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LIVRO I
REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO
I _ o SURTO DO PODER SOVIÉTICO 9
1. Missão em Petrogrado — 2. Contra-Revolução —
3. Revolução —• 4. Não-reconhecimento — 5. Diplomacia
secreta.
II — TACO A TACO 29
1. Agente britânico — 2. Hora Zero — 3. Fim da missão
III — ESPIÃO MESTRE 41
1. Entra M. Massino — 2. Sidney Reilly — 3. Dinheiro
e crime — 4. A conspiração letônica — 5. Sai Sidney
Reilly.
IV — AVENTURA SIRERIANA 59
1. Aide Mémoire — 2. Intriga em Vladivostoque — 3.
Terror a leste.
V — PAZ E GUERRA 71
1. Paz no Ocidente —• 2. Na Conferência de Paz — 3.
Missão de Golovin.
VI — A GUERRA DE INTERVENÇÃO 87
1. Prelúdio — 2. A campanha do norte — 3. A campanha
do noroeste — 4. A campanha do sul — 5, A campanha
de oeste — 6. Os poloneses e Wrangel — 7. O último
sobrevivente
REVOLUÇÃO
E
CONTRA-REVOLUÇÃO
CAPITULO I
1. Missão em Petrogrado
Pelo meado do verão do ano fatídico de 1917, quando
ardia o troava o vulcão da revolução russa, um major ame-
ricano chamado Ravmond Robins chegava a Petrogrado (1)
em missão secreta ae extrema importância. Oficialmente êle
viajava como assistente da divisão americana da Cruz Ver-
melha. Na realidade estava a serviço do Departamento de
Informações do Exército dos Estados Unidos, Sua missão
secreta era a de ajudar a Rússia a manter-se na guerra
contra a Alemanha.
A situação na frente oriental era desesperada. O exér-
cito russo sem comando, miseràvelmonte equipado, fôra des-
troçado pelos alemães. Abalado pelo impacto da guerra e
apodrecido interiormente, o regime feudal czarista vacilara
e ruíra. Em março, o Czar Nicolau II fôra forçado a abdi-
car e estabeleceu-se um govêrno provisório. O grito de "Paz,
Terra e Pão!" atravessou o país, resumindo tôdas as reivin-
dicações mais imediatas e as aspirações mais antigas de mi-
lhões de russos cansados de guerra, famintos e espoliados.
Os aliados da Rússia — Grã-Bretanha, França e Esta-
dos Unidos — temiam que o colapso do exército russo esti-
2. Contra-Revolução
3. Revolução
Os acontecimentos agora se precipitavam como raios.
Até agora subterrânea, Lenia dera uma nova palavra de or-
dem à Revolução: Todo poder aos sovietes] Abaixo o go-
vêrno provisório!
Aos 7 dc ovitubro, o Coronel Thompson telegrafava an-
siosamente para Washington:
"MAXIMALISTAS (BOLCHEVIQUES) PROCURAM AGORA
ATIVAMENTE CONTROLAR TODO O CONGRESSO DE
DEPUTADOS DOS OPERÁRIOS E SOLDADOS QUE SE
REÚNEM AQUI NESTE MES. SE TIVEREM BOM ÊXITO,
FORMARAO NOVO GOVERNO COM DESASTROSOS RE-
SULTADOS QUE LEVARÃO PROVAVELMENTE A PAZ
EM SEPARADO.
4, Não reconhecimento
5. Diplomacia secreta
TACO A TACO
1. Agente britânico
oxórcito russo não podia lutar por mais tempo, alegando que essa paz
reprosontava uma traição à revolução internacional. Com esse funda-
mente), Trotsky recusava-se a cumprir as instruções de paz de Lénin.
Mais tardo alegou que assim agira por não ter compreendido bem a
situação.
Na conforôncia do Partido Bolehovique de 3 de outubro de 1918,
depois do terem os alemães atacado a Rússia Soviética e terem quase
atingido Petrogrado, e esmagado o regime soviético, Trotsky declarou:
"Julgo meu dever confessar nesta autorizada assembléia, na hora em
que muitos de nós. inclusive cu, duvidavam se ora admissível para nós
a assinatura da paz om Brcst-Litovsk, ünicamente, o camarada Lénin
sustentou ioimosamonto, com admirável clarividência e contra a nossa
oposição, oue deveríamos assinar a p a z . . . E agora temos de admitir
que não tínhamos razão."
A atitude de Trotsky em Brest-Litovsk não foi um fato isolado.
Enquanto Trotsky agitava em Brest-Litovsk, seu principal lugar-tenente
pessoal cm Moscou, Nicolai Krestinskv, atacava públicamente Lénin e
talava cm iniciar "a guerra revolucionária contra o imperialismo alemão,
a burguesia russa o parte do proletariado liderada pot Lénin." Bukharin,
sócio de Trotsky, nesse movimento de oposição, sustentou uma reso-
lução aprovada om um congresso especial do chamado grupo de Es-
querda Comunista em Moscou e que estabelecia: "No interêsse da
revolução internacional consideramos conveniente consentir na ruína do
poder soviético, que atualmente se tornou puramente formal." Em 1923,
Bukharin revelou que por detrás dos bastidores, durante a crise de
Brest-Litóvsk, havia um plano em organização entre os oposicionistas
para dividir o Partido Bolchevique, derribar Lénin e estabelecer um
novo govêrno russo.
32 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAIIN
2. Hora Zero
3. Fim da Missão
O Embaixador Francis telegrafou ao Departamento de
Estado em 2 de maio de 1918: "Robins e provàvelmente
Lockhart favoreceram o reconhecimento do governo soviético,
mas vós e os aliados sempre vos opusestes a êle, e eu me
recusei pertinazmente a recomendá-lo. Não julgo que com
isso tenha errado."
Poucas semanas depois Robins recebia um telegrama do
Secretário de Estado Lansing: "Em qualquer circunstancia con-
sidero desejável que regresseis para consulta."
A GRANDE CONSPIRAÇÃO 39
ESPIÃO MESTRE
1. Entra M. Massino
A revolucionária Petrogrado, cercada de fora por ini-
migos externos e ameaçada interiormente por conspirações
contra-revolucionárias, era uma terrível cidade em 1918. Pouca
comida, nenhum aquecimento, nenhum transporte. Homens
e mulheres esfarrapados tiritavam nas intermináveis filas de
pão, nas ruas frias e sujas. As longas noites cinzentas eram
pontuadas com os estampidos dos canhões. Bandos de gcn-
gsters, desafiando o regime soviético, alvoroçavam a cidade,
depredando e aterrorizando a população (8.)
Destacamentos de operários armados iam de edifício a edi-
fício, dando batidas nos estoques de víveres escondidos pelos
especuladores, cercando salteadores e terroristas.
O govêrno soviético ainda não estabelecera o contrôle
completo. Remanescentes do luxo czarista contrastavam ber-
rantemente com a miséria da massa. Os jornais anti-soviéticos
continuavam a aparecer, predizendo a imediata derrocada
do regime. Os restaurantes e hotéis caros ainda se conserva-
vam abertos, fazendo fornecimento a multidões de homens
trajados à moda. À noite os cabarés regurgitavam. Bebia-
-se e dançava-se, e às mesas cheias, oficiais czaristas, dan-
çarinas de ballet, especuladores famosos do mercado negro
2. Sidney Reilly
3. Dinheiro e crime
O partido antibolchevique numèricamente mais forte na
Rússia em 1918 era o Partido Social-Revolucionário, que de-
fendia uma fonna de socialismo agrário. Liderado por Bóris
Savinkov, ox-ministro da Guerra de Kerensky que tomara parte
no Futsch abortivo de Kornilov, os militantes social-revolucio-
nários tornaram-se o pivô do sentimento antibolchevique. Seus
métodos extremistas e sua propaganda conseguiram considerá-
vel apoio de elementos anarquistas alimentados na Rússia por
gerações da opressão czarista. Os social-revolucionários pra-
ticarafn por muito tempo o terrorismo como arma contra o
Czar. Agora se preparavam eles para volver a mesma arma
contra os bolcheviques.
Os social-revolucionários recebiam auxílio financeiro do
Serviço Francês de Informações. Com fundos pessoalmente
entregues pelo embaixador francês Noulens, Bóris Savinkov res-
tabelecera o antigo centro terrorista social-revolucionário em
Moscou, sob o título de Liga para a Regeneração da Rússia.
Seu plano era o assassínio de Lénin e de outros líderes so-
viéticos. Por recomendação de Sidney Reilly o serviço secreto
britânico começou também a suprir Savinkov com dinheiro
para armar e treinar os terroristas.
4. A conspiração letônica
Durante o agudo mês de agosto de 1918, os planos se-
cretos de intervenção aliada na Rússia se revelaram. No dia
2 de agôsto tropas britânicas desembarcaram em Arcângel
com o intuito declarado de impedir que "os suprimentos de
guerra caíssem em mãos dos alemães." No dia 4 de agôsto
os britânicos tomaram o centro petrolífero de Bacu no Cáu-
caso. Dias depois, contingentes britânicos e franceses acam-
pavam em Vladivostoque. Seguíram-se-lhes no dia 12 de agôsto
uma divisão japonêsa e, nos dias 15 e 16, dois regimentos
americanos recentemente transferidos das Filipinas.
Largas zonas da Sibéria já estavam nas mãos de fôrças
anti-soviéticas. Na Ucrânia, o general czarista Krasnov apoia-
do pelos alemães, estava desencadeando uma sangrenta cam-
panha anti-soviética. Em Kiev, o títere germânico Hetman
Skoropadsky iniciara massacres totais de judeus e comunistas.
Do norte, sul, leste e oeste, os inimigos da nova Rússia
se preparavam para convergir sôbre Moscou.
Os poucos representantes aliados em Moscou começaram
a se preparar para sair. Não informaram o govêrno de que
o estavam fazendo. Como Bruce Lockhart escreveu mais
tarde no Agente Britânico: "Era uma situação extraordinária.
Não havia declaração de guerra, embora se lutasse numa fron-
teira que se estendia do Dvina até ao Cáucaso." E Lochkart
acrescentava:. "Éu tive diversas entrevistas com Reilly, que de-
cidira permanecer em Moscou após nossa partida."
No dia 15 de agôsto, dia em que os americanos acam-
param em Vladivostoque, Bruce Lockhart recebeu uma visita
importante. A cena foi descrita depois por Lockhart em suas
memórias. Estava êle merendando em seu apartamento, perto
da embaixada britânica, quando a campainha tocou e o criado
anunciou que "dois cavalheiros letões desejavam vê-lo. Um
era um jovem baixo de face pálida chamado Smidren. O ou-
tro, um homem agigantado, poderosamente estruturado, feições
claras, olhos firmes e rudes, que se apresentou como "coronel"
Berzin, comandante da guarda letônica do Kremlin.
Os visitantes trouxeram a Lockhart uma carta do Capitão
Cromie, adido naval britânico em Petrogrado, que era extre-
491
A GRANDE CONSPIRAÇÃO
Em 1932 Hill publicou um livro em Londres. Seu título era Vai espiar
o país, ou seja, as Aventuras de 1. K. 8 do Serviço Secreto Britânico.
Na primavera de 1945 o governo de Churchill escolheu George
Hill, que fora entretanto elevado à categoria de brigadeiro no exército
britânico, para missão especial na Polônia. O Brigadeiro Hill, estava ex-
plicado, iria servir como observador britânico na Polônia, devendo,
de volta a Londres, informar sobre a situação então agitada da Po-
lônia. O govêrno provisório de Varsóvia não permitiu, entretanto, que o
Brigadeiro Hill entrasse na Polônia.
CAPITULO IV
AVENTURA SIBERIANA
1. "Aide Mémoire" •
No dia 2 de agôsto de 1918, dia em que as tropas bri-
tânicas acamparam em Arcângel, o Major-general William
S. Graves do Exército dos E.U.A. comandante da VIII Di-
visão em Camp Fremont, Palo Alto, Califórnia, recebeu uma
mensagem cifrada urgente do Departamento de Guerra em
Washington, D. C. A primeira frase decifrada dizia:
"NENHUM MEMBRO D O SEU PESSOAL OU QUEM
QUER QUE SEJA DEVERÁ CONHECER O CONTEÚDO
DESTA MENSAGEM."
Tcheco-eslovacos? Na Rússia?
"Deitei-me", escreveu mais tarde o General Graves, des-
crevendo o incidente no seu livro "Aventura Americana na
Sibéria", "mas não pude dormir, curioso por saber o que ou-
tras nações estavam fazqndo e porque não me davam alguma
informação do que ia pela Sibéria.'
Se o General Graves conhecesse as respostas às pergun-
tas que o mantinham desperto, ter-se-ia perturbado ainda
muito mais nessa noite do verão em Kansas City.
2. Intriga em Vladivostoque
3. Terror a leste
PAZ E GUERRA
1. Paz no Ocidente
*
2. Na Conferência de Paz
Nas primeiras sessões da Conferência da Paz em Paris,
o Presidente Wilson acRou um aliado inesperado em seu
empenho de obter um tratamento cordial com a Rússia. O
^primeiro-ministro da Grã-Rretanha, David Lloyd George veio
em apoio de Wilson com uma série de pungentes ataques
aos planos anti-soviéticos de Foch e do premier francês
Clemenceau.
"Os alemães", declarou Lloyd George, "no tempo em
t? que precisaram de todo homem válido para reforçar o seu
ataque no front ocidental, foram forçados a conservar cêrca
de um milhão de homens para guarnecerem algumas poucas
províncias da Rússia, que constituíam apenas uma orla de
todo o país. E, ainda mais, nesse tempo o bolchevismo era
débil e desorganizado. Agora é forte e tem um exército
formidável. Está algum dos países aliados em condições de
remeter um milhão de homens à Rússia? Se eu propusesse
enviar mil soldados britânicos adicionais à Rússia para esse
fim, o exército se amotinaria! O mesmo se aplica às tropas
dos E.U.A. na Sibéria; idem para as tropas canadenses e
francesas. A simples idéia de esmagar o Dolchevismo pela
.fôrça militar é uma loucura. Admitindo-a como fato consu-
mado, quem ocuparia a Rússia?"
Diferentemente de Wilson, o primeiro-ministro britânico
não era levado por considerações idealistas. Êle temia a re-
volução na Europa e na Ásia; e, como velho político, a "Ra-
pôsa" de Gales era finalmente sensível ao temperamento po-
pular da Inglaterra que era densamente contrário à conti-
nuação da intervenção na Rússia. Havia ainda uma razão
mais premente para a oposição aos planos do Marechal Foch.
Henry Wilson, chefe do estado-maior britânico, num recente
relatório secreto ao Ministério da Guerra estabelecera que a
única ! — anha era a de "recolher as
nossas Rússia e concentrar tôda a
fôrça em nossos centros de rebelião: Inglaterra, Irlanda, Egito,
Índia."-
Lloyd George temia que Foch e Clemenceau tentassem
estabelecer a hegemonia francesa na Rússia enquanto a In-
glaterra estivesse preocupada em outra parte. E , assim o
78 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN
« (10) Por Ôsso tempo e por muitos anos depois, Winston Chur-
chill foi o principal intérprete do anti-sovietismo dos conservadores bri-
tânicos. Churchill tomia a expansão das idéias revolucionárias russas pe-
los regiões orientais do Império Britânico. Renó Kraus, cm sua bio-
grafia de Winston Churchill cscrovo: "Os cinco Grandes em Paris deci-
diram apoiar a contra-revolução dos russos brancos. Winston Churchill
contava com a execução de uma ação por que não era responsável.
