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Centro Universitário Uninassau

Curso: Psicologia
Disciplina: Teorias e Sistemas
Professora: Jôse
Integrantes: Caio Raphael de Souza Guimarães, Cosme Ramos Nascimento,
Fernanda Luíza Corrêa Hounie, Flávia Govoni, Maria Luiza Ferreira Lima, Monique
Bezerra Neves

A formação do psicólogo no Brasil


O artigo "Formação do psicólogo: um debate a partir do significado do
fenômeno psicológico", escrito por Ana Bock, Maria Gonçalves e Odair Furtado,
discute assuntos importantes para a formação do psicólogo, partindo da
compreensão do fenômeno psicológico. Os autores questionam o excesso de
ênfase na técnica e na metodologia nos cursos de formação em psicologia, e
defendem uma compreensão mais profunda do fenômeno psicológico. Eles refletem
sobre a formação do psicólogo no Brasil, tratando de temas como a identidade
profissional, a relação entre teoria e prática, e a formação ética e humanista dos
profissionais da área. Neste fichamento, serão destacadas as principais ideias do
artigo, com foco na argumentação dos autores e nas contribuições para o debate
sobre a formação do psicólogo.

''Não existe a natureza humana [...] Há uma natureza em cada homem,


natureza esta que o faz homem e que determina suas possibilidades'' [pág. 1] O
trecho diz que não existe uma natureza ou essência humana universal, mas que
cada pessoa tem uma natureza específica que a torna humana e afeta seu potencial
de realização. Além disso, o texto afirma que o homem está em constante evolução
e pode evoluir plenamente desde que existam as condições adequadas.

‘’Existe a condição humana [...] e que se encontram condensadas nas formas


culturais desenvolvidas pelos homens em sociedade’’ [pág. 1] Este trecho do artigo
nos mostra que a condição humana é moldada pelas formas culturais desenvolvidas
pela sociedade. Embora existam predisposições biológicas, os desenvolvimentos
sócio-históricos podem alterar decisões e escolhas individuais. Isso significa que os
seres humanos não possuem uma natureza fixa e imutável, mas são influenciados
pelo contexto cultural em que vivem.

''O homem é um ser ativo, social e histórico [...] há um permanente


movimento e um permanente processar do homem'' [pág. 2] Essa afirmação do
texto indica que o homem é um ser que está constantemente em ação, interagindo
com o mundo que o cerca. Além disso, ele é um ser social, ou seja, está sempre em
contato e influenciado pelas relações que estabelece com outros indivíduos. E, por
fim, ele é um ser histórico, ou seja, está imerso em um contexto que é resultado de
uma construção social e cultural ao longo do tempo. Essas três características estão
intimamente relacionadas e são fundamentais para compreender a natureza
humana e suas potencialidades.

Conforme foi debatido em grupo concordamos que estes trechos acima são
fundamentais para entender a visão dos autores sobre a natureza humana e seu
papel na sociedade. Eles servem como base para a argumentação que virá a seguir
e ajudam a situar o leitor no debate proposto pelo texto.

o fenômeno psicológico é a expressão da vida mental e emocional das


pessoas, que envolve aspectos individuais e coletivos, subjetivos e objetivos,
conscientes e inconscientes. ‘’O fenômeno psicológico tem sido visto de forma
abstrata [...] manifestações da vida mental, tudo que é percebido pelos sentidos.’’
[pág. 2].

Os autores argumentam que a formação do psicólogo deve ser voltada para a


compreensão da natureza humana em sua totalidade, considerando suas múltiplas
dimensões (biológicas, psicológicas, sociais, culturais, etc.). ‘’A interação com o
meio é, portanto, fator de desenvolvimento [...] o psicólogo parece ter os
Instrumentos adequados para lidar com ele’’ [pág. 2].

Porém, nem sempre foi assim, o primeiro conceito do fenômeno psicológico


não foi inventado pela psicologia, mas sim, no liberalismo dominante, que tinha
como valor central o individualismo. ‘’A relação do Indivíduo com a sociedade é uma
relação praticamente inexistente. [...] e que pode ser um terreno fértil ou não.’’ [pág.
3] e vemos a confirmação disto logo seguinte a este trecho acima, onde os autores
dizem que ‘’ estas concepções têm seu fundamento na visão liberal dominante, que
possui como valor central o individualismo.’’ [pág. 4].
‘’A Psicologia trabalhou sob a orientação liberal e positivista, produzindo uma
naturalização do homem, isto é, o concebeu a partir da noção de natureza humana’’
[pág. 4] Esta parte refere-se ao fato de que a psicologia foi inicialmente influenciada
pelas correntes filosóficas e científicas dominantes do liberalismo e do positivismo.
Essas correntes defendiam a ideia de que o conhecimento deveria ser baseado na
observação empírica e na análise objetiva dos fenômenos. Foi assim que a psicologia
se desenvolveu com uma abordagem naturalizada do homem, ou seja, entendeu a
ideia do homem como tendo uma natureza humana universal que pode ser estudada
e compreendida por meio de métodos científicos. Essa visão naturalizada do homem
acaba por limitar a compreensão da complexidade da natureza humana, pois
considera apenas os aspectos objetivos e mensuráveis, deixando de lado os aspectos
subjetivos e culturais. Além disso, essa posição não levou em conta a influência do
contexto social e histórico na formação da identidade e do comportamento humano.
Portanto, os autores recomendam uma abordagem mais ampla e holística da
natureza humana que leve em consideração todas as suas dimensões e sua conexão
com o meio ambiente e a cultura.

‘’As técnicas não podem ser ensinadas como elementos fechados em si


mesmos, mas como instrumentos a serviço de uma finalidade [...] de permanente
curiosidade’’ [pág. 5] É importante ensinar as técnicas psicológicas como ferramentas
flexíveis, adaptáveis às necessidades e objetivos específicos do indivíduo ou
processo terapêutico em questão. Além disso, é essencial destacar o ensino da
pesquisa, estimulando a curiosidade dos profissionais e incentivando-os a buscar
constantemente novos conhecimentos.

Ao final do artigo, os autores destacam a importância de formar um psicólogo


crítico que busque constantemente novos conhecimentos. Dentre os pontos
discutidos, ressaltam-se: uma formação plural que abranja diversas áreas da
Psicologia; uma formação que incentive a fazer perguntas, a questionar o familiar e
buscar respostas; uma formação com psicólogos criativos, que utilizem de forma
inovadora seu conhecimento; uma formação que esteja alinhada com a realidade
brasileira; uma formação com técnicas de intervenção como instrumentos; uma
formação que contemple várias áreas de ciências e prepare o profissional para
trabalhar em conjunto com outros profissionais; uma formação generalista, com uma
pequena especialização no último ano. É fundamental formar um profissional
comprometido com seu tempo e sociedade, capaz de promover a saúde da
comunidade.

Referências Biliograficas:

Bock, A.M.B., Gonçalves, M.G.M et alli -A Psicologia Sócio-histórica- mimeo,


São Paulo, 1996.

Carvalho, A.M.A. -Atuação Psicológica- alguns elementos para uma reflexão


sobre os rumos da profissão e da formação - in Conselho Federal de Psicologia-
Revista Psicologia: Ciência e Profissão, ano4, no.2/1984, p.7/9.

Chariot, B. -A Mistificação Pedagógica: realidades sociais e processos


ideológicos na teoria da educação -Zahar Ed.,RJ, 1979.

Comissão de Especialistas de Ensino de Psicologia - MEC/SESU- A Formação


em Psicologia: contribuições para reestruturação curricular e avaliação dos cursos,
mimeo.

Conselho Federal de Psicologia (Câmara de Educação e Formação


Profissional) - Psicólogo Brasileiro - práticas emergentes e desafios para a formação
- Ed.Casa do Psicólogo, SP, 1994.

Mello, S.L. -Psicologia e Profissão em São Paulo - Ed.Ática, SP, 1975.

Warde, M.J. - Liberalismo e Educação - tese de doutoramento, PUC-SP, 1984.

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