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A Pulsão e seus

destinos (1915)

Prof. Suzana Nardi


• A pulsão representa o conceito de algo que é limite entre
o somático e o psíquico (1905, Três ensaios...).
• Trata-se, portanto, de uma fonte de excitação que
estimula o organismo a partir de necessidades vitais
interiores e o impele a executar a descarga desta
excitação para um determinado alvo
• Ela se manifesta como uma força constante;Trata-se de
um conceito limite
• A natureza dessa força energética só pode ser conhecida
por meio dos seus representantes psíquicos. Assim,
transformando o somático em psíquico, com as
respectivas sensações das experiências emocionais
primitivas, o indivíduo vai construindo o seu mundo
interno de representações.
• Pulsão é o termo mais apropriado para a
tradução do alemão trieb.
• Mas é clássico mencionar o título do
trabalho em questão com o termo
Trieb “instinto”, o que vem a ser, portanto, uma
má tradução do vocábulo alemão.
• Freud empregava “Instinkt”, ele estava-se referindo aos instintos
biológicos que caracterizam o reino animal, tal como os conhecemos com
as suas características específicas por cada espécie.
• O instinto é filogenético e se traduz por uma ação que se realiza sem
prévia aprendizagem.

• Quando Freud referia-se a “Trieb”, ele estava aludindo a algo muito mais
abrangente e imanente, proveniente das profundezas inatas do ser
humano, sob a forma de impulsões (aquilo que propulsiona).
• Freud apresentou a ideia da ‘libido do ego’ (ou ‘libido narcisista’) que
catexiza o ego, em contraste com a ‘libido objetal’ que catexiza
objetos (catexia é a energia mental sobre uma representação, um
conteúdo de memória, uma sequência de pensamentos ou
encadeamento de atos)
• Agora podemos discutir alguns termos utilizados em relação
com o conceito de instinto, tais como: impulso, meta, objeto,
fonte da pulsão
• Por impulso de uma pulsão compreende-se o seu elemento
motor, a soma de força ou a medida de trabalho que ele
representa. O caráter impulsivo é uma característica geral das
pulsões.
• A meta de uma pulsão é sempre a satisfação, que pode ser
alcançada apenas pela supressão do estado de estimulação na
fonte da pulsão. Mas embora essa meta final permaneça
imutável para toda a Pulsão, diversos caminhos podem
conduzir à mesma meta final, de modo que uma pulsão pode
ter várias metas próximas ou intermediárias, que são
combinadas ou trocadas umas pelas outras
• A experiência também nos permite falar de pulsões “inibidas
na meta”, em processos que são tolerados por um trecho de
caminho, na direção da satisfação pulsional, mas que logo
experimentam uma inibição ou desvio.
O objeto da pulsão é aquele com o qual ou pelo qual a pulsão pode
alcançar a sua meta. É o que mais varia no instinto, não estando
originalmente ligado a ele, mas lhe sendo subordinado apenas devido à
sua propriedade de tornar possível a satisfação.
A fonte da Pulsão se compreende o processo somático num órgão ou
parte do corpo, cujo estímulo é representado na psique pelo estímulo.
Não se sabe se tal processo é normalmente de natureza química ou se
pode corresponder também à liberação de outras forças, mecânicas, por
exemplo.
• Freud postula a existência de uma tendência inerente ao organismo vivo
a reconduzí-lo à um estado anterior de coisas, ou melhor, fazê-lo retornar
ao estado original das coisas que é o estado inanimado, uma vez que a
vida compareceu como um elemento perturbador externo à esse estado
inicial (Freud 1920, págs 53-54).
• Essa pulsão será denominado Pulsão de Morte e através dela Freud irá
elaborar sua última teoria das pulsões, ao mesmo tempo em que
introduz a segunda tópica do aparelho psíquico. Nesta nova teoria, a
oposição não mais se dará entre pulsões sexuais, à serviço do princípio
do prazer e pulsões do ego, de caráter auto-conservativo, mas entre
Pulsão de Morte e Pulsão de Vida ( Freud, 1920, pág 73). Estas últimas se
contraporiam às de Morte, fazendo com que as unidades vitais
mantenham-se em funcionamento e constituam unidades cada vez mais
complexas e evoluídas, de modo a criar caminhos cada vez mais
afastados, ou desviados do objetivo final da Pulsão de Morte, que é o
retorno ao inorgânico.
• A Pulsão de Vida impeliria o organismo em direção à formas cada vez
mais diferenciadas, tendo um caráter unificador e, portanto de
natureza sexual.
• A Pulsão de Morte, pelo contrário, impele o organismo no sentido de
uma descarga imediata. Esta por sua vez resultaria, em última
instância, no esforço mais fundamental inerente à toda substância
viva que é o retorno ao estado inanimado, com a eliminação de toda
tensão existente (Freud, 1920, págs 53-61, 58-59, 83-85).
• Freud apresentou a ideia da ‘libido do ego’ (ou ‘libido narcisista’) que
catexiza o ego, em contraste com a ‘libido objetal’ que catexiza
objetos (catexia é a energia mental sobre uma representação, um
conteúdo de memória, uma sequência de pensamentos ou
encadeamento de atos)
• Quase nunca fez referência as pulsões ‘autopreservativas’, salvo
indiretamente em relação à teoria de que a libido se ligara a eles nas
fases iniciais de seu desenvolvimento; e parecia não haver razão óbvia
