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Elas são fóruns para o desenvolvimento da amizade na comunidade e são


oportunidades para que as pessoas falem livremente e compartilhem seus pensamentos
e modelos de diálogo democrático. Essa interação e esse apoio mútuo entre as pessoas
são a incorporação da amizade ideal.

Destacados pensadores de todo o mundo começaram a tomar conhecimento de nossas


reuniões de palestra. Concluí recentemente um diálogo com a Dra. Elise Boulding,
especialista americana em estudos da paz. [Intitulado Rumo a um Brilhante Século da
Cultura de Paz, o diálogo está atualmente disponível somente em japonês.] A Dra.
Boulding falou das impressões que teve de uma reunião de palestra da Soka Gakkai em
que ela participou no Japão, lembrando de ter-se sentado num círculo junto com os
membros da Divisão Feminina e de ter sentido seu espírito de genuíno humanismo e de
animação familiar. Ela achou nossa reunião de palestra um local em que as pessoas
podem se considerar como iguais, conhecendo-se melhor ao ouvir o que cada uma tem a
dizer e unindo seu coração num mesmo propósito — uma reunião ideal para a promoção
da paz e da cultura.

O Dr. Bryan Wilson (1926–2004), famoso sociólogo da religião de Oxford com quem
realizei um diálogo que foi publicado com o título Valores Humanos num Mundo em
Mutação, fez também altos elogios às nossas reuniões de palestra, denominando-as de
novo modelo de comunidade humanística para

nossa época cada vez mais desumana.

Dialoguei também com o Dr. Lou Marinoff, presidente da Associação Americana de


Praticantes da Filosofia. O Dr. Marinoff destacou a grande importância do diálogo entre
pessoas que compartilham da mesma fé, identificando-o como um meio para se libertar
de convenções religiosas antiquadas nas quais os seguidores são considerados como
ovelhas e os integrantes do clero, como pastores. Ele observou que os filósofos
engajam-se também numa atividade idêntica às nossas reuniões de palestra,
compartilhando e transmitindo suas experiências para desenvolver assim uma visão mais
rica e mais envolvente da condição humana. O Dr. Marinoff chamou a esse processo de
uma forma de prática para atingir um auto-conhecimento mais profundo ao ouvir as
experiências dos outros.
O presidente Makiguti demonstrou ter uma visão de futuro realmente notável ao
instituir a prática da realização das reuniões de palestra, cujo significado aumenta com o
passar do tempo.

***

Os membros participam das reuniões de palestra apesar de seus vários compromissos,


em geral cansados por causa do trabalho ou das responsabilidades com o lar. É por isso
que eles necessitam de um sincero encorajamento, de ver que seus esforços estão sendo
calorosamente valorizados e de ter sua disposição revitalizada.

As reuniões de palestra devem ser um tipo de oásis espiritual, deixando todos os


participantes com o sentimento de alegria por terem comparecido, revigorados e
renovados. O capítulo “Encorajamento do Bodhisattva Mérito Universal” do Sutra de
Lótus diz: “Se encontrar uma pessoa que aceita e abraça este sutra, deve se levantar e
cumprimentá-la de longe, demonstrando-lhe o mesmo respeito que teria para com um
Buda”. (LS28, pág. 324.) O Sutra de Lótus, que é o mais elevado ensino de Sakyamuni,
termina com essas palavras. No Registro dos Ensinos Orais (The Record of the Orally
Transmitted Teachings [OTT]), Nitiren Daishonin identifica essa passagem como um
resumo da mensagem de todo o sutra (Cf. OTT, pág. 193) e “o ponto principal que ele
[Sakyamuni] desejava nos transmitir (OTT, pág. 192.) Em outras palavras, não há espaço
para a arrogância no mundo do Sutra de Lótus. O autoritarismo é totalmente inaceitável.
Nós precisamos interagir e conversar com nossos companheiros e amigos com o máximo
respeito e consideração.

Sempre que o presidente Makiguti participava de uma reunião de palestra, ele começava
cumprimentando e agradecendo sinceramente à família em cuja casa a reunião estava
sendo realizada. Ele então recebia calorosamente os participantes, demonstrando-lhes o
mesmo respeito que teria para com um Buda, assim como ensina essa passagem acima.