Mas não há negar quo uma vez tomada a decisão ôle se apres-
sou cm executá-la. Associado com o chefe do estado-maior, Henry
Wilson, éle elaborou um programa para equipar e armar diversos exér-
citos brancos com material bélico sobressalente, e para ajudá-los com
oficiais hábeis e instrutores."
Depois que Adolfo Hitler subiu ao poder na Alemanha. Churchill
reconheceu que o nazismo constituía a ameaça real aos interêsses bri-
tânicos na Europa e no mundo. Sem hesitar, Churchill mudou de
posição com a Rússia Soviética, e passou a propor uma aliança entre
a Grã-Bretanha, França e União Soviética para deter a marcha da
agressão nazi. Em 1941, quando a Alemanha Nazista invadiu a Rússia
Soviética, a voz de Churchill foi a primefra a dirigir ao mundo a
declaração de que a luta da Rússia era a luta de todos os países
livres e receberia o apoio da Grã-Bretanha. Concluída a 11 Guerra Mun-
dial, Churchill suscitou novamente a "ameaça do bolchevismo."
82 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN
*
3. Missão de Golovin
Com Churchill como comandante-chefe reconhecido, em-
bota oficioso, dos exércitos anti-soviéticos aliados, a cena mu-
dou para Londres, onde durante êsse inverno e verão, envia-
dos russos brancos especiais brotaram nas secretarias do go-
vêrno britânico em Whitehall. Vinham êles representando o
Almirante Koltchak, o General Denikin e outros chefes russos
brancos para a preparação da arremetida total contra os so-
vietes. Suas negociações altamente secretas eram encaminha-
das na maior parte com Winston Churchill e Samuel Hoare.
Churchill, como secretário da Guerra, 1smpenhou-se em equi-
par os exércitos russo-brancos, com material dos suprimen-
tos bélicos excedentes da Grã-Bretanha. Hoare supervisionava
a complexa intriga diplomática.
Entre os russos brancos havia "democratas", como o fa-
moso terrorista social-revolucionário, Bóris Savinkov; o Príncipe
czarista Lvov; e Sergei Sazonov, ex-ministro czarista dos Ne-
gócios Exteriores, que atuara como representante de Denikin
A GRANDE CONSPIRAÇÃO 85
A GUERRA DE INTERVENÇÃO
1. Prelúdio
2. A campanha do Norte
Polo início do verão de 1918 agentes especiais do ser-
viço secreto britânico chegaram a Arcângel. Levavam ordens
de preparar um levante armado contra o Soviete local nesse
pôrto altamente estratégico. Trabalhando sob a supervisão
do Capitão George Ermolaevitich Tchaplin, ex-oficial czarista
que obtivera uma comissão no exército britânico, e ajudados
por conspiradores contra-revolucionários, os agentes do serviço
secreto britânico faziam os preparativos para a rebelião.
A revolta estourou no dia 8 de agôsto. No dia seguinte
o Major-general Frederick C. Poole, comandante-chefe das
fôrças aliadas no norte da Rússia, ocupou Arcângel com
90 , MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN
3. A campanha do noroeste
(21) Com o auxílio das tropas bem armadas de von der Goltz,
o Barão de Mannerheim derrubou o govêrno finlandês e convidou o
Príncipe Frederico von Hessen genro do Kaiser Guilherme, para ocupar
o trono finlandês. Para suprimir a oposição do povo finlandês, von
der Goltz e Mannerheim instituíram um reino de terror. Dentro de
poucas semanas os Guardas Brancos de Mannerheim executaram uns
20.000 homens, mulheres e crianças. Dezenas de milhares mais foram
arremessados aos campos de concentração, e às prisões, morrendo muitos
Mies torturados, famintos e expostos. '
96 , MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN
4. A campanha do sul
Enquanto as fôrças de Yudenitch atacavam Petrogrado
pelo norte, o ataque pelo sul era comandado pelo General
Anton Denikin, ex-oficial czarista bem apessoado, com 45
anos de idade, barba cinzenta e bigodes grisalhos. Denikin
descreveu posteriormente o seu exército branco como possuidor
de um "sagrado pensamento íntimo, uma vívida esperança
e o desejo... de salvar a Rússia." Mas entre a população
russa o exército de Denikin do sul da Rússia era mais conhe-
cido pelos métodos sádicos que empregava.
Desde o comêço da Revolução Russa, a Ucrânia com
ricos campos de trigo e a região do Don com seus imensos
depósitos de carvão e ferro foram o cenário de bárbaro con-
flito. Após o estabelecimento da República Soviética Ucra-
niana em dezembro de 1917, o líder anti-soviético ucraniano,
General Simon Petlura constrangera o alto comando alemão
a enviar tropas à Ucrânia para ajudá-lo a derrubar.o regime
98 , MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN
5. A campanha de leste
Conforme o plano dos intervencionistas, enquanto De-
nikin atacava Moscou pelo sul, o Almirante Koltchak tinha
de sitiar a cidade de leste. Os acontecimentos não se desen-
rolaram todavia segundo o plano...
Durante a primavera e no comêço do verão de 1919 os
jornais do Paris, Londres e Nova Iorque traziam freqüentes e
minuciosos relatos das devastadoras derrotas infligidas ao Exér-
cito Vermelho pelo Almirante Koltchak. Eis algumas das man-
chetes do New York Times:
26 DE MARÇO — KOLTCHAK PERSEGUE O EXÉRCITO
VERMELHO DESMANTELADO.
20 DE ABRIL — COLAPSO DOS VERMELHOS A LESTE.
22 DE ABRIL — O GOVÊRNO SOVIÉTICO CAMBA-
LEIA ENQUANTO KOLTCHAK TRIUNFA.
15 DE MAIO — KOLTCHAK PLANETA A MARCHA SÖ-
HRE MOSCOU."
6. Os poloneses e Wrangel
A despeito dos catastróficos reveses sofridos, os inter-
vencionistas anglo-franceses lançaram mais duas ofensivas con-
tra a Rússia Soviética Ocidental.
Em abril de 1920, em demanda de todo o território da
Ucrânia Ocidental e da cidade russa de Smolensk, os polo-
neses atacaram o Oeste. Fartamente equipados pelos fran-
ceses e britânicos com material de guerra e com um em-
préstimo de 50 milhões de dólares dos E.U.A. (24) os polo-
7. O último sobrevivente
UM BALANÇO
A GRANDE
CONSPIRAÇÃO
A G U E R R A SECRETA*
CONTRA
A RÚSSIA SOVIÉTICA
6.° E D I Ç A O
EDITÔRA BRASILIENSE
SÃO PAULO
1959
Nenhum incidente ou diálogo dêste
livro foi inventado pelos autores. O
material foi colhido de várias fontes de
documentação que vêm indicadas no
texto ou mencionadas no fim, entre as
Notas Bibliográficas.
LIVRO II
S E G R E D O S DO
CORDÃO SANITÁRIO
CAPITULO VIII
A CRUZADA BRANCA
3. Um cavaleiro de Reval
Em junho de 1921 um grupo de ex-oficiais czaristas,
industriais e aristocratas convocaram uma conferência anti-
soviética internacional em Reichenhalle, na Baviera. A con-
ferência, constituída por representantes de organizações anti-
soviéticas da Europa, trocou planos para uma campanha mun-
dial de agitação contra a Rússia Soviética.
Foi eleito um "" "" " Monarquista." Sua
função era trabalhar monarquia, enca-
beçada pelo soberano 0 ov, de acôrdo com
as leis fundamentais do Império Russo."
O infante Partido Nacional Socialista da Alemanha man-
dou um delegado à conferência. Seu nome era Alfredo Ro-
senberg . . .
Jovem, pálido, de lábios delgados, cabelos pretos e ex-
pressão cansada c pensativa, Alfredo Rosenberg começara fre-
qüentando as cervejarias de Munique no verão de 1919. En-
contravam-no habitualmente na Augustinerbrau ou na Fran-
ziskanerbrau, onde se sentava sozinho durante horas a fio numa
das mesas ao canto. Uma vez ou outra apareciam compa-
nheiros e então, embora êle os saudasse com pouco calor,
suas maneiras se poliam, seus olhos escuros revivesciam, bri-
lhando em sua face gizada quando êle começava a falar em
voz sumida e apaixonante. Falava de modo igualmente flu-
ente o russo e o alemão.
