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ESCOLA DE ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Porto Alegre
Dezembro 2017
FERNANDO SPIES BESSLER
Porto Alegre
Dezembro 2017
FERNANDO SPIES BESSLER
Este Trabalho de Diplomação foi julgado adequado como pré-requisito para a obtenção do
título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo Professor Orientador.
BANCA EXAMINADORA
Agradeço à minha família, que sempre me apoiou e esteve presente em todos os momentos.
Aos meus pais, Paulo e Denise, que me incentivaram sem medir esforços e foram os
responsáveis pela formação do meu caráter, dando exemplo de companheirismo e perseverança.
Aos meus irmãos, Arthur e Alice, que estiveram ao meu lado em todos os momentos, com
compreensão e paciência, dando forças para que fosse possível vencer todos os desafios.
À minha namorada, Diéssica, que com carinho, companheirismo e amor, tornou agradável o
caminho percorrido para chegar até aqui.
Agradeço ao professor Eduardo Luis Isatto, orientador deste trabalho, pelos ensinamentos que
contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.
Agradeço a empresa construtora que abriu suas portas e aos profissionais que auxiliaram no
desenvolvimento da pesquisa.
Aos meus colegas e amigos, que contribuíram para o meu desenvolvimento pessoal e
acadêmico, compartilhando conhecimentos, experiências e alegrias ao longo deste período de
graduação. Em especial aos colegas Augusto Borges, Bruno Rizzon, Isadora Pereira, Pâmela
Zarpellon, Paula Banolas e Rafael Goerg.
Por fim, agradeço a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pelo ensino de excelência
oferecido.
Não existe fracasso. Existem apenas resultados.
Stephen P. Robbins
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 23
Justificativa ...................................................................................................................... 24
2 DIRETRIZES DA PESQUISA .............................................................................................. 25
2.1 QUESTÃO DE PESQUISA ........................................................................................................... 25
2.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ......................................................................................................... 25
2.2.1 Objetivo principal ......................................................................................................................... 25
2.2.2 Objetivos secundários .................................................................................................................. 25
2.3 DELIMITAÇÕES ......................................................................................................................... 25
2.4 LIMITAÇÕES ............................................................................................................................. 26
2.5 DELINEAMENTO ....................................................................................................................... 26
3 LOGÍSTICA DO PROCESSO CONSTRUTIVO ....................................................................... 27
3.1 PLANEJAMENTO DO CANTEIRO DE OBRAS ............................................................................... 27
3.1.1 Padronização ................................................................................................................................ 27
3.1.2 Análise Preliminar ........................................................................................................................ 28
3.1.3 Arranjo físico geral do canteiro .................................................................................................... 28
3.1.4 Arranjo físico detalhado do canteiro ............................................................................................ 29
3.2 PLANEJAMENTO DA CONSTRUÇÃO .......................................................................................... 29
3.2.1 Preparação do processo ............................................................................................................... 30
3.2.2 Planejamento de longo prazo ...................................................................................................... 31
3.2.3 Planejamento de médio prazo ..................................................................................................... 31
3.2.4 Planejamento de curto prazo ....................................................................................................... 32
3.2.5 Avaliação do processo .................................................................................................................. 33
3.3 CONSTRUÇÃO ENXUTA ............................................................................................................ 33
3.3.1 AS SETE PERDAS DO SISTEMA TOYOTA ........................................................................................ 33
3.3.1.1 Perdas por superprodução ........................................................................................................................ 34
3.3.1.2 Perdas por espera ..................................................................................................................................... 34
3.3.1.3 Perdas por transporte ............................................................................................................................... 34
3.3.1.4 Perdas por movimentação ........................................................................................................................ 35
3.3.1.5 Perdas por estoque ................................................................................................................................... 35
3.3.1.6 Perdas por processamento ....................................................................................................................... 35
3.3.1.7 Perdas por defeitos ................................................................................................................................... 35
3.4 SISTEMA DE MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS ........................................ 36
3.4.1 O sistema de transporte de materiais .......................................................................................... 37
3.4.2 O sistema de armazenamento de materiais ................................................................................. 39
3.5 GRUAS ..................................................................................................................................... 40
3.5.1 Gruas de torre fixa e de torre móvel ............................................................................................ 40
3.5.2 Grua de torre ascensional ............................................................................................................ 42
4 MÉTODO DA PESQUISA ................................................................................................. 47
4.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................... 47
4.2 FERRAMENTAS E MÉTODOS PARA A COLETA DE DADOS .......................................................... 48
4.2.1 Análise dos documentos .............................................................................................................. 49
4.2.2 Lista de verificação ....................................................................................................................... 49
4.2.3 Registro de imagens do processo ................................................................................................. 50
4.2.4 Análise de operação conjunta ...................................................................................................... 50
4.2.5 Medição dos tempos de ciclo dos processos e das operações .................................................... 51
4.2.6 Takt time ...................................................................................................................................... 51
4.3 DIAGNÓSTICO DO SMAM EXISTENTE ....................................................................................... 52
4.4 DIMENSIONAMENTO DAS OPERAÇÕES DE TRANSPORTE ......................................................... 52
5 ESTUDO DE CASO ........................................................................................................... 53
5.1 DESCRIÇÃO DA OBRA ............................................................................................................... 53
5.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................................................... 56
5.2.1 Layout do canteiro ....................................................................................................................... 56
5.2.2 Análise dos dados da lista de verificação ..................................................................................... 59
5.2.3 Resultados das definições dos tempos takt ................................................................................. 63
5.2.3.1 Argamassa ................................................................................................................................................. 63
5.2.3.1 Blocos ........................................................................................................................................................ 64
5.2.4 Resultados das medições dos tempos de ciclo dos processos ..................................................... 65
5.2.4.1 Argamassa ................................................................................................................................................. 66
5.2.4.2 Transporte de blocos ................................................................................................................................. 70
5.2.5 Resultados dos diagramas de operação conjunta ........................................................................ 74
5.2.5.1 Transporte de argamassa .......................................................................................................................... 74
5.2.5.2 Transporte de blocos ................................................................................................................................. 76
5.2.6 Diagnóstico do SMAM existente .................................................................................................. 78
5.3 Dimensionamento das operações ............................................................................................ 80
6 CONCLUSÕES FINAIS ...................................................................................................... 85
Apêndice A – Lista de verificação ............................................................................................ 91
23
1 INTRODUÇÃO
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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suas vantagens evidenciadas, as empresas ainda não dão a devida atenção à elaboração do
projeto logístico.
As construtoras buscam soluções para melhorar seus índices de produtividade nos canteiros e
uma das soluções que tem se difundido cada vez mais é o uso de equipamentos para
movimentação de materiais, particularmente as gruas. Através da mecanização a qualidade da
produção pode-se tornar mais uniforme, porém para que possa de fato levar a uma diminuição
do custo final da obra, é necessário que haja um bom gerenciamento. As perdas neste tipo de
transporte ocorrem tanto pela ociosidade dos equipamentos como pela sua ineficiência. Neste
sentido, este trabalho tem como objetivo contribuir para reduzir tais perdas associadas com a
utilização de gruas em obras multi-pavimentos, através do estudo das principais causas dessas
perdas, e da proposta de diretrizes para sua prevenção através do planejamento do sistema de
movimentação e armazenamento de materiais (SMAM).
Motivação
O autor do presente trabalho é motivado pelo fato de trabalhar em uma empresa fornecedora de
gruas, estar ciente dos problemas gerados por falta de planejamento e gerenciamento no uso de
gruas em obras de edificação, além de ter contato com engenheiros de obras que manifestam
sugestões e, por vezes, insatisfações com o baixo percentual de utilização da grua.
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2 DIRETRIZES DA PESQUISA
Como reduzir as perdas associadas à utilização de gruas em obras múltiplos pavimentos através
do dimensionamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais?
2.3 DELIMITAÇÕES
O estudo de caso deste trabalho delimitou-se a uma obra residencial de uma empresa construtora
localizada na cidade de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul.
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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2.4 LIMITAÇÕES
O estudo de caso deste trabalho limitou-se ao estudo dos processos e das operações de
transporte de blocos cerâmicos e de argamassa para o assentamento da alvenaria de uma obra
com torres residenciais e comerciais com estrutura de concreto armado e alvenaria de vedação.
2.5 DELINEAMENTO
a) pesquisa bibliográfica;
b) observação e análise do sistema de movimentação e armazenamento de materiais
da obra selecionada;
c) medição dos tempos de ciclo das operações mais significativas das atividades
relacionadas à grua, e coleta de dados;
d) análise dos dados coletados;
e) avaliação do sistema existente;
e) dimensionamento das operações de transporte com a grua e proposição de
diretrizes;
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Neste capítulo são apresentados conteúdos relacionados ao processo construtivo que tem
interfaces com o sistema de transporte e armazenamento de materiais. Também são
apresentados os conceitos de perdas na produção enxuta e os modelos de gruas mais utilizados
em âmbito nacional.