***

Gostaria de reconfirmar a importância de valorizar as famílias que oferecem a casa para


a realização das reuniões de palestra e demonstrar grande cuidado com sua residência.
Nitiren Daishonin fez de sua própria casa um centro para a divulgação de seus ensinos.
Os presidentes Makiguti e Toda também abriram sua casa aos membros para que fosse
usada como centro de atividades. Os pais de minha esposa ofereceram a casa para a
realização de reuniões e atividades da Soka Gakkai desde a época do presidente
Makiguti, e nós também utilizamos nossa casa como local de reunião.

Oferecer a casa para a realização da reunião de palestra pode envolver um esforço e um


inconveniente consideráveis. Os dirigentes devem estar profundamente cientes disso e
nunca menosprezar essa questão, agradecendo à família que ofereceu a casa de forma
educada e sincera. Ao término da reunião, por favor, ofereçam-se para limpar tudo,
tomando a iniciativa para ser o mais atenciosos e úteis possível. Os membros devem
tomar cuidado para não deixar tudo bagunçado. Nem é preciso dizer que os
participantes devem evitar de fumar; assim como nossos centros culturais e sedes
regionais, esses locais particulares de reunião devem ser considerados como áreas de
não-fumantes.

Os horários das reuniões devem ser observados rigorosamente e devem ser evitados as
conversas prolongadas após a atividade. Os participantes devem lembrar uns aos outros
para que prestem atenção no que diz respeito a estacionar o carro na vizinhança e a falar
baixo para não incomodarem os vizinhos. Por favor, empreendam todo o empenho para
garantir que a família que oferece a casa sinta-se realmente feliz por isso.

Essa é a tradição da Soka Gakkai. É importante manter estas palavras de Daishonin


firmemente gravadas na mente o tempo todo: “O propósito do surgimento do Buda
Sakyamuni, o lorde dos ensinos, neste mundo, está em seu comportamento como ser
humano”. (The Writings of Nichiren Daishonin [WND], pág. 852.) Vamos demonstrar a
mais alta consideração e respeito a todas as pessoas que oferecem a casa para a
realização de reuniões. Elas estão prestando um serviço indispensável ao nosso
movimento.

Muitas famílias têm filhos que estão estudando para os exames. Espero que tenham uma
consideração especial para com suas necessidades e incentivem-nos calorosamente. O
capítulo “Os Benefícios da Alegre Aceitação” do Sutra de Lótus declara:

“Suponha que há uma pessoa sentada no local onde a Lei está sendo exposta e, quando
outra pessoa aparece, a primeira pede-lhe que se sente e ouça, ou então se oferece para
compartilhar de seu assento, persuadindo-a assim a se sentar. Os benefícios que essa
pessoa receberá serão tantos que renascerá num local onde o lorde Shakra esteja
sentado, onde o rei celestial Brahma esteja sentado, ou onde um sábio rei girador da
roda esteja sentado.” (LS18, págs. 247–248.)

Essa é com certeza a descrição dos grandes benefícios relativos a todos os nossos
nobres membros que participam alegremente das reuniões de palestra. Todos os seus
familiares também desfrutarão, com certeza, um elevado estado de vida próprio dos
grandes líderes. Uma ilimitada boa sorte virá de uma distância incalculável para o lar das
pessoas que oferecem a casa como centro de atividades em prol do Kossen-rufu aos
seus companheiros, que são iguais aos Budas. À luz da lei budista de causa e efeito, isso
está garantido.

***

Conheci meu mestre da vida, o presidente Toda, numa reunião de palestra realizada na
noite do dia 14 de agosto de 1947 em Kojiya, no bairro de Kamata; eu estava com 19
anos e o Sr. Toda, com 47. O dia seguinte foi o segundo aniversário do fim da Segunda
Guerra Mundial. Naquele cenário do Japão devastado, meu jovem coração buscava por
um caminho seguro para seguir na vida, e a intensa determinação do Sr. Toda quando ele
proferiu sua explanação sobre a “Tese sobre o Estabelecimento do Ensino Correto para a
Paz da Nação” tocou bem no âmago de meu ser. Fiquei aturdido com sua personalidade
e, ao mesmo tempo, profundamente impressionado com o otimismo e o profundo foco
filosófico daquela reunião de cidadãos comuns. Como para tantas outras pessoas, a
reunião de palestra foi minha entrada para a Soka Gakkai.

