO TERRENO ENTÃO BALDIO E DEPOIS OCUPADO PELAS CA
SAS DO FIRMO E OLARIA DO JUCA (JOSÉ DE SOUZA COSTA),
OU JUCA DA OLARIA, NOMES QUASE IGUAIS À BAIANA DO
PRESÉPIO E PRESÉPIO DA BAIANA.
AÍ SE REUNIAM NOS DOMINGOS À TARDE PRETOS DE
DIVERSAS NAÇÕES, QUE COM SEUS TAMBORES, GANZÁS,
URUCUNGOS E MARIMBAS, CANTAVAM E DANÇAVAM ESQUE
CENDO AS MÁGOAS DA ESCRAVIDÃO, SEM QUE CAUSASSEM
MAIORES CUIDADOS À POLÍCIA, COMO E A MESMA HORA
ACONTECIA AOS PARELHEIROS DA VÁRZEA EM FRENTE A
CHÁCARA DO VELHO LEÃO, COM OSTANTOS PATACÕES AOS
PES DO BICO BLANCO, DO ZAINO DO MANO JUCA, ETC., Os negros, escravos e libertos, estabeleciam suas
APOSTAS QUE QUASE SEMPRE ACABAVAM EM ROLO. formas de socialidade em determinados locais, às
vezes sem a interferência da polícia, como no
CORUJA, Antônio Alvares Pereira. Antigualhas, reminiscências de candombe da Mãe Rita, às vezes sofrendo
Porto Alegre. Porto Alegre, União de Seguros Gerais, 1981. p.27. Co contínuas investidas policiais, como no Areai da
leção ERUS. A 1- edição é de 1881. Baronesa ou na Colônia Africana.
1870-1890
Porto Alegre, centro de efervescência política: os jovens
e radicais republicanos enfrentam os partidos do Império
Do final do século XK ao infcio das primeiras décadas do século XX, verifica-se o apogeu no Brasil
do padrão de acumulação crçitalista baseado na agroexportação de um só produto: o café. Embora o eixo
central da economia se desenvolvesse em forma de uma atividacte primária, junto a ela, com ela e apesar desta
crescia a indústria no país.
Progressivan^nte, consolidava-se uma ordem urbano-industrial, onde a cidade era o centro de irradiação
de padrões e valores burgueses, assim como era o cratro das operações con^rciais e financeiras e também o
espaço onde scconcentravam as fálnicas e a massa operária.
A ociq>ação urbana da cidade de Porto Alegre resulta no reconhecimento do estatuto de inúmeros ar
raiais já preexistentes e na sua consolidação como territórios significativos ao seu crescimento econômico-
comercial (Navegantes, São João, Menino Deus, São Manoel) e em melhorias nos caminhos que lhe davam
acesso.
Muitos desses arraiais tiveram sua origem associada às questões étnicas e na forma como estas transcor
riam na vida urbana da comunidade local. Tal é o caso dos arraiais de Navegantes é São Manoel de origem
alemã, e Meirino Deus, de origem claramente açorita. Havia, entretanto, referências a outros territórios como
a zona do MonfSerrat, a Colônia Africana e o Areai da Baronesa cuja origem estava associada às populações
negras de Porto Alegre, os quais oficialmente não têm nesta époc^ o estatuto de arraial pelos "notáveis".
Em POTto Alegre, como em todo o Sul, o inqrulso dinâmico para o surto capitalista deu-se em função de
uma acumulação de capital baseada na comercialização dos produtos coloiriais que se destinavam ao abaste
cimento do mercado regional e nacional. Desta forma, o Rio Grande do Sul t^resentou uma base qualitativa e
quantitativamente diferenciada do processo que teve seu epicentro em São Paulo o que, sem dúvida, limitou a
transformação burguesa do seu fnincipal centro urbano.
Os limites em termos da capacidade à acumulação capitalista local e, conseqüentemente, de uma mais
profunda renovação urbana e tecnoló^ca não impediram que Porto Alegre, assim como o país, vivesse o so
nho das civilizadas cidades européias.
Um novoimaginário urbano se construiu emtomo da buscade uma cidade linpa, bonita e ordenada.
A cidade reproduáa, na ocupação do espaço, a assimetria social da ordem burguesa que se consolidava.
Este é o período áureo da extinção dos becos que cortavam as ruas principais da cidade (Rua dos An-
dradas. Duque de Caxias, Riachuelo e Fernando Machado) e cujasdenommações revelavam parte do panora-
42
ma uibano que continham: beco do Mijo, dos Pecados Moitais, do Leite, da Fonte. Em seus lugares surgem
novas ruas, em sua maioria já com denominações atuais. ,,
Objeto de um discurso higienista, que se articulava a uma política moralizadora, as vivências e tmxitõ-
rios dos pobres são tematizadas como focos da criminalidade, prostituição e promiscuidade. Desterritorializa-
dos do centro em função da potitica saneadora que acompanha o crescimento urbano, os pobres são "varri
dos" do centro para as zonas mais afastadas.
Com a consolidação do surto fabril, nascem os bairros operários e loteiam-se iniimeros territõrios antes
ocupados por sítios e chácaras. As áreas para ond[e migram estas populações pobres progressivamente passam
a conviver com o impacto deste imaginário urbano. São também elas espaços de controle social, e focos de
tensão social para onde os poderes constituídos devem exercera sua vigilância.
Todavia, a incorporação de novos espaços a serem urbanizados abre-se como um novo canqx) de lucro
para os capitalistas que se apressam a investir no canqio imobiliário, loteando áreas distantes e agora valori
zadas pela expansão urbana.
Para o governo, trata-se de zonas até as quais é preciso estender a rede de smviços públicos, em termos
de água, luz, saneamento básico, tran^ortes.
Os problemas crescem, as queixas se avolumam e os poderes municipais devem aconqianhar o cresci
mento de Pmto Alegre. Não é por acaso que, no bojo deste processo de crescimento urbano, a cidade assistia
em 1906 à sua primeira greve geral dos trabalhadores.
As áreas que se transformaramem reduto das camadas populares distinguem-se daquelas zonas nobres,
habitadas pelos grupos mais abastados. No centro da cidade e nessas zonas,são realizadas intervenções urba
nísticas de acordocom um projeto burguês.
