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HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

Organização da profissão
Quantos somos? (dados de 2021)
OE → 80 379 enfermeiros
PORDATA → 80 238 enfermeiros
+140 enfermeiros que trabalham no estrangeiro

Novas áreas de Especialização em Enfermagem:


Enfermagem Comunitária:
• Enfermagem de Saúde Comunitária e de Saúde
Pública;
• Enfermagem de Saúde Familiar.

Enfermagem Médico-Cirúrgica:
• Enfermagem à Pessoa em Situação Crítica;
• Enfermagem à Pessoa em Situação Crónica;
• Enfermagem à Pessoa em Situação Paliativa;
• Enfermagem à Pessoa em Situação Perioperatória.

Enfermagem de Reabilitação:
• Enfermagem de Reabilitação.

Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica:


• Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica.

Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica:


• Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica.

Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica:


• Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica.

Títulos académicos e profissionais e carreiras


profissionais

Títulos Profissionais:
Enfermeiro → Enfermeiro especialista

A Ordem dos Enfermeiros (OE) atribui:


• O título de enfermeiro aos diplomados com um curso de
Licenciatura em Enfermagem.
• O título de Enfermeiro especialista ... aos diplomados com
um curso de pós-licenciatura em enfermagem de
especialização em .... Ou curso de mestrado em
enfermagem profissional com especialização em....
Títulos Académicos:
Licenciado em Enfermagem → Mestre em Enfermagem → Competências Avançadas:
Doutor em Enfermagem Em funcionamento:
1. Avançada em Gestão;
2. Avançada em Psicoterapia;
3. Diferenciada em Enfermagem Extra-Hospitalar;
4. Diferenciada em Enfermagem do Trabalho;
5. Diferenciada e Avançada em Estomaterapia;
6. Diferenciada e Avançada em Supervisão Clínica.
Em preparação: e) Registar e produzir informação relativa ao exercício
1. Saúde Escolar; profissional, incluindo a relevante para os sistemas de
2. Tratamento de Feridas e Viabilidade Tecidular; informação;
3. Enfermagem Forense; f) Avaliar as suas intervenções, contribuindo para o
4. Enfermagem Hiperbárica e Subaquática; desenvolvimento de uma prática baseada na evidência, tendo
5. Enfermagem Oncológica; em vista a eficiência e qualidade dos cuidados de enfermagem,
6. Enfermagem no Desporto; a autonomia e a valorização profissional;
7. Enfermagem em Controlo de Infeção; g) Participar nos processos de decisão próprios da sua
8. Enfermagem no Reprocessamento de Dispositivos Médicos; atividade integrando as equipas multidisciplinares;
9. Enfermagem em Endoscopia Digestiva. h) Promover e participar em ações que visem articular as
diferentes redes e níveis de cuidados de saúde;
Atributos da Profissão: i) Participar em processos formativos, contribuindo para a sua
• Ter uma orientação de serviço, exercendo a sua valorização profissional e para a valorização profissional dos
atividade por motivos altruísticos; seus pares;
• Ser baseada num corpo de conhecimentos próprio que j) Colaborar no processo de formação de estudantes de
define um saber específico; enfermagem;
• Possuir um conjunto de práticas específicas que os k) Coordenar e supervisionar enfermeiros em contexto de
profissionais necessitam de dominar e que são integração profissional;
adquiridas através da formação, constituindo uma l) supervisionar, quando adequado, a formação de outros perfis
disciplina educacional; profissionais;
• Ser organizada internamente, possuindo hierarquia, m) Participar e colaborar em projetos de investigação;
associações representativas de classe e um sistema n) Integrar júris de procedimentos concursais para
regulador da atividade. recrutamento.

1ªEscola de Enfermagem–Hospital de S. Tomás em Londres

Carreiras profissionais relacionadas com a enfermagem:


• Carreira de investigação;
• Carreira do ensino superior politécnico;
• Carreira do ensino superior universitário;
• Carreira de enfermagem. Todos começam no 15 = 1.201.48(montante pecuniário 2009 (€)

Decreto-lei nº 71/2019 Artigo 7


O nível habilitacional exigido para a carreira de
Carreira do Ensino Superior Politécnico
enfermagem corresponde aos requisitos prescritos para a
atribuição, pela Ordem dos enfermeiros, de título definitivo de Decreto-lei nº 207/2009
enfermeiro. Categorias: A carreira do pessoal docente do ensino superior
Os enfermeiros têm uma atuação de politécnico compreende as seguintes categorias:
complementaridade funcional relativamente aos demais a) (Revogada.)
profissionais de saúde, mas dotada de igual nível de dignidade b) Professor adjunto;
e autonomia de exercício profissional. c) Professor coordenador;
A carreira de enfermagem organiza -se por áreas de d) Professor coordenador principal.
exercício profissional e de cuidados de saúde, tais como as Funções dos docentes do ensino superior politécnico:
áreas hospitalar e de saúde pública, bem como de cuidados Compete, em geral, aos docentes do ensino superior
primários, continuados e paliativos, na comunidade, pré- - politécnico:
hospitalar e de enfermagem no trabalho, podendo vir a ser a) Prestar o serviço docente que lhes for distribuído e
integradas, de futuro, outras áreas. (Artigo 6) acompanhar e orientar os estudantes:
b) Realizar atividades de investigação, de criação cultural ou de
Categorias: (Artigo 7) desenvolvimento experimental.
1 — A carreira especial de enfermagem é pluricategorial e
estrutura -se nas seguintes categorias:
A) Enfermeiro;
B) Enfermeiro especialista;
C) Enfermeiro gestor.

Conteúdo funcional da categoria de enfermeiro: (artigo 9)


O conteúdo funcional da categoria de enfermeiro, desenvolvido
com plena autonomia técnico-científica, é inerente às
respetivas qualificações e competências em enfermagem e tem Carreira Docente Universitária
como foco o indivíduo, a família e a comunidade, ao longo de Decreto-lei nº 205/2009
todo o seu ciclo de vida. Categorias e funções do pessoal docente: As categorias do
a) Identificar necessidades de cuidados de enfermagem no pessoal docente abrangido por este diploma são as seguintes:
âmbito da promoção de saúde, da prevenção da doença, do a) Professor catedrático;
tratamento, da reabilitação e readaptação funcional e da b) Professor associado;
paliação; c) Professor auxiliar;
b) Planear os cuidados de enfermagem, tendo em conta as d) (Revogada.)
necessidades de cuidados identificadas, estabelecendo e) (Revogada.)
prioridades de acordo com os recursos disponíveis;
c) Prestar cuidados de enfermagem ao longo do ciclo de vida e
nos três níveis de prevenção, documentando apropriadamente
todas as intervenções e informações relevantes para a garantia
da continuidade e qualidade dos cuidados e para a avaliação
da sua eficiência;
d) Avaliar os cuidados de enfermagem, ajustando–os sempre
que necessário;
Cuidados de enfermagem – São as intervenções autónomas
ou interdependentes a realizar pelo enfermeiro no âmbito das
suas qualificações profissionais.

Intervenções dos Enfermeiros:


