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Curso de Psicologia
Brasília- DF
Outubro de 2021
Centro Universitário de Brasília- UniCeub
Curso de Psicologia
Brasília- DF
Outubto de 2021
Sumário
1 Introdução..……………………………………………………………………1
2 Objetivo………………………………………………………………………...5
3 Justificativa……………………………………………………………………..5
4 Metodologia…………………………………………………………………….6
6 Referências……………………………………………………………………..16
7 Apêndice……………………………………………………………………….19
1. Introdução
A prostituição é uma das profissões mais antigas do mundo a se ter registros. Desde a
Idade Clássica, o trabalho sexual é visto como vantagem econômica e política pelos
relações de poder como dispositivo social de controle sobre as pessoas e portanto segue a
pelo Brasil, os estudos referidos demonstram que esse formato possibilita a continuidade de
a prostituição de modo abstrato, uma vez que considera que os programas ocorrem nos
mesmos moldes de trocas voluntárias que as relações de trabalho existentes em outros setores
(O’Connell, 1995). Assim, o trabalho demonstra que ao mesmo tempo que imprescindível, o
modelo de regulamentação apresenta-se insuficiente, uma vez que, esse exclui a significância
subjetivação de mulheres prostitutas e suas relações com a profissão, com intuito de analisar,
2. Objetivos
Para isso, propõe-se: (i) analisar os principais discursos feministas sobre a prostituição e
os modelos legais existentes, com enfoque no adotado pelo Brasil, com intuito de apontar
compreender, por meio de uma perspectiva crítica, os impactos do trabalho sexual para os
profissão.
3. Justificativa
Nesse sentido, faz-se necessário ampliar a discussão sobre o trabalho sexual, uma vez
que, as contribuições até então vigentes apresentam abordagens analíticas pouco interativas
para a compreensão do fenômeno prostituição. Portanto, a elaboração desse estudo propõem a
Nesse sentido, o presente projeto consta com possíveis contribuições nos seguintes
qualidade.
4. Metodologia
O presente projeto será efetuado por uma pesquisa qualitativa orientada pela teoria
psicanalítica. A pesquisa qualitativa se torna única pelo seu objeto de estudo: o sujeito.
Assim, ela encara esse sujeito como ativo e produtor de suas próprias interpretações do
mundo social. Portanto, tal pesquisa não tem como objetivo generalizar o fenômeno, mas sim
as limitações técnicas ao estudar o ser humano, o que faz com que essa perspectiva não caia
em generalizações falsas sobre os processos humanos" (Alonso, 2016). Assim, o papel do
"Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser
quantificado. Ou seja, ela trabalha com um universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo
das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis. Assim, a pesquisa qualitativa se debruça sobre o campo
das experiências, das vivências, das perspectivas e da subjetividade. Ou seja, se ocupa
do universo dos significados, das construções simbólicas que os sujeitos produzem
sobre suas realidades sociais". (Minayo, 2001, p.21)
elas atribuídas sobre os modelos de pré e pós regulação de sua profissão, levando em
consideração suas dimensões psíquicas, históricas e estruturais. Para isso, utiliza-se a análise
do discurso (AD) como instrumento analítico, uma vez que a AD traduz a necessidade de se
olhar os textos e as falas com um desejo de ir além do expressado. Assim, "usá-la pressupõe
um abandono pela ideia de que a linguagem traz em si suas verdades, nisto o foco da análise
"Há a necessidade de se ver no discurso algo além de seus signos e códigos textuais,
para isso é preciso: [...] não mais tratar os discursos como conjuntos de signos
(elementos significantes que remetem a conteúdos ou a representações), mas como
práticas que formam sistematicamente os objetos de que falam. Certamente os discursos
são feitos de signos; mas o que fazem é mais que utilizar esses signos para designar
coisas. É esse mais que os torna irredutíveis à língua e ao ato da fala. É esse "mais" que
é preciso fazer aparecer e que é preciso descrever". (Foucault, 2008, p.55).
De forma geral a AD está vinculada a uma busca pelo sentido do uso da língua e
dizer e as condições de sua produção". (Silva & Sargentini, 2005). “O enunciado não
diz tudo, devendo o analista buscar os efeitos dos sentidos e, para isso, precisa sair do
p. 681).
teórico para desvelar as vivências das colaboradoras. Segundo Figueiredo e Minerbo (2006),
e sociais, inesperadas".
