Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Plantas Medicinais
de Florbela Graça
1
(legenda foto capa: no tacho, azeite e morugem; na mesa folhas de tanchagem e pétalas de calêndula)
2
Questões à volta do tema…
Conteúdos:
Parte teórica:
-Pomadas: definição e um pouco de historia; Utilizações tradicionais e actualmente
-Tipos gorduras base/Óleos vegetais, ceras e manteigas; características e propriedades
-Validade e conservação óleos vegetais, ceras e manteigas
-Plantas aromáticas e medicinais: Identificação através do nome científico vs nome popular
-Propriedades e usos de algumas plantas em dermatologia e cosmética
-Metodologia:
-Modo de preparação das plantas
- Maceração em óleo/azeite: a frio e a quente
-Modo de preparação
-Fazer pomadas e unguentos
-Validade e conservação: conservantes
-Breve abordagem aos óleos essenciais
Parte Prática.
-Elaboração de uma pomada ao vivo para perceber todo o processo, recorrendo a óleos
macerados e óleos essenciais.
3
Manual Prático de Pomadas e
Unguentos com Plantas Medicinais
Por: Florbela Graça
Importante:
O propósito deste manual é partilhar alguns conhecimentos básicos para que qualquer
pessoa possa ter o prazer de confeccionar uma pomada ou um unguento ou um óleo de
massagem com óleos essenciais e/ou recorrendo a plantas aromáticas e/ou “medicinais” e
óleos/gorduras de forma simples, artesanal e caseira, para uso pessoal. Considera-se que o
conhecimento necessário para transmitir e ou iniciar qualquer tipo de actividade relacionada
com este tema noutro contexto que não o universo pessoal é muito mais vasto e não está
contemplado neste simples manual prático, sendo que para tal se aconselha a procura de
instituições de ensino para tal credenciadas.
4
“A medicina herbal é a arte de usar plantas para tratar a doença.
Fitoterapia é a aplicação da ciência moderna à medicina herbal”
Pomadas e unguentos
Quanto à sua acção, de acordo com o grau de penetração e o excipiente utilizado, são
classificadas em:
As pomadas devem ser plásticas e termorreversíveis, ou seja, passarem pela pele através de
massagem e, com o aumento da temperatura, ficarem menos viscosas, permitindo ao
princípio ativo atingir o local pretendido.”
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pomada
“Preparações tópicas
Os unguentos, que contêm uma grande quantidade de óleo e muito pouca água, apresentam
um aspecto gorduroso e são difíceis de lavar. Os unguentos são mais apropriados quando a
pele precisa de lubrificação ou de humidade. Apesar de o seu uso ser mais incómodo do que
as preparações de cremes de base aquosa, os unguentos são mais eficazes no fornecimento
de ingredientes activos à pele.
Os cremes, que são as preparações mais frequentemente utilizadas, são emulsões de óleo
em água. São fáceis de aplicar e dão a sensação de desaparecer ao friccioná-las sobre a
pele.
As loções são semelhantes aos cremes, mas contêm mais água. Na realidade, são
suspensões de substâncias em pó finamente disperso numa base de água ou de óleo e água.
As loções são de fácil aplicação e são particularmente benéficas para arrefecer ou secar a
pele. (…)”
http://www.manualmerck.net/?id=217&cn=1739
5
À guisa de introdução
Perguntará a maioria das pessoas o porquê desta “mania” de pegar numas ervas, adicioná-
las a azeite e depois fazer umas “mistelas”, com as quais se “besuntam e untam”, quais
franguinhos para assar? Porquê se dar a esse trabalho, se existe uma parafernália de
pomadas, unguentos, cremes e afins, para tudo e mais alguma coisa em qualquer farmácia?
Conseguir conhecer e utilizar os recursos naturais que a Natureza nos dá, respeitando-a,
sem a destruir, é um passo para viver em harmonia com o Todo, incluindo a nós próprios.
Para se usar como base de uma pomada ou unguento pretendia-se que fosse uma gordura
estável que não rançasse facilmente, que pudesse alcançar altas temperaturas sem se
degradar, e que após arrefecer, fosse relativamente fácil de espalhar na pele.
Assim, o método mais básico e simples de fazer um unguento de ervas, era colocar num
tacho uns bons punhados de ervas frescas, escolhidas consoante o fim a que se destinavam,
que socavam ou não, conforme o uso; às quais se juntavam umas boas colheradas de
gorduras, que podia ser banha de porco, manteiga ou mesmo sebo (na época das guerras
em que o sebo escasseava, as mulheres compravam vela de sebo de carneiro e era com elas
que faziam tanto as pomadas como o sabão.); e levavam ao lume a fritar até que os sucos
das plantas se misturassem com a gordura. Depois deixavam esfriar um pouco e espremiam
as plantas, guardando o unguento em recipientes.
