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ESBOÇO Nº 1
A) INTRODUÇÃO AO TRIMESTRE
Tudo isto está relacionado com um dos dois aspectos dos erros cometidos
pelos homens e que levam à perdição espiritual, que o Senhor Jesus deixou bem claro ao ser desafiado pelos
saduceus, já no final de Seu ministério, quando disse que uma das fontes dos erros é não conhecer as
Escrituras (Mt.22:29).
É bem por isso que o Senhor Jesus, antes de subir aos céus, disse que os
Seus discípulos, para serem testemunhas d’Ele, tinham de receber o poder do Espírito Santo (At.1:8).
Assim, muito oportuno o estudo que nos é proposto, para que venhamos
a buscar a face do Senhor e, devidamente revestidos do poder de Deus, podermos resistir no dia mau e,
havendo feito tudo, ficar firmes (Cf. Ef.6:13).
Esta busca deve ser feita mediante os ditames das Escrituras, a Palavra
de Deus, a verdade (Jo.17:17).
A ação do vento faz-nos lembrar que quem nos guia em toda a verdade e
nos reveste de poder é o Espírito Santo, que o Senhor mandou para estar conosco (Jo.14:25; 16:13-15).
INTRODUÇÃO
- Neste trimestre, estudaremos o chamado das Escrituras para o quebrantamento e o poder de Deus.
I – O QUE É AVIVAMENTO
- Avivamento é o ato de “tornar ou tornar-se mais vivo, reanimar ou reanimar-se, despertar, tornar-se
mais forte, mais intenso, aumentar, intensificar-se, tornar-se mais nítido, destacar-se, tornar-se mais
ativo (diz-se de fogo, brasa etc.), tornar mais ágil, apressar” (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).
Como se pode, pois, observar, quando se fala em avivamento se está a falar de um estágio posterior ao de
viver. Só pode ser avivado quem já está vivo e é por isto que este termo foi utilizado pelos pentecostais para
se referir ao estágio espiritual posterior à conversão, para o apossamento das bênçãos espirituais nos lugares
celestiais em Cristo (Ef.1:3).
- A única vez que o termo aparece na Versão Almeida Revista e Corrigida é em Hc.3:2, onde o profeta, no
início da sua oração que finaliza o seu livro, faz um pedido ao Senhor, depois de ter ouvido a Sua Palavra e
temido: “Aviva, ó Senhor, a Tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira, lembra-Te da
- Avivamento é, em primeiro lugar, o ato de tornar mais vivo, ou seja, transformar a vida espiritual em
uma vida mais intensa, em uma vida abundante. Isto nos faz lembrar as palavras de Jesus que disse que tinha
vindo ao mundo para que Seus discípulos tivessem vida, mas Sua missão não cessava aí. Tinha vindo para
que houvesse vida e vida em abundância (Jo.10:10). Neste texto, vemos, claramente, que a obra de Cristo não
se limitava a dar vida àqueles que estavam à mercê do trabalho do inimigo, que é roubar, matar e destruir, mas
que esta vida deveria ser abundante na vida de cada um dos alcançados pela Sua obra salvadora. Vida
abundante é uma vida em toda a sua plenitude, com todos os benefícios proporcionados pela comunhão com
Deus. Vida é estar em comunhão com Deus, é não ter mais separação de Deus por causa do pecado, mas vida
abundante é a comunhão com a presença de todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo. Por
isso, um dos significados de “chayah” é o de “viver prosperamente”.
- Assim também ocorre na vida espiritual. O Senhor, que é nosso proprietário(Gl.2:20), pois nos comprou com
o Seu sangue na cruz do Calvário (I Co.6:20; 7:23), de tempos em tempos, pode perceber que nossos marcos,
nossos sinais estão sendo obscurecidos pelo dia-a-dia, pelas dificuldades desta vida e, por isso, faz com que
os “aviventemos”, que os renovemos, mediante o avivamento. O avivamento, também, assume as
características de uma renovação espiritual, de um desabrochar dos sinais da presença de Deus que se estavam
perdendo. Foi assim na história de Israel e tem sido na história da Igreja. Foi por isso que o profeta Habacuque
pediu ao Senhor que avivasse a Sua obra ao longo do tempo, no decorrer dos anos. Por isso um dos significados
de “chayah” é “fazer viver, manter vivo, viver para sempre”.