Rosenberg era filho de um latifundiário báltico que pos-
suíra uma grande propriedade perto do pôrto czarista de
Reval. Seu pai reivindicava a linhagem dos Cavaleiros Teu-
tônicos que tinham invadido os Estados Bálticos na Idade
Média; e o jovem Rosenberg considerava-se altivamente como
um germânico. Antes da Revolução na Rússia êle estudara
arquitetura no Polytechnikum em Moscou. Fugira do terri-
tório soviético quando os bolchevistas tomaram o poder e
ingressara nas fileiras dos terroristas da Guarda Branca lu-
tando sob o comando do General-Conde Ruediger von der
Goltz na área báltica. Em 1919 Rosenberg regressara a Mu-
nique com a cabeça cheia das doutrinas antidemocráticas e
anti-soviéticas dos Cem Negros. '
128 *
MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN
4. O Plano Hoffmann
Alfredo Rosenberg tinha a função de elaborar a ideo-
logia política do partido nazi alemão. Outro amigo de Ro-
senberg, o General Max Hoffmann, fôra encarregado da es-
tratégia militar.
Hoffmann passara grande parte de sua mocidade na
Rússia como adido à côrte do czar. Chegara a falar russo
mais fluentemente do que o alemão. Em 1905, com 35 anos
era capitão e fôra indicado ao estado-maior do General von
Schillieffen. Antes servira como oficial de ligação com o
I Exército japonês na guerra russo-japonêsa de 1904-1905.
Hoffmann nunca se esqueceu de que vira nas planícies da
Manchúria — um front que parecia sem fim e uma fôrça
atacante compacta, perfeitamente treinada, cortando como
"faca na manteiga", um exército de defesa muito mais nume-
roso, possuidor de enormes reservas, porém mal conduzido.
. A GRANDE CONSPIRAÇÃO 131
A ESTRANHA CARREIRA DE UM
TERRORISTA
3. Domingo em Chequers
Em 1922 a fome grassava nas regiões desoladas da Rús-
sia, e parecia inevitável o colapso iminente do govêrno so-
viético. Estadistas europeus, russos brancos emigrados e opo-
sicionistas políticos exilados esboçavam diligentemente pactos
secretos e organizavam gabinetes russos prontos para assumir
o encargo no momento oportuno. Intensas discussões se rea-
lizavam acêrca do possível ditador russo. O Capitão Sidney
Reilly trouxe Savinkov a Winston Churchill.
Churchill andava intrigado desde há tempos com a per-
sonalidade desse "assassino literário", como o chamava. Con-
cordando com Reilly em que Savinkov era um homem "para
se incumbir do comando de grandes façanhas", decidiu-se a
apresentá-lo ao primeiro-ministro britânico, Lloyd George.
Conseguiu-se uma conferência confidencial que se efetuaria
em Chequers, na casa de campo do primeiro-ministro.
. A GRANDE CONSPIRAÇÃO 141
"CHARTWELL MANOIR
Westerham, Kent.
15 de setembro de 1924
Caro Mr. Reilly:
Interessei-me muito pela sua carta. O aconteci-
mento teve rumo diverso que o esperado inicialmente
por mim. •
150 MICHAEL
*
SAYERS E ALBERT E. KAHN
1. Antibolchevismo na Broadway
Uma delegação de russos brancos estava no cais para
saudar o New Âmsterdam, o navio que trazia o Capitão Sidney
Reilly e sua esposa para a América, no verão de 1924. Havia
flôres, champanha e discursos inflamados, saudando o "herói
da cruzada antibolchevique."
Reilly sentiu-se logo à vontade nos E.U.A. Discutia-se
amplamente um empréstimo americano à Rússia Soviética.
Poderosos homens de negócio eram pelo empréstimo; e o go-
vêmo soviético, ansioso por conquistar a amizade da América,
e necessitando desesperadamente de capital e maquinaria pa-
ra reorganizar a sua economia desmantelada, vinha fazendo
concessões para obtô-lo.
"Havia belas perspectivas para o Soviete obter o em-
préstimo", recordava Mrs. Reilly mais tarde. "Sidney estava
decidido a impedi-lo. Grande parte de seus trabalhos na
América era feito no intuito de frustrar êsse empréstimo."
Reilly imediatamente entrou em luta contra o emprés-
timo proposto. Montou um escritório na Broadway, o qual
se transformou ràpidamente em Q. G. dos conspiradores an-
ti-soviéticos e russos brancos residentes nos Estados Unidos.
Grande quantidade de propaganda anti-soviética saía do gabi-
nete de Reilly endereçada aos editôres influentes, publicistas,
educadores, políticos e homens de negócio dos Estados Uni-
dos. Reilly empreendeu uma tournée de conferências pelo
país, pára informar o público acerca do "perigo do bolche-
vismo e sua ameaça à civilização e ao comércio mundial."
Promoveu uma série de "palestras confidenciais" com pequenos
154 ' MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN
(36) Não sc pode creditar sòmente a Sidney Reilly tal vitória con-
tra a Rússia Soviética. Outros houve nos E.U.A. não menos ferre-
nhos e que lutaram não menos enòrgicamente para impedir o emprésti-
mo. Entre êles figura Herbert Hoover, então secretário do Comércio,
cuja animosidade contra os bolcheviques era incansável. "A questão
de comércio com a Rússia", informava Hoover a Maxim Litvinov eta
31 de março de 1921, "é mais política do que econômica, enquanto a
Rússia se mantiver sob o contrôle dos bolcheviques." „
. A GRANDE CONSPIRAÇÃO 155
2, Agente BI
MILIONÁRIOS E SABOTADORES
2. Plano de ataque
A dat * ' itra a União
Soviética máximo, o
verão de 1930.
4. Fim do mundo
O ataque projetado contra a União Soviética foi adiado
de 1929 para o verão de 1930. A razão dada nos círcu-
los russo-brancos para o adiamento foi "a falta de prepa-
ração da França", mas era geralmente sabido que tinham
surgido desentendimentos entre os vários grupos acêrca das
"esferas de influência nos territórios libertados." Os grupos
britânico e francês disputavam o contrôle do Cáucaso e dos
campos carboníferos do Donetz. Ambos se opunham aos
propósitos alemães na Ucrânia. Entretanto, Henri Deterding,
o líder real do movimento, permanecia otimista na certeza
de que essas diferenças seriam resolvidas e predizia confi-
dencialmente o começo da guerra para o verão de 1930.
Em 15 de junho de 1930, respondendo a uma carta que
recebera de um russo-branco, que agradecia uma quantia re-
cebida, Deterding escrevia:
"Se você deseja realmente exprimir a sua grati-
dão, eu lhe diria para fazer o seguinte: Procure ser,
na nova Rússia que ressurgirá dentro de poucos me-
ses, o melhor dos filhos dessa terra." ,
182 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN
TRÊS JULGAMENTOS
T t o (1 W 9 (l o do
CARLOS ORTIZ
M C M LIS
Direitos reservados
EDITORA BRASILIENSE
Rua Barão de Itapetininga, 93 - São Paulo
A GRANDE
CONSPIRAÇÃO
A GUERRA S E C R E T A
CONTRA
A RÚSSIA S O V I É T I C A
6.« EDIÇÃO
EDITÔRA B R A S I L I E N S E
SÃO PAULO
1959
Nenhum inc-Ulentc ou diálogo dâste
livro foi inventado paios autores. O
material foi colhido do várias fontes de
documentação que vfim indicadas no
texto ou mencionadas no fim, cnlre us
Notas Bibliográficas,
o
LIVBO m
A QUINTA-COLÜXA
MA R Ü S S I A
CAPITULO XV
9
O ATALHO DA TRAIÇÃO
(46) Eis alguns dos comentários periódicos feitos por Lónin com
respeito a Trotsky o às suas atividades no movimento revolucionário
russo: 1911. "Em 1903, Trotsky era menehoviquo; deixou-os em 1904;
voltou ao ninho antigo em 1905, enchendo o tempo com frases ul-
tra-revolucionárias; e novamente deu as costas aos mencheviques em
1 9 0 8 . . . Trotsky plagia hoje as idóias de uma facção, amanhã as de
outra, e depois olha ambas do cima, com ar superior... Tenho a
declarar qito file representa unicamente a sua própria facção."
