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pulsão (1915)
Pulsão
A pulsão é um conceito fundamental que aparece nos textos: A
sexualidade na etiologia das neuroses (1898) e na Interpretação dos sonhos
(1900); é conceituado nos Três ensaios (1905); posteriormente melhor
formulado nos Artigos de Metapsicologia - Pulsão e destinos da pulsão
(1915) e reformulado em Além do princípio de prazer (1920). A pulsão, no
que se torna pulsão sexual é estritamente consubstancial à dimensão do
inconsciente.
O conceito de pulsão é uma ficção teórica necessária para se entender
a Metapsicologia, não se trata de uma descrição da realidade, mas de um
conceito criado para explicá-la e responder problemas da clínica.
Freud diferencia Pulsão [Trieb] de Instinto [Instinkt].
INSTINTO
Padrões de conduta determinados hereditariamente pela ordem da espécie;
Ordem biológica, filogenética – ordem, norma
Objeto sexual: pessoa/animal do sexo oposto
Objetivo sexual: procriação, reprodução da espécie
União dos órgãos genitais obedecendo a um ritmo periódico de cio.
Desvio ao objeto e ao objetivo: perversão.
PULSÃO
Pressão: “Por pressão [Drang] de uma pulsão entendemos seu fator motor, a
soma da força ou a medida da exigência de trabalho que ela representa.”
(Freud, p.148) A pressão é o fator dinâmico da pulsão, o motor que impele ou
é impelido a uma ação específica que reduza a tensão.
O princípio de constância busca a estabilização, e a manutenção da
homeostase.
“De fato encontramos, na experiência, algo que tem caráter de
irreprimível mesmo através das repressões - aliás, se aí deve haver repressão é
que existe além algo que impulsiona.”(Lacan, 1964, p. 154)
Não se trata da pressão de nenhuma necessidade, não segue nenhum
ritmo como as necessidades biológicas. A pulsão exige uma ação que nada tem
a ver com um comportamento adaptativo, nem com funções biológicas, nem se
trata de estimulação do mundo externo. Diz respeito a uma excitação [Reiz]
interna. É o campo da energia potencial que atinge o Eu Real.
“A pulsão [...] nunca age como força momentânea de impacto, mas
sempre como uma força constante” (Freud, p.146) Essa força constante nunca
pode ser apagada mas pode dar destinos à essa quantidade de excitação.
A Libido é a energia da pulsão sexual, é a presença efetiva do desejo,
fundamental no processo primário. As exigências do princípio de realidade
dessexualiza as pulsões.
Meta: Reconhecemos a pulsão no psiquismo por sua metas. “A meta [Ziel] de
uma pulsão é sempre a satisfação [Befriedigund], que só pode ser obtida
quando o estado de estimulação presente na fonte do pulsional é suspenso.”
(Freud, 1915: p.148) Compreende-se a satisfação como redução de uma
tensão provocada pela pressão [Drang]. Em termos econômicos, trata-se da
descarga de energia acumulada.
Sabemos que os analisantes não se satisfazem com o que são, eles dão
satisfação a alguma coisa. Quanto à satisfação a meta é sempre atingida. Dão
satisfação à pulsão, e por essa espécie de satisfação se fazem sofrer mais. É o
paradoxo da pulsão.
Objeto: “O objeto [Objekt] da pulsão é aquilo em que, ou por meio de que
a pulsão pode alcançar sua meta. Ele é o elemento mais variável na pulsão e
não está originalmente vinculado a ela, sendo-lhe apenas acrescentado em
razão de sua aptidão para propiciar a satisfação. Em rigor, não é preciso ser
um outro [Fremd] objeto externo, pode muito bem ser uma parte de nosso
próprio corpo.” (Freud: p.149) Por não ser fixo, pode ser substituído.
“Quando há uma aderência [Bindung] particularmente estreita da pulsão ao
objeto, utilizamos o termo fixação [Fixierung] para designá-la.
Ordem do desejo para o qual não há objeto determinado, mas seguem as
“trilhas que as pulsões do Eu lhes deixaram indicadas”. (Id: p.151)
Na medida em que é faltoso qualquer objeto pode se inscrever. Por não
haver objeto específico está ligado à história de vida do sujeito, àqueles que
satisfizeram as pulsões e se inscrevem como objetos de prazer, servem ao
seu desejo e suas fantasias.
O objeto “é o efeito da incidência da palavra sobre sensações provenientes
de estímulos externos”. Nesse ponto a pulsão se liga aos significantes,
inscritos em suas representações no Inconsciente. Os objetos podem ser: o
seio, as fezes, o olhar, a voz, a pessoa, uma pessoa, partes do corpo, pode ser
real ou uma fantasia.
Ao lado vemos a volta em circuito da
pulsão (Lacan, 1964, p. 169) :
O que será (À flor da terra). Simone. Face a Face. Faixa n° 01. Odeon: 1977.
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