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5.1 A Governança e a Tolerância ao Risco .............................................. 52
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 58
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1 COOPERAÇÃO JÚRIDICA INTERNACIONAL
Fonte: www.efficienza.com.br
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suborno), as penalizações dali decorrentes prejudicavam financeira e estruturalmente
os envolvidos.
Diante desse contexto, os ordenamentos jurídicos ao redor do mundo,
buscando combater as situações acima descritas, construíram conjuntos normativos
visando à proibição e, em especial, a penalização das condutas infratoras cometidas
no meio empresarial, em especial os atos de corrupção e suborno.
Nesse cenário, o primeiro conjunto de normas a abordar direta e
especificadamente o tema e a positivar as prescrições legais a serem adotadas
nesses casos data de 1970 e consiste no FCPA – Foreign Corrupt Protection Act,
legislação dos Estados Unidos da América que visa a coibir e punir práticas de
corrupção cometidas por pessoas jurídicas naquele país.
O FCPA surgiu após um escândalo provocado por inúmeras investigações
realizadas na década de 1970 pela U.S. Securities and Exchange Commission (SEC)
– o equivalente, nos Estados Unidos, à Comissão de Valores Mobiliários brasileira
(CVM) – sobre pagamentos questionáveis efetuados por inúmeras empresas
americanas a funcionários públicos, políticos e partidos políticos nacionais e
estrangeiros. Dessa investigação, constatou-se a participação de mais 400
companhias americanas em esquemas de pagamentos ilegais ou duvidosos na ordem
de U$$ 300 milhões (trezentos milhões de dólares), utilizados para obter “favores” e
benefícios.
A escancarada vulnerabilidade dos EUA aos desvios praticados por aquelas
empresas, bem como a insuficiente penalização a ser aplicada, aliadas à pressão
popular, levaram o então presidente Jimmy Carter a assinar o FCPA, em 19 de
Dezembro de 1977. O referido ato foi ainda complementado pela ratificação, pelos
EUA, do International Anti-Bribery and Fair Competition Act, de 1998, assinado por
membros da comunidade internacional na Convenção para Combate do Suborno dos
Agentes Públicos Estrangeiros nas Transações Negociais Internacionais, promovida
pela OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
Em paralelo e mais recentemente, mas também de considerável importância
para a construção das políticas de combate à corrupção ao redor do mundo, surge no
Reino Unido o Bribery Act 2010, de origem semelhante à legislação americana, ou
seja, originada a partir de denúncias de atos de corrupção cometidos por empresas
britânicas.
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1.1 FOREIGN CORRUPT PRACTICES ACT (FCPA)
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Ressalte-se que os responsáveis pela aplicação são a Comissão de Valores
americana, a Securities Exchange Commission (SEC), e o Departamento de Justiça
(Department of Jutice (DOJ)), sendo que este último tem competência criminal para
investigar e oferecer denúncia das violações às provisões criminais do FCPA (criminal
law enforcement), e, a primeira, competência civil (civil law enforcement). Geralmente,
os dois órgãos atuam em conjunto, proferindo suas decisões no mesmo instante.
Importante mencionar ainda que a norma não se aplica ao pagamento de
dinheiro ou bens de qualquer valor a sujeitos privados com a intenção de corromper,
mas tão-somente a funcionários públicos. O FCPA é aplicado indiretamente a sujeitos
privados em algumas situações, como, por exemplo, nas tentativas de ocultação de
ilícitos.
O FCPA também é aplicável no pagamento de propina ao próprio governo
estrangeiro, ao invés de ser direcionado aos funcionários destes governos. O DOJ e
a SEC aplicaram mais de U$ 200 milhões em multas e outras penalidades às
empresas GE, Chevron, AB Volvo, Innospec, Ingersoll-Rand, Akzo-Nobel, York,
Textron, EL Paso, Agco, Flowserve, Novo Nordisk, e a Fiat, em razão do pagamento
ao governo iraquiano violarem o programa “Oil for Food” das Nações Unidas.
No que concerne às penalidades, o DOJ impõe sanções cíveis e criminais e a
SEC sanções cíveis e administrativas. As penalidades cíveis representam multas e
outras modalidades de sanções governamentais, bem como a suspensão do mercado
de valores imobiliários. As penalidades criminais podem variar entre multas de até
US$2 milhões para cada ato ilícito para as empresas, e, para as pessoas físicas,
multas de até US$100 mil e prisão de até 5 anos, multas que podem ser elevadas, de
acordo com o Alternative Fines Act, em até duas vezes o benefício obtido pela
empresa.
Os US Sentencing Guidelines são utilizados para calcular o valor das multas e
levam em consideração aspectos como o número de funcionários da organização,
histórico de violações, presença de executivos seniores, cooperação, prestação de
informações voluntárias, declaração de responsabilidade e existência de programas
de Compliance.
Os Guidelines também são utilizados para aplicação de penalidade às pessoas
físicas, sendo que estes levam em conta a quantidade e periodicidade dos
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pagamentos, grau de envolvimento e reincidência do indivíduo. Nos últimos anos, as
autoridades americanas têm aplicado multas com mais rigor.
O entendimento no sentido de que a proibição dificultava os negócios impediu
outros países de adotarem regras similares ao FCPA. Em verdade, empresas de
países como Austrália, Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Luxemburgo, Holanda,
Portugal, Nova Zelândia e Suíça levavam vantagem, em termos competitivos, sobre
as empresas americanas, uma vez que podiam corromper funcionários públicos
estrangeiros, e, como mencionado, até mesmo deduzir o valor pago a título do
suborno do imposto devido. Assim, as empresas norte americanas perdiam negócios
após a edição do FCPA.
O FCPA também foi e continua sendo alvo de críticas, seja pela falta de
transparência nas decisões, seja – principalmente - pela possibilidade de acordo para
evitar as punições, o que ocorre frequentemente. O autor Brandon L. Garrett traz
dados empíricos que demonstram que a justiça norte-americana trata de maneira
diferente os cidadãos e as empresas comuns e as grandes corporações e seus
executivos, beneficiando estes últimos por meio de negociações, acordos e penas
reduzidas.
Os Estados Unidos tentaram por muitos anos pressionar os demais países a
adotarem norma semelhante ao FCPA, contudo, sem obterem sucesso; a corrupção
ainda era considerada eficiente em termos econômicos. A realidade só começou a
mudar a partir do momento em que estudos acadêmicos chegaram à conclusão de
que a corrupção trazia mais malefícios do que benefícios ao comércio internacional, à
medida que corroíam a credibilidade das instituições democráticas e o estado de bem-
estar social.
Por pressão dos Estados Unidos, a partir dos anos 1990, foram editadas
convenções internacionais de combate à corrupção. A primeira foi a Convenção
Interamericana contra a Corrupção, em 29 de março de 1996 (Convenção da OEA).
Posteriormente, em maio de 1997, foi aprovada a Convenção sobre o Combate da
Corrupção de Funcionários Públicos Estrangeiros em Transações Comerciais
Internacionais, a qual foi adotada pelos 29 (vinte e nove) Estados membros e outros
5 (cinco) não membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE). E, por fim, a Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção,
aprovada em 31 de outubro de 2003.
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Das três, a de maior relevância é a Convenção da OCDE, pois é a pioneira na
cooperação internacional entre países com representatividade mundial para
prevenção e combate ao crime de corrupção de funcionários públicos estrangeiros.