***

O Sr. Toda atribuía suma importância às reuniões de palestra e se engajava num


detalhado planejamento dos preparativos, considerando cuidadosamente a escolha do
apresentador e a programação. Ele nunca menosprezava o mais pequeno detalhe,
planejando o que ele e os outros participantes deveriam falar para fazer com que a
apresentação fosse a mais eficaz possível. Não via nenhuma necessidade de ser
exageradamente formal. “Devemos assegurar para que até mesmo as pessoas que
estiverem participando de sua primeira reunião de palestra fiquem contentes e sintam
que aprenderam algo sobre o budismo. Caso contrário, terão perdido seu tempo”,
enfatizava ele.

Uma das acusações que as autoridades militares fizeram contra o presidente Makiguti
foi que ele havia realizado mais de 240 reuniões de palestra no período de dois anos.
Três integrantes da Polícia Superior Especial do regime militar participaram disfarçados e
observaram a reunião de palestra na qual o presidente Makiguti compareceu na casa de
meus sogros. As reuniões de palestra eram realmente centros de batalha pela liberdade
de discurso e de pensamento, locais onde os membros lutavam pelo budismo com a
disposição de não poupar a vida e de abnegada devoção à propagação da Lei.

***

Ciente do comprometimento de meus predecessores, também me dediquei totalmente


às reuniões de palestra. Durante a Campanha de Fevereiro de 1952, quando demos uma
importante reviravolta em nossos esforços em prol da propagação, participei de uma
reunião de palestra na cidade de Kawasaki, na Província de Kanagawa, do outro lado do
rio Tama. Havia um jovem convidado que estava encostado numa coluna, mascando
chiclete numa atitude insolente e negativa. Dirigi-me a ele de forma polida, porém firme:
“Se ouvir os ensinos de Nitiren Daishonin com essa atitude descuidada, não conseguirá
julgar de forma apropriada se são falsos ou verdadeiros. Não aprenderá nada e será
apenas um incômodo para os outros que estão com toda seriedade buscando a verdade.
Por favor, vá para casa”.

Atônito, o jovem endireitou-se e mudou de atitude, ouvindo minha preleção do Gosho


com toda atenção. Dois dias depois, soube que ele havia entrado para a Soka Gakkai.

Aonde quer que eu me dirigisse para abrir o caminho para o Kossen-rufu, o acalentado
sonho de meu mestre, as reuniões de palestra ficavam sempre lotadas. Era assim em
Kamata, Bunkyo e Arakawa, ou em Ka–tsushika, em Tóquio, ou nas distantes Sapporo,
Osaka ou Yamaguti. Nossos membros se empenhavam muito para isso. Numa certa
ocasião, em meio a um sincero diálogo numa reunião realizada em Yokohama, um grupo
de pessoas que estava na sala repentinamente “desapareceu”. Havia tanta gente na sala
que o assoalho cedeu! Um incidente semelhante ocorreu também durante a Campanha
de Arakawa. Durante uma sessão de perguntas e respostas, um jovem levantou a mão.
Eu não conseguia ver seu rosto, assim o apresentador da reunião pediu que ele se
levantasse. “Eu estou de pé”, respondeu ele todo animado. Outra vez, uma parte do
assoalho cedeu sob o peso de tantas pessoas que lotavam a sala.

Naquela época, os membros eram pobres e suas casas eram antigas. Mesmo assim,
todos estavam alegres e otimistas. Estavam orgulhosos de serem membros da Soka
Gakkai. Aquelas reuniões devem ter-lhes causado problemas consideráveis, mas eles
posteriormente conquistaram uma magnífica condição de vida cheia de imensa boa
sorte.

***

Enquanto lutava durante o ano de 1953 para transformar a estagnação do Distrito


Bunkyo numa organização ativa e vibrante, participei de uma reunião de palestra em
Sagamihara, na Província de Kanagawa. O líder de um dos novos grupos religiosos do
Japão havia ido até lá

para debater sobre religião. Apresentei três questões: O que é religião? O que é vida? O
que é felicidade? Incapaz de responder nenhuma delas, o líder religioso parecia
extremamente inquieto. Disse para ele: “Uma religião que não consegue erradicar o
sofrimento das pessoas e levar-lhes felicidade é inútil”. Sem palavras, ele deixou a
reunião contrariado.

