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INTERPRETAÇÃO DE SONHO

Thalles Azevedo Ladeira – Módulo VII

Nesse módulo 7, foi proposto descrever um sonho marcante e em seguida analisa-


lo. Em primeiro lugar, considero que esta é uma excelente proposta avaliativa, pois nós,
enquanto estudantes de psicanálise, precisamos treinar a análise de nossos sonhos, haja
vista que o sonho é umas das principais manifestações do inconsciente.

Em relação ao meu sonho, eu sonho constantemente com o término da vida, isto


é, como se no sonho eu estivesse vivendo os meus últimos dias aqui na Terra, por essa
razão, no sonho, eu estou sempre me despedindo das pessoas queridas que eu amo, a
saber: minha mãe e alguns amigos próximos.

Não foi difícil interpretar esse sonho, pelo seguinte motivo: Com o advento da
pandemia, eu acabei perdendo pessoas queridas como uma tia que eu amava muito e
acabei sendo conduzido por uma neurose de que eu também iria morrer na pandemia.

Isso acabou se desdobrando em uma fobia da morte, o que chamamos de


Tanatofobia. Em função dessa tanatofobia, eu tenho pensado na morte com muita
constância. Quase todos os dias eu venho pensando na minha morte, por mais que eu não
tenha recebido diagnóstico de nada, sou um homem super saudável, me alimento de forma
saudável e pratico atividade físicas.

Ainda assim, esse medo fóbico tem me atravessado de forma que até dormindo
meu inconsciente acaba extermalizando esse medo. Isso dialoga com o que vimos nas
aulas do curso quando aprendemos que os sonhos, para Freud, manifestam nossos desejos
reprimidos, no meu caso, a fobia, isto é, o medo, deixa claro o meu desejo, ou mais do
que isso, a minha inconformidade com a morte. E essa minha não aceitação da condição
de morte é que vem gerando em mim a dificuldade em aceita-la algum dia.

A essa altura eu já estou tratando dessa questão com terapia e fazendo a leitura de
bons livros. Aliás, por falar em livros, eu tive a oportunidade de fazer a leitura do capítulo
15 do livro Fundamentos psicanalíticos de David Zimerman, e consegui compreender
primeiramente que esses sonhos estão revelando um sintoma neutórico que eu venho
carregando e a função deles em um primeiro momento é denunciar para mim mesmo essa
neorose.

Sabemos que a função do sonho não deve ser resumida unicamente a realização
de desejos, ou seja, não é porque eu sonho com algo que necessariamente eu quero aquele
algo. Mas também não devo deixar de destacar as pulsões que todo ser humano carrega,
a saber: as pulsões de vida e as pulsões de morte. Sob esse aspecto, todo ser humano tem
suas pulsões de morte, que estão relacionadas a autodestriução e ao autosabotamento.

Sob essa perpectiva, cabe a mim investigar até que ponto meu medo fóbico da
morte não está imbricado com minhas pulsões de vida e de morte. Partindo desse
pressuposto, posso considerar que o sonho pode agir como uma descarga pulsional , isto
é, revelando nossas pulsões, por vezes, disfarçadas e/ou reprimidas e também mal
resolvidas e mal elaboradas.

O sonho também manifeta-se como uma função traumatofílica, ou seja, revelando


a nós nossos traumas e medos que nós evitamos de adentrar de modo consciente. A este
respeito, eu não tenho dúvidas de que ter passado por uma pandemia que matou milhares
de pessoas ao redor do mundo aliado ao fato de eu ter perdido o meu pai muito novo,
quando eu tinha dois anos de idade, considerando que ele morreu justamente com uma
idade relativa a que eu tenho hoje, me desencadeou esse medo fóbico da morte.

Em suma, eu destaco de que os sonhos são uma importante forma de linguagem e


de comunicação manifista pelo nosso inconsciente e é justamente por essa razão que eu
considero que a partir dos sonhos, temos uma grande oportunidade de fazermos leituras
do nosso inconscicente e nos entender melhor, assim como entender melhor nossas
escolhas que balizam as nossas decisões, e entender melhor os nossos medos, que também
fazem parte de uma linguagem que diz muito sobre nossas ações e tomadas de decisões.

E é por isso tudo que é importante para o analista valorizar o sonho do analisando,
escuta-lo atentamente, buscar interpreta-lo junto com o paciente, ajudando-o em seu
processo de elaboração.
Referência bibliográfica:

ZIMERMAN, D. E. Fundamentos psicanalíticos: Teoria, técnica e clínica.


Editora Artemed. Porto Alegre. 2007.

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