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É preciso supor aqui, a partir desta afirmação: o Eu não existe desde o começo do
indivíduo – o Eu tem que ser desenvolvido. No entanto, os instintos autoeróticos são
primordiais ENTÃO DEVE HAVER ALGO QUE ACRESCENTA AO
AUTOEROTISMO, UMA NOVA AÇÃO PSÍQUICA, PARA QUE SE FORME O
NARCISIMO.
Um conceito básico (ainda que um tanto obscuro) na psicologia que não podemos
dispensar é o de instinto [Trieb]. Freud tenta, aqui, preenchê-lo a partir de ângulos
diversos.
*Primeiramente, a partir da fisiologia:
“Ela nos deu o conceito de estímulo e o esquema do arco reflexo, segundo o qual um
estímulo que vem de fora para o tecido vivo (substância nervosa) é descarregado para
fora por meio da ação. Esta ação se torna apropriada na medida em que subtrai a
substância estimulada à influência do estímulo, afasta-o do raio da ação dele” (pp. 40-
41).
Agora, se discute alguns termos utilizados em relação com o conceito de instinto, tais
como: impulso, meta, objeto, fonte do instinto.
*Impulso de um instinto O seu elemento motor, a soma de força ou a medida de
trabalho que ele representa. O caráter impulsivo é uma característica geral dos instintos,
é mesmo a ESSÊNCIA deles. [todo instinto é uma porção de atividades, ativa ou
passiva]
*Meta de um instinto SEMPRE a satisfação. Esta pode ser alcançada apenas pela
supressão do estado de estimulação na fonte do instinto. Mas embora essa meta final
permaneça imutável para todo instinto, diversos caminhos podem conduzir à mesma
meta final, de modo que um instinto pode ter várias metas próximas ou intermediárias,
que são combinadas ou trocadas umas pelas outras.
A experiência também nos permite falar de instintos “inibidos na meta”, em processos
que são tolerados por um trecho de caminho, na direção da satisfação instintual, mas
que logo experimentam uma inibição ou desvio. É de supor que uma satisfação parcial
também esteja ligada a esses processos.
*Objeto do instinto Aquele com o qual ou pelo qual o instinto pode alcançar sua
meta. É o que mais varia no instinto, não estando originalmente ligado a ele, mas lhe
sendo subordinado apenas devido à sua propriedade de tornar possível a satisfação. Não
é necessariamente um objeto estranho, mas uma parte do próprio corpo. Pode ser
mudado frequentemente, no decorrer das vicissitudes que o instinto sofre ao longo da
vida; esse deslocamento do instinto desempenha papéis dos mais importantes. Pode
ocorrer que o mesmo objeto se preste simultaneamente à satisfação de vários instintos, o
caso do “entrelaçamento instintual”, segundo Alfred Adler.
*Uma ligação particularmente estreita do instinto ao objeto é qualificada de “fixação”
do mesmo. Ela se efetua com frequência nos períodos iniciais do desenvolvimento
instintual e põe termo à mobilidade do instinto, ao se opor firmemente à dissolução do
laço.
*Fonte do instinto O processo somático num órgão ou parte do corpo, cujo estímulo
é representado na psique pelo estímulo. Não se sabe se tal processo é normalmente de
natureza química ou se pode corresponder também à liberação de outras forças,
mecânicas, por exemplo.
*O estudo das fontes de instintos já não pertence à psicologia; embora a procedência a
partir da fonte somática seja o mais decisivo para o instinto, na psique nós o
conhecemos tão só através de suas metas. Um conhecimento mais exato das fontes
instintuais não é estritamente necessário para fins de investigação psicológica. Às vezes
podemos inferir com segurança as fontes do instinto, a partir de suas metas.
A REPRESSÃO (1915)
*Um destino possível para um impulso instintual é encontrar resistências que buscam
torna-lo inoperante. Em determinadas condições, que passaremos a examinar mais
detidamente, ele chega ao estado da repressão. mais tarde se verá na rejeição
baseada no julgamento (condenação) um bom recurso contra o impulso instintual.
REPRESSÃO Um estágio preliminar da condenação, um meio termo entre a fuga e
a condenação (a fuga se daria contra estímulos externos).
“Por que deveria um impulso instintual sucumbir a esse destino?
Evidentemente, deve ser preenchida a condição de que a obtenção da
meta instintual produza desprazer em vez de prazer. Mas esse caso é
dificilmente concebível. Não existem tais instintos, uma satisfação
instintual é sempre prazerosa. Teríamos de supor condições particulares,
algum processo mediante o qual o prazer da situação é transformado em
desprazer” (p. 62).
*Assim temos uma repressão primordial, uma primeira fase que consiste no fato de ser
negado, à representante psíquica do instinto, o acesso ao consciente.
Com isso, se produz uma fixação; a partir daí a representante em questão persiste
inalterável, e o instinto permanece ligado a ela. Isso acontece devido às propriedades
dos processos inconscientes que discutiremos depois.
*O processo de repressão não é algo que ocorre uma única vez e que tem resultado
duradouro. Na verdade, a repressão exige, isto sim, um constante gasto de energia, cuja
cessação colocaria em perigo o seu êxito, de modo que um novo ato de repressão se
tornaria necessário.
O INCONSCIENTE (1915)