Todos os países signatários da Convenção da OCDE se comprometeram a adequar
suas legislações no sentido de criminalizar o oferecimento de qualquer vantagem
indevida a funcionário público estrangeiro.
A partir daí, tem-se que leis em diversos países foram editadas, com destaque
para UK Bribery Act de 2010, que tipifica também a corrupção de sujeitos privados.
Atos como o pagamento a título de facilitação de negócios (grease payments), que
não são coibidos pelo FCPA, são vedados sob a ótica do Bribery Act.
Além da prevenção e combate ao crime de corrupção, outro objetivo da
Convenção da OCDE é o estabelecimento da responsabilização civil, administrativa
das pessoas jurídicas pelos atos de corrupção, bem como a responsabilização penal,
caso seja combatível com a legislação do país.
Muito embora tivesse dado passos significativos em relação ao combate à
corrupção, as medidas adotadas pelo Brasil estavam longe de ser suficientes. Nos
dias 7 e 8 de setembro de 1998, ocorreu em Buenos Aires o Workshop on Combating
Corruption and Bribery of Public Officials in International Business Transactions,
evento promovido pela OCDE, OEA e pela Argentina, com a presença do Fundo
Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, cujo objetivo foi promover uma
discussão a respeito das Convenções de ambas as entidades, bem como mostrar os
avanços que estavam ocorrendo no âmbito da cooperação internacional. O Brasil
participou ativamente das discussões, comprometendo-se a se empenhar na
aprovação das normas e medidas anticorrupção.
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pessoas físicas e jurídicas, também compõem o artefato com o qual se poderá frear a
corrupção.
No cenário das licitações e contratações públicas, certamente não há um
conjunto perfeito de ferramentas e mecanismos capazes de eliminar os desvios, mas
a existência de um sistema que possa de forma harmônica contribuir para
desincentivar/ reduzir/ detectar/ punir é fundamental para sinalizar a preocupação da
sociedade e do governo.
Os Estados Unidos da América também convivem com a corrupção e
estabeleceram uma vastidão de medidas com o propósito de evitar sua ocorrência,
sem descuidar da penalização dos responsáveis.
Dentre os diversos procedimentos e previsões normativas encontradas, uma
especial atenção merece o Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) o FCPA remonta ao
ano de 1977, após uma série de escândalos sobre pagamentos de propinas em
ambiente doméstico e internacional, atingindo aproximadamente 400 empresas. Não
se trata da mais poderosa arma de combate à corrupção (se é que se pode assim
reconhecer qualquer uma delas), sobretudo porque não atinge os atos de corrupção
a envolver agentes públicos norte-americanos, mas o elegemos para este breve
comentário considerando a possibilidade de oferecer uma contraposição com a Lei nº
12.846/13.
Substancialmente, o FCPA proíbe a oferta e a efetiva realização de
pagamentos impróprios a “foreign official”, destinados a garantir um ajuste ou a
manutenção de um vínculo preexistente, mesmo que o ajuste que se queira
estabelecer ou preservar não envolva o governo estrangeiro ou suas entidades. O
fato de o agente ser capaz de influenciar o governo estrangeiro a adotar
comportamento desejado também atrai a aplicação do FCPA.
A abrangência do conceito de “foreign official” é maior do que a literalidade
poderia sugerir. Está a se incluir não apenas o que no Brasil chamaríamos de agentes
públicos, mas qualquer pessoa que possa estar a atuar em benefício de órgãos
públicos ou organismos internacionais, como o Banco Mundial e a Organização dos
Estados Americanos. Inclui, como já se suporia pela menção a agentes públicos,
empregados de organizações do terceiro setor e de empresas estatais.
O Departamento de Justiça (DOJ) e a Secutiries and Exchange Commision
(SEC) são os órgãos encarregados de aplicar o FCPA, pelo que deles emerge a
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interpretação da norma. Já se considerou foreign official o membro de um comitê na
Índia, responsável por decidir sobre o registro/licença de produtos químicos naquele
país.
A primeira e importante distinção para a nossa lei está na ausência de distinção
entre agentes estrangeiros ou brasileiros como destinatários da propina. Nos Estados
Unidos, trata-se de forma apartada, mediante outras regras, a corrupção interna, a
atingir os agentes norte-americanos.
Repudia-se pagar, oferecer ou prometer pagar dinheiro, presente ou algo de
valor, como viagens, joias, desde que com o intento de corromper. A comprovação do
“evil motive”, da intenção de influenciar de forma inaceitável o destinatário da
vantagem indevida a obter ou manter vínculos comerciais é requerida nos EUA, tanto
sob a influência do FCPA quanto nas hipóteses de corrupção interna. Deve ser
demonstrado que havia consciência do ato ilícito do ato praticado, ainda que não
necessariamente o responsável pelo pagamento ou oferta tenha conhecimento de que
o destino final seria o “foreign official”. A responsabilidade das empresas subsistirá se
a empresa autorizar (implícita ou explicitamente) ou tiver conhecimento de atos de
terceiros, como advogados ou consultores, considerados ilícitos nos termos do FCPA.
A Lei brasileira estabelece responsabilidade objetiva, não importando se a
empresa tinha ou não conhecimento, se havia autorizado ou demandado a prática dos
atos considerados nocivos por seus colaboradores. Trata-se de regra que facilita a
responsabilização das empresas, dado que desnecessária a comprovação do intuito
de corromper exigido nos Estados Unidos.
Ao apresentar a Lei Brasileira, a reação dos norte-americanos foi de surpresa.
Consideram um excesso a responsabilização de uma empresa sem que se investigue
em que medida ela estava efetivamente ciente do “wrongdoing”. Contudo, soa
inocente imaginar que a corrupção, sobretudo, e de forma muito acentuada, a que
ocorre para além dos mares, assunto abordado no FCPA, possa ocorrer sem que a
empresa tenha ciência. De toda sorte, não é possível ignorar a prática brasileira de
criar regras extremamente rígidas, em especial quando o propósito é a
responsabilização civil, penal ou administrativa, cuja efetiva aplicação apenas se torna
mais difícil.
Explicar que as existências de um forte sistema de integridade, da
demonstração de cooperação por parte das empresas, da ausência de histórico prévio
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apenas servirão como balizas para a aplicação das penalidades, mas não as
afastarão, também causa perplexidade na terra de George Washington.
Regra a sugerir uma excessiva flexibilidade, relaciona-se com a possibilidade
constante no FCPA de se admitirem alguns tipos de pagamentos e dois tipos de
defesas, o que não existe na realidade legislativa brasileira, ao menos não de forma
expressa.
À luz do FCPA, justifica-se o pagamento, a título de “facilitating payments”,
assim consideradas despesas destinadas ao escalão inferior do governo (e
equivalentes) para sustentar ações rotineiras, chamadas de “routine government
actions", como licenças, vistos. Evidentemente que a nomenclatura não alcança
decisões sobre o destinatário de dado contrato. A despeito de a Lei nº 12.846/13 não
excluir pagamentos dessa ordem do seu guarda-chuva de abrangência, parece
razoável concluir pela impossibilidade de condenação dado que não estaria
configurada a ilicitude que a lei visa reprimir.
O FCPA refere-se ainda a duas “affirmative defenses”. Não se condena o
pagamento de dinheiro ou equivalente quando ajustado expressamente à legislação
do país estrangeiro. Entretanto, ainda que se faça o pagamento de algo tolerado pela
legislação estrangeira, a existência do intento de corromper poderá atrair a incidência
do FCPA, a transparência do pagamento é um dos fatores que o DOJ e a SEC irão
considerar para decidirem as ações a serem adotadas em casos assim.