A gordura animal sendo sólida quando arrefecida, não necessitava de cera de abelha que
utilizamos quando fazemos pomadas ou unguentos com óleos vegetais (por ex.: com
azeite).
Actualmente preferimos, normalmente utilizar óleos vegetais com a adição de cera de abelha
ou uma cera vegetal como a cera de candelita, carnaúba, soja (se tiver mesmo que ser), de
arroz, para que apresente uma consistência mais ou menos sólida e estável.
As características dos óleos vegetais deverão no entanto ser as mesmas: uma gordura
estável que não rance nem se altere facilmente e que possa ser submetida a temperaturas
sem se degradar.
6
Óleos e ceras utilizadas
Visto estarmos em Portugal vamos falar apenas dos mais comuns:
Óleo de girassol (helianthus annuus): Validade 6-12 meses: O óleo de girassol é considerado
o mais barato dos óleos multi usos.
Óleo de grainha de uva (vitis vinífera): Validade 6-12 meses. Um bom óleo multi-usos, rico
em nutrientes. Tem propriedades hipo alérgicas e é uma boa opção tanto para massagens
como para usar em óleos de bebé e para prevenção de estrias, simples ou macerado com
plantas.
Podem usar-se outros óleos, na verdade qualquer tipo de óleo vegetal, que seja estável e de
validade média a longa (que não se degrade em pouco mais de dois a três meses, de
preferência que tenha a validade acima dos 6 meses). Pode-se no entanto usar, querendo
aproveitar as propriedades de algum óleo em particular, tendo sempre em atenção que esse
produto se irá degradar em pouco tempo e ter em conta que uma maceração a frio só está
pronta, passados cerca de 30 dias. Caso seja uma maceração a quente, deve ser levando em
conta que, além do anteriormente citado, deve ser um óleo que não se degrade ao aquecer
(a temperatura atingida deve ser sempre baixa, mas mesmo assim nem todos os óleos
devem ser usados).
Para solidificar os óleos, usam-se ceras. A mais antiga, conhecida e comum é a cera de
abelha. Há também ceras vegetais, como a cera candelila, a cera de carnaúba, cera de soja,
cera de arroz, cera de amêndoas, cera de jojoba, cera de azeite, etc, com preços variados e
que se encontram em alguns fornecedores de matérias-primas especializados.
7
Plantas medicinais: escolha/compra/colheita
Existem inúmeras plantas que podem ser maceradas em óleos e utilizadas em pomadas.
Apenas vou referir algumas, outras aparecerão nas receitas no fim do manual.
Uma regra que devem habituar-se a seguir, é conhecer a planta pelo seu nome científico.
Isto é importante porque os nomes populares divergem de zona para zona, mesmo no
mesmo país. Algumas plantas podem ter o mesmo nome popular, mas serem plantas
diferentes com propriedade e indicações completamente diversas, o que pode acarretar
riscos para a saúde e até para a vida das pessoas. Podem ocorrer agravamento de sintomas
de doenças já existentes, surgimento de graves problemas de saúde e envenenamentos. Ou
podem simplesmente não fazerem nada por não terem qualquer propriedade e indicação
terapêutica.
Atenção!!!
10g ervas secas são diferentes de 10 g de ervas frescas!!!
Caso use plantas frescas deverá utilizar o dobro da quantidade que usaria em caso de
utilização de ervas secas. Ou seja: imagine que a receita leva 50 g de planta seca; em caso
de ir utilizar planta fresca irá utilizar 100g. Se pelo contrário a receita pedir 50g de planta
fresca e for utilizar planta seca, deve pesar apenas 25 g de planta.
Algumas fontes referem a preferência do uso de plantas frescas, pela qualidade e quantidade
dos seus compostos activos, enquanto as plantas secas podem apresentar uma diminuição
dos mesmos, ou mesmo degradação por um mau processo de secagem e armazenamento.