1 — As intervenções dos enfermeiros são autónomas e
interdependentes.
2 — Consideram-se autónomas as ações realizadas pelos
enfermeiros, sob sua única e exclusiva iniciativa e
responsabilidade, de acordo com as respetivas qualificações
Diplomas estruturantes para a profissão de profissionais, seja na prestação de cuidados, na gestão, no
Enfermagem ensino, na formação ou na assessoria, com os contributos na
investigação em enfermagem.
REPE 3 — Consideram-se interdependentes as ações realizadas
2009 e 2015 Revisão do Estatuto
1998 Criação da Ordem dos Enfermeiros e a publicação do pelos enfermeiros de acordo com as respetivas qualificações
Estatuto da Ordem dos Enfermeiros profissionais, em conjunto com outros técnicos, para atingir um
1996 REPE - Regulamento do Exercício Profissional dos objetivo comum, decorrentes de planos de ação previamente
Enfermeiros definidos pelas equipas multidisciplinares em que estão
1896 abre a 1ª Escola de Enfermagem no Hospital Santo integrados e das prescrições ou orientações previamente
António, que hoje integra a ESE do Porto formalizadas.
1860 Florence Nightingale funda uma Escola de Enfermagem,
no hospital de S. Tomás em Londres Artigo 5º - caraterização dos cuidados de enfermagem;
1492 no regulamento do Hospital Real de Todos os Santos há Artigo 6º – autorização do exercício;
referencia à pessoa do ENFERMEIRO Artigo 8º – exercício e intervenção dos enfermeiros;
Decreto-Lei no 161/96, de 4 de setembro – REPE (Define os Artigos 11º e 12º - direitos, deveres e incompatibilidade.
princípios gerais respeitantes ao exercício profissional dos
enfermeiros) Decreto-Lei nº 104/98, de 21 de abril
Decreto Lei no 104/98, de 21 de abril: Criação da Ordem dos Artigo 1 – Cria a Ordem dos Enfermeiros
Enfermeiros Artigo 2 – Cria a Comissão Instaladora
Artigo 3 – Define as competências da CI
• Lei no 111/2009, de 16 de setembro, que introduziu as
Artigo 4 – Eleições
primeiras alterações ao Estatuto -1ª Revisão do Estatuto
Artigo 5 – Alterações dos artigos 6 e 11 do REPE
• Lei nº 156/2015, de 16 de setembro, que introduziu as
Artigo 6 – Revogações dos artigos 12 e 14 do REPE
alterações ao Estatuto 2ª Revisão do Estatuto
Artigo 7 – Entrada em vigor Anexo – Estatuto da Ordem dos
Enfermeiros
REPE – Regulamento do Exercício Profissional dos Anexo – Estatuto da Ordem dos Enfermeiros
Enfermeiros: Define os princípios gerais respeitantes ao ---------------------------------------------------------------------
exercício profissional dos enfermeiros. O diploma responde a um imperativo da sociedade portuguesa
de ver instituída uma associação profissional de direito público,
Regulamento do exercício profissional dos enfermeiros que, em Portugal, promova a regulamentação e disciplina daa
Decreto-Lei no 161/96 prática dos enfermeiros, em termos de assegurar o
Vinculativo ao sector: cumprimento das normas deontológicas que devem orientar a
• Público; profissão, garantindo a prossecução do inerente interesse
• Privado; público e a dignidade do exercício da enfermagem.
• Cooperativo e social.
Comissão Instaladora
Define conceitos: 2 — A comissão instaladora referida no número anterior deve
• Enfermagem; ser nomeada no prazo de 30 dias após a publicação do
• Enfermeiros; presente decreto-lei e tem a seguinte composição:
• Enfermeiro especialista; a) Um enfermeiro de reconhecido mérito, designado pelo
• Cuidados de enfermagem. Ministro da Saúde, que presidirá;
b) Quatro enfermeiros de reconhecido mérito, designados pelo
Enfermagem - É a profissão que, na área da saúde, tem como Ministro da Saúde de entre uma lista de quatro proposta por
objetivo prestar cuidados de enfermagem ao ser humano, são cada uma das organizações sindicais representativas da
ou doente, ao longo do ciclo vital, e aos grupos sociais em que enfermagem com implantação nacional, sendo dois escolhidos
ele está integrado, de forma que mantenham, melhorem e de cada uma das referidas listas;
recuperem a saúde, ajudando-os a atingir a sua máxima c) Quatro enfermeiros de reconhecido mérito, designados pelo
capacidade funcional tão rapidamente quanto possível. Ministro da Saúde de entre uma lista de oito proposta pelas
associações profissionais de enfermagem de âmbito nacional.
Enfermeiro – É o profissional habilitado com um curso de
enfermagem legalmente reconhecido, a quem foi atribuído um Estatuto da ordem dos enfermeiros:
título profissional que lhe reconhece competência científica, • Capítulo I – Disposições Gerais (artigo 1º ao 5º);
técnica e humana para a prestação de cuidados de • Capítulo II – Inscrições e Membros e Atribuições (artigo 6º
enfermagem gerais ao indivíduo, família, grupos e comunidade, ao 9º);
aos níveis da prevenção primária, secundária e terciária. • Capítulo III - Organização da OE (artigo 10º ao 38º);
• Capítulo IV - Eleições (artigo 39º ao 52º);
Enfermeiro especialista – É o enfermeiro habilitado com um • Capítulo V – Ação Disciplinar (artigo 53º ao 73º);
curso de especialização em enfermagem ou com um curso de • Capítulo VI - Código Deontológico (artigo 74º ao 92º);
estudos superiores especializados em enfermagem, a quem foi • Capítulo VII - Receitas, despesas e fundos da Ordem
atribuído um título profissional que lhe reconhece competência (artigo 93º ao 97º);
científica, técnica e humana para prestar, além de cuidados de
• Capítulo VIII - Disposições transitórias e finais (artigo 98º
enfermagem gerais, cuidados de enfermagem especializados
ao 102º).
na área da sua especialidade.
Capítulo I – Artigo 5º 3 - São atribuições da Ordem:
Insígnias a) Zelar pela função social, dignidade e prestígio da profissão
A Ordem tem direito a usar emblema (BRAZÃO), estandarte e de enfermeiro, promovendo a valorização profissional e
selos próprios, de modelo a aprovar pela assembleia geral, sob científica dos seus membros;
proposta do conselho diretivo. b) Assegurar o cumprimento das regras de deontologia
profissional;
As insígnias são o sinal distintivo de uma dignidade. c) Contribuir, através da elaboração de estudos e formulação
Distinguem-se apenas pela composição, correspondendo a um de propostas, para a definição da política da saúde;
sinal predominantemente figurativo ou emblemático. Ainda que d) Regular o acesso e o exercício da profissão;
tenham composições idênticas, são sempre realidades e) Definir o nível de qualificação profissional e regular o
distintas. Há assim uma forte ligação entre as insígnias e o exercício profissional;
percurso histórico. f) Acreditar e creditar ações de formação contínua;
g) Regulamentar as condições de inscrição na Ordem e do
Brazão – Escudo de armas associativas oval a azul; Listela reingresso ao exercício da profissão, nos termos legalmente
branca com legenda a negro identificativa da Ordem dos aplicáveis;
Enfermeiros. h) Verificar a satisfação das condições de inscrição a que se
referem os artigos 6. ° e 7. °;
No escudo os motivos simbólicos representam: i) Atribuir o título profissional de enfermeiro e de enfermeiro
• Escudo azul com cinco besantes de prata contornado a especialista com emissão da inerente cédula profissional;
ouro, representando as armas de D. Manuel I e o carácter j) Efetuar e manter atualizado o registo de todos os enfermeiros;
nacional da profissão: a decisão de adotar este elemento k) Proteger o título e a profissão de enfermeiro, promovendo
apoia-se no facto de os primeiros registos sobre procedimento legal contra quem o use ou exerça a profissão
enfermeiros datarem do tempo de D. Manuel I, ilegalmente;
constituindo, mais exatamente, matéria do regimento do l) Exercer jurisdição disciplinar sobre os enfermeiros;
Hospital de Todos os Santos, outorgado em 1504 por este m) Participar na elaboração da legislação que diga respeito à
rei; profissão de enfermeiro;
• Ramagem de prata realçada a negro, representando n) Promover a solidariedade entre os seus membros;
simbolicamente a fidelidade no exercício da profissão e a o) Fomentar o desenvolvimento da formação e da investigação
nobreza da mesma; em enfermagem e pronunciar-se sobre os modelos de
• Lamparina de ouro realçada a negro, simbolizando o formação e a estrutura geral dos cursos de enfermagem;
carácter internacional e universal da enfermagem, p) Prestar a colaboração científica e técnica solicitada por
produzindo uma chama vermelha, o que representa a ação qualquer entidade nacional ou estrangeira, pública ou privada,
permanente dos profissionais; quando exista interesse público;
• Cruz de ouro, simbolizando a Enfermagem no contexto q) Promover o intercâmbio de ideias, experiências
dos profissionais de saúde em Portugal; conhecimentos científicos entre os seus membros e entidades
• Serpente negra, realçada a prata, animada, lampassada a congéneres. nacionais ou estrangeiros, que se dediquem às
vermelho e dextrovolvida: simboliza o carácter científico da áreas da saúde e da enfermagem;
profissão e a argúcia da sua concretização no dia-a-dia, r) Colaborar com as organizações de classe que representam
decisão que é suportada pela evolução recente da os enfermeiros em matérias de interesse comum, por iniciativa
profissão. própria ou por iniciativa daquelas organizações;
s) Participar nos processos oficiais de acreditação e na
Bastonária atual – Enf.ª Ana Rita Cavaco avaliação dos cursos que dão acesso à profissão de enfermeiro;
• Bastonária da OE 2020/2023 e 2016/2019 t) Reconhecer as qualificações profissionais obtidas fora de
1ª Bastonária – Enf.ª Mariana Diniz de Sousa Portugal, nos termos da lei, do direito da União Europeia ou de
• Bastonária da OE - 1999/2003 convenção internacional;
u) Quaisquer outras que lhe sejam cometidas por lei

São órgãos nacionais da Ordem:


a) A assembleia geral;
b) O conselho diretivo;
c) O bastonário
d) O conselho jurisdicional;
e) O conselho fiscal:
f) O conselho de enfermagem;
g) Os colégios das especialidades;
h) A comissão de atribuição de títulos.
São órgãos regionais da Ordem:
a) As assembleias regionais;
b) Os conselhos diretivos regionais;
c) Os conselhos jurisdicionais regionais;
d) Os conselhos fiscais regionais;
e) Os conselhos de enfermagem regionais;

Leis de Base da Saúde


natureza, as alternativas possíveis, os benefícios e riscos das
intervenções propostas e a evolução provável do seu estado de
saúde em função do plano de cuidados a adotar;
f) A decidir, livre e esclarecidamente, a todo o momento, sobre
os cuidados de saúde que lhe são propostos, salvo nos casos
excecionais previstos na lei, a emitir diretivas antecipadas de
vontade e a nomear procurador de cuidados de saúde;
g) A aceder livremente à informação que lhes respeite, sem
necessidade de intermediação de um profissional de saúde,
exceto se por si solicitado;
h) A ser acompanhadas por familiar ou outra pessoa por si
escolhida e a receber assistência religiosa e espiritual;
i) A apresentar sugestões, reclamações e a obter resposta das
entidades responsáveis; A intervir nos processos de tomada de
decisão em saúde e na gestão participada das instituições do
SNS;
k) A constituir entidades que as representem e defendam os
seus direitos e interesses, nomeadamente sob a forma de
associações para a promoção da saúde e prevenção da
doença, de ligas de amigos e de outras formas de participação
que a lei preveja;
l) À promoção do bem-estar e qualidade de vida durante o
envelhecimento, numa perspetiva inclusiva e ativa que favoreça
a capacidade de decisão e controlo da sua vida, através da
criação de mecanismos adaptativos de aceitação, de
autonomia e independência, sendo determinantes os fatores
socioeconómicos, ambientais, da resposta social e dos
cuidados de saúde.

Base 3 – Cuidadores informais


1. A lei deve promover o reconhecimento do importante papel
do cuidador informal, a sua responsabilização e capacitação
para a prestação, com qualidade e segurança, dos cuidados
básicos regulares e não especializados que realizam.
2. A lei estabelece o estatuto dos cuidadores informais de
pessoas em situação de doença crónica, deficiência,
dependência parcial ou total, transitória ou definitiva, ou noutra
condição de fragilidade e necessidade de cuidados, os seus
direitos e deveres e medidas de apoio aos cuidadores informais
e às pessoas cuidadas.
3. O Estado, através do ministério responsável pela área da
saúde, deve ainda assegurar a articulação entre a pessoa
Lei nº 95/2019, de 4 de setembro Base cuidada, o cuidador informal e os serviços de saúde e a
Base 1 – Direito à proteção da saúde implementação do plano integrado de prestação de cuidados
1. O direito à proteção da saúde é o direito de todas as pessoas de saúde de que a pessoa carece.
gozarem do melhor estado de saúde físico, mental e social,
pressupondo a criação e o desenvolvimento de condições Base 4 – Política de saúde
económicas, sociais, culturais e ambientais que garantam 1. A política de saúde tem âmbito nacional e é transversal,
níveis suficientes e saudáveis de vida, de trabalho e de lazer. dinâmica e evolutiva, adaptando-se ao progresso do
2. O direito à proteção da saúde constitui uma responsabilidade conhecimento científico e às necessidades, contextos e
conjunta das pessoas, da sociedade e do Estado e compreende recursos da realidade nacional, regional e local, visando a
o acesso, ao longo da vida, à promoção, prevenção, tratamento obtenção de ganhos em saúde.
e reabilitação da saúde, a cuidados continuados e a cuidados 2. São fundamentos da política de saúde:
paliativos. a) A promoção da saúde e a prevenção da doença, devendo
3. A sociedade tem o dever de contribuir para a proteção da ser consideradas na definição e execução de outras políticas
saúde em todas as políticas e setores de atividade. públicas;
4. O Estado promove e garante o direito à proteção da saúde b) A melhoria do estado de saúde da população, através de
através do Serviço Nacional de Saúde (SNS), dos Serviços uma abordagem de saúde pública, da monitorização e
Regionais de Saúde e de outras instituições públicas, centrais, vigilância epidemiológica e da implementação de planos de
regionais e locais. saúde nacionais, regionais e locais;
c) As pessoas, como elemento central na conceção,
Base 2 – Direitos e deveres das pessoas organização e funcionamento de estabelecimentos, serviços e
1. Todas as pessoas têm direito: respostas de saúde;
a) À proteção da saúde com respeito pelos princípios da d) A igualdade e a não discriminação no acesso a cuidados de
igualdade, não discriminação, confidencialidade e privacidade; saúde de qualidade em tempo útil, a garantia da equidade na
b) A aceder aos cuidados de saúde adequados à sua situação, distribuição de recursos e na utilização de serviços e a adoção
com prontidão e no tempo considerado clinicamente aceitável, de medidas de diferenciação positiva de pessoas e grupos em
de forma digna, de acordo com a melhor evidência científica situação de maior vulnerabilidade;
disponível e seguindo as boas práticas de qualidade e e) A promoção da educação para a saúde e da literacia para a
segurança em saúde; saúde, permitindo a realização de escolhas livres e
c) A escolher livremente a entidade prestadora de cuidados de esclarecidas para a adoção de estilos de vida saudável;
saúde, na medida dos recursos existentes; f) A participação das pessoas, das comunidades, dos
d) A receber informação sobre o tempo de resposta para os profissionais e dos órgãos municipais na definição, no
cuidados de saúde de que necessitem; acompanhamento e na avaliação das políticas de saúde;
e) A ser informadas de forma adequada, acessível, objetiva,
completa e inteligível sobre a sua situação, o objetivo, a
g) A gestão dos recursos disponíveis segundo critérios de b) Geral, assegurando os cuidados necessários para a
efetividade, eficiência e qualidade; promoção da saúde, prevenção da doença e o tratamento e
h) O desenvolvimento do planeamento e a institucionalização reabilitação dos doentes;
da avaliação em saúde como instrumentos promotores de uma c) Tendencial gratuitidade dos cuidados, tendo em conta as
cultura de transparência das escolhas e de prestação de condições económicas e sociais dos cidadãos;
contas; d) Integração de cuidados, salvaguardando que o modelo de
i) O incentivo à investigação em saúde, como motor da melhoria prestação garantido pelo SNS está organizado e funciona de
da prestação de cuidados; forma articulada e em rede;
j) O reconhecimento da saúde como um investimento que e) Equidade, promovendo a correção dos efeitos das
beneficia a economia e a relevância económica da saúde; desigualdades no acesso aos cuidados, dando particular
k) A divulgação transparente de informação em saúde; atenção às necessidades dos grupos vulneráveis;
l) O acesso ao planeamento familiar, à saúde sexual, escolar, f) Qualidade, visando prestações de saúde efetivas, seguras e
visual, auditiva e oral e o diagnóstico precoce. eficientes, com base na evidência, realizadas de forma
3. Cabe ao membro do Governo responsável pela área da humanizada, com correção técnica e atenção à individualidade
saúde propor a política de saúde a definir pelo Governo, da pessoa;
promover a respetiva execução e fiscalização, e coordenar a g) Proximidade, garantindo que todo o país dispõe de uma
sua ação com a dos outros ministérios e entidades. cobertura racional e eficiente de recursos em saúde;
4. A política de saúde deve incentivar a adoção de medidas h) Sustentabilidade financeira, tendo em vista uma utilização
promotoras da responsabilidade social, individual e coletiva, efetiva, eficiente e de qualidade dos recursos públicos
nomeadamente apoiando voluntários, cuidadores informais e disponíveis;
dadores benévolos. i) Transparência, assegurando a existência de informação
atualizada e clara sobre o funcionamento do SNS
Base 6 – Responsabilidade do Estado
1. A responsabilidade do Estado pela realização do direito à Base 21 - Beneficiários do Serviço Nacional de Saúde
proteção da saúde SNS e de outros serviços públicos, 1. São beneficiários do SNS todos os cidadãos portugueses; 2.
entidades privadas e do setor social, bem como com São igualmente beneficiários do SNS os cidadãos, com
profissionais em regime efetiva-se primeiramente através do residência permanente ou em situação de estada ou residência
podendo, de forma supletiva e temporária, ser celebrados temporárias em Portugal, que sejam nacionais de Estados-
acordos com de trabalho independente, em caso de Membros da União Europeia ou equiparados, nacionais de
necessidade fundamentada. países terceiros ou apátridas, requerentes de proteção
2. O Estado pode cometer a associações públicas profissionais internacional e migrantes com ou sem a respetiva situação
o controlo do acesso e exercício da profissão, a possibilidade legalizada, nos termos do regime jurídico aplicável; 3. A lei
de propor normas técnicas, princípios e regras deontológicos regula as condições da referenciação para o estrangeiro e o
específicos e um regime disciplinar autónomo. acesso a cuidados de saúde transfronteiriços dos beneficiários
3. O Estado assegura o planeamento, regulação, avaliação, do SNS;
auditoria, fiscalização e inspeção das entidades que integram o 4. A lei regula a assistência em saúde aos beneficiários do SNS
SNS e das entidades do setor privado e social. reclusos em estabelecimentos prisionais ou internados em
centros educativos.
Base 12 – Literacia para a saúde
1. O Estado promove a literacia para a saúde, permitindo às Base 22 - Organização e funcionamento do Serviço
pessoas compreender, aceder e utilizar melhor a informação Nacional de Saúde
sobre saúde, de modo a decidirem de forma consciente e 1. A lei regula a organização e o funcionamento do SNS e a
informada. natureza jurídica dos vários estabelecimentos e serviços
2. A literacia para a saúde deve estar sempre presente nas prestadores que o integram, devendo o Estado assegurar os
decisões e intervenções em saúde pública, impondo a recursos necessários à efetivação do direito à proteção da
articulação com outras áreas governamentais, em particular a saúde;
da educação, do trabalho, da solidariedade social e do 2. A organização e funcionamento do SNS sustenta-se em
ambiente, com as autarquias e com os organismos e entidades diferentes níveis de cuidados e tipologias de unidades de
do setor público, privado e social. saúde, que trabalham de forma articulada, integrada e
intersectorial;
Base 13 – Saúde mental 3. A organização interna dos estabelecimentos e serviços do
1. O Estado promove a melhoria da saúde mental das pessoas SNS deve basear -se em modelos que privilegiam a autonomia
e da sociedade em geral, designadamente através da de gestão, os níveis intermédios de responsabilidade e o
promoção do bem-estar mental, da prevenção e identificação trabalho de equipa;
atempada das doenças mentais e dos riscos a elas associados. 4. O funcionamento dos estabelecimentos e serviços do SNS
2. Os cuidados de saúde mental devem ser centrados nas deve apoiar-se em instrumentos e técnicas de planeamento,
pessoas, reconhecendo a sua individualidade, necessidades gestão e avaliação que garantam que é retirado o maior
específicas e nível de autonomia, e ser prestados através de proveito, socialmente útil, dos recursos públicos que lhe são
uma abordagem interdisciplinar e integrada e prioritariamente a alocados;
nível da comunidade. 5. O funcionamento do SNS sustenta -se numa força de
3. As pessoas afetadas por doenças mentais não podem ser trabalho planeada e organizada de modo a satisfazer as
estigmatizadas ou negativamente discriminadas ou necessidades assistenciais da população, em termos de
desrespeitadas em contexto de saúde, em virtude desse disponibilidade, acessibilidade, aceitabilidade e qualidade,
estado. evoluindo progressivamente para a criação de mecanismos de
dedicação plena ao exercício de funções públicas, estruturadas
Base 20 - Serviço Nacional de Saúde em carreiras, devendo ser garantidas condições e ambientes de
1. O SNS é o conjunto organizado e articulado de trabalho promotores de satisfação e desenvolvimento
estabelecimentos e serviços públicos prestadores de cuidados profissionais e da conciliação da vida profissional, pessoal e
de saúde, dirigido pelo ministério responsável pela área da familiar;
saúde, que efetiva a responsabilidade que cabe ao Estado na 6. Ao SNS incumbe promover, nos seus estabelecimentos e
proteção da saúde. serviços e consoante a respetiva missão, as condições
2. O SNS pauta a sua atuação pelos seguintes princípios: adequadas ao desenvolvimento de atividades de ensino e de
a) Universal, garantindo a prestação de cuidados de saúde a investigação clínica.
todas as pessoas sem discriminações, em condições de
dignidade e de igualdade;
Serviço Nacional de Saúde (SNS) 1973 – Surge o Ministério da Saúde, autonomizado face à
Assistência, através do Decreto-Lei n.º 584/73, de 6 de
1899 – Ricardo Jorge inicia a organização dos serviços de novembro.
saúde pública, com o Decreto de 28 de dezembro e o
Regulamento Geral dos Serviços de Saúde e Beneficência 1974 – Pelo Decreto-Lei n.º 704/74, de 7 de dezembro, os
Pública, de 24 de dezembro de 1901. Regulamentada em 1901, Hospitais das Misericórdias passam a ser geridos por
a organização entra em vigor em 1903. comissões que são nomeadas e respondem perante o
A prestação de cuidados de saúde era então de índole privada, Secretário de Estado. O Estado passa a dispor, assim, de uma
cabendo ao Estado apenas assistência aos pobres. rede de equipamentos que lhe permite administrar a saúde a
nível nacional e que se rege pelas regras definidas no Decreto-
1945 – A publicação do Decreto-Lei nº35108, de 7 de Lei n.º 413/71, de 27 de setembro.
novembro de 1945, dá lugar à reforma sanitária de Trigo de
Negreiros (Subsecretário de Estado da Assistência e das
Corporações do Ministério do Interior). É reconhecida, assim, a
debilidade da situação sanitária no país e a necessidade de
uma resposta do Estado. São criados institutos dedicados a
problemas de saúde pública específicos, como a tuberculose e
a saúde materna.
1976 – É aprovada nova Constituição, cujo artigo 64.º dita que
1946 – A Lei nº2011, de 2 de abril de 1946, estabelece a todos os cidadãos têm direito à proteção da saúde e o dever de
organização dos serviços prestadores de cuidados de saúde a defender e promover. Esse direito efetiva-se através da
então existentes, lançando as bases para uma rede hospitalar. criação de um serviço nacional de saúde universal, geral e
Começa um programa de construção de hospitais que serão gratuito. Para assegurar o direito à proteção da saúde, incumbe
entregues às Misericórdias. prioritariamente ao Estado garantir o acesso de todos os
cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos
1958 – O Ministério da Saúde e da Assistência surge por via do cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação,
Decreto-Lei nº41825, de 13 de agosto. A tutela dos serviços bem como uma racional e eficiente cobertura médica e
de saúde pública e os serviços de assistência pública deixam hospitalar de todo o país.
assim de pertencer ao Ministério do Interior.
1976 – O Decreto-Lei n.º 580/76, de 21 de julho, estabelece a
1963 – A Lei n.º 2120, de 19 de julho de 1963, promulga as obrigatoriedade de prestação de um ano de serviço na periferia
bases da política de saúde e assistência. Atribui ao Estado, para os recém-licenciados em medicina que querem ingressar
entre outras competências, a organização e manutenção dos na carreira médica, no seguimento da experiência bem-
serviços que, pelo superior interesse nacional de que se sucedida de 1975.
revistam ou pela sua complexidade, não possam ser entregues
à iniciativa privada. Cabe ao Estado, também, fomentar a
criação de instituições particulares que se integrem nos
princípios legais e ofereçam as condições morais, financeiras e
técnicas mínimas para a prossecução dos seus fins, exercendo
ação meramente supletiva em relação às iniciativas e
instituições particulares.

