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MESTRADO EM PSICOLOGIA

PSICOLOGIA DA JUSTIÇA E DA DESVIÂNCIA

Fluidez Sexual em Praticantes de BDSM e o


Modelo de Sexualidade Heteronormativo
Catarina Marujo Silva

M
2022
Universidade do Porto
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

FLUIDEZ SEXUAL EM PRATICANTES DE BDSM E O MODELO DE


SEXUALIDADE HETERONORMATIVO

Catarina Marujo Silva

Novembro 2022

Dissertação apresentada no Mestrado em Psicologia, área de


Psicologia da Justiça e da Desviância, Faculdade de Psicologia e
de Ciências da Educação da Universidade do Porto, orientada
pela Professora Doutora Alexandra Oliveira (FPCEUP)
AVISOS LEGAIS

O conteúdo desta dissertação reflete as perspetivas, o trabalho e as interpretações do autor


no momento da sua entrega. Esta dissertação pode conter incorreções, tanto conceptuais
como metodológicas, que podem ter sido identificadas em momento posterior ao da sua
entrega. Por conseguinte, qualquer utilização dos seus conteúdos deve ser exercida com
cautela.

Ao entregar esta dissertação, o autor declara que a mesma é resultante do seu próprio
trabalho, contém contributos originais e são reconhecidas todas as fontes utilizadas,
encontrando-se tais fontes devidamente citadas no corpo do texto e identificadas na secção
de referências. O autor declara, ainda, que não divulga na presente dissertação quaisquer
conteúdos cuja reprodução esteja vedada por direitos de autor ou de propriedade industrial

iii
AGRADECIMENTOS

Inicio os meus agradecimentos pela minha orientadora de dissertação, a Professora


Doutora Alexandra Oliveira, pelo seu contínuo apoio, orientação minuciosa desde o esboçar
do tema até ao termo da dissertação e por fomentar e incentivar o meu gosto pela
investigação.
Agradeço às minhas pessoas amigas que tanto me ajudaram ao longo destes cinco
anos e tornaram o meu percurso menos sinuoso e apontaram sempre os caminhos que os
tumultos por vezes turvavam. Sou afortunada por vos ter por perto.
Uma incomensurável gratidão e reconhecimento à minha mãe pelo seu amparo,
dedicação e paciência incondicional ao longo destes cincos anos de duração do curso, mesmo
estando a muitos quilómetros de distância.
E, por fim, o meu imenso obrigado a todas as pessoas que permitiram a divulgação
do estudo e dedicaram o seu tempo a responder ao questionário. O seu contributo foi
determinante para o término da presente dissertação e para a divulgação de informação
científica acerca desta temática tão veementemente carenciada. Agradeço toda a afabilidade
e apoio com que fui recebida nas comunidades.

A todas as pessoas o meu obrigada.

iv
RESUMO

O BDSM constitui um modo de sexualidade não convencional, no qual a fluidez


sexual pode surgir. Constatando a parca existência de investigação sobre estas temáticas em
Portugal, procurámos explorar e compreender a fluidez sexual em praticantes de BDSM,
tanto no contexto da sua sexualidade “baunilha” como de prática de BDSM. Igualmente,
procurámos explorar as vivências iniciais e atuais da sexualidade e a importância do género
para as pessoas praticantes.
Recorrendo a uma metodologia qualitativa, utilizámos um questionário online que
foi divulgado em plataformas usadas por pessoas que são praticantes de BDSM, tendo obtido
54 participantes. Os dados foram sujeitos a análise de conteúdo e a análises estatísticas
simples. Da análise surgiram cinco temas: as vivências iniciais e atuais da sexualidade, tanto
em contexto BDSM como em contexto “baunilha”, a importância do género em ambas as
formas de sexualidade, a perceção e conhecimento acerca da fluidez sexual e a experiência
de fluidez sexual.
Constatou-se que as pessoas praticantes de BDSM são relativamente fluidas
sexualmente e demonstram diversos comportamentos sexuais discordantes das suas atrações
românticas e sexuais. Além disto, verificaram-se múltiplas justificações face à importância
do género e, ainda, que a sexualidade é mutável. Verificou-se também que os homens,
independentemente da orientação sexual, são mais fluidos sexualmente do que as mulheres.
Este estudo contribui para o conhecimento acerca do BDSM e das diversas
dimensões da sexualidade, para a desconstrução de categorias relacionadas com o género e
a orientação sexual, e, por fim, para a normalização de práticas sexuais não normativas.

Palavras-Chave: BDSM; fluidez sexual; sexualidade; método qualitativo

v
ABSTRACT

BDSM constitutes an unconventional mode of sexuality, in which sexual fluidity may


arise. Noting the scarcity of research on these themes in Portugal, we sought to explore and
understand sexual fluidity in BDSM practitioners, both in the context of their "vanilla"
sexuality and BDSM practice. Equally, we sought to explore the initial and current
experiences of sexuality and the importance of gender for practitioners.
Using a qualitative methodology, we used an online questionnaire that was
disseminated on platforms used by BDSM practitioners, having obtained 54 participants.
The data were subjected to content analysis and simple statistical analysis. Five themes
emerged from the analysis: the initial and current experiences of sexuality, both in a BDSM
context and in a "vanilla" context, the importance of gender in both forms of sexuality, the
perception and knowledge about sexual fluidity and the experience of sexual fluidity.
It was found that BDSM practitioners are relatively sexually fluid and demonstrate
various sexual behaviors discordant with their romantic and sexual attractions. In addition
to this, there were multiple justifications regarding the importance of gender, and that
sexuality is changeable. It was also found that men, regardless of sexual orientation, are more
sexually fluid than women.
This study contributes to the knowledge about BDSM and the various dimensions of
sexuality, to the deconstruction of categories related to gender and sexual orientation, and
finally, to the normalization of non-normative sexual practices.

Keywords: BDSM; sexual fluidity; sexuality; qualitative method

vi
RÉSUMÉ

Le BDSM constitue un mode de sexualité non conventionnel, dans lequel la fluidité


sexuelle peut apparaître. Constatant la rareté des recherches sur ces thèmes au Portugal, nous
avons cherché à explorer et à comprendre la fluidité sexuelle chez les praticiens BDSM, à la
fois dans le contexte de leur sexualité " vanille " et dans celui de la pratique du BDSM. De
même, nous avons cherché à explorer les expériences initiales et actuelles de la sexualité et
l'importance du genre pour les praticiens.
Recourant à une méthodologie qualitative, nous avons utilisé un questionnaire en
ligne qui a été diffusé sur des plateformes utilisées par des personnes pratiquant le BDSM,
ayant obtenu 54 participants. Les données ont été soumises à une analyse de contenu et à
une analyse statistique simple. Cinq thèmes ont émergé de l'analyse : les expériences initiales
et actuelles de la sexualité, tant dans un contexte BDSM que dans un contexte "vanille",
l'importance du genre dans les deux formes de sexualité, la perception et la connaissance de
la fluidité sexuelle et l'expérience de la fluidité sexuelle.
Il a été constaté que les personnes pratiquant le BDSM sont relativement fluides
sexuellement et manifestent divers comportements sexuels discordants avec leurs attirances
romantiques et sexuelles. En outre, il y a eu de multiples justifications concernant
l'importance du genre et aussi le fait que la sexualité est changeante. Il a également été vérifié
que les hommes, indépendamment de leur orientation sexuelle, sont plus fluides
sexuellement que les femmes.
Cette étude contribue à la connaissance du BDSM et des différentes dimensions de
la sexualité, à la déconstruction des catégories liées au genre et à l'orientation sexuelle, et
enfin, à la normalisation des pratiques sexuelles non normatives.

Mots-clés: BDSM; fluidité sexuelle; sexualité; méthode qualitative

vii
ÍNDICE

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
1. REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 3
1.1. Definição de BDSM.................................................................................................... 3
1.2. O Modelo de Sexualidade Heteronormativo .............................................................. 6
1.3. Fluidez Sexual ............................................................................................................. 7
1.3.1. A Fluidez Sexual no BDSM ................................................................................. 7
2. ESTUDO EMPÍRICO ..................................................................................................... 10
2.1. Objeto e objetivo ....................................................................................................... 10
2.2. Questões de Investigação .......................................................................................... 10
2.3. Método ...................................................................................................................... 11
2.3.1. Participantes ....................................................................................................... 11
2.3.2. Instrumento......................................................................................................... 12
2.3.3. Procedimentos de Recolha de Dados ................................................................. 12
2.3.4. Procedimentos de Análise de Dados .................................................................. 13
3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................ 14
3.1. Caracterização da identidade BDSM ........................................................................ 14
3.2. Vivências da sexualidade em contexto BDSM e em contexto Baunilha .................. 15
3.2.1. Vivências Iniciais ............................................................................................... 15
3.2.2. Vivências Atuais ................................................................................................ 16
3.3. Importância do Género na Sexualidade Baunilha e na Sexualidade BDSM ............ 17
3.3.1. Sexualidade Baunilha ......................................................................................... 17
3.3.2. Sexualidade BDSM ............................................................................................ 18
3.4. Fluidez Sexual ........................................................................................................... 20
3.4.1. Conhecimento acerca da Fluidez Sexual ............................................................ 20
3.4.2. Experiência de Fluidez Sexual na Sexualidade Baunilha e na Sexualidade BDSM
...................................................................................................................................... 20
4. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 22
5. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 31
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 33
7. ANEXOS ......................................................................................................................... 38

viii
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 ............................................................................................................................... 16
Tabela 2 ............................................................................................................................... 17
Tabela 3 ............................................................................................................................... 19

ix
INTRODUÇÃO

A popularidade do livro Cinquenta Sombras de Grey (James, 2011) exponenciou o


interesse no BDSM e a presença deste, tanto na pop culture como na literatura científica,
aumentou significativamente (Scott, 2015). Como evidência de tal, numa pesquisa no Google
Scholar, com o termo BDSM, limitada até ao ano de 2011, obtivemos 3090 resultados, enquanto
que após 2012 até ao corrente ano, registam-se 14700 resultados. Não obstante este
crescimento, a verdade é que em Portugal os estudos acerca deste tema permanecem escassos.
Aliado a este fenómeno, na última década, tem se verificado uma gradual
conscientização e questionamento acerca do modelo de sexualidade heteronormativo, dividido
em vários binários (de identidade de género, expressão de género, sexo biológico e orientação
sexual) e centrado nos genitais, e a forma como este molda os relacionamentos românticos, os
sexuais e os não-sexuais. O BDSM constitui uma forma não-heteronormativa de sexualidade
onde o fenómeno da fluidez sexual é observado e os papéis de género e a orientação sexual são
desconstruídos, despojando-se de categorias e regras sociais acerca do sexo e do sexual. Apesar
de a fluidez sexual ser um tema1 sobejamente estudado, quando se associa a fluidez sexual ao
BDSM existe uma escassez enorme de literatura científica tanto a nível nacional como a nível
internacional. Até à atual data, não encontrámos nenhuma pessoa autora a associar a fluidez
sexual ao BDSM, apesar de haver artigos cujos resultados se inserem neste construto (e.g. a
importância do género no BDSM).
Com o objetivo de contribuir para a desconstrução de um modelo limitador da
sexualidade e para a literatura científica acerca do BDSM, definiu-se como propósito deste
estudo a descrição e a compreensão da fluidez sexual de pessoas praticantes de BDSM,
recrutadas em Portugal, tanto em situações em que estão envolvidas em práticas BDSM, como
em situações em que estão envolvidas em práticas sexuais baunilha.
Uma vez definidos os objetivos, a pesquisa foi orientada por três questões de
investigação: (i) como são definidas as diversas facetas da sexualidade de pessoas praticantes
de BDSM, em contextos BDSM e baunilha; (ii) como é que a sexualidade tem vindo a ser
vivenciada, em contexto BDSM; (iii) de que forma é experimentada a fluidez sexual por parte
das pessoas praticantes de BDSM. O estudo será efetuado através de um questionário online e
utiliza uma abordagem qualitativa.

1
De 2011 até ao atual ano, numa pesquisa no Google Scholar, encontram-se 35.600 resultados para o termo “sexual
fluidity”.
1
A exploração do presente tema é pertinente e pretende ser um contributo para o
desenvolvimento de modelos de sexualidade mais inclusivos, que escapam às categorizações
de género e orientação sexual, contribuindo, deste modo, para uma compreensão mais precisa
de toda a gama de experiências, identificações e orientações sexuais, como também para a
criação de políticas sociais que permitam viver uma vida para além do binário de género
(Simula, 2019a). Assim, o tema não é relevante somente para o mundo académico, é-o, também,
enquanto conducente a transformações sociais (Bauer, 2014).
Este trabalho divide-se em vários capítulos, sendo o primeiro capítulo o resultado da
revisão de literatura efetuada, incluindo uma sucinta caracterização do BDSM e dos seus
conceitos mais importantes, uma breve explicação do modelo heteronormativo de sexualidade
e uma elucidação acerca do fenómeno da fluidez sexual, especificando o tópico da fluidez
sexual no BDSM. No segundo capítulo, é exposta a metodologia que enforma e conduz o estudo
empírico, designadamente a definição do objetivo e das questões de investigação e a descrição
do instrumento de recolha de dados. São igualmente esclarecidos os procedimentos
metodológicos relativos à amostra, recolha e análise de dados. No terceiro capítulo são
apresentados e analisados os resultados, dedicando-se o quarto capítulo à sua discussão. No
último capítulo são redigidas as conclusões do trabalho.

2
1. REVISÃO DE LITERATURA

1.1. Definição de BDSM


O BDSM é um acrónimo alusivo a práticas consensuais, desejos, comunidades, papéis
e significados referentes ao bondage e disciplina, dominação e submissão e/ou sadismo e
masoquismo (Carlström, 2017; Simula, 2019b). O BDSM é multifacetado, heterogéneo, assume
diferentes graus de importância para quem o pratica e é representado em diferentes contextos
interpessoais: pode ser uma experiência única, uma prática ocasional ou realizada “apenas no
quarto”, uma orientação sexual, uma característica de identidade da qual não se pode prescindir
e que orienta a escolha de pessoas parceiras românticas, ou até mesmo um estilo de vida (Bauer,
2014; Faccio et. al, 2014; Faccio et. al, 2020; Martinez, 2018). Consoante a pessoa, o BDSM
tanto pode ser algo que se faz como algo que se é (Faccio et. al, 2020).
O acrónimo BDSM divide-se em três pares de práticas consentidas entre as pessoas
envolvidas. O bondage refere-se à prática de restrição física e a disciplina ao recurso a regras e
punição; dominação e submissão constitui o conjunto de práticas relacionados com um
diferencial de poder que é procurado entre as pessoas parceiras; e, por fim, o sadismo e o
masoquismo descrevem as atividades relacionadas com a inflição ou receção de dor e/ou
humilhação, constituindo uma das inúmeras técnicas que ajudam a delinear o poder durante as
práticas (Cross & Matheson, 2006; Faccio et. al, 2014). É importante frisar que nem todas as
atividades irão envolver, por exemplo, erotização do poder, dor, desconforto, role-play ou o
uso de brinquedos sexuais, tal como nem todas irão ocorrer num contexto ou envolver conteúdo
sexual, pois apesar de serem aspetos frequentes, não são necessários no BDSM (Scott, 2015;
Simula, 2019a, 2019b). Uma pessoa pode adotar, desempenhar e inverter papéis durante a
prática de BDSM (Faccio et. al, 2014; Meeker, 2011), como também usufruir das atividades
sem se considerar praticante (Meeker, 2011).
O BDSM pode ser referido como “Erotic Power Exchange” (EPE - Troca Erótica de
Poder), S&M (sadomasoquismo), “fetish”, kink e D/s (dominação e submissão), o que reflete
os numerosos e dinâmicos termos que podem ter diferentes significados consoante a pessoa ou
comunidade que os emprega (Faccio et. al, 2020; Simula, 2019b). Habitualmente, enquanto
S&M e D/s estão abrangidos pelo BDSM, kink, pelo contrário, é usado como termo geral para
a sexualidade não-normativa e é mais amplo do que BDSM, pois inclui interesses como fetiches
e voyeurismo (Simula, 2019b).

3
O consentimento é uma temática comum, fundamental e transversal ao conjunto de
atividades BDSM (Bauer, 2014). O consentimento é revogável, negociável (Scott, 2015) e é
conseguido através da exposição e negociação dos limites físicos e psicológicos de cada
participante. Com este fim, as pessoas praticantes abertamente falam das atividades com as
quais se sentem confortáveis e as que não desejam materializar com os/as parceiros/as. Para
firmar este voto de confiança, traduzido no consentimento, as pessoas parceiras, usualmente,
estabelecem o uso de palavras de segurança (ou seja, termos antecipadamente acordados que
podem ser usados por ambas as partes e que simbolizam a retirada do consentimento) criando,
deste modo, interações consensuais (Scott, 2015; Simula, 2019b).
O modelo de consentimento inicialmente utilizado pelas pessoas praticantes denomina-
se de São, Seguro e Consensual (SSC) e, posteriormente, foi criada a expressão “Risk-Aware
Consensual Kink” (RACK – Kink Consensual com Consciência do Risco). O primeiro defende
que as atividades devem ser física e emocionalmente seguras, sãs e consensuais (Simula,
2019b). Todavia, este limita a resistência à sexualidade normativa, uma vez que pode ser
entendido como uma tabela de critérios para o que é aceitável e justificável, normalizando as
práticas de BDSM (Bauer, 2014; Meeker et. al, 2020). Discordando desta normalização e não
se revendo nesta definição, algumas pessoas praticantes aderiram ao segundo modelo
mencionado, que acentua a importância do consentimento em todas as interações BDSM, de se
estar informado/a e consciente dos potenciais danos e de decidirem por si próprios/as o seu
nível aceitável de risco, afastando-se, assim, da rotulagem das atividades como seguras ou
inseguras e sãs ou não (Bauer, 2014; Simula, 2019b). Não obstante, estes dois modelos podem
falhar quando na equação estão presentes dinâmicas de poder social (e.g. diferenças de etnia,
classe, género), complexificando os moldes de negociação do consentimento (Barker, 2013;
Bauer, 2014).
A investigação nas ciências sociais acerca desta temática, inicialmente subjugada e
definida por perspetivas clínicas e terapêuticas, uma vez que examinava o BDSM a partir de
casos clínicos e amostras forenses, tem, paulatinamente, vindo a ser conduzida por uma
orientação sociológica e psicológica, que compreende o BDSM a partir da perspetiva das
próprias pessoas praticantes e das variadas dimensões deste, sem juízos de valor (Carlström,
2017; Graham et. al, 2016; Simula, 2012). Atualmente, a investigação indica que o BDSM é
um fenómeno social complexo e que as pessoas praticantes estão psicológica e sexualmente
equilibradas, geralmente confortáveis com a sua orientação sexual e socialmente bem ajustadas
(Bauer, 2014; Brown et. al, 2020; Scott, 2015; Weinberg, 2006).