A Legislação brasileira não traz regra semelhante. Os argumentos para a
previsão no FCPA acima descrita não foram convincentes. A regra parece ignorar que,
ainda que a legislação externa autorize o pagamento, a preocupação mundial deve
ser a de evitar qualquer sorte de ofensa ao ambiente competitivo, pelo que todos os
esforços devem ser congregados com vistas a desestimular de forma irmanada
práticas incorretas, sobretudo porque a corrupção danifica de forma mais acentuada
os países mais pobres, impedindo o bem-estar social e por vezes afetando a
democracia.
A segunda defesa é relativa ao que no FCPA é denominado como “reasonable
and bona fide expenditures”. Quando se verifica que a empresa pagou despesas
razoáveis e imbuída de boa-fé, tais como viagens em favor do “foreign official” para
promover, demonstrar ou explicar os produtos e serviços, afastam-se as penalidades.
Vê-se, como o nome sugere, que apenas razoáveis despesas são admitidas. Por isso,
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em 1999, o DOJ não aceitou a utilização da defesa quando a empresa americana
Metcalf & Eddy Inc. pagou viagens de primeira classe de agentes egípcios para os
Estados Unidos com todas as demais despesas da viagem incluídas, inclusive valores
em dinheiro.
Defesa assim igualmente não é reconhecida na legislação brasileira, cuja ideia
central é a rigorosa responsabilidade objetiva.
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Para cumprir as determinações e aperfeiçoar os mecanismos de combate à
corrução de funcionários públicos estrangeiros em transações comerciais
internacionais, o Brasil tomou as seguintes medidas:
Tornou crime o ato de oferecer, prometer ou dar qualquer vantagem
indevida, seja diretamente ou por meio de intermediários, a funcionários
públicos estrangeiros para facilitar a realização de transações comerciais
ou para obter outra vantagem na condução de negócios internacionais;
Proibiu práticas contábeis e de auditorias que possam ser empregadas
para acobertar a corrupção;
Estabeleceu acordos de assistência jurídica com os principais parceiros
comerciais do País, permitindo, inclusive, a extradição por corrupção;
Elaborou Projeto de Lei que aumenta a pena para o crime de corrupção
ativa de funcionário público estrangeiro em transações comerciais
internacionais.
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em todo o mundo. O FCPA Guidance lista dez hallmarks (marcas características) que
podem tornar os programas de Compliance efetivos. São eles:
1. Compromisso da Gerência Sênior e política claramente articulada contra
a Corrupção
2. Código de Conduta e Políticas de Compliance e procedimentos
3. Supervisão, autonomia e Recursos
4. Avaliação de Risco
5. Treinamento Contínuo
6. Incentivo e Medidas Disciplinares
7. Due Diligence de Terceiros e Pagamentos
8. Denúncia Confidencial e Investigação Interna
9. Melhoria Contínua: exames periódicos e avaliação
10. Fusões e Aquisições: Due Diligence de pré-aquisição e da Integração
de pós aquisição.
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1. forte, explícito e visível apoio e comprometimento da gerencia sênior aos
controles internos da empresa, programa de Compliance e ética ou de
medidas de prevenção e detecção de suborno estrangeiro;
2. política corporativa claramente articulada e visível que proíbe o suborno
estrangeiro;
3. cumprimento desta proibição e dos controles internos relacionados,
programas de Compliance e ética é o dever dos indivíduos em todos os
níveis da organização;
4. supervisão dos programas de Compliance e ética relativas a suborno
estrangeiro, incluindo o poder de comunicar os incidentes diretamente para
organismos de controle independentes, tais como comitês de auditoria
interna dos conselhos de administração ou dos órgãos de fiscalização, é o
dever de um ou mais funcionários sênior das empresas, com um nível
adequado de autonomia de gestão, recursos e autoridade;
5. programas de Compliance e ética destinados a prevenir e detectar o
suborno estrangeiro, aplicável a todos os conselheiros, diretores e
funcionários, e aplicável a todas as entidades sobre as quais a empresa
tem controle efetivo, incluindo as subsidiárias, relativo às seguintes áreas:
i) presentes;
ii) hospitalidade, entretenimento e despesas;
iii) viagens de cliente;
iv) contribuições políticas;
v) doações e patrocínios;
vi) pagamentos de facilitação; e
vii) solicitação e extorsão;
6. programas de Compliance e ética destinados a prevenir e detectar o
suborno estrangeiro aplicável, onde for necessário e sujeito às disposições
contratuais, a terceiros, como agentes e outros intermediários, consultores,
representantes, distribuidores, prestadores de serviços e fornecedores,
consórcios e sócios de Joint Venture, incluindo, os seguintes elementos
essenciais:
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i) Due Diligence devidamente documentada com base no risco
referente à contratação, bem como a supervisão adequada e regular dos
parceiros de negócios;
ii) informar os parceiros de negócios do compromisso da empresa
em cumprir com as leis sobre as proibições contra o suborno estrangeiro,
e do programa de Compliance e ética da empresa para prevenir e
detectar esse tipo de suborno; e
iii) buscar compromisso recíproco de parceiros de negócios.
7. sistema de procedimentos contábeis e financeiros, incluindo um sistema
de controles internos, razoavelmente desenvolvido para garantir a
manutenção justa e precisa dos livros contábeis, registros e contas, para
garantir que eles não possam ser utilizados para fins de suborno
estrangeiro ou para que se esconda tal prática;
8. medidas destinadas a garantir uma comunicação periódica, e
documentada de treinamento para todos os níveis da organização, sobre o
programa de Compliance e ética da mesma relativas a suborno estrangeiro,
bem como, onde necessário, para as subsidiárias;
9. medidas adequadas para promover e proporcionar um apoio positivo
para a observância dos programas de Compliance e ética contra o suborno
estrangeiro, em todos os níveis da organização;
10. procedimentos disciplinares adequados para abordar, entre outras
coisas, violações, em todos os níveis da organização, das leis contra o
suborno estrangeiro e do programa de Compliance e ética da mesma
relativas ao suborno estrangeiro;
11. medidas eficazes para:
i) fornecer orientações e aconselhamento aos conselheiros,
diretores, funcionários, e, onde for o caso, parceiros de negócios, em
conformidade com o programa de Compliance e ética da organização,
inclusive quando eles precisarem de aconselhamento urgente em
situações difíceis em jurisdições estrangeiras;
ii) a denúncia interna e, se possível confidencial, e proteção dos
conselheiros, diretores, funcionários, e, se for caso, dos parceiros
comerciais, não estão dispostos a violar as normas profissionais ou
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éticas sob instrução ou pressão de superiores hierárquicos, bem como
para os diretores, funcionários, e, se for caso, aos parceiros de negócios,
disposto a relatar violações da lei ou normas ou ética profissional que
ocorram dentro da empresa, de boa fé e de forma devidamente
fundamentada; e
iii) empreender medidas apropriadas em resposta essas
comunicações internas de improbidade;
12. revisão periódica dos programas de Compliance e ética, destinadas a
avaliar e melhorar a sua eficácia na prevenção e detecção de suborno
estrangeiro, levando em conta a evolução relevante na área, e a evolução
das normas internacionais e da indústria.