1911. "Pessoas como Trotsky, com suas frases empoladas... são
hoje muito comuns... Quem apoia o grupo de Trotsky apoia a política
de mentira e decepção dos trabalhadores... é a principal tarefa de
Trotsky jogar areia nos olhos dos trabalhadores... não é possível dis-
cutir coisas verdadeiramente essenciais com Trotsky pois que êle não
tem visão... pós o consideramos apenas como um diplomata da mais
modesta condição."
204 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAIIN
2. A oposição de esquerda
A princípio como comissário do Exterior e depois como
comissário de Guerra, Trotsky foi o principal interprete da
208 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAIIN
3. O atalho da traição
Desde o comôço, a oposição de esquerda vinha operando
om dois sentidos. Abortamento, om programas públicos, em
seus jornais o salas do leitura, os oposicionistas levavam a
sua propaganda ao povo. Atrás dos bastidores, eram peque-
nas conferências sccrotas de facção, com Trotsky, Bukharin,
Zinoviev, Radek, Pyatakov e outros, quo delineavam a estra-
tégia gorai o planejavam as táticas da oposição.
Com o seu movimento do oposição na base, Trotsky edi-
ficou uma organização conspirativa secreta na Rússia fun-
dada no sistema dos "Cinco que Reilly desenvolvera e que
os social-revolucionários o outros conspiradores anti-soviéticos
tinham adotado.
Em 1923, o movimento subterrâneo já era uma organi-
zação extensa e poderosa. Trotsky e seus companheiros fa-
bricavam códigos, cifras e senhas para as suas comunicações
ilegais. Montaram tipografias através de todo o país. Funda-
ram-se células trotskistas no exército, no corpo diplomático,
nas instituições do Partido e do Estado.
Anos depois, Trotsky revelou que seu próprio filho, Leon
Sedov, estivera envolvido na conspiração trotskista, que já
vinha deixando de ser mera oposição política dentro do Par-
214 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAIIN
(52) Essa declaração foi feita por Rokovsky durante seu depoi-
mento perante o Collogium Militar da Suprema Côrte da URSS, em
março de 1938. No período a que se referia Rakovsky no ano de
1920, o autor e jornalista americano Max Eastman era o tradutor oficial
dos trabalhos de Trotsky o dissominador influente da propaganda trotskis-
ta nos E.U.A. Foi Max Eastman quem primeiro publicou o chamado
"Testamento do Lénin" ou "Vontade de Lónin", que sustentou ser um
documento autOntieo escrito por Lénin om 1Ô23 o quo fôra segundo
Eastman, "engavetado" por Stálln. O mencionado "Testamento" declarava
quo Trotsky era mais indicado para secretário gorai do Partido Bolche-
viqtto do quo Stálin. Em 1928, Eastman traduziu um trabalho de pro-
paganda do Trotsky intitulado A situação real na Rússia. No suple-
mento t\ edição traduzida disse livro, Eastman incluiu o toxto do cha-
mado Testamento o escreveu aeôrca do seu papel pessoal na oposição
trotskista: " . . . para auxiliar o esfôrço militante da Oposição... eu
publiquei a seguinte tradução do texto completo do Testamento no
N. Y. Times, utilizando-mo do dinheiro recebido para propaganda
do idéias bolcheviques (i. 6. trotskista),"
O próprio Trotsky admitiu a princípio quo Lónin não deixara ne-
nhum testamento. Em carta ao New York Daily Worker aos 8 de
agôsto de 1925, Trotsky escreveu:
"Quanto ao testamento, Lónin não deixou nada disso, o a verda-
deira natureza do suas relações com o Partido assim como a natureza do
próprio Partido tornavam somelhanto testamento impossível por completo.
"A guisa de testamento, a imprensa menchevique e burguesa emi-
grada vem há muito citando uma das cartas de Lenin (completamente
mutilada) quo contém numerosos pareceres sôbre questões de orga-
nização.
"Tôda referência acêrca dêsse testamento é por conseguinte uma
perversa invenção dirigida contra a vontade real de Lénin e dos inte-
resses do partido que êle fundou."
218 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAIIN
5. Alma Ata
Trotsky foi exilado para Alma Ata, capital da República
Soviética de Kazakh, na Sibéria, perto da fronteira da China.
Foi-lhe concedida uma casa para êle, sua espôsa e seu filho,
Sedov. Trotsky foi tratado benignamente pelo govêrno sovié-
tico, que ignorava o escopo real e a significação de sua cons-
{ffrata. Foi-lhe permitido reter alguns de seus guardas pessoais,
inclusive o antigo oficial do Exército Vermelho, Ephraim
Dreitzer. Foi autorizado a receber e enviar correspondência
pessoal, a ter a sua própria biblioteca e "arquivos" confiden-
ciais e a receber visitas de tempos a tempos de seus ami-
gos e admiradores.
Mas o exílio de Trotsky de modo algum pôs têrmo às
suas atividades conspirativas...
Aos 27 de novembro de 1927, o mais sutil de todos
os estrategistas trotskistas, o agente alemão e diplomata Ni-
colai Krestinsky, escreve uma carta confidencial a Trotsky,
na qual estabelecia a estratégia a ser seguida pelos conspi-
radores comunistas nos próximos anos. Era absurdo, escre-
via Krestinsky, para a oposição trotskista, continuar sua agi-
tação aberta contra o govêrno soviético. Ao invés disso, os
trotskistas deviam retornar ao Partido, assegurar posições-cha-
ve no govêrno soviético e continuar lutando pelo poder de
224 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAIIN
1. Trotsky em Elba
Aos 13 de fevereiro de 1929, Leon Trotsky chegou a
Constantinopla. Não chegou como um exilado político de-
sacreditado. Chegou como um potentado em visita. Man-
chetes na imprensa mundial relutaram o acontecimento. Cor-
respondentes ostrongolros esporaram paru saudar a lancha es-
pecial que o levou ao caís. Passando por Aios, Trotsky diri-
giu-se a um automóvel quo o esporava guiado por um de
seus guardas pessoais e foi conduzido dali para os seus apar-
tamentos na cidade preparados do antemão.
Houve uma tempestade política na Turqxiia. Intérpretes
pró-soviéticos pediram a expulsão do Trotsky; intérpretes anti-
soviéticos saudaram-no como inimigo do regime soviético. O
govêrno turco parecia indeciso. Houve rumores de pressão
diplomática para conservar Trotsky na Turquia próximo às
fronteiras soviéticas. Finalmente ehegou-sc a um compromis-
so: Trotsky permaneceria na Turquia mas não na Turquia.
O "Napoleão Vermelho" obteve um asilo na ilha turca de
Prinkipo. Trotsky, sua espôsa e filho e alguns de seus guar-
da-costas partiram poucas semanas depois...