4
O BDSM pode ser uma experiência espiritual, uma forma de lazer e/ou um passatempo
(Newmahr, 2010; Simula, 2019b; Sprott & Hadcock, 2018), como pode ser utilizado enquanto
forma de “preliminares” num contexto sexual ou estar associado a relações sexuais com
contacto genital (Cross & Matheson, 2006). Algumas pessoas praticantes exploram os seus
desejos e limites e outras procuram transgredi-los sem serem restringidas por convenções
sociais (Bauer, 2008; Turley, 2016). Frequentemente fazem-no, também, como um desafio ao
binário de orientação sexual e/ou de género (Sprott & Hadcock, 2018) presente nas sociedades
heteronormativas. Pode ser usado, igualmente, de forma terapêutica (Scott, 2015). Contudo, é
de salientar, que apesar de serem vivências válidas, estas não definem o BDSM enquanto
sinónimo de trauma ou doença mental. Certas interpretações das narrativas de "cura" podem
ser problemáticas dado que indiretamente reforçam uma das suposições negativas do BDSM: a
de que as pessoas praticantes não se encontram psicologicamente equilibradas (Barker, 2013),
consequentemente estigmatizando as mesmas.
Usualmente as atividades realizadas no BDSM facilitam estados de consciência
subjetivamente agradáveis, reduções do stress psicológico, aumento na excitação sexual
(Ambler et. al, 2017) e, independentemente do papel adotado, as pessoas experimentam, na
generalidade, sentimentos de libertação das práticas sexuais normativas e socialmente
aprovadas e dos constrangimentos do mundo e de construtos como o género (Turley, 2016).
A perspetiva de que o BDSM é uma experiência relacionada com a esfera da sexualidade
e é somente sobre sexo tem persistido, ainda que a maioria das pessoas praticantes rejeite essa
ideia (Faccio et. al, 2020; Newmahr, 2010). Apesar de o BDSM ser frequentemente sexual, não
é rigorosamente sexo nem a este se reduz. O sexo refere-se com maior frequência a sensações
corporais centradas nos órgãos genitais, requerendo contacto genital e/ou relações sexuais e,
algo sexual, em contrapartida, é continuamente construído como uma experiência mental
(Simula, 2019a). Esta generalização do BDSM enquanto experiência eminentemente sexual
simplificou e complicou a compreensão dos significados específicos e individuais das
atividades e experiências BDSM das pessoas praticantes (Faccio et. al, 2020).
Percebe-se, desta forma, que o BDSM integra um conjunto heterogéneo de pessoas e
compreende todo o espectro e gama de diversidade sexual, no contexto de uma sociedade
opressiva e estigmatizante no que concerne a sexualidade (Damm et. al, 2018).

5
1.2. O Modelo de Sexualidade Heteronormativo
A sexualidade é um sistema através do qual experiências sociais e identidades são
criadas e reguladas (Foucault, 1994; Simula, 2019a). As relações íntimas e sexuais possuem
uma pluralidade de formas, todavia muitas encontram-se além das fronteiras definidas pelo
atual modelo de sexualidade heteronormativo (Damm et. al, 2018). A heteronormatividade é
um conceito e uma estrutura de poder que se interpõe na sociedade, e que funciona como uma
visão do mundo sobre a sexualidade, ao celebrar e privilegiar formas específicas de relações,
identidades e práticas heterossexuais, postulando o casal heterossexual como a unidade social
primária da sociedade (Bauer, 2014; Diamond, 2008). Desta forma, a rotulagem da identidade
sexual funciona como uma invenção social, cultural e cognitiva que desempenha funções
distintas em ambientes distintos (Diamond, 2008).
A compreensão social do sexo e do desejo é definida com base na tradição
heteronormativa de pensamento binário (i.e., ou se é homossexual ou heterossexual)
dependendo assim de categorias de orientação sexual centradas na identidade de género e sexo
biológico (Better & Simula, 2015; Bauer, 2014; Simula, 2019a). Por conseguinte, este modelo
é limitador, pois não consegue alcançar com exatidão as experiências, preferências e
identificações de todas as pessoas, obrigando-as a assumir que são exclusivamente
homossexuais ou exclusivamente heterossexuais, quando, na realidade, a orientação sexual é
um continuum e a maioria das pessoas encontra-se distribuída ao longo do mesmo (Better &
Simula, 2015; Savin-Williams, 2017). Ademais, é igualmente incorreto pois considera a
orientação sexual como o único fator determinante da sexualidade (Better & Simula, 2015;
Diamond, 2008) e confunde conceitos como orientação sexual, atração sexual, atração
romântica, comportamento sexual, fantasia erótica, paixão e desejo (Savin-Williams, 2017)
eliminando as diversas nuances que formam a vivência sexual de uma pessoa (Diamond, 2008).
A orientação sexual é dinâmica, mutável, flexível e fluida, evoluindo através da
experiência e questionamento das vivências sexuais (Better & Simula, 2015; Diamond, 2008;
Faccio et. al, 2020) e, portanto, qualquer pessoa é capaz de experimentar desejos que
contradizem a sua orientação sexual genérica (Diamond, 2008). Embora usualmente se assuma
que a orientação sexual direciona os sentimentos românticos das pessoas da mesma forma que
os seus desejos sexuais, a atração romântica e o desejo são processos separados (Diamond,
2008). Estes possuem fortes ligações culturais, psicológicas e neurobiológicas entre eles,
contudo pode-se desejar uma união sexual com determinado género e não querer uma relação
romântica com o mesmo (Diamond, 2008; Savin-Williams, 2017). A orientação sexual não
baliza, portanto, as experiências e atrações sexuais (Diamond, 2008).

6
1.3. Fluidez Sexual
A fluidez sexual é o conceito que define uma flexibilidade e uma variabilidade ampla
da sexualidade, das atitudes e das práticas sexuais com o mesmo sexo e com o outro sexo,
dependendo do contexto, das circunstâncias e do período de vida em que a pessoa se encontra
(Diamond, 2008; Savin-Williams, 2017). A fluidez sexual manifesta-se primariamente de três
formas: a não-exclusividade nas atrações, tanto sexuais como românticas (i.e., considerar
apelativa a ideia de contacto com o mesmo sexo ou com o outro sexo, apesar de naquele
momento não ter desejos por esse mesmo sexo), a mudança nas atrações no decorrer da vida e
a capacidade de se sentir atraído pela pessoa, descurando o género (Diamond, 2008).
Na sua investigação, Diamond (2008) verificou que as mulheres estudadas
demonstravam, ao longo das suas vidas, alterações nas suas atrações sexuais ou atrações
inconsistentes com a sua orientação sexual, como também que as mesmas concediam um papel
mais importante à escolha e circunstância, em detrimento da orientação sexual. Já Savin-
Williams (2017) refere que os homens possuem igualmente fluidez sexual, tanta quanto as
mulheres, no entanto não foram alvo de muitos estudos uma vez que a sexualidade masculina
é considerada mais rígida, estável e moldada por fatores genéticos e hormonais.
Uma das principais características da natureza sexual humana é a sua capacidade de
expansão e ampliação de oportunidades de satisfação e prazer no decurso da vida logo, em
ambientes recetivos, a fluidez pode criar oportunidades para a autodescoberta e reflexão
(Diamond, 2008).

1.3.1. A Fluidez Sexual no BDSM


Nas culturas ocidentais existe a expectativa e a esperança de que os homens
heterossexuais e as mulheres heterossexuais desempenhem, respetivamente, uma
masculinidade e feminilidade hegemónicas, em todos os aspetos das suas vidas, incluindo no
comportamento sexual (Martinez, 2018). O BDSM está associado ao género e aos binários
sexuais em virtude da socialização precoce no contexto de uma cultura dualista (Martinez,
2018), no entanto, os papéis que se praticam no BDSM não ditam sempre, nem são ditados,
pelo género ou orientação sexual, mas sim pelos desejos da pessoa (Carlström, 2017; Meeker,
2011).
Na investigação de Zambelli (2017), as pessoas participantes praticavam BDSM com
parceiros/as cujo género era coerente com a sua orientação sexual, todavia, é de notar, que
algumas mulheres heterossexuais envolviam-se em interações BDSM ou eróticas (e.g. beijos e
carícias) com outras mulheres durante as atividades. No estudo de Better e Simula (2015), as

7
pessoas participantes rejeitaram amiúde, e manifestamente, a heterossexualidade como
categoria de identidade em prol de identificações que vão para além do género e verificaram,
até, vários momentos em que as suas experiências no BDSM não se enquadravam com a sua
orientação sexual. Apesar de as pessoas participantes referirem orientações monossexuais (i.e.,
heterossexual e homossexual), envolviam-se, nas atividades BDSM, com parceiros/as de
qualquer género, uma vez que os escolhiam com base no papel com o qual se identificam (e.g.
dominador/a, submisso/a) e não com base na sua orientação sexual (Simula, 2012, 2019a). De
acordo com as conclusões de Ritchie e Barker (2005) no seu estudo, a maioria das pessoas
participantes revelou ter tido experiências de BDSM tanto com homens como com mulheres.
Chaline (2010) constatou, de igual modo, que muitas das pessoas participantes da sua
investigação tiveram, tanto em contexto BDSM como em contexto não-BDSM,
comportamentos homossexuais, heterossexuais e bissexuais não coadunados com a sua
identidade sexual. Constata-se que as pessoas praticantes de BDSM tendem, e são mais
propensas, a adotar mais comportamentos bissexuais em contextos BDSM, do que em outros
cenários que envolvam atividades sexualizadas (Simula, 2012). Ademais, muitas vezes só se
envolvem neste género de atividades tanto com homens como com mulheres em contexto
BDSM (Simula, 2012).
A identidade ou papel no BDSM, comparativamente a categorias sociais como o género
e a orientação sexual, é a categoria mais importante no contexto BDSM, e, relativamente a
outros contextos, o género não é o fator mais importante e chega mesmo a ser irrelevante para
a prática e escolha de pessoas parceiras (Better & Simula, 2015; Carlström, 2017; Newmahr,
2011; Simula, 2012, 2019a; Simula & Sumerau, 2017; Sprott & Hadcock, 2018). As pessoas
praticantes que minimizam o género enfatizam outros fatores (e.g. personalidade, estilo
individual) tanto para concetualizar o BDSM como uma prática em que os papéis são o foco,
como também para explicar as suas experiências, estilos de jogo, desejos e papéis dentro das
suas comunidades (Simula & Sumerau, 2017). Entendendo assim, e dependendo das dinâmicas,
uma pessoa pode relacionar-se com uma diversificada gama de géneros, independentemente da
sua orientação sexual (Sprott & Hadcock, 2018). Porém, é de ressalvar, que apesar de muitas
pessoas praticantes descentrarem e resistirem à identidade de género no contexto BDSM, este
continua a moldar as experiências de BDSM de muitas formas (Simula, 2019a): existem, por
exemplo, casos em que o género da outra pessoa é uma categoria socialmente importante pois
será o género desta a determinar o seu papel BDSM (Simula, 2012).
As pessoas praticantes de BDSM que se envolvem em atividades sexuais não-BDSM
de acordo com a sua orientação sexual, mas que, em atividades BDSM, escolhem pessoas

8
parceiras de uma variedade de géneros, fazem uma diferenciação frequente entre sexo e sexual
(Simula, 2012, 2019a), conferindo significados e propósitos diferentes a ambas as experiências
(Simula, 2019a). Tal diferenciação resiste à associação normativa entre género e sexualidade,
gera significados de sexualidade que se estendem para além do sexo heterossexual normativo,
descentra a sexualidade baseada nos genitais e reduz a presença de estigma homofóbico, visto
que permite às pessoas praticantes definir a atividade BDSM com pessoas do mesmo sexo como
não sendo realmente sexo (Simula, 2012). Observa-se o desenvolvimento de uma disjunção
entre a orientação sexual das pessoas praticantes e a sua orientação BDSM, desafiando, deste
modo, o binário heterossexual e homossexual e a centralidade do género nas orientações
sexuais, práticas e relacionamentos (Better & Simula, 2015; Simula, 2012).
Não existe uma sexualidade e uma identidade BDSM únicas, mas sim múltiplas
sexualidades fluidas que se transformam, moldam e reposicionam constantemente (Chaline,
2010): as identificações e orientações sexuais são fluidas no decorrer da vida, como variam
consoante os tipos de atividades realizadas e os contextos em que as pessoas se encontram
(Simula, 2012). Assim, constata-se que o BDSM pode proporcionar a exploração de fronteiras,
limites e tabus (Carlström, 2017) e oferecer o espaço, tanto literal como metafórico, para
apresentações não dualistas do Eu (Martinez, 2018).

9
2. ESTUDO EMPÍRICO

O paradigma em que se alicerça este trabalho é o do construcionismo social feminista.


Feminista, uma vez que um dos construtos basilares desta investigação é o género.
Construcionista social porque entende que a forma como se compreende a realidade depende
dos contextos histórico e cultural e dos discursos que atuam dentro de determinada sociedade
(Babatunde & Durowaiye, 2015; Braun & Clarke, 2006; Nogueira, 2001). Desta forma, a
realidade e os seus conceitos e categorias são socialmente criados, produzidos e reproduzidos,
e não intrínsecos à pessoa (Braun & Clarke, 2006; Gemignani & Peña, 2007). As várias normas
relacionadas com o género e com a sexualidade agem sob o comportamento, os pensamentos e
os sentimentos das pessoas, afetando deste modo as interações sociais (Crawford, 1995, citado
por Nogueira, 2001). O género é assim assumido enquanto uma construção social, e não um
atributo pessoal, que decorre das transações sociais (Nogueira, 2001).

2.1. Objeto e objetivo


O objeto da presente dissertação são as pessoas praticantes de BDSM. Os objetivos da
dissertação são a descrição e a compreensão da fluidez sexual de pessoas praticantes de BDSM,
recrutadas em Portugal, tanto em contexto BDSM, como em contexto baunilha.
Especificamente pretende-se analisar a sexualidade (i.e., o comportamento sexual, a identidade
sexual, a fantasia sexual, a atração sexual e a atração romântica) das pessoas praticantes, tanto
em contexto BDSM, como em contexto baunilha; verificar de que forma a sexualidade é
experimentada em contexto BDSM; e, por fim, compreender a experiência das pessoas
praticantes relativamente à sua fluidez sexual.

2.2. Questões de Investigação


O estudo compreende três questões de investigação de forma a responder aos objetivos
anteriormente enumerados:
1. Como são definidas as diversas facetas da sexualidade de pessoas praticantes de
BDSM, em contextos BDSM e baunilha?
2. Como é que a sexualidade tem vindo a ser vivenciada, em contexto BDSM?

10
3. De que forma é experimentada a fluidez sexual por parte das pessoas praticantes de
BDSM?

2.3. Método
Para esta investigação, considerámos pertinente usar o método qualitativo, sendo o
estudo de cariz descritivo e exploratório, pois tanto a fluidez sexual como o BDSM são
fenómenos com parca literatura científica em Portugal. Em estudos qualitativos privilegiam-se
procedimentos de recolha de dados que captem a subjetividade das pessoas participantes,
permitindo que estas se exprimam através das suas próprias palavras (Foddy, 1996). O recurso
à metodologia qualitativa permitirá destrinçar os significados atribuídos à fluidez sexual e à
experimentação que ocorre no decurso da vida em relação à sexualidade de cada um/a.
Esta investigação teve o parecer favorável da Comissão de Ética da Faculdade de
Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (Ref.ª2022/04-10).

2.3.1. Participantes
De forma a responder aos objetivos do estudo, as pessoas participantes foram
selecionadas com base em três critérios de inclusão (Patton, 2002): praticarem BDSM, terem
18 ou mais anos de idade e serem capazes de ler e escrever em português. Assim sendo, através
de uma técnica de amostragem por conveniência (Patton, 2002), obtivemos 54 participantes.
As pessoas participantes no estudo têm idades compreendidas entre os 18 e os 56 anos,
tendo a maioria (70%) entre 18 e 35 anos. Quanto à nacionalidade, 93% é portuguesa, havendo
duas pessoas brasileiras, uma espanhola e outra francesa. Mais de metade (68,5%) das pessoas
participantes têm um grau de ensino superior, 30% das pessoas tem o ensino secundário e o
restante 1,5% da amostra tem o terceiro ciclo. Exatamente metade das pessoas respondentes é
do sexo feminino e a outra metade é do sexo masculino. Relativamente à identidade de género,
43% são mulher cisgénero e outros 43% são homens cisgénero, 9% são pessoas não-binárias e
2% são mulheres trans. Por fim, em relação à sua identidade sexual, no presente estudo
equiparada à orientação sexual2, 48% da amostra é heterossexual, 26% são pessoas bissexuais
e 20% são pansexuais; os restantes 6% dividem-se equitativamente pelas categorias
gynossexual, em questionamento e unlabeled/não se identifica com nenhuma etiqueta.

2
Apesar de pessoas autoras, tal como Diamond (2008), distinguirem entre os termos orientação sexual e identidade
sexual, no presente estudo seguimos Savin-Williams (2017) que, na sua investigação, faz corresponder a
identidade sexual, nas cinco dimensões da sexualidade, à orientação sexual.
11
2.3.2. Instrumento
Para operacionalizar as questões de investigação, recorremos a um questionário
estruturado, especificamente preparado para esta investigação (Anexo A), em formato online,
com questões abertas e fechadas. O questionário é composto por várias perguntas de
caracterização tanto sociodemográfica (6 questões) como relativa ao BDSM (6 questões), e
perguntas específicas que procuram responder às três questões de investigação (36 questões).
Optámos por este instrumento de recolha por permitir aceder a uma amostra maior e mais
diversificada, por favorecer a produção de relatos ricos e complexos focados nas experiências
subjetivas das pessoas participantes e por ser particularmente útil quando a população de
interesse é grande, diversa, desconhecida, marginalizada e/ou ignorada (Braun et. al, 2021). Foi
realizado um pré-teste do questionário a duas pessoas praticantes de BDSM com o objetivo de
receber o seu feedback e aumentar a eficácia do instrumento de recolha de dados.
No início do questionário é apresentada uma página que contém o Consentimento
Informado (Anexo B), à qual todas as pessoas participantes têm acesso e que lhes permite
responder que leram e perceberam todas informações fornecidas, confirmar que cumprem os
critérios de inclusão na amostra e que consentem em participar anonimamente no estudo.
Também aí foi disponibilizado um endereço eletrónico que as pessoas participantes podiam
usar caso pretendessem obter mais informações acerca do estudo.

2.3.3. Procedimentos de Recolha de Dados


A recolha de dados iniciou-se a 19 de maio de 2022 e terminou a 4 de julho de 2022.
Para tal, o estudo foi divulgado em dois servidores do Discord3, em dois grupos portugueses na
rede social Fetlife4 e na página de Instagram do podcast Rambóia com Moderação5.
De forma a ingressar nos dois e únicos servidores do Discord, organizados pela e para
a comunidade portuguesa de BDSM, foi necessário contactar os moderadores de ambos os
servidores, obter a sua autorização e divulgar o anúncio num espaço indicado pelos mesmos,
sendo este retirado após o término da recolha de dados. Foram, igualmente, trocadas mensagens
privadas com pessoas utilizadoras desses servidores acerca do estudo e de esclarecimento de
dúvidas relacionadas com o mesmo. Foi ainda criada uma conta no Fetlife e divulgado o
anúncio em fóruns de dois grupos portugueses. Por fim, após divulgação do estudo junto de

3
O Discord é uma plataforma digital que permite criar fóruns de discussão, tanto em formato de texto como de
voz.
4
O Fetlife é uma rede social internacional para a comunidade kinky, na qual quem se encontra interessado em
BDSM interage com pessoas e em grupos online através de uma variedade de fóruns de discussão.
5
Rambóia com Moderação é um podcast acerca de não-monogamia, relacionamentos e sexo, onde kink e o BDSM
são temas discutidos.
12
uma das pessoas moderadoras e obtenção de aprovação, o estudo foi também partilhado na
página de instagram do podcast Rambóia com Moderação durante 24 horas.
Embora tenhamos noção de não ter atingido a saturação dos dados, uma vez que as
pessoas que praticam BDSM são muito diversas entre si e compõem uma grande variedade de
realidades, por constrangimentos de tempo, foi decido finalizar a recolha quando fosse atingido
o número de, pelo menos, 50 participantes.