Os Campos da Redenção, oriundos dos antigõs^Campos da Várzea, transformaram-se emI^irque da Re
denção, mais tarde Parque Farroupilha. Lugar de desfile da burguesia da épx:a, tem sua feição marcada por
exposições, pela presença de um velòdromoe de uma praça de touros.
A Porto Alegre das primeiras décadas do século XX, portanto, já contém em si o drama das grandes ci
dades da época, sofrendo, contudo, com problemas locais: o trânsito de pedestres, carroças, carros e bondes
em sua área central; os cuidados com o asseio público, com a coletade lixo e matérias fecais, a inqrlantação
de sistemas de esgotos, de iluminação pública, de abastecimento d^água.
Em 1914, surge o Plano de Melhoramentos para a cidade elaborado por Moreira Maciel. É o [nrin^iro
esboço de uma planificaçãode vida urbana local onde a cidade é vista sobre o ângulo de uma totalidarteorde
nada.
Previa-se a construção de inúmeros aterros na orla do Guaíba, com a limpeza e a organização da área
portuária, assim como melhoramentos urbanos de antigos arraiais que haviam sido loteados com o crescirrrento
da cidade.
O plano enfatizava os aspectos da estrutura viária, com propostas de alargamento de diversas ruas da
área central além da abertura de outras com eliminação dê becos ainda remanescentes. Facilitar e ampliar as
relações urbanas tomava-se a regra explícitapara nortearos rumosde uma cidade que crescia.
No bojo do processo de transformações econôrrüco-sociais que^ cidade atravessava irrqmnha-se o
qrrimoramento de suas elites e a proíissiondização desua mão-de-obra. Surgiam assim o Instituto Parobé, pa- 43
ra a formação de operários qualificados, o Instituto Júlio de CastUhos,para formar os jovens das "boas famí
lias" que se preparavam para ingressar na faculdade, e as instituições de ensino superior Escola de Engenha
ria, Escola de Medicina, Faculdade de Direito. A Escola Militar de Porto Alegre, por seu turno, atraía estu
dantes de tódo o estado.
A inq>lantação destes centros de formação educacional inq)licou a ocupação e loteamento, já em fins do
século XIX, de parte da área do Parqueda Redenção.
Com o seu perúnetro urbano dilatado. Porto Alegre se projetava como espetáculo burguês do "viver em
ddades". As confeitarias, os cafés, os teatros, as associações camalescas, os hipõdromos, o footing da Rua
da Praia, as sessões dos cinematõgrafos constituem as ambiências e as socialidades que atuamcomo palco de
uma modaeuropéia para a burguesia porto-alegrense.
44
1890-1896
Acidade como lucro. Com o surto fabril
e a valorização imobiliária, nascem os bairros operários
e as chaminés das fábricas modificam o panorama urbano
vnjM
l l.íjIZE
t ,,—
Lv
I, b
,. Li:h l-iWM
•ii\ >Pm iim
n[
^'iraíUWOt*'. :.•;. '.'i -tT
^ i V
Ao longoda estrada de Ferro, o antigo arraial dos Navegantes
se consolidou como bairro fabril e operário. Fábrica de Victor Fischel, estabelecida em 1893 em Porto
Alegre, para produzir bebidas e perfumes.
1896-1914
Luzes e sombras da cidade:
bailes, tavernas e carnavais
ül
WH. ífflâÉa
A socialidade urbana da época apresentava diferentes facetas
Nas festas ao ar livre as famílias se divertiam
Surgiam as primeiras
confeitarias e cafés.
A "Estudantina"
era composta por elementos
da alta sociedade e cumpria
o papel de cultivar os
"pendores artísticos" da
juventude da épocai
AGRESSÃO E FERIMENTOS
0 .
54
1896-1914
Acidade como espetáculo
- -íT , J
liJ*
;AVeRtcfl,»«jí' I-
i
«tV»!
'i ''
Ittvflíf
As luzes da ribalta no lazer das
clitesi dramas e comédias teatrais
(Teatro Apoio)
*• • •>
Fi?i-
ÍT-t
'o'»' ' -V
... •
—. . tf . •# *
m€^^m.
ÍSÍ®'
Tr^' , 'AiT-Kwiiiwpiwuiris'-
Um projeto para a modificação da cidade: ampliações urbanas,
abertura e alargamento das vias centrais e eliminação de becos
ainda existentes (Plano de Melhoramentos de Moreira Maciel,
1914).
"Quarteirões insalubres" dão
lugar a logradourospúblicos,
que buscam embelezar a
cidade: a Praça Otávio Rocha.
Modificações radicais do
espaço público: iniciam as
demol^ões para a abertura da
Borges de Medeiros.
^L,r»'V
1914-1924
Os ecos da guerra européia:
euforia econômica, agitação social e vida noturna
rio
griiiéfõ Cofiforto
t
/'íiil
vi.
!!ii' r-t
!• hü Vi
Na Rua dos Andradas, que
teimosamente continua a ser
chamada de Rua da Praia, a
cidade encontra seu melhor e mais
intenso comércio.
h nOi-tlÜjilíiilj/i
-»V| I
t i
>íi
^ m
lí A
r
» -A
.Kfí
. _ 5 1 "?»'i
_ s fi
réj.fiiitt,
9
1914-1924
Cidade,, centro de íormação
profissional: bacharéis,
militares
e operários especializados
As necessidades da economia
demandam um saber técnico: o
Instituto Parobé vai formar operários
qualificados.
1
A Faculdade de Medicina,
fundada em 1898, passou a
ocupar em 1924 o prédio da
esquina das ruas Sarmento
Leitee Luís Englert. Tendo em
vista o dispositivo da
i
Constituição do Estado, que
estabeleceu o regime da plena
liberdade profissional, a
Faculdade de Medicina
manteve uma disputa por anos
com o governo do Estado,
defendendo a obrigatoriedade
da diplomação para os
médicos.
Illll
O Colégio Júlio de CastUhos recebia os meninos das
boas famílias, que se preparavam para ingressar nas
faculdades.
11
,7
72
1924-1930
Início das cirurgias urbanas:
largas avenidas redesenham a cidade
•1,»'
«.Í.V
»n T»r
«s. ;'J c:
;r
I*?. ÁW> * f
A.
\venida
(1927).
1924-1930
A vida social na cidade:
a época de ouro dos cafés
<1
l No interior dos cafés ou nos espaços em
A r f frente a eles, a vida da cidade era
M 'W passada a limpo. Por longo tempo, os
f l
cafés permaneceram reduto de
socialidades masculinas.