- Em terceiro lugar, avivamento é o ato de tornar-se mais forte, mais intenso, intensificar-se. O
avivamento envolve, também, o crescimento espiritual do crente. A vida espiritual é dinâmica, ou seja, é um
contínuo movimento. Assim como o organismo biológico vivo sempre está se transformando, não cessa de
mudar a cada instante, com o surgimento de novas células a cada segundo, também o crente não cessa de se
modificar a cada instante do ponto-de-vista espiritual. Entretanto, enquanto na vida física nós passamos, a
partir da juventude, a iniciar um desgaste cada vez mais intenso, pois o homem exterior, isto é, o nosso corpo,
é corruptível, o homem interior, pelo contrário, como não sofre os efeitos do tempo, passa a ter cada vez maior
intensidade, a ter um progresso a cada segundo que passa, caminhando para atingir o nível de varão perfeito,
a estatura completa de Cristo (II Co.4:16; Ef.4:13). O avivamento, portanto, é a manutenção da vida espiritual
alcançada e a obtenção de maior vigor no decorrer do tempo, pois o homem interior é corroborado com poder
pelo Espírito Santo (Ef.3:16). Por isso, um dos significados de “chayah” é “sustentar a vida”.
- Em quarto lugar, o avivamento é o ato de tornar-se mais nítido, destacar-se. Assim como, ao se
“aviventarem” os limites entre dois prédios, percebe-se mais claramente onde se começa a propriedade de
- Em quinto lugar, o avivamento é tornar-se mais ativo, mais ágil, apressar. É interessante observar que,
para o lexicógrafo (isto é, o autor do dicionário), avivamento é tornar mais ativa uma chama, uma brasa, o que
nos remete, de imediato, ao símbolo do fogo que João Batista utilizou para o batismo com o Espírito Santo. O
avivamento tem, como efeito, fazer com que a haja mais ação na obra do Senhor, que haja um movimento e é
por isso que o avivamento é, antes de mais nada, um movimento do Espírito Santo. Assim como no dia de
Pentecoste, um som como de um vento veemente encheu o cenáculo e causou um reboliço que chamou a
atenção de uma multidão de peregrinos, do mesmo modo o avivamento na igreja local causa uma
movimentação que faz com que haja uma repercussão no meio da igreja e dos incrédulos. Porventura, não foi
o que ocorreu no avivamento da rua Azusa, cujos resultados se espalharam, rapidamente, pelos quatro cantos
do mundo, inclusive aqui no Brasil?
- Mas, além de fazer com que haja mais ação (e eis a razão pela qual Jesus mandou que os discípulos
aguardassem em Jerusalém até que do alto fossem revestidos de poder – Lc.24:49b), o avivamento concede,
também, o senso da urgência, a consciência da necessidade de, apressadamente, pregar o Evangelho, diante
da iminência da volta do Senhor. A igreja dos dias apostólicos é apontada como sendo uma igreja que
aguardava Jesus para os seus dias, tanto que necessário foi que os apóstolos, notadamente Paulo, dessem uma
melhor explicação a respeito disto, para que não houvesse decepção entre os crentes (cf. II Ts.2:2). No entanto,
este sentimento era resultado direto do avivamento experimentado por aqueles irmãos. O avivamento dá-nos
a consciência da urgência da tarefa da Igreja e não é casual que o arrebatamento da Igreja seja antecedido por
um avivamento, a “chuva serôdia” que vinha um pouco antes da colheita, celebrada na Festa dos Tabernáculos.