Em Prinkipo a ilha pitoresca do Mar Negro com que
Woodrow Wilson sonhara para reunir uma conferência de
paz aliado-soviética, o exilado Trotsky estabeleceu seu novo
Q. G. político com seu filho Leon Sedov, seu principal aju-
dante e vice-comandante. "Em Prinkipo, entretanto, forma-
ra-se um novo grupo de jovens cooperadores de diferentes
países em íntima colaboração com meu filho" escreveu Trots-
ky mais tarde. Uma estranha e frenética atmosfera de mis-
230 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAIIN
2. "Rendez-vous" em Berlim
Desde o momento em que Trotsky deixou o solo sovié-
tico, os agentes dos serviços secretos estrangeiros movimenta-
ram-se ansiosos por tomarem contacto com ele e utilizarem-se
de sua organização anti-soviética internacional. A Defensiva
polonesa; a Ovra fascista italiana; o serviço secreto finlandês,
os emigrados russo-hmncos que dirigiam os serviços secretos
anti-soviéticos na RunDnia, Iugoslávia e Hungria, e elementos
reacionários como o serviço secreto britânico e o Deuxieme
Bureau francês prepararam-se para entendimentos com o
"Inimigo Público Número Um da Rússia." Havia fundos, as-
sistentes, uma rede de serviços de espionagem e de correio
à disposição de Trotsky para manter e estender suas ativi-
dades de propaganda anti-soviética internacional e para apoiar
a reorganização de seu aparelho conspirativo dentro da Rússia
Soviética.
A GRANDE CONSPIRAÇÃO 237
3. As três camadas
^No decurso de 1932, a quinta-coluna futura da Rússia
começou a tomar forma no subsolo da oposição. Em pe-
quenas reuniões e conferências secretas, os membros da cons-
piração estavam informando-se da nova linha e instruíam-se
TRAIÇÃO E TERROR
1. A diplomacia da traição
Nos anos de 1933-1934, um misterioso mal-estar parecia
apoderar-se das nações da Europa. Uns após outros, os paí-
ses eram todos sacudidos por golpes de estado. Putschs mili-
tares, sabotagem, assassínios, revelações inesperadas de caba-
las e conspiratas. Dificilmente passava um mês sem algum
novo ato de atrocidade e violência. Uma epidemia de traição
e terror grassava na Europa.
A Alemanha nazista era o centro de infecção. Aos 11
de janeiro de 1931, um despacho da United Press comuni-
cou de Londres: "Com a Alemanha nazista como centro dos
novos movimentos fascistas, os que acreditavam que a velha
forma de govêmo está superada difundiram a agitação e a
violência por todo o continente.3*
O têrmo quinta-coluna era até então desconhecido. Mas
as vanguardas secretas do alto comando alemão já tinham
lançado a sua ofensiva contra as nações da Europa. Os Ca-
go ulards e Croix de Feu franceses: cs Fascistas da União
britânicos; os Rexistas belgas; os Poio poloneses; "os Hertlei-
nistas e Guarda Hlinka tchecos; os Quislinguistas noruegueses;
os Guardas de Ferro rumenos; os IMRO búlgaros; os Lappo
finlandeses; os Lobos de Aço lituanos; os Cruz de Fogo lat-
vianos, e muitas outras sociedades secretas nazistas recém-
criadas ou ligas contra-revoluclonárias reorganizadas já esta-
vam em ação, pavimentando o caminho para a conquista da
254 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN i
2. A diplomacia do terror
Enquanto os conspiradores russos iam cimentando suas
urdiduras com os representantes da Alemanha e do Japão,
outra fase da ofensiva secreta contra o govêrno soviético es-
tava em andamento. A traição estava sendo completada pelo
terror...
Em abril de 1934, o engenheiro soviético Boyarchinov
dirigiu-se ao escritório do chefe de construção nas minas
vitais de carvão em Kuznetsk, para relatar que algo de er-
rado havia no seu departamento. Houvera muitos acidentes,
explosões subterrâneas, quebra de maquinaria. Boyarchinov
suspeitava que houvesse sabotagem.
O chefe de construção agradeceu a informação. "Comu-
nicarei a quem de^ireito" disse. "Enquanto isso, não diga
nada a ninguém sôbre o fato."
O chefe-de construção er£ ^
nico e organizador principal
béria.
Poucos dias depois Boyarchinov foi encontrado morto em
uma vala. Um caminhão, correndo a tôda, matara-o na es-
trada em que êle voltava do trabalho para casa. O condu-
tor do caminhão era o terrorista profissional Tcherepukhin.
CRIME NO KREMLIN
1. Yagoda
2. O assassínio de Menjinsky
O primeiro médico que Yagoda envolveu no seu pro-
jeto original de assassínio foi o Dr. Leo Levin, homem cor-
ulento, de meia-idade, obsequioso, que gostava de gabar-se
S e desinterêsse por coisas políticas. O Dr. Levin era o mé-
dico de Yagoda. O mais importante para Yagoda era o fato
de ser o Dr. Levin um membro proeminente do corpo mé-
dico do Kremlin. Entre os seus pacientes regulares havia
numerosos líderes soviéticos destacados, inclusive o superior
de Yagoda, Viacheslav Menjinsky, diretor da OGPU.
Yagoda começou dispensando atenções especiais ao Dr.
Levin. Mandava-lhe vinhos importados, flôres para a sua se-
nhora e vários outros presentes. Pôs uma casa de campo, de-
simpedida, à disposição do doutor. Quando o Dr. Levin via-
java para o exterior, Yagoda permitia-lhes que trouxesse com-
pras feitas fora do pais sem pagar os impostos regulares.
O médico sentia-se envaidecido e um tanto embaraçado com
essas atenções desusadas de seu cliente.
Devido a essas maquinações o insuspeitoso Dr. Levin acei-
tara o que equivalia a subôrno e cometera pequenas infrações
das leis soviéticas. Então Yagoda chegou claramente ao ponto.
Contou ao Dr. Levin que um movimento de oposição secreta,
do qual era um dos líderes, estava às portas do poder na Uniãó
Soviética. Os conspiradores, disse Yagoda, precisavam dos
seus serviços. Certos líderes soviéticos, entre os quais alguns
clientes do Dr. Levin, tinham de ser eliminados.
"Convença-se", disse Yagoda ao médico aterrorizado, "que
não pode deixar de me obedecer, não pode desvencilhar-se
A GRANDE CONSPIRAÇÃO 279
DIAS DE DECISÃO
3. Um vôo a Oslo
Pyatakov chegou a Berlim aos 10 do dezembro de 1935.
A mensagem do Radek a Trotsky pvocedera-a, e um portador
estava esporando para entrar em contacto com Pyatakov logo
após a sua chegada á capital nazista.
O portador ora Dmitri Bukhartsev, trotskista o correspon-
dente do Izvestia em Berlim. Bukhartsev, disso a Pyatakov
que um homem chamado Stirner trazia comunicações do Trots-
ky. Stirnor, como explicou o portador, ora o "homem de
Trotsky" cm Borlim (71.)
Pyatakov seguiu com Bukhartsev até uma das travessas em
Ticrgarten. Um homem estava esperando por ôlos. Era "Stir-
ner", quo entregou a Pyatakov uma nota ae Trotsky. A nota
dizia: "Y. L. (iniciais de Pyatakov) o portador merece tôda
a confiança."
Desembaraçadamente, Stirner declarou que Trotsky es-
tava ansioso por ver Pyatakov e o instruíra para que isso se
realizasse. Estava disposto a viajar de avião ate Oslo, na
Noruega?
Pyatakov compreendeu perfeitamente, o risco de ser des-
coberto envolvendo-se nessa viagem. Todavia, êle propuse-
ra-se a ver Trotsky custasse o que custasse. Por isso respon-
deu afirmativamente. Stirner disse a Pyatakov que estivesse
no aeroporto Tempelhof na manhã seguinte. ^
4. Hora Zero
A II Guerra Mundial, que Trotsky predisse romperia na
Rússia Soviética em 1937, já alcançara a Europa, Após a in-
vasão da Etiópia por Mussolini, os acontecimentos so preci-
pitaram. Em junho de 1930, Hitler raniliturizou a Renânia.
Em julho os fascistas organizaram na Espanha um Putsch
de oficiais espanhóis contra o govârao republicano. Sob o
pretexto do combato ao bolchevismo" o do "supressão da
revolução comunista", tropas alemãs o italianas desembarca-
ram na Espanha para ajudar a revolta dos oficiais. O líder
fascista espanhol, Francisco Franco marchou sôbre Madri. Qua-
tro colunas marcham sôbre Madri", gabava-se o bêbado gene-
ral fascista Queipo de Llano. "A quinta-coluna está espe-
rando para saudar-nos dentro da ciaadel" Era a primeira
vez que o mundo ouvia a palavra fatídica — "quinta-colu-
na." (72.)