Outras afirmam que ervas frescas, por apresentarem maior quantidade de água, têm menor
quantidade de activos e maior concentração de compostos, alguns deles tóxicos, se
comparadas às ervas secas. Assim, pode ser preferível a utilização de ervas secas por
oferecerem menor risco de intoxicação e maior eficácia farmacológica, com uma dose
reduzida. No entanto algumas plantas só se encontram disponíveis frescas, nomeadamente
as plantas sazonais, enquanto outras apenas secas. O importante é que se conheça a planta
e os seus possíveis efeitos nefastos (Sim! A máxima “é natural, não faz mal” não é de todo
correcta!). É de extrema importância que ao comprar uma planta verifique se esta não
contém bolores, fungos ou se não está degradada, escura ou infestada de pequenos
insectos. Sendo fresca, deve ser respeitada a altura correcta para a colheita afim de esta
conter os valores correctos de activos. Há plantas que se devem colher antes da floração
(por ex. a erva cidreira, e a maioria em que se utilizam os troncos e folhas); outras na altura
da floração (ex.: alfazema, rosa, flores em geral, como é obvio); as sementes devem ser
colhidas plenamente maduras, nem em estado verde, nem demasiados secas ou comidas por
insectos (ex. sementes coentros, erva-doce); as raízes em geral devem ser colhidas quando
a planta “adormece” ou seja após o total desenvolvimento da planta, após todo o ciclo de
reprodução ter terminado, ou seja após libertação das sementes, em geral no fim do Verão,
princípios do Outono (ex: angélica). É também muito importante que quem faz a colheita
respeite a natureza e não aja como um “destruidor”! Infelizmente tem-se verificado que na
busca por plantas silvestres, há um desrespeito e também um desconhecimento da fisiologia
das plantas e o que em principio era para ser uma actividade ecológica e respeitadora da
natureza, acaba por ser um grave problema de desbaste da flora e até de desaparecimento
de espécies mais frágeis e em desequilíbrio. Se encontrar 3 plantas, faça a colecta em
apenas uma. Não recolha as flores todas, deixe algumas para que haja sementes que
germinem no próximo ano! Não arranque a planta, colha apenas o necessário, deixando a
planta de modo a que ela possa sobreviver e completar o seu ciclo de vida para que continue
a haver flora natural. Se recolher casca de um tronco de árvore, tenha especial cuidado com
a profundidade dos cortes/descasques para que não haja uma perca de seiva que
comprometa a vida da árvore. Evite retirar casca da mesma árvore nos próximos anos, para
que ela se restabeleça. Colha um número limitado de folhas, de ramos ou flores, lembre-se
que há animais que se alimentam delas. Não desenterre todas as raízes! Algumas plantas
8
renascem no ano seguinte através do rebentamento dos bolbos e raízes, se as arrancar
todas, no próximo ano não encontrará a planta! Há também animais que se alimentam delas
no Inverno, estará a pôr em risco a continuidade de uma ou mais espécies animais.
9
Maceração / decocção
Significado de Maceração
s.f. Operação que consiste em empapar algo em um líquido para extrair os produtos
In_http://www.dicio.com.br/maceracao/
“A maceração é o nome dado a uma operação física que consiste em retirar ou extrair de um
corpo, certas substâncias que são consideradas princípios activos. Esses princípios activos
podem ser posteriormente utilizados com certas finalidades, quer farmacológicas, quer
químicas. A maceração é normalmente feita, moendo previamente o corpo ou substância a
macerar, seguindo-se a utilização de um solvente para extracção do ou dos princípios activos. ”
(definição na wikipédia)
Decocção
Decocção é uma técnica de laboratório para análise química, que consiste em manter um
material vegetal em contacto durante certo tempo com um solvente (normalmente água) em
ebulição. Existem semelhanças com o procedimento doméstico para preparo de alimentos. É
uma técnica de emprego restrito, pois muitas substâncias activas são alteradas por
aquecimento prolongado, costuma-se empregá-las com matérias vegetais duros e de
natureza lenhosa. O produto obtido chama-se decocto. ._in_Wikipédia
10
Preparação das plantas
Preparação de plantas para fazer
infusão em azeite (ou outro óleo):
Martelando bardana
11
Alecrim moído
Proporções:
Óleo: planta
12
bons óleos infundidos a quente, hipericão, harpago, salgueiro, calêndula, alecrim, alfazema,
etc.
Se usar plantas frescas use o dobro da quantidade de plantas secas. No caso de precisar de
macerar caules duros, troncos ou raízes, depois de reduzir o tamanho o mais q puder
(através e moinho de café ou de uma martelo), coloque os bocadinhos (a porção que
pretende macerar) dentro de um frasco com álcool por 24 horas. Após esse tempo deite todo
o conteúdo dentro da panela com o óleo já medido. Ao longo da maceração o álcool irá
evaporar.
óleo.