"Interpretar significa olhar para o fenômeno investigado fora de seu campo habitual. O
olhar do psicanalista é um olhar fora da rotina, que desopacifica o objeto. Ele ressurge
diferente, desconstruído, transformado. (...) O sujeito também se transforma na medida
em que se torna capaz de ver coisas que não via antes. Pois também o “objeto” e a
própria “teoria” passam pelo mesmo processo de transformação sofrido pelo
pesquisador ao longo da pesquisa com o método psicanalítico". (Figueiredo & Minerbo,
2006)
5. Instrumentos
semi-estruturadas. A partir das entrevistas semi-estruturadas será possível analisar, por meio
dos discursos, os sentidos que as participantes dão a elas mesmas. Esse instrumento foi
escolhido, uma vez que, ele visa abrir espaço para a inclusão e coleta de informações que vão
entrevistada mais ativa. Ou seja, a entrevista semi estruturada é caracterizada pela presença
O roteiro das entrevistas deve ser um guia para o pesquisador, englobando todas as
questões principais a serem exploradas, mas podem haver adaptações ao longo da entrevista.
seus relatos suas próprias categorias, ordenamentos e seleções dos fatos vividos.
entrevistas, portanto, por meio deste documento serão esclarecidos os fins da pesquisa e
6. Procedimentos
Após aprovação, será realizado o recrutamento das participantes. Participarão desta pesquisa
via telefone com casas de prostituição do DF. A escolha das participantes justifica-se pela
idade, a pesquisa procura mulheres profissionais do sexo na faixa etária mais demandada que
atuam a pelo menos 5 anos como profissionais do sexo no Distrito Federal, Brasil.
Após aceitação das participantes, será solicitada a assinatura do TCLE (Anexo 1). Em
seguida, será agendado um encontro presencial. À ocasião do encontro, será realizada uma
entrevista semi-estruturada (Anexo 2), que será gravada e em seguida transcrita. Outros
posições subjetivas dos participantes no discurso; (ii) localizar pontos de interrupção da fala,
mecanismos ideológicos e culturais presentes nos discursos; (iv) levantar hipóteses sobre os
não-ditos presentes nas falas dos entrevistados; (v) analisar as cadeias associativas em torno
das quais se estruturam as falas dos participantes; (vi) identificar elementos de expressão
não-verbal.
7. Fundamentação Teórica
deste projeto. Para fins didáticos, esta apresentação será dividida em seis eixos temáticos
ligada aos cultos religiosos na pré-história, passou a ser significada como profana e exercida
quase exclusivamente por mulheres escravizadas a partir da Idade Clássica. Roberts (1998)
destaca que, nesse período, ocorreu uma mudança no papel do Estado, que passou a intervir
no sexo percebido como negócio lucrativo. A prostituição, agora representada pela
interesses políticos, em que o corpo prostituído seria um espelho da sociedade (Souza, 1998).
Segundo Foucault (1988), a sexualidade está associada às relações de poder como dispositivo
social de controle sobre as pessoas. Portanto, a prostituição, como venda do corpo, sexo e
desejo, e relacionada à complexidade da sexualidade, deve ser concebida como incitação aos
discursos de poder.
mundo
Nesse sentido, foi com o início da modernidade e da luta pelos direitos cívicos
esfera política. Dentre as diversas referências teóricas que retratam sobre o trabalho sexual,
anos 70, com a teoria liberal, o movimento feminista demonstra ser fundamental para a
defende-se o fim da prostituição, uma vez que, entende-se as mulheres prostitutas como
vitimas da opressão e violência que são consideradas intrínsecas ao comércio do sexo. Já para
inerentemente explorador, o que o torna abusivo são as condições em que é exercido. Nessa
perspectiva, O’Neill (2001) afirma que "a prostituição é encarada como uma resposta
regida por uma “tolerância regulada” ou gestão diferencial das ilegalidades, nas palavras de
contexto que risca as fronteiras da legalidade de uma profissão que permeia questões como os
padrões morais e o necessário reconhecimento dos direitos das trabalhadoras sexuais". (Pena,
2020). Como também, "abre margem para a continuidade de ilicitudes, como a exploração e o
Assim,
Nesse contexto, segundo os argumentos e críticas dos dois principais modelos teóricos,
apresenta-se três sistemas legais para o trabalho sexual que são praticados pela cultura
assume esse sistema desde 1942. Conforme Prado (2006, p. 699), essa legislação pune o
agenciador ou explorador, que recebe parte dos lucros obtidos pelo profissional do sexo, mas
não a prostituta por considera-la vítima da coação desses terceiros. Essa concepção
como vítimas de tráfico e potencializa o estigma já sofrido por elas, dificultando ainda mais
seu acesso à saúde e a outros direitos, além de elevar seu grau de vulnerabilidade".
como essencial para a garantia dos direitos fundamentais, uma vez que, garante as condições
dignas de trabalho como acesso gratuito aos serviços de saúde, segurança, licença
maternidade, apoio jurídico etc. Dessa forma, somente com a legitimidade do trabalho sexual
que é possível garantir a participação das prostitutas como sujeitos com direito a
sociedade democrática.