Com objetivo principal de aumentar a eficiência através da eliminação de atividades que não
agregam valor, o canteiro de obras deve ser planejado. Este planejamento pode trazer benefícios
como melhorias nas condições de trabalho e aumento na transparência dos processos,
melhorando a imagem da empresa. O escopo compreende as instalações provisórias, inclusive
de higiene e segurança do trabalho, e o sistema de movimentação e armazenamento de materiais
da obra (SAURIN e FORMOSO, 2006).
A padronização dos canteiros de uma empresa pode facilitar este planejamento, que deve ser
realizado através das etapas de análise preliminar, arranjo físico geral e arranjo físico detalhado
do canteiro.
A padronização é considerada uma das mais importantes abordagens gerenciais para a redução
da variabilidade. Pode facilitar as atividades de planejamento, controle e execução, além de
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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A etapa de análise preliminar é crucial para que as demais etapas sejam executadas com
qualidade e agilidade, e consiste principalmente na coleta e análise de dados. Deve ser realizada
antecipadamente e de forma completa, sob risco de provocar atrasos e interrupções nas etapas
subsequentes, uma vez que é responsável por alimentar o banco de dados que é necessário para
a tomada de decisões. Vale salientar que a padronização dos canteiros facilita esta etapa, pois
grande parte das informações requeridas normalmente estão prontamente disponíveis (SAURIN
e FORMOSO, 2006). De acordo com estes autores, as informações que devem ser coletadas
dividem-se nos seguintes itens: programa de necessidades do canteiro; informações sobre o
terreno e o entorno da obra; definições técnicas da obra; cronograma de mão-de-obra;
cronograma físico da obra; e orçamento.
Na etapa de arranjo físico geral do canteiro deve ser estudado o posicionamento relativo entre
as áreas de instalações dos canteiros, como a localização das áreas de vivência, áreas de apoio
e área do posto de produção de argamassa, por exemplo. Esta fase do processo de planejamento
do canteiro de obras também é denominada como etapa de definição do macro layout (SAURIN
e FORMOSO, 2006).
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Laufer e Cohenca (1990) apontam que o planejamento se refere a determinar o que deve ser
feito e como cada tarefa deve ser desempenhada – incluindo sequencia e tempo de execução –
além de estabelecer quais recursos serão necessários e seus custos. Em resumo, planejamento
pode ser definido como o processo de definir objetivos e os procedimentos para alcança-los,
sendo efetivo quando combinado com o processo de controle de execução das atividades
(FORMOSO, 1991).
Laufer e Tucker (1987) aceitam a definição de que planejamento é um sistema de decisões que,
especificamente, deve responder as seguintes questões:
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Responsável por vincular os planos de longo e curto prazo, o planejamento de médio prazo deve
garantir os meios para atingir os objetivos estratégicos, detalhando as metas estabelecidas no
plano de longo prazo e segmentando-as em pacotes de trabalho. Nesta etapa devem ser
identificados os trabalhos para as próximas semanas e, quando necessário, deve ser feita a
reprogramação de atividades, este plano ainda engloba a atualização dos ritmos de trabalho
1
MORTON, G.H.A. Human dynamics in project planning. In Project Management
Handbook. Van Nostrand Reinhold, New York, pp. 265-82. 1983
2
FORMOSO C. T. Termo de referência para o Planejamento e Controle da Produção em
Empresas Construtoras. Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil, UFRGS, Porto
Alegre, 1999a.
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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definidos no plano de longo prazo. Por ter um horizonte móvel como característica, este plano
é chamado também de Lookahead Planning (planejamento olhando para a frente), sendo que o
horizonte de planejamento é sempre maior que o ciclo de controle (LAUFER e TUCKER, 1987;
BALLARD, 1997; BERNARDES, 2001; COELHO, 2001).
Bernardes (2001), afirma que o objetivo do planejamento de curto prazo é orientar diretamente
a execução da obra, designando às equipes de produção pacotes de trabalho previamente
definidos no plano de médio prazo. Para que este plano seja passível de ser atingido, devem
sempre ser escolhidos pacotes de trabalho com os requisitos de precedência satisfeitos, e o
responsável pela equipe deve indicar as tarefas que devem ser executadas, sua sequência, carga
de trabalho e prazos de execução de cada pacote de trabalho (TOMMELEIN e BALLARD3,
1997 apud COELHO, 2003).
Neste nível de planejamento deve ser aplicado o mecanismo da shielding production (produção
protegida) para aumentar a confiabilidade e reduzir as incertezas em relação à execução dos
trabalhos (BALLARD e HOWELL, 1997). Outro aspecto importante é a conferência da
execução de pacotes programados no período anterior, que deve ser realizada ao final de cada
ciclo (BERNARDES, 2001). Os ciclos são normalmente semanais, e as principais atividades,
dentro do modelo de PCP do NORIE, envolvem a coleta de informações, preparação e difusão
do plano de curto prazo, coleta de indicadores e difusão da programação.
3
TOMMELEIN, I.; BALLARD, G. Lookahead Planning: screening and pulling. In.
Seminário Nacional Sobre Lean Construction, 2., São Paulo, 1997.
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A avaliação do processo de planejamento geralmente ocorre ao final de cada obra e tem por
objetivo propor melhorias a empreendimentos futuros, ou em obras muito longas, para impedir
a propagação de problemas durante a execução do empreendimento, possibilitando um
posicionamento proativo frente as dificuldades encontradas. As etapas da avaliação do processo
de planejamento são a identificação de problemas e o desenvolvimento de alternativas para a
resolução dos problemas identificados. Deve ser feita, ainda, uma análise das decisões e das
consequências destas tomadas de decisão (BERNARDES, 2001; COELHO, 2003).
O Sistema Toyota de Produção é o maior exemplo de aplicação da produção enxuta, que surgiu
no Japão na década de 1950. O principal conceito deste sistema de produção é o aumento dos
lucros através da eliminação completa dos desperdícios, como excesso de estoques ou de
trabalhadores. Para alcançar este objetivo o sistema de produção se adaptou às mudanças na
demanda do mercado de forma flexível, produzindo os tipos de produtos necessários nas
quantidades e no tempo necessário (KOSKELA, 1992; MONDEN, 2015).
Para Ohno (1978) uma operação consiste de trabalho e desperdício, e a forma de melhorar a
eficiência da produção é eliminar a parcela de desperdício fazendo que a parcela de trabalho
represente 100% da operação. No Sistema Toyota de Produção um trabalhador deve produzir
somente o necessário, portanto a força de trabalho deve ser reduzida de maneira a eliminar o
excesso de capacidade para que seja equivalente a quantidade necessária. Assim, o primeiro
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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As perdas por superprodução: é considerada como a principal perda na produção, pois pode
esconder outras perdas, atrapalhar o fluxo dos processos, e ainda prejudicar a qualidade e a
produtividade. As consequências deste problema são graves: defeitos não são rapidamente
detectados, os produtos podem deteriorar e uma pressão artificial nas taxas de trabalho pode ser
gerada, além de aumentar o trabalho em progresso (HINES e RICH, 1997). Shingo4 (1996a
apud ANTUNES, 2008) postula que a superprodução pode ser classificada em quantitativa e
por antecipação, a primeira sendo a produção de quantidades excessivas, enquanto a segunda é
a produção antes de haver necessidade do item produzido.
Estas perdas estão associadas aos tempos improdutivos, tanto de trabalhadores quanto de
máquinas, esta perda ocorre quando um produto não está sofrendo atividades de fluxo ou de
conversão. Neste caso, o custo fixo associado a estes trabalhadores ou equipamentos
improdutivos está sendo desperdiçado, sem agregar valor para a empresa (ANTUNES, 2008).
Em uma situação ideal não haveria tempo de espera, resultando em um fluxo de produtos e
informações mais rápido e eficiente (HINES e RICH, 1997).
4
SHINGO, Shigeo. O sistema Toyota de Produção do ponto de vista da engenharia de
produção. Porto Alegre: Bookman, 1996a.
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Estas perdas estão associadas aos movimentos desnecessários dos trabalhadores e envolvem os
aspectos ergonômicos da produção, quando os operários precisam se esticar, ou se abaixar para
pegar alguma coisa. A repetição destas tarefas gera cansaço e desconforto, e tende a diminuir a
produtividade destes trabalhadores (HINES e RICH, 1997).
Este tipo de perda acontece pelo excesso de materiais e componentes que necessitam de espaço
físico adicional para serem armazenados, o que gera custos significativos reduzindo a
competitividade da empresa. Os estoques, além de esconder os problemas, dificultam sua rápida
identificação e correção, estas perdas ainda estão relacionadas com avarias e obsolescência dos
materiais e componentes. Uma forma de reduzir os estoques é buscar equilíbrio entre
capacidade e demanda, sincronizando a produção através da adoção de ferramentas como o
Kanban, por exemplo (HINES e RICH, 1997; ANTUNES, 2008).