Podem ser usados assim puros ou entrar na composição de inúmeros óleos de massagem
juntamente com outros óleos vegetais, com ou sem óleos essenciais. Pode-se adicionar cera
de abelha ou uma manteiga vegetal dura como a manteiga de cacau ou a de karité por
exemplo, para fazer uma pomada ou um creme, conforme a proporção óleos vegetais/ceras
e ou manteigas vegetais. Pode-se potenciar o seu efeito adicionando óleos essenciais (de 0,5
% a 2%)
13
O azeite de calêndula por exemplo, pode ser utilizado para óleos de massagem e pomadas
para vários fins entre eles: rabinhos de bebés, prevenção de estrias na gravidez, pernas com
varizes, hidratante de rosto, pequena ferida e arranhões...O azeite de alfazema têm
praticamente os mesmos destinos...etc, etc..
Método ayurvédico: Prepare 1 parte de planta para 16 partes de água e 4 partes de óleo (em
geral óleo de sésamo ou de mostarda) (ex.: 10 g de planta, 160 g de água, 40g de óleo); Fazer
uma decocção (ferver) até que poda agua se evapore (deverá levar pelo menos umas 5 horas,
depende, prepare-se para esperar!) Depois coe/filtre.
OU
Faça primeiro a decocção com a planta e a água sozinhas, depois coe e só então junte o óleo,
continuando com a decocção até que reste apenas o óleo e toda a agua tenha evaporado (esta
operação da decocção prévia com agua pretende “quebrar/abrir” as fibras para
facilitar/potenciar a operação seguinte. Obtém assim o chamado “óleo medicado”.
Uma variação do método, mas que eu saiba não tem relação nenhuma com a ayurvédica,
pode-se fazer macerando previamente, por 24 a 48 horas, a planta em álcool, como foi já
explicado neste manual.
14
1 – Infundir Ervas em Óleo – coloque 250 g de ervas
secas, num boião de vidro. Despeje-lhes por cima
750 ml de azeite, (ou na proporção de 1 parte de
planta seca/5 partes de óleo), para cobrir, tape o
jarro e agite-o bem. Coloque-o num local que bata
sol, como um peitoril, e deixe-o por aí por 2 a 6
semanas. (em oposição outro método é guardar em
local sem luz directa, no escuro, um armário de
cozinha por exemplo).
2 – Coar e Engarrafar – coloque a mistura num saco de
pano fino, preso à borda dum jarro, e deixe o óleo filtrar-se. Esprema o resto do óleo, no
fim.
Método “flor-a-flor”: quando se tem acesso a fores sazonais verificamos que não é num dia
que se consegue a “quantidade certa” para fazer uma maceração. Ou porque há poucas
flores, ou porque as plantas então espaçados em tempos de floração e por vezes em
distantes umas das outras, este é um método adequado que tanto pode ser feito com as
flores do hipericão colectadas no campo, como com as violetas no jardim.
Dependendo do fim a que se destina, pode ser feito em azeite (o azeite de hipericão é um
remédio tradicional) ou em óleo de amêndoas doces, querendo preservar o aroma da flor
(por exemplo no caso das violetas). Coloque o óleo num frasco de vidro com tampa. Ao
longo dos dias conforme as flores forem abrindo e as for colhendo, vá colocando-as dentro
do frasco com o óleo. Normalmente o tempo necessário para a maceração é de 30 dias, mas
neste caso os 30 dias serão contados a partir do dia em que colocar as ultimas flores.
Decorrido esse tempo, deverá espremer e filtrar. Este método tanto serve para ser usado em
óleos medicinais (e em pomadas e cremes), como fazer um espectacular óleo perfumado.
Estes óleos/azeites guardam-se durante 1 ano, embora se obtenha melhores resultados se
utilizarem nos primeiros 6 meses. Devem guardar-se em local fresco e seco, longe de fontes
de luz directa e fontes de calor.
15
Fazer Unguentos
(acima : esq. Unguento de hipericão e mel; dta. Unguento de morugem, tanchagem e calêndula )
Os unguentos são feitos com óleos ou gorduras, aquecidos com ervas. Ou podem ser feitos
de ervas trituradas em gordura vegetal.
Ao contrário das pomadas, não contêm água e formam uma camada independente á
superfície da pele. Protegem-nos de feridas ou inflamações e concedem á zona afectada,
constituintes medicinais – como óleos essenciais. São úteis em problemas como as
hemorróidas ou quando se precisa de hidratação – lábios gretados.