Nossa dispensação terminará com a evangelização de todas as gentes (Mt.24:14) e isto só é possível diante de
um avivamento, pois só ele faz com que haja pressa e urgência na obra do Senhor. Por isso um dos significados
de “chayah” é, precisamente, o de “ser rápido”.
II – AS CARACTERÍSTICAS DO AVIVAMENTO
- O avivamento é, pois, uma realidade bíblica, um fator que sempre acompanhou o povo de Deus, seja
Israel, na antiga aliança, seja a Igreja, nesta dispensação. Portanto, um verdadeiro avivamento há de ter
os contornos estabelecidos pela Bíblia Sagrada, nossa única regra de fé e de prática. Por isso, não se pode
concordar com aqueles que identificam o “pentecostalismo” como uma doutrina puramente mística, que
privilegia a subjetividade, ou seja, a emoção de cada pessoa, que defenda um “contacto direto e místico” com
Deus.
- A doutrina pentecostal é, sobretudo, bíblica, ou seja, está fundada nas Escrituras e se baseia totalmente nelas.
É por isso, aliás, que o tema do nosso trimestre é “doutrinas bíblicas pentecostais”, ou seja, são doutrinas
bíblicas que são evidenciadas e defendidas pelos pentecostais.
- Com razão, portanto, aqueles que não aceitam a palavra “neopentecostalismo”, que vem sendo utilizada por
estudiosos da religiosidade nos últimos anos, para identificar os movimentos e denominações que têm surgido
a partir da década de 1970 e que se constituem, hoje, no ramo que mais cresce entre os chamados
“evangélicos”, pelo menos nos países sul-americanos (o censo norte-americano de religiões, por exemplo,
identificou as Assembleias de Deus como a igreja que mais cresceu em 2005), para não dizer especificamente
no Brasil.
- Portanto, se o avivamento contínuo é bíblico, devemos observar nas próprias Escrituras quais são as suas
características, até para que não nos deixemos enganar pelos “falsos avivamentos”, manifestações espirituais
espúrias e que nada mais são que falsificações e imitações do inimigo de nossas almas, verdadeiros “ventos
de doutrinas” que, como analisamos no trimestre anterior, também estão a aumentar em número, mormente
agora quando se aproxima o dia da nossa glorificação.
- O pregador e teólogo norte-americano Charles Grandison Finney (1792-1875), ele próprio um dos grandes
nomes do que ficou conhecido como “o segundo grande avivamento norte-americano” (1790-1840), que fez
uma série de estudos a respeito do tema, afirmava que “o avivamento é a renovação do primeiro amor dos
cristãos, que resulta em despertamento e conversão dos pecadores”.
- Ora, se se trata de “renovação do primeiro amor dos cristãos”, nada mais é que a restauração na vida de cada
cristão de uma vida conforme a Palavra de Deus, a palavra que permanece para sempre e que entre os cristãos
foi evangelizada (Cf. I Pe.1:25). Não há, portanto, nenhuma “inovação”, mas, sim, “renovação espiritual”,
retomada dos ditames da imutável e sempre permanente Palavra de Deus.
- Ora, o avivamento da Igreja deve fazer com que se mantenham, diante desta imutabilidade da Palavra, as
mesmas características que foram observadas na igreja primitiva. Uma igreja avivada, pois, tem de ter os
mesmos predicados que se encontraram na igreja de Jerusalém logo após o dia de Pentecostes e que vemos
minudentemente descrita em At.2:41-47, que passaremos, então, a analisar.
- Todo avivamento é um mover do Espírito Santo e a função primordial do Espírito Santo é glorificar a Cristo,
anunciando a Sua verdade (Jo.16:13-15). Ora, a Verdade de Cristo é a Palavra de Deus (Jo.17:17), Palavra
esta que testifica de Jesus (Jo.5:39). Portanto, todo e qualquer avivamento resulta em um retorno às Escrituras,
à Palavra do Senhor.
