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2º Guerra Mundial 1939-1945

*60 milhões de mortos


*27 mil mortes por dia entre 1939-1945
*15 milhões de chineses mortos nas mãos do japoneses entre 1937-1945
*1/7 dos mortos na 2º GM era Judeu.
*Os EUA sofreram baixas na proporção de apenas 5/1000 alistados
*EUA: 17.000 feridos (no mesmo período houveram 100 mil amputações por acidente de trabalho nas fábricas americanas)
*Muitos russos lutaram ao lado dos alemães contra o odiado regime de moscou

Em 1939 Hitler invade a Polônia. Grã-Bretanha e França não tinham vontade ou recursos para cumprir as garantias de segurança que haviam dado aos poloneses.
Somente no 3º ano a morte e a destruição atingiram a vastidão que seria mantida até 1945. Até mesmo o Reich de Hitler era, no início, mal equipado.
O ministro do Exterior de Mussolini, seu genro, o conde Galeazzo Ciano, advertiu o embaixador polonês em Roma de que, se resistisse às demandas territoriais de Hitler, seu
país combateria sozinho e “rapidamente se transformaria num monte de ruínas”.
Aos olhos de Berlim e de Moscou, o estado polonês devia sua existência apenas à força maior dos Aliados em 1919 e não tinha legitimidade. Em um protocolo secreto do
Pacto Nazi-Soviético, assinado em 23 de agosto de 1939, Hitler e Stalin concordaram com a partição e dissolução da Polônia.
A Alemanha queria se expandir a este e a Rússia ao leste. As esperanças polonesas repousavam numa ofensiva anglo-francesa a oeste, que dividiria as forças da Alemanha.

Em março de 1939, os governos britânico e francês deram garantias, formalizadas em tratados, de que lutariam em caso de agressão alemã à Polônia.
Em 30 de Agosto de 1939 Às 20h um grupo vestido em uniformes poloneses fez um assalto simulado À estação de rádio alemã em Gleiwitz, na Alta Silésia.
Em 1º de Setembro às 02:00 a invasão. Em 3 de setembro, a Grã-Bretanha e a França declararam guerra à Alemanha.
Em 7 de setembro, dez divisões francesas seguiram com cautela para o Sarre alemão. Após avançarem oito quilômetros, pararam: isso representou o limite da demonstração
armada em apoio à Polônia.
Em Bydgoszcz, no Domingo Sangrento, 3 de setembro, mil civis alemães foram massacrados sob a alegação de terem disparado contra tropas polonesas, as mortes serviram
como pretexto para atrocidades cometidas pelos nazistas contra os poloneses, sobretudo os judeus, iniciadas dias depois da invasão.
Em 17 de setembro, data em que os poloneses esperavam o início da ofensiva prometida pelos franceses na Frente Ocidental, o que se viu foi a União Soviética deflagrar sua
brutal investida, destinada a assegurar a parte de Stalin no butim de Hitler.
Em 29 de setembro, o exército Modlin, ao norte de Varsóvia, rendeu-se aos alemães, que tomaram trinta mil prisioneiros. A resistência organizada diminuiu gradualmente; a
península de Hel caiu em 1º de outubro; o último confronto registrado ocorreu em Kock, ao norte de Lublin, no dia 5.
No outono de 1939, Stalin procurou reforçar ainda mais a posição estratégica da União Soviética, invadindo a Finlândia. Parte integrante da Suécia até as guerras
napoleônicas, o país fora governado pela Rússia até 1918, quando antibolcheviques finlandeses triunfaram numa guerra civil.

*(FINLÂNDIA)
Às 9h20, em 30 de novembro, aviões russos lançaram o primeiro de muitos ataques a bomba contra Helsinque, causando poucos danos, salvo à legação soviética e aos nervos
do embaixador britânico, que pediu para ser substituído. As forças russas avançaram pela fronteira em vários pontos. Os finlandeses gracejavam: “São tantos, e nosso país é
tão pequeno, onde acharemos espaço para enterrar todos eles?” A defesa do país foi confiada ao marechal Carl Gustav Mannerheim, de 72 anos, herói de muitos conflitos,
mais recentemente na guerra civil da Finlândia.