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2. Comprometer-se à implementação de um programa para combater o
suborno. O Programa deve incluir esforços concernentes aos valores, ao
código de conduta, às políticas detalhadas e aos procedimentos, à gestão
de riscos, à comunicação interna e externa, à formação e orientação de
controles internos, à supervisão, ao monitoramento e à garantia.
Esses princípios empresariais são baseados em compromisso com valores
fundamentais de integralidade, transparência e prestação de contas. As empresas
devem ter como objetivo criar e manter uma cultura interna de base de confiança, com
responsabilidade individual, na qual não se admite o suborno.
Especificamente, estas são as recomendações da Transparência Internacional:
1) Adoção de políticas anticorrupção
2) Planejamento da implementação: análise de riscos
3) Desenvolvimento de políticas anticorrupção
4) Implementação: comunicação/treinamento
5) Monitoramento
6) Avaliação e aperfeiçoamento
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1.5.7 Elementos Essenciais
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Já Carlos Henrique da Silva Ayres divide os grupos em (i) suporte da alta
administração, (ii) análise de risco; (iii) políticas e procedimentos; (iv) comunicação e
treinamento; (v) due diligence; (vi) canais de denúncia e investigação internas; e (vii)
revisão periódica.
Dessa maneira, é possível concluir que os parâmetros internacionais e o
modelo da CGU estão, de certa forma, alinhados, e que, para fins de autoproteção
contra penalidades, e, principalmente, para que tenham um programa que
verdadeiramente combata as práticas ilícitas, as organizações têm que se atentar não
só para implantação desses elementos mínimos, mas, principalmente, para as suas
particularidades e necessidades, pois não existe um modelo que sirva para todas elas.
Para que o programa não seja apenas “de papel”, para que possa contribuir com o
fortalecimento da governança corporativa, os valores organizacionais devem ser
pautados pela ética.
Fonte: canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br
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de uma empresa depende de um escopo preventivo, de planejamento e de correção
jurídica.
O Compliance é uma ferramenta de administração especial destinada à
redução dos passivos legais e contratuais das entidades públicas e privadas.
Acresçam-se à recente temática do Compliance os ajustes corporativos à
legislação anticorrupção e à política de combate de lavagem de dinheiro, que estão
incluídos na ponta das agendas dos compromissos governamentais e nos atos
negociais.
Em linhas gerais, o Compliance tem a ver com a implantação de uma cultura
sólida e ampla de prevenção de ilícitos de todas as ordens, mediante o uso de técnicas
de treinamento, programas permanentes de pregação de integridade, controle e
providências saneadoras dos problemas verificados nos processos organizacionais.
O Compliance se afigura, pois, como uma energia motivacional que governa as
relações pessoais e interprofissionais das mais diversas áreas, visando à estruturação
de uma política de confiança, à otimização de mecanismos de uma vida sustentável e
que, em última análise, procura qualificar a gestão dos ambientes de trabalho,
mitigando riscos, perdas e danos em virtude de erros, dos acidentes, das crises e dos
conflitos institucionais que afetam, corriqueiramente, todas as esferas de poder das
organizações.
O conhecimento e a introdução de Compliance contratual têm a ver, portanto,
não apenas como instrumento de garantia da higidez e dos direitos básicos da
empresa, mas senão com enunciados ético-normativos mais amplos que buscam
proteger todos os atores das investidas danosas ocorridas em suas respectivas vidas
e ações negociais.
Neste sentido, entende-se que, como procedimento adequado ao Compliance,
as tratativas estabelecidas pelos empresários hão de ser governadas com o objetivo
de que os direitos e os deveres oriundos de suas contratações sejam respeitados.
Em um planejamento empresarial, a noção do Compliance empresarial é
fundamental e a gestão de uma carteira saudável de contratos depende, em boa
medida, do domínio sistêmico de conhecimento de seus representantes e operadores,
notadamente dos institutos nas áreas do Direito Constitucional e Administrativo;
Direito Tributário, Ambiental, Penal e Processual; Direito Econômico e Financeiro;
Direito do Consumidor; Estatuto do Idoso; Direito do Trabalho; normas da
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Organização Internacional do Trabalho (OIT); Direito Internacional Público e Privado;
dentre outros.
Logo, a atuação e os fundamentos do Compliance contratual valem-se de
conceitos jurídicos fundamentais de Direito Público e Privado que são, absolutamente,
estratégicos para auxiliar a tomada de decisões, para a excelência social e
empresarial.
O arsenal de atos que se oportunizam da vida empresarial gera um leque de
direitos e obrigações que se abre tanto para o setor governamental quanto para a
sociedade civil, alcançando ainda uma impressionante massa de pessoas, dentre
trabalhadores ou não, dispostas a consumirem produtos e serviços.
Nesse aspecto, as atividades empresariais envolvem riscos porquanto é natural
que, dentro deste esquema de hipercomplexidade de relações jurídicas, haja conflitos,
dúvidas ou litígios decorrentes das posições e dos interesses políticos, sociais e
econômicos os mais diversos e divergentes das pessoas envolvidas nesses
processos.
Com vistas a evitar a eclosão, individual ou coletiva, de desvios ou abusos aos
vetores da legalidade e da dignidade na prática empresarial, que comprometem o
bem-estar comum e o tecido da paz social, a nossa ordem jurídica proclama um
extenso catálogo de direitos e deveres que devem ser conhecidos. Afinal, a imposição
de danos, sanções e punições acabam minando ou prejudicando a rentabilidade da
sociedade.
Em contraponto à prevenção e à inibição de ilícitos, eis que o Compliance
exsurge como ferramenta adequada para controlar a responsabilização jurídica
empresarial, derivada seja do sistema de culpa contratual, seja do regime
extracontratual. Assim, coexistindo a uma infinidade de normas que versam acerca de
preceitos que podem degenerar em lesões patrimoniais empresariais, vigem os
direitos fundamentais assegurados às pessoas, ora sedimentados nos incisos dos
arts. 5º e 6º, da CF/88. A adesão do Brasil a outros pactos, tratados e protocolos
internacionais dos quais nosso país é signatário também é curial para que se evite o
direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de violações jurídicas.
De outra parte, imperioso destacar que as condutas empresariais,
materializadas, no âmbito negocial, através da celebração de contratos, também
produzem repercussões na órbita tributária, o que acabam por influir no processo
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produtivo e de consumo das pessoas e das organizações. Neste espectro, ressai-se
de novo o papel do Compliance, em especial o jurídico, que deve nortear, portanto, as
atividades, os investimentos, os recursos humanos e as decisões corporativas.
Remetendo a um conjunto de princípios e a regras primárias fundamentais de
transparência e correção, no afã de ofertar credibilidade da empresa perante a
sociedade, o mercado e as partes interessadas, o Compliance contratual é de grande
utilidade na vida das organizações, sobretudo nos entes sujeitos à forte
regulamentação e controle.
Dentro do sistema que vigia as medidas anticorrupção e que se acautela contra
os ilícitos praticados por organizações criminosas, o Compliance contratual é hoje
uma lógica estratégica da performance organizacional, que condensa as empresas,
em especial, as de perfil multinacional. Ao desaprovar a corrupção e ao tentar afastar
os grupos criminosos infiltrados nos seios das corporações, a concepção, a
consistência e a continuidade do compromisso da Justiça Contratual se
consubstanciam em planos de treinamentos de grupos, equipes ou pessoas que se
identifiquem e são recomendáveis em procedimentos nas ações relacionadas à
política de uma entidade. Há hoje uma preocupação central, hoje, com a
standardização contratual diz respeito às providências necessárias à neutralização
dos negócios ilícitos das organizações.