As perdas por produtos defeituosos estão relacionadas com produtos ou serviços já concluídos
e que não atendem as especificações de qualidade requeridas, parcial ou integralmente
(ANTUNES, 2008). As perdas por produtos defeituosos representam custos diretos e, segundo
a filosofia Toyota de produção, os defeitos devem ser considerados como oportunidades de
melhoria (HINES e RICH, 1997). Segundo Antunes (2008), para atacar as causas fundamentais
provenientes destas perdas, é necessário estabelecer um sistema preventivo de inspeção, dentre
os quais pode-se destacar os sistemas de inspeção sucessiva, auto-inspeção e inspeção na fonte.
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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Os cartões são colocados em sequência de acordo com o mix desejado por tipo de produto e o
responsável pela movimentação de materiais os retira e leva até o processo puxador, um de cada
vez. Estes cartões indicam a quantidade a ser produzida e em quanto tempo deve produzir
baseado no takt time. Os cartões são retirados da esquerda para a direita na medida do
incremento pitch. A figura 4, abaixo, ilustra o heijunka box (ROTHER, SHOOK, 2003).
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O transporte é classificado como uma atividade de suporte, e deve ser considerado prioritário
para programas de melhoria, pois além de ser uma atividade onerosa (consome muita energia e
5
TOMMELEIN, I.D. New tools for site materiais handling and layout control. In:
CONSTRUCTION CONGRESS, 1995, San Diego. Proceedings...New York: ASCE, 1995.
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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tempo de mão-de-obra), não agrega valor e gera elevados desperdícios (SANTOS, 1995). O
alto consumo de recursos humanos em transporte é devido, principalmente, ao peso dos
materiais, aos postos de trabalho móveis, e a forma desaconselhável de alguns materiais quanto
ao transporte, como sacos, tubos e barras (HEINECK6, 1995 apud SAURIN, 1997). Ainda
segundo este autor, a incorporação de equipamentos sofisticados não é necessariamente a
solução para este problema, e pode-se tomar algumas medidas, tais como equacionar roteiros,
pontos de armazenagem e necessidade de remanuseio, reduzindo a necessidade de transporte;
adotar princípios básicos de economia dos movimentos e movimentação de materiais; utilizar
equipamentos adequados ao transporte, como carro porta-pallet para o manuseio de blocos
cerâmicos, sendo que os equipamentos devem ser o mais simples e especializados quanto
necessário; e adotar formas de eliminar o desperdício de materiais, reduzindo a entrada de
materiais no canteiro e a posterior saída na forma de entulho.
6
HEINECK, L.F. et al. Movimentação de argamassa em obra: uma avaliação do
consumo de mão- de-obra nesta atividade do canteiro. In: I SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS, 1995, Goiânia. Anais...Goiânia: UFG, Antac, 1995.
472 p. p.16-17.
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feito por equipamentos que permitem o deslocamento tridimensional das cargas, como a grua.
O quadro 1, a seguir, apresenta os sistemas de transporte viáveis em obras de edifícios multi-
pavimentos (LICHTENSTEIN, 1987b).
Saurin (1997) aponta que o armazenamento de materiais deve ser devidamente planejado, com
objetivo de melhorar a produtividade dos processos, pois condições impróprias de estocagem
geram perdas de materiais e dificultam o acesso ao estoque e seu controle. Os materiais
constituem uma grande parcela dos custos da construção, e é comum que a compra de materiais
seja feita muito tempo antes de que estes sejam necessários, o que gera perdas por estoque. Aos
estoques estão associados custos de aquisição do material, das instalações de armazenamento,
da segurança contra furtos, e custos de obsolescência (AKINTOYE, 1995).
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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Para exercer uma boa prática de estocagem, um canteiro deve atender alguns requisitos
genéricos, dentre os quais destaca-se: local para estocagem adequado; dimensionamento em
função da programação da produção, visando a redução do estoque; e controle de entrada e
saída de materiais, assim como de quantidades existentes, com procedimentos padrão e a
definição de um responsável para esta atividade (SANTOS, 1995).
3.5 GRUAS
As gruas, ou guindastes de torre, se caracterizam por uma lança suportada por uma torre
metálica. A lança horizontal pode ser inclinada ou articulada, e a torre pode ser fixa ou giratória.
Existe uma grande variedade de modelos de gruas empregadas no Brasil e no mundo, sendo
que para o mercado nacional são viáveis a grua estacionária e a grua ascensional. Com menor
frequência utiliza-se a grua móvel sobre trilhos, que é mais viável em canteiros de grandes
dimensões, na construção de conjuntos de edifícios. Os modelos de gruas citados são formados
basicamente por uma torre, lança, contra-lança e um sistema de cabos e motores
(LICHTENSTEIN, 1987a).
Segundo Lichtenstein (1987a), a grua possibilita a movimentação da carga em três tipos básicos
de movimento, que podem ocorrer simultaneamente: içamento vertical, translação ao longo da
lança e rotação da lança em torno do eixo da torre. Para o caso da grua móvel sobre trilhos ainda
há a possibilidade de translação de todo conjunto ao longo de um segmento de reta ou mesmo
de uma curva de grande raio de curvatura. A velocidade com que a grua executa cada um dos
movimentos mencionados é característica de cada equipamento. A figura 3 ilustra os possíveis
movimentos da grua, assim como a nomenclatura de seus elementos.
Os guindastes de torre fixa normalmente são montados sobre uma fundação projetada conforme
especificações do fabricante, ou presa em cantoneiras de fixação inseridas à base (chamadas de
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chumbadores), ou sobre seu chassi com lastro. Para o caso da grua de torre móvel montada
sobre trilhos, o único sistema de montagem possível é sobre seu chassi com lastro. A montagem
das gruas depende de um guindaste móvel, sendo que alguns modelos contam com um
mecanismo para telescopar, permitindo o aumento de sua altura de forma independente. Para
os modelos que contam com este mecanismo é possível utilizar guindastes móveis menores
para a montagem, já que não é necessário que a grua seja montada com sua altura máxima em
um primeiro momento (PEURIFOY et al., 2015). Deve-se considerar que tanto na montagem
quanto na desmontagem é necessário espaço disponível no canteiro para a colocação da lança
da grua no chão, o que em geral pode se tornar um problema no caso da desmontagem, quando
a obra está em fase final e o canteiro conta com menos espaços livres disponíveis.
A grua de torre fixa tem um limite vertical conhecido como altura livre máxima, que determina
o quanto é possível elevar o equipamento com segurança acima da base. Quando a altura
requerida ultrapassa este limite é necessário fornecer escoramento lateral, que geralmente é
feito com suportes de aço dimensionado pelo fabricante, o conjunto é chamado de estrutura de
ancoragem e tem a função de contraventar a torre metálica. Apesar das ancoragens, existe um
limite de altura contraventada máxima para a torre (PEURIFOY et al., 2015).
Os guindastes de torre móvel têm a vantagem de permitir que a grua se mova ao longo dos
trilhos com uma carga, permitindo maior cobertura da área de trabalho. Em alguns projetos a
opção pela montagem sobre trilhos se dá apenas pela economia em relação a desmontagem e
remontagem do equipamento quando, em função de determinada fase do projeto, a realocação
deste é necessária, e não para deslocamentos de rotina. Ao optar pelo uso deste modelo de grua,
deve-se considerar os custos referentes à aquisição e construção dos trilhos, incluindo
terraplenagem. É importante levar em conta que os trilhos podem se tornar uma interferência
para os movimentos de outros veículos e equipamentos no local de trabalho (PEURIFOY et al.,
2015).
As gruas de torre fixa e de torre móvel sobre trilhos são idênticas, porém o segundo modelo é
montado sobre trilhos que permitem o movimento de translação de todo conjunto ao longo do
canteiro. A figura 3, a seguir, representa este modelo de grua.
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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A grua ascensional, além de poder realizar todos os movimentos básicos da grua fixa, tem a
possibilidade de ascensão do conjunto no interior do edifício, apoiando-se na estrutura deste
(LICHTENSTEIN, 1987a). Segundo Peurifoy et al. (2015), para subir, as gruas ascensionais
utilizam colares ascendentes especiais adaptados aos pavimentos com estrutura finalizada,
sendo que o peso do guindaste e da carga içada são transmitidos à estrutura do edifício. Pela
possibilidade de subir à medida que a estrutura vertical avança, a grua tem um mastro
relativamente curto, porém mastros mais altos exigem menos procedimentos de ascensão ao
longo da obra. Os procedimentos de ascensão podem causar interrupções em outros processos
construtivos. A vantagem deste tipo de grua, em relação à grua de torre com base fixa, é não
haver um limite de altura escorada máximo.
para a montagem da grua ascensional. Porém, esta escolha deve ser analisada com atenção, pois
pode causar atraso na montagem do elevador, que muitas vezes fica no caminho crítico do
cronograma do projeto (PEURIFOY et al., 2015).
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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Posição no Deve ser prevista área de canteiro para a base Não exige área do canteiro
canteiro da grua o que, em terrenos pequenos, pode ser
uma dificuldade
Suporte da Bloco de concreto especialmente construído Eventualmente pode ser apoiada, para a
base montagem inicial, em bloco de concreto da
própria estrutura com possível reforço. Após
o início da ascensão a base passa a ser
apoiada na estrutura, gerando a necessidade
de eventual reforço.
Altura da Normalmente na montagem inicial a torre tem A altura inicial da torre é idêntica à da
torre uma pequena altura. À medida do andamento correspondente grua estacionária. Com o
da estrutura, a torre vai crescendo. O aumento andamento da estrutura a torre permanece a
da altura da torre pode ser realizado por, mesma, apenas o conjunto inteiro ascende.
dependendo do modelo, acoplamento de novos Com isto é reduzida a altura total necessária
módulos por um mecanismo de telescopagem, de torre com a contrapartida do custo do
independente do andamento da estrutura. A mecanismo ascensional. O ciclo ascensional
altura total da torre é dada pela altura do deve ser compatível com o ciclo de
edifício somada a uma altura livre pré- construção da estrutura, qualquer quebra no
estabelecida de aproximadamente 6 m. mecanismo ascensional provoca atraso no
cronograma da obra.
Dimensão Estando locada fora da torre do edifício, Podendo ser locada no corpo do edifício,
da lança normalmente está localizada fora do baricentro está próxima do baricentro do terreno, o que
do canteiro, o que tende a gerar a necessidade tende a gerar comprimentos de laça
de comprimentos de lança maiores. menores.
Operação Quando montada a cabine na torre, lança ou Quando a cabine de comando é montada
contra-lança, normalmente é boa a lança, torre ou contra-lança, a visibilidade
visibilidade. Quando o operador está situado do operador é sensivelmente prejudicada.
na laje, não existe diferença quanto ao tipo de
grua.
continua
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continuação
Desmontagem Processo de desmontagem Processo de desmontagem muito dificultado, com lança
exatamente inverso à montagem, e contra-lança tendo de ser apoiadas na última laje e
realizando-se sem dificuldades. descidas através de equipamento auxiliar. A laje de
Desmontagem pode ser realizada cobertura neste caso deve prever este carregamento
ao final da obra, por indeferir extra. No caso da grua ser montada no poço do
muito pouco com o andamento elevador, normalmente sua desmontagem deve se dar
desta. antes da concretagem da caixa d’água e casa de
máquinas. Isto leva à grua ser empregada apenas na fase
da estrutura e, possivelmente, alvenaria da obra.
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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4 MÉTODO DA PESQUISA
Neste capítulo é descrito o método de pesquisa utilizado para a elaboração do presente trabalho,
apresentando as fontes de coleta de dados e as ferramentas e métodos utilizados para atingir os
objetivos propostos.
4.1 DELINEAMENTO
Coleta de dados
Análise e avaliação
Conclusões
(Fonte: o autor)
Foi feita uma pesquisa bibliográfica responsável por consolidar a base teórica através da qual
todo o trabalho foi desenvolvido, tendo por referência teses de mestrado e doutorado, pesquisas
acadêmicas, trabalhos de graduação, artigos científicos e livros relacionados aos assuntos
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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Em posse dos dados coletados na etapa anterior foi possível avaliar o sistema existente,
identificando com clareza os pontos positivos e negativos. Esta avaliação explicitou alguns
pontos do sistema de movimentação e armazenamento de materiais da obra que apresentavam
grande potencial de melhoria. Através da análise conjunta destes dados foi elaborado um
diagnóstico para este sistema.
Foram utilizadas diversas ferramentas de coleta de dados para obter um diagnóstico mais
confiável da situação existente no canteiro, principalmente para as atividades que compõem o
sistema de movimentação e armazenamento de materiais. O uso destas ferramentas possibilitou
uma análise dos aspectos positivos e negativos do canteiro, permitiu verificar a capacidade do
sistema de transportes e ainda possibilitou a proposta de melhorias.
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Para facilitar a compreensão das etapas que estavam em andamento e qual era a demanda do
sistema de movimentação e armazenamento de materiais durante o período de observação, os
documentos ligados a estas atividades foram analisados. Entre eles estavam o planejamento da
produção, projetos, layout do canteiro (com todas instalações provisórias) e quantitativos.
Segundo Isatto et al. (2000), as listas de verificação permitem uma rápida avaliação qualitativa
dos processos analisados e ainda podem ser usadas, baseada no percentual de itens atendidos
em relação ao total de itens observados, para uma avaliação quantitativa expedita das condições
do canteiro.
A lista de verificação deve ser utilizada como uma ferramenta gerencial de análise inicial do
canteiro, pois cumpre com eficácia sua função de ferramenta de diagnóstico simplificado. A
conformidade com a grande maioria de seus itens indica um bom desempenho do canteiro,
acima da média do setor. Entretanto, as notas obtidas não são suficientes para uma avaliação
objetiva do canteiro e suas limitações devem ser levadas em conta, pois a lista não discute as
causas dos problemas e não estabelece graduações no desempenho do cumprimento de cada
requisito (SAURIN, 1997).
Para obter uma avaliação inicial da situação do canteiro da obra em estudo foi utilizada uma
parte da lista de verificação, referente ao sistema de movimentação e armazenamento de
materiais, do modelo desenvolvido por Saurin (1997) e modificada por Pereira (2011), que
propôs o uso da grua ao invés do guincho, cimento/argamassa ao invés de cimento, e agregados
ao invés de agregados e argamassa. Ainda foram feitas algumas adaptações na parte que avalia
o uso da grua, que é o foco do presente trabalho. A lista de verificação utilizada com os
resultados obtidos encontra-se no apêndice A deste trabalho.
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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De acordo com Bulhões (2009), o registro através de fotografias é uma forma simples e barata
de explicitar alguns aspectos do processo produtivo, como ferramentas implementadas e
sequência de execução. Desta forma auxilia na análise dos dados, retratando a real situação dos
processos produtivos estudados.
Foi feito o registro fotográfico dos processos de transporte observados no estudo de caso,
englobando todas as etapas envolvidas (transporte, inspeção, espera e processamento). Os
principais aspectos do SMAM também foram registrados, como equipamentos de transporte
utilizados, depósitos de materiais, principais acessos para abastecimento do canteiro, locais de
carga e descarga nos pavimentos, entre outros.
Segundo Ishiwata (1991), os processos produtivos raramente são constituídos por uma operação
feita por um único trabalhador, a maioria dos processos consiste de combinações de
trabalhadores e equipamentos produzindo de forma conjunta. As combinações podem variar
desde um trabalhador produzindo com um equipamento até diversos trabalhadores produzindo
com diversos equipamentos. A análise de operação conjunta pode ser utilizada para aumentar a
eficiência destas operações, pois, através do estudo dos diagramas de tempos operacionais de
trabalhadores e equipamentos, revela exatamente onde está o tempo ocioso em cada operação,
e facilita a implementação de melhorias para eliminar estes desperdícios.
Foram elaborados os diagramas para a análise de operação conjunta dos serviços realizados
pela grua para entender a situação corrente das operações deste equipamento no canteiro e
verificar os pontos com potencial para melhorias. As atividades foram cronometradas cinco
vezes para que fosse obtido um tempo médio de operação consistente.
O tempo de ciclo de um processo pode ser definido como o tempo entre a saída de um produto
e a saída do seguinte do mesmo processo. É a frequência com que um produto é realmente
completado em um processo, cronometrado como observado, e está associado à capacidade do
processo (ROTHER, SHOOK, 2003). Quanto às operações os tempos de ciclo dizem respeito
ao tempo de execução de um ciclo de trabalho por um operário ou equipe, geralmente para a
produção de um produto, e está associado com a capacidade do recurso (ISATTO, ZUCHETTI,
2014).
Para o presente trabalho, o takt time foi calculado através do planejamento da obra (de onde foi
obtida a demanda), dos quantitativos de materiais e da capacidade dos dispositivos e
equipamentos utilizados para cada processo. Para o transporte de blocos, por exemplo, obteve-
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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Esta atividade foi o ponto de partida para a proposição de melhorias e para o dimensionamento
das operações.
O dimensionamento das operações de transporte foi baseada nos dados levantados e analisados
nos itens anteriores, principalmente no diagnóstico do sistema de movimentação e
armazenamento de materiais existente, que de maneira geral proporcionou o entendimento da
situação atual do canteiro e explicitou os pontos onde uma ação de melhoria seria mais eficiente.
Com o objetivo de equilibrar a distribuição dos trabalhos, utilizou-se uma ferramenta conhecida
como quadro de nivelamento da carga, ou heijunka box, anteriormente descrita.
O ponto principal do dimensionamento foi evitar que a grua estivesse em alguns momentos
com uma demanda maior que a sua capacidade e em outros com uma grande parcela de tempo
ocioso, situação que era recorrente na obra deste estudo de caso.