Ele não tinha ilusões quanto à fraqueza estratégica de seu país e insistira numa conciliação com Stalin. Mas, quando seus compatriotas optaram pela luta, preparou a defesa
com frio profissionalismo. Antes que os russos atacassem, os finlandeses adotaram uma política de terra arrasada, evacuando cem mil civis das áreas em que impressionante
diante do sacrifício: guardas da fronteira que aconselharam uma senhora idosa a deixar sua casa, que seria queimada, espantaram-se quando descobriram, ao voltar, que a
mulher varrera e limpara a casa antes de partir. Sobre a mesa havia fósforos, lenha e um bilhete: “Quando se dá um presente à Finlândia, deseja-se que ele pareça novo.” Mas
foi uma tarefa angustiante destruir as casas e as instalações nos arredores do centro de mineração de níquel de Petsamo, construídas com trabalho e dificuldades infinitos
acima do Círculo Ártico. A zona da fronteira foi saturada de explosivos camuflados: minas acionadas por fios de tropeço foram instaladas para destruir o gelo diante dos
invasores que entrassem sobre os lagos congelados.
Stalin empregou doze divisões para atacar um número igual de setores. A maioria dos soldados era informada de que a Finlândia atacara a União Soviética, mas alguns não
acreditavam e sentiam-se desnorteados.
Stalin não se perturbou. Confiando que sua força de ataque de 120 mil homens, seiscentos tanques e mil canhões poderia romper a linha Mannerheim, ignorou as advertências
de seus generais sobre os restritos acessos à Finlândia. Tanques e viaturas eram obrigados a avançar em estreitos eixos de progressão entre lagos, florestas e pântanos. Ainda
que os finlandeses tivessem pouca artilharia e armas anticarro, os ataques soviéticos eram tão ineptos que os defensores destroçavam suas colunas com fuzis e
metralhadoras. Os vastos ermos nevados no leste da Finlândia logo se tingiram profundamente de sangue; alguns defensores sucumbiram à fadiga nervosa depois de
abaterem, por horas a fio, os russos que se aproximavam. Os soviéticos sofreram baixas os russos avançariam; alguns deles adotaram atitudes de um estoicismo de 60%, em
grande parte porque os tanques avançavam sem o apoio da infantaria. A maioria caía vitimada por armas primitivas, em especial garrafas cheias de gasolina com pavio
aceso, que explodiam em fogo líquido quando se arrebentavam contra as viaturas. Apesar de terem sido usadas antes, na Guerra Civil Espanhola, foi na Finlândia que o
apelido “cesta de pão molotov”, e mais tarde “coquetel molotov”, entrou no jargão militar.

Entre os heróis da campanha estava o tenente-coronel Aaro Pajari, que teve um colapso cardíaco durante uma luta, mas, de alguma forma, conseguiu continuar. Como a
maioria de seus compatriotas, Pajari era um soldado amador, porém alcançou, em Tolvajärvi, uma pequena e notável vitória contra forças muito superiores. Durante semanas
de combates em Kollaa, os finlandeses posicionaram dois canhões franceses de nove centímetros forjados em 1871, que disparavam com cargas de pólvora negra. No setor
norte, a defesa foi apoiada por um trem blindado de 1918, que se movimentava rapidamente entre pontos ameaçados.

O Exército Vermelho estava grotescamente mal equipado para uma guerra de inverno: sua 44º Divisão, por exemplo, distribuiu aos homens um manual de táticas de esqui,
mas não havia esquis; nas primeiras semanas, os tanques russos sequer eram pintados de branco. Os finlandeses, ao contrário, despachavam patrulhas de esquiadores para
abrir estradas atrás do front e atacar colunas de suprimentos, em geral à noite. Um regimento finlandês de Caçadores foi comandado pelo coronel Hjalmar Siialsvuo.
Advogado em tempos de paz, baixo, louro e firme, ele mobilizou a trabalhosa defesa da aldeia de Suomussalmi e, no final, viu-se no comando de uma divisão. Os russos
ficaram impressionados com a proficiência dos francoatiradores finlandeses, a quem chamavam de “cucos”.
No mundo inteiro, o ataque soviético provocou perplexidade, reforçada pelo fato de que a suástica era um símbolo finlandês de boa sorte.
Em meados de janeiro, começou uma nova onda de ataques à Finlândia. Numa posição, quatro mil russos atacaram 32 finlandeses; perderam quatrocentos homens, mas
somente quatro defensores sobreviveram. Em 1º de fevereiro, os invasores lançaram um bombardeio intenso contra a linha Mannerheim, seguido pela infantaria e viaturas
blindadas, com força esmagadora. A artilharia finlandesa, tal se encontrava naquele momento, havia praticamente exaurido sua munição, porém os defensores mantiveram
suas posições durante duas semanas.

O esforço unilateral não podia continuar indefinidamente. O governo finlandês fez um último e inútil apelo pela ajuda sueca. Os britânicos e franceses ofereceram
contingentes simbólicos de tropas, que embarcaram em navios-transporte, mas ainda não haviam zarpado quando, em 12 de março, uma delegação finlandesa assinou um
armistício em Moscou. Minutos antes de o armistício entrar em vigor, os soviéticos lançaram um último e vingativo bombardeio contra suas vítimas vencidas.
A paz que Stalin impôs deixou o mundo inteiro pasmo, por sua moderação. Ele fez valer suas exigências territoriais anteriores à guerra, correspondentes a 10% do território da
Finlândia, mas se absteve de ocupar todo o país, como provavelmente poderia ter feito. Parece que não se sentiu à vontade para provocar a cólera internacional num
momento em que questões muito maiores estavam em jogo. Sua confiança também fora abalada por suas perdas — pelo menos 127 mil mortos, talvez até 250 mil, contra
48.243 finlandeses mortos e 420 mil desabrigados. Prisioneiros soviéticos libertados pelos finlandeses foram despachados por Stalin para o gulag, a fim de refletirem sobre sua
traição ao aceitar o cativeiro.
Nos primeiros dias de abril de 1940, Churchill finalmente convenceu seus colegas no governo a apoiarem a colocação de minas em águas norueguesas.
Antes do amanhecer em 8 de abril, a Marinha Real instalou, de fato, um campo minado nas águas costeiras da Noruega. Poucas horas depois, porém, os alemães iniciaram
desembarques aéreos e navais para ocupar todo o país. A Guerra de Mentira acabara.

*(NORUEGA)
A Holanda e os países escandinavos haviam permanecido neutros durante a Primeira Guerra Mundial. Por que não fazer o mesmo agora? No inverno de 1939-1940, todos se
precaviam para não provocar Hitler. Os noruegueses estavam mais apreensivos com as intenções britânicas em sua costa do que com as alemãs. À 1h30 de 9 de abril, um
ajudante acordou o rei Haakon, da Noruega, para informar: “Majestade, estamos em guerra!” O monarca retrucou imediatamente: “Contra quem?”
Apesar das repetidas advertências de que uma invasão alemã era iminente, o minúsculo exército do país não fora mobilizado.
O evento mais dramático naquela primeira manhã da campanha deu-se no fiorde de Oslo pouco após as 4 horas, quando o novo cruzador Blücher, transportando milhares de
tropas alemãs, aproximou-se de Oscarsborg. Dois canhões do século XIX existentes na antiga fortaleza, apelidados de Moisés e Arão, foram laboriosamente carregados. O
comandante local, coronel Birger Eriksen, conhecendo suas limitações, esperou para abrir fogo no último momento. O cruzador estava a apenas quinhentos metros da costa
quando as velhas armas vomitaram chamas. Um projétil atingiu o centro de controle antiaéreo e o outro despedaçou um depósito de combustível para aviação, fazendo subir
uma coluna de chamas. Atingido mais duas vezes por torpedos lançados da praia, o Blücher foi tomado pelo fogo em questão de minutos e adernava pesadamente enquanto
sua munição explodia. O navio afundou, levando mil vidas alemãs.