para estabelecer uma conexão entre eles e o papel desempenhado
pelo ego enquanto agente repressivo em conflitos neuróticos.
• Ex.O bebe chora porque está com fome (pulsão autopreservativa),
depois de mamar ele já não tem mais fome, mas continua sugando
para saciar a libido (pulsão sexual). Pode-se observar o bebe após
saciar a fome e a pulsão sexual, dormir com um sorriso no rosto e
corado, pela satisfação. Oque se asse malha em muito ao pós coito.
• Freud introduziu a expressão ‘Pulsões do ego’, identificando-os, por um
lado, com os instintos autopreservativos, e, por outro, com a função
repressiva.
• A partir dessa época, o conflito foi regularmente representado como
estando entre dois conjuntos de pulsões – Pulsões da libido e as pulsões
do ego.
• Freud apresentou a ideia da ‘libido do ego’ (ou ‘libido narcisista’) que
catexiza o ego, em contraste com a ‘libido objetal’ que catexiza objetos
(catexia é a energia mental sobre uma representação, um conteúdo de
memória, uma sequência de pensamentos ou encadeamento de atos)
• Pulsões sexuais
• São pressões internas que atuam em um campo muito mais vasto do
que o das atividades sexuais em si. A satisfação das pulsões sexuais
relacionam-se diretamente com o funcionamento das zonas
erógenas;
• Provém de diversas fontes somáticas, demonstrando que a pulsão
sexual não está unificada desde o início, mas que começa
fragmentada em pulsões parciais cuja satisfação é local (boca
Oralidade)
• Uma pulsão não pode ser destruída nem inibida, uma vez tendo surgido, ela
tende de forma coerciva para a satisfação. Aquilo sobre o qual vai incidir a
defesa é sobre os representantes psíquicos da pulsão.
• Os destinos dos representantes ideativos são: reversão ao seu oposto, retorno
em direção ao próprio eu, recalcamento, sublimação. Os destinos do afeto:
transformação do afeto (obsessões) deslocamento do afeto (histeria de
conversão), troca do afeto (neurose de angústia e melancolia).
• A energia que empurra a pulsão continua a ser sexual (libido), mas o objeto não
o é mais, é substituído por outro. Ou seja, nem toda parte da libido é
direcionada para objetos sexuais, uma parte pode encontrar como alvo outro
objeto (não sexual), ocorrendo assim o processo de sublimação.
• A reversão da pulsão em seu oposto transforma-se em dois processos
diferentes: uma mudança da atividade para a passividade e uma reversão do seu
conteúdo. Do primeiro temos o exemplo do sadismo e do masoquismo. A
reversão afeta apenas a finalidade da pulsão (amor transforma-se em ódio, por
exemplo).
• No retorno para o EU, o masoquismo é o sadismo retornado em direção ao próprio
indivíduo, da mesma forma que o exibicionismo abrange o olhar para o próprio
corpo. O retorno em direção ao próprio ego afeta o objeto dos instintos, mantendo-
se a finalidade. A reversão ao oposto afeta, principalmente, a finalidade do instinto.
A reversão ao oposto e o retorno em direção ao próprio ego às vezes coincidem.
• O par sadismo/masoquismo, no qual tanto a finalidade quanto o alvo são afetados,
o sadismo visa um objeto externo esse objeto é abandonado e substituído pelo eu
do indivíduo, operando-se uma mudança na finalidade do instinto, de ativa para
passiva, uma pessoa externa é novamente procurada, mas tem que ter agora o
papel de sujeito, em virtude da modificação operada na finalidade do instinto. Isto é
o masoquismo.
• A volta contra a própria pessoa nos é sugerida pela consideração de que o
masoquismo, afinal, é um sadismo voltado contra o próprio Eu, e o exibicionismo
inclui a contemplação do próprio corpo.
• A observação psicanalítica não deixa dúvidas quanto ao fato de que o masoquista
também frui da fúria contra a sua pessoa, e o exibicionista, do seu desnudamento.
O essencial no processo, portanto, é a mudança de objeto com a meta inalterada
• O conceito do sadismo fica ainda mais difícil se considerarmos que a
sua finalidade aparente é de infringir dor, além de humilhar e
dominar. Quando o sadismo se transforma em masoquismo a
sensação de dor beira a excitação sexual.
• Uma vez que a finalidade masoquista seja estabelecida, se estabelece
a finalidade sádica de causar dor, retrogressivamente, uma vez que a
dor infringida a outra pessoa é fruída masoquisticamente pelo sujeito
através da identificação com o sofredor. A dor é, então, masoquistica
só podendo ser instintual na pessoa originalmente sádica. A piedade
é uma formação reativa contra o sadismo.
• Ao mesmo tempo se percebe que a volta contra a
própria pessoa e a conversão de atividade em
passividade convergem ou coincidem nesses
exemplos.
• Quanto ao par de opostos sadismo-masoquismo,
o processo pode ser apresentado da seguinte
forma:
• a) O sadismo consiste em prática de violência,
exercício de poder tendo uma outra pessoa como
objeto.
• b) Esse objeto é abandonado e substituído pela
própria pessoa. Com a volta contra a própria
pessoa também se realiza a transformação da
meta instintual ativa em passiva.
• c) Novamente se busca uma outra pessoa como
objeto, a qual, em virtude da transformação de
meta ocorrida, tem de assumir o papel de sujeito.
• Pulsao recalque funções do ego

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