Durante a Campanha de Osaka realizada em 1956, iniciei uma corrente de expansão.


Numa dessas reuniões onde hoje se encontra Higashi Osaka, dentre as dezoito pessoas
que participaram, dezessete entraram para a Soka Gakkai. Daishonin escreveu: “Ore o
Nam-myoho-rengue-kyo com toda decisão e peça aos outros que façam o mesmo; isso
permanecerá como a única recordação de sua presente existência neste mundo
humano”. (WND, pág. 64.) Eu mesmo tenho muitas recordações maravilhosas das
reuniões de palestra.

***

Recebi excelentes notícias da Índia, terra que deu origem ao budismo. Em Patna, capital
do antigo império do rei Asoka, a qual visitei há 45 anos, cinqüenta membros estão
atuando agora e realizando animadas reuniões de palestra por comunidade. E o vice-
chanceler Prem Chand Patanjali, da Universidade Purvanchal, que me concedeu há cinco
anos o título de doutor honorário, participou de várias reuniões de palestra em Nova
Délhi. Ele conta ter participado dessas reuniões com o forte desejo de conseguir uma
consideração mais profunda não apenas das atividades sociais da SGI como também de
sua base espiritual, e para trabalhar junto conosco.

A Caxemira, que fica no noroeste da Índia — local do Quarto Conselho Budista para
compilar os ensinos de Sakyamuni, e convocado pelo rei Kanishka (c. 78–144) — tem
sido assolada por muitos anos por uma sangrenta guerra civil. Mas, mesmo assim, estão
sendo realizadas regularmente as reuniões de palestra sobre a filosofia de paz de
Daishonin e com a presença de amigos e vizinhos.

O Sr. Toda costumava dizer: “Sem paciência e um trabalho árduo e firme, não se pode
realizar nada de grandioso. Sem esforços práticos, uma fortaleza inexpugnável e
invencível não pode ser construída”. Nenhum outro empreendimento representa melhor
esse firme e honesto esforço que a reunião de palestra. É isso o que a torna tão nobre e
estável. Dessas pequenas e íntimas reuniões de pessoas comuns, uma grande aliança do
bem se propaga para as comunidades, as sociedades e o mundo. O ímpeto das reuniões
de palestra nas linhas de frente de nossas atividades é o próprio impulso de nosso
movimento em prol do Kossen-rufu.

Gostaria de chamar sua atenção para algo que o Sr. Toda escreveu certa vez em sua
coluna intitulada “Epigramas”, publicada no Seikyo Shimbun. “Chegou a época em que
nossas pequenas reuniões de palestra são extremamente importantes. Peço aos líderes
para que não poupem esforços para participar e apoiá-las.”

***

A Sra. Jutta Unkart-Seifert, ex-subsecretária do Ministério da Educação, Artes e


Esportes da Áustria, dialogou com pequenos grupos de membros da Soka Gakkai de
todo o Japão. Após esses encontros, ela concluiu que o segredo por trás do crescimento
e do desenvolvimento da Soka Gakkai está na liberdade e igualdade existentes em nossa
organização. Não poderia deixar de concordar. As reuniões de palestra são cheias de
diálogo, abertura, igualdade, filosofia e esperança.
Sempre sinto uma crescente emoção em meu coração quando se aproxima a semana da
reunião de palestra mensal. Fico imaginando a calorosa luz a brilhar através das janelas
dos locais de reunião em todo o Japão. Ouço as vozes felizes dos membros cantando as
canções da Soka Gakkai e seus risos alegres. Imagino os temas que estão sendo
discutidos e as determinações que todos estão transmitindo. Gostaria de poder ficar
sentado escondido no fundo de cada sala, aplaudindo sinceramente e torcendo por cada
pessoa que falar lá na frente. Adoro as reuniões de palestra.