As improvisadas forças anglo-francesas enviadas à Noruega nas semanas que se seguiram à invasão alemã eram caricaturescas.
No extremo norte, os britânicos e os franceses concentraram 26 mil homens para enfrentar os quatro mil alemães que detinham Narvik. O incrível é que, mesmo depois do
início da campanha na França, os Aliados realizaram operações até o fim de maio, capturando o porto de Narvik no dia 27, após dias de resistência alemã teimosa e hábil.
Tudo para nada: logo após capturar a cidade e enterrar seus mortos, os Aliados reembarcaram, reconhecendo que sua posição era estrategicamente indefensável. Os
noruegueses foram deixados para trás, contemplando centenas de casas destruídas e de civis mortos. Seu monarca e o governo partiram para a Grã-Bretanha em 7 de junho,
a bordo de um cruzador da Marinha Real britânica. Alguns noruegueses empreenderam jornadas épicas para fugir da ocupação alemã e se juntar à luta dos Aliados, vários
contando com a ajuda da embaixadora soviética em Estocolmo, a renomada intelectual Aleksandra Kollontai, para darem a volta ao mundo, seguindo em direção leste, até
finalmente chegarem à Grã-Bretanha.
A evacuação da Noruega central, sob ataques aéreos pesados, chocou e consternou a opinião pública britânica. O estudante Christopher Tomlin escreveu, em 3 de maio:
“Estou atordoado, muito desiludido e com medo de nossa retirada (...) O Sr. Chamberlain (...) me fez acreditar que expulsaríamos os alemães da Escandinávia. Agora, já não
estou tão confiante; sinto-me subjugado e espero ouvir mais más notícias (...) Será que não temos, não podemos encontrar, mais homens do calibre de Churchill?” Na verdade,
o Primeiro Lorde do Mar tinha culpa substancial nos desdobramentos irrefletidos e desorganizados na Noruega. As forças armadas da Grã-Bretanha não tinham recursos para
intervir com eficácia; seus gestos ineptos zombavam da tragédia do povo norueguês. Mas a retórica e a belicosidade de Churchill, em contraste com a manifesta fraqueza de
propósitos do primeiro-ministro, provocaram uma onda de entusiasmo popular por uma mudança de governo, que, por sua vez, contagiou a Câmara dos Comuns. Em 10 de
maio, o primeiro-ministro renunciou. No dia seguinte, o rei George VI convidou Churchill a formar um governo.
A conquista da Noruega deu a Hitler bases navais e aéreas importantes na posterior invasão da Rússia, quando ele as explorou para impedir o envio de suprimentos dos
Aliados para Murmansk. Contentou-se em deixar a Suécia intocada e neutra: seu domínio estratégico garantia que os suecos enviassem minério de ferro para a Alemanha e
que não se arriscassem a oferecer conforto aos Aliados. Mas Hitler pagou um preço pela Noruega. Obcecado em manter o controle do país contra um possível ataque
britânico, até quase o fim da guerra manteve ali 350 mil homens, um grande dreno em seus recursos humanos. E as perdas navais alemãs na campanha norueguesa
demonstraram ser um dos principais fatores para inviabilizar a subsequente invasão da Grã-Bretanha.

