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Não foi difícil interpretar esse sonho, pelo seguinte motivo: Com o advento da
pandemia, eu acabei perdendo pessoas queridas como uma tia que eu amava muito e
acabei sendo conduzido por uma neurose de que eu também iria morrer na pandemia.
Ainda assim, esse medo fóbico tem me atravessado de forma que até dormindo
meu inconsciente acaba extermalizando esse medo. Isso dialoga com o que vimos nas
aulas do curso quando aprendemos que os sonhos, para Freud, manifestam nossos desejos
reprimidos, no meu caso, a fobia, isto é, o medo, deixa claro o meu desejo, ou mais do
que isso, a minha inconformidade com a morte. E essa minha não aceitação da condição
de morte é que vem gerando em mim a dificuldade em aceita-la algum dia.
A essa altura eu já estou tratando dessa questão com terapia e fazendo a leitura de
bons livros. Aliás, por falar em livros, eu tive a oportunidade de fazer a leitura do capítulo
15 do livro Fundamentos psicanalíticos de David Zimerman, e consegui compreender
primeiramente que esses sonhos estão revelando um sintoma neutórico que eu venho
carregando e a função deles em um primeiro momento é denunciar para mim mesmo essa
neorose.
Sabemos que a função do sonho não deve ser resumida unicamente a realização
de desejos, ou seja, não é porque eu sonho com algo que necessariamente eu quero aquele
algo. Mas também não devo deixar de destacar as pulsões que todo ser humano carrega,
a saber: as pulsões de vida e as pulsões de morte. Sob esse aspecto, todo ser humano tem
suas pulsões de morte, que estão relacionadas a autodestriução e ao autosabotamento.
Sob essa perpectiva, cabe a mim investigar até que ponto meu medo fóbico da
morte não está imbricado com minhas pulsões de vida e de morte. Partindo desse
pressuposto, posso considerar que o sonho pode agir como uma descarga pulsional , isto
é, revelando nossas pulsões, por vezes, disfarçadas e/ou reprimidas e também mal
resolvidas e mal elaboradas.
E é por isso tudo que é importante para o analista valorizar o sonho do analisando,
escuta-lo atentamente, buscar interpreta-lo junto com o paciente, ajudando-o em seu
processo de elaboração.
Referência bibliográfica: