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Karla Melissa Ulian Pinto

25/06/2014

Os Instintos e suas Vicissitudes


(1915)

O termo "instinto" esta aqui no lugar do alemão "trieb" que depois foi traduzido
da língua francesa como pulsão. Freud define pulsão como sendo um impulso
dinâmico que tem uma fonte, uma finalidade e um objetivo e descreve suas
implicações.
A pulsão exerce uma pressão constante (quantidade da exigência [de trabalho]
feita à mente) comparável a uma "necessidade que se dá para ser suprimida
via satisfação ou seja, a finalidade da pulsão é a satisfação. E o objetivo da
pulsão é aquilo em relação a que a satisfação é atingida é o mais variável do
instinto; originalmente não está ligado a ele, só lhe sendo destinado por estar
adequado à satisfação pode ser uma parte do próprio corpo do indivíduo; pode
mudar ao longo das vicissitudes do instinto; pode acontecer que um único
objeto sirva à satisfação de vários instinto ("confluência"); uma adesão muito
grande do instinto a seu objeto, se conhece como fixação.
Finalmente, como "fonte" do impulso pulsional " entende-se o processo
somático que é localizado em um organismo ou em uma parte do corpo e cuja
excitação é representada na vida psíquica pela pulsão". (p.128)
"A pulsão , só podemos conhecer, na vida psíquica, por suas
finalidades"(p.129).
O sistema nervoso tem a função de livrar-se de estímulos e excitações
conduzindo-as ao nível mais baixo possível, pois não é possível eliminá-los é
preciso produzir modificações do mundo externo de modo a propiciar as
satisfações exigidas por esses estímulos. Freud vai dizer que à regulação do
funcionamento do aparelho mental é submetido ao princípio do prazer ( que
significa a tendência para se desfazer de estímulos ) e modulado
automaticamente pelas sensações da série prazer-desprazer. A partir dessas
premissas Freud redefiniu o conceito de pulsão como " um conceito limite entre
o psíquico e o somático, como o representante psíquico das excitações,
oriundas do interior do corpo e que chegam ao psiquismo, como uma medida
da exigência de trabalho que é imposto ao psíquico em consequência de sua
ligação com o corporal".
• As pulsões de autoconservação e as pulsões sexuais.
Existem vários tipos de pulsões, mas Freud propôs dois grupos: O grupo das
pulsões do ego ou pulsões de autoconservação/autopreservação (cujo modelo
é a fome e a função de alimentação) e o grupo das pulsões sexuais.
Essa classificação não tem o caráter de postulado inevitável. Ela surgiu da
visão de que nas neuroses de transferência há uma oposição entre o instinto
sexual e o de autoconservação. Pode ser que o estudo das outras neuroses,
sobretudo das narcisistas, nos imponha uma outra visão dos instintos, mas por
hora nada nos induz a não fazermos a oposição acima entre instintos sexuais e
autopreservativos.
Essa oposição resulta do fato de que as pulsões sexuais que podem ser
satisfeitas em forma de fantasia e obedecer ao princípio de prazer se chocam
com o princípio de realidade representado pelas pulsões de autoconservação,
que só podem ser satisfeitas através de um objeto real. Posteriormente Freud
dará menos importância à distinção entre esses dois tipos de pulsões e ao
conflito que resulta disso na neurose.
• Os destinos das pulsões sexuais
Segundo Freud as pulsões sexuais sofrem os seguintes destinos: A
transformação no contrário, o retorno à própria pessoa, a repressão e a
sublimação. A transformação no contrário e o retorno à própria pessoa são
processos distintos, mas é impossível descrevê-los separadamente, explica
ele. O primeiro destino diz respeito à finalidade da pulsão, que pode se
transformar em seu contrário, o segundo destino diz respeito ao objeto que
pode ser uma pessoa independente ou a própria pessoa. Assim, se
considerarmos o retorno do sadismo em masoquismo, observa-se que o
masoquismo implica uma passagem da atividade à passividade e uma inversão
de papéis entre quem inflige o sofrimento e quem sofre. Freud em 1915,
acreditava que o sadismo fosse anterior ao masoquismo no processo do
desenvolvimento e não existindo masoquismo originário, como postulou em
1924. Neste texto ele ainda vai dizer que o sadismo seria uma agressão em
relação a outro no qual não existiria prazer sexual, e é somente no momento
masoquista que o sofrimento é acompanhado de excitação sexual; e se o
sádico experimenta um prazer sexual em causar dor, é por identificação com o
objeto que sofre.
Em relação ao amor e o ódio Freud tratava como uma questão de
ambivalência. "Amor e ódio quase sempre se dirigem simultaneamente ao
mesmo objeto, e essa coexistência fornece também o exemplo mais importante
de uma ambivalência do sentimento". O amor e o ódio são sentimentos e não
pulsões.
Uma mudança do conteúdo pode ser exemplificada pela antítese entre o amor
e o ódio. O amor tem três antíteses e não apenas uma:

·  amar  x   odiar (sujeito - objeto)


·  amar  x   ser amado (ativo - passivo)
·  amar, odiar  x   indiferença (prazer-desprazer)

O ego de puro prazer: o ego busca tornar interno tudo o que conduz ao prazer
e externo tudo que o contraria, tornando-se, assim, um ego de puro prazer. Faz
isso através de dois mecanismos: introjeção (põe para dentro de si todo o bem)
e projeção (põe para fora de si todo o mal).

Duas observações:
·  O amor e o ódio não são adequados para descrever relações entre instintos
e seus objetos, mas entre eles e o ego total. (O instinto não ama ou odeia;
apenas deseja. Quem ama ou odeia é o ego).

·  O amor se concentra afinal nos objetos que satisfazem os instintos sexuais


ou os instintos sexuais sublimados.

Descrevamos, agora, a gênese do amor e do ódio:


Do amor: amamos aquilo que satisfaz os instintos,a primeira fase é
incorporativa
depois, sobrevém o dano ou o aniquilamento a princípio, não se distingue do
ódio. Só depois da síntese da sexualidade se torna oposto do ódio.
Do ódio: é  mais antigo que o amor. Provém do ego narcisista primordial,
guarda relações íntimas com os instintos autopreservativos.

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