Neste ponto, no Direito Empresarial brasileiro, vigoram as Leis n°s 12.846/13 e
12.850/13, que tratam, respectivamente, da responsabilização civil e administrativa
das empresas pela prática de atos contra a administração pública nacional e
estrangeira, que define, de vez, o conceito de organização criminosa recortado pela
Convenção de Palermo (Decreto nº 5.015/04), em ab-rogação à Lei no 9.034/95.
Fruto da Convenção sobre o Combate da Corrupção de Funcionários Públicos
Estrangeiros em Transações Comerciais Internacionais, do ano 2000, da Estratégia
Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCLA) e atendendo
ainda à cobrança da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), órgão que engloba 40 nações, foi criado o Cadastro Nacional de Empresas
Punidas (CNEP), que reúne e dá publicidade às punições aplicáveis às instituições,
após o processo administrativo dirigido pelo órgão governamental.
A legislação em tela enseja a cobrança de multas entre 0,1% (zero vírgula um
por cento) e 20% (vinte por cento) do faturamento bruto de empresas, podendo esse
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valor chegar até a R$ 60 (sessenta) milhões de reais, se comprovado o ato típico,
independente das alterações contratuais, incorporações, fusões, cisões societárias e
transformações. As condenações por corrupção podem acarretar ainda suspensão ou
interdição parcial das atividades da empresa, sua dissolução compulsória e gerar
restrições para contrair empréstimos, participar de licitações e de créditos bancários.
As duras penalidades estatuídas forçam, então, a ideia de que as operações da due
diligence anticorrupção e qualquer ato negocial com o governo devem ser redobrados
em cautela, havendo, ainda, a possibilidade da desconsideração da personalidade da
pessoa jurídica ex vi do art. 50, do CC (disregard doctrine), razão pela qual o
Compliance empresarial é hoje imprescindível nos processos de avaliação de riscos
e de decisões contratuais.
A Lei nº 8.078/90, que instituiu o Código de Defesa de Consumidor (CDC), é
imprescindível para o planejamento da Logística empresarial, exigindo
adequabilidade, a exequibilidade, a flexibilidade, o equilíbrio e a integralidade das
ações e meios dos gestores jurídicos para a formulação de políticas de ambientes
internos e externos das organizações, desde o nível estratégico até o tático. Estes
contratos, em comum, devem compatibilizar a uniformidade dos procedimentos à
continuidade de todas as operações de apoio que servirão para a tomada das
decisões empresariais.
No que tange ao contexto da Logística contratual, o CDC surgiu no nosso
ordenamento jurídico a partir da imposição do mandamento constitucional inserto no
inciso XXXII, do art. 5º, c/c o art. 170, V, da Constituição Federal, segundo o qual “o
Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”.
A consciência do respeito aos direitos dos consumidores, no desempenho dos
processos de fluxo dos produtos e nas etapas da cadeia de abastecimento da
organização, requer que tanto a administração da empresa quanto o operador
logístico compreendam que, no planejamento, na programação e na execução das
atividades de produção, gerenciamento e processamento logístico, atenção máxima
seja dada também ao destinatário final do produto, dentro do conceito de Supply Chain
Management.
Assim, o provimento dos contratos de logística, além de observar normas gerais
e específicas para cada setor e atividade modal, precisa estar em sintonia com as
35
normas cogentes que tutelam o consumidor, abarcando a preocupação com o time da
entrega do produto, a constatação de avarias até o eventual ressarcimento de danos.
O trato com as questões consumeristas, portanto, é uma das chaves que
indicam não só a produtividade e a lucratividade da empresa, como também permite
que seja feita a aferição do grau de satisfação do cliente através do Key Performance
Indicators (Indicadores de Desempenho-ID). Na direção empresarial, a
sustentabilidade e saúde de seus contratos dependem, pois, da integração de uma
filosofia que chancela o consumidor, ainda mais em face do surgimento dos Juizados
Especiais e dos Procons.
Demais disso, as métricas que medem a eficiência das empresas levam em
conta hoje não só sua situação financeira, mas também os seus processos de gestão
logística, a engenharia dos seus negócios, o benchmarking (que quantifica as
melhores práticas e os objetivos da empresa), a adoção do modelo SCOR e as
políticas consumeristas que auxiliam, enfim, à tomada de decisões sociais dos
administradores.
Na esteira do que já se sustentou, os grandes laços eletrônicos, em uma época
de globalização e da internet, carreiam impactos expressivos para todos os países
envolvidos e nas transações nacionais, em particular, a população se organiza e
desenvolve eventos e relações que consagram excelentes oportunidades de
expansão civil, comercial, cultural e econômica.
Mesmo sem estar planificadas por um organismo supranacional, a Justiça
Contratual, neste quadro, é quem afirma os estatutos ordinários para regular o regime
jurídico das relações civis, empresariais e de consumo, nacional e internacional. Os
contratos comuns e governamentais devem, entretanto, encaixar-se, pois, aos
princípios da dignidade da pessoa humana, da transparência, da boa-fé, do equilíbrio,
da segurança, da proteção dos interesses econômicos e da vulnerabilidade do
consumidor.
Neste aspecto, a Lei nº 12.741/12 obrigou que fosse discriminado o valor do
tributo nas notas fiscais, enquanto que a Lei nº 12.965/14 que inaugurou o marco civil
da internet, agregando valor especial ao sistema jurídico. O resultado foi o benefício
para a cadeia produtiva em razão de uma justiça contratual, posta para suscitar a
confiança dos negócios jurídicos e para propor relações equilibradas entre
consumidores e fornecedores; extensivas também às operações virtuais e eletrônicas.
36
Sob o pálio da Inter juridicidade do Direito, notáveis impulsos foram dados a novas
regras para a contratação, fiscalização e execução da responsabilidade de
profissionais de todos os setores que ligam o comércio, a logística, os fornecedores e
os prestadores de serviço.
Em virtude da amplitude da internet, em todas as fases procedimentais das
relações de consumo, a mecânica atual do Direito Empresarial e o Compliance
contratual formam, pois, um sistema que repele as práticas abusivas ou lesivas
derivadas das relações e sujeitos sociais. Logo, os pactos estritamente comerciais e
os pontos de contato consumeristas se tutelam por normas que impedem maiores
danos ex vi dos paradigmas constitucionais, com notória chancela aos
hipossuficientes.
Na realização de negócios consumeristas, os fatores jurídicos que permeiam
as suas relações contratuais hão de considerar os parâmetros jurídicos internos, que,
no caso do Brasil, evidenciam a primazia dos princípios constitucionais sobre os
institutos privados e a vulnerabilidade civil de algumas pessoas, consoante critérios
de idade, saúde, conhecimento ou condição social, dentre outras premissas
principiológicas.
No solo pátrio, ipso jure, a Justiça Contratual é garantida por um sistema amplo
que começa pela existência de uma plêiade de regras objetivas que dispõem sobre
os direitos, meios e deveres atinentes às práticas mercantis ou consumeristas.
Neste ponto, aliás, a nossa legislação é pródiga e uma das mais completas do
mundo. A proteção aos direitos subjetivos é assegurada por organismos públicos e
privados, tais como os PROCONs, os serviços do SPC e SERASA, que não excluem
a própria preferência de acessibilidade direta ao Poder Judiciário daquele que se julga
lesado, ou que, assim, prefira buscar a prevenção ou a resolução de um dado conflito.