A': •
-1930
Grande
lu dest
n
'-i| .Ji
O importante portão principal de entrada H r, -
da exposição do Centenário FarroupUha, no »
•I ^ i ^
Parque da Redenção, em 1935.
lll I
Ui « '1 )1
tit
• • ék V ^ «I <
..f~,
t .
s-
o t ' »♦
o brilho da exposição levou a população
porto-alegrense a participar com
entusiasmo do evento.
Encerramento do 2- Congresso
Integralista em Porto Alegre, a 28
setembro e 1936: os camisas-verdes
prometem realizar o "Brasil Integral".
Comemoração do 1- de maio
1930-1937
Apropaganda é a alma do negócio:
a indústria gaúcha na disputa pelo mercado
FÕ** 7
¥%i
! A'&ÒrrÂ[À/^J
nres 'sHERlÒck*!»!'^
íT! áê!^
^^jüsè^'líi
^•S.* »m »Jm»S-f^
_ ~, — »
-
^9 ••• • • • • •
fctn MewcTONe airpiamc
V • m\r*
,
#PníP:
« /^cA/ c4* f*,,..» v» r » «1--I • ' •' ... .'Ji • as *9
# ® Vfl/ vwr <ytra*<y for**', az Wfil" f^fhêz I
^ ^ >9 • • • 999»9999 99»9«>T E^, TAPETE MA<ilCOc<.A'«cíí ,vc
[•• • • *.*L* * * •.• ••••oAKsr**
Couieçoípá ãa se/' loínçQcla, cuü^a, esíe
Csor cackia de gpanães /ilms. começopá ttiQi, no ciinplo&içcíltv^^olío.
Uma miss a serviço da propaganda: lolanda Pereira e
os produtos de beleza.
Lindas Toilettes,.
MISS UNIVERSO
Snrta. YOLANDA PEREIRA
Finas Jóias,
Mas 4 nacassarlo que a fres
cura de sua cutfs e a belleze
de seu corpo correspondam^
áquelles attractlvos.
A*Brsncol-Compeyile
como prove ám odinir»-
çèo per ooiM 1N8VRTA-»
VEIS proporodo*.'*
1Atraves andotrêsbairos-
.
j
Demolições iniciais entre as
ruas Garibáldi e Ernesto
Alves para o surgimento da
"imponente" Av. Farrapos.
84 iiJfcí
1937-1945
Modernidade urbana:
a persistente busca da uniformidade
"i I 'i *m
• írtnffc * I
ffMPl
mmMi] llJ I
m
L'
LÍViÉe
PAFFI-S»
icH^
%
11I 1 « . 14 Vai!,®', r
Em 1941, a cidade se assustou diante das dimensões da grande cheia.
Atingindo o BairroNavegantes
(Praça Pinheiro Machado), a
enchente alcançou diferentes
áreas urbanas, estendendo-se ao
longo dos arroios e aterros.
liX,
Na Sociedade Germânia, descendentes de
alemães realizavam cerimônias pró-eixo.
Paralelamente, generalizou-se um
sentimento antigermânico e, na cidade,
estabelecimentos alemães foram
depredados.
Enquanto na Europa se
desenvolvia a Segunda Guerra
Mundial, em Porto Alegre a
polícia perseguia as
manifestações pró-nazistas. • *r ♦ ^ ♦'a
1; M
1945-1970 / (Trans)figuração
Da feição democrático
o umo novo fisionomia autoritária
O fim do Estado Novo inaugurou na vida brasileira um período denmcrático marcado pelo exercício do
voto e pelavida p^l^entar, pelaexistida do pluripartidarismo e pelo estilo político populista.
O início do processo de redemocratização do país implicou a instauração definitiva de uma democracia
que se apoiava no poder do voto das massa populares.
O populismo, marcadamente um fenômeno urbano, teve como pressuposto a consolidação de uma or
dem industrial e a emergência das massas populares nas grandes cidades do país, processo que se havia con
solidado nos aqos anteriores a 1945.
Nessa medida, os centros urbanos passaram a ter peso preponderante na vida nacional e a categoria
"povo" assumiu um pr^l de destaquenas articulações político-partidãrias.
A veneraçãoda figura de Getúlio Vargascomolíder carismático, tanto no Rio Grandedo Sul quanto no
r^to do país, corKlensava a relação paternalista entre as massas e seu líder num plano nacional.
No Rio Grande do Sul, região que foi berço do trabalhismo, a figura deste líderpopulista conduziu as
aspirações regionais ao plano de uma personagempolítica de caráter nacional.
Dessa fmma Porto Alegre se viu particularmente abaladapelos incidentes que se seguiram ao suicídio
de Vargas. O povo saiu às ruas e investiu contra a sede de jornais e partidos que criticavam a política getu-
lista, incendiando e d^redando suas sedes asim como a dos bancos que tinham filiais em Porto Alegre; sofre
ram ataques o jornal O Estado do Rio Grande^ a Rádio Farroiqnlha, a Rádio Difusora, as sedes do Partido
Libertador e do Partido Social £>emocrático.
Os anos JK buscaram apaziguar a exaltr^ão dos ânimos do país, promovendo o clima do tão esperado
desenvolvin»nto através da internacionalização daeconomia e daentrada decapital estangeiro. É um período
de ufanismo brasileiro que projeta o Bradsil como país moderno.
Na fase desenvolvimentista nasce' a cidade de Brasília,sede db governo federal que sai do Rio de Janei
ro. Cidade construída sob uma concq)ção mortemista passa a influenciar o desenho urbano das grandes cida
des brasileiras da épocsi.
Porto Alegre ganhou em 1959 o seu Plano Diretor, orgulhando-se de ser a primeira cidade brasileira a
contar com um plano deste tipo, definido por lei municipal. Numa tentativa arrojada era buscada a solução pa
ra os problemas urbanos de forma global e planificada, atingindo suas áreas centrais e periferias. Projetando
no plano regional as influ^cias do desenvolvimentismo na cmistrução do urbano, o plano baseou-se na cons-
94
trução de grandes artérias radiais e aVenidas peiimetrais, emobras de aterro na orla^o Guaíba, de canalização
e na construção da ponte de Porto Alegre-Guaíba.