Podem-se fazer partindo de dezenas de bases, antigamente usava-se a banha de porco, ou
azeite e cera de abelha, mistura à qual se untavam as plantas frescas que se aqueciam ao
lume por um determinado temo, até q os sucos das plantas se soltassem e se misturassem
nas gorduras, após o que eram espremidas e a pasta resultante guardada em recipientes
tapados. Quando se pretendia usar, retirava-se um bocadinho que se colocava sobre a pele e
se enrolava a parte afectada com um pano ou ligadura. A temperatura do corpo fazia a pasta
derreter, ou caso fosse muito duro, se derretia em lume brando. Depois começou-se a usar a
vaselina e a parafina. Actualmente tenta-se voltar às matérias-primas naturais e voltar a
usar os óleos vegetais e a cera de abelha. Assim podem-se fazer unguentos utilizando os
óleos vegetais previamente macerados com plantas, que se aquecem com a cera, em banho-
maria, até esta derreter. Os óleos essenciais adicionam-se quando a mistura já não está
muito quente, para que não evaporem de imediato, numa proporção de 0,5 a 2%. Guarda-se
o unguento em potes de vidro escuro durante 3 meses – no máximo. Aplicar um pouco, na
área lesionada, 3 vezes por dia, é uma dose padrão.
1 – Ferver e Coar – Derreta 500 g de banha numa tigela de vidro, metida numa caçarola de
água a ferver. Acrescente-lhes 60 g de ervas secas, ou 150 de frescas, picadinhas, e deixe
fervilhar 15 minutos, sempre a mexer.
2 – Espremer – Deite para dentro dum saco de pano fino, preso a um jarro. Deixe o líquido
filtrar-se através de do saco e, com luvas de borracha, esprema do saco para o jarro o mais
que puder do unguento.
16
(Imagem: unguento para aftas feito com óleo de coco e plantas segundo o método antigo)
Método tradicional 2:
1 – Ferver e Coar – Derreta 450 g de azeite e 50 g de cera de abelha numa tigela de vidro,
metida numa caçarola de água a ferver. Acrescente-lhes 60 g de ervas secas, ou 150 de
frescas, picadinhas, e deixe fervilhar 15 minutos, sempre a mexer.
2 – Espremer – Deite para dentro dum saco de pano fino, preso a um jarro. Deixe o líquido
filtrar-se através de do saco e, com luvas de borracha, esprema do saco para o jarro o mais
que puder do unguento.
Método actual:
17
Fazer pomadas
Trata-se de um processo em que se
combina óleo e gordura, e água,
numa emulsão. Mas, se acelerar o
processo, os ingredientes são
capazes de se separar. Ao contrário
dos unguentos, as pomadas
penetram e têm a vantagem de
serem refrescantes e calmantes
permitindo, contudo, que a pele
respire e transpire naturalmente. No
entanto, as pomadas podem-se
deteriorar depressa e é melhor
guardá-las em potes estanques e
Método com óleos/azeite infuso: levar ao lume em banho-maria o azeite infuso (pode ser um
só ou uma mistura de vários óleos com varias plantas), na proporção de 70% de azeite
infuso, 20% de água destilada (ou algum liquido que seja benéfico para o fim da pomada,
p.ex. sumo de aloé para o caso de problemas de pele) e 10% de cera e abelha. No caso de
utilizar tinturas usar de 10 a 20% a ser deduzido da quantidade de liquido a usar.
Exemplo prático
1º parte:
Ingredientes:
a) Alfazema; camomila; alecrim; hipericão (erva de s. João): Álcool 96º e Azeite (ou
óleo de grainha de uva ou girassol) para os óleos macerados.
b) Outras plantas possíveis: arnica, casca de salgueiro,
18
Separe partes iguais de alfazema, camomila, alecrim e hipericão (erva de s. João). Pese o
total das plantas. Pese 5 vezes o peso das plantas em óleo de grainha de uva ou azeite,
reserve. Pique as plantas o mais que puder, pode usar a 123… (os ramos do hipericão são
duros e podem ser preciso martelar com um martelo de carne por exemplo). Coloque as
plantas moídas/esmagadas, num boião e deite álcool 96º até cobrir. Tampe e deixe ficar em
maceração por cerca de 24 horas. O álcool vai extrair alguns constituintes que não são
extraíveis com o óleo/azeite, e ao mesmo tempo “abrir” as paredes das células vegetais e
facilitar a extracção através do óleo/azeite.
Decorrido esse tempo, coloque numa panela ao azeite que reservou, deite as plantas com o
álcool lá dentro e leve a banho – maria muito brando, por 3 horas. O álcool evaporará (vai
ver “bolhinhas” e o azeite parece estar a “ferver”).
Atenção que a água do banho-maria não pode ferver, porque senão o azeite aquece demais!
Passadas as 3 foras, apague o lume, deixe arrefecer e depois coe/filtre utilizado coadores de
tecido (ou um pano de algodão). Deite o azeite macerado num frasco de vidro e guarde bem
tapado, num local fresco e abrigado da luz. Use conforme for precisando. Tem validade de 1
ano, sendo que as propriedades das ervas estão mais activas nos primeiros 6 meses.