O ônus que se importam destas lides, sejam provenientes de dissensões entre
empresários ou destes com os consumidores, incluem, hoje, mecanismos
relativamente rápidos e eficientes de reembolso a favor dos hipossuficientes, sob o
pormenor legal da possibilidade de inversão do ônus da prova em detrimento da parte
mais forte.
Nesta paisagem jurídica, a classe empresarial, fornecedora de produtos ou
tomadora de serviços, deve agir diligentemente para que os prejuízos à sua
lucratividade sejam evitados ou minimizados, sobretudo porque outros meios
37
alternativos de composição de litígios, tais como a arbitragem, não podem ser
empregados para elidir direitos e garantias do Código de Defesa do Consumidor e da
Lei nº 12.965/14.
Deste modo, tendo em conta a responsabilidade empresarial que, hoje,
praticamente, é objetiva, frente ao reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor,
dependente apenas da prova do nexo causal entre o dano sofrido e o objeto pactuado,
infere-se que, mesmo em contratos celebrados em época de grandes eventos
internacionais, as matérias relativas à Justiça Contratual continuam sendo, em parte,
de reserva pública, completada, outrossim, por organismos oficiais de fiscalização.
Neste sentido, além da existência dos já citados PROCONs e do Sistema
Nacional de Informações de Defesa do Consumidor (SINDEC), cabe reiterar que é da
alçada de competência do poder governamental a atribuição de fiscalizar, diretamente
ou mediante convênio, o cumprimento dos preceitos legais e regulamentares dos
contratos de concessão, permissão ou autorização, dentre outras atribuições.
Diante das novas relações jurídicas que se desenham nesta Era da Informação,
mais precisamente a partir da década de 80, as radicais transformações no mundo
como um todo aceleram a remodelação do Direito Contratual.
As experiências mercantis de um mercado ilimitado, em razão da automação e
dos eventos globais, massificaram de forma parabólica os contratos consumeristas,
criando uma nova ordem de direitos e obrigações, de extensão nacional e
internacional.
Os acertos interparticulares, antes demasiadamente formais, fixos, rígidos e
inflexíveis, cederam lugar a um estilo mais ágil, rápido e direto de contratação, que
contempla hoje até mesmo os meios telemáticos; agora acessíveis e popularizados
graças ao aumento vertiginoso dos intercâmbios culturais e comerciais entre os
países.
Neste passo, em que as economias convivem e se aquecem ao cabo de
agressivas relações entre os investidores, gestores, trabalhadores, governos e
consumidores, em suas disputas intestinas por fatias do mercado, o espetacular
aumento da demanda demográfica e espacial dos novos negócios jurídicos trouxe o
inconveniente de desencadear alardes políticos e acentuados desequilíbrios sociais.
Sentiu-se, então, a necessidade de ofertar-se um processo contínuo de
melhoria sustentável nas relações existenciais, como um todo. A distribuição de
38
riquezas e o tratamento empresarial dispensado ao consumidor, antes casuísticos,
evoluíram rápido sob o timão de uma legislação estatal interventiva na cadeia
produtiva.
Doutrinadores e juristas, de logo, aperceberam-se que o fenômeno da
simplificação e da automação das relações sinalagmáticas dos negócios precisavam
de uma nova engenharia jurídica, em que coubesse uma reformulação dos conceitos,
da classificação, da interpretação e da solução de conflitos gerados pelas situações
civis.
Neste panorama, alucinados pela barbárie de um mercado guiado pelas
vantagens competitivas e pela explosão do consumismo desenfreado, como resultado
do exponencial crescimento econômico dos países, os nichos privados e a prática
empresarial experimentaram um significativo controle do Estado, que passou, assim,
a institucionalizar os negócios jurídicos. Sem perder de vista a natureza e as
qualificações da missão do Direito Empresarial, há de se falar, sim, em uma Revolução
Contratual.
Fonte: www.unodc.org
39
Desde 1996, a corrupção começou a ser tema de interesse dos mais diferentes
países que, de modo regional, iniciaram processos de acordos de ação conjunta
nesse âmbito. Entretanto, as primeiras convenções firmadas não cobriam todas as
regiões do mundo, deixando de lado grande parte dos países da Ásia e do Oriente
Médio. Também alguns acordos apenas se referiam a abordagens específicas, como
o suborno, por exemplo. Assim, a comunidade internacional manifestou o interesse
de delinear um acordo verdadeiramente global e capaz de prevenir e combater a
corrupção em todas as suas formas. Assim, nasceu a Convenção das Nações Unidas
contra a Corrupção.
A convenção é composta por 71 artigos, divididos em 8 capítulos. Os mais
importantes estão reunidos em quatro capítulos e tratam dos seguintes temas:
prevenção, penalização, recuperação de ativos e cooperação internacional. São
esses capítulos que requerem adaptações legislativas e/ou ações concomitantes à
aplicação da convenção a cada país.
• Prevenção à corrupção
No capítulo que trata sobre prevenção à corrupção, a convenção prevê que os
Estados Partes implementem políticas contra a corrupção efetivas que promovam a
participação da sociedade e reflitam os princípios do Estado de Direito tais como a
integridade, a transparência e a accountability, entre outros.
Os Estados Partes devem adotar sistemas de seleção e recrutamento com
critérios objetivos de mérito. Também devem tomar medidas para aumentar a
transparência no financiamento de campanhas de candidatos e partidos políticos.
Devem desenvolver códigos de conduta que incluam medidas de estímulo a
denúncias de corrupção por parte dos servidores, e de desestímulo ao recebimento
de presentes, ou de qualquer ação que possa causar conflito de interesses. Os
processos licitatórios devem propiciar a ampla participação e dispor de critérios pré-
estabelecidos, justos e impessoais.
Também devem adotar medidas para ampliar o acesso às contas públicas para
os cidadãos e estimular a participação da sociedade nesse processo, além de adotar
medidas preventivas à lavagem de dinheiro. Finalmente, sublinha que a
independência do Poder Judiciário e do Ministério Público é fundamental para o
combate à corrupção.
40
A convenção contempla medidas de prevenção à corrupção não apenas no
setor público, mas também no setor privado. Entre elas: desenvolver padrões de
auditoria e de contabilidade para as empresas; prover sanções civis, administrativas
e criminais efetivas e que tenham um caráter inibidor para futuras ações; promover a
cooperação entre os aplicadores da lei e as empresas privadas; prevenir o conflito de
interesses; proibir a existência de "caixa dois" nas empresas; e desestimular isenção
ou redução de impostos a despesas consideradas como suborno ou outras condutas
afins.
• Penalização e aplicação da lei
No capítulo sobre penalização e aplicação da lei, a convenção pede aos
Estados Partes que introduzam em seus ordenamentos jurídicos tipificações criminais
que abranjam não apenas as formas básicas de corrupção, como o suborno e o desvio
de recursos públicos, mas também atos que contribuem para a corrupção, tais como
obstrução da justiça, tráfico de influência e lavagem de recursos provenientes da
corrupção. A penalização à corrupção é condicionada pela existência de mecanismos
que permitam o sistema de justiça criminal realizar ações de detenção, processo,
punição e reparação ao país.
Os Estados Partes devem obrigatoriamente tipificar como crime: o suborno a
funcionários públicos, a corrupção ativa a oficiais estrangeiros, a fraude e a
apropriação indébita, a lavagem de dinheiro e a obstrução da justiça. Também devem,
na medida do possível, buscar tipificar as condutas de: corrupção passiva de oficiais
estrangeiros, tráfico de influências, abuso de poder, enriquecimento ilícito, suborno no
setor privado e desvios de recursos no setor privado.
A convenção orienta os Estados Partes a considerar o suborno como crime e o
define como a promessa, a oferta ou a entrega, direta ou indiretamente, a um servidor
público ou outra pessoa ou entidade, de uma vantagem indevida, a fim de agir ou de
não agir no exercício de suas funções oficiais. Da mesma forma, quem solicita ou
aceita essas mesmas vantagens indevidas, também comete o crime de suborno.
Os Estados Partes devem estabelecer como crime, quando cometido
intencionalmente, a fraude, a apropriação indébita ou qualquer outro desvio de
recursos por parte de funcionário público, em seu benefício, ou em benefício de
terceiros, de qualquer propriedade, fundos públicos ou privados ou qualquer outra
coisa de valor a ele confiada em virtude de sua função. O mesmo se aplica aos atos
41
de converter, transferir, ocultar ou dissimular produtos oriundos do crime, e também a
quem adquire, possui ou se utiliza desses produtos.
Também conta com um artigo que aborda a obstrução da justiça: influenciar
testemunhas em potencial em posição de prover evidências, por meio do uso da força,
de ameaças ou intimidação; e interferir no exercício da função de oficias ou membros
da Justiça pelos mesmos meios.
• Cooperação internacional
O capítulo sobre cooperação internacional enfatiza que todos os aspectos dos
esforços anticorrupção necessitam de cooperação internacional, tais como
assistência legal mútua na coleta e transferência de evidências, nos processos de
extradição, e ações conjuntas de investigação, rastreamento, congelamento de bens,
apreensão e confisco de produtos da corrupção. A convenção inova em relação a
tratados anteriores ao permitir assistência legal mútua mesmo na ausência de dupla
incriminação, quando não envolver medidas coercitivas. O princípio da dupla
incriminação prevê que um país não necessita extraditar pessoas que cometeram atos
que não são considerados crimes em seu território. Mas a partir da convenção, esses
requisitos se tornam mais maleáveis, pois a convenção prevê que mesmo crimes que
não são definidos com os mesmos termos ou categoria podem ser considerados como
equivalentes, possibilitando a extradição.
A extradição deve ser garantida nos casos de crimes citados pela convenção,
e quando os requisitos de dupla incriminação são preenchidos. Os Estados Partes
não devem considerar os crimes de corrupção como crimes políticos. E os estados
que condicionam a extradição à existência de acordos podem usar a convenção como
base legal. Se um país não extradita nacionais, deve usar o pedido do outro país como
fundamento para um processo interno. Além disso, a convenção prevê que os Estados
Partes busquem harmonizar suas leis nacionais aos tratados existentes.
Os Estados Partes podem recusar o pedido de extradição se for observada
perseguição por gênero, raça, religião, nacionalidade, etnia ou opiniões políticas. Em
todo o caso, ainda que não seja obrigatório, a convenção recomenda uma consulta
ao país solicitante antes de uma recusa, a fim de possibilitar a apresentação de
informações adicionais que possam levar a um resultado diferente.
A convenção prevê medidas mais amplas de assistência legal mútua em
investigações, processo e procedimentos legais em relação a crimes previstos na
42
própria convenção. Entre essas medidas, destacam-se a designação de uma
autoridade central para receber, executar e transmitir pedidos de assistência legal
mútua; a vedação à recusa de assistência legal mútua com base no sigilo bancário; e
a possibilidade de a assistência legal mútua ser ofertada na ausência de dupla
criminalização, desde que não haja medidas coercitivas. Os Estados Partes deverão
cooperar entre si para aumentar a eficácia da aplicação da lei e estabelecer canais de
comunicação para assegurar o intercâmbio rápido de informações sobre todos os
aspectos dos crimes abrangidos pela convenção. Também devem considerar a
celebração de acordos bilaterais ou multilaterais que permitam a criação de órgãos
mistos de investigação em relação às matérias que são objeto de investigações,
processos ou ações judiciais em um ou mais Estados. Além disso, os Estados devem
permitir a utilização de técnicas especiais de investigação, tais como a vigilância
eletrônica e outras formas de operações sigilosas, além de permitir a admissibilidade
das provas obtidas por meio dessas técnicas nos tribunais.
• Recuperação de ativos
A recuperação de ativos é uma importante inovação e um princípio fundamental
da convenção. Os Estados Partes devem apoiar-se entre si com extensas medidas
de cooperação e assistência neste campo, a fim de fazer valer os interesses das
vítimas e dos donos legítimos desses recursos.
Os Estados Partes devem solicitar suas instituições financeiras a: verificar a
identidade de seus clientes; determinar a identidade de beneficiários de contas
volumosas; aplicar controle reforçado a contas mantidas por altos funcionários
públicos; reportar transações suspeitas às autoridades competentes; e prevenir o
estabelecimento de bancos sem presença física.
Um artigo sobre recuperação direta foca na possibilidade de os Estados Parte
terem um regime que permita a outro Estado Parte iniciar um processo civil para a
recuperação de ativos ou para intervir ou agir no processo doméstico para reforçar
seu pedido por compensação. Dessa forma, os Estados Parte podem iniciar uma ação
civil nas cortes de outra parte para estabelecer direito à propriedade de bens
adquiridos por meio de corrupção. E os tribunais devem poder ordenar culpados por
corrupção a ressarcir outro Estado Parte, e reconhecer, em decisões de confisco,
pedido de outra parte como legítima dona dos bens. A vantagem do processo civil se
mostra útil quando o processo criminal não é possível, pois a morte ou ausência do
43
suspeito permite o estabelecimento de culpa com base nos padrões civis, com
diferentes procedimentos processuais.
Os Estados Partes devem permitir que suas autoridades cumpram uma ordem
de confisco ou de congelamento por um tribunal de outro Estado Parte solicitante. Da
mesma forma, devem considerar medidas que permitam o confisco, mesmo sem uma
condenação no âmbito criminal, quando o acusado não pode ser mais processado por
conta de sua morte ou ausência.
Como princípio geral, os Estados Partes devem alienar os bens confiscados,
devolvendo-os a seus legítimos donos, tanto no que se relaciona à fraude e ao desvio
de recursos públicos, quanto à lavagem de recursos obtidos ilegalmente. Para outros
crimes de corrupção, os mesmos procedimentos devem ser adotados, quando for
razoavelmente estabelecida a legitimidade do dono. Em todos os outros casos, será
dada prioridade ao retorno dos bens confiscados à parte solicitante, o retorno dos
bens aos legítimos donos, ou a utilização para a compensação das vítimas.
45
O UNODC possui escritórios de campo, nacionais e regionais, que cobrem mais
de 150 países. Trabalhando diretamente com governos e organizações não-
governamentais, as equipes de campo desenvolvem e implementam programas de
controle de drogas e de prevenção à criminalidade, sempre adaptados às
necessidades locais dos países atendidos.
Os três pilares do trabalho do UNODC são:
Trabalho normativo, para ajudar os Estados na ratificação e na
implementação dos tratados internacionais, e no desenvolvimento de
suas legislações nacionais em matérias de drogas, criminalidade e
terrorismo, além de oferecer serviços técnicos e operacionais para
órgãos de execução e controle estabelecidos pelos tratados
internacionais.