Adolfo Hitler, dirigindo-se a milhares de soldados no
Congresso do Partido Nazista em Nuremberga, aos 12 de se-
O FIM DO ATALHO
1. Tukhachevsky
Novamente, o fantasma do C Q T S O vinha apavorando a
Rússia. O novo candidato para o papel era o corpulento e
taciturno Marechal Mikhail Tukhachevsky, antigo oficial cza-
rista e filho de nobres latifundiários, que se tornara um dos
líderes do Exército Vermelho.
Quando ainda jovem, apenas formado pela Academia Mi-
litar de Alexandrovsky, Tukhachevsky predizia: "Ou serei ge-
neral aos trinta anos ou suicidar-me-ei." Êle lutou como ofi-
cial no exército do czar na I Guerra Mundial. Em 1915
foi aprisionado pelos alemães. Um oficial francês, o Tenente
FefVaque, que roi companheiro de prisão de Tukhachevsky,
descreveu mais tarde o oficial russo como um negligente e
ambicioso. Sua cabeça estava forrada de filosofia nietzschiana.
"Odeio Vladimir, o Santo que introduziu o Cristianismo na
Rússia, entregando assim a Rússia à civilização ocidental!" ex-
clamava Tukhachevsky. "Deveríamos ter permanecido em nos-
sa barbárie cruel, em nosso paganismo. Mas tudo isso vol-
tará, tenho certeza!" Falando da revolução na Rússia, Tukha-
chevsky dizia: "Muitos desejam-na. Somos um povo frouxo,
mas profundamente destrutivo. Houvesse uma revolução, sabe
Deus onde iríamos parar. Penso que um regime constitu-
cional significaria o fim da Rússia. Necessitamos de um
déspota!
Nas vésperas da Revolução Bolchevique, Tukhachevsky
escapou do cativeiro alemão e voltou à Rússia. Uniu-se aos
seus companheiros de oficialato do exército do czar que es-
tavam organizando os exércitos brancos contra os bolcheviques.
314 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAIIN
3. Ação em maio
A conspiração ainda estava longe de ser esmagada. Como
Pyatakov, Radek também omitira informações importantes às
autoridades soviéticas, a despeito de seu depoimento aparen-
temente completo. Mas no segundo dia do julgamento, Radek
se contradisse perigosamente. Sua língua traiu-o. Fugindo a
uma pergunta cio interrogatório de Viehinsky, êle mencionou o
nome de Tukhachevsky. "Vitaly Putna" disse Radek, "veio
ver-mc com uma petição do Tukhachevsky." Êle caiu em si
imediatamente e nílo repetiu mais o nomo de Tukhachevsky.
No dia seguinte, Viehinsky, leu oro voz alta o depoimen-
to de Radek da sessão anterior: "Eu desejo saber, a que
propósito você mencionou o nome de Tukhachevsky?" per-
guntou a Radek.
Houve uma breve pausa. Depois Radek respondeu cal-
mamente, sem hesitação. "Tukhachevsky", explicou êle, "pe-
dia alguns dados sôbro assuntos do governo" que Radek pos-
suía na redação do Izvestía. O comandante militar mandou
Putna buscá-los. Foi tudo. "Com efeito", acrescentou Radek,
"Tukhachevsky não tinha idéia alguma do meu papol... Eu
conheço a atitudo do Tukhachevsky ante o Partido e o go-
4. Final
O último dos trôs famosos Julgamentos do Moscou ini-
ciou-se aos 2 do março de 1038, na Casa dos Sindicatos,
perante o Collegium Militar da Suprema Côrto da URSS. Os
processos, inclusive as sessões da manhíí, da tarde o da noite
e a» sessões in Gamara, em que foram ouvidas testemunhas
cujos depoimentos envolviam segredos militares, duraram sete
dias.
Os réus oram em número do 21. Incluíram o antigo che-
fe da O GPU, Henry Yagoda, e seu secretário, Pavel Bulanov;
os líderes das direitas, Nicolau Bukharín e Alexei Rykov; os
líderes trotskistas o agentes alemães, Nieolai Krestinsky o Arka-
dy RosongoHz; o agente trotskista o japonâs, Christian Rako-
vsky; os líderes das direitas e agentes alemães, Mikhail Cher-
nov h Grigori Grinko; o agente polonôs, Vasily Charangovitch;
o outros onze conspiradores, membros do Bloco, sabotadores,
terroristas e agentes estrangeiros inclusive o elemento de li-
gação trotskista, Sergei Bessonov, e os médicos assassinos, dou-
tores Levin, Pletney e Kazakov.
O correspondente americano, Walter Durantv, que assis-
tiu ao julgamento, escreveu no seu livro, O Kremlin e o povo:
"Era com efeito o "Julgamento para acabar com
todos os julgamentos", porque nessa época as coisas
estavam claras, o promotor organizara os fatos e con-
seguira reconhecer os inimigos, tanto dentro como fora
do país. As dúvidas e hesitações iniciais tinham agora
desaparecido, porque um caso após outro, especialmen-
te, creio eu, o caso dos "generais", completaram o qua-
dro obscuro e inacabado no tempo do assassínio de
Kirov..."
332 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAIIN
ASSASSÍNIO NO MÉXICO
(80) O nome real de Frank Jaeson era Jacques Mornard van den
Dresche. Entre os outros pseudônimos dêle poder-se-iam citar os de
Léon Jacome e Léon Haikys.
346 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAIIN
A GRANDE
CONSPIRAÇÃO
A GUERRA SECRETA
CONTRA
A RÚSSIA S OVI É T I CA
6. a E D I Ç Ã O
EDITÔRA BRASILIENSE
SÃO PAULO
Nenhum incidente ou diálogo dêste
livro foi inventado pelos autores. O
material foi colhido de várias fontes de
documentação que vêm indicadas no
texto ou mencionadas no fim, entre as
Notas Bibliográficas.
X X III — ANTI-COMINTERN AMERICANO .................................. 371
1. Herança dos Cem Negros — 2. “Salvar a América do
comunismo” — 3. O caso de Paul Scheffer — 4. O Co
mité Dies — 5. Águia solitária.
CAPITULO XXIII
ANTI-COMINTERN AMERICANO
4. O Comité Dies
Em agôsto de 1938, pouco antes da assinatura do Pacto
de Munique, formou-se nos E.U.A. um Comité Especial do
Congresso para investigar sôbre atividades antiamericanas. O
diretor dêsse comité era o representante Martin Dies, do Texas.
Quando se formou o Comité Dies, pensava-se que a sua
função seria combater as intrigas eixistas nos Estados Unidos.
Ao contrário desta expectativa, as investigações se con
centraram em uma única coisa: provar ao povo americano
que o seu mortal inimigo era a Rússia Soviética.
O primeiro investigador-chefe nomeado pelo Comité Dies
foi um certo Edward Sullivan, espião patronal no movimento
laborista e propagandista anti-soviético. Antes dc vir para o
Comité Dies, Sullivan fôra membro do movimento naciona
lista ucraniano formado na América, o qual recebia suas di-
retivas do Hetman Skoropadsky o outros emigrados ucranianos
em Berlim. Em Boston, onde tinha sido obscuro jornalista,
sempre necessitado de dinheiro, Sullivan fôra pago para aju
dar numa campanha para espalhar oposição aos sovietes, en
tre os americanos descendentes de ucranianos. Embora não
falasse uma única palavra de ucraniano, fêz grande esfôrço
propagandista em favor de uma “Ucrânia independente.”