***

Um dos aspectos que as empresas que estão crescendo atualmente têm em comum é a
ênfase no diálogo livre e aberto. Um ex-aluno da Universidade Soka que agora tem seu
próprio negócio disse: “Nós não temos necessidade de uma sala de conferência nem de
um espaço específico para reunião [em nossa empresa]. Os empregados se reúnem
quando e onde é adequado para eles para compartilhar seus pensamentos ou os
problemas que estão enfrentando no trabalho. Após conversarem mesmo que seja por
dez minutos, nascem novas idéias e os laços entre todos ficam mais sólidos”. Ele disse
também: “Creio que as empresas estão finalmente chegando ao nível da reunião de
palestra da Soka Gakkai”.

As reuniões de palestra estão na vanguarda dos tempos.

***

Quando eu era membro da Divisão dos Jovens, realizava reuniões de palestra em meu
pequeno apartamento em Omori, no bairro de Ota, em Tóquio. Convidava meus
vizinhos, e muitos deles se tornaram membros.

Participei de inúmeras reuniões de palestra no Japão e também no mundo inteiro.


Realizar reuniões de palestra nos primeiros dias de nosso movimento, em particular,
nunca foi fácil nem tranqüilo. Aonde quer que eu fosse, enfrentava uma batalha de
verdade; era como cultivar um campo que não foi arado. Houve até mesmo ocasiões em
que tive de lidar com intrusos que foram tentar atrapalhar a reunião.

Cada reunião ficava transbordante do vigoroso espírito da Soka Gakkai de que “o Sutra
de Lótus é o ensino do Chakubuku, da refutação dos ensinos provisórios” (The Writings
of Nichiren Daishonin [WND], pág. 392.) Sem o importante treinamento budista que
recebi em nossas reuniões de palestra, não seria o que sou hoje.

***

Na noite do dia 15 de março de 1979, em meio aos contratempos ligados à primeira


problemática com o clero e apenas um mês antes de eu deixar a terceira presidência da
Soka Gakkai, participei de uma reunião de palestra de bloco — equivalente à atual
comunidade — em Fuchu, Tóquio. Tendo decidido que o foco de minha batalha seria a
reunião de palestra, participei também de uma reunião de planejamento de bloco no
bairro de Nakano, em Tóquio, três dias antes.

Na época, vários indivíduos dissimulados que haviam se voltado contra a Soka Gakkai
uniram-se ao clero, e juntos começaram a fazer planos para criar uma divisão entre os
membros e eu e destruir a organização. Foi por isso que decidi participar das reuniões de
palestra locais, onde pudesse conversar diretamente com os membros que estavam
atuando na linha de frente e formar assim fortes laços pessoais com eles.

Quando cheguei à casa onde estava sendo realizada a reunião de palestra de Fuchu, subi
as escadas que davam para a sala da reunião, no segundo andar, e disse bem alto: “Boa
noite!” Minha presença foi recebida com brados de surpresa e entusiásticos aplausos.
Havia aproximadamente trinta pessoas na sala. Falei com cada uma delas e incentivei-as
de todo coração, desejando gravar o encontro daquela noite bem dentro de meu ser.

A responsável da Divisão Feminina de bloco, em cuja casa aquela reunião estava sendo
realizada, havia convidado uma vizinha, com quem me engajei num caloroso e agradável
diálogo. Após o término da reunião, tirei uma foto com o responsável do bloco e sua
esposa como uma expressão de minha gratidão por eles oferecerem a casa para todos.

Meu objetivo era tornar a reunião de palestra uma atividade agradável, que valesse a
pena e que fosse a mais significativa possível. Queria que os membros saíssem sentindo-
se completamente revigorados, esperançosos e revitalizados, e dei tudo de mim para
conseguir isso. Nessa ocasião, disse: “A reunião de palestra é o fórum mais democrático
de diálogo livre e aberto onde as pessoas entram em contato com a fé correta. É um
poderoso trampolim para o estabelecimento de uma vida de esperança e convicção”.
Minha inesquecível viajem de orientação realizada no inverno à Província de Akita (em
janeiro de 1982) também começou e terminou com reuniões de palestra. Após pousar
no Aeroporto de Akita coberto pela neve, eu e minha comitiva nos dirigimos de carro
para o Centro Cultural da Soka Gakkai de Akita, onde os membros nos aguardavam.
Depois de dez minutos de viagem, encontramos aproximadamente quarenta membros
que haviam se reunido numa esquina para me receber quando passasse pela localidade
chamada Myoho, em Yuwa-mati (atual cidade de Akita). Podia ver as lufadas brancas
formadas no ar frio por causa de sua respiração. Devem ter me esperado por bastante
tempo.