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5 ESTUDO DE CASO
Neste capítulo é apresentado o estudo de caso deste trabalho. É feita uma descrição da obra na
qual o estudo foi realizado e apresenta-se a análise dos resultados obtidos. Em seguida, é feito
um diagnóstico do canteiro através do resultado das análises e, ao final, é apresentado o
dimensionamento para as operações.
A obra estudada neste trabalho é de uma construtora da cidade de Santa Cruz do Sul e está
localizada nesta cidade.
Esta obra é um empreendimento composto por um shopping que ocupa toda a extensão do seu
terreno no térreo e 8 torres com 11 pavimentos cada uma, das quais sete serão residenciais e
uma comercial. O shopping terá 50 lojas com mezanino, enquanto na parte residencial serão
252 apartamentos e a torre comercial será constituída por 96 salas comerciais. Para o
estacionamento serão 3 subsolos com o total de 758 vagas. O terreno tem uma área de
aproximadamente 9.100,00 m² e o empreendimento terá no total 67.906,40 m² de área
construída.
A estrutura de todo o empreendimento era feita com vigas, pilares e lajes em concreto armado
moldado no local e a vedação era feita com blocos cerâmicos assentados com argamassa. O
sistema de movimentação de materiais da obra era composto por duas gruas de torre fixa e lança
horizontal locadas no layout de forma que cada grua atendesse a 4 torres. Além das gruas, havia
um elevador cremalheira em uma das torres, e uma empilhadeira era responsável pelo transporte
horizontal dos materiais dos depósitos até a zona de carga da grua. Para o armazenamento de
materiais o canteiro tinha 3 estoques de blocos, um em cada extremidade do canteiro e um
central, um estoque de aço próximo ao centro do canteiro, uma central de argamassa e outros
estoques de materiais diversos. Para o transporte vertical do concreto eram utilizadas bombas
estacionárias e caminhões bomba. É válido ressaltar que a construtora era proprietária de todos
os equipamentos utilizados na obra.
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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No momento do estudo de caso as torres 1 e 2 estavam com a estrutura elevada até o 9º e com
a alvenaria executada até o 4º pavimento, no momento das observações não houveram serviços
sendo executados nestas torres, pois a equipe que estava executando a torre 1 foi relocada para
a execução da alvenaria da torre 4, e a equipe que estava na torre 2 foi relocada para executar a
estrutura da torre 6. As torres 3 e 4 estavam com a estrutura elevada até o 11º pavimento, sendo
que na 3 a alvenaria estava elevada até o 7º pavimento e não haviam serviços em andamento,
enquanto na torre 4 estava sendo executada a alvenaria do 4º pavimento. A torre 5 estava com
a estrutura do 2º pavimento em execução, e a torre 6 com a estrutura do pavimento térreo em
andamento. As torres 7 e 8 estavam com as fundações executadas, mas não havia nenhum
serviço em andamento. Os três subsolos já estavam prontos e serviam como depósito de
materiais diversos, entre outros. A Tabela 1 mostra a situação referente à estrutura e a alvenaria
de cada uma das torres.
(Fonte: o autor)
A escolha desta obra foi devida ao seu porte e ao uso de duas gruas simultaneamente, porém,
durante o período de observação somente uma das gruas estava sendo utilizada, realizando o
transporte dos materiais para a execução da alvenaria do 4º pavimento da torre 4. Portanto,
foram medidos os tempos de ciclo dos transportes de argamassa e de blocos cerâmicos, que
representam a totalidade dos materiais transportados pela grua para o processo de assentamento
da alvenaria.
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O modelo da grua que realizou as movimentações que foram estudadas é de torre fixa com lança
horizontal, fixada na base através de chumbadores. Os comandos são por controle remoto, que
possibilita ao operador comandar as operações à distância, do local onde for mais conveniente.
Nesta obra cada grua conta com um operador e dois sinaleiros, que são responsáveis por todos
os serviços relacionados a estes equipamentos, como amarração das cargas, acompanhamento
da carga durante o transporte, entre outros. Tanto o desempenho do operador quanto dos
sinaleiros afeta diretamente os tempos de ciclo das operações de transporte, por isso fica
evidente a importância de um treinamento adequado para estes profissionais. A seguir, na figura
6, apresenta-se a grua em questão.
Figura 6 – Grua 2
(Fonte: o autor)
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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(Fonte: o autor)
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obras: o uso da grua
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A grua 1 encontra-se ancorada na torre 1 e observou-se que o raio de ação cobre as torres 1, 2,
5 e 6. Sendo que, de acordo com a programação da obra, a execução das torres 1 e 2 acontece
antes das torres 5 e 6, de maneira que a grua atenda no máximo 2 torres ao mesmo tempo. O
mesmo ocorre para a grua 2, que é apoiada na torre 3 e tem seu raio de ação cobrindo as torres
3, 4, 7 e 8. Porém os serviços das torres 3 e 4 acontecem antes da execução das torres 7 e 8.
Pôde-se observar que o raio de ação da grua 1 cobre totalmente as torres 1 e 5, e parcialmente
as torres 2 e 6, por este motivo optou-se por colocar um elevador cremalheira na torre 2, que
posteriormente será instalado na torre 6, sendo o único elevador cremalheira de toda a obra. Já
o raio de ação da grua 2 atende totalmente a área das torres que atende.
(Fonte: o autor)
Foi possível notar o alto grau de organização do canteiro, uma vez que as pessoas têm uma área
definida para a sua circulação e as gruas tem zonas de carga e descarga definidas, o que evita a
circulação de pessoas sob cargas em movimento. Os depósitos foram dimensionados de forma
a armazenar o material próximo ao local de aplicação, evitando maiores distâncias para o
transporte horizontal, e não há excesso de material estocado no canteiro. Em toda a área há
contrapiso e um sistema de drenagem eficiente.
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A lista de verificação faz parte do método de diagnóstico de canteiros, sendo a ferramenta mais
complexa e abrangente do método desenvolvido por Saurin (1997), permite uma análise
qualitativa do canteiro. Esta ferramenta tem três principais aspectos: instalações provisórias,
segurança e sistema de movimentação e armazenamento de materiais. Para este trabalho foi
aplicada apenas a parte da lista referente ao sistema de movimentação e armazenamento de
materiais.
A versão da lista de verificação utilizada foi proposta por Pereira (2011), que propôs o uso da
grua ao invés do guincho, cimento/argamassa ao invés de cimento, e agregados ao invés de
agregados e argamassa. Ainda foram feitas outras modificações nos itens que avaliam o uso da
grua, que é o foco do presente trabalho.
De forma a complementar a análise logística do canteiro, a lista apresenta uma visão geral sobre
diversos itens do SMAM que serão discutidos nos próximos parágrafos. Através dos resultados
obtidos atribuiu-se ao canteiro uma nota geral de 7,8, indicando que 78% dos pontos avaliados
estão conforme o indicado. A figura 9, a seguir, apresenta as pontuações obtidas para cada item
do sistema de movimentação e armazenamento de materiais, assim como a nota geral atribuída
ao canteiro.
Prod. Argamassa 10
Tubos de PVC 10
Aço 10
Tijolos/blocos 8,3
Agregados 6
Argamassa/cimento 10,0
Grua 6,7
Entulho 2,5
Vias de cirulação 10
0 2 4 6 8 10
(Fonte: o autor)
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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Para a produção de argamassa existia uma central com três betoneiras localizada próxima ao
baricentro do canteiro, e às duas gruas. Havia indicação visível do traço da argamassa e as
betoneiras descarregavam a argamassa em giricas que eram transportadas pela grua até o
pavimento de destino. Este item não apresentou nenhum problema e teve todos pontos
abordados pela lista satisfeitos.
O depósito dos tubos de PVC era no subsolo, onde ficam protegidos da ação direta do sol. O
armazenamento era feito em camadas, com espaçadores e separados de acordo com a bitola das
peças. Desta forma, atendeu aos dois itens de verificação da lista sem apresentar falhas ou
problemas.
O armazenamento do aço era feito próximo ao centro do canteiro, protegido do contato direto
com o solo e com as barras separadas de acordo com a bitola, o armazenamento do aço não
apresenta problemas de não conformidade com a lista. Além disso havia o cuidado de não deixar
o aço exposto às intempéries por um longo período, o abastecimento era feito em torno 30 dias
antes de sua aplicação.
No canteiro existiam três depósitos de blocos, um deles próximo a zona de carga da grua 1,
outro próximo a zona de carga da grua 2 e o terceiro na parte central do canteiro. Os blocos
eram descarregados diretamente no local definitivo de armazenagem, separados por tipo, em
pilhas de até 1,80 m de altura em local limpo e nivelado, porém nem todos os blocos eram
cobertos com lona ou estavam em local protegido da chuva. Esta exposição às chuvas foi o
único item, dos seis conferidos, não conforme com a lista, trazendo a nota para 83%.