direitos jurídicos e representativos, deve-se garantir os direitos a saúde pública, tanto em sua
dimensão física quanto psíquica. É necessário efetuar uma discussão aprofundada, uma vez
sociedades necessariamente têm, propõe-se criticar o impacto das normas sociais na limitação
importância da instauração de outras justiças, instituídas por vias além da regulação. Assim,
o desejo é desejo de não se sabe o quê, desejo do outro, desejo que surge da falta de um
objeto sentido como perdido mas que nunca foi tido (Soler, 2016). Assim, "sabendo que o
encontram-se afetos que circulam de forma preferencial dentro das relações de poder (Safatle,
2018).
sexual. "Pois, assumida tal perspectiva, pode-se então abrir uma crítica baseada não apenas
Segundo (Honneth, 2007, p.35), " entende-se como patologias sociais as deficiências
sociais no interior de uma sociedade que não derivam de uma violação aos princípios de
individual" (Safatle, 2018). Abarca-se patologias enquanto categorias que descrevem modos
de participação social, e não uma reflexão sobre a sociedade como organismo saudável ou
doente (Safatle, 2018). Portanto mesmo com a regulamentação dos direitos das trabalhadoras
do sexo, a prostituição é carregada pela lógica de poder dos afetos, que em sua primesia
forma, faz-se necessário investigar o processo de subjetivação das mulheres prostitutas sobre
suas profissões, levando em consideração seus circuitos de afetos que perpassam pelas
Brants, C. (1998). The Fine Art of Regulated Tolerance: Prostitution in Amsterdam. Journal
USP, v. 23, n. 1
1988. 88 p.
Minayo, M.C.S. (2001). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 19. ed. Petrópolis:
Vozes, 2001. 80 p
O’Connell, D. (1995). The anatomy of “free choice” prostitution. Gender, Work &
Press, 1998.
O’Connell D. (2003). Sleeping with the enemy? Some problems with feminist abolitionist
calls to penalise those who buy commercial sex. Social Policy and Society, v. 2, n. 1,
p. 55, 2003.
O’Connell D. (2015). Modern slavery: The margins of freedom. New York: Springer, 2015.
O'Neill, M. (2001). Prostitution & feminism. Towards a politics of feeling. Cambridge, Polity
Press.
Prado, L. (2006). Curso de Direito Penal Brasileiro. Vol 3, Parte Especial – arts. 184 a 288.
Souza, I (1998). O cliente: o outro lado da prostituição. São Paulo: Annablume, 1998. 160 p.
ANEXO 1
Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)
Procedimentos do estudo
● Sua participação consiste em responder uma entrevista individual sobre o tema
focalizado na pesquisa.
● O procedimento consiste na realização de uma entrevista individual
semiestruturada.
● Não haverá nenhuma outra forma de envolvimento ou comprometimento neste
estudo.
● A entrevista será gravada em áudio, com o consentimento do participante, para
facilitar o posterior trabalho de análise.
● A pesquisa será realizada em uma casa de prostituição do Distrito Federal.
Riscos e benefícios
● Este estudo possui baixos riscos, que são inerentes ao procedimento de entrevista.
Medidas preventivas, durante a entrevista, serão tomadas para minimizar qualquer risco ou
incômodo. Por exemplo, será esclarecido que não há respostas certas ou erradas em
relação às perguntas que serão apresentadas e que é esperado que o/a participante responda
de acordo com as suas opiniões pessoais.
● Caso esse procedimento possa gerar algum tipo de constrangimento você não
precisa realizá-lo.
● Sua participação poderá ajudar na construção de uma compreensão mais
aprofundada sobre o tema em questão.
Confidencialidade
● Seus dados serão manuseados somente pelos pesquisadores e não será permitido o
acesso a outras pessoas.
● O material com as suas informações (gravação em áudio da entrevista) ficará
guardado sob a responsabilidade da pesquisadora assistente, NOME DA
PESQUISADORA, com a garantia de manutenção do sigilo e confidencialidade e será
destruído após a pesquisa.
● Os resultados deste trabalho poderão ser apresentados em encontros ou revistas
científicas, entretanto, ele mostrará apenas os resultados obtidos como um todo, sem
revelar seu nome, instituição a qual pertence ou qualquer informação que esteja
relacionada com sua privacidade.
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Participante
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Pesquisadora Responsável: Lívia Campos e Silva
E-mail: livia.campos@ceub.edu.br
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Pesquisadora Assistente: Jordana Naves Ripoll Craveiro
Celular: (61)999666170– E-mail: retrapollar@gmail.com
ANEXO 2
3) Como você pensa que o seu trabalho interfere na sua qualidade de vida?
desses modelos?
11) De que modo você acredita que a regulamentação do trabalho sexual interferiria no
seu cotidiano?
12) Na sua perspectiva, qual seria um modelo eficaz para o trabalho do sexo?