Pesquisa e análise, para aumentar o conhecimento e a compreensão
dos problemas relacionados às drogas e à criminalidade e para ampliar
a definição de políticas e de estratégias com base em critérios baseados
em evidências.
Assistência técnica, por meio de cooperação internacional, para
aumentar a capacidade dos Estados-membros em oferecer uma
resposta às questões relacionadas às drogas ilícitas, ao crime e ao
terrorismo.
Desde 1991, o UNODC atua no Brasil com o objetivo de apoiar o governo
brasileiro no cumprimento das obrigações assumidas ao ratificar as Convenções da
ONU sobre Controle de Drogas e os doze instrumentos multilaterais sobre o
terrorismo. O Brasil ratificou a Convenção da ONU contra o Crime Organizado, seus
três Protocolos (contra o Tráfico de Seres Humanos, contra o Contrabando de
Migrantes e contra o Tráfico de Armas) e a Convenção da ONU sobre Corrupção.
O crescimento das áreas de trabalho do UNODC foi complementado pela
expansão na área geográfica de atuação. Isso ocorreu pela primeira vez em 2001,
quando o Escritório passou a ser regional, cobrindo os países do Cone Sul: Argentina,
Chile, Paraguai e Uruguai. Já em maio de 2013, o escritório regional passou a ser um
Escritório de Ligação e Parceria do UNODC no Brasil, focado em cooperação regional
e inter-regional, incluindo iniciativas Sul-Sul, com ênfase em promover a colaboração
e o diálogo com outros países.
46
3.2 Convenção da ONU
48
4 CONVENÇÃO DA OEA
Fonte: neiarcadas.files.wordpress.com
49
Promover, facilitar e regular a cooperação entre os Estados Partes a fim
de assegurar a eficácia das medidas e ações adotadas para prevenir,
detectar, punir e erradicar a corrupção no exercício das funções públicas,
bem como os atos de corrupção especificamente vinculados a seu
exercício.
De que maneira a Convenção ajuda a prevenir e combater a corrupção?
A Convenção da OEA dispôs, especialmente, sobre a prevenção como uma
das formas de combate à corrupção. Dentre as medidas preventivas abordadas pela
Convenção destacam-se: a criação, manutenção e fortalecimento de normas de
conduta para o correto, honrado e adequado desempenho das funções públicas; o
fortalecimento de mecanismos que estimulem a participação da sociedade civil e de
organizações não governamentais nos esforços para prevenir a corrupção; e a
instituição de sistemas de arrecadação fiscal que impeçam a prática da corrupção.
A Convenção da Organização dos Estados Americanos possui o “Mecanismo
de Acompanhamento da Implementação da Convenção Interamericana Contra a
Corrupção”, constituído pela Conferência dos Estados Partes e pela Comissão de
Peritos, esta última responsável pela análise técnica da implementação da
Convenção. O referido Mecanismo tem, ainda, por finalidade, melhorar a cooperação
técnica de atividades nos Estados Partes.
O que o Brasil está fazendo para cumprir as determinações da Convenção?
O ordenamento jurídico brasileiro já se encontra, em muitos aspectos, em
conformidade com os termos da Convenção da OEA. Para que essa conformidade
seja completa, dois Projetos de Lei foram enviados ao Congresso Nacional pelo atual
Governo.
PL que prevê a inclusão do artigo 317-A ao Código Penal, tipificando o
crime de Enriquecimento Ilícito;
PL que prevê situações que definem o Conflito de Interesses.
Anteprojeto de Lei de Acesso à Informação, encaminhado à Casa Civil
da Presidência da República, para posterior encaminhamento ao
Congresso Nacional.
Em relação às medidas preventivas, foram criadas, dentre outras, as Páginas
e o Portal da Transparência, no intuito de aumentar a transparência governamental, e
o Programa Olho Vivo no Dinheiro Público, com ações de fomento ao controle social.
50
Vale, também, chamar a atenção para a criação da Secretaria de Prevenção da
Corrupção e Informações Estratégicas, da CGU, em janeiro de 2006, atual Secretaria
de Transparência e Prevenção da Corrupção.
Fonte: www.oguiagospel.com.br
51
5.1 A Governança e a Tolerância ao Risco
52
5.3 Identificação de Eventos e Avaliação de Riscos
A origem dos eventos de risco deve considerar não somente os atos dos
funcionários, mas também os praticados por terceiros tais como fornecedores ou
prestadores de serviço, e seus prepostos. Prática também conhecida como KYP
(“know your partner”) - regras, procedimentos e controles internos para identificação
e aceitação de parceiros comerciais. Entretanto, como nem todos os terceiros ou
parceiros possuem o mesmo grau de risco, eles devem ser classificados e receber
controles proporcionais aos riscos que representam. Para os demais alto risco,
recomenda-se diligências aprofundadas de avaliação (tais como “due diligence”) com
alçadas específicas de aprovação.
Nas unidades internacionais, toda ocorrência de evento de risco deve ser
devidamente reportada nos Comitês de Compliance e em sistemas específicos, como
os que coletam eventos de risco operacional. Além disso, toda contratação de
terceiros deve se submeter a critérios de KYP definidos pela matriz, e toda contratação
deve ser aprovada pelos setores jurídicos da matriz e da unidade estrangeira.
53
Melhor prática já consolidada internacionalmente, o procedimento de
realização de testes de controles ganhou relevo com a lei Sarbanes-Oxley, também
conhecida como SOX. Analogamente, outras iniciativas regulatórias como
Anticorrupção e FATCA (Foreign Account Tax Compliance Act), além das constantes
novas orientações da Basiléia para os Bancos Centrais e do GAFI sobre Prevenção à
Lavagem de Dinheiro, estão a exigir que muitas empresas reforcem suas estruturas
de controle e monitoramento. A tendência internacional é de aumento da regulação e
da fiscalização sobre o Compliance das organizações, independentemente de seu
porte e área de atuação.
5.8 Governança
56
dúvida, o chamado risco regulatório é a maior prioridade na agenda de todo
Compliance Officer estabelecido em unidade estrangeira. Provavelmente ninguém
melhor do que ele conhece, na prática, os procedimentos que devem ser seguidos, as
evidências que precisam estar à disposição e os principais controles que precisam
efetivamente estar em funcionamento.
Assim, as requisições feitas à matriz devido a demandas regulatórias de suas
unidades devem sempre levar em consideração o que o Compliance Officer, no
exercício de sua independência e autoridade, reporta imperativamente à estrutura de
controles corporativos.
A exposição ao risco regulatório nas unidades internacionais guarda relação
intrínseca com o risco de imagem, independentemente de seu tamanho ou suposta
importância. A marca da instituição está presente em todas as suas representações.
57
BIBLIOGRAFIA
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial, volume 1, 9 e 13. ed. rev. e
atual. São Paulo: Saraiva, 2005, 2007 e 2009.v.1.
58
MADEIRA, Lígia Mori. Compliance: a (rara) aplicação de instrumentos
internacionais de proteção a direitos humanos pelos tribunais intermediários no
Brasil. Revista brasileira de ciência política. Brasília, DF. N. 21 (set./dez. 2016), p.[45]-
76, 2016.
REALE, Miguel. Nova Fase do Direito Moderno. São Paulo: Saraiva: 1990.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral
dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 10ª ed. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2009.
59