Os prédios que se construíam revelavam os traços de uma arquitetura moderna onde concreto e vidi;q
contrastavam coma permanência de uma estrutura urbana aindaacanhada para as novas demandas. '
Os anos 50 assistem a ascensão de uma democracia tendo por base a idéia de uma cooperação harmôni
ca entre as classes e, como projeto, a perseguição dos fins sociaisde progresso e paz social. Capitalismo, na
cionalismo e industrialização eram, assim, os três eixos básicos que norteavam a vida brasileira conduzindo
em seu bojo a consolidação da burguesia enquanto classee atrelamento das classespopulares pelo Estado.
As classes médias urbanas e a burguesia passam de forma categórica a vivera euforia do momento, em
baladas pelo sonho dos "anos dourados": desfiles de misses, concursos de beleza, bailes de debutantes, corri
das de cavalo, as matinês nos cinemas na Rua dos Andradas, as festas no Clube do Comércio. Está-se assim,
no tempo da "brotolândia", e de influência da cultura americana nas manifestações da juventude da época.
Juventude esta, então, denominada de "transviada".
Os anos 60 colocam o Brasil face ao advento da televisão desalojando a antiga era do rádio. A vida no
turna porto-alegrense é traçada a partir da boêmia das classes populares e dos night clubs das classes mais
abastadas, enquanto a juventude passava do rockao twist.
Porto Alegre by night se revela aos olhos de seus habitantes como uma cidade cosmopolita. Acertaro
passo com a história, modemizar-se, num período repleto de contradições sociais, de instabilidade política e
de uma profunda crise econômico-financeira vivida pelo país, era o desafio da maioria dos grandes centros
urbanos do Brasil.
A influência do capital estrangeiro na economia nacional trouxera emseubojo influências sobre a cultu
ra nacional-populardos anos anteriores. As cidades, brasileiras, como Porto Alegre, passaram a adotar no seu
imaginário urbano os padrões da cultura americana, de urna sociedade de consumo.
Nas periferias o espetáculo era outro, retraduzido pelas condições de existências das massas populares
que viviam em cortiços e favelas. A vida nos morros destinava a essas vivências urbanas um papel secundá
rio. Eram mais atores coadjuvantes que atores principais. Para elas destinavamrse as rinhas de galo, os bares
da boêmia do samba urbano, os carnavais de rua já em decadência. O Parque Farroupilha há muito abandona
do pelas elites, aos domingos era o lugar de lazer destes segmentos sociais. Os "cabarets" e as peladas dê
várzea eram outros destes territórios.
A burguesia da ordem urbano-industrial na sociedade da época, com a conseqüente migração das popu
lações rurais para a cidade contribuíam para formarbolsõesde miséria na periferia da urfoe. As vilas popula
res inchavam e se tomavam focos de crescente tensão social.
Segundo a ótica nacionalista que fora inqjlantada no país com o modelo getuliano de desenvolvimento,
contrapartida econômica da democracia populista, o Brasil conseguira atingir um novo patamar que lhe per
mitirasuperar as condições de dependência externa.
O governo já tinha implantado, na década de 40, um setor de bens de produção e na década seguinte
inaugurava um dinâmico setor de bens duráveis e semiduiâveis. A nação modemizara-se, a burguesia fortale
cera-se com as associações com o capital intemacional.
95
Mas entie o ideário e a cealidíde, havia um desconqmso.
Áo longo dos governos populistas, oconeram oscilações da política econômico-financeiia e das estraté
gias de desenvolvimento econômico brasileiro, que revelavam a interveniência de três ordens de fatos: a pres
são externa do caintal monopolista, que desmantelou a proposta nacionalista; as cisões no interior da burgue
sia, que 'de nacional optou progressivamente pela internacionalização; as pressões desde baixo, da sociedade
civil, a partir do momento em que a política de massas abriu caminho para uma ação efetiva das classes,
ameaçando a ordem histórica.
A crise se instalou e a industrializaçãoatingida se aconq)anbar da inflação e da instabilidadesocial.
Nas ruas, de Porto Alegre, o povo reclamava das condições de vida e de trabalho na cidade: o movi
mento estudantil, atravésde passeatas, discutia os problemas de educação do país e os operários retomaram o
movimento sindicalcontra o arrocho salarialque finarniava a euforiado período.
Nas elites nacionais o que transpirava era o temorcom a esquerdização da política brasileira, a an^aça
da participação das classes populares nesta arena política.
A queda desta nova democracia populista é vivida de forma traumática pelos habitantes da cidade de
Porto Alegre. O nmvimento da "legalidade" an defesada posse de João Goulartà presidência, após a renún
cia de Jânio Quadros que sucectera a JK, colocou a cidade "em prontidão". A cidade defendia mais umavez
um gaúcho nogoverno do país.
Este período em que João Goulartgovernou representou para o pa& e a cidadeum momento de grandes
tensões sociais, de greves e passes^ face à oise da sociedade brasileira.
Em resposta ao agravamento das crises sociais, políticas e econômicas que afetavam o país, ocorreu o
golpe «"«titar de 64 e o início do período autoritário. Suspenderam-se os direitos civis, o país entrou emestado
^ ririo e declaram-se os atos institucymais n- 1,2 e 3 com as liberdades democráticas suspensas. Os militares
revezavam-se no poder.
Os anos que se seguem são difíceis. O regime militar endurece e a sociedade civil desencadeia um mo
vimento de resistência. Porto Alegre tem seus movimoitos estudantis secundarista e universitário vigiados,
seus parlamentares cassados e líderes sindicais perseguidos. As áreas centrais da cidade e o Campus Univer
sitário tomam-se áreas de enfrentamento político: civis e militafes se contrapunham num conflito aberto nas
ruas da cidade. Viveu-se um clima de profundas crises e novas formas de violência urbana. O célebre ano de
68, que nas maiores capitais dos países europeus resultou numa grande crise em suas instituições, teve no
Brasil r^rcussões funestas. Surgiu o Al-S. O paísencontra-se emestado de sítio.
Emresposta às violentas crises dâ'sociedade brasileira os goyemos militares acenam com promessas de
tranqüilidade e pazsocial. Parte dessas promessas referem-se aosoiiho de inúmeros brasileiros que habitavam
os grandes centros urbanos; a casapn^pria. Surge o BNH e as habitações populares.
Da feição da (temocracia populista dos anos 50, Porto Alegre como outras cidades brasileiras guardam
sonhos e promessas que se (trans)figuraram ao longo da feição autoritária que tomou a vida urbana do país.