A areia e a brita eram armazenadas no local definitivo na maioria das vezes, havendo duplo
manuseio em alguns casos, ainda assim este item foi considerado como não conforme,
indicando necessidade de melhoria. Além disso as baias para brita/areia não tinham contenção
dos três lados. Contudo, estavam em local protegido da chuva, eram próximas da betoneira e
tinha o fundo cimentado.
Haviam poucos estoques, apenas de cimento e cal hidráulica, pois o cimento era comprado à
granel e estocado em tonéis de plástico, mostrado na figura 10, abaixo, e a argamassa era toda
produzida na central de argamassa com cimento, areia e cal hidráulica. Porém para o pequeno
estoque não existia um depósito fechado específico, o armazenamento era feito na central de
argamassa sob estrado, com pilhas de no máximo 10 sacos, protegido da umidade, respeitando
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(Fonte: o autor)
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obras: o uso da grua
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3. GRUA
3.1 A comunicação entre o operador da grua e os sinaleiros é feita X
3.2 Há placa com a logomarca da empresa na torre da grua X
3.3 A grua está na posição mais próxima possível do baricentro da obra X
3.4 A grua está em frente a parede cega X
3.5 A área próxima da grua está desobstruída, permitindo livre
X
circulação dos equipamentos de transporte
3.6 As peças para acesso nos pavimentos são amplas, facilitando a
X
carga/descarga e o estoque provisório de materiais nestes locais
3.7 Os materiais estão localizados sob o raio de ação da grua,
X
dispensando duplo manuseio para carregar
3.8 A grua tem capacidade para atender todo o pavimento, dispensando
X
duplo manuseio para descarregar
3.9 O operador da grua tem visão do local de carga X
3.10 O operador da grua tem visão do local de descarga X
3.11 Existe um plano de operação para a grua (com local demarcado
X
para circulação de pessoas e materiais, de forma a evitar
3.12 Existe um plano para manutenção preventiva periódica X
(Fonte: o autor)
O entulho foi o maior problema encontrado na obra, com apenas 25% dos itens verificados
sendo atendidos. Não haviam caixas para desperdícios nos pavimentos, e em alguns pavimentos
haviam formas e materiais espalhados, prejudicando a segurança e a circulação das pessoas. O
transporte dos entulhos dos pavimentos para o térreo era feito através da grua, utilizando um
recurso sofisticado para o transporte de resíduos da construção. O único item referente a esta
parte da lista que foi satisfeito foi a separação por tipo de material e reaproveitamento.
Quanto às vias de circulação o canteiro atingiu nota máxima, com contrapiso nas áreas de
circulação de materiais e pessoas e caminhos previamente definidos para os principais fluxos
de materiais próximo à grua e nas áreas de produção de argamassa.
Para obter valores de referência comparou-se as notas obtidas através da aplicação da lista de
verificação por Saurin (1997), que foi uma média das notas obtidas pelas avaliações de 25
canteiros em Porto Alegre e Santa Maria, e por Pereira (2011) que obteve a nota aplicando a
lista em seu estudo de caso. Pode-se observar, através desta comparação, que o canteiro de obra
apresenta uma situação melhor que a encontrada por Saurin (1997) e Pereira (2011). O canteiro
de obras do estudo de caso é organizado e existe um planejamento da logística, cuja a eficiência
é indicada, entre outros, pela nota obtida na lista de verificação aplicada. A comparação é
mostrada na figura 11, a seguir.
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6,3
Prod. Argamassa 10
10
7,3
Tubos de PVC 10
10
7,3
Aço 0,0
10
7,5
Tijolos/blocos 5,0
8,3
5,4
Agregados 5,0
6,0
6,7
Argamassa/cimento 5,0
10
5,8
Grua 10
7,5
3,1
Entulho 2,5
2,5
6,5
Vias de cirulação 3,3
10,0
5,9
Nota Geral 5,7
8,0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(Fonte: o autor)
5.2.3.1 Argamassa
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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5.2.3.1 Blocos
Cada pallet de blocos de 11,5 cm de espessura tinha capacidade para 160 blocos, enquanto os
pallets de tijolos de 14 cm de espessura transportavam 128 blocos. Para fins de cálculo, foi feita
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uma aproximação, considerando que estes 2 tipos de blocos representam 100% dos blocos
transportados pela grua e, com base nos projetos e quantitativos da obra, obteve-se que 70%
dos blocos transportados eram tijolos de 11,5 cm de espessura, e 30% eram os tijolos de 14 cm
de espessura. Esta aproximação resultou na capacidade de transporte de 150 blocos por pallet,
ou seja, 150 blocos por transporte realizado pela grua.
Com o takt time definido, adotou-se um ciclo de 60 minutos para o transporte de blocos.
Para o estudo de caso, o tempo de ciclo do processo de transporte de argamassa foi definido
como a soma de todas as atividades desde o momento de despejar a argamassa pronta da
betoneira para a girica até a entrega no seu local de aplicação. Já o tempo de ciclo dos blocos
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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cerâmicos envolvia todas as etapas desde a retirada de um pallet do depósito de blocos com a
empilhadeira até a sua chegada no local de aplicação.
5.2.4.1 Argamassa
A produção da argamassa tinha início no momento da mistura dos seus componentes, que para
o assentamento da alvenaria eram cimento, areia e cal hidráulica. Quando a argamassa era
solicitada o operário começava a produção seguindo o traço indicado por uma tabela que se
encontrava junto à betoneira, representada na figura 12, abaixo.
(Fonte: o autor)
O processo se tornava mais rápido devido a pró-atividade do operário que utilizava seu tempo
ocioso para deixar o material pronto para colocar na betoneira, um exemplo é demonstrado na
figura 13, a seguir.
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(Fonte: o autor)
Quando pronta, a argamassa era despejada na girica 1, que era transportada horizontalmente até
a zona de carga da grua, ainda pelo mesmo operário responsável por sua produção. Com a girica
1 posicionada, o sinaleiro 1 fazia a amarração no gancho da grua com uma eslinga de poliéster,
representada na figura 14, a seguir.
(Fonte: o autor)
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
68
(Fonte: o autor)
Os equipamentos de transporte envolvidos neste processo eram duas giricas e uma grua. Quanto
aos trabalhadores, envolvia um funcionário responsável pela produção da argamassa, dois
sinaleiros, um operador de grua e um servente. A capacidade de transporte das giricas era de
130 litros, o que significa que cada transporte levava 0,13 m³ de argamassa.
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Figura
Argamassa 16 – Ciclos da operação de transporte da argamassa
0,65
Tempo [min]
1,85
0,92
3,08
TC = 8,08
2,27 0,62
1,83
0,63
3,10
TC = 8,12
2,23 0,68
2,03
0,57
2,83
TC = 7,58
2,35 0,57
2,08
0,82
3,05
TC = 7,02
1,80 0,63
1,50
0,78
3,00
2,37
2 3 4 5 6 Etapas
(Fonte: o autor)
Neste caso as saídas acontecem após a etapa 4 “transporte horizontal até o ponto de aplicação”.
Para a representação no gráfico, as etapas “despejar na girica” e “transporte horizontal até a
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
70
zona de carga da grua”, realizadas pelo servente 1, foram somadas e consideradas como um
tempo único, pois uma era dependente da outra. A consideração também foi aplicada para os
serviços realizados pelos operadores e sinaleiros da grua. O tempo de produção da argamassa
não faz parte da operação de transporte e não foi considerado no gráfico.
A primeira etapa do processo de transporte dos blocos acontecia com a empilhadeira, que
transportava horizontalmente um pallet do depósito de blocos até a zona de carga da grua, onde
o sinaleiro 1, com auxílio da grua, montava o dispositivo de içamento, chamado de “gaiola”,
para transportar o pallet. Abaixo, as figuras 17 e 18 mostram, respectivamente, a montagem do
dispositivo de içamento no pallet que será transportado, e a empilhadeira.
(Fonte: o autor)
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Figura 18 – Empilhadeira
(Fonte: o autor)
Com a amarração pronta, a grua realizava a movimentação do pallet até o 4º pavimento da torre
4, onde havia uma plataforma para descarga com um porta-pallet pronto para receber a carga.
Quando o pallet chegava à plataforma, o sinaleiro 2 removia a parte inferior da “gaiola” para
realizar a descarga e, enquanto o servente realizava o transporte horizontal com o porta-pallet,
a “gaiola” era montada pelo sinaleiro 2 para ser transportada de volta ao térreo. A figura 19
mostra o pallet chegando na plataforma de descarga, com o servente e o sinaleiro 2 a postos.
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
72
(Fonte: o autor)
Abaixo, no quadro 7, os tempos de ciclo medidos para o processo de transporte de blocos são
apresentados. A representação gráfica das etapas envolvidas nos ciclos do processo é
apresentada na figura 20.