Decidi parar, e assim realizamos uma reunião de palestra bem ali na neve. Não havia
muito tempo, mas a sinceridade não é medida por ele. Na esquina seguinte, havia outros
trinta membros esperando, e mais setenta na outra — todos usando botas de neve e
parcas. Fiquei tão comovido! Parei e conversei com todos eles. Não podia deixar de
incentivar aqueles membros, que haviam sido perseguidos pelos bonzos inescrupulosos.
Disse-lhes: “A Lei Mística garante que as pessoas que mais sofrem atingirão a maior
felicidade”.

Participei de nove dessas “reuniões de palestra da esquina” entre o aeroporto e o centro


cultural, e naquele dia conversei com aproximadamente mil membros no total.

***

Desde o final de 2005, pesadas nevascas têm causado muitos prejuízos em muitas
localidades do Japão. Em algumas comunidades, as reuniões de palestra tiveram de ser
canceladas por causa da neve. Estou enviando sincero Daimoku a todos os nossos
nobres membros. Expressando sua profunda preocupação com os discípulos, Daishonin
escreveu: “Estou orando para que, não importando o quanto a época se torne atribulada,
o Sutra de Lótus e as dez filhas demônios protejam todos vocês”. (WND, pág. 444.)

Gostaria de confirmar, nesta época difícil, a importância de fazer da segurança uma regra
absoluta na realização das reuniões de palestra.

***
As reuniões de palestra estão sendo realizadas pelas comunidades do mundo inteiro. Na
bela ilha de Maiorca, no Mediterrâneo, as reuniões de palestra são realizadas com a
participação de membros de vinte nacionalidades diferentes. Disseram-me que essas
reuniões são permeadas por diálogos em espanhol, inglês, alemão, francês, italiano e
muitos outros idiomas. E em Belfast, na Irlanda do Norte, as reuniões de palestra têm o
vívido diálogo dos membros que, como bons cidadãos da comunidade onde vivem, estão
expandindo o círculo de paz e amizade e desejando a felicidade para sua terra, que por
muitos anos sofreu com terríveis conflitos.

A palavra japonesa que designa reunião de palestra, zadankai, está se tornando um


termo familiar entre nossos membros do mundo inteiro.

Ashland, no Oregon, cidade localizada na costa Oeste dos Estados Unidos e conhecida
por sediar o Festival Shakesperiano do Oregon, tem uma fascinante história das reuniões
de palestra da SGI. No final da década de 1980, dois membros da Divisão Feminina de
Jovens mudaram-se do Sul da Califórnia para Ashland. Na ocasião, não havia
organização da SGI nessa localidade, e assim elas começaram a realizar reuniões de
palestra com a participação apenas delas duas.

Uma delas atuava como convidada da reunião e a outra era a dirigente. Elas colocavam
os impressos da SGI num círculo e fingiam que eram os outros participantes. Assim, elas
realizavam suas reuniões de palestra. O objetivo delas era algum dia ter reuniões cheias
de rostos sorridentes e afetuosos.

Posteriormente, um famoso ator da televisão começou a participar daquelas “reuniões


de palestra de duas pessoas”, e ele foi seguido por numerosas outras, incluindo
respeitadas personalidades da comunidade. O grupo cresceu e se tornou o muito ativo
Distrito Pico da Águia, com mais de cem membros.

Enquanto isso, em Interlaken, na Suíça, no alto dos Alpes, um único membro da Divisão
Feminina edificou uma altaneira cadeia de montanhas formada por pessoas capazes
graças à realização de incontáveis reuniões de palestra. Em todo o mundo, as mulheres
estão abrindo o caminho do Kossen-rufu.