Porto Alegre, como o restante do país, estava "emprontidão".
96
A morte de Getúlio Vargas causou uma comoção em A força do povo nas ruas: com o suicídio de Vargas, as
Porto Alegre: a destruição atingiu empresas manifestações no centro da cidade põem à mostra os
estrangeiras, os partidos e jornais contrários à política "órfãos" do "pai dos pobres".
getulista.
Passeatas de estudantes: intensas manifestações
incorporam na vida da cidade a forma democrática de
discusão dos problemas do país.
3h -'i • ái'
.í»'
t-U
!'• .í'' i
CORREIO DO POVOl
•f.
ir-
960-1964
atrações dos anos sesse
li
'í*.
S:.
Uma nova m ite dos
porto-alegre: fotes ligados.
câmaras proí
•»!s,^
'•> .:L ' •
ST
1?^
Encouraçado Butikin, a boate da moda.
1
s/7 • J
1960-1964 ..
Aemergência do povo na vida política
da cidade: a queda de uma democracia
í* i
4? ^
CORREIO DO POVDi
1960-1964
Os contrastes da cidade: o centro,
o "bairro nobre" e a periferia
Piano Diretor-
Leis204669e
2330/616
extensões
A,B,Cea
m
A modernização de Porto Alegre incorpora novas
áreas. Com isso, surgem as ampliações no Plano
Diretor buscando o controle da cidade.
«Bwiymew
•mo... j» , n ',
ilsm'. 4«M mm
tiyí '
r<-
111
dum
í
vr -
Jl
.->T'
mr'
Em meio à inflação, as greves e o
aprofundamento de tendências de
esquerda; é dado o golpe militar de
64. O primeiro presidente do novo
regime, Gen. Castelo Branco visita
Porto Alegre.
1^:
L'^ 1^''
h- .rVl H
V,
Após as enchentes de 1966, surge a Vila
Mapa, obra social da gestão Célio
Marques Fernandes.
i.Ííí^*',tí Surge
^^^SnÊS£'^jiííí.'ííímjt' *
oBNH: as habitações populares
mru1Írír*Qr»-l o An n^AnAn
modificama paisagem da cidade,
(Correio do Povo)
1970-1990 / ÍDes karacterízação
O novo e o eternamente igual
Os anos 70 se inauguram sob a inspiração do mUagre econômicoe a intensa repressão a guerrilhas nas
áreas urbanas e rurais. Seqüestras e atentados políticostêm lugar nas maiores cidades do país e inim^ros mo
vimentos de protestos ocorrem.
Concomitantemente à censura de imprensa, às prisões e às torturas, o pa& vivência a euforia "verde-
amarela" nos canais de comunicação de massa, principalmente a televisão, com mensagens de otimismo e
confiança que divulgavam a idéia de um "Brasil grande". Â população brasileira era convidada: "Brasil,
ame-o ou deixe-o".
BrasU, país que ninguém seguravae que indo "pra fiente", eoqneendia a construção da RodoviaTran-
samazônica e a Usina Hidrelétricade Itaipu. Vivia-se a idéia de grandes projetos monumentais para o país e a
euforia econômica ocorrida às custas do acelerado endividamento externo bem como do fortaledn^nto do
setor estatal na área energética.
A construção degrandes estádios de futebol - Uma mania nacional após o Brasil tomar-se tricampeão do
mundo, em 1970 - e de rodovias remodelavam a feição da sociedade brasileira. Porto Alegre ganhava o está
dio Béira-Rio e afree way Porto Alegre-Osório.
A face do milagre econômico estava voltada também para a cidadede PortoAlegre. Os anos 70 resulta
ram numa descaracterização de proporções gigantescas na paisagem da cidade, com viadutos, pmimetrais,
elevadas e túr^is. Retiram-se os bondes - símbolos do atraso, mesmo f^ à crise mundial de petróleo - im
plementa-se o transporte público, basicamente através de ^bus.
Nessas transformações, a área central da cidade perde sua fisionomia antiga que ainda resistia ao im
pacto da modernização urbana: sucumbe o antigo abrigo de bondese suas floristas; a área do Mercado Públi
co e da Praça XV passam a ser lugar de terminais de inúmeros ônibus que afluem ao centro; a "Rua da
Praia" cantada por poetas da cidade se transformava em "calçadão", conro tanú)ém a Praça da Alfândega e
Praça Otávio Rocha; constrói-se a rodoviária e suas elevadas; o túnel da Conceição ocasiona novas demoli
ções, e o muro da Avenida Maná retira da comunidade Iqçal o acesso ao porto. A Avenida Praia de Belas re
desenha um novo contorno urbano.
O lema é a modernizaçãoda cidade, seguindo os pãssos de um "Brasil grande".
A euforia econômica atinge também as camadas médias urbanas que, através do sistema de vendas a
crédito, têm acesso ao consumo de bens duráveis couro os^automóvei^je^s eletrodomésticos. A televisão a co
res com seus programas via Embratel entra nos lares como moda da época. Crescem em Porto Alegre, como 113
no resto do pa&, os supenneicados comuma nova estrutura de marketing a venda de bens de consumo não-
duráveis.
É neste clima de euforia que nasce o período áureo da "esquina maldita", lugar de contraste com a fase
do mflagre econômico, onde a intelectualidade e os artistas se encontram para debater as questões políticas
locais e nacionais. Próxima ao Campus Universitário central, para lá migravam os contestadores da época.
Entretanto, a sociedade de ctmsumo ganhava proporções singulares e comela nasciaumaforte indústria
cultural capaz de produzir e vender bens culturais bem áo gosto internacionalizado das elites nacionais e das
classes populares.
O esgotamentoda era do milagre econômico do governo do general Médici é assinalado com a proposta
de uma abertura polMca, "lenta e gradual" do regime militar rumo à redemocratização do país. A palavrade
ordem era a "dístensão".
A ascensão ao poder do general Ernesto Geisel culminou com o declínio do espáito do milagre e o es
boço mais claro de uma profunda criseparao país,resultante da desigual distribuição de renda e da especula
ção financeira do período anterior de euforia. O regin» militarprociuava o processo de redemocratização sem
perder, entretanto, as rédeas do poder. Haviam sido previstas eleições diretas para governo de estado, em
1974, que foram suspensas. Mais de uma vez o Congresso era fechado, usando-se o AI-5. O governo militar
argummitava que era preciso, em período de crise, garantir as "salvaguardas constitucionais".