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73
0,72 1,18
1,83 0,83
TC = 7,35
4,40
1,12
0,93
1,87 0,53
TC = 7,47
4,52
0,53 1,08
4,52 0,37
TC = 10,85
5,10
0,62 1,23
0,60
1,75
4,10
0,67
1 2 3 4 5 Etapas
(Fonte: o autor)
Da mesma forma que foi feito para os tempos dos transportes de argamassa, as etapas de
transporte relacionadas à grua para este processo foram somadas e consideradas como uma
única etapa, exceto a etapa 3, “soltar/refazer amarração”, que foi considerada separadamente,
pois ocorre ao mesmo tempo que a etapa 4. O ciclo terminava na etapa 4, quando o servente 1
entregava o pallet no seu local de aplicação. O tempo de ciclo da operação de transporte de
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obras: o uso da grua
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blocos considerado para o dimensionamento das operações foi a média dos tempos de ciclo
mostrados no gráfico, 8,23 minutos.
A análise do gráfico dos tempos de ciclo do processo de transporte de blocos permite concluir
que o gargalo estava justamente nas atividades realizadas pela grua e a redução dos tempos
destas atividades teria influência direta nos tempos de ciclo do processo. Pôde-se observar o
aumento do tempo das atividades relacionadas à grua em relação aos transportes de argamassa,
que percorrem a mesma distância. Isto pode ser explicado pelo dispositivo de içamento utilizado
para o transporte dos blocos, que exigia mais tempo para o sinaleiro fazer e soltar a amarração.
Os resultados dos diagramas forneceram informações sobre os tempos ociosos dos homens e
equipamentos e evidenciou alguns pontos potenciais para melhoria.
O diagrama de operações conjuntas permitiu inferir a existência de muito tempo ocioso dos
trabalhadores nas operações, o que motivou a busca por melhorias. O modelo da grua, com
comandos por controle remoto, permitiu a proposta de melhoria através da eliminação do
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sinaleiro 1, assim o operador da grua assumiria estes serviços. Com esta nova distribuição de
trabalho os tempos ociosos diminuiriam e as operações se tornariam mais eficientes.
A figura 21, abaixo, mostra os diagramas onde é possível verificar a situação corrente no
canteiro, e como seria com a implementação da melhoria proposta.
(Fonte: o autor)
É possível observar que após a implementação da melhoria não houve alteração no tempo de
ciclo da operação, pois a mudança consistiu na substituição do tempo ocioso do operador da
grua por tempo solidário, realizando as atividades que anteriormente eram feitas pelo sinaleiro
1. No quadro 8, abaixo, é apresentada a análise dos resultados da interpretação dos diagramas,
antes e depois da melhoria.
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obras: o uso da grua
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Após a eliminação do sinaleiro 1, que tinha 86,8% de tempo ocioso, o tempo de espera total da
operação passou de 50% para 33,3%, e foi possível realizar o mesmo serviço com uma equipe
mais enxuta e com menor custo. Constatou-se que o tempo de trabalho empregado na operação
foi de 14,75 minutos após a implementação da melhoria, uma redução de aproximadamente 5
minutos por ciclo da operação.
De forma análoga ao processo de transporte de argamassa, para o transporte dos blocos haviam
dois sinaleiros e um operador para a grua. Do solo, o sinaleiro 1 era responsável por fazer a
amarração do dispositivo de içamento que transportava o pallet movimentado pela grua. O
sinaleiro 2, situado no pavimento de destino, ficava a cargo de soltar e refazer a amarração do
dispositivo de içamento, que era transportado de volta para o solo sem carga para pegar o
próximo pallet. O uso do dispositivo de içamento, chamado de “gaiola”, exigia o uso da grua
para a atividade de amarração das cargas, pois era necessário soltar sua parte de baixo,
posicioná-lo por cima do pallet de blocos e, quando encaixado, era recolocada a parte de baixo.
Assim, o operador da grua, além do controle do equipamento durante as operações de
transporte, ainda tinha esta parcela de trabalho nas amarrações dos pallets.
Como no processo de transporte da argamassa, mais uma vez o diagrama explicitou uma
enorme parcela de tempo ocioso dos sinaleiros 1 e 2, e foi proposto que o operador da grua
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(Fonte: o autor)
Pelo mesmo motivo explicado no item anterior, transporte de argamassa, não houve alteração
no tempo de ciclo para o transporte de blocos, porém pôde-se observar a redução nos tempos
de espera da operação. No quadro 9, abaixo, são apresentados os resultados da análise dos
diagramas.
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Após a melhoria, a parcela de trabalho dos tempos solitários e conjuntos aumentou, assim como
a parcela de tempo ocioso diminuiu, passando de 40,6% para 24,9%. Além disso a equipe foi
reduzida, aumentando eficiência e diminuindo o custo da operação.
Com a análise dos resultados obtidos através das ferramentas e métodos aplicados foi possível
elaborar um diagnóstico do SMAM existente, nesta etapa a análise conjunta foi mais
aprofundada e foram encontrados alguns pontos específicos que deveriam ser melhorados para
aumentar a eficiência do canteiro. Também foram destacados pontos positivos que tornaram o
sistema atual eficiente.
Em um primeiro momento o canteiro estudado chamou atenção pela aparente organização, com
uma distribuição simétrica dos depósitos, pequenas distâncias a serem percorridas no transporte
horizontal dos materiais e um bom grau de limpeza. As duas gruas instaladas no canteiro eram
capazes de cobrir as 8 torres que estavam sendo construídas e havia uma empilhadeira que era
responsável por todos os transportes horizontais do canteiro. Havia espaço para o acesso da
empilhadeira em todos os depósitos de materiais e, durante o período de observação, não houve
nenhum problema com o transporte horizontal.
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No entanto, houve falhas relacionadas às gruas: a grua 1, que era ancorada na torre 1, por
problemas técnicos, teve seu raio de ação diminuído de 40 m para 38 m, assim como sua
capacidade de carga que sofreu uma pequena redução. Contudo, estes problemas não
impactaram as atividades desta grua de forma relevante, que continuava com capacidade e
alcance suficiente para cumprir o planejamento da obra. A grua 2, por sua vez, não tinha altura
suficiente para operar após a execução do 11º pavimento das torres 3 e 4, por isso houve
alteração no plano da obra. Segundo o engenheiro o problema seria resolvido com uma nova
ancoragem da grua, que permitiria o aumento da sua torre. Este problema configurou uma falha
no planejamento da obra, pois no momento da montagem da grua não foi prevista a altura total
das torres, que se tornaram interferências para a grua, e o problema foi tratado de forma
corretiva, trazendo diversos prejuízos para a empresa.
As atividades de transporte realizadas com a grua não tinham nenhum tipo de planejamento e
aconteciam conforme a necessidade da obra. A falta de planejamento levava a uma ociosidade
enorme do equipamento em alguns momentos e às vezes a demanda era tão alta que a grua não
tinha capacidade para realizar todos os transportes solicitados, sendo necessário recorrer ao uso
de horas extras, onerando as operações.
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Planejamento do sistema de movimentação e armazenamento de materiais em canteiros de
obras: o uso da grua
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A análise da operação conjunta da grua 2 expôs o tempo ocioso envolvido nas operações, que
foram interpretados como desperdício de capacidade e, portanto, motivaram a busca por
melhorias.
Durante o período de observação a obra estava com a equipe de trabalho reduzida em relação a
programação. Houveram problemas com uma das equipes que estava executando a alvenaria
da torre 3 e por isso não estavam sendo executados serviços naquela torre durante o período. A
diretoria da empresa estava estudando outras formas de contratação e estava em busca de mão
de obra para repor aqueles trabalhadores.
Em posse dos resultados de todas as análises realizadas nos itens anteriores, foi possível
elaborar um dimensionamento para o sistema de transportes do canteiro. Baseado nos princípios
da produção enxuta, este dimensionamento buscou reduzir os tempos ociosos de máquinas e
operadores e propor uma distribuição mais equilibrada para os abastecimentos dos pavimentos.
O dimensionamento das operações teve início com a definição do takt time para os processos
estudados e os resultados foram apresentados no item 5.2.3. Porém, a demanda de pico da obra
era o atendimento de duas torres ao mesmo tempo, então para os processos estudados a grua
tinha que transportar duas giricas de argamassa a cada 30 minutos e dois pallets de blocos a
cada 60 minutos. A demanda era referente ao assentamento da alvenaria de um pavimento por
torre a cada 9 dias de trabalho.
Para entender a capacidade dos recursos empregados nas operações mediu-se os tempos de
ciclo, e com estes resultados foi possível adotar os tempos de ciclo utilizados no
dimensionamento. O tempo de ciclo médio das operações de transporte de blocos, conforme o
item 5.2.4.2, foi de 8,23 minutos, assim foi adotado um tempo de ciclo de 10 minutos para o
dimensionamento destas operações, de forma a obter uma folga.
0,63 1,83
3,10 TC = 5,20
2,03
0,57
2,83 TC = 4,67
2,08
0,82
TC = 4,58
3,05
0,78 1,50
3,00
3 4 5 Etapas
(Fonte: o autor)
Com os tempos de ciclo adotados para o transporte de argamassa e de blocos, foram elaborados
dois quadros para a distribuição das operações da grua utilizando a ferramenta heijunka box.