1978 – O Despacho ministerial publicado em Diário da


1968 – Os hospitais, a sua organização e as carreiras da saúde República, 2.ª série, de 29 de julho de 1978, mais conhecido
(médicos, enfermeiros, administração e farmácia) são objeto de como o “Despacho Arnaut”, constitui uma verdadeira
uniformização e de regulação através do Decreto-Lei n.º antecipação do SNS, na medida em que abre o acesso aos
48357, de 27 de abril de 1968, e do Decreto-Lei n.º 48358, de Serviços Médico-Sociais a todos os cidadãos,
27 de abril de 1968, que criam, respetivamente, o Estatuto independentemente da sua capacidade contributiva. É
Hospitalar e o Regulamento Geral dos Hospitais. garantida assim, pela primeira vez, a universalidade,
generalidade e gratuitidade dos cuidados de saúde e a
1971 – O Decreto-Lei n.º 413/71, de 27 de setembro, que comparticipação medicamentosa.
promulga a organização do Ministério da Saúde e Assistência,
afirma a garantia do direito à saúde, mas com acesso aos 1979 – A Lei n.º 56/79, de 15 de setembro, cria o Serviço
serviços (agora estruturados e articulados em saúde e Nacional de Saúde, no âmbito do Ministério dos Assuntos
assistência social) limitado, contudo, aos recursos humanos, Sociais, enquanto instrumento do Estado para assegurar o
técnicos e financeiros disponíveis. Por outro lado, exalta a direito à proteção da saúde, nos termos da Constituição. O
importância da promoção da saúde e prevenção da doença. Os acesso é garantido a todos os cidadãos, independentemente da
“centros de saúde de primeira geração” não englobam os sua condição económica e social, bem como aos estrangeiros,
serviços médico-sociais das Caixas de Previdência. em regime de reciprocidade, apátridas e refugiados políticos.

No mesmo dia, é publicado o Decreto-lei n.º 414/71, de 27 de


setembro, que estabelece o regime legal que permitirá a
estruturação progressiva e o funcionamento regular de
carreiras profissionais para os diversos grupos diferenciados de
funcionários que prestam serviço no Ministério da Saúde e
Assistência: carreiras médica de saúde pública, médica O SNS envolve todos os cuidados integrados de saúde,
hospitalar, farmacêutica, administração hospitalar, de técnicos compreendendo a promoção e vigilância da saúde, a prevenção
superiores de laboratório, de ensino de enfermagem, de da doença, o diagnóstico e tratamento dos doentes e a
enfermagem de saúde pública, de enfermagem hospitalar, de reabilitação médica e social. Define que o acesso é gratuito,
técnicos terapeutas, de técnicos de serviço social, de técnicos mas contempla a possibilidade de criação de taxas
auxiliares de laboratório e de técnicos auxiliares sanitários. moderadoras, a fim de racionalizar a utilização das prestações.
Trata-se de uma medida que visa, para além da organização do
trabalho, efetivar, em articulação com outros passos, uma
política de saúde e assistência social.
O diploma estabelece que o SNS goza de autonomia d) A Administração Regional de Saúde do Alentejo, IP;
administrativa e financeira e estrutura-se numa organização e) A Administração Regional de Saúde do Algarve, IP;
descentralizada e desconcentrada, compreendendo órgãos
centrais, regionais e locais e dispondo de serviços prestadores Artigo 6º - Entidade Administrativa Independente
de cuidados de saúde primários (centros comunitários de É entidade administrativa independente de supervisão e
saúde) e de serviços prestadores de cuidados diferenciados regulação, no âmbito do MS, a Entidade Reguladora da Saúde.
(hospitais gerais, hospitais especializados e outras instituições
especializadas). Artigo 7º - Serviços e estabelecimentos do SNS
1 – O membro do Governo responsável pela área da saúde
Lei Orgânica do Ministério da Saúde exerce poderes de superintendência e tutela, nos termos da lei,
sobre todos os serviços e estabelecimentos do SNS,
Decreto-Lei n.º 124/2011, de 29 de dezembro
independentemente da respetiva natureza jurídica.
2 – Integram o SNS todos os serviços e entidades públicas
Capítulo I – Missão e atribuições
prestadoras de cuidados de saúde, designadamente os
Artigo 1º - Missão
Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS), os
O Ministério da Saúde, abreviadamente designado por MS, é o
Estabelecimentos Hospitalares, independentemente da sua
departamento governamental que tem por missão definir e
designação, e as Unidades Locais de Saúde (ULS).
conduzir a política nacional de saúde, garantindo uma aplicação
3 – Os serviços e estabelecimentos a que se refere o presente
e utilização sustentáveis dos recursos e a avaliação dos seus
artigo regem-se por legislação própria.
resultados.
Serviço Nacional de Saúde é integrado por todos os serviços e
Artigo 2º - Atribuição
entidades públicas prestadoras de cuidados de saúde
Na prossecução da sua missão, são atribuições do MS:
a) Assegurar as ações necessárias à formulação,
execução, acompanhamento e avaliação da política
nacional de saúde.
b) Exercer, em relação ao Serviço Nacional de Saúde,
abreviadamente designado por SNS, funções de
regulamentação, planeamento, financiamento,
orientação, acompanhamento, avaliação, auditoria e
inspeção;
c) Exercer funções de regulamentação, inspeção e
fiscalização relativamente às atividades e prestações
de saúde desenvolvidas pelo setor privado, integradas
ou não no sistema de saúde, incluindo os profissionais
neles envolvidos.
d) Gerir o subsistema de saúde da Administração
Pública.

Artigo 3º - Estrutura Geral


O MS prossegue as suas atribuições através de serviços
integrados na administração direta do Estado, de organismos
integrados na administração indireta do Estado, de órgãos
consultivos, de outras estruturas e de entidades integradas no
setor empresarial do Estado.

Artigo 4º - Administração direta do Estado


Integram a administração direta do Estado, no âmbito do MS,
os seguintes serviços centrais:
a) A Secretaria-Geral
b) A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde
c) A Direção-Geral da Saúde
d) O Serviço de Intervenção nos Comportamentos
Aditivos e nas Dependências
e) A Direção-Geral de Proteção Social aos
Trabalhadores em Funções Públicas.

Artigo 5º - Administração Indireta do Estado


1 – Prosseguem atribuições do MS, sob superintendência e
tutela do respetivo ministro, os seguintes organismos:
a) A Administração Central do Sistema de Saúde, IP;
b) O INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento
e Produtos de Saúde, IP;
c) O Instituto Nacional de Emergência Médica, IP;
d) O Instituto Português do Sangue e da Transplantação,
IP;
e) O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge,
IP;

2 – Prosseguem ainda atribuições do MS, sob a


superintendência e tutela do respetivo ministro, os seguintes
organismos periféricos:
a) A Administração Regional de Saúde do Norte, IP;
b) A Administração Regional de Saúde do Centro, IP; • Administração Regional de Saúde Norte (ARS Norte)
c) A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale • Agrupamentos de Centro de Saúde (ACeS)
do Tejo, IP(INSTITUTO PÚBLICO); • Unidades Funcionais
As Unidades Locais de Saúde (ULS)
Unidade Local de Saúde, E.P.E. (ULS, E.P.E.), é uma pessoa Gratuidade
coletiva de direito público de natureza empresarial dotada de • Efetiva
autonomia administrativa, financeira e patrimonial, nos termos • Taxas moderadoras
do regime jurídico do setor público empresarial, constituída por
tempo indeterminado e que tem por objeto principal a prestação Qualidade
de cuidados de saúde, a todos os cidadãos em geral, • Redução do recurso ao exterior
designadamente: • Centros de Referência – redes transfronteiriças
a) Aos utentes do SNS; • Constrangimentos persistentes:
b) Às entidades externas que com ele contratualizem a o Infeção nosocomial, sobrelotação sazonal,
prestação de cuidados de saúde; “urgencialização”
c) Aos cidadãos estrangeiros não residentes no âmbito
da legislação nacional e internacional em vigor. Integração e articulação
A ULS, E.P.E., também tem por objeto: • Paradigma dos cuidados primários no centro do sistema
• Assegurar as atividades de serviços operativos de saúde • Articulação com a rede de cuidados continuados e
pública e os meios necessários ao exercício das integrados
competências da autoridade de saúde na área geográfica • Relação inter-hospitalar – Redes de Referenciação
por ela abrangida.
• Desenvolver atividades de investigação, formação e
ensino, sendo a sua participação na formação de
profissionais de saúde dependente da respetiva
capacidade formativa, podendo ser objeto de contratos-
programa em que se definam as respetivas formas de
financiamento.