2.3.4. Procedimentos de Análise de Dados


Para examinar os dados recorremos à análise de conteúdo categorial de Bardin (2011),
uma técnica que permite, através de procedimentos sistemáticos e objetivos, a produção de
inferências acerca do conteúdo de documentos, entrevistas e inquéritos (Mutti & Caregnato,
2006).
A análise de conteúdo é composta por três etapas fundamentais: a pré-análise, a
exploração do material e, por fim, o tratamento dos dados e sua interpretação. Na primeira fase
realizámos uma leitura flutuante do corpus de dados, com o intuito de estabelecer um primeiro
contacto com o conteúdo. Na segunda fase, o objetivo é redigir as unidades de registo e, através
de uma segunda leitura, foram sublinhadas possíveis unidades de registo, redigidas ideias,
padrões e esboçadas categorias. Subsequentemente, na terceira fase, reorganizou-se as unidades
de registo e realizou-se a categorização dos dados, formando as categorias finais. Por último,
foi efetuada a descrição das categorias e temas – ver os anexos C, com a descrição das
categorias, e D, com exemplos do discurso das pessoas participantes para cada uma das
categorias. Os dados foram analisados de forma semântica uma vez que se pretendia dar voz às
experiências e realidades das pessoas participantes.
Por fim, os dados sociodemográficos, as respostas fechadas dicotómicas (sim ou não)
e o grupo de questões relacionadas com as vivências atuais e iniciais da sexualidade, com o
intuito de verificar a presença de fluidez sexual e comparar as diferentes questões entre os
diferentes contextos (Sexualidade BDSM vs. Sexualidade Baunilha) e períodos temporais
(Atualmente vs. Primeiras Experiências), foram sujeitos a uma análise estatística simples
(percentagens) através do programa Microsoft Excel.

13
3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

No presente capítulo serão apresentados, analisados e discutidos os cinco temas que


emergiram da análise, como também os dados de natureza quantitativa: as vivências iniciais e
atuais da sexualidade, tanto em contexto BDSM como em contexto baunilha, a importância do
género na sexualidade baunilha e na sexualidade BDSM, a perceção e conhecimento acerca da
fluidez sexual e, por fim, a experiência de fluidez sexual. Estes cinco temas, que incluem uma
multiplicidade de categorias, demonstram a amplitude de domínios relevantes nas experiências
das pessoas praticantes de BDSM.

3.1. Caracterização da identidade BDSM


A maioria das pessoas participantes do presente estudo (67%), definiram o BDSM como
sendo uma prática sexual e, destes, 22% definiu-o igualmente como sendo uma prática não-
sexual, ou seja, doze pessoas selecionaram simultaneamente o BDSM como sendo uma prática
sexual e uma prática não-sexual. Cerca de 54% das pessoas considerou que o BDSM é um estilo
de vida, desta percentagem, 17% selecionou o BDSM como sendo uma prática simultaneamente
sexual, não sexual e um estilo de vida, demonstrando a pluralidade de significados e
experiências que o BDSM oferece às pessoas que o praticam e vivem. Houve, também, quem
respondesse que o BDSM serve como um “extra para apimentar a relação”6 (P20), ou que é um
“componente relacional, nomeadamente através da prática de Shibari em contexto não-sexual,
por exemplo” (P51).
Quanto ao papel com que se identificam no BDSM no momento em que preencheram o
questionário, 39% das pessoas da amostra identificam-se com papéis no espetro da submissão
(e.g., submisso/a e/ou masoquista e/ou bottom e/ou escravo/a e/ou brat e/ou rope-bunny e/ou
prey e/ou degradee), 24% das pessoas identificam-se com papéis no espetro da dominação (e.g.,
dominador/a e/ou sádico/a e/ou top e/ou mestre e/ou brat tamer e/ou rigger e/ou hunter e/ou
degrader) e, por fim, 37% das pessoas identificam-se como sendo switchers. Duas pessoas
respondentes demonstraram uma certa fluidez com o seu papel no BDSM: uma pessoa referiu
que o seu papel muda consoante o género da pessoa com quem pratica (“Submissa com homens,
dominante com mulheres” - P37) e outra (P43) referiu que, apesar de se identificar com um
papel no espetro da submissão, ocasionalmente conseguia ser dominante. Das 54 pessoas que

6
As respostas, ou partes das respostas, das pessoas participantes, respeitam a sua grafia e a sua forma de escrita.
14
responderam ao questionário, 63% identificaram-se sempre com o papel com o qual se
identificavam quando responderam. Seis pessoas (11%) já se haviam identificado com o papel
switcher, sendo atualmente exclusivamente dominantes ou exclusivamente submissas. Quatro
pessoas (7%) já se haviam identificado com papéis no espetro da submissão, sendo atualmente
switchers.
Quando questionados/as relativamente sobre há quanto tempo praticavam BDSM, as
respostas variaram de um a 34 anos. No entanto, mais de metade (60,4%) das pessoas
participantes praticam BDSM entre há um e 8 anos.
No presente estudo, 49% das pessoas têm praticado BDSM de forma contínua e as
restantes tiveram períodos em que interromperam a prática. Algumas referiram ter parado
quando tiveram filhos/as, devido a terem pessoas parceiras baunilha ou consoante se têm
pessoas parceiras ou não.
Por fim, 68,5% das pessoas encontram-se inseridas numa comunidade BDSM.

3.2. Vivências da sexualidade em contexto BDSM e em contexto Baunilha

3.2.1. Vivências Iniciais


Tal como se encontra discriminado na tabela 1, relativamente às vivências iniciais no
contexto baunilha, perto de metade das pessoas refere ter sentido uma atração sexual
heterossexual e o mesmo se verifica na atração romântica. No contexto BDSM, verifica-se o
mesmo padrão. A atração sexual bissexual aparece enquanto segunda atração sexual mais
verificada no contexto baunilha ao passo que no contexto BDSM é a atração sexual pansexual.
Por outro lado, a atração romântica pansexual é a mais presente no contexto baunilha; já no
contexto BDSM é a própria desassociação de romance à sexualidade BDSM.
Tanto na sexualidade baunilha como na sexualidade BDSM houve o mesmo número de
pessoas a referir que o seu primeiro comportamento sexual foi heterossexual. Contudo, no
contexto BDSM houve pessoas a mencionar tanto comportamentos bissexuais como pansexuais
enquanto comportamentos sexuais iniciais.
Por fim, em relação às fantasias sexuais, em ambos os contextos, as mais presentes são
as fantasias heterossexuais, sendo, na sexualidade baunilha, a fantasia homossexual a segunda
mais presente e, na sexualidade BDSM, a fantasia bissexual.

15
Tabela 1
Vivências Iniciais da Sexualidade em Contexto BDSM e em Contexto Baunilha
Sexualidade Sexualidade
Baunilha BDSM
Atração Heterossexual 42.6% 40.7%
Atração Homossexual 5.6% 3.7%
Atração Sexual
Atração Bissexual 7.4% 3.7%
Atração Pansexual 1.9% 7.4%
Atração Heterossexual 38.9% 46.3%
Atração Bissexual 3.7% NA
Atração Romântica Atração Pansexual 7.4% 1.9%
Desassociação a
NA 9.3%
Romance
Comportamento
38.9% 38.9%
Heterossexual
Comportamento Comportamento
NA 3.7%
Sexual Bissexual
Comportamento
NA 3.7%
Pansexual
Fantasia Heterossexual 31,5% 27.8%
Fantasia Homossexual 7.4% 3.7%
Fantasia Sexual
Fantasia Bissexual 3.7% 11.1%
Fantasia Pansexual 3.7% 3.7%

3.2.2. Vivências Atuais


A maioria das pessoas participantes não respondeu de forma válida à questão sobre as
vivências atuais da sexualidade em contexto BDSM e em contexto baunilha, denotando-se
baixas percentagens nas respostas, o que nos impossibilita de efetuar comparações com as
respostas relativas às vivências iniciais. E, ao contrário das vivências iniciais, onde se verificou
os dados tendo em conta as diferentes dimensões da sexualidade (i.e. atração sexual, atração
romântica, comportamento sexual e fantasia sexual), nas vivências atuais os dados foram
verificados de forma geral, uma vez que as pessoas participantes não discriminaram as mesmas
nas suas respostas. Posto isto, tal como é possível verificar na Tabela 2, no contexto baunilha,
atualmente e em geral, a sexualidade é heterossexual, seguida da sexualidade bissexual e
homossexual, que apresentam valores iguais, e, por último, da sexualidade pansexual. Pelo
contrário, no que concerne o contexto BDSM, atualmente e em geral, a sexualidade é
16
heterossexual, seguida da sexualidade pansexual, posteriormente bissexual e, por fim,
homossexual. Tal aproxima-se dos dados retirados da caracterização sociodemográfica acerca
da identidade sexual das pessoas participantes.

Tabela 2
Vivências Gerais e Atuais da Sexualidade em Contexto BDSM e em Contexto Baunilha
Sexualidade Sexualidade Sexualidade Sexualidade
Heterossexual Homossexual Bissexual Pansexual

Sexualidade
7,4% 3,7% 3,7% 1,9%
Baunilha

Sexualidade
20,4% 3,7% 7,4% 9,3%
BDSM

3.3. Importância do Género na Sexualidade Baunilha e na Sexualidade BDSM

3.3.1. Sexualidade Baunilha


Quando responderam ao questionário, 83% das pessoas inquiridas experimentava
sexualidade baunilha. Dessa percentagem, 64% refere que o género da pessoa é importante para
se sentir romanticamente atraído/a, enquanto 36% refere que este não é importante. Contudo,
no que à atração sexual diz respeito, 55% afirma que o género da outra pessoa é importante e
45% refere que não é. Logo, verifica-se valores mais baixos na atração romântica da
importância do género e valores mais elevados da irrelevância do género na atração sexual.
Genericamente, no que se refere à atração romântica, foram encontradas mais categorias
de resposta do que no que respeita à atração sexual. Quando o género é essencial para a atração
romântica experimentada, não só a atração e a orientação sexual (heterossexual) foram
indicadas enquanto motivo, mas também as características de personalidade da outra pessoa; a
ligação entre a atração romântica e o sexo, não separando os dois tipos de atração do
comportamento; a reprodução, isto é, quando só se encontra romanticamente atraído por um
sexo com a qual se possa reproduzir, neste caso, o sexo oposto; e, por fim, a identidade de
género da própria pessoa inquirida enquanto definidora do género pela qual se iria sentir atraída,
denotando-se os papéis do género e heterossexualidade imposta por parte de uma sociedade
heteronormativa. Quando o género é irrelevante, mais de metade dos/as inquiridos/as
responderam que as pessoas e as suas características de personalidade, seguido das interações
e afeto trocados durante o relacionamento são mais essenciais do que o género; uma pessoa
17
referiu a sua atração (sente-se atraída quer seja por pessoas cisgénero como por pessoas trans)
e outra realçou a irrelevância do aspeto físico para se sentir romanticamente atraída por alguém.
Por fim, no que concerne à atração sexual, quando o género é importante, as únicas
categorias que emergiram dos dados foram a atração e a orientação sexual heterossexual.
Contudo quando o género é desimportante, à categoria atração acrescem as categorias pessoas
e suas características de personalidade e a orientação sexual pansexual.
Tanto para a atração sexual como para a atração romântica, aproximadamente metade
das pessoas inquiridas referiu a própria atração que sentem, para com determinado grupo de
pessoas, o que explana o género enquanto aspeto determinante. Porém, é de notar, que quando
o género é irrelevante para sentir atração sexual por outrem, a atração permanece como resposta
de metade das pessoas participantes. Tal se deve ao facto de sentirem atração por vários géneros
ou por justificações dos/as praticantes que incluem considerarem a atração sexual “mais neutra
do que a romântica” (P32) e demonstrarem uma maior flexibilidade na atração sexual do que
na atração romântica: “Não me imagino ter uma relação romântica com alguém que não fosse
um homem mas, a nível sexual, sinto atração por outras mulheres” (P6). Em segundo lugar,
também para ambos os tipos de atração, surge como justificação a orientação sexual, neste caso
heterossexual, enquanto guia das interações e atrações que sentem para com outrem.

3.3.2. Sexualidade BDSM


No que diz respeito à sexualidade BDSM, experimentada pela totalidade da amostra
estudada, 67% das pessoas participantes refere que o género da pessoa é importante para se
sentir romanticamente atraída e 33% refere que não é. Já para a atração sexual, 56% considera
o género importante e os restantes 44% consideram não ser importante. Por fim, no que respeita
as plays/práticas BDSM, 54% refere que o género é importante e 46% refere que o género não
é importante para realizar atividades BDSM, aproximando-se dos valores da atração sexual.
De modo geral, na sexualidade BDSM, foram encontradas mais categorias de resposta
do que na sexualidade baunilha. Neste subtema, foi igualmente averiguada a importância do
género nas plays/práticas BDSM.
Quando o género é considerado fundamental na atração romântica vivenciada,
categorias como atração, papel/prática BDSM, ligação entre sexo e atração, orientação sexual
heterossexual, intensidade da experiência BDSM, pessoas e suas características e flexibilidade
a nível da atração sexual que poderão sentir para com outros géneros, emergem dos dados.
Quando o género não é importante, as categorias pessoas e suas características e o papel/prática
BDSM surgem como o motivo apontado de forma equitativa, seguido da sensação de confiança

18
na pessoa, da compatibilidade e conexão emocional, da relação de intimidade estabelecida e,
por fim, o facto de a orientação sexual ser bissexual.
Por outro lado, no que concerne à atração sexual, o género é importante devido à atração
sentida por determinado género, ao papel/prática BDSM, como também devido ao facto da
orientação sexual ser heterossexual, da compatibilidade e conexão emocional que estabelece
somente com determinado género e da confiança necessária nas relações e comportamentos no
contexto BDSM. Em contrapartida, quando o género não é crucial, surgem pessoas e as suas
características, a qualidade e disponibilidade em praticar BDSM, a compatibilidade e conexão
emocional, a atração que sentem somente para com determinado género e o facto de a
orientação ser bissexual.
Por fim, quando o género é essencial para as plays/práticas BDSM, não o é somente
devido à atração e ao papel/prática BDSM, mas também devido à orientação sexual das pessoas
inquiridas (heterossexual) como da ligação que fazem entre o que é sexo e o que é sexual,
associando o BDSM a atividades sexuais e, deste modo, associando-o à orientação sexual.
Adicionalmente, quando o género não é fundamental, a compatibilidade e a conexão emocional,
pessoas e suas características de personalidade, o facto de considerarem o BDSM como uma
atividade não-sexual e uma atividade onde não associam a existência de romance, tal como a
qualidade da prática, são apresentados como motivos, juntamente com o já mencionado
papel/prática BDSM.
Quando o género é importante, a atração surge, novamente, como justificativa de perto
de metade das pessoas, tanto para a atração sexual, a atração romântica e para as plays/práticas
BDSM. Quando não é essencial, as pessoas e suas características de personalidade são
fundamentais para a atração sexual e romântica. Para as plays o papel/prática BDSM será o
mais importante em detrimento do género.

Tabela 3
Comparação entre Sexualidade Baunilha e Sexualidade BDSM
Sexualidade Baunilha Sexualidade BDSM

Atração Atração Atração Atração Plays/


Romântica Sexual Romântica Sexual Práticas

Género
64% 55% 67% 56% 54%
Importante

Género Não
é 36% 45% 33% 44% 46%
Importante

19
3.4. Fluidez Sexual

3.4.1. Conhecimento acerca da Fluidez Sexual


A maioria das pessoas participantes, 74%, referiu ter conhecimento acerca da definição
de fluidez sexual. No entanto, apenas uma das pessoas foi capaz de apresentar a definição
completa. Um quarto das pessoas inquiridas focou-se no carácter contextual e do tempo
relacionado com a fluidez sexual, focaram-se igualmente na experimentação com outros
géneros que não o ditado pela sua orientação sexual, na flexibilidade em termos do género pela
qual sentem atração sexual, independentemente da orientação sexual, como também na
alteração a longo prazo da orientação sexual. Por outro lado, houve pessoas participantes que
redigiram definições que não se aproximavam de nenhum ponto da fluidez sexual: um quarto
destas respondeu com a definição de pansexualidade, e algumas pessoas redigiram a definição
de unlabeled, de pessoa genderfluid ou focaram-se na diferença entre atração sexual e atração
romântica.
Quanto à identificação com o conceito, 44% das pessoas referiu ter-se identificado com
a definição apresentada. Tal concretizava-se, segundo as pessoas inquiridas, devido à sua
orientação sexual plurissexual e à oscilação sentida na atração sexual relativamente aos géneros
das pessoas e ao papel BDSM. Outras duas pessoas inquiridas referiram identificar-se com a
definição apesar de nunca terem tido oportunidade de concretizar. Esta percentagem vai de
acordo com as encontradas na sexualidade baunilha e BDSM no que concerne a irrelevância do
género, nas diferentes dimensões, mas principalmente na atração sexual e nas plays/práticas
BDSM.

3.4.2. Experiência de Fluidez Sexual na Sexualidade Baunilha e na Sexualidade


BDSM

3.4.2.1. Sexualidade Baunilha


Na sexualidade baunilha, independentemente de ser ou não importante para as pessoas
participantes, 20% referiu praticar comportamentos sexuais com pessoas cujo género não está
de acordo com a sua orientação sexual. Destes, 64% são pessoas heterossexuais e cisgénero,
72% são homens e outros 28% são mulheres. Dos restantes 36%, correspondente a pessoas de
minorias sexuais, exatamente metade são homens e outra metade são mulheres.
O sexo considerado “baunilha”, conceptualmente, é o sexo convencional e normativo
entre duas pessoas monogâmicas, de sexo oposto, capazes, da mesma raça, da mesma geração

20
e imaginadas como igualitárias num ambiente privado (Bauer, 2008). À vista disso, apesar de
fetiche, conceptualmente, não ser considerado sexualidade baunilha, este foi indicado como um
dos motivos para experimentarem fluidez sexual. Por outro lado, a procura de prazer, a
experimentação, a atração sentida e o contexto foram outros motivos apontados para
experimentarem fluidez sexual. Esta fluidez é proporcionada por contextos sociais, como festas
e eventos, ou em contextos de sexo em grupo, o que mais uma vez, por ser atividade não-
monogâmica, não será, cientificamente, considerado sexualidade baunilha, ocorrendo de forma
ocasional. Apenas duas pessoas em dez responderam que esta fluidez sexual despoletou
questionamento face à sua orientação sexual.

3.4.2.1. Sexualidade BDSM


Na sexualidade BDSM, independentemente de ser ou não importante para as pessoas
participantes, 31% referiu praticar comportamentos sexuais com pessoas cujo género não está
de acordo com a sua orientação sexual. Destes, 77% são pessoas heterossexuais e cisgénero,
54% são homens e 46% são mulheres. Dos restantes 23%, correspondente a pessoas de minorias
sexuais, 75% são homens e 25% são mulheres.
Os motivos apontados para tal, por metade das pessoas respondentes, foram o próprio
papel ou prática BDSM, a procura de prazer, a experimentação e a compatibilidade, quer a nível
sexual como a nível emocional. Esta fluidez decorre de diversas circunstâncias: um terço das
pessoas participantes referiu o contexto BDSM como incitador da fluidez sexual, e as restantes
referiram o contexto de sexo em grupo e o contexto social, as formações, isto é, workshops
acerca de BDSM e de certas práticas ou kinks¸ convites de outrem, relacionamentos amorosos
que mantenham com outras pessoas e o próprio contexto online. Outras referiram ocorrer de
forma ocasional.
Das doze pessoas que responderam, apenas uma referiu que a fluidez sexual
experienciada levou ao questionamento da sua sexualidade. Esta já tinha respondido de forma
igual quando questionada em relação à sexualidade baunilha. Para outra pessoa, a experiência
de fluidez sexual ajudou “a confirmar que sou hetero” (P17). Aproximadamente metade das
pessoas inquiridas que experimentam fluidez sexual na sexualidade BDSM referiram que a
mesma ocorria em certas práticas (e.g. “A todas sem componente sexual” - P14; “Em contexto
de grupo ou rope bondage (…)” - P49) e as restantes referiram que acontecia em todas as
práticas.

21
4. DISCUSSÃO

Nesta investigação as pessoas praticantes de BDSM consideraram simultaneamente o


BDSM como atividade sexual e como atividade não-sexual. Airaksinen (2017) refere na sua
investigação que, consoante as experiências e significados que cada participante atribui ao
BDSM, é possível encará-lo como uma experiência que pode ir do não-sexual até ao totalmente
sexual. Desta forma, cada pessoa tem a sua própria delimitação de fronteiras entre experiências
e comportamentos sexuais e não sexuais (Simula, 2019a). No entanto, tal contraria alguns
estudos (Faccio et. al, 2020; Newmahr, 2010) que referem que existe uma divisão entre as
pessoas praticantes no que diz respeito à forma como caracterizam o BDSM: de um lado, os/as
praticantes que excluem qualquer atividade de cariz sexual e, por outro lado, praticantes que
veem o BDSM como potencialmente sexual, mas não consideram este cariz sexual como um
aspeto fundamental da experiência.
Pese embora quase ninguém tenha sido capaz de apresentar a noção completa de fluidez
sexual, a maioria das pessoas inquiridas tinha uma ideia acerca deste construto e perto de
metade identificava-se com a sua definição. Este dado é importante pois, não obstante as
pessoas não possuírem um conhecimento teórico completo acerca deste construto, reconhecem-
no nas suas vidas e vivenciam-no, desconsiderando o modelo heteronormativo no que respeita
à forma de experienciar a sexualidade. Ou seja, apesar da sua experiência não procuram
necessariamente um significado concetual para a mesma. Segundo Katz-Wise e colaboradores
(2019), as pessoas que experimentam fluidez sexual usualmente têm crenças e atitudes
específicas relacionadas com a fluidez sexual ou, então, conjuntos de ideias que estão
relacionados intimamente com a fluidez sexual, mas que não a definem (e.g. escolha em relação
à orientação sexual, incerteza em relação à orientação sexual futura). Logo, apesar de as pessoas
praticantes do nosso estudo não terem conhecimento total da definição, têm diversas crenças e
atitudes relacionadas com a fluidez sexual que podem contribuir para a experiência e
identificação com a mesma (e.g. “Tudo na vida é mutável.” - P39; “A liberdade de viver a
sexualidade da forma que fizer mais sentido naquele momento sem se prender a rótulos” - P15).
É de ressalvar que, apesar de as pessoas participantes referirem a sua orientação sexual
enquanto forma de vivenciarem a fluidez sexual, categorias como a bissexualidade,
sapiossexualidade e pansexualidade denotam orientações sexuais estáveis e que não dependem
do contexto nem da baliza temporal. Ora, tal é o oposto de fluidez sexual, uma vez que é uma
característica que leva uma pessoa a experimentar atração por um género não correspondente à

22
sua orientação sexual, em determinados contextos e períodos (Diamond, 2016). Estes dados
contrastam com a ausência de estudos identificados sobre o conhecimento das pessoas
relativamente ao conceito de fluidez sexual.
Relativamente à fluidez sexual existem mais estudos realizados em contexto baunilha
do que em contexto BDSM. Neste estudo, verificou-se uma presença maior de fluidez sexual
na prática de BDSM do que na prática de sexualidade baunilha. Simultaneamente, constatou-
se que não só as pessoas heterossexuais demonstram maior fluidez sexual do que pessoas não-
heterossexuais como, dentro do grupo das pessoas heterossexuais, foram os homens cisgénero
quem demonstrou mais fluidez sexual por oposição às mulheres cisgénero, o que não está de
acordo com a literatura. As diferenças entre homens cisgénero e mulheres cisgénero foi menor
no contexto BDSM comparativamente ao contexto baunilha. Relativamente às pessoas de
minorias sexuais, no contexto baunilha, os homens e as mulheres são igualmente fluidos, mas,
pelo contrário, no contexto BDSM os homens são mais fluidos sexualmente do que as mulheres.
Os dados do nosso estudo estão de acordo com os resultados encontrados por Chaline (2010)
na sua investigação: em ambos os contextos as pessoas praticantes, de ambos os sexos,
realizaram comportamentos sexuais que não se coadunam com a sua orientação sexual, o que,
no estudo de Simula (2012), só ocorria em contexto BDSM.
Uma possível explicação para o facto de mais homens heterossexuais experienciarem
fluidez sexual do que mulheres heterossexuais, em contexto baunilha, pode estar relacionada
com a conotação dada à sexualidade baunilha: várias pessoas referiram o sexo em grupo e o
fetiche enquanto formas de vivenciarem a fluidez sexual nas práticas baunilha, contudo,
conceptualmente, estas são consideradas formas de sexualidade não normativas ou não
baunilha. Posto isto, existem dados contraditórios na literatura. Encontramos estudos que
referem a presença de fluidez sexual de igual forma em homens e em mulheres (Savin-Williams
et. al, 2017; Cohen et. al, 2020), no entanto vários outros estudos referem que as mulheres
experienciam mais fluidez sexual do que os homens, quer sejam heterossexuais ou não (Katz-
Wise et. al, 2019; Currin et. al, 2016; Diamond, 2016; Lund et. al, 2016; Berona et. al, 2018).
Katz-Wise e colaboradores (2019) referem que pessoas não-heterossexuais estão mais
propensas do que pessoas heterossexuais a experienciar fluidez sexual nas atrações, contudo
Currin e colaboradores (2016) observaram maior fluidez sexual nos comportamentos sexuais
de pessoas heterossexuais. Acredita-se que existe maior fluidez sexual por parte das mulheres,
uma vez que a atração pelo mesmo sexo é entendido por estas como mais normativo e por
subsistir mais homofobia dirigida à sexualidade masculina do que à sexualidade feminina do
mesmo sexo (Currin et. al, 2016; Diamond, 2016). A dimensão e causa destas possíveis

23
diferenças de género permanecem, todavia, pouco explícitas e aparentam ser inconsistentes
(Cohen et. al, 2020; Diamond et. al, 2016).
Por outro lado, na sexualidade BDSM, tal como foi justificado pela maioria das pessoas
na nossa investigação, é o próprio contexto BDSM que fomenta a vivência de fluidez sexual:
devido às suas práticas, fetiches experimentados, plays realizadas (e.g. bondage, dominação)
ou mesmo devido ao carácter não-sexual atribuído a certas práticas. E, tal como foi
anteriormente referido, muitas pessoas praticantes realizam BDSM com pessoas cujo género
não corresponde ao género ditado pela sua orientação sexual (Better & Simula, 2015; Ritchie
& Barker, 2005; Simula, 2012, 2019a; Zambelli, 2017).
Quanto à experiência das pessoas de minorias sexuais com a fluidez sexual, estas
interagem com géneros pelos quais usualmente não sentem atração ou não sentem em
determinados momentos e contextos. É de ter em atenção que uma pessoa pansexual ou
bissexual não sentirá necessariamente o mesmo nível de atração para com todos os géneros pela
qual se sente atraída. Tal verifica-se no discurso do participante 42 quando afirma “Bdsm só
me dá prazer com homens, amor só me dá prazer com mulheres” e do participante 48 quando
refere que “O meu prazer consiste [em] ocupar o espaço da submissão e perceber que quem
está a dominar tem prazer na sua actividade”. Assim, se por um lado, o género define a prática
BDSM, por outro lado, o que importa é a prática BDSM e não o género. Por fim, em ambos os
contextos, a experimentação e procura de prazer surgem enquanto motivos, o que se aplica tanto
a homens cisgénero, como a mulheres cisgénero, isto é, a curiosidade em experimentar e
usufruir livremente da sua sexualidade. Tal como o participante 2 refere “Não é a sexualidade
o foco e sim a prática”.
Outro ponto que analisámos e consideramos fulcral é a importância do género em duas
dimensões da sexualidade, a atração sexual e a atração romântica, em ambos os contextos, como
também nas plays realizadas no contexto BDSM. Erroneamente se assume que alguém
romanticamente atraído somente pelo sexo oposto será de igual forma sexualmente atraído
apenas por esse sexo, tal como se assume que pessoas que se sentem romanticamente atraídas
por ambos os sexos serão do mesmo modo sexualmente atraídas por ambos os sexos (Lund et.
al, 2016). A atração romântica e a atração sexual são dimensões fortemente associadas, mas
não são idênticas (Lund et. al, 2016; Savin-Williams et. al, 2017). Por vezes, tal pode ser
enquadrado na fluidez sexual, como, por exemplo, quando sentem atração romântica e/ou
atração sexual e/ou realizam plays com géneros que não são coincidentes com a sua orientação
sexual, demonstrando capacidade de se sentir atraídos/as por alguém, descurando o seu género
(Diamond, 2008). No nosso estudo, a importância do género diminui na atração sexual e nas

24
play/práticas, por comparação à atração romântica, em ambos os contextos. Tal deve-se à
fluidez sexual em atividades consideradas sexuais, especialmente no que concerne à atração
sexual, e às atividades tanto sexuais como não-sexuais das plays/práticas BDSM, mas, também,
devido à preferência por determinado género na atração romântica e por outro na atração sexual,
o que não constitui fluidez sexual. Tanto para o contexto BDSM como para o contexto baunilha,
foram encontradas justificações similares no que concerne à importância do género na atração
romântica. Assim, vários/as participantes referiram pessoas e suas características, interações e
afeto, compatibilidade emocional e relação de intimidade enquanto motivos pelos quais sentem
atração por determinado género ou por determinada pessoa. As características de personalidade
(e.g. apoio, afeto, bondade, confiança, comunicação, honestidade, sensibilidade), como também
a inteligência, têm sido referidos na literatura como dos traços mais desejáveis para alguém se
sentir atraído por uma pessoa romanticamente (Fletcher et. al, 1999; Fletcher et. al, 2004;
Malach Pines, 2001; South Palomares & Young, 2019). É de realçar que pessoas e suas
características de personalidade surgem tanto quando o género é importante como quando não
é. Tal ocorre porque, como afirma P21, “diferentes indivíduos despertam diferentes níveis de
intimidade em mim (…) dependendo das circunstâncias da minha vida posso preferir estar mais
com mulheres ou homens ou não binários”. Também P11 faz uma declaração no mesmo sentido
quando refere que “diferentes géneros despertam diferentes perspetivas no sexo. Apesar de ser
bi, vejo homens e mulheres de formas diferentes”. Logo, apesar de o género ser importante, as
características das pessoas são igualmente fundamentais e existe uma diferente perceção acerca
do que cada género desperta nas pessoas, sendo particularmente verificável em pessoas cujas
orientações sexuais são plurissexuais. Desta forma, existem diversos fatores que contribuem
para a escolha de pessoa parceira romântica que não apenas o género.
Para outras pessoas participantes, a atração romântica baseia-se na atração que sentiam
somente para com determinados géneros ou era mesmo regida pela sua orientação sexual,
havendo pessoas a associar o sexo ao romance. É o expectável tendo em conta que dentro da
sexualidade normativa é suposto a atração romântica e a atração sexual serem coincidentes.
Contudo, no contexto BDSM é de ressalvar a confiança necessária no outro, referida por parte
da amostra, devido ao risco inerente a certas práticas e à própria intimidade que surge da prática,
sendo importante existir este sentimento de segurança para que a pessoa se sinta atraído/a
romanticamente.
Em relação à atração sexual, Buss e Schmitt (2019) verificaram que traços de
personalidade eram igualmente importantes. Também Meeker (2011) notou que a atração
sexual e o comportamento sexual de algumas pessoas podem estar mais relacionados com

25
características da pessoa parceira do que com o seu género. Contudo, tal como seria de esperar,
mais de metade das pessoas referiu a atração sentida para com determinado género ou a sua
orientação sexual enquanto justificativa para o facto de o género ser tanto importante como não
importante.
O papel/prática BDSM é uma categoria que ganha relevo na sexualidade BDSM: um
terço das pessoas participantes que refere o género como essencial para as plays menciona o
papel como determinante do género com a qual realizam as plays, uma vez que o género está
associado à prática (e.g. relações de poder) e/ou ao fetiche (e.g. femdom): “Depende da prática:
para práticas de D/s sim, porque a minha vivência de D/s está muito associada a roleplays de
papéis de género e por isso só me faz sentido submeter-me a um homem.” (P13). Como também
pode ser uma questão de gosto pessoal ou o próprio género produz respostas diferentes à pessoa
que pratica: “Diferentes géneros podem induzir diferentes respostas dom ou sub” (P32) e “sinto
que quando o pratico com homens me sinto melhor. Sinto me mais sub do que se estivesse com
uma mulher, por exemplo.” (P21). No entanto, perto de metade das pessoas inquiridas que
declara que o género não é importante nas plays refere que é a prática ou o papel com quem
praticam o mais crucial (“O que importa é o papel que desempenha na dinâmica, o género não
o determina.” - P35) ou devido à sua kink (“Porque gosto da interação Bull/Cuck” - P41). Isto
está de acordo com a informação anterior relacionada com a fluidez sexual em contexto BDSM.
Para a atração romântica, tanto quando não é importante como quando o género é
importante, o papel/prática BDSM é referido em segundo lugar como motivo. Somente não é
uma categoria mencionada quando o género não é importante para a experiência de atração
sexual. Estes dados estão de acordo com a literatura (Better & Simula, 2015; Carlström, 2017;
Newmahr, 2011; Simula, 2012, 2019a; Simula & Sumerau, 2017; Sprott & Hadcock, 2018) que
sublinha que o papel no BDSM é a categoria mais importante no contexto BDSM em
comparação com o género e a orientação sexual, preferindo outros fatores como a personalidade
ou o estilo individual. Apesar disto, a atração sentida, associada à orientação sexual, continua
a ter um papel importante, sendo mencionada por mais de metade das pessoas participantes que
consideram o género importante na atração romântica, na atração sexual e nas plays/prática: ou
seja, o género continua a definir e moldar a experiência BDSM (Simula, 2012; 2019a).
Nas plays, tal como tem vindo a ser referido, também as características pessoais,
relações interpessoais e a qualidade da prática são mais importantes do que o género: “Valorizo
prioritariamente a personalidade dominadora, independentemente do sexo, orientação sexual
ou aspeto físico” (P48) e “tomo como prioridade a compatibilidade sexual e emocional para
evitar situações desconfortáveis ” (P1). O género é, igualmente, considerado irrelevante devido

26
ao carácter não-sexual atribuído ao BDSM. Por outro lado, é importante devido ao carácter
sexual que associam a certas práticas, ocorrendo esta contradição entre participantes.
Outro género de fluidez verificado no presente estudo foi a identidade das pessoas
praticantes de BDSM. Não só as pessoas participantes se identificam de forma distribuída nos
papéis dos espectros de dominação e submissão e do papel switcher, como também demonstram
uma identificação estável com os papéis BDSM, verificando-se pouca fluidez nos mesmos. Tal
não está de acordo com a investigação prévia, uma vez que os/as praticantes têm maior
tendência em identificar-se com papéis no espetro da submissão do que com outros papéis
(Damm et. al, 2018), como também, usualmente, apresentam um certo nível de fluidez
no papel BDSM, apesar de se identificarem com um papel em específico, ou ocorre alteração
de papel (Martinez, 2018; Sprott & BenoitHadcock, 2018), algo que apenas foi apurado
em 18% das pessoas praticantes do nosso estudo. Logo, demonstraram uma maior estabilidade
no que concerne o papel BDSM do que a própria atração sexual sentida durante as práticas
BDSM e baunilha.
Por último, na presente investigação, procurou-se explorar as diferentes dimensões da
sexualidade em ambos os contextos e em dois espaços temporais distintos (i.e., atualmente e
inicialmente), de forma a verificar uma outra forma de experiência de fluidez sexual (i.e., a
mudança nas atrações no decorrer da vida), contudo tal não foi possível verificar devido às
respostas encontradas no tema vivências atuais da sexualidade. Deste modo, foram comparadas
as sexualidades entre contextos no mesmo período temporal.
No que respeita à sexualidade atual das pessoas praticantes, não é possível retirar
conclusões comparativas de ambos os contextos, uma vez que o número de respostas válidas
não é o suficiente para o realizar, como também houve mais respostas para a sexualidade BDSM
do que para a sexualidade baunilha. Contudo, verificou-se, e tendo em conta as limitações
anteriormente enumeradas, que no contexto BDSM, por oposição ao contexto baunilha, existe
uma maior variabilidade nos comportamentos e atrações românticas e/ou sexuais, uma vez que
as sexualidades bissexuais e pansexuais são mais predominantes no primeiro contexto. O
BDSM é assim um espaço onde as sexualidades não-normativas, nas suas diversas dimensões,
são mais passíveis de serem vividas e usufruídas. Verificamos tal com a declaração da
participante 6: “Tenho uma relação com um homem dominante e faço plays não sexuais com
uma mulher dominante”; como da participante 37: “Nesse momento estou numa relação não
monogâmica, pelo que pratico bdsm com um dos meus parceiros (homem) mas mais vanilla
com outra parceira (mulher)”. A sexualidade é um construto repleto de diferentes e

27
heterogéneos espetros que apesar de relacionados entre si são independentes, tal como podemos
constatar com a seguinte resposta:

“Atualmente pratico BDSM maioritariamente com o meu parceiro do sexo oposto (agender), por vezes
incluímos outras parcerias cujo sexo é o feminino, mas o género é não-binário/género fluído. Tenho
fantasias com os vários géneros, sinto atração romântica independentemente do género. Atração sexual
maioritariamente pelo sexo oposto, mas acontece independentemente do género.” (P35)

De igual modo, na atualidade, verifica-se a preferência, por parte das pessoas


praticantes, em realizar práticas no contexto BDSM, em detrimento do contexto baunilha. Este
último é realizado de forma ocasional e dependendo de diversos elementos, tais como os
relacionamentos amorosos em que se encontram e a confiança: “Não é uma prática regular,
acontece mais no início de um relacionamento, num momento em que ainda não há tanta
confiança ou ainda não foram abordados outros tipos de práticas” (P25). É assim necessária
alguma adaptabilidade face a pessoas parceiras que não são kinky, ressalvando o consentimento
para realizar estas práticas, tal como os seguintes participantes referem: “Basicamente sou
baunilha com quem é baunilha (consentimento is key) (…)” (P51) e “(…) aceitação que o
parceiro pode não ter personalidade BDSM” (P52). Por outro lado, algumas pessoas praticantes,
como a participante 21, ressalvam o cariz íntimo da sexualidade baunilha: “Ocorre
ocasionalmente e é normalmente uma coisa mais íntima. (…) Normalmente satisfaz-me
emocionalmente também, para além do prazer sexual”.
No que concerne as experiências, atrações e comportamentos iniciais da sexualidade das
pessoas participantes, verifica-se, em ambos os contextos, que os e as jovens são
heterogéneos/as e dinâmicos/as na forma como experienciam e vivem as suas sexualidades,
apesar de se desenvolverem dentro dos limites da heteronormatividade, do sexo normativo (i.e.,
sexo baunilha) e da heterossexualidade compulsória (Stewart et. al, 2019). É possível constatar
o mesmo em diversas respostas das pessoas praticantes do nosso estudo, onde o que é esperado
é a heterossexualidade nas diferentes dimensões: “As primeiras foram atracções heterossexuais,
possivelmente influenciada pelo que seria esperado, mas relativamente pouco tempo depois
começaram a aparecer atracções sexuais por indivíduos do mesmo sexo.” (P9). Também a
participante 37 faz uma declaração no mesmo sentido “Por homens sempre foi muito mais
normal, por ser normativo. Por mulheres, sempre senti atração sexual, mas só me permiti
explorar essa atração sexual mais tarde, aos 21 anos.”, como também a participante 30 refere
“Os meus primeiros atos sexuais foram bastante tardios, nunca cheguei a realizar quaisquer atos
com mulheres, por temer na altura o preconceito para comigo.”. Ou seja, tanto a

28
heterossexualidade compulsória como a homofobia levam a que as pessoas, na sua
adolescência, sintam receio de questionar e experimentar a sua sexualidade, e se pensem
heterossexuais por ser a norma, levantando questões em relação às suas atrações somente algum
tempo depois. Finalmente, percebemos de igual forma que alguns/mas adolescentes
demonstram discordância nas diferentes dimensões da sexualidade, tornando fulcral o estudo e
a integração de múltiplos aspetos da orientação sexual na investigação relacionada com o
mesmo. Tal verifica-se, por exemplo, na pessoa participante 35:

“Senti-me atraída sexualmente apenas pelo sexo oposto até por volta dos 16 anos, embora já tivesse
atração romântica pelo mesmo sexo que eu desde por volta dos 12. Até aos 20 anos nunca me relacionei
de forma romântica ou sexual com o mesmo sexo que o meu, embora me sentisse atraída.”

Na adolescência, no que alude à sexualidade BDSM, já várias pessoas referem o carácter


importante da prática em si, em detrimento do género, nas suas atrações e fantasias: “Os
pensamentos mais bdsm começaram a surgir quando me assumi como bi. Era me irrelevante o
género das pessoas quando pensavam em bdsm. Apenas queria saber das práticas” (P11).
Romanticamente, no BDSM existe uma maior presença da heterossexualidade
comparativamente à sexualidade baunilha. Para além disso, no contexto baunilha existe uma
maior porção de pessoas que apresentam atração romântica pansexual e bissexual. Ademais,
não existem discrepâncias na atração sexual e nas fantasias sexuais entre ambos os contextos.
Verificam-se diferenças somente nos comportamentos sexuais, onde, para o contexto BDSM,
se verificam, conjuntamente com os comportamentos heterossexuais, comportamentos
plurissexuais. Tal pode acontecer uma vez que a sexualidade baunilha, em geral, é usualmente
experimentada na adolescência, enquanto para a sexualidade BDSM, apesar de as fantasias e
atrações iniciarem na adolescência, os comportamentos tendem a iniciar em adulto (Coppens
et. al, 2020; Pascoal et. al, 2015). Este seria um tema a explorar mais profundamente com as
pessoas participantes de forma a apreender os significados que atribuem a cada dimensão
sentida, como a idade em que ocorrem, em vez de somente perceber qual o tipo de atração.
Todas estas complexidades seriam melhor abordadas numa investigação que estudasse
especificamente estas questões.
As pessoas praticantes de BDSM, particularmente as mais jovens, tendem a
experimentar a sua sexualidade com maior fluidez e a explorar a sua identidade de género, as
preferências sexuais, as identidades e as práticas de uma forma mais livre (Meeker, 2011;
Zambelli, 2017). Ademais, a realização de comportamentos sexuais com pessoas do mesmo
sexo e de sexo diferente, é considerada uma parte normativa do desenvolvimento da descoberta
29
da identidade sexual (Currin et. al, 2016). Constata-se, assim, que apesar de a literatura
científica se focar somente no estudo da fluidez sexual em pessoas adultas, adolescentes podem
já demonstrar fluidez sexual, comummente mascarada pelo termo experimentação sexual.
Logo, como há pessoas adultas que tendem a experimentar a sua sexualidade de forma mais
fluida, existem também adolescentes que a experimentam de forma mais fluida. Se levam essa
fluidez para a vida adulta seria outra questão interessante a estudar.
Em suma, todas as pessoas, independentemente da sua idade, devem ter a oportunidade
de navegar, explorar e formar a sua identidade sexual numa sociedade que respeita as
complexidades do desenvolvimento da orientação sexual e que é livre de pressões e repressões
sociais (Stewart et. al, 2019). É fulcral caminhar para um corpo social onde se pode viver e
usufruir da sexualidade, nas suas diversas facetas, complexidades e dimensões, e questionar
livremente as suas atrações e comportamentos sem sentir necessidade de se categorizar. O
BDSM acaba assim por ser uma forma de exponenciar a sexualidade sem categorizações e de
questionar o normativismo subjacente à sociedade. Tal parte também da própria pessoa e da sua
individualidade, ao recusar a cristalização do exterior social em si, partindo em busca de
satisfação nas múltiplas formas que conhece e que quer vir a conhecer. E, é no BDSM, que
encontra a segurança para o realizar, revendo o mesmo enquanto um porto seguro da sua
socialização. Tal como a pessoa participante 35 refere:

“Nada está fechado em caixinhas. O ser humano está em constante desenvolvimento e a sexualidade não
é exceção. Tal como se prova uma maçã que não se gosta e se admite não se gosta de maçãs até que se
decide provar outra de outro tipo ou até do mesmo e já se gosta, acontece o mesmo com pessoas. O eu de
há uma semana não é o mesmo eu de hoje e isso faz-nos olhar e sentir o mundo de forma diferente. (…)
Isto no que toca a pessoas ainda é mais complexo, porque eu mudo mas o outro também. A primeira maçã
se calhar até já estava a apodrecer ou estava ainda muito verde e passado uma semana já era outra maçã
totalmente diferente, ainda que fosse a mesma. Acho que as caixinhas fazem falta para quem se está a
descobrir se orientar, mas que não deviam ser caixinhas. Deviam ser portas diferentes que dessem todas
para a mesma sala.”

30
5. CONCLUSÃO

É possível concluir, através desta exposição e da exploração da fluidez sexual, que as


pessoas praticantes de BDSM do nosso estudo são relativamente fluidas sexualmente,
especialmente no que respeita a irrelevância do género na atração sexual e nas plays/práticas
BDSM. Diversas justificações face à importância do género emergiram denotando-se o carácter
complexo e multifacetado que esta temática levanta. Também se constatou que o género não é
o único fator determinante na atração associando-se a outros no momento de escolha da pessoa
parceira, tal como a sua personalidade.
Pretendeu-se igualmente analisar a evolução da sexualidade nas suas diferentes
dimensões, de forma a verificar um outro tipo de fluidez sexual, no entanto, não foi possível
extrair conclusões relativamente à mesma devido ao parco número de respostas válidas como
também devido à forma como o questionário foi construído, excetuando o carácter compulsório
da heterossexualidade, imposto pela sociedade, nas atrações e comportamentos sexuais iniciais
das pessoas. Assim sendo, tal limita as experiências das pessoas ao estigmatizá-las e levá-las a
questionar se o que sentem e o que fazem é o correto perante as normas da sociedade. Por outro
lado, verificou-se a presença de orientações monossexuais e plurissexuais tanto nas atrações
sexuais e românticas como nas fantasias sexuais, em ambos os contextos.
Concluiu-se que o BDSM e os seus praticantes resistem às categorizações sociais, tais
como a orientação sexual e o género, uma vez que apresentam uma maior flexibilidade e fluidez
na sua sexualidade, praticando BDSM, como também sexo baunilha, com pessoas de uma
ampla gama de géneros, apesar de, na maioria dos casos, referirem orientações sexuais
monossexuais. Esta fluidez deriva, principalmente, de práticas sexuais não-normativas, como
os fetiches, as atividades BDSM, as práticas não-monogâmicas e da curiosidade em
experimentar e usufruir do prazer que as atividades podem dar independentemente do género
com quem praticam. Também é de ter em conta a noção de sexo baunilha para as pessoas
praticantes, uma vez que parte da amostra estudada associava práticas não-normativas ao
conceito de sexualidade baunilha. Para além disso, verificou-se uma maior fluidez sexual nos
homens, comparativamente às mulheres, independentemente da orientação sexual, o que é
inovador nos estudos desta área. Esta investigação permitiu, de igual forma, estudar as nuances
da sexualidade de pessoas de minorias sexuais, pois apesar da sua fluidez no que concerne à
orientação sexual, as mesmas podem ter géneros que preferem dependendo da dimensão da
sexualidade.

31
Esta investigação permitiu iniciar os estudos portugueses focados na fluidez sexual e
progredir a literatura relacionada com o BDSM em Portugal de forma não patológica. Deste
modo, é aberto um pouco mais o espaço para a discussão relativa a práticas não-normativas de
sexualidade, à influência dessas nas práticas normativas, o género, a orientação sexual e todas
as dimensões constituintes da sexualidade. Esta investigação pode, ainda, vir a dar um
contributo para o desenvolvimento de modelos de sexualidade mais inclusivos. Todos estes
novos conceitos acerca da orientação sexual e suas flutuações necessitam de ser considerados
quando se pensa em políticas de promoção contra o estigma e a discriminação. Na prática, a
exploração que efetuámos contribui para o desenvolvimento de intervenções, abordagens e
políticas sociais que não estão confinadas ao binário da orientação sexual e do género, como
não utiliza estes dois últimos enquanto definidores dos comportamentos sexuais, resultando
numa maior compreensão das pessoas e das suas experiências. Estes resultados denotam a
importância em educar as pessoas em geral sobre o desenvolvimento da orientação sexual,
como também as pessoas que trabalham na promoção da saúde mental, de modo a não forçarem
rótulos tradicionais de orientação sexual como de práticas sexuais. O modelo de sexualidade
heteronormativo pode e deve ser desafiado.
Em estudos futuros seria interessante verificar de forma mais aprofundada as diferenças
de género e orientação sexual no que concerne a fluidez sexual, especialmente em amostras
portuguesas, uma vez que alguns dos resultados do estudo são contraditórios com a literatura
científica existente. Seria de igual forma pertinente realizar estudos longitudinais relacionados
com a evolução da sexualidade das pessoas participantes, nas diferentes dimensões, de forma a
colmatar as questões surgidas na discussão. Por fim, seria também importante explorar a
experiência de fluidez sexual, de forma aprofundada, em estudos independentes, em cada uma
das suas formas de representação.
Este estudo tem um número de limitações associadas ao instrumento e à população
estudada. Uma primeira limitação é o facto de o instrumento ter sido distribuído online,
limitando a amostra conseguida a pessoas que têm pelo menos acesso a um computador e
percebem como utilizar o mesmo. De igual modo, não foi possível chegar à saturação dos dados.
É, assim, necessário ter em atenção que as conclusões retiradas neste estudo não são
generalizáveis para toda a população praticante de BDSM. Segundo, uma vez que o instrumento
de recolha foi um questionário online, a incompreensibilidade de questões e impossibilidade de
responder a dúvidas durante o preenchimento do mesmo comprometem as respostas. De igual
forma, não permitiu a verificação de respostas mais completas em termos de conteúdo tal como
uma entrevista permite.

32
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Behavior, 38(1), 53–73.
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Research, and Practice, 4(1), 75–91. https://doi.org/10.1037/cns0000097.supp
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37
7. ANEXOS

Anexo A – Questionário Online

DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS
1. Idade:
2. Nacionalidade:
3. Escolaridade:
1) 4º ano 5) Licenciatura
2) 6º ano 6) Mestrado
3) 9º ano 7) Doutoramento
4) 12º ano
4. Sexo:
1) Feminino
2) Masculino
3) Intersexo
5. Identidade de género:
1) Mulher Cisgénero [Pessoa a quem foi atribuído o sexo feminino à nascença
e que se identifica com o género feminino]
2) Homem Cisgénero [Pessoa a quem foi atribuído o sexo masculino à nascença
e que se identifica com o género masculino]
3) Mulher Trans [Pessoa a quem foi atribuído o sexo masculino à nascença e
que se identifica com o género feminino]
4) Homem Trans [Pessoa a quem foi atribuído o sexo feminino à nascença e que
se identifica com o género masculino]
5) Pessoa Não-Binária [Não se identifica a 100% com o sexo feminino nem a
100% com o sexo masculino]
6. Identidade Sexual [Igual a orientação sexual, ou seja, traduz o género pela qual a
pessoa se sente atraída sexual e romanticamente]:
1) Heterossexual
2) Homossexual
3) Bissexual
4) Pansexual

38
5) Assexual
6) Em questionamento
7) Unlabeled / Não me identifico com nenhuma etiqueta

CARACTERIZAÇÃO BDSM
1. O que é para si o BDSM? [Pode dar mais do que uma resposta]
a. Estilo de vida
b. Prática Sexual
c. Prática Não-Sexual
d. Outra:
2. Atualmente com que papel se identifica no BDSM?
a. Submisso [e.g. Submisso/a e/ou Masoquista e/ou Bottom e/ou Escravo/a e/ou
Brat e/ou Rope-Bunny e/ou Prey e/ou Degradee]
b. Dominante [e.g. Dominador/a e/ou Sádico/a e/ou Top e/ou Mestre/a e/ou Brat
Tamer e/ou Rigger e/ou Hunter e/ou Degrader]
c. Switcher
3. Já se identificou com outro papel no BDSM? [Sim/Não]
4. Há quanto tempo pratica BDSM?
5. Desde que começou a praticar, tem-no feito de forma contínua ou teve algum período
em que interrompeu?
6. Está integrado/a na comunidade de BDSMers?

FORMULÁRIO
PARTE 1
Pensando no momento presente responda às seguintes questões. Pedimos que leia
com calma as questões. Não existem respostas certas ou erradas.
Nesta secção, pretendemos verificar se o género da pessoa com quem tem práticas
sexuais é importante. Aqui, vai encontrar um grupo de questões que diz respeito à
sexualidade baunilha - caso se aplique a si (i.e., comportamentos sexuais normativos que
não incluem elementos de BDSM, kink ou fetiche, tal como o sexo penetrativo pénis-vagina)
- e outro conjunto de questões que dizem respeito à sexualidade/prática BDSM.

PARTE 1.1
Sexualidade Baunilha

42
1. Tem experimentado, no momento presente, sexualidade baunilha? [Sim/Não]
2. No que concerne a sua atração romântica na sexualidade baunilha, o género da
pessoa é importante? [Sim/Não]
a. Porquê?
3. No que diz respeito à sua atração sexual na sexualidade baunilha, o género da
pessoa é importante? [Sim/Não]
a. Porquê?
4. Independentemente de ser ou não importante para si, pratica comportamentos
sexuais com pessoas cujo género não está de acordo com a sua orientação sexual?
[Sim/Não]
a. Se sim, por que motivo o realiza?
b. Se sim, em que circunstâncias teve ou tem essas práticas?
c. Se sim, essas práticas produziram algum questionamento relativamente à sua
orientação sexual?

PARTE 1.2
Sexualidade e/ou Prática BDSM
1. No que concerne a sua atração romântica na sexualidade e/ou prática de BDSM,
o género da pessoa é importante? [Sim/Não]
a. Porquê?
2. No que diz respeito à sua atração sexual no BDSM, o género da pessoa é
importante? [Sim/Não]
a. Porquê?
3. No BDSM, o género da pessoa com quem realiza plays/práticas é importante?
[Sim/Não]
a. Porquê?
4. Independentemente de ser ou não importante para si, pratica BDSM com pessoas
cujo género não está de acordo com a sua orientação sexual?
a. Se sim, por que motivo o realiza?
b. Se sim, em que circunstâncias teve ou tem essas práticas?
c. Se sim, essas práticas cingem-se a algumas atividades BDSM ou a todas as
que pratica?
d. Se sim, essas práticas produziram algum questionamento relativamente à sua
orientação sexual?

43
PARTE 2
Fluidez Sexual
1. Tem conhecimento do termo fluidez sexual? [Sim/Não]
2. O que é para si a fluidez sexual?
3. A definição científica de fluidez sexual é a seguinte: “A fluidez sexual define uma
flexibilidade e variabilidade ampla da sexualidade, das atitudes e das práticas
sexuais. É uma característica da pessoa que a leva a experimentar variações na
atração sexual, nomeadamente sentindo-se atraída por pessoas de um género que
não está de acordo com a sua orientação sexual, em certos contextos, circunstâncias
e períodos da vida.”. Identifica-se com o que está nesta frase? [Sim/Não]
1) Se sim, como é tal se concretiza?
2) Se sim, em que contextos se identifica com essas variações na atração sexual?

PARTE 3
Componentes da Sexualidade
De acordo com a literatura científica, a sexualidade divide-se em (1) atração sexual,
(2) atração romântica, (3) comportamento sexual, (4) identidade/orientação sexual e (5)
fantasia sexual.
A atração sexual diz respeito à atração com base no desejo sexual.
A atração romântica diz respeito à orientação romântica ou afetiva.
O comportamento sexual diz respeito ao(s) género(s) com a qual efetivamente pratica
atos/comportamentos/relações sexuais baunilha e/ou BDSM.
A fantasia sexual diz respeito ao desejo sentido por uma situação sexual que pode
aumentar a sensação de prazer no momento do ato sexual.
Usualmente a identidade sexual é coerente com os restantes componentes da
sexualidade, ou seja, por exemplo, uma pessoa é heterossexual ou homossexual, em todos
eles. No entanto, uma pessoa pode identificar-se como bissexual e ter fantasias sexuais
bissexuais, mas a sua atração romântica, num momento em específico, ser heterossexual,
enquanto a atração sexual é homossexual e o seu comportamento sexual é, por isso, também
homossexual. Ou, outro exemplo, uma pessoa pode identificar-se como heterossexual, ter
fantasias sexuais e atrações românticas heterossexuais, mas, num momento e contexto
específicos, ter atração sexual e comportamentos sexuais homossexuais sem alterar a sua
identidade sexual.

44
As seguintes questões, divididas pelas duas próximas secções, irão focar-se nas suas
memórias iniciais relacionadas com estas cinco componentes da sua sexualidade tanto, caso
se aplique, na sexualidade baunilha como na sexualidade/prática BDSM.

PARTE 3.1
Sexualidade Baunilha
1. Tem experimentado ou experimentou sexualidade baunilha? [Sim/Não].
2. Se sim, tendo em conta a definição científica de fluidez sexual responda às
seguintes questões relacionadas com a forma como experimentou a sua
sexualidade baunilha.
a. No que se refere ao(s) género(s) pelo qual se sentiu atraído/a, do que se
lembra das primeiras atrações sexuais que teve?
b. No que se refere ao(s) género(s) em relação ao qual teve desejo de ter uma
ligação romântica, do que se lembra das primeiras atrações românticas que
teve?
c. No que se refere ao(s) género(s) com o qual praticou atos sexuais, do que se
lembra dos primeiros comportamentos sexuais que teve?
d. No que se refere ao(s) género(s) com o qual teve fantasias sexuais, do que se
lembra das primeiras que teve?
e. Caso tenha atualmente práticas de sexualidade baunilha, e pensando nos
componentes anteriores, como é que ela se caracteriza?

PARTE 3.2
Sexualidade/ Prática BDSM
1. Tendo em conta a noção científica de fluidez sexual anteriormente dada e
independentemente de considerar o BDSM como atividade sexual ou não-sexual,
as seguintes questões estão relacionadas com a forma como experimentou a sua
sexualidade/prática BDSM.
a. No que se refere ao(s) género(s) pelo qual se sentiu atraído/a, em contexto
BDSM, do que se lembra das primeiras atrações sexuais que teve?
b. No que se refere ao(s) género(s) em relação ao qual teve desejo de ter uma
ligação romântica, em contexto BDSM, do que se lembra das primeiras
atrações românticas que teve?

45
c. No que se refere ao(s) género(s) com o qual praticou BDSM, do que se lembra
dos primeiros comportamentos sexuais que teve?
d. No que se refere ao(s) género(s) com o qual teve fantasias sexuais
relacionadas com o BDSM, do que se lembra das primeiras que teve?
e. Pensando nos componentes anteriores, como é atualmente a sua
sexualidade/prática BDSM?

DEVOLUÇÃO DE RESULTADOS
Caso seja necessário aprofundar as questões realizadas no questionário, numa fase
posterior do estudo, estaria disponível para uma entrevista? [Sim/Não]
Em caso afirmativo, por favor, indique um e-mail para contacto.
Caso deseje receber os resultados do estudo, por favor, deixe aqui um e-mail para
onde os possamos enviar.