O atro de 1978foi decisivonos^rumos da abertura. Desta vez era a sociedade civil que buscavaacertar o
seu passo com a história. Condenava-se o autoritarismo e apostava-se na redenKx;ratização, buscando assegu
rar seu lugar de homa no reordenamento institucional do pr^.
Surgem movimentos sociais que davam conta deste espaço de participação da sociedade civil na vida
política brasileira. Estudantes, intelectiúiis e artistas mobilizam-se. Os sindicatos novamente entram em cena e
a greve do ABC paulista faz emergir novas liderançasde esquerda.
Chegam ao fim os anos 70. Sob o signo da aberturaassume a presidência do país o generalJoão Batista
Figueiredo. Em agosto de 1979, surge a Lei da Anistia, permitindo a volta ao país de velhospolíticos (Leonel
Brizola, Miguel Arraes e Luís Carlos Prestes) e de novos personagens do movin^nto de esquerdados anos 60
como Fernando Gabeira.
Em Porto Alegre começa o movimento local "Deu pra ti anos 70" que comemorava o fim da década. A
geração que crescma com o AI-S e os deserdados dos anos 60 e 70 reclamavam um outro país e uma outra ci
dade em seus sorihos. V
É no fundos anos 70 (197^ que á''cidade ganha %u 2- Plano Diretor, que como o de 1959, propunha
formas de normatização para o espaço urbano, mas que seria o primeiro Plano Diretor de Desenvolvin^nto
Integrado, incluindo novos espaços de atuação do poder público sobre a feição urbana de Porto Alegre. Cria
vam-se normas para o parcelamento do solo urbano, além de diretrizes para seu uso e ocupação. A cidade é
pensada a partir de áreas com funções definidas: habitação, indústria, comércio, serviços, recreação e lazer,
etc., ordmiadas segundo um sistema de paralisaç^. Procura-se a modificação da estrutura de ocupação urba
na, até então centrada na força das antigas radiais, com a inserção de perimetrais que redefinem, também, as
relações entre os diversos espaços da cidade.
114
A década de 80 se instala com a fonnação de novos partidos, a determinação dp eleiçõesdiretas para os
governos de estado e presidência do paíis e uma intensa mobilização da sociedarte dvil.
Em 1982, se realizam as primeiras eleições diretas para os estados com os partidosde oposiçãoobtendo
expressivas vitórias nos principais centros urbanos do pa&. Sob a liderança do PMDB, em 1983, inicia-se ò
movimento das "Diretas Já", visando à sucessão presidencial do general Figueiredo e granjeando o apoio das
forças de oposição ao regime militar.
Em Porto Alegre, como nas demais capitais brasileiras, realizam-se inúmeros comícios. O território
conpreendido entre a Avenida Borges de Medeiros e a Rua dos Andradas passa a se denominar de "esquina
democrática". Este espaço, em diversos outros momentos políticos inq>ortantBS para a cidade, irá servir de
palco para os debates políticos e sociais.
Comícios e caminhadas pelas "diretas" agitam os maiores centros urbanos do país. Entretanto, o Con
gresso, composto basicamente por forças da situação, decide pelas eleições presidenciais de forma indireta.
Surge a candidatura de Tancredo Neves, proposta pela oposição, articuladacom a figura de José Samey para
a vice-presidência.
^ março de 1985, o Congresso Nacional dá a vitória a Tancredo Neves e inicia-se a fase chamada de
Nova República. Segue-se a morte de TancredoNeves e a posse de José Samey à presidêimiada república.
Os anos posteriores, a sociedade brasileira viverá sob o iirpacto das grandes crises monetárias
porque passam os países do terceiro mundo e dos seus reflexos na ordemeconômica nacional. Adotam-se, pa^
ra o pais, planos econômicos que buscavam um ajustamente fiscal e monetário associados a estratégias de li
beração comercial e financeira.
Era o clima internacional especulativo que inqilementava nos paí^ em desenvolvin^nto, como o caso
brasileiro, o aumento de cifras no seu endividameiúo eterno e a transferência de vultosos juros para o paga
mento desta dívida.
Porto Alegre, como de resto em todo o pais, assiste à crise da sustentação da política habitacional dos
anos anteriores e da construção de grai^es conjuntos habitacionais para populações de baixa renda. Ctegam
ao fim os grandes invesfimentos em áreas enormes da periferia urbana da cidade, construídos num esforço
único de inqilantar "cidades" inteirasdentro de vazios urbanos, aliado a um processo de remoção de áreas fa
veladas na parte central de Porto Alegre. —
A remoção de "favelados" encontra, por um lado, a resistêiKÚa dos movimentos sociais na área urbana.
Por outro lado, a proximidade do fim destas soluções pelo poder público acaba por ter como resultado o
abandono de conjuntos residenciais ainda em fase de construção, e a sua invasão por populações "faveladas"
das áreas urbanas da cidade era o sinal dos tempos de crise na sustentação da política habitacional brasUeira,
que redundará na extinção do Banco Nacional de Habitação. Começa a se esboçar o tema da reforma urbana
que vem no bojo das antigas questões da reforma í^grária e das migrrções da população rural para as grandes
cidades.
Na tentativa de estabilização da economia nacional siirgem o Plano Cruzado, em feverdro de 1986, e o
Plano Verão (Cruzado Novo), em janeiro de 1989, os quais criam atrav^ de p2KX)tBS econômicos novas
moedas.
115
o nascimento, já nos períodos anteriores do regime militar, de grandes empresas passa a ser acompa
nhado do surgin^nto de graiKles bancos,sindicatos e centrais de trabalhadores. Também cresce a atuação dos
movimentos sociais no canqH) - "os sem-teira" - e na cidade urbana. Áreas urbanas e rurais são invadidas,
acompanhando as tentativas governamentais de conqror novas regrasda gestãoeconômica do pars face às no
vas realidádes do mercado internacional e nacional.
No Rio Grande do Sul o crescimento do desequihlirio no campo e dentro das fronteiras de suas áreas
urbanas conduzem à proliferação de favelas e vilas, às invasões nas cidades, ao aumento da violência urbana
e aos altos índices de criminalidade e mendicância.
Fora da paisagem da periferia urbana de Porto Alegre, os antigos bairros crescem verticalmente sendo
ocupados seus bolsões de áreas vazias. Surgem ós condommios horizontais, alguns em área antes ocupadas
por favelas, convivendo lado a lado com os restantes de seus moradores.