Foram criadas as ULS de Matosinhos (1999), Norte Alentejano


(2007), Guarda (2008), Baixo Alentejo (2008), Alto Minho
(2008) e Castelo Branco (2010). Atualmente, as Unidades
Locais de Saúde prestam cuidados a uma população superior
a 930.000 habitantes.

Criação de Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS)


Preambulo do Decreto-Lei nº28/2008 de 22 de fevereiro

Organização dos serviços dos hospitais

As redes de Referenciação Hospitalar (RRH) são sistemas


através dos quais se pretende regular as relações de
complementaridade e de apoio técnico entre todas as
instituições hospitalares, de modo a garantir o acesso de todos
os doentes aos serviços e unidades prestadores de cuidados
de saúde, sustentado num sistema integrado de informação
interinstitucional.

Os Hospitais em Portugal – Enquadramento


Os hospitais públicos têm por missão prestar cuidados de
saúde diferenciados, em articulação com as demais unidades
prestadoras de cuidados de saúde integradas no SNS.
O Regulamento Geral dos Hospitais (1968) definia os hospitais
como serviços de interesse público, instituídos, organizados e
administrados com o objetivo de prestar à população
assistência médica curativa e de reabilitação (artigo 1º),
competindo-lhes também colaborar na prevenção da doença,
no ensino e na investigação científica.
Ao longo dos últimos 40 anos, em Portugal, o paradigma e a
prestação de cuidados de saúde, em meio hospitalar, sofreu
várias transformações ao nível da gestão e da prestação, em
busca de uma maior eficiência e de qualidade.

Evolução da Prestação de Cuidados


Cobertura:
• Constituição da rede de hospitais e construção de novas
unidades
• Recursos humanos – Carreiras e formação profissionais
• Minimização da concentração de recursos nas grandes
áreas metropolitanas, embora com assimetrias e carências
sectoriais. Serviço Nacional de Saúde – Setor Público Administrativo
O hospital do setor público administrativo (hospital SPA) é um
Equidade no Acesso: instituto público de regime especial, nos termos da lei, integrado
• Listas de espera – problema universal, não resolvido na administração indireta do Estado, dotado de autonomia
• Cirurgia – PPA, PECLEC, SIGIC administrativa e financeira e património próprio, constituído por
• MCDT’s – complementaridade com o sector tempo indeterminado e tem como principal fim a prestação de
convencionado cuidados de saúde, a todos os cidadãos em geral.
• Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa
• Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Os princípios da RNCCI:
Rovisco Pais • Prestação individualizada e humanizada de cuidados;
• Hospital Arcebispo João Crisóstomo – Cantanhede • Garantia de articulação e continuidade dos cuidados entre
• Hospital Dr. Francisco Zagalo os diferentes serviços, setores e níveis de atuação;
• Instituo de Oftalmologia Dr. Gama Pinto • Equidade no acesso e mobilidade entre tipologias e
equipas da RNCCI;
Parcerias Público-Privadas (PPP) • Proximidade da prestação dos cuidados, através da
O setor da saúde foi pioneiro no estabelecimento de “Parcerias potenciação de serviços integrados na comunidade;
Público-Privadas” (PPP) em Portugal, com vista a promover • Multidisciplinaridade e interdisciplinaridade na prestação
formas inovadoras de partilha do risco para a prestação de dos cuidados;
cuidados de saúde, como novas experiências de gestão, bem • Avaliação integral das necessidades da pessoa em
como a participação do setor privado na conceção, construção, situação de dependência e definição periódica de objetivos
financiamento e exploração de unidades hospitalares do SNS. de funcionalidade e autonomia;
• Promoção, recuperação contínua ou manutenção da
Apesar do investimento e exploração destas unidades ser funcionalidade e da autonomia;
privado, como hospitais integrados no SNS, o acesso aos • Participação do utente e seus familiares ou representante
serviços clínicos é o mesmo disponível nas restantes unidades legal, na elaboração do plano individual de intervenção e
hospitalares do setor público, ou seja, os utentes mantêm os corresponsabilização na prestação de cuidados;
direitos e deveres previstos no acesso ao SNS. • Eficiência e qualidade na prestação dos cuidados;
- Hospital Cascais Dr. José Almeida
Coordenação Regional RNCCI
Hospitais geridos pelas Misericórdias A nível regional, a coordenação é desenvolvida por cinco
Integrados no SNS e orientados para a prestação de cuidados Equipas Coordenadoras Regionais (ECR), sedeadas nas
de média complexidade, os hospitais das Misericórdias são Administrações Regionais de Saúde – Norte, Centro, Lisboa e
unidades flexíveis, dotadas de recursos humanos altamente Vale do Tejo, Alentejo e Algarve, constituídas de modo
qualificados e recursos materiais de última geração, que multidisciplinar por representantes da Segurança Social e da
servem as suas comunidades, em cooperação com o Estado e Saúde. As ECR articulam com a coordenação, a nível nacional
complementaridade com as diferentes ARS do país. e local, e asseguram o planeamento, a gestão, o
• Hospital de S.Paulo – Serpa acompanhamento, a monitorização e a avaliação da RNCCI.
• Hospital Luciano de Castro – Anadia
• Hospital São José – Fafe Coordenação Local RNCCI
A nível local, a coordenação é desenvolvida por Equipas
Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados Coordenadoras Locais (ECL) sedeadas em Unidades de Saúde
Criada pelo Decreto-Lei nº101/2006 de 6 de junho dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), constituídas
• Aumento da esperança média de vida por equipas multidisciplinares, com representantes da
• Novas necessidades sociais e de saúde Segurança Social e da Saúde.
• Carências de respostas (idosos com dependência As ECL articulam coma ECR da respetiva região, bem como
funcional; portadores de múltipla patologia crónica; com com as várias equipas e unidades da respetiva área geográfica,
doença incurável e em fase final de vida) avaliam as referenciações dos utentes para integrarem a
• Integração de Políticas e Respostas de Saúde e Apoio RNCCI e garantem a qualidade dos cuidados prestados.
Social
Prestadores de Cuidados da RNCCI:
A RNCCI é um modelo organizacional criado pelo Ministérios As entidades gestoras que prestam cuidados continuados
do Trabalho e da Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) e integrados podem ser públicas ou privadas.
da Saúde (MS), formada por um conjunto de instituições
públicas e privadas que prestam cuidados continuados de As respostas na Rede Geral da RNCCI contemplam as
saúde e de apoio social. seguintes tipologias:
São objetivos da RNCCI a prestação de cuidados de saúde e • Unidade de Convalescença (UC);
de apoio social de forma continuada e integrada a pessoas que, • Unidade de Média Duração e Reabilitação (UMDR);
independentemente da idade, se encontrem em situação de • Unidade de Média Duração e Manutenção (ULDM);
dependência, na sequência de episódio de doença aguda ou • Equipa de Cuidados Continuados Integrados –
necessidade de prevenção de agravamentos de doença Domiciliários (ECCI)
crónica.

Cuidados Continuados Integrados


Os Cuidados Continuados Integrados estão centrados na
recuperação global da pessoa, promovendo a sua reabilitação,
autonomia e melhorando a sua funcionalidade, no âmbito da
situação de dependência em que se encontra, com vista à sua
reintegração sociofamiliar.
Cuidados Paliativos unidades podem ter diferentes valências assistenciais: de
Cuidados Paliativos (PA) são cuidados de saúde holísticos, internamento, apoio intra-hospitalar, consulta externa/hospital
ativos que procuram melhorar a qualidade de vida dos doentes, de dia e apoio domiciliário.
das suas famílias/cuidadores pela prevenção e alívio do
sofrimento, através da identificação precoce, diagnóstico e Equipas Intra-Hospitalares de Suporte em Cuidados
tratamento adequado da dor e de outros problemas, sejam Paliativos (EIHSCP)
estes físicos, psicológicos, sociais ou espirituais (OMS). É uma equipa que presta aconselhamento e apoio diferenciado
São cuidados integrados, prestados por uma equipa em cuidados paliativos especializados a outros profissionais e
interdisciplinar e baseiam-se em princípios éticos e de aos serviços do hospital, assim como aos doentes e suas
planeamento antecipado de cuidados, pelo que não antecipam, famílias, para a execução do plano individual de cuidados aos
nem prolongam o processo de morte. doentes internados em situação de sofrimento decorrente de
Envolvem ativamente membros da família/cuidadores na doença grave ou incurável, em fase avançada e progressiva ou
prevenção de crises, capacitando-os e apoiando-os no luto, de com prognóstico de vida limitado, para os quais seja solicitada
forma personalizada, para adultos e crianças, conforme a a sua atuação. A EIHSCP está integrada na unidade de
necessidade. Em CP contempla-se a pessoa como eixo dos cuidados paliativos, quando esta exista na mesma instituição,
cuidados assistenciais, com participação ativa nos processos ou funciona de forma autónoma, sempre que não exista
de comunicação e tomada de decisões, assegurando o respeito unidade de internamento.
pela sua autonomia, opiniões, valores e direitos.
As equipas comunitárias de suporte em Cuidados Paliativos,
Quem pode necessitar de Cuidados Paliativos prestam cuidados paliativos especializados a doentes que
Aplicam-se precoce e atempadamente no curso das doenças deles necessitam e apoio às suas famílias ou cuidadores, no
crónicas, complexas ou limitantes da vida, em conjugação com domicílio, para os quais seja solicitada a sua atuação;
terapias modificadoras da doença ou potencialmente curativas, Asseguram formação, apoio e aconselhamento diferenciado em
para recém-nascidos, crianças, jovens e adultos com cuidados paliativos às unidades de cuidados de saúde
problemas de saúde graves, congénitos ou adquiridos. Nos primários; às equipas de saúde familiar do centro de saúde e
adultos, as patologias que podem exigir cuidados paliativos aos profissionais da rede nacional de cuidados continuados e
com maior frequência são: integrados.
a) Doenças Oncológicas;
b) Insuficiência de órgão: cardíaca, renal, hepática,
respiratória;
c) Doenças autoimunes (artrite reumatoide, doenças do
interstício pulmonar)
d) Doença neurológica (neurodegenerativas,
neuromusculares, desmielinizantes e demências)
e) Doenças vasculares
f) Anomalias congénitas e outras patologias.