Se preferir pode macerar cada erva em separado, sendo a proporção planta/azeite a mesma:
Pode usar apenas um tipo de óleo, ou mais do que um: azeite, grainha de uva, girassol,
sésamo (ou gergelim), são os mais utilizados.
O óleo de coco também pode ser usado mas não esqueça que abaixo dos 22ºC ele mantem-
se sólido, mas que acima dessa temperatura ele liquefaz-se. De resto tem uma série de
propriedades interessantes, o toque e a permanência na pele é suave e validade média
razoável, maior do que alguns dos óleos referidos anteriormente.
Ex.:
Ex. 1:
19
Numa panela de inox ou esmaltada ou ainda pirex, colocada em banho-maria brando,
coloque:
Deixe derreter tudo. Quando estiver derretido, retire do lume Mexa para emulsionar bem.
Quando a temperatura baixar e começar a engrossar, deite os óleos essenciais, ( 2g de óleos
essenciais). Continue a mexer até engrossar mais. Deite em boiões esterilizados. Deixe
arrefecer bem antes de tapar. Etiquete para identificar e guarde longe de fontes de calor e
de luz.
Ex. nº2:
Caso tenha feito o azeite de hipericão à parte (separado das outras plantas); ou tenha
comprado feito (por ex. óleo de arnica, que também é bom para usar em pomadas para as
dores)
Deixe derreter tudo. Quando estiver derretido, retire do lume. Mexa para emulsionar bem.
Quando a temperatura baixar e começar a engrossar, deite os óleos essenciais (2g de óleos
essenciais). Continue a mexer até engrossar mais. Deite em boiões esterilizados. Deixe
arrefecer bem antes de tapar. Etiquete para identificar e guarde longe de fontes de calor e
de luz.
Ex.3:
Os exemplos acima, não têm fase aquosa (liquido como água, tintura ou similar), apenas
têm fase oleosa (gorduras e ceras); mas, como referido na oficina, podem adicionar até
cerca de 15 % de por ex. tintura de arnica, ou álcool canforado. Nos casos acima poderiam
acrescentar 10% ou seja 10g de tintura sem que a textura da pomada fique demasiado
alterada.
Ingredientes:
2g de óleos essenciais
Deixe derreter tudo. Quando estiver derretido, retire do lume e adicione 10g de tintura de
arnica. Mexa para emulsionar bem. Quando a temperatura baixar e começar a engrossar,
deite os óleos essenciais. Continue a mexer até engrossar mais. Deite em boiões
20
esterilizados. Deixe arrefecer bem antes de tapar. Etiquete para identificar e guarde longe de
fontes de calor e de luz.
Conservantes e anti-oxidantes:
https://www.quimica.com.br/cosmeticos-formuladores-se-dividem-entre-antioxidantes-
naturais-ou-sinteticos/3/
http://recil.grupolusofona.pt/bitstream/handle/10437/3290/Isabel_fontes.pdf?
sequence=1
https://www.aroma-zone.com/tous-nos-produits/ingredients-cosmetiques/conservateurs-et-anti-
oxydants.html?limit=48&mode=grid&q=home
https://www.aroma-zone.com/cms/sites/default/files/PDF/Comparatifs/
comparatif_conservateurs_aromazone.pdf
Conservação e armazenamento:
As pomadas e os unguentos sem adição de fase aquosa têm uma validade maior (a mesma
depende da própria validade dos restantes ingredientes, nomeadamente dos óleos/azeite)
que devem ser o mais novos possível para evitar uma degradação rápida do produto final),
assim como das condições de acondicionamento (material de embalagem e local de
armazenamento).
Devem ser embaladas em recipientes de vidro com tampa e mantidos longe de luz directa e
fontes de calor. O armazenamento deve ser feito em local seco e fresco sem luz solar directa
e longe de fontes de calor. Em geral não necessitam de frigorífico a não ser que as condições
do local não sejam as desejadas com muita exposição solar e temperaturas elevadas. Este
tipo de pomadas pode durar cerca de 6 meses, embora existam casos de maior durabilidade
(depende da qualidade dos ingredientes, das praticas de higiene e fabricação e das condições
de armazenamento).
Pode-se utilizar um pouco de Vitamina E como anti-oxidante do óleo/azeite, vai prevenir por
algum tempo a oxidação desse óleo, embora eventualmente ela aconteça.