Esta é ainda a época dos shoppings center^ que possibilitam às camadas médias urbanas e as classes
abastadas a participação num mercado de consumo sofisticado, em ambientes protegidos da marginalidade,
cada vez mais presente na área central de Porto Alegre. As atividadescomerciais e bancárias se estendempa
ra os bairros que mudam suas antigas feições. A Praça da Alfândega, Praça XV, Praça DomFeliciano de lu
gares do espetáculo burguês transformaram-se em lugares de prostituição, de desenq)regados e biscateiros. A
presença do Moinado Público é reforçada em suas antigas fimções tanto quanto o Parque Farroupilha, antes
abandotiado pelo desfile burguês e que agora passa a concentrar o coração da vida urbana local, aos fins-de-
semana.
Os grandes encontros da massa citadina passam a seratualizados nos novos parques, surgidos na década
anterior: o Parque da Harmonia e o Parque Marinha do Brasil, enquanto que o Parque Moinhos de Vento é
um reduto do jogging da elite. a
As grancbs cidades brasileiras não se tomam apenas uma mercadoria de intensa exploraçãoeconômica,
valorizando-se cada vez mais o solo urbano, mas um produtocuja ambiência é vendidapela mídia. Em Porto
Alegre, os bares do Bomfim, da RUa 24 de CXitubro e da Cidade Baixa retraçam o caráter das antigas boê
mias, agora com novas feições. Yuppies, darirs, punks háb^am esta cena noturna da cidade.
É o período das associações de bairros, dos shows musicais, dos "bailões", do "brique da
Redenção", e do ressurgir dos centros de tradições gaúchas (CTGs). As "tribos urbanas" mobilizam o espe
táculo da cidade e os grafiteiros informam, com suas inscrições nos muros de casas e edifícios, mensagens
daambiência local, sob a inspiração universal dos movimentos de contracultura dos anos 60.
Completado a cena urbana da cid^ de Porto Alegre surge a outra face do "viver em cidades", gran-
dèrr^nte veiculado pela mídia no país cmno um todo: a criminalidade e a violência urbana. Mendicância, me
nino de rua, drogas, assasslnsúos e assaltos abundam taníbém na paisagem urbana de Porto Alegre. O Bairro
Bomfim, os morros e favelas que circundam a cidade e a sua área central são muitos dos focos recorrentes
deste discurso.
Unindo-se a esta ambiência. Porto Alegre vive um momento de redefinição das questões locaise nacio
nais e eternamente, Porto Alegre é palco dos debates maiores que perpassam as grandes capitais do país. A
Praça da Matriz, antigo e novo centro cívico da cidade, é palco do aconqranhamento dos "sem-terra", dos
116 professores do magistério emgreve e das mulheres do campo em prol da defesa de seus direitos sociais.
Cada vez mais o processo de democratização do pafs coloca a sociedade brasleita na temporalidade dos
grandes continentes. Os anos de 1988/89, no palco internacional, tematizam movimentos do caráter transna-
cional: anistia (1988). Todos, sem dúvida, incidem nos grandes centros urbanos do paús, gerando e influen
ciando novos comportamentos sociais e políticos.
Chega-se ao apagar das luzes dos anos 80 com a sociedade brasileira em preparativos para a sua prin^i-
ra eleição presidencial, após 25 anos, agora de forma direta e realizada em dois turnos.
O cenário que antecede ao pleito eleitoral se complexifíca face à crise do pafs do âmbito da economia
internacional e nacional. Em Porto Alegre, no interregmm da realização dos dois turnos, a área central é as
solada por um intenso "quebra-quebra" de proporções^ só vividas pela cidade no mon^nto da nK)rte de Getú-
lio Vargas, em 1954. Apenas algims dias após o ocorrido,este mesmo território é ocupado por uma massa ur
bana que participa do último comício de encerramento da caoq>anha eleitoral à presidência da República, em
Porto Alegre, sem nenhum transtorno à vida urbana que não a inversão simbólica de sua ocupação rotineira.
No apagar das luzes desta década, em 1990, ascende à presidência da República, por voto direto, Fer
nando CoUor de Mello com o compromisso polêmico de conduzir o pafs ao estatuto de uma nação de prin^iro
mundo. O Plano Brasil Novo nasce, e com ele a antiga moe<te: o cruzeiro.
Neste longo percurso, a cidade de Porto Alegre reflete o conflito permanente entre homogeneização e
contraste. A cidade retraça seus espaços e vivâicias, os inúmeros territórios em que grupos humanos habitam
e se encontram, agora como parte de uma sociedade nacional cada vez mais polarizada entre o local e o uni
versal, entre o novo e o eternamente igual.
117
1970-1980
Omilagre brasileiro e suas contradições na cidade
X
AV. PERIMETRAL
TRECHO B
:M.k-1
#J6sfc>A.,
1970-1980
Avontade de ser metrópole:
as Intervenções em larga escala
^tSm
BT:
•I
7" ...
» ;
(Lei 43/79-Modekí
espacial proposto)
• n;\c."iFA!S
fX^^LOSCOMERCIAIS
'RABAIHO-INDUSTRIA.
COMEROO. SERVIÇO
70r«AuR8ANA DE OCUMÇAO
EXTENSIVA e RURAL
t
Divisão territorial
I-ACAO INTINSIVA
liliANA
tAÇAOtXTf.N«.IVA
CORREIO DO POVO I
A passagem foi de graça; a última viagem do bonde da linha Glória. (Daniel de Andrade)
K
U
n-
Ll» ^•
1980-1990
Os velhos 8 os novos territórios
da vida coletiva da cidade
BB
Y V
Os novos territórios do
Bomfim. (Joselito Araújo)
^ ^ • -—'5 • V V'
O palácio do consumo e as
novas formas de práticas
sociais em recintos
fechados: o Shopping
Center muda hábitos da
cidade. (Joselito Araújo)
M , í
/ 1. !(i .. t .J..r
1980-1990
Os lugares da doença na "metrópole'
violência e criminalidade
mtt .títç®ír"t5í3r
llg ""rp ' ip o esgotamento da política habitacional
brasüeira; a invasão de conjuntos residenciais
r T-:'.- ; ,. r-i •^,- ^
se alastra. (Daniel de Andrade)
O menor abandonado.