46
Anexo B – Consentimento Informado Online

O meu nome é Catarina Silva, sou estudante do Mestrado em Psicologia da Faculdade


de Psicologia e de Ciências de Educação da Universidade do Porto e venho convidá-lo/a a
responder a uma série de questões no âmbito da minha Dissertação de Mestrado que tem
como tema a “Fluidez Sexual em Praticantes de BDSM”.
A minha dissertação é orientada pela professora doutora Alexandra Oliveira e o seu
objetivo é descrever e compreender a importância do género na prática de BDSM e de
sexualidade baunilha.
Para participar deve ter mais de 18 anos e praticar BDSM.
A participação nesta investigação é voluntária, pelo que pode desistir a qualquer
momento, sem qualquer tipo de consequências para si. A sua participação nesta investigação
não possui qualquer tipo de riscos acrescidos, além de um eventual desconforto por
responder a questões do foro íntimo e sexual. Se aceitar participar, pode ainda optar por não
responder a alguma pergunta. Além disto, gostaria de deixar claro a garantia de anonimato
e de que não serão recolhidos quaisquer elementos identificativos no estudo. Qualquer dado
identificativo será transformado ou apagado de forma a manter o anonimato. Salvaguardo
também que todas as informações recolhidas serão utilizadas somente em contexto
académico e para o fim desta investigação. Após a submissão, caso deseje, tem o período de
um mês para pedir que o seu inquérito seja destruído e não seja utilizado no estudo.
O tempo de preenchimento deste questionário é de cerca de 20 minutos.
Caso deseje receber os resultados do estudo, por favor, deixe na última secção do
questionário, no espaço designado para tal, um e-mail para onde os possamos enviar.
Esta investigação teve o parecer favorável da Comissão de Ética da Faculdade de
Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.
Para quaisquer questões ou comentários referentes a esta investigação, pode
contactar-me através do seguinte email: up201703624@up.pt
Para participar, indique o seu consentimento com as seguintes afirmações:
1. Confirmo que li e percebi as informações fornecidas sobre o estudo. [Sim/Não]
2. Confirmo que tenho pelo menos 18 anos de idade e que pratico BDSM.
[Sim/Não]
3. Consinto que as minhas respostas sejam usadas para fins científicos, estando o
anonimato garantido. [Sim/Não]

47
Anexo C – Descrição das Categorias

TEMA 1 - Tabela 1 - Importância do género na sexualidade baunilha


Neste tema é analisada a importância do género na sexualidade baunilha para a
atração romântica e para a atração sexual.
1.1.Para a atração romântica foram formadas duas categorias relacionadas com o
Grau de Importância:
• Importante – Quando o género é definidor na Atração Romântica. Neste grupo
encontrámos seis subcategorias:
o Atração - nesta subcategoria estão incluídas as respostas das pessoas
participantes que indicaram que a atração que sentem para com
determinados géneros e/ou sexos é determinante para a escolha de um par
romântico.
o Orientação Sexual – Heterossexual - remete para as pessoas
participantes que apontaram a sua orientação sexual como decretória da
atração que sente.
o Ligação entre Sexo e Atração – esta subcategoria diz respeito ao grupo
de pessoas que indicaram uma associação entre a atração romântica e o
aspeto físico e/ou desejo sexual que sentem para com outra pessoa.
o Reprodução - esta subcategoria engloba as pessoas participantes que
afirmaram o género ser importante devido a motivos de reprodução da
espécie.
o Pessoas e suas características - esta subcategoria remete para as pessoas
participantes que referiram as características de personalidade e/ou
cognitivas como definidoras na forma como a pessoa perceciona e fica
atraída por diferentes géneros.
o Identidade de Género Própria - esta subcategoria engloba os/as
participantes que afirmaram o género ser importante devido à sua própria
identidade de género.
• Desimportante – Quando o género não é um determinante na Atração
Romântica. Neste grupo encontrámos quatro subcategorias:
o Pessoas e Suas Características – esta subcategoria remete para as
pessoas participantes que referiram as características de personalidade

48
e/ou cognitivas como mais importantes que o género para sentir atração
por outrem.
o Atração - nesta subcategoria estão inseridas as pessoas participantes que
indicaram que a atração que sentem para com determinados géneros e/ou
sexos não é importante para a escolha de um par romântico.
o Interações e Afeto – esta subcategoria diz respeito às pessoas que
declararam serem mais importantes as interações e os afetos trocados para
o desenvolvimento de uma atração romântica.
o Desimportância do aspeto físico - esta subcategoria remete para pessoas
participantes que referiram o género não ser importante uma vez que
desassociam o aspeto físico da atração romântica.

1.2. Para a atração sexual foram formadas duas categorias relacionadas com o Grau
de Importância:
• Importante – Quando o género é definidor na Atração Sexual. Neste grupo
encontrámos duas subcategorias:
o Atração - nesta subcategoria estão inseridas as pessoas participantes que
indicaram a atração que sentem para com determinados géneros e/ou
sexos ser determinante para a escolha de uma pessoa parceira sexual.
o Orientação Sexual - Heterossexual - remete para as pessoas
participantes que apontaram a sua orientação sexual como decretória da
atração que sentem.
• Desimportante – Quando o género não é um determinante na Atração Sexual.
Neste grupo encontrámos três subcategorias:
o Pessoas e Suas Características – esta subcategoria remete para as
pessoas participantes que referiram as características de personalidade
e/ou cognitivas como mais importantes que o género para sentir atração
por outrem.
o Atração – nesta subcategoria estão inseridas as pessoas participantes que
indicaram a atração que sentem para com determinados géneros e/ou
sexos não é importante para a escolha de uma pessoa parceira sexual.
o Orientação Sexual - Pansexual - remete para as pessoas participantes
que apontaram a sua orientação sexual como decretória da atração que
sentem, neste caso, por não terem uma orientação sexual monossexual.
49
TEMA 1 - Tabela 2 - Importância do género na sexualidade BDSM
Neste tema analisamos a importância do género na sexualidade BDSM para a atração
romântica, para a atração sexual e para as plays/atividades BDSM.
2.1. Para a atração romântica foram formadas duas categorias relacionadas com o
Grau de Importância:
• Importante – Quando o género é definidor na Atração Romântica. Neste grupo
encontrámos sete subcategorias:
o Papel/Prática BDSM - esta subcategoria remete para as pessoas cujo
papel ou identidade BDSM e/ou play/atividade BDSM que realizam
definem o género pela qual se sentem atraídas romanticamente.
o Atração - nesta subcategoria estão inseridas as pessoas participantes que
indicaram a atração que sentem para com determinado género e/ou sexo
ser determinante para a escolha de um par romântico.
o Ligação entre Sexo e Atração – encontram-se inseridas as pessoas que
associam a atração romântica à escolha de pessoa parceira sexual.
o Orientação Sexual - Heterossexual - remete para as pessoas
participantes que apontaram a sua orientação sexual como decretória da
atração que sentem.
o Intensidade da Experiência – nesta subcategoria encontram-se inseridas
as pessoas que referiram o género enquanto potenciador da intensidade
da experiência romântica.
o Pessoas e Suas Características - esta subcategoria remete para as
pessoas participantes que referiram as características de personalidade
e/ou cognitivas como definidoras na forma como a pessoa perceciona e
fica atraída por diferentes géneros.
o Flexibilidade – esta subcategoria remete para as pessoas que referiram a
atração que sentem para com determinado género e/ou sexo ser
determinante para a escolha de um par romântico, mas admitindo
exceções por uma determinada expressão de género.
• Desimportante – Quando o género não é um determinante na Atração
Romântica. Neste grupo encontrámos seis subcategorias:
o Pessoas e Suas Características - esta subcategoria remete para as
pessoas participantes que referiram as características de personalidade

50
e/ou cognitivas como mais importantes que o género para sentir atração
por outrem.
o Relação de Intimidade - remete para as pessoas participantes que
apontaram a existência de uma relação de intimidade com outrem como
mais importante do que o género para sentir atração romântica.
o Compatibilidade e conexão emocional – nesta subcategoria inserem-se
as pessoas participantes que apontaram a compatibilidade e a conexão
emocional com outrem como resolutiva para a atração romântica, em
detrimento do género.
o Orientação Sexual - Bissexual - remete para as pessoas participantes que
apontaram a sua orientação sexual como decretória da atração que sente,
neste caso, por não ter uma orientação sexual monossexual.
o Papel/Prática BDSM - esta subcategoria respeita as pessoas cujo papel
ou identidade BDSM e/ou play/atividade BDSM que realizam é mais
importante para se sentirem atraídos romanticamente por alguém do que
o género.
o Confiança - esta subcategoria respeita as pessoas que colocam a
confiança para com outrem como fator mais importante para a atração
romântica.

2.2. Para a atração sexual foram formadas duas categorias relacionadas com o Grau
de Importância:
• Importante – Quando o género é definidor na Atração Sexual. Neste grupo
encontrámos seis subcategorias:
o Atração - nesta subcategoria estão inseridas as pessoas participantes que
indicaram a atração que sentem para com determinados géneros e/ou
sexos ser determinante para a escolha de uma pessoa parceira sexual.
o Papel/Prática BDSM - esta subcategoria remete para as pessoas cujo
papel ou identidade BDSM e/ou play/atividade BDSM que realizam
definem o género pela qual se sentem atraídos sexualmente.
o Flexibilidade - esta subcategoria remete para as pessoas que referiram o
género ser importante, contudo apresentam alguma flexibilidade a nível
da atração sexual que poderão sentir para com outros géneros.

51
o Orientação Sexual - Heterossexual - remete para as pessoas
participantes que apontaram a sua orientação sexual como decretória da
atração que sentem.
o Compatibilidade e conexão emocional - nesta subcategoria inserem-se
as pessoas participantes que apontaram a compatibilidade e conexão
emocional por determinado género como importante para sentir atração
sexual.
o Confiança - esta subcategoria remete para as pessoas participantes que
apontaram a confiança em relação a determinado género como importante
para sentir atração sexual.
• Desimportante – Quando o género não é um determinante na Atração Sexual.
Neste grupo encontrámos seis subcategorias:
o Pessoas e suas características - esta subcategoria remete para as pessoas
participantes que referiram as características de personalidade e/ou
cognitivas como mais importantes que o género para sentir atração sexual
por outrem.
o Compatibilidade e conexão emocional - nesta subcategoria inserem-se
as pessoas participantes que apontaram a compatibilidade e conexão
emocional com outrem como resolutiva para atração sexual, em
detrimento do género.
o Atração - nesta subcategoria estão inseridas as pessoas participantes que
indicaram a atração que sentem para com determinados géneros e/ou
sexos não é importante para a escolha de uma pessoa parceira sexual.
o Orientação Sexual - Bissexual - remete para as pessoas participantes que
apontaram a sua orientação sexual como decretória da atração que sente,
neste caso, por não ter uma orientação sexual monossexual.
o Aparência Física da Pessoa Parceira – encontram-se inseridas nesta
subcategoria as pessoas participantes que referiram ser mais importante
certas características físicas da pessoa do que o género para sentir atração
sexual por outrem.
o Qualidade/ Disponibilidade em Praticar BDSM - nesta subcategoria
inserem-se as pessoas participantes que referiram ser mais importante a
qualidade da prática e a disponibilidade para realizar BDSM do que o
género, no que concerne à atração sexual.

52
2.3. Para as Plays/Atividades BDSM foram formadas duas categorias relacionadas
com o Grau de Importância:
• Importante – Quando o género é definidor para as plays/atividades BDSM.
Neste grupo encontrámos quatro subcategorias:
o Atração - nesta subcategoria estão inseridas as pessoas participantes que
indicaram a atração que sentem para com determinados géneros e/ou
sexos ser determinante para a escolha de uma pessoa para realizar as
plays/atividades BDSM.
o Orientação Sexual - Heterossexual - remete para as pessoas
participantes que apontaram a sua orientação sexual como decretória em
relação ao género das pessoas com quem realizam plays/atividades
BDSM.
o Ligação entre Sexo e Play - encontram-se inseridas as pessoas que
associam as plays/atividades BDSM à escolha de pessoa parceira sexual.
o Papel/Prática BDSM - esta subcategoria remete para as pessoas cujo
papel ou identidade BDSM ou play/atividade BDSM que realizam
definem o género com quem concretizam uma play.
• Desimportante – Quando o género não é um determinante para as
plays/atividades BDSM. Neste grupo encontramos sete subcategorias:
o Pessoas e suas características - esta subcategoria remete para as pessoas
participantes que referiram as características de personalidade e/ou
cognitivas como mais importantes que o género para querer realizar
plays/atividades BDSM com outrem.
o Compatibilidade e conexão emocional - nesta subcategoria inserem-se
as pessoas participantes que apontaram a compatibilidade e conexão
emocional com outrem como resolutiva para a prática de plays/atividades
BDSM, em detrimento do género.
o Orientação Sexual – Bissexual - remete para as pessoas participantes
que apontaram a sua orientação sexual como decretória em relação ao
género das pessoas com quem realizam plays, neste caso, por não ter uma
orientação sexual monossexual.
o Papel/Prática BDSM – esta subcategoria respeita as pessoas cujo papel
ou identidade BDSM e/ou play/atividade BDSM que realizam é mais

53
importante para a escolha da pessoa com quem concretizam uma play do
que o género.
o Não-Sexual - nesta categoria estão inseridas as pessoas participantes que
afirmaram que o género não é importante uma vez que realizam atividades
não-sexuais (e.g. shibari) no BDSM.
o Qualidade da Prática - nesta subcategoria inserem-se as pessoas
participantes que apontaram a qualidade da play/prática BDSM como
mais importante do que o género na escolha da pessoa com quem realizam
as atividades BDSM.
o Inexistência de romance - nesta categoria estão colocadas as pessoas
participantes que não associam a existência de romance às
plays/atividades BDSM.

TEMA 2 - Tabela 3 - Perceção/Conhecimento acerca da Fluidez Sexual


Neste tema analisamos o conhecimento acerca do termo fluidez sexual por parte das
pessoas participantes. Para tal formámos três categorias:
• Conhecimento da Definição – consiste nos diferentes níveis de conhecimento
das pessoas participantes em relação à definição de fluidez sexual. Neste grupo
encontrámos uma subcategoria:
o Definição Completa – a presente subcategoria descreve as pessoas
participantes que deram uma definição completa de fluidez sexual.
• Desconhecimento da Definição – consiste nos diferentes níveis de
desconhecimento das pessoas participantes em relação à definição de fluidez
sexual. Neste grupo encontrámos oito subcategorias:
o Foco no Contexto e Tempo - esta subcategoria foca nas pessoas
participantes que redigiram uma definição incompleta de fluidez sexual e
focaram-se no contexto e período tempo enquanto propulsores da fluidez
sexual.
o Foco na Flexibilidade - esta subcategoria foca nas pessoas participantes
que redigiram uma definição incompleta de fluidez sexual e focaram-se no
carácter flexível e mutável da orientação sexual, das atrações e/ou dos
comportamentos sexuais.

54
o Foco na Diferença entre Atração Romântica e Atração Sexual – nesta
subcategoria estão inseridas as pessoas que diferenciaram os diferentes
tipos de atração e a complexidade inerente à sexualidade.
o Foco na Experimentação – esta subcategoria foca nas pessoas
participantes que redigiram uma definição incompleta de fluidez sexual e
focaram-se no seu carácter experimentalista.
o Definição de Unlabeled – nesta subcategoria estão inseridas as pessoas
que descreveram alguém unlabeled.
o Definição de Pansexualidade - nesta subcategoria estão inseridas as
pessoas que descreveram a pansexualidade.
o Definição de Genderfluid – nesta subcategoria estão inseridas as pessoas
que descreveram alguém genderfluid.
o Foco na alteração a longo prazo da orientação sexual - nesta
subcategoria estão inseridas as pessoas que descreveram alguém que altera
a sua orientação sexual ao longo da sua vida.
• Como se concretiza – consiste no modo como as pessoas experienciaram esta
fluidez sexual. Neste grupo encontrámos quatro subcategorias:
o Orientação Sexual – esta subcategoria diz respeito às pessoas
participantes que consideram que a sua fluidez sexual se concretiza
devido à sua orientação sexual não monossexual.
o Oscilação na Atração Sexual – esta subcategoria remete para as pessoas
que experimentaram fluidez sexual devido a oscilações ao longo da sua
vida em relação à sua orientação sexual.
o Papel BDSM – esta subcategoria refere-se ao grupo de pessoas que
experimentaram fluidez sexual devido ao seu papel ou identidade no
BDSM e/ou devido a certas plays.
o Não teve oportunidade de concretizar – esta subcategoria engloba as
pessoas que se consideram fluidas sexualmente, contudo ainda não
tiveram oportunidade de a colocar em prática.

55
TEMA 3 - Tabela 4 - Experiência de Fluidez Sexual na Sexualidade Baunilha
Neste subtema analisamos em específico a experiência de fluidez sexual na
sexualidade baunilha por parte das pessoas participantes. Aqui identificámos três categorias:
• Motivo – remete à razão pela qual vivenciaram fluidez sexual. Neste grupo
encontrámos cinco subcategorias:
o Fetiche – remete para o grupo de pessoas que experienciou fluidez sexual
devido a um fetiche seu.
o Atração – inserem-se as pessoas que experienciaram fluidez sexual por
diferenciarem os géneros pela qual sentem atração sexual dos géneros
pelos quais sentem atração romântica.
o Experimentação – remete para o grupo de pessoas que experimentaram
fluidez sexual devido ao seu intuito em experimentar atos sexuais com
géneros que não vão de encontro à sua orientação sexual.
o Depende do contexto – encontram-se neste grupo as pessoas que
experimentam fluidez sexual dependendo do momento em que se
encontram, e que as leva a experimentar desejo por pessoas cujo género
não vai de acordo com a sua orientação sexual.
o Prazer – inserem-se as pessoas que experienciaram fluidez sexual pois
consideram que a procura de prazer não está dependente do género.
• Circunstâncias – remete ao contexto no qual experimentaram fluidez sexual.
Neste grupo encontrámos três subcategorias:
o Contexto Social – quando a fluidez sexual ocorre em eventos sociais ou
espaços libertinos.
o Contexto de Grupo – quando a fluidez sexual ocorre em situações de
sexo em grupo.
o Forma Ocasional – quando a fluidez sexual ocorre de forma casual.
• Questionamento – nesta categoria procura verificar-se se esta experimentação
de fluidez sexual causou algum questionamento em relação à orientação sexual.
Neste grupo encontrámos duas subcategorias:
o Sim – engloba o grupo de pessoas cuja fluidez sexual levou a um
questionamento da orientação sexual.
o Não - engloba o grupo de pessoas cuja fluidez sexual não levou a um
questionamento da orientação sexual.

56
TEMA 3 - Tabela 5 - Experiência de Fluidez Sexual na Sexualidade BDSM
Neste subtema analisamos em específico a experiência de fluidez sexual na
sexualidade BDSM por parte das pessoas participantes. Tal como no anterior, identificámos
três categorias:
• Motivo – remete à razão pela qual vivenciaram fluidez sexual. Neste grupo
encontrámos quatro subcategorias:
o Papel/Prática BDSM -– remete para o grupo de pessoas que
experienciou fluidez sexual devido ao seu papel no BDSM ou devido a
uma play.
o Experimentação - remete para o grupo de pessoas que experimentaram
fluidez sexual devido ao seu intuito em experimentar atos sexuais com
géneros que não vão ao encontro da sua orientação sexual.
o Compatibilidade – inserem-se as pessoas que experienciam fluidez
sexual pois a sua prioridade é a compatibilidade tanto a nível emocional
como a nível romântico e não o género.
o Prazer - inserem-se as pessoas que experienciaram fluidez sexual pois
consideram que a procura de prazer não está dependente do género.
• Circunstâncias– remete ao contexto no qual experimentaram fluidez sexual.
Neste grupo encontrámos oito subcategorias:
o Contexto Social - quando a fluidez sexual ocorre em eventos sociais ou
espaços libertinos.
o Contexto BDSM – quando a fluidez sexual ocorre nas práticas e plays de
BDSM.
o Online – quando a fluidez sexual ocorre online.
o Contexto de Grupo - quando a fluidez sexual ocorre em situações de
sexo em grupo.
o Formação – quando a fluidez sexual ocorre em contexto educativo.
o Forma Ocasional - quando a fluidez sexual ocorre de forma casual.
o Por convite – quando a fluidez sexual ocorreu numa situação onde foi
convidado/a por outra pessoa a participar.
o Relacionamentos - quando a fluidez sexual ocorre no contexto de uma
relação romântica/sexual.