Evolução da prática de cuidados até à organização da


profissão de Enfermagem

Rede Nacional de Cuidados Paliativos


Em função da complexidade clínica, estes cuidados podem ser
generalizados (disponibilizados em todos os níveis de cuidados
de saúde e com formação adequada) ou em caso de
necessidade complexa prestado por equipas especializadas, A ENFERMAGEM sustenta-se nos cuidados desenvolvidos
com formação e experiência avançada. As equipas de aos outros. Marie-Françoise Collière(1985)
prestação de cuidados paliativos especializado a nível local,
são (Lei nº52/2012 publicada em Diário da República Cuidar de si próprio é uma atividade que só o
nº172/2012, Série I de 2012-09-05) desenvolvimento e a maturidade podem proporcionar. A pessoa
tem necessidades de cuidados em determinadas fases da vida
e em algumas condições: quando não é ainda capaz de cuidar
de si próprio (fase inicial da vida – nascimento e primeiros anos)
ou quando se torna incapaz durante etapas transitórias
(gravidez ou doença) ou em situações definitivas de
incapacidade e na fase final da vida.
Cuidar é um ato individual que prestamos a nós próprios, desde
que adquirimos autonomia, mas é igualmente um ato de
reciprocidade que somos levados a prestar a outra pessoa que
Unidades de Cuidados Paliativos (UCP) temporariamente tem necessidades.
A unidade de cuidados paliativos é um serviço específico de
tratamento de doentes que necessitam de cuidados paliativos
diferenciados e multidisciplinares, nomeadamente em situação
clínica aguda complexa e presta cuidados em regime de
internamento, podendo estar integrada num hospital. Estas
Fases da identificação da prática de cuidados: A fase da prática de cuidados – Mulher consagrada
• A MULHER – Até à Idade Média Conservando este espírito de serviço ao próximo e de
• A MULHER CONSAGRADA – Idade Média dedicação, da Idade Média surge a imagem da mulher
• A MULHER ENFERMEIRA AUXILIAR DO MÉDICO – consagrada, uma religiosa enfermeira, que vai continuar a
Finais século XIX até aos anos 70/80 cuidar dos pobres e doentes de forma abnegada e repleta de
amor cristão. A vida religiosa era caracterizada pelo sacrifício,
longe da vida de tentação onde a disciplina imperava, tornando-
se uma forma de alcançar a salvação.

A fase prática de cuidados – mulher


Pode afirmar-se que durante milhares de anos, os cuidados A vida monástica, impunha limitações à ação da mulher
diziam respeito a qualquer pessoa (normalmente à mulher) que consagrada no cuidado aos doentes e necessitados. Começam
ajudava qualquer outra, de modo a garantir o que lhe era a surgir agrupamentos de mulheres, que sem formular votos,
necessário, para continuar a viver. Este fenómeno tem a ver, formam comunidades com espírito semelhante à das primeiras
por um lado, com a continuidade da espécie e, por outro, com comunidades de diaconisas:
a perpetuação do grupo. Assim, durante séculos, os cuidados • Béguines e outras Associações Religiosas (XI)
não tiveram características de profissão, nem sequer de um • Augustinhas e outras congregações Hospitaleiras (XIII)
ofício. • Filhas da Caridade e outras ordens sem clausura (XVII)

Com o desenrolar da história da humanidade, os cuidados vão Fase da mulher enfermeira auxiliar do médico –
ganhando expressões diferentes. É com o cristianismo que a Finais do se´c. XIX até aos anos 70/80
natureza dos cuidados toma uma outra dimensão. Com a
doutrina cristã, que assenta no amor e na caridade, os É nos finais do século XIX e por confluência de alguns fatores,
cuidados passam a ter um caráter de altruísmo puro, porque se como o desenvolvimento exponencial da ciência e
cuidava por amor a Deus, que toma a sua expressão máxima, consequentes descobertas científicas, o desenvolvimento das
naquele que sofria ou que necessitava de ajuda. filosofias humanísticas, as graves guerras mundiais e as
grandes mudanças sociais, que viria a despoletar a
Diaconisas enfermagem como profissão.
Palavra de origem grega, do verbo Diakonein que significa
servir. Com os cristãos, surge um grupo de mulheres que se
dedicavam à tarefa de ajudar os irmãos em cristo. Eram
ordenadas para esse serviço, mulheres solteiras e viúvas (mas
só uma vez) e viviam em mosteiros. A ajuda que prestavam era
traduzida em apoio espiritual, alimentos, dinheiro e prestavam
também cuidados para manter a vida ou recuperar a saúde
através de remédios mágicos e empíricos e tratamentos
domésticos. Mas o cristianismo contou também com outra
grande influência e que teve grandes repercussões na
prestação de cuidados aos outros. É o caso das grandes
É o trabalho da enfermeira, que auxilia o médico, nas múltiplas
damas romanas, que convertidas à nova doutrina,
atividades que contribuem ara o cuidado ao enfermo, que
desenvolvem um trabalho caritativo e de enfermagem. Alguns
permitiu organizar a enfermagem profissional, como hoje a
nomes ficaram na história, são eles os de Marcela, Fabíola e
conhecemos.
Paula, que utilizaram a sua inteligência, prestígio e riqueza em
favor dos mais necessitados, cuidando dos pobres e dos
doentes.
Misericórdias Estabelecimentos para a assistência em Portugal
D.Leonor (15 de agosto de 1498) foi a grande impulsionadora Segundo Ferreira, na Idade Média podiam-se encontrar 4 tipos
da fundação das misericórdias em Portugal, sendo uma mulher de estabelecimentos assistenciais:
de grande caráter e reconhecida por todos pela sua caridade e • Albergarias
clemência. Constando a miséria que havia nas ruas de Lisboa • Gafarias
decidiu desenvolver esforços para a criação de um • Mercearias
estabelecimento de assistência que pudesse fazer face àquele • Hospitais
estado de coisas.
Albergarias
Criadas originalmente para assistência aos peregrinos e
demais viajantes, mas servindo também de albergue para
doentes e mendigos, eram sustentadas sobretudo pelas ordens
religiosas e militares, sendo algumas dotadas de pequenas
enfermarias. Desenvolveram-se com as peregrinações a
Neste domínio, encontrava-se já em Portugal uma congregação Santiago de Compostela muitas delas limitavam se a oferecer
de frades (trinitários) que em Espanha eram chamados de uma simples refeição e uma enxerga aos viandantes. Nalgumas
“Padres da Misericórdia” e que se dedicavam a obras de terras, eram conhecidas como a “casa dos passantes”.
beneficência e de hospitalidade. A destacar a figura do padre
espanhol Miguel Contreiras, que com o apoio de D.Leonor, em Gafarias
15 de agosto de 1498 fundou a Irmandade da Misericórdia. Destinadas ao internamento dos gafos ou leprosos, são
também designadas por leprosarias (e, mais tarde, lazaretos,
Esta nova irmandade tinha para além da missão de assistir e termo que deriva do facto de a lepra ser então igualmente
confortar os doentes, a de visitar os presos e enterrar os mortos, conhecida como o mal de S Lázaro)
fins beneméritos e de auxílio mútuo, tendo também o direito de
fazer peditórios públicos, que depois eram canalizados para fins Mercearias
diversos. Destinadas originalmente às pessoas da nobreza empobrecida
ou envergonhada em geral, funcionavam junto a capelas. Em
Bizâncio havia as gerontochia (estabelecimentos geriátricos),
distintas dos simples hospícios, destinados aos pobres
(ptochia)

Hospitais
Construídos e organizados principalmente para a cura e
agasalhado dos pobres e enfermos. No Séc XII, o seu número
Mais tarde as misericórdias passaram também a cuidar das era inferior ao das albergarias.
crianças abandonadas e à medida que vão sendo fundadas
noutras cidades, as confrarias tomam conta dos hospitais Referências Históricas aos ENFERMEIROS
locais e das gafarias. Deste modo, com quase todo o
monopólio da assistência, as irmandades da misericórdia foram • Hospital Real de Todos os Santos 1492
dominando as outras instituições de beneficência e com um Do esforço do trabalho das Misericórdias foi fundado em Lisboa,
forte espírito unificador e centralizador vão agregado as o Hospital Real de Todos os Santos em 1492, à semelhança,
pequenas unidades assistenciais. de outros grandes hospitais foram fundados em quase todas as
localidades do país, absorvendo e substituindo os pequenos
Irmãos de S.João de Deus hospitais que foram construídos durante a idade média.
Desde o início da sua constituição, esta ordem teve grande
reconhecimento em áreas exigentes de prestação de serviços. E já no Regimento do Esprital de todolos Santos de El.Rei
Nogueira refere que até mesmo os reis de Espanha e Portugal Nosso Senhor, de Lisboa constava na dotação de pessoal
exigiam que alguns irmãos acompanhassem as naus, como “…4 enfermeiros maiores,
enfermeiros durante as viagens marítimas. Foram também 7 enfermeiros pequenos […]
chamados a socorrer doentes durante as batalhas e epidemias 1 enfermeira de mulheres,
e duma forma global quase todos os hospitais militares eram 1 ajudante de enfermaria …”
assistidos pelos irmãos de S.João de Deus.
Assistência nos Hospitais séc.XV e seguintes
Esta ordem preocupava-se em formar irmãos em diversas D. Manuel, em 1504, ordena que no Hospital de Todos os
áreas de assistência como a enfermagem, a medicina e a Santos "o cirurgião que há de viver dentro do hospital, leia cada
farmácia, entre outras. Este espírito de formação está patente dia uma lição aos seus dois moços que há de ter, e hão de ser
desde sempre, sendo da sua responsabilidade os primeiros pagos pelo hospital para aprenderem a teoria e a prática e
escritos referentes à enfermagem. Na Biblioteca da Academia poderem ficar ao serviço do dito hospital" Nogueira (1982).
das Ciências existe um livro, intitulado de Postilha Religiosa e
Artes de Enfermeiros que é considerado o livro mais antigo em Os cuidados aos doentes possuíam muito pouca cultura de
língua portuguesa dedicado à teoria e prática de enfermagem. enfermagem e eram normalmente desenvolvidos por pessoas
com pouca preparação, sendo as tarefas a desenvolver muito
pouco diferenciadas.