***
Daishonin dá a seguinte instrução em um de seus escritos: “As pessoas decididas a
buscar o caminho devem se reunir e ouvir o conteúdo desta carta”. (WND, pág. 206.) Em
outras palavras, a forma correta de praticar o Budismo de Nitiren Daishonin é os
membros se reunirem, estudarem juntos os escritos de Daishonin, incentivar uns aos
outros e ajudar-se mutuamente a obter uma compreensão mais profunda da fé.

Um jovem disse certa vez ao primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunessaburo


Makiguti, que ele pensava ser melhor realizar palestras com a participação de um grande
número pessoas do que as reuniões de palestra. “Não, não seria”, respondeu o Sr.
Makiguti sem hesitação. “O diálogo é a única forma de conversar com outra pessoa
sobre os problemas da vida. Numa palestra, os ouvintes inevitavelmente se sentiriam
distantes. Você sabe que mesmo a ‘Tese sobre o Estabelecimento do Ensino Correto
para a Paz da Nação’ de Daishonin foi escrita na forma de diálogo.”

O Sr. Makiguti percorreu grandes distâncias para conversar com uma única pessoa. Ele
realizava reunião de palestra para uma única pessoa. E sua convicção não vacilou nem
mesmo quando ele estava preso. Na cadeia, ele desafiava seus interrogadores, dizendo:
“Há alguma diferença no resultado de não fazer o bem e no de fazer o mal?” Ele refutou
suas crenças errôneas por meio de argumentos sensatos e lógicos sobre os ensinos
religiosos corretos e os errados.

Ao assumir como segundo presidente da Soka Gakkai, em 1951, Jossei Toda declarou:
“O Kossen-rufu começa com o sincero diálogo”. O então sumo-prelado Hori Nitiko,
grande erudito budista que fez altos elogios à Soka Gakkai, também afirmou: “A força da
Soka Gakkai encontra-se em seu método sem precedentes de propagar os ensinos — a
reunião de palestra”.

Em um de seus escritos, Daishonin cita o seguinte provérbio: “Um é a mãe de dez mil”.
(WND, 131.) Com essa disposição, os três primeiros presidentes da Soka Gakkai atuaram
com a determinação de compartilhar o Budismo de Daishonin com cada pessoa que
encontrassem. Essa firme decisão levou ao atual desenvolvimento do movimento em
prol do Kossen-rufu.

***
Recebi recentemente uma carta enviada por um membro de Kansai e gostaria de
compartilhá-la com vocês. Ele escreveu as seguintes palavras:

“Nunca me esquecerei de uma reunião de palestra da qual o senhor participou durante a


Campanha de Osaka. O senhor chegou ao local da reunião como um valoroso guerreiro,
com um exemplar do Gosho na mão. (...) Após ouvir os relatos dos membros, elogiou-os
com toda sinceridade. Sempre que havia uma pergunta, o senhor encontrava a passagem
do Gosho apropriada e respondia com toda clareza. E algumas vezes fez brincadeiras
para descontrair o ambiente. Foi muito bom e ficamos tão felizes que rimos e
derramamos lágrimas de alegria. No final da reunião, todos os doze ou mais convidados
decidiram entrar para a Soka Gakkai. Aquela vibrante e alegre reunião de palestra foi
decisiva em minha vida.”

Eu também tenho profundamente gravadas em meu coração todas as casas onde


participei de reuniões de palestra, e também os dirigentes que promoveram as reuniões
e todos que encontrei nessas ocasiões. Nunca me esquecerei deles.

***

O defensor da independência indiana, Mahatma Gandhi (1869–1948) viajava para todos


os lugares para encontrar-se com as pessoas, dando grande importância às reuniões com
poucas pessoas. O líder dos direitos civis americano, o Dr. Martin Luther King (1929–
1968) também fez das pequenas reuniões a base para a vitória de seu movimento.

Um mestre do shogi (xadrez japonês) disse certa vez: “A vitória não começa a partir do
centro, mas sim dos cantos discretos do tabuleiro”.

Os diálogos de pessoa a pessoa, os pequenos grupos e as reuniões discretas realizadas


na linha de frente são as chaves para a vitória. De fato, a reunião de palestra é de suma
importância.

A partir de hoje, vamos iniciar os renovados dramas de diálogos vibrantes, inspiradores e


cheios de esperança e expandir ainda mais nossa rede de verdade e vitória!

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