As pomadas com adição de fase aquosa, precisam da adição de um conservante para evitar
o desenvolvimento de fungos e o aparecimento de bactérias. Por vezes, se se adicionam
tinturas e óleos essenciais, estes podem agir como conservantes, no entanto a validade é
sempre mais reduzida do que se se utilizar um conservante e, no caso de uso deste, a sua
actuação pode ser mais ou menos eficaz dependendo do tipo de conservante, sendo que os
conservantes naturais como o extracto de semente de toranja é muito menor do que a
eficácia de um conservante sintético. Podem optar pelo uso de um conservante sintético,
mas com certificação ecocert como o Cosgard, sendo que mesmo assim a sua actuação é
limitada.
21
Algumas receitas e outros métodos tradicionais:
plantas :
25g de tomilho
25g de alecrim
15 g de malva-flor
25g de casca de laranja seca
10g de hortelã-pimenta
2 estrelas de anis
= 150g de plantas secas
Pique as plantas.
Leve a lume muito brando e em banho -maria um recipiente com 750g de algum óleo (de
coco, ou amêndoas doces, ou azeite). Eu prefiro azeite, mas nem todas as pessoas apreciam
o seu aroma característico.
Mexa frequentemente com um colher de pau e deixe macerar ao lume por 2/3 horas.
Cuidado para não fritar!! !O lume tem que estar mesmo baixinho e verifique o nível da água
do Banho-Maria. Deixe repousar durante cerca de 12 horas antes de filtrar. Para filtrar use
um passador fino e um pano de algodão (tipo fralda de bebé em tecido, claro!)
Meça o óleo e junte quantidade igual de água de cal (ver a receita anterior). Agite bem, os
dois líquidos vão misturar-se e emulsionar-se, ficando com a aparência de uma loção.
Acondicione em garrafa ou frasco de vidro escuro e guarde em local seco e fresco.
Utilize de manha e/ou à noite após a sua higiene, massajando os pés.
(é importante que a cenoura esteja desidratada, pois a presença de altos níveis de agua
farão com que fermente no azeite. Para a desidratar, corte-a em tiras ou rodelas e coloque-
as no desidratador de fruta. Não tendo o aparelho, coloque ao sol de 12 a 24 horas. Em
alternativa pode desidratar no forno em temperatura muito baixa e com a porta ligeiramente
aberta.)
22
250 g de azeite e deixa-se em maceração por 30 dias, agitando diariamente.
Filtre, espremendo bem as plantas e coloque em pequenos frascos de vidro, rolhados.
Querendo pode acrescentar entre 5-10% de cera de abelha. O método é o seguinte: pese a
quantidade de azeite de hipericão. Pese entre 5% do peso do azeite, de cera de abelha (se
quiser um unguento mais liquido de fácil aplicação) ou 10% caso prefira um unguento mais
grosso. Leve ao lume em banho-maria até derreter a cera, e depois junte o azeite, mexendo.
Retire do lume e continue a mexer até incorporar e arrefecer. Coloque em boião. Tape depois
de frio. Para uso externo. Analgésico local, anti-séptico e anti-inflamatório.
Levar ao lume muito brando, em banho- maria as plantas com o azeite por 2 ou 3 horas.
Depois retire as plantas espremendo bem. Volte a colocar no lume e deite a cera para
derreter e mexa para misturar a cera.
23
Um óleo/uma pomada de ervas hidratantes e tonificantes. (pés e pernas)
Leve a lume muito brando e em banho -maria um recipiente de vidro inquebrável 1/4 de litro
(250ml) de óleo de coco, ou amêndoas doces, ou azeite. Eu prefiro azeite, mas nem todas as
pessoas apreciam o seu aroma característico.
Junte as seguintes ervas secas e picadas:
15g de folhas de hamamélis
15g de folhas de calêndula
10g de folhas de hortelã-pimenta
10g de flores de alfazema
Mexa frequentemente com um colher de pau e deixe macerar ao lume por 2/3 horas.
Cuidado para não fritar!! !O lume tem que estar mesmo baixinho e verifique o nível da água
do Banho-Maria. Deixe repousar durante cerca de 12 horas antes de filtrar. Para filtrar use
um passador fino e um pano de algodão (tipo fralda de bebé em tecido, claro!)
Se não quiser utilizar o lume e não tiver pressa, pode fazer este óleo de forma mais
"natural":
Com os mesmos ingredientes e quantidades, deite tudo num recipiente com tampa
hermética (os frascos para compotas são óptimos para isso) de preferência de vidro escuro e
guarde em local seco, fresco e escuro por 30 dias. Filtre ao fim desse tempo. Se não tiver
vidro escuro, enrole o recipiente em folha de alumínio ou papel.
Outras pessoas preferem recorrer aos elementos naturais e expõem o recipiente ao Sol, à
Lua, por 40 dias e 40 noites.