O futuro investigador-chefe do Comité Dies, se tomou
logo uma figura proeminente no movimento fascista 'ucrania-
390 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN
5. Águia solitária
Em fins de 1940, quando Hitler consumava a escravi
zação da Europa e preparava-se para o seu próximo embate
com o Exército Vermelho, apareceu um estranho fenómeno
no cenário político americano. Chamou-se o Comité América
First. Durante o ano seguinte, em escala nacional, por meio
da imprensa, do rádio, de assembléia de massa, de comícios re
lâmpagos e de outros meios de publicidade, o Comité América
First divulgou incansàvelmente a sua propaganda anti-soviética,
antibritânica, e isolacionista no meio do povo americano.
Os condutores originais do Comité América First com
preendiam o General Robert E. Wood; Henry Ford; o Coronel
A GRANDE CONSPIRAÇÃO 397
A GRANDE
CONSPIRAÇÃO
A GUERRA SECRETA
CONTRA
A RUSSIA S O V I É T I C A
6. a EDIÇÃO
EDITÔRA BRASILIENSE
SÃO PAULO
1959
Nenhum incidente ou diálogo dêste
livro foi inventado pelos autores. O
material foi colhido de várias fontes de
documentação que vêm indicadas no
texto ou mencionadas no fim, entre as
Notas Bibliográficas.
ÍNDICE 449
LIVRO IV
DE MUNIQUE A SÃO FRANCISCO
XXII — A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 349
I. Munique — 2. II Guerra Mundial
•1
s
L I V R O IV
î
DE MUNIQUE A
SÃO F R A N C I S C O
CAPITULO xxn
1. Munique
"A década fatídica de 1931-1941", declarou o Departa-
mento de Estado dos E.U.A. em sua publicação oficial Paz
e Guerra: Política Exterior dos E.U.A., "começou c acabou
com atos de violência pelo Japão. Foi assinalada pelo impie-
doso desenvolvimento de uma política calculada de domina-
ção mundial por parte do Japão, da Alemanha e da Itália."
A II Guerra Mundial começou em 1931 com a invasão
japonêsa da Manchúria, sob o pretexto de salvar a Ásia
do comunismo. Dois anos mais tarde, Hitler derribou a Re-
pública Alemã, sob o pretexto de salvar a Alemanha do co-
munismo. Em 1935 a Itália invadiu a Etiópia para salvá-la
do "bolchevismo e da barbárie." Em 1936 Hitler remilitarizou
a Renânia; a Alemanha e o Japão assinaram um pacto anti-
-Comintern; e tropas alemãs e italianas invadiram a Espanha
sob o pretexto de salvá-la do comunismo.
Em 1937 a Itália aliou-se à Alemanha e ao Japão no
seu pacto anti-Comintern; o Japão atacou novamente a China,
tomando Peipim, Tientsin e Xangai. No ano seguinte, a Ale-
manha tomou a Áustria. O Eixo Roma-Berlim-Tóquio se estru-
turou, disposto a "salvar o mundo do comunismo..."
Dirigindo-se à Assembléia da Liga das Nações em se-
tembro de 1937, o comissário do Exterior soviético, Maxim Lit-
vinov disse:
"Sabemos de três estados que nos últimos anos
atacaram outros estados. Com todas as diferenças de
regimes, ideologias, níveis cultural e material da^ víti-
mas do ataque, todos os três justificaram a sua agres-
350 MICHAEL SAYERS E ALBERT E. KAHN
2. II Guerra Mundial
No dia l.° de setembro de 1939, as divisões mecani-
zadas nazistas invadiram a Polônia em sete pontos. Dois dias
depois, a Grã-Bretanha e a França declararam guerra contra
a Alemanha. Dentro de duas semanas, o regime polonês, que
sob a influência da "clique dos coronéis" anti-soviéticos se
aliara com o nazismo, recusara o auxílio soviético e se opusera
à segurança coletiva, caiu em pedaços, e os nazistas estavam
limpando os remanescentes dispersos de seu aliado de há pouco.
Aos 17 de setembro, quando as colunas nazistas atraves-
saram a Polônia e o govêrno polonês fugiu em pânico, o
Exército Vermelho cruzou a fronteira oriental polonesa de
anteguerra e ocupou a Bielo-Rússia, a Ucrânia ocidental e a
Galícia antes de serem atingidás pelas Panzer alemãs. Mar-
chando ràpidamente rumo ao oeste, o Exército Vermelho ocupou
o território que a Polônia anexara da Rússia em 1920.
"Era evidentemente necessário què os exércitos russos es-
tacionassem nessa linha para assegurarem a defesa da Rússia
contra a ameaça nazista"... declarou Winston Churchill numa
rádioemissão de 1.° de outubro. 'Toi criado um front orien-
tal que a Alemanha nazista não se atreverá a assaltar. Quando
Herr von Ribbentrop foi convocado a Moscou na semana pas-
sada êle devia saber do fato, e aceitar a realidade que era
esta: os desígnios nazistas nos Estados Bálticos e na Ucrânia
tinham chegado a ponto-morto."
O avanço do Exército Vermelho para o oeste era o pri-
meiro de uma série de movimentos da União Soviética des-
tinados a contrabalançar a expansão nazista e fortalecer as
defesas soviéticas em preparativos para "o embate inevitável
contra o III Reich.
Durante a última semana de setembro e nos primeiros
dias de outubro, o govêrno soviético assinou pactos de as-
sistência mútua com a Estônia, Latvia e Lituânia. Êsses acôr-
dos especificavam que seriam estabelecidas guarnições do Exér-
cito Vermelho e bases navais e aeroportos soviéticos nos Es-
tados Bálticos.
Começou imediatamente uma deportação em massa de
quinta-coluna nazista na área báltica. Dentro de poucos dias
A GRANDE CONSPIRAÇÃO 359
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MICHAEL SAYERS e ALBERT E. KAHN
A GR ANDE
CONSPIRAÇÃO
A GUERRA SECRETA
CONTRA
A RÚSSIA S O VI É T I C A
6. a E D I Ç Ã O
EDITÔRA BRASILIENSE
SÃO PAULO
X XIV — O CASO DOS D EZESSEIS
CAPITULO XXIV
A GRANDE ‘
CONSPIRAÇÃO
A GUERRA SECRETA
CONTRA
A BÚSSIA SOV I É T I C A
íi." K D I Ç Â O
EDITÔRA BRASILIENSE
SÃO PAULO
XXV — NAÇÕES UNIDAS ................................................................. 423
C A P IT U L O XXV
NAÇÕES UNIDAS
Na luta pela existência os povos aprendem a conhecer
os seus amigos e a reconhecer os seus inimigos. No curso
da II Guerra Mundial, muitas ilusões e mentiras se dissi
param.
A guerra apresentou ao mundo muita surpresa. O mundo
espantou-se, a princípio quando a quinta-coluna emergiu do
subsolo da Europa e da Ásia para tomar o poder com o
auxílio dos nazistas e japoneses em vários países. A velocidade
das vitórias do Eixo apavorou aquêles que ainda não conhe
ciam os seus longos anos de preparação secreta, de intriga,
de terror e conspiratas.
Mas a maior de tôdas as surprêsas da II Guerra Mun
dial foi a Rússia Soviética. Da noite para o dia, parecia que
uma névoa se dissipava e, de detrás dela, emergia na sua
verdadeira estatura e significação, a nação soviética com seus
líderes, a sua economia, o seu exército, o seu povo e, segundo
as palavras de Cordell Hull, “a quantidade épica de seu fervor
patriótico.”
A primeira realidade ensinada pela II Guerra Mundial
foi a do Exército Vermelho que, sob o comando do Marechal
Stálin, comprovou-se como a mais poderosa e competente fôrça
beligerante ao lado do progresso do mundo e da democracia.
Aos 23 de fevereiro de 1942, o General Douglas Mac
Arthur do Exército dos E.U.A. informou aos seus concida
dãos acêrca do Exército Vermelho:
“A situação mundial atual indica que as esperan
ças da civilização descansam sob as bandeiras do cora
joso Exército russo. Durante a minha vida eu parti
cipei de numerosas guerras e testemunhei outras tan
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