- Desde o Antigo Testamento, sempre vemos que os momentos de avivamento do povo de Deus são
caracterizados por uma busca da lei do Senhor, por uma renovação no interesse e na observância das
Escrituras. Todo e qualquer movimento que menosprezar a Palavra de Deus, que não der espaço ao estudo e
ao ensino da Palavra, não é um verdadeiro avivamento espiritual, mas um movimento místico, que se misturará
facilmente com manifestações sobrenaturais de procedência maligna.
OBS: Não é, por outro motivo, pois, que o autodenominado “grande e último avivamento do tempo do fim” que teve seu início na Igreja do
Avivamento Mundial, em Boston, nos Estados Unidos, por parte do sr. Ouriel de Jesus, deve ser repelido, pois seu início está vinculado a “novas
- Não só o avivamento traz o recebimento da Palavra, mas, também, a perseverança na doutrina dos apóstolos.
Uma igreja avivada, ao contrário do que muita gente pensa e faz na atualidade, não é uma igreja que não
estude a Palavra de Deus, nem uma igreja que, por achar que “a letra mata”, não frequenta ou nem tem cultos
de ensino e de doutrina, procurando apenas “reuniões de poder”. O verdadeiro avivamento faz com que o
crente seja guiado pelo Espírito Santo e esta direção exige, em primeiro lugar, a perseverança na doutrina dos
apóstolos. Crente avivado é crente que conhece a doutrina dos apóstolos e que, por isso, não se deixa levar
por qualquer “vento de doutrina”.
- A perseverança na comunhão, também, tem uma dimensão vertical, ou seja, o avivamento leva os crentes a
terem uma consciência da necessidade de se santificar para permanecerem em comunhão com o Senhor. Todo
avivamento genuíno leva o povo a melhorar os seus caminhos diante de Deus, aumentando a qualidade de seu
comportamento, a fim de diminuir as brechas pelas quais pode advir a prática do pecado. Um verdadeiro e
genuíno avivamento não abre mão de uma postura ética diferente, não admite a convivência com o pecado.
OBS: Por isso não podemos admitir como provenientes de um verdadeiro e genuíno avivamento manifestações que, apesar de sobrenaturais e
espantosas, não tragam qualquer mudança de comportamento na vida das pessoas. Um verdadeiro avivamento faz as pessoas deixarem os
embaraços e as práticas pecaminosas que antes toleravam e, vez por outra, consentiam ou faziam.
- Nos dias em que vivemos, muitos se dizem pentecostais, mas há anos não veem em suas reuniões a ocorrência
de sinais e de maravilhas. Ocorre aqui o que dissemos no início desta lição: como podemos dizer que somos
crentes pentecostais se a atualidade da operação do Espírito Santo não é uma realidade entre nós? Não
podemos viver da memória, nem tampouco da história dos nossos pais na fé. É preciso que a atualidade do
poder de Deus seja evidenciada no nosso meio, em nossas reuniões. Se não há mais sinais e maravilhas, algo
está errado. Precisamos pedir a Deus um avivamento, avivamento que não é apenas a busca de “milagreiros”
ou a promoção de “campanhas” para que haja “revelações”, “profecias”, “curas”, mas, muito mais do que isto,
é necessário que a própria igreja local verifique onde caiu, para se arrepender e, assim, praticar as primeiras
obras, tornando a ter o “primeiro amor”, assim como Jesus mandou que a igreja de Éfeso fizesse, ela própria
uma igreja avivada que perdera o fervor (Ap.2:5).
- A alegria que caracteriza o avivamento espiritual não é algo que seja fabricado por uma técnica
neuropsiquiátrica, nem por um artificial estado de emoção. Bem ao contrário, a alegria nasce espontaneamente
no coração do crente avivado, porque é fruto do Espírito Santo, é o gozo pela sua salvação (Sl.51:12).
- Cremos, realmente, num avivamento contínuo? Somos pentecostais? Só podemos dizer que sim se formos
crentes avivados. Temos as características bíblicas para sermos considerados crentes avivados? “Aviva,
Senhor, a Tua obra, no meio dos anos”!