Hospital das Caldas da Rainha (XV), o regimento estabeleceu


regras e tarefas a que os enfermeiros estavam obrigados a
realizar "a muita diligência e paciência, quer para aplicarem os
tratamentos... quer para levar ao banho, às costas, os doentes
[...] para os lavar, levar todas as refeições às enfermarias, varrer
e limpar estas e fazer as camas, vigiar os enfermos [...] chamar
o vigário [...] amortalhar os cadáveres [...] despejar e limpar
diariamente os tanques dos banhos [...] ter sempre limpos os
urinóis e bacios, bem como os púcaros dos xaropes e purgas".
Nogueira (1982)
Hospital Real S.José (1834) Florece Nightingale
As enfermarias eram em número de 18, designadas com nomes
de santos, para além do Banco. Havia ainda uma botica, a • Nasceu a 12 de Maio de 1820 em Florença durante uma
cozinha, despensa, depósito de roupas e utensílios, das viagens de seus pais.
arrecadações, uma abegoaria e um terreno contíguo ao • Teve uma educação muito completa e com muito rigor
hospital. Tinha também serviços administrativos. Subtil et al, (matemática, línguas, religião e filosofia)
2011. • Fez formação em Kaiserworth (Alemanha) e Filhas
Caridade (De regresso à Inglaterra fez inspeção sanitária
em Instituições e chegou a superintendente do hospital for
Invalid Gentlewomen em Londres
• Participou na Guerra da Crimeia (1854 55)
• Regressa à Inglaterra, foi reconhecida e premiada e fundou
Nightingale school anexa ao S. Thomas Hospital em
Londres
• Morre a 13 de Agosto de 1910 com 90 anos
• Educação que recebeu (matemática, línguas, religião e
filosofia)
• O estatuto social aristocrático da família Nightingale
proporcionou lhe acesso a pessoas de poder e influência
As funções dos enfermeiros(as) distribuíam-se • Atenta às mudanças sociais do seu tempo (revolução
fundamentalmente, em duas áreas: industrial)
• Coordenação e gestão da prestação de cuidados e • emergência de novas classes socias, doenças e problemas
assistência religiosa sociais
• Envolvimento na gestão e administração das • Obra de Charles Dickens (romance Martin Chuzzelwit)
enfermarias e do hospital apresentou uma enfermagem que necessitava de reforma
• Amizade com Stanley Herbert que manteve durante toda a
vida
• Discussões com muitos líderes políticos, intelectuais e
reformadores sociais da altura desenvolveram o
pensamento lógico e filosófico de Nightingale
• Afiliação religiosa e crenças
• Servir a Deus / Enfermagem como chamamento religioso

Uso de provas empíricas


Relatórios que produziu das situações vivenciadas nos
hospitais ingleses e na guerra da Crimeia identificaram na como
uma notável cientista e investigadora
Conhecimentos de estatística
Capacidade de fazer registos detalhados da sua atuação
permitiu provar a eficácia do seu sistema e organização de
enfermagem hospitalar durante a guerra da Crimeia
Palmer (1977) identificou as capacidades de investigação de
Nightingale onde incluiu o registo, a comunicação, a ordenação,
a codificação, a concetualização, a inferência, a análise e a
síntese
A observação dos fenómenos serve de base aos seus escritos.

A suas motivações:
Visitou Instituições de Assistência por toda a Europa
o Kaiserwerth (Alemanha)
o Filhas da Caridade de S.Vicente de Paulo (França)
o Guerra da Crimeia (1854-1855)

Participação na guerra da Crimeia


A eficácia das suas medidas traduziu se na redução evidente
da taxa de mortalidade do exército britânico, de 42,7% para
2,2% que igualmente por influência de Florence, passou a
usufruir de uma biblioteca, uma lavandaria, um sistema
bancário que ajudava a guardar as poupanças e um pequeno
hospital para apoio às famílias que acompanhavam os
soldados. Isto porque Florence preocupava se não só com os
doentes e feridos de guerra, mas, também, com as condições
ambientais que influenciavam a saúde.

Bases da enfermagem Moderna


A 9 de julho de 1860 abriu uma escola de enfermagem, no
Hospital de S.Tomás em Londres:
- Direção da Escola – Enfermeira
- Ensino Metódico
- Seleção das candidatas
Reforma de Nightingale:
Criação da 1ª Escola de Enfermagem – Anexa ao Hospital de
S.Tomás em Londres
Sistema de Formação em Enfermagem
Bases de profissionalização

Bases da Enfermagem Moderna:


Em 1858 “Notes on Hospital”
Em 1859 “Notes on Nursing”
Pareceres técnicos

Associações, Ensino e Investigação Associações, Ensino e Investigação

As associações profissionais de direito privado constituem-se


para defender os interesses de um determinado grupo de
pessoas e não estão sujeitas a qualquer tutela do Estado.
Associação Portuguesa de Enfermeiros, de início denominada
Associação das Enfermeiras e dos Enfermeiros Portugueses,
foi criada em 1968, depois de alguns anos de trabalho de um
grupo de enfermeiros, 1969 tornou se membro do ICN. Edita a
Revista Enfermagem

ACEPS existe desde 1948, oficializada em 1949, edita a


Revista SERVIR

Sociedade Portuguesa de História de Enfermagem (SPHE) é


uma associação científica sem afins lucrativos

Sindicato dos Enfermeiros – 1913 Associação Nacional de História de Enfermagem (ANHE)

A enfermagem em Portugal teve o seu início na dependência e


sob a subordinação médica:
• Coimbra (1881)
• Lisboa (1886)
Estes cursos decorreram num período relativamente pequeno,
por não encontrarem apoio oficial junto dos Governos de então.

1881 – Escola de Enfermagem por proposta Dr. António Simões


Escola dos Enfermeiros de Coimbra
A primeira escola de enfermagem de que há conhecimento
surge por iniciativa do Professor Doutor António Simões, em
1881 que sendo professor da Faculdade de Medicina e
Administrador dos Hospitais da Universidade de Coimbra,
fundou pelos seus próprios meios a primeira escola de
enfermeiros do país, a Escola dos Enfermeiros de Coimbra.
Devido ao facto de ter sido criada com base na boa vontade,
teve curta duração e o seu fundador não teve oportunidade de
a ver restruturada e oficializada, como era seu desejo, o que
veio somente a acontecer cerca de 30 anos mais tarde.

1886 - Por proposta do Enfermeiro mor do Hospital S. José 1ª


Escola para o ensino de Enfermagem, a cargo do Dr. Artur
Ravara, em 1889 o curso é suprimido.
Em 28 de Janeiro de 1886 por proposta do enfermeiro mor do
hospital de S José e por portaria do reino, é criada a primeira
escola para o ensino de enfermagem com o objetivo de dar
formação às pessoas que já trabalhavam nos hospitais A
organização do curso esteve a cargo d cirurgião Artur Ravara,
que em 1887 publica o primeiro programa de formação. No Antropologia, que perspetivam já uma diferente forma de ver o
entanto, em 1889 o curso é suprimido por não existirem indivíduo com necessidades de assistência de enfermagem.
condições que permitissem atingir os objetivos Esta formação polivalente capacita o enfermeiro para atuar
junto do indivíduo ou da comunidade aos diferentes níveis de
1896 – 1ª Escola de Enfermagem abriu no do Hospital Santo prevenção.
António
Também no Hospital Geral de Santo António é instituído um
curso de enfermagem, através do disposto no artigo 43 º do
Regulamento dos Serviços Técnicos Hospitalares, aprovado
por alvará do Governo Civil do Porto em 15 de Junho de 1896.
No mesmo ano, o Diário do Governo publicou no Ministério dos
Negócios do Reino uma portaria que cria a Escola de
Enfermagem do Hospital de Santo António Integração do Ensino no Sistema Educativo Nacional
(Decreto Lei nº 480 88)
Decreto Lei nº 480 88 de 23 de Dezembro, coloca o Ensino de
Enfermagem a nível do Ensino Superior Politécnico, conferindo
à formação de base o grau de bacharel e à formação
especializada o Diploma de Estudos Superiores Especializados
em Enfermagem e o grau académico de licenciado.

1901 – Escola Profissional de Enfermeiros no Hospital S. José


Em 10 de Setembro de 1901 é publicado um Decreto criando,
no hospital de S José a Escola Profissional de Enfermeiros, com
o fim de ministrar aos que cuidavam dos doentes instrução
doutrinal e técnica" e os conhecimentos práticos necessários.
Tinham que cumprir prescrições médicas e cirúrgicas e prestar
cuidados de enfermagem no hospital. Era estabelecido que o
curso durasse 1 ano, com mais 1 ano complementar para
alunos que desejassem o curso completo de enfermagem.

1937(Outubro) – Escola de Enfermagem das Irmãs


Hospitaleiras da Imaculada Conceição
(Novembro) – Escola de Enfermagem da Congregação de
Irmãs de S. Vicente de Paulo

1940 – Escola de Enfermagem dos Irmãos de S. João de Deus


Lisboa

1947 – Reorganização do ensino de Enfermagem


O Decreto Lei nº 36219 de 10 de Abril de 1947 reorganiza o
ensino de enfermagem, tendo em consideração a falta de
pessoal de enfermagem para responder às crescentes
necessidades, passando a ser lecionado o Curso Geral de
Enfermagem e o Curso de Auxiliares de Enfermagem.