(Daniel de Andrade)
•1 W
1980-1990
O processo de redemocratização na cidade:
o re- encontro do centro de Porto Alegre
Na campanha presidencial, os ânimos se acirram e pretendem
tumulmar o processo eleitoral; o quebra-quebra de novembro de 89. como cenário da vida política
(Correio do Povo)
«maa li» =E» » as:. . «, • 'jkw' í K* /^Ák trt
, 1 'V.' ^
r . ikíJ OORitElODOPOVI
CORREIO DO POVOl
No sonho teimoso da cidadania o centro de Porto Alegre em
dias de gala: os comícios da campanha presidencial de 89.
(Correio do Povo)
S"" "iiriis
CORREIO DOPOig
Fontes do material iconográfico
Revistas O Rio Grande do Sul em 1852. Aquarelas de HennannrRu-
Kodaky ano 2. Porto Alegre, 1918. dolfWendroth. Guaiba, RioceU, 1982. I
Egatea^ revista da Escola de Engenharia. Porto Alegre, Porto Alegre. Atelier CaUegarí. Porto Alegre, Milano,
1919-29. Tecnografía, s.d.
Rio Grande do Sul emRevista. Porto Alegre, Globo, 1930. Série raízes gaúchas. PortoAlegre, Painel, s.d., v.l e 2.
Revista do Globo. EdiçãoespeciaL A Revolução de Outu
bro de 1930. Livros
Imagens e Documentos. Porto Alegre, Barcellos, Bertaso DEBRET, Jean Baptiste.VÍKige/if pitoresca e histórica do
& Cia, 1931. Brasil. São Paulo, Martins, 1949,2v.
Revistado Globo. Porto Alegre, Globo, 1938-67. DOMECQ, Monte. UetatduRio Grande duSud. Barcelo-
O Cruzeiro, ano 25. Rio de Janeiro, 25 outubro 1952. ne,Établissement d* ArtsGraphèques. Thomas, 1916.
Manchete, n- 124. Rio de Janeiro, 4 setembro 1954.
PY,AuréKo. O nazismo noRio GrandedoSuL Sji.t
O Mundo Ilustrado, ano 2, n.84. Rio de Janeiro, 8 setembro FORTINI, Archymedes. Revivendo o passado. Porto Ale
1954.
gre, Sulina, 1953.
Manchete, n- 128. Rio de Janeiro, 24 de outubro 1954. RUSCHEL,Nilo.Rua da Praia. Porto Alegre, s.e., 1971.
SPALDING, Walter. Pequena história de Porto Alegre.
Manchete, ano 14, n. 780. Rio de Janeiro, 1- abril 1967.
Porto Alegre, Sulina, 1967.
OLIVEIRA, Clóvis Silveirada. Afundação de Porto Ale-
Jornais
A Federação. Porto Alegre, 8/10/1906. gre:dados oficiais. Porto Alegre, Norma, 1987.
A Lucta. Porto Alegre, 7/9/1935.
SILVA, Jo^ Loureiro. Um piam de urbanização, 1943.
A Revolução. Porto Alegre, 7/10/1936.
Colaboração técnica do urbanista Edvaldo Pereira Paiva..
Porto Alegre, Globo, 1943.
Correio do Povo. Porto Alegre, 1/5/1932, 20/9/1932,
4/12/1932, 14/12/1932, 2/2/1933, 9/3/1933, 6/5/1933, SILVA, Mansy de Castro. Rio Grande doSuk imagem da
15/5/1933,21/5/1933,28/5/193^ 30/5/1933,24/3/1933. terragaúcha. PortoAlegre, Cosmos, 1942.
Zero Hora. Porto Alegre, 15/1/1989, 22/6/1989, XAVIER, Alberto & MIZOGUCHI, Ivan. Arquitetura
25/6/1989,30/6/1989,1/7/1989. moderna emPortoAlegre. SãoPaulo, Pün, 1987.
PORTO ALEGRE, Achylles. História popular de Porto
Álbunse publicações comemorativas Alegre. Porto Alegre, s.e., 1940.
Álbum da Exposição, 1901, sji.t Outras publicações
Álbum do Estado do Rio Grande do Sul, W. Regis (org.). Porto Alegre: planejar ^gra viver melhor. Prefeitura Mum-
Porto Alegre, Globo, 1928. cipal dePortoAlegre. Adm. Guilherme SodasVilela.
Recordações de Porto Alegre. 1- Centenário da Epopéia Porto Alegre: prefeitura municipaL Secretaria Mumdpal
Farroupilha- 1835-1935. Porto Alegre, Globo. Obrase Viação. Projeto Renascença. PortoAlegre.
Porto Alegre: biografia de uma cidade. Porto Alegre, Ti Nosso século 1910-30. São Paulo, Abrü Cultural.
pografia do Centro, 1940.
PortoAlegre: retratode uma cidade. Prefeitura Muniâpal. Instituições quecontrlbofram para obtenção defontes
Bicentenário da Colonização da Cidade. Porto Alegre, Acervo Fotográfico do Museu de Porto Alegre
Globo, 1940. Fototeca do Núdeo de Documentação e Memória So-
Porto Alegre: monografia. Walter Spalding (org.). São dal/PROREXT-UFRGS
Paulo, Habitat, 1953. Mapoteca daPrefeitura Municipal dePorto Alegre
Álbum do Bicentenário da Câmara de Vereadores de Porto Acervo Fotográfico do GEDAB - Faculdade de Arquite
Alegre: 1773^1973. Francisco Riopardense de Macedo tura
(org.). Porto Alegre, Oficinas Litográficas do Departa Acervo Fotográfico da Companhia Caldas Júmor
mento Municipal deÁgua e Esgptos, 1973. A^bervo do Arqttívo Histórico de Porto Alegre 135
.N !•!
•/
Palio 1'
Av. Plínio Brasil Milano, 2145
Fone 41-0455 - P. Alegre • RS
7/
Falar de uma cidade
é falar de um tempo, de um espaço,
de relações sociais, de novos valores
e da produção de imagens.
Tudo passa a ter um valor simbólico
que se orienta pelas regras da urbanidade.
Memória Porto AJegre: espaços e vivências
realiza um inventário das diferentes
fomnas urbanas de Porto Alegre,
de suas socialidades coletivas cotidianas
e de seus espaços existenciais
enquanto tenitórios que enraizam
os experiências do viver em cidade.
ISBN 85-7025-209-9