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ANÁLISE DO FILME: “UM MÉTODO PERIGOSO”

Thalles Azevedo Ladeira – Módulo IV

O filme “Um método perigoso” de David Cronenberg, lançado em 2001, traz


elementos muito interessantes que elucidam uma série de temas muito caros à psicanálise. O
primeiro deles, e talvez seja um dos pontos mais altos do filme é a relação estabelecida entre
Freud e Jung, o que por si só, já suscitou uma série de diálogos interessantes a respeito da
diferente perspectiva que ambos tinham a respeito do método psicanalítico. Vemos ao longo
do filme Jung incomodado pelo fato de considerar que Freud atribuia a razão de todas as
neuroses a origem sexual. Em uma cena, em específico, Jung conta um sonho que teve para
Freud, envolvendo cavalo, um cavaleiro e uma carruagem e recebe de Freud uma
interpratação que envolvia a supressão de um desejo sexual. Como bem sabemos, Jung e
Freud acabam rompendo no decorrer de suas vidas, justamente por discordâncias quanto à
interprretação da psicanalise, e eu, particularmente, gostei muito de como isso foi trabalhado
no filme, de uma forma sutil e assertiva.
Outra personagem que me chamou muito atenção no referido filme foi a paciente
Sabina Spielrein, interpretada pela atriz Keira Knightley. Certamente, muitas pesssoas ao
assistirem o filme, não se dão conta que se trata de uma personagem real, e inclusive muito
importante pra história da psicanálise. O conceito de pulsão de morte, desenvolvido por
Freud, partiu de um conceito anteriormente criado por Sabina, a saber: a pulsão destrutiva e
sádica.
Como pudemos ver no filme, Sabina aparece nas primeiras cenas como uma paciente
de Jung, considerada histérica pela sociedade da época e que se sentia atraída pelos castigos
físicos de seu pai. Historicamente falando, foi a primeira vez que ele atendeu uma pessoa
com esse quadro. No entanto, o tempo passa, ela avança em seu tratamento e depois vai
estudar medicina, com o intuito de se tornar psiquiatra e psicanalista.
Um dos pontos retratados no filme, mais interessante de se ver, foi à relação entre
Jung e Sabina. Se eles começam o filme como paciente e terapeuta, no decorrer do filme eles
se tornam amantes, bem como aconteceu na vida real. E essa questão é trabalhada no filme a
partir de uma discussão que é extremamente atual, inclusive nos dias atuais: é possível
conter os instintos primitivos em função da monogamia socialmente criada? Essa questão, é
apresentada sob diferentes pontos de vistas pelos personagens do filme, deixando o enredo
envolvente e complexo.
De modo geral, foi extramamente interessante ver conceitos psicanaliticos sendo
pronunciados amplamente pelos personagens ao longo do filme, e mais do que isso, como os
personagens foram apresentados com uma enorme semelhança com os da vida real, a
exemplo de Freud, que em muitas cenas era visto fumando o seu charuto. Pra quem estudou
um pouquinho da história da psicanálise, sabe da fixação que Freud tinha por charutos,
ocasionando até mesmo em um câncer na laringe, em algum momento de sua vida.
Em suma, o filme traz personagens complexos, com caprichosas semelhanças com os
da vida real e um enredo no qual cada cena se torna necessária e atraente. Não é atoa que o
filme foi indicado ao Globo de ouro em 2011, e é um sucesso até os dias atuais. Um método
perigoso é um filme maduro e, sem dúvidas alguma, uma grata surpresa.

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