Nos quadros 10 e 11 são representadas as distribuições das operações para os turnos da manhã
e da tarde, respectivamente. A argamassa foi considerada como componente condicionante do
sistema, pois o ideal é que seja utilizada imediatamente após o abastecimento no pavimento.
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(Fonte: o autor)
(Fonte: o autor)
Além destes transportes a grua ainda era utilizada para outros serviços, como o transporte de
entulho, fôrmas de concretagem e eventualmente pequenas quantidades de concreto. Para estes
serviços foi programado um ciclo de operação a cada hora, intercalado com os processos de
transporte de argamassa e blocos, denominado como “outros”, e considerou-se, de forma
conservadora, um ciclo de operação de 10 minutos. A escolha por esse tempo de ciclo maior
que o normal, de 10 minutos, se deu devido a variabilidade destes “outros serviços”. Vale
ressaltar que o transporte de blocos tem ciclo de 10 minutos devido ao dispositivo de içamento
utilizado, que é mais sofisticado, e os “outros serviços” não utilizavam este dispositivo ou algo
semelhante, as amarrações eram simples.
Foi dimensionada, ainda, uma reserva de capacidade de 10 minutos a cada hora de trabalho de
forma a absorver possíveis desvios na programação das operações, que podiam ser causados
devido a diversos fatores como dias chuvosos, erros de qualquer natureza, entre outros.
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Baseado nos tópicos apresentados neste capítulo, foram propostas diretrizes para o
dimensionamento das operações da grua:
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6 CONCLUSÕES FINAIS
A partir da análise dos documentos da obra, da aplicação da lista de verificação e dos registros
de imagens dos processos foi possível entender a situação existente na obra estudada e verificar
em qual ritmo a grua deveria estar transportando os materiais para ser capaz de atender a
demanda estabelecida pelo cronograma. Feito isso, foram feitas as medições dos tempos de
ciclo das operações da grua para compreender a sua capacidade de transporte. Também foram
elaborados diagramas de análise conjunta, ou diagramas homem-máquina, para verificar a
distribuição das atividades entre os envolvidos nas movimentações e analisar a parcela de tempo
ocioso e produtivo de cada trabalhador e da grua. Em posse dos dados levantados foi possível
realizar um diagnóstico da obra e do canteiro, que foi a base para as propostas de melhorias e
para o dimensionamento das operações de transporte.
O dimensionamento das operações de transporte foi feito utilizando os dados obtidos durante o
desenvolvimento do trabalho, explicando cada dado e a forma como foi utilizado. Ao final desta
etapa foram propostas as diretrizes que podem ser utilizadas para o dimensionamento das
operações de qualquer canteiro de obras que utilize uma ou mais gruas. Desta forma, o objetivo
principal deste trabalho foi cumprido.
Ao passo que foram identificadas causas de perdas associadas ao uso das gruas, atingiu-se o
primeiro objetivo secundário, que era a identificação e o estudo das causas destas perdas. A
escolha ineficiente da equipe de trabalho envolvida nas operações da grua, a má escolha dos
dispositivos de transporte vertical de materiais e a falta de uma distribuição uniforme das cargas
de trabalho das gruas foram as principais causas de perdas identificadas. Os estudos destas
causas trouxeram proposições de melhorias apresentadas nos diagramas de análise conjunta e
também no dimensionamento das operações. Não foram propostas substituições para os
dispositivos de içamento utilizados na obra, pois existem diversas opções no mercado que
devem ser estudadas, porém é necessário dar a devida atenção para a escolha destes, visto que
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No presente trabalho ficou evidenciada a importância da definição dos tempos takt para atender
as demandas da obra dentro do prazo estipulado no planejamento e facilitar a identificação e a
correção de problemas de maneira rápida e eficiente. Também foi possível reconhecer a
relevância dos transportes horizontais que tem interface com as atividades da grua, estes
transportes devem ser eliminados sempre que possível e, quando forem necessários, devem ser
planejados juntamente com o layout do canteiro de modo a diminuir as distâncias percorridas.
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REFERÊNCIAS
HINES, P.; RICH, N. The seven value stream mapping tools. International Journal of
Operations & Production Management, Cardiff, UK, v. 17, n. 1, p. 46-64, jan. 1997.
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obras: o uso da grua
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MATTOS, A. D. Planejamento e controle de obras. 1 ed. PINI 420 p. São Paulo, 2010.
ROTHER, M. & SHOOK, J. Learning to see: value stream mapping to add value and
eliminate muda. The Lean Enterprise Institute, Brookline, EUA, 1998.
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Fernando Spies Bessler. Porto Alegre: DECIV/EE/UFRGS, 2017
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VIEIRA, Helio Flávio. Logística aplicada à construção civil: como melhorar o fluxo de
produção nas obras. 1 ed. PINI 178 p. São Paulo, 2006.
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2. ENTULHO
2.1 São utilizadas caixas para desperdícios nos andares e/ou depósito
X
central de desperdícios
2.2 O entulho é transportado para o térreo através de calha ou tubo
2.3 O canteiro está limpo, sem caliça e sobra de madeira espalhadas, X
de forma que não está prejudicada a segurança e circulação de X
materiais e pessoas
2.4 O entulho é separado por tipo de material e reaproveitado X
3. GRUA
3.1 A comunicação entre o operador da grua e os sinaleiros é feita X
3.2 Há placa com a logomarca da empresa na torre da grua X
3.3 A grua está na posição mais próxima possível do baricentro da obra X
3.4 A grua está em frente a parede cega X
3.5 A área próxima da grua está desobstruída, permitindo livre
X
circulação dos equipamentos de transporte
3.6 As peças para acesso nos pavimentos são amplas, facilitando a
X
carga/descarga e o estoque provisório de materiais nestes locais
3.7 Os materiais estão localizados sob o raio de ação da grua,
X
dispensando duplo manuseio para carregar
3.8 A grua tem capacidade para atender todo o pavimento, dispensando
X
duplo manuseio para descarregar
3.9 O operador da grua tem visão do local de carga X
3.10 O operador da grua tem visão do local de descarga X
3.11 Existe um plano de operação para a grua (com local demarcado
X
para circulação de pessoas e materiais, de forma a evitar
3.12 Existe um plano para manutenção preventiva periódica X
4. ARMAZENAMENTO DE MATERIAIS
ARGAMASSA/CIMENTO
4.1 Existe estrado sob o estoque de argamassa/cimento X
4.2 As pilhas de argamassa/cimento tem no máximo 10 sacos X
4.3 O estoque está protegido da umidade em depósito fechado e
X
coberto. (Caso não exista depósito há cobertura com lona ou outro
4.4 Havendo depósito fechado é praticada a estocagem do tipo PEPS (o
X
primeiro saco à entrar é o primeiro a sair)
4.5 No caso das pilhas estarem adjacentes à paredes (do depósito ou
X
não) há uma distância mínima de 0,30 m para permitir a circulação de ar
4.6 A argamassa/cimento é descarregada no local definitivo de
X
armazenagem (não há duplo manuseio)
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AGREGADOS
4.7 As baias para areia/brita tem contenção em três lados X
4.8 As baias tem fundo cimentado para evitar contaminação do estoque X
4.9 A areia é descarregada no local definitivo de armazenagem (não há
X
duplo manuseio)
4.10 As baias de areia e brita estão em locais protegidos da chuva ou
X
tem cobertura com lona
4.11 As baias de areia e brita estão próximas da betoneira X
TIJOLOS/BLOCOS
4.12 O estoque está em local limpo e nivelado, sem contato direto com X
4.13 É feita a separação de tijolos por tipo X
4.14 As pilhas de tijolos tem até 1,80 m de altura X
4.15 Os tijolos são descarregados no local definitivo de armazenagem X
4.16 O estoque está em local protegido da chuva ou tem cobertura com X
4.17 O estoque está próximo à grua X
AÇO
4.18 O aço é protegido do contato com o solo X
4.19 As barras de aço são separadas de acordo com a bitola (NR-18) X
TUBOS DE PVC
4.20 Os tubos são armazenados em camadas, com espaçadores,
X
separados de acordo com a bitola das peças (NR-18)
4.21 Os tubos estão estocados em locais livres da ação direta do sol, ou
X
tem cobertura com lona
5. PRODUÇÃO DE ARGAMASSA
5.1 A boca da betoneira descarrega do lado mais próximo ao acesso da X
5.2 A betoneira está próxima da grua X
5.3 A betoneira descarrega diretamente nos carrinhos/masseiras ou
X
existe base preparada para a argamassa produzida
5.4 Há indicações de traço para a produção de argamassa, e as
X
mesmas estão em local visível
5.5 A dosagem da areia é feita com equipamento dosador (carrinho
X
dosador, padiola ou equipamento semelhante)
5.6 A dosagem da água é feita com equipamento dosador (recipiente
graduado, caixa de descarga ou dispositivo semelhante) X
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