57
• Questionamento – nesta categoria procura verificar-se se esta experimentação
de fluidez sexual causou algum questionamento em relação à orientação sexual.
Neste grupo encontrámos duas subcategorias:
o Sim – engloba o grupo de pessoas cuja fluidez sexual levou a um
questionamento da orientação sexual.
o Não - engloba o grupo de pessoas cuja fluidez sexual não levou a um
questionamento da orientação sexual.
• Frequência – esta subcategoria remete à regularidade com a qual experimentam
fluidez sexual no contexto BDSM. Neste grupo encontrámos duas subcategorias.
o Todas as Práticas – indica as pessoas que podem praticar todas as
atividades BDSM com pessoas cujo género não está de acordo com as sua
orientação sexual.
o Algumas Práticas – indica as pessoas que restringem a prática de
atividades BDSM com pessoas cujo género não está de acordo com a sua
orientação sexual a apenas algumas práticas.

TEMA 4 - Tabela 6 - Vivências iniciais da sexualidade em contexto Baunilha


Neste tema analisamos as vivências iniciais da sexualidade baunilha, para tal
verificámos quatro dos cinco componentes da sexualidade: atração sexual, atração
romântica, comportamento sexual e fantasia sexual.
Para a atração sexual formaram-se quatro categorias:
• Atração Heterossexual - engloba as pessoas cuja atração sexual na infância
e adolescência foi heterossexual.
• Atração Homossexual – engloba as pessoas cuja atração sexual na infância
e adolescência foi homossexual.
• Atração Bissexual – engloba as pessoas cuja atração sexual na infância e
adolescência foi bissexual.
• Atração Pansexual - engloba as pessoas cuja atração sexual na infância e
adolescência foi pansexual.
Para a atração romântica formaram-se três categorias:
• Atração Heterossexual - engloba as pessoas cuja atração romântica na
infância e adolescência foi heterossexual.

58
• Atração Bissexual – engloba as pessoas cuja atração romântica na infância e
adolescência foi bissexual.
• Atração Pansexual - engloba as pessoas cuja atração romântica na infância
e adolescência foi pansexual.
Para o comportamento sexual formou-se uma categoria:
• Comportamento Heterossexual – engloba as pessoas cujos primeiros
comportamentos sexuais na adolescência foi heterossexual.
Para a fantasia sexual formaram-se quatro categorias:
• Fantasia Heterossexual - engloba as pessoas cujas primeiras fantasias
focadas em comportamentos sexuais baunilha foram de cariz heterossexual.
• Fantasia Homossexual – engloba as pessoas cujas primeiras fantasias
focadas em comportamentos sexuais baunilha foram de cariz homossexual.
• Fantasia Bissexual – engloba as pessoas cujas primeiras fantasias focadas
em comportamentos sexuais baunilha foram de cariz bissexual.
• Fantasia Pansexual - engloba as pessoas cujas primeiras fantasias focadas
em comportamentos sexuais baunilha foram de cariz pansexual.

TEMA 4 - Tabela 7 - Vivências iniciais da sexualidade em contexto BDSM


Neste tema analisamos as vivências iniciais da sexualidade BDSM, para tal
verificámos quatro dos cinco componentes da sexualidade: atração sexual, atração
romântica, comportamento sexual e fantasia sexual.
Para a atração sexual formaram-se quatro categorias:
• Atração Heterossexual – engloba as pessoas cuja atração sexual na infância
e adolescência foi heterossexual.
• Atração Homossexual – engloba as pessoas cuja atração sexual na infância
e adolescência foi homossexual.
• Atração Bissexual – engloba as pessoas cuja atração sexual na infância e
adolescência foi bissexual.
• Atração Pansexual - engloba as pessoas cuja atração sexual na infância e
adolescência foi pansexual.
Para a atração romântica formaram-se três categorias:
• Atração Heterossexual - engloba as pessoas cuja atração romântica na
infância e adolescência foi heterossexual.

59
• Atração Pansexual – engloba as pessoas cuja atração romântica na infância
e adolescência foi pansexual.
• Desassociação a Romance – nesta categoria estão colocadas as pessoas
participantes que não associam a existência de romance ao contexto BDSM.
Para o comportamento sexual formaram-se três categorias:
• Comportamento Heterossexual – engloba as pessoas cujo primeiros
comportamentos sexuais no BDSM foi heterossexual.
• Comportamento Bissexual – engloba as pessoas cujo primeiros
comportamentos sexuais no BDSM foi bissexual.
• Comportamento Pansexual - engloba as pessoas cujo primeiros
comportamentos sexuais no BDSM na adolescência foi pansexual.
Para a fantasia sexual formaram-se quatro categorias:
• Fantasia Heterossexual - engloba as pessoas cujas primeiras fantasias
focadas em atos BDSM foram de cariz heterossexual.
• Fantasia Homossexual – engloba as pessoas cujas primeiras fantasias
focadas em atos BDSM foram de cariz homossexual.
• Fantasia Bissexual – engloba as pessoas cujas primeiras fantasias focadas
em atos BDSM foram de cariz bissexual.
• Fantasia Pansexual - engloba as pessoas cujas primeiras fantasias focadas
em atos BDSM foram de cariz pansexual.

TEMA 5 - Tabela 8 - Vivências atuais da sexualidade em contexto Baunilha


Neste tema analisamos a vivência atual da sexualidade baunilha. Foram formadas
quatro categorias:
• Sexualidade Heterossexual – engloba as pessoas participantes que
indicaram experimentar, na sua generalidade, uma sexualidade baunilha
maioritária ou totalmente heterossexual.
• Sexualidade Homossexual - engloba as pessoas participantes que indicaram
experimentar, na sua generalidade, uma sexualidade baunilha maioritária ou
totalmente homossexual.
• Sexualidade Bissexual - engloba as pessoas participantes que indicaram
experimentar, na sua generalidade, uma sexualidade baunilha maioritária ou
totalmente bissexual.

60
• Sexualidade Pansexual – engloba as pessoas participantes que indicaram
experimentar, na sua generalidade, uma sexualidade baunilha maioritária ou
totalmente pansexual.

TEMA 5 - Tabela 9 - Vivências atuais da sexualidade em contexto BDSM


Neste tema analisamos a vivência atual da sexualidade BDSM. Foram formadas
quatro categorias:
• Sexualidade Heterossexual – engloba as pessoas participantes que
indicaram experimentar, na sua generalidade, uma sexualidade BDSM
maioritária ou totalmente heterossexual.
• Sexualidade Homossexual - engloba as pessoas participantes que indicaram
experimentar, na sua generalidade, uma sexualidade BDSM maioritária ou
totalmente homossexual.
• Sexualidade Bissexual - engloba as pessoas participantes que indicaram
experimentar, na sua generalidade, uma sexualidade BDSM maioritária ou
totalmente bissexual.
• Sexualidade Pansexual – engloba as pessoas participantes que indicaram
experimentar, na sua generalidade, uma sexualidade BDSM maioritária ou
totalmente pansexual.

61
Anexo D – Categorias com Exemplos de Discurso

Tema 1. – Importância do género na sexualidade baunilha e na sexualidade BDSM


1.1. Tabela 1: Na sexualidade Baunilha

Tipo de Categoria – Subcategoria – Exemplos


Atração/Atividade Grau de Motivo
Importância
Importante Atração (n= 11) “(…) sou heteroromântica” (P13)
(n=24) “Não tenho atração romântica por género masculino” (P12)
“Não me sinto românticamente atraída pelo sexo oposto” (P18)
“Porque só me atraem pessoas do sexo feminino” (P27)
“Só me sinto atraída por homens” (P44)
Orientação Sexual – “A minha orientação sexual (hetero) pauta as minhas interacções (…)” (P49)
Heterossexual (n=5) “Sou heterossexual, logo o género da outra pessoa é fundamental.” (P45)
Ligação entre Sexo e “Porque a prática de sexo baunilha ocorre com quem eu amo” (P29)
Atração (n=3) “Preferência sexual” (P51)
“Atração física” (P10)
Atração Reprodução (n=1) "(…) Mas para responder à pergunta em concreto, será por motivos de reprodução" (P5)
Romântica
Pessoas e suas “(…) diferentes géneros despertam diferentes perspetivas no sexo. Apesar de ser bi, vejo homens e
características (n=3) mulheres de formas diferentes” (P11)
“Diferentes individuos despertam diferentes niveis de intimidade em mim (…) dependendo das
circunstâncias da minha vida posso preferir estar mais com mulheres ou homens ou não binarios” (P21)
Identidade de Género “Devido ao género com que me identifico” (P26)
Própria (n=1)
Desimportante Pessoas e Suas “O que me atrai no outro parceiro não é o seu género mas sim a pessoa em si, o seu maneirismo, a sua
(n= 10) Características (n=5) inteligência emocional e psicológica assim como os seus ideais.” (P1)
“Apaixono me por personalidades” (P38);

62
“A minha experiência de vida permitiu-me adotar uma visão que ultrapassa o físico. Cada pessoa é um
universo contido num corpo e não são normas e expectativas sociais que determinam a minha atração.”
(P43)
Atração (n=1) “Eu sinto me atraído por ambos os géneros, quer cis quer trans” (P16)

Interações e Afeto (n=3) “(…) ser-me-á importante sentir-me à vontade com o parceiro ou parceira independentemente do seu
género.” (P30)
“Sou atraída pelo carinho, pelo que fazemos juntos, por palavras, os corpos interessam, porque a nudez
é bonita, corpos são bonitos, mas género ou órgão sexual não, gosto de tudo.” (P35)
Desimportância do "Atração pode não ser visual" (P24)
Aspeto Físico (n=1)
“Sou atraído pelo sexo oposto” (P24)
Atração (n= 10) “Porque só sinto atração na mulher” (P41)
Importante “Só me sinto atraída por homens” (P44)
(n= 16) Orientação Sexual - “Sou heterossexual, logo o género da outra pessoa é fundamental.” (P45)
Heterossexual (n=6) “A minha orientação sexual (hetero) pauta as minhas interacções (…)” (P49)
Pessoas e Suas “O que me atrai no outro parceiro não é o seu género mas sim a pessoa em si, o seu maneirismo, a sua
Características (n=6) inteligência emocional e psicológica assim como os seus ideais.” (P1)
“Porque o que me atrai fisicamente é mais o comportamento da pessoa do que o seu género” (P13)
“(…) a ideia que ainda trago intrínseca a cada tipo de corpo (mais fem ou masc) me faça sentir coisas
Atração Sexual diferentes e, isso faz-me querer fazer coisas diferentes, mas não sinto que haja mais ou menos atração
Desimportante (…)” (P35)
(n=14) Atração (n=7) “Não me imagino ter uma relação romântica com alguém que não fosse um homem mas a nível sexual
sinto atração por outras mulheres” (P6)
“Apesar de ter preferência por um dos géneros, (…) não implica que o género seja importante” (P16)
“Sinto atracção sexual independentemente do género” (P18)
“A atração sexual para mim é mais neutra que a romântica” (P32)
Orientação Sexual – “Sou pansexual. O corpo humano é giro de explorar, qualquer que seja o sexo e género.” (P43)
Pansexual (n=1)

63
1.2. Tabela 2: Na sexualidade BDSM

Tipo de Categoria – Subcategoria - Exemplos


Atração/Ativi Grau de Motivo
dade Importância
Papel/Prática BDSM “(…) No bdsm tendo a preferir homens a mulheres. Principalmente porque mais facilmente me sinto sub com
(n=4) homens.” (P21)
“Só considero o género como importante em BDSM devido a uma atração maior pelo universo de Femdom.”
(P43)
“O meu Dono têm que ser um homem” (P44)
“Hoje só estou interessado em dominar mulheres” (P50)
Atração (n=15) “apenas tenho interesse pelo género feminino.” (P12)
“Porque sou heteroromântica” (P13)
“Apenas me sinto atraída românticamente pelo sexo oposto” (P18)
Importante “Maior desenvolvimento de atração romântica na prática de bdsm com homens cisgénero” (P28)
Atração (n=28) “A minha atracção inclina-se para pessoes portadores de vulva” (P49)
Romântica Ligação entre Sexo e “Não me vejo a praticar actos sexuais ou semelhantes com alguém do mesmo género.” (P26)
(AR) Atração (n=3) “Preferência sexual” (P51)
Orientação Sexual - “Sou heterossexual, logo o género da outra pessoa é fundamental.” (P45)
Heterossexual (n=3)
Intensidade da “Promove a intensidade da experiência” (P10)
Experiência (n=1)
Pessoas e Suas “Apesar de bissexual, a minha atração por homens, mulheres e pessoas não binárias varia com a apresentação
Características (n=1) da pessoa” (P32)
Flexibilidade (n=1) “Não tenho atração pelo sexo oposto, a única exceção é se a pessoa se apresentar muito, muito bem com uma
aparência feminina, caso contrário não haverá atração” (P5)
Desimportante Pessoas e Suas “(…) inteligência, humor são fatores de atração que considero face a não considerar o género” (P15)
(n=12) Características (n=3) “(…) me sinto atraída pela pessoa, pela personalidade (…).” (P35)
Relação de Intimidade “O importante do bdsm é relação íntima das pessoas e não se a pessoa tem um género específico ou não. Fatores
(n=1) como carinho, preocupação, etc etc são muito mais importantes” (P16)

64
Compatibilidade e “(…) tomo como prioridade a compatibilidade sexual e emocional para evitar situações desconfortáveis (…)”
conexão emocional (P1)
(n=2) “(…) não me amarro ao conceito do gênero da pessoa ser determinante para a minha atração romântica. O que
importa é a conexão com a pessoa” (P31)
Orientação Sexual - “Sou bissexual” (P30)
Bissexual (n=1)
Papel/Prática BDSM “A emoção e as sensações que associo ao bdsm não se baseiam nas características do individuo mas sim nas
(n=3) atividades que realizo.” (P11)
“Homem ou mulher podem ser submissos ou dominantes e sempre excitam” (P36)
“O que me atrai é assumir o papel de submisso.” (P48)
Confiança (n=2) “No BDSM é necessário confiança acima de tudo.” (P39)
Atração (n= 14) “Maior desenvolvimento de atração sexual na prática de bdsm com homens cisgénero” (P28)
“Porque só sinto atração por mulheres” (P41)
“Sinto me atraída por homens apenas” (P23)
“Não me vejo a praticar actos sexuais ou semelhantes com alguém do mesmo género.” (P26)
“Porque só me atraem pessoas do sexo feminino” (P27)
“A minha atracção inclina-se para pessoes portadores de vulva” (P49)
Papel/Prática BDSM “Não gosto de power play com pessoas do mesmo género” (P18)
Atração (n=4) “So faço com homens, bdsm não aceito com mulheres.” (P42)
Sexual (AS) Importante “Só considero o género como importante em BDSM devido a uma atração maior pelo universo de Femdom.”
(n= 24) (P43)
“Hoje só estou interessado em dominar mulheres” (P50)
Flexibilidade (n=1) “Não tenho atração pelo sexo oposto, a única exceção é se a pessoa se apresentar muito, muito bem com uma
aparência feminina, caso contrário não haverá atração” (P5)
Orientação Sexual - “Sou heterossexual, logo o género da outra pessoa é fundamental.” (P45)
Heterossexual (n=3)
Compatibilidade e “Tem que se encaixar na perfeição (…)" (P24)
conexão emocional
(n=1)
Confiança (n=1) "(…) ter 100% confiança nos dois sentidos" (P24)
Desimportante Pessoas e suas “Confiança, inteligência, humor são fatores de atração que considero face a não considerar o género” (P15)
(n= 13) características (n=3) “Porque me apaixono pela pessoa em questão, pelo que é.” (P19)

65
“Valorizo prioritariamente a personalidade dominadora, independentemente do sexo, orientação sexual ou
aspecto físico” (P48)
Compatibilidade e “(…) não me amarro ao conceito do gênero (…) O que importa é a conexão com a pessoa” (P31)
conexão emocional “(…) tomo como prioridade a compatibilidade sexual e emocional para evitar situações desconfortáveis (…)”
(n=2) (P1)
Atração (n=3) “Não me imagino ter uma relação romântica como alguém que não fosse um homem mas a nível sexual sinto
atração por outras mulheres” (P6)
“Porque me sinto atraída por pessoas de todos os géneros” (P13)
“Excitam ambos” (P36)
Orientação Sexual – “Como bissexual a nível sexual gosto de ambos os géneros” (P16)
Bissexual (n= 2)
Aparência Física da “O género não interfere com a atração que sinto pela pessoa, mas a sua fisionomia sim. Tenho uma tendência
Pessoa Parceira (n=1) mais ou totalmente submissa (…) e isso leva-me a sentir-me mais no espaço de submissão quando estou com
pelo menos uma pessoa que seja maior e mais forte que eu, que me possa agarrar e fazer o que quiser comigo.
No entanto, alguém mais fraco e mais pequeno já me dominou, é a atitude que interessa, mas estava uma pessoa
"grande" presente, então não sei como me sentiria estando só com a pessoa "pequena".” (P35)
Qualidade/ “A atração nestas circunstâncias parte da disponibilidade da pessoa para participar em atividades bdsm e no
Disponibilidade em quanto a pessoa sabe sobre as mesmas (…)” (P11)
Praticar BDSM (n= 2) “A fisicalidade da pessoa não implica que o tipo de papel que praticam "seja mal praticado" ou se são ou não
bons praticantes” (P39)
Plays/Ativida Importante Atração (n= 10) “(…) em função até do tipo de atração que sinto.” (P3)
des BDSM (n=21) “Tem um grande impacto para mim, por motivos de atração e experiência com ambos os sexos, a minha
preferência é muito mais a favor do sexo feminino do que para o masculino” (P5)
“Porque só me atraem pessoas do sexo feminino” (P27)
“Só me sinto atraída por homens” (P44)
“A minha atracção inclina-se para pessoes portadores de vulva” (P49)
Orientação Sexual – “Sou heterossexual, logo o género da outra pessoa é fundamental.” (P45)
Heterossexual (n=3)

Ligação entre Sexo e “Não me vejo a praticar actos sexuais ou semelhantes com alguém do mesmo género.” (P26)
Play (n=1)
Papel/Prática BDSM “Depende da prática: para práticas de D/s sim, porque a minha vivência de D/s está muito associada a roleplays
(n=7) de papéis de género e por isso só me faz sentido submeter-me a um homem.” (P13)