Se preferir pode adicionar cera de abelha (ou outra cera vegetal) e fazer um unguento, e
ainda acrescentar uma tintura de castanha da índia e fazer uma pomada.
Assim:
10% de cera
10% de tintura
Leve o óleo e a cera ao lume em banho-maria até a cera derreter. Retire do lume e vá
mexendo. Junte a tintura mexendo, até começar a solidificar. Deite em boião esterilizado
com álcool. Deixe arrefecer e tape. Use sempre que necessário.
Se quiser e isto é opcional, pode acrescentar algum óleo essencial com propriedades,
tonificantes e que activem a circulação sanguínea, na proporção de 1 a 2% do peso total das
gorduras usadas (cera incluída).
24
(Tenha atenção que os óleos essenciais dos citrinos são foto sensibilizantes e não deve
expor a pele ao sol nas próximas 24 horas; que os óleos essenciais das mentas e hortelãs
não são compatíveis com tratamentos de homeopatia)
Pomada SOS
Cera de abelha
Duas versões/opções:
Deixe derreter tudo. Quando estiver derretido, retire do lume e adicione a vitmina E e a
tintura de própolis. Mexa para emulsionar bem. Quando a temperatura baixar e começar a
engrossar, deite os óleos essenciais (1g de óleos essenciais (alfazema e tea tree em partes
iguais). Continue a mexer até engrossar mais. Deite em boiões
Deixe derreter tudo. Quando estiver derretido, retire do lume e adicione a vitamina E e o
sumo de aloé. Mexa para emulsionar bem. Quando a temperatura baixar e começar a
engrossar, deite os óleos essenciais1g de óleos essenciais (alfazema, semente de
cenoura, palmarosa (2p alfazema, 1 parte semente cenoura, 1 p palmarosa).
Continue a mexer até engrossar mais. Deite em boiões
Pomada de calêndula:
Pode usar azeite ou óleo de grainha de uva para macerar a calêndula, sendo que
com o óleo de grainha de uva, a pomada fica mais leve e semelhante a um bálsamo
(é um bálsamo!) e é mais suave e agradável de usar no rosto.
25
De 5 a 15% de cera de abelha (ou outra da sua preferência)
De 5 a 20% de um liquido (pode ser agua destilada, sumo de aloé ou uma água
flora (hidrolato) como a água de rosas (hidrolato de rosas), alfazema ou outro)
Pomada 1
Pomada 2
26
Anexos:
Algumas plantas medicinais em uso externo
Trata-se aqui da Matricaria recutita, existem diversas outras espécies de plantas também
chamadas camomila que não devem ser confundidas.
27
Hipericão: Erva-de-são-joão (tb milfurada) (Hypericum perforatum) Usado para dores
reumáticas e artroses. Usado para problemas de pele e queimaduras ligeiras. Usam-se as
flores. Esta erva é também usada para neuralgia, fibroses, ciática, dores reumáticas e dor
muscular. É fototoxico, não deve expor à luz solar e UV (incluindo solários).
28
Alguns óleos essenciais mais utilizados:
Alecrim – Rosmarinus officinalis L. – folhas e flores
Advertências: Evitar durante a gravidez, pressão alta
e epilepsia.
Emoções e mente: revigorante e estimulante. Massagem do corpo e rosto
Corpo: estimula a circulação, alivia as dores reumáticas e musculares, alivia
sintomas de constipações e gripes, diminui a congestão nasal, melhora a digestão, anti-
séptico, antifúngico e antibacteriano, acne, cabelos oleosos, diminui a caspa
29
Corpo: anti-séptico das vias respiratórias, expectorante
30
Links e informação
http://www.plantasecia.com.br/
http://www.plantamed.com.br/plantaservas/especies/Plantas-Ervas-Medicinais-Nomes-
Populares.html
https://essentialoils.co.za/
https://www.aromaweb.com/
https://www.aroma-zone.com/info/guide-des-huiles-essentielles/tous
https://www.aroma-zone.com/info/precautions-dutilisation
https://www.aroma-zone.com/cms/sites/default/files/PDF/Comparatifs/
comparatif_conservateurs_aromazone.pdf
https://www.cantinhodasaromaticas.pt/
http://plena-natura.pt/
http://www.ervanariarosil.pt/
https://www.granvelada.com/pt/
https://www.jabonariumshop.com/
https://sunbox-online.pt/
https://abadiarural.pt
https://www.glicerina-e-parafinas.com/
https://aboticadacoruja.blogspot.com/
http://suntrialquimias.blogspot.com/
http://acorujadomontesuntria.blogspot.pt/
http://artesdesuntria.blogspot.pt/
email: projecto.melissae@gmail.com
31
32