*(FRANÇA)
O ataque alemão á Holanda, Bélgica e França começou às 4h35 de 10 de maio. As defesas da Holanda e da Bélgica foram esmagadas. Nas primeiras horas de 10 de maio,
paraquedistas transportados para as zonas de operações por planadores da Luftwaffe tomaram o vital forte de Eben Emael, cobrindo o canal Albert — construído por uma
empreiteira alemã que obsequiosamente forneceu suas plantas aos planejadores de Hitler — e duas pontes através do rio Meuse, em Maastricht.Uma atenção histórica
desproporcional foi voltada para as operações do pequeno contingente britânico e em sua fuga de Dunquerque.
Os alemães haviam empregado 17 divisões contra a linha Maginot no sul, 29 para conquistar a Holanda e o norte da Bélgica e 45, incluindo sete divisões Panzer, para atacar
no centro, virar para noroeste rumo à costa do canal e atravessar o rio Meuse, isolando os franceses e os britânicos na Bélgica. Somente metade das tropas de ataque alemãs
era bem treinada, e mais de 25% eram de reservistas com mais de quarenta anos; o ônus de derrotar o exército francês recaía principalmente sobre os ombros de 140 mil
homens das divisões Panzer e mecanizadas, que faziam uma arremetida vital através do Meuse. As primeiras tropas alemãs chegaram ao rio às 14 horas, em 12 de maio, mal
tendo visto um soldado francês desde que saíram da floresta das Ardenas; até então, fora mais uma marcha para o combate do que um ataque.
os dias que se seguiram, blindados franceses atacaram de forma desordenada, pelo sul, a cabeça de ponte além do Meuse. Gamelin e seus oficiais cometeram outro erro
desastroso e provavelmente irremediável: não perceberam que os homens de Von Rundstedt não pretendiam continuar o avanço a oeste até o coração da França e que
corriam em direção norte, para o mar, a fim de isolar os exércitos britânico e francês na Bélgica.
O soldado, Gustave Folcher, escreveu sobre encontros com homens de unidades derrotadas ao norte: “Contaram-nos coisas terríveis, coisas inacreditáveis (...) Alguns vinham
de tão longe quanto o canal Albert (...) Pediram qualquer coisa para comer e beber; pobres coitados! era uma cena lastimável. Ah, se os admiradores das magníficas paradas
militares em Paris, pudessem ter visto, naquela manhã, esse outro exército, o de verdade (...) talvez compreendessem o sofrimento do soldado”.
A maior parte da população de Reims fugiu, apenas um décimo entre os duzentos mil moradores de Lille permaneceu em casa, e sobraram oitocentos entre os 23 mil
habitantes de Chartres depois que a cidade da catedral foi intensamente bombardeada.
Em 19 de Maio às 21 horas, mais ou menos quando os primeiros tanques Panzer alcançaram o canal na foz do Somme, por ordem de Reynaud, Gamelin foi substituído, como
líder militar da França, pelo general Maxime Weygand, de 73 anos.
Num encontro com dois generais franceses, Gaston Billotte e Georges Blanchard, em Lens, Sir Edmund Ironside insistiu num ataque imediato ao sul, rumo a Amiens, com o qual
Billotte prometeu cooperar. Ironside, então, telefonou para Weygand. Concordaram que duas divisões francesas e duas divisões britânicas atacariam na manhã do dia
seguinte, 21 de maio. Mesmo assim, Gort nunca acreditou que os franceses se mexeriam, e tinha razão. Quando as duas fracas formações britânicas avançaram no dia
seguinte, fizeram-no sozinhas e sem apoio aéreo. Os alemães ficaram confusos quando as colunas de Gort atacaram a oeste de Arras. Houve uma luta encarniçada, e os
britânicos avançaram dezesseis quilômetros, tomando quatrocentos prisioneiros antes que o ataque perdesse o fôlego.
Na noite de 23 de maio, Gort retirou suas forças da saliência que detinham em Arras. O fato bastou para os franceses declararem que os britânicos repetiam a conduta
egoísta e covarde de 1914. A decisão refletia apenas o reconhecimento da realidade, mas Reynaud não disse a Weygand que os britânicos se preparavam para evacuar sua
força expedicionária. Gort disse ao almirante Jean-Marie Abrial, que comandava o perímetro de Dunquerque, que três divisões britânicas ajudariam a dar cobertura à retirada
francesa. Depois da partida de Gort para a Inglaterra, porém, seu sucessor no comando, o major- general Harold Alexander, recusou-se a honrar esse compromisso. Abrial
disse: “Sua decisão desonra a Grã-Bretanha.” A derrota provocou um vendaval de recriminações parecidas entre os Aliados: Weygand, informado sobre a rendição belga em
28 de maio, reclamou furiosamente: “Aquele rei! Que canalha! Que canalha abominável!” Os britânicos, simultaneamente, começaram a evacuar sua força expedicionária do
porto e das praias de Dunquerque.
A evacuação de Dunquerque foi anunciada ao público britânico em 29 de maio, quando voluntários civis do Small Boat Pool [Agrupamento de Pequenas Embarcações] se
juntaram aos navios de guerra para resgatar homens nas praias e no porto. A façanha da Marinha Real britânica durante a semana seguinte tornou-se lendária. O vice-
almirante Bertram Ramsay, instalado num quartel-general subterrâneo em Dover, dirigiu os movimentos de quase novecentos navios e pequenas embarcações com calma e
habilidade extraordinárias. A remoção de tropas das praias, com lanchas civis e barcos de passeio, forjou a imagem romântica de Dunquerque, mas a maior proporção —
cerca de 70% — foi retirada por contratorpedeiros e outros navios de grande porte, carregados no molhe do porto. A marinha teve a sorte de as águas do canal
permanecerem inusitadamente calmas durante toda a operação Dynamo.
A grande realidade era que a Força Expedicionária Britânica escapara. Cerca de 338 mil homens foram levados para a Inglaterra, dos quais 229 mil eram britânicos, e o resto,
francês e belga. A retirada e a evacuação foram encaradas por muitos como um triunfo pessoal de Gort; mas, embora o comandante em chefe tenha de fato dado as ordens
apropriadas, o êxito teria sido impossível se Hitler não tivesse ordenado a parada de seus tanques.
Dunquerque foi verdadeiramente uma salvação, da qual o primeiro-ministro extraiu um perverso triunfo de propaganda.

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