66
“Não gosto de power plays com pessoas do mesmo género. Se estiverem presentes, os plays são neutros em
relação a mim (mas podem ser top ou bottom em relação a outra pessoa com que eu esteja a interagir)” (P18)
“Apesar de já ter praticado bdsm com várias pessoas diferentes de generos e orientações diferentes, sinto que
quando o pratico com homens me sinto melhor. Sinto me mais sub do que se estivesse com uma mulher por
exemplo.” (P21)
“Diferentes géneros podem induzir diferentes respostas dom ou sub” (P32)
“Bdsm só me dá prazer com homens (…)” (P42)
“Só considero o género como importante em BDSM devido a uma atração maior pelo universo de Femdom.”
(P43)
“Hoje só estou interessado em dominar mulheres” (P50)
Desimportante Pessoas e suas “Confiança, inteligência, humor são fatores de atração que considero face a não considerar o género” (P15)
(n=16) características (n=2) “Valorizo prioritariamente a personalidade dominadora, independentemente do sexo, orientação sexual ou
aspecto físico” (P48)
Compatibilidade e “(…) tomo como prioridade a compatibilidade sexual e emocional para evitar situações desconfortáveis (…)”
conexão emocional (P1)
(n=3) “O importante é ter uma conexão com a pessoa, seja isso uma amizade ou algo mais” (P6)
“(…) não me amarro ao conceito do gênero (…) O que importa é a conexão com a pessoa” (P31)
Orientação Sexual - “Sou bissexual” (P30)
Bissexual (n= 1)
Papel/Prática BDSM “O que está em voga no momento não é a sexualidade e sim a pratica. A pratica e prazerosa tanto com um como
(n=6) com outro gênero” (P2)
“Porque a atividade em si é que me excita. Embora certas vezes possa preferir homens ou mulheres, mas isso
depende do tipo de atividade em si” (P11)
“O que importa é o papel que desempenha na dinâmica, o género não o determina.” (P35)
“Porque gosto da interação Bull/Cuck” (P41)
“Homem ou mulher podem ser submissos ou dominantes e sempre excitam” (P36)
Não-Sexual (n=2) “Para mim play não tem haver com sexo e são independentes” (P10)
“O BDSM pode ter uma vertente não sexual” (P14)
Qualidade da Prática “A fisicalidade da pessoa não implica que o tipo de papel que praticam "seja mal praticado" ou se são ou não
(n=1) bons praticantes” (P39)
Inexistência de “Inexistência do romantismo associado” (P22)
romance (n= 1)

67
Tema 2. –Perceção/Conhecimento acerca da Fluidez Sexual
Tabela 3.

Categoria Subcategoria Exemplos

Conhecimento da Definição Completa “É uma pessoa que tem variabilidade na sua sexualidade, podendo variar géneros com que se relaciona, plays que pratica,
Definição (n=1) roles com que se identifica, consoante circunstâncias, pessoas, contextos no momento.” (P19)
Desconhecimento da Foco no Contexto e “Alteração da intensidade da atração por um ou mais géneros ao longo da vida ou de um período da vida de uma pessoa.”
Definição Tempo (n=11) (P13)
“Característica associada ao facto da sexualidade depender do contexto e não ser fixa” (P17)
“Tudo na vida é mutável. A título de exemplo, o primeiro termo que usei para me descrever sexualmente, embora ainda
me tenha alguma proximidade, mudou com o tempo (…)” (P39)
“Nega a ideia que a orientação sexual é um fenómeno estático, optando pela conceptualização da sexualidade como um
processo "líquido", assumindo como possíveis e legítimos processos de variação do interesse sexual.” (P12)
Foco na Flexibilidade “Basea-se na flexibilidade da atração, uma pessoa pode identificar-se como hetero e contudo ter tendências sexuais com
(n=5) o mesmo género/sexo. Não significa que haja um nível fixo de atração, pode ser algo momentâneo/temporário.” (P47)
“Visto que a atração sexual cai sobre um espectro (de Kinsey?), suponho que seja a flexibilidade que temos em sentir
atração sexual ou ter práticas sexuais com diferentes géneros” (P51)
“É ser menos rigido a nivel de por quem estou atraído e de com quem praticaria sexo” (P11)
Foco na Diferença “Eu diria que sou "hetero-fluida" no sentido em que me imagino a ter praticas sexuais com mulheres mas isso não faz
entre Atração com que esteja romanticamente e/ou sexualmente atraida por mulheres” (P29)
Romântica e Atração
Sexual (n=2)
Foco na “E a Liberdade de experimentar sem se questionar quanto a sua orientação” (P2)
Experimentação (n=7) “É conseguir experienciar a sexualidade de uma forma menos estática e mais "fluida"” (P21)
“Entendo fluidez sexual como a capacidade do indivíduo de experimentar práticas fora do seu hábito (…)” (P30)
Definição de “A liberdade de viver a sexualidade da forma que fizer mais sentido naquele momento sem se prender a rótulos” (P15)
Unlabeled
(n=2)
Definição de “Alguém que sente atração sexual e/ou romântico por vários géneros” (P41)
Pansexualidade (n=10) “Atração sexual, independentemente do género, mas sim porque aquele pessoa me atrai” (P50)

68
Definição de “Identificação com mais de um género sexual a nível pessoal.” (P46)
Genderfluid (n=2) “Alguém que navega em vários géneros sexuais” (P10)
Foco na alteração a “Alteração da identificação / identidade sexual de uma pessoa” (P3)
longo prazo da
orientação sexual (n=1)
Orientação Sexual “Como pessoa que se identifica como bisexual a nível de sexo mas não a nível romântico” (P6)
(n=6) “Sinto que, sendo bi, sempre liguei pouco à orientação sexual e ao género d@s parceir@s que tive. Sinto-me bem em
Como se concretiza cenários bdsm independentemente das características sexuais das pessoas com quem estou” (P11)
“Sinto-me contemplada pela definição acima pelo que não me prendo a nenhum rótulo. Escolho o rótulo pansexual para
me identificar” (P15)
“Eu sou sapiosexual, por isso atraído por intelectuais e não géneros” (P24)
Oscilação na Atração “Nunca tive amarras ao que é suposto uma pessoa se sentir atraída, é mais uma questão que oscila com as fases da vida
Sexual (n=6) e com as pessoas que nos rodeiam” (P31)
“Dependendo de momentos ou contextos diferentes da vida podemos acabar por ter relações sexuais diferentes da nossa
orientação" (P25)
Papel BDSM (n=4) “Nao tenho problema em ter uma play com um homem porem como sou Switcher esse homem tem que estar em uma
posição de submissão” (P2)
“Sinto que, sendo bi, sempre liguei pouco à orientação sexual e ao género d@s parceir@s que tive. Sinto-me bem em
cenários bdsm independentemente das características sexuais das pessoas com quem estou” (P11)
“Quando obedeço ao Dono não importa o sexo oposto.” (P23)
“Vivendo o fetiche da submissão” (P48)
Não teve oportunidade “Não se concretizou ainda.” (P4)
de concretizar (n=2) “Por exemplo, num threesome MMF, num elevado estado de excitação, seria possível ocorrer beijar outro homem. Ainda
não aconteceu, mas entendo e não descarto essa possibilidade” (P49)

69
Tema 3. – Experiência de Fluidez Sexual

3.1. Tabela 4: Na Sexualidade Baunilha

Categoria Subcategoria Exemplos

Motivo Fetiche (n=3) “Fetiche” (P2)


“As práticas em si.” (P7)
“(…) shibari (…)” (P49)
Atração (n=3) “Sinto-me atraída sexualmente, mas nunca românticamente. Sexual e emocional são distintos neste caso” (P18)
“Sentindo atração por pessoas tendencialmente masculinas, apesar de não ser a minha preferência (nomeadamente
homens trans)” (P51)
Experimentação (n=1) “Experimentação” (P5)
Depende do contexto (n=1) “Dependendo do momento pode surgir desejo.” (P23)
Prazer (n=2) “Procura de prazer não tem que ter um sexo definido, mesmo sendo atraído maioritariamente por mulheres” (P24)
Circuns- Contexto Social (n=2) “Em festas e eventos” (P7)
tâncias Contexto de Grupo (n=5) “Interação sexual com mulheres mas sempre na presença de homens” (P18)
“Em ménage” (P23)
“(…) convites de casais, amigos” (P24)
“Num contexto de sexo em grupo” (P49)
Forma Ocasional (n=4) “(…) de forma casual e continua dependendo da dinâmica de relacionamento (…)” (P1)
“(…) encontros ocasionais” (P17)
Questiona- Sim (n=2) “Sim” (P17)
mento Não (n=8) “Não” (P2)

70
3.2. Tabela 5: Na Sexualidade BDSM

Categoria Subcategoria Exemplos


Motivo Papel/Prática “As práticas sadicas, bondage e dominação” (P7)
BDSM (n=9) “Porque obedeço ao Dono e me sinto bem por isso.” (P23)
“Porque gosto da interação Bull/Cuck” (P41)
“Bdsm só me dá prazer com homens (…)” (P42)
“O meu prazer consiste ocupar o espaço da submissão e perceber que quem está a dominar tem prazer na sua actividade” (P48)
“Não é a sexualidade o foco e sim a prática” (P2)
Experimentação “Para experimentar” (P18)
(n=3)
Compatibilidade “(…) tomo como prioridade a compatibilidade sexual e emocional (…)” (P1)
(n=1)
Prazer (n=4) “Dá-me prazer e satisfação” (P14)
“(…) procura do prazer não tem nada a ver [com o género]” (P24)
Circuns- Contexto Social “Em festas e eventos” (P7)
tâncias (n=3) “Clube (…)” (P18)
Contexto BDSM “(…) eu atar pessoas etc” (P10)
(n=6) “Serviço doméstico e feminização forçada” (P14)
“Interação Bull/Cuck” (P41)
“(…) rope bondage” (P49)
“(…) shibari” (P50)
“Na primeira vez foi no contexto de ter uma submissa com um amigo que queria experimentar (…)” (P5)
Online (n=1) “Online” (P22)
Contexto de Grupo “Trios (…)” P24
(n=3) “Encontros com (…) casais com diferentes orientações sexuais” (P48)
“Em contexto de grupo (…)”(P49)
Formação (n=1) “Contextos de formação (…)” (P10)
Forma Ocasional “De forma casual (…)” (P1)
(n=3)
Por convite (n=1) “A convite de outra pessoa” (P2)

71
Relacionamentos “(…) assim como em relações contínuas.” (P1)
(n=1)
Questiona- Sim (n=1) “Sim” (P17)
mento Não (n=11) “Não” (P5)
“Ajudaram a confirmar que sou hetero” (P18)
Frequência Todas as Práticas “Todas as praticas BDSM” (P2)
(n=5) “Todas as que pratico” (P17)
Algumas práticas “(…) algumas das práticas que pratico (…)” (P5)
(n=9) “A todas sem componente sexual” (P14)
“Em contexto de grupo ou rope bondage (…)” (P49)

72
Tema 4. – Vivências iniciais da sexualidade em contexto BDSM e em contexto Baunilha

4.1. Tabela 6: Em contexto Baunilha

Tipo de Categoria Exemplos


Atração
Atração Sexual Atração “Atração exclusiva ao género feminino nas primeiras atrações sexuais.” (P4)
Heterossexual “As primeiras foram atracções heterossexuais, possivelmente influenciada pelo que seria esperado, (…)” (P9)
(n=23) “Durante muitos anos senti-me exclusivamente atraída por homens (…)” (P13)
“Sempre atraído pelo género oposto” (P20)
“A atracção por outras pessoas começou por se revelar perto dos 14 anos, primeiro por homens (…)” (P30)
“Senti-me atraída sexualmente apenas pelo sexo oposto até por volta dos 16 anos, (…)” (P35)
Atração “Lembro-me que a minha primeira atração sexual ser por uma pessoa do mesmo género que eu.” (P1);
Homossexual (n=3) “Quando era mais nova sentia maior atração pelo corpo feminino.” (P38)
Atração Bissexual “Ter uma atração mais completa pelos homens (física e intelectual), mas achar os corpos femininos muito bonitos e lascivos” (P18)
(n=4) “Principalmente mulheres, mas também homens mais femininos” (P32)
“Por homens sempre foi muito mais normal, por ser normativo. Por mulheres, sempre senti atração sexual, (…)” (P37)
Atração Pansexual “Sentia-me normalmente atraída por características que eram de certo modo transcendentes a toda a gente (…) e algumas
(n=1) características que eram mais específicas a um genero (…).” (P21)
“Romanticamente, acredito que por imposição social não me tenha permitido ter uma atração romântico por ninguém se não
heterossexual do sexo oposto ao meu até mais tarde na vida quando desconstruí os meus próprios preconceitos...” (P1)
Atração “Feminino” (P2)
Heterossexual “As primeiras foram atracções heterossexuais, possivelmente influenciada pelo que seria esperado, (…)” (P9)
(n=21) “Sempre tive apenas atracção romântica por homens, (…)” (P13)
Atração “Primeiro desejo de uma ligação romântica com homens foi aos 14 anos (…). Durante quase toda a minha vida considerei-me
Romântica bissexual heteroromântica, e portanto não me envolvi romanticamente com mulheres até recentemente” (P37)
Atração Bissexual “Tive sempre por homens e mulheres, embora tod@s cis.” (P11)
(n=2) “Homens cis e mulheres cis” (P28)
Atração Pansexual “Sobretudo voltadas para características da personalidade” (P21)
(n=4) “A nível romântico sempre tive várias atrações tanto em homens como mulheres, bem como indivíduos não binários ou que não se
identificam com nenhum.” (P39)

73
Comportamento Comportamento “(…) os primeiros comportamentos foram com homens” (P6)
Sexual Heterossexual “Durante muito tempo só pratiquei actos sexuais heterossexuais, (…)” (P18)
(n=21) “Masculino” (P34)
“Entre 2010 e 2019 (…) apenas sexo oposto (…)” (P35)
“Todos os meus parceiros sexuais entre os 18 e os 22 eram homens cis-género, (…)” (P39)
Fantasia Fantasia “Exclusivamente homens no início, (…)” (P13)
Sexual Heterossexual “Sempre relativamente ao genero oposto” (P14)
(n=17) “Sim mulheres, shemale, trans etc…” (P24)
“Os primeiros foram todos do sexo oposto.” (P35)
“Houve uma fase na minha adolescência em que mulheres transgénero foram uma uma fantasia muito presente. Isso e mulheres
mais velhas” (P49)
Fantasia “Lembro-me de fantasiar com sujeitos do mesmo sexo (…)” (P1)
Homossexual (n=4)
Fantasia Bissexual “Ambas homens e mulheres” (P6)
(n= 2)
Fantasia Pansexual “(…) Tendo sempre todo o tipo de generos” (P21)
(n=2) “Continuo desde que me lembro a ter fantasias por ambos os géneros, sendo que em ocasiões mais de um género ou de outro, ou
de nenhum.” (P39)

74
4.2. Tabela 7: Em contexto BDSM

Tipo de Categoria Exemplos


Atração
Atração Sexual Atração “Primeira atração sexual em contexto BDSM foi por um casal de homens Gay.” (P1)
Heterossexual “(…) homens” (P19)
(n=22) “(…) genero oposto” (P23)
“Mulheres de botas salto alto fetichistas” (P20)
“Sim mulher e trans” (P24)
“(…) com o sexo oposto” (P35)
Atração “feminino” (P34)
Homossexual “Mulheres fortes e dominantes nos desenhos animados que via em criança mexiam comigo num bom sentido. (…)” (P43)
(n=2)
Atração Bissexual “Os pensamentos mais bdsm começaram a surgir quando me assumi como bi. Era me irrelevante o genero das pessoas quando
(n=2) pensavam em bdsm. Apenas queria saber das práticas” (P11)
“Mulheres e homens” (P32)
Atração “Nesse momento já não me importava com o género /sexo da pessoa.” (P9)
Pansexual (n=4) “Independentemente do género, embora gostasse mais de homens porque me era mais comum vê-los como dominantes” (P21)
“Sentia inicialmente querer assumir o papel Dom perante pessoas mais "frágeis" independente do gênero” (P31)
Atração Atração “(…) sempre mais facil encontrar homens que abertamente falavam das suas kinks e se assumiam como membros da comunidade
Romântica Heterossexual bdsm” (P11)
(n=25) “(…) género oposto” (P14)
“(…) sexo oposto.” (P23) (P35)
Atração “Todos os tipos.” (P38)
Pansexual (n=1)
Desassociação a “Acho que me dissociei da ligação romântica no que toca a bdsm porque via a atividade como estritamente prazer sexual que não
Romance (n=5) carregava romantismo, se é que isso faz sentido” (P21)
“Não tendo, no entanto, a associar relação romântica com BDSM, (…)” (P39)
“Sempre tendi a separar o lado romântico do contexto de BDSM. Ou funcionava com relações iguais baunilha ou D/s em regime
24/7. Não conheço um meio-termo.” (P43)

75
“Dificuldade em conjugar as actividades BDSM com as românticas que se seguiam, não havendo uma ponte fluída ou um intermédio
entre actividade BDSM e actividades românticas” (P46)
Comportamento Comportamento “1as experiências foram heterossexuais, devida ao relacionamento que estava na altura.” (P9)
Sexual Heterossexual “Sempre relativamente ao genero oposto” (P14)
(n=21) “Com homens, adoptando eu uma postura submissa” (P18)
“Sexo oposto.” (P35)
Comportamento “Lembro-me da minha primeira experiência com um homem heterossexual e com uma mulher bissexual.” (P1);
Bissexual (n=2) “Experimentei quer ser dominada por mulheres ou por homens, parecendo-me sempre mais natural quando me submetia ao mesmo
género que eu.” (P43)
Comportamento “Feminino e masculino trans etc.” (P48)
Pansexual (n=2) “(…) tratava toda a gente da mesma forma independentemente do seu genero.” (P11)
Fantasia Fantasia “Ao início apenas homens (…)” (P13)
Sexual Heterossexual “(…) género oposto” (P14)
(n=15) “Sexo oposto” (P23)
“Mulheres com diferentes orientações sexuais” (P49)
Fantasia “Feminino” (P34)
Homossexual “Femdom” (P43)
(n=2)
Fantasia “Homens e mulheres” (P6)
Bissexual (n=6) “A maior parte delas foram com homens. Frequentemente eu imaginava-me com outras mulheres, todas a sermos subs do mesmo
dom homem.” (P21)
“Mulheres bis e homens bis” (P28)
Fantasia “Maioria das minhas fantasias sexuais em contexto BDSM são com pessoas de género fluído.” (P1)
Pansexual (n=2) “Feminino e masculino trans etc.” (P48)

76
Tema 5. – Vivências atuais da sexualidade em contexto BDSM e em contexto Baunilha

5.1. Tabela 8: Em contexto Baunilha

Categoria Exemplos

Sexualidade Heterossexual “Heterosexual” (P2)


(n=4)
Sexualidade Homossexual (n=2) “Com mulheres exclusivamente.” (P19)

Sexualidade Bissexual (n=2) “Bisexual” (P32)

Sexualidade Pansexual (n=1) “Atualmente a atração sexual é com qualquer género, atração romântica também, comportamento sexual na prática de sexualidade baunilha
ainda só aconteceu com o sexo oposto e a fantisia sexual acontece com qualquer género.” (P35)

5.2. Tabela 9: Em contexto BDSM

Categoria Exemplos

Sexualidade Heterossexual “Heterosexual” (P14)


(n=11) “Sexo oposto, ou ménage com MHM” (P23)
“(…) pelo que pratico bdsm com um dos meus parceiros (homem) (…)” (P37)
“Apenas com mulheres” (P45)
Sexualidade Homossexual (n=2) “Estou inserida numa relação M/s com uma mulher cis” (P43)

Sexualidade Bissexual (n=4) “Tenho uma relação com um homem dominante e faço plays não sexuais com uma mulher dominante” (P6);
“Mulheres e pessoas não binárias” (P32)
Sexualidade Pansexual (n=5) “(…) com homens, mulheres e pessoas de género fluído.” (P1)
“(…) o genero/sexo intervinientes não sendo importante” (P9)
“Atualmente pratico BDSM maioritariamente com o meu parceiro do sexo oposto (agender), por vezes incluímos outras parcerias cujo
sexo é o feminino, mas o género é não-binário/género fluído. Tenho fantasias com os vários géneros, sinto atração romântica
independentemente do género. Atração sexual maioritariamente pelo sexo oposto, mas acontece independentemente do género.” (P35)

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