Reforma de 1952
Em 1952 opera se uma reforma no ensino de enfermagem. O
curso geral passa a ter a duração de 3 anos, com aulas teóricas,
práticas e estágios, sendo de frequência obrigatória A formação
era dirigida para a assistência ao doente no hospital, pelo que
era dada ênfase à doença, sendo a especificidade de
enfermagem reduzida a técnicas. Decorrente desta reforma, é
exigido a partir de 1956 um diploma para a prática de
enfermagem.
Reforma de 1965
Em 1965 surge um novo plano de estudos, que, tendo por base
um estudo prévio, permitiu concluir que a maioria das escolas
possuía condições para arrancar com uma verdadeira reforma
do ensino de enfermagem.
O curso manteve os 3 anos de duração, passando a ser exigido
o segundo ciclo do curso dos liceus.
Este plano valorizava equilibradamente a formação para os
serviços hospitalares e de saúde pública os conteúdos foram
enriquecidos na área de enfermagem e as estratégias
modificadas, apelando de forma crescente à participação dos
alunos.
Em 1967 é criada a Escola de Ensino e Administração em
Enfermagem e organizada a 1ª carreira de enfermagem.

Reforma de 1976 – grande reforma do ensino


Em 1976 verificou se uma grande reforma do ensino de
enfermagem, incorporando novas disciplinas, com raízes nas
Ciências Humanas como a Psicologia, a Sociologia, a
Insígnias da OE
As insígnias são o sinal distintivo de uma dignidade.
Distinguem-se apenas pela composição, correspondendo a um
sinal predominantemente figurativo ou emblemático. Ainda que
tenham composições idênticas, são sempre realidades
distintas. Há assim uma forte ligação entre as insígnias e o
percurso histórico.

Eis os elementos das insígnias da Ordem dos Enfermeiros:

Simbolicamente o brasão representa:


• Escudo de armas associativas oval a azul;
• Listela branca com legenda a negro identificativa da Ordem
dos Enfermeiros.

No escudo os motivos simbólicos representam:


• Escudo azul com cinco besantes de prata contornado
a ouro, representando as armas de D. Manuel I e o
carácter nacional da profissão: a decisão de adotar este
elemento apoia-se no facto de os primeiros registos sobre
enfermeiros datarem do tempo de D. Manuel I,
constituindo, mais exatamente, matéria do regimento do
Hospital de Todos os Santos, outorgado em 1504 por este
rei;
• Ramagem de prata realçada a negro, representando
simbolicamente a fidelidade no exercício da profissão e a
nobreza da mesma;
• Lamparina de ouro realçada a negro, simbolizando o
carácter internacional e universal da enfermagem,
produzindo uma chama vermelha, o que representa a ação
permanente dos profissionais;
• Cruz de ouro, simbolizando a Enfermagem no contexto
dos profissionais de saúde em Portugal;
• Serpente negra, realçada a prata, animada, lampassada
a vermelho e dextrovolvida: simboliza o carácter científico
da profissão e a argúcia da sua concretização no dia-a-dia,
decisão que é suportada pela evolução recente da
profissão;

Inerentes ao cargo de Bastonário existem dois símbolos:


bastão e colar.

O bastão tem 45 centímetros de comprimento e quatro


centímetros de diâmetro, é encimado por uma lamparina de
ouro (que consta da Insígnia da Ordem) e recoberto por
miniaturas de folhas de era, com uma cobra enroscada a toda
a altura do Bastão (que simboliza a Saúde). Inclui também um
escudo azul com cinco besantes, representando as armas de
D. Manuel I e o carácter nacional da profissão.

O Colar é composto pelas cores azul e vermelho tem o nome


da primeira Bastonária gravado no primeiro e maior medalhão.
Todos os enfermeiros que ocupam o cargo têm o seu nome
inscrito no colar. A Insígnia da Ordem e a lamparina de ouro
produzindo uma chama vermelha são os elementos
representados.
PPT3 – títulos académicos e profissionais enfermeiro especialista. Idêntico procedimento se adota para
Decreto-Lei n.º 71/2019 as categorias subsistentes de enfermeiro chefe e de
Diário da República, 1.ª série — N.º 101 — 27 de maio de 2019
PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS
Decreto-Lei n.º 71/2019
de 27 de maio enfermeiro supervisor que transitam para a categoria de
O Decreto-Lei n.º 248/2009, de 22 de setembro, em enfermeiro gestor.
conformidade com o disposto no artigo 101.º da Lei n.º 12 - Por outro lado, reconhecendo a importância da
A/2008, de 27 de fevereiro, veio estabelecer o regime legal coordenação operacional das equipas de enfermagem, na
da carreira especial de enfermagem, bem como os respetivos vertente da gestão de cuidados e na vertente da gestão das
requisitos de habilitação profissional, dotando-a dos competências dos enfermeiros, aspetos centrais na
mecanismos que, àquela data, se afiguraram adequados à organização da atividade em enfermagem e que concorrem
natureza da profissão e à especificidade do seu exercício. para o bom funcionamento dos serviços e estabelecimentos
Reconhecendo-se que a alteração legislativa criou de saúde, entendeu-se igualmente necessário reavaliar a
um patamar de referência para as carreiras dos profissionais existência da categoria de enfermeiro principal, na qual não
de saúde no âmbito do Serviço Nacional de Saúde (SNS), se encontra provido nenhum enfermeiro, tendo -se concluído
conforme decorre do preâmbulo do Decreto-Lei n.º que a mesma deveria ser substituída, pelas razões apontadas,
247/2009, de 22 de setembro, considerou-se pertinente pela categoria de enfermeiro gestor.
replicar o mesmo modelo no setor empresarial do Estado, Foram observados os procedimentos previstos na
tanto mais que «[...] a padronização e a identidade de Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, aprovada em
critérios de organização e valorização de recursos humanos anexo à Lei n.º 35/2014, de 20 de junho, na sua redação
contribuem para a circularidade do sistema e sustentam o atual, e observado o procedimento fixado no artigo 470.º e
reconhecimento mútuo da qualificação, independentemente seguintes do Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º
do local de trabalho e da natureza jurídica da relação de 7/2009, de 12 de fevereiro, na sua redação atual.
emprego». Assim:
Passados quase 10 anos após a entrada em vigor Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da
daqueles diplomas, impõe -se introduzir algumas alterações Constituição, o Governo decreta o seguinte:
ao quadro legal vigente, ditadas pela experiência verificada
no decurso do tempo e pelas necessidades e realidades Artigo 1.º
atuais, dotando os serviços e estabelecimentos de saúde de Objeto
uma maior coerência e capacidade de resposta, face à O presente decreto-lei procede à:
evolução constante das necessidades em saúde das a) Segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 247/2009, de 22 de
populações. setembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 122/2010, de 11 de
Com efeito, o SNS tem de se constituir como uma novembro, que estabelece o regime da carreira de
entidade dinâmica, proativa e com capacidade de responder enfermagem nas entidades públicas empresariais e nas
de forma eficiente e sustentável às necessidades de saúde parcerias em saúde, bem como os respetivos requisitos de
resultantes da evolução demográfica e epidemiológica. habilitação profissional e percurso de progressão
Neste sentido, deve ser possível aos serviços adaptarem -se profissional e de diferenciação técnico-científica;
às necessidades de cuidados, preservando os interesses e b) Segunda alteração ao Decreto-Lei n.º 248/2009, de 22 de
direitos daqueles que recorrem ao SNS, mas também dos setembro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 122/2010, de 11 de
seus trabalhadores. novembro, que estabelece o regime da carreira especial de
Assim, reconhecendo a relevância que assumem os enfermagem, bem como os respetivos requisitos de
trabalhadores enfermeiros no âmbito do SNS, quer em habilitação profissional.
termos de organização e funcionamento dos serviços, quer
enquanto garante da qualidade da prestação dos cuidados de Artigo 2.º
Alteração ao Decreto-Lei n.º 247/2009, de 22 de setembro
saúde e da segurança dos procedimentos que lhes compete
assegurar, impõe -se, a par de outras medidas já adotadas Os artigos 7.º, 9.º e 11.º do Decreto-Lei n.º 247/2009, de 22
pelo atual Governo nesse mesmo sentido, espelhar nos de setembro, na sua redação atual, passam a ter a seguinte
diplomas legais que enformam a carreira de enfermagem redação:
soluções inicialmente não consagradas.
Para este efeito não foi descurada, como aliás o não «Artigo 7.º
poderia ser, a evolução ao nível da formação na área da [...]
enfermagem que se reflete, naturalmente, nas 1 — A carreira de enfermagem é pluricategorial e estrutura
correspondentes competências que sendo plenamente -se nas seguintes categorias:
aproveitadas concorrem para a melhoria da qualidade, a) [...];
acessibilidade e eficiência do sistema de saúde. b) Enfermeiro especialista;
É este o objetivo do presente decreto-lei, ao proceder à c) Enfermeiro gestor.
alteração da estrutura das carreiras de enfermagem e especial 2 — As categorias referidas no número anterior devem estar
de enfermagem, passando a contemplar a categoria de expressamente previstas na caracterização dos postos de
enfermeiro especialista. Considerando que a estrutura da trabalho dos mapas de pessoal dos respetivos serviços ou
anterior carreira prevista no Decreto-Lei n.º 437/91, de 8 de estabelecimentos, discriminando -se a atividade a executar,
novembro, contemplava idêntica categoria, na qual se bem como, tratando -se da categoria de enfermeiro
encontravam providos por concurso enfermeiros que, especialista, qual o colégio de especialidade
entretanto, transitaram para a categoria de enfermeiro, é -----------------------------------//-----------------------------------
prevista a transição automática para a categoria de
PPT3 – títulos académicos e profissionais
PPT4 – Diplomas estruturantes da profissão não poderão divulgar, nem utilizar, em proveito próprio ou
REPE (Decreto-Lei nº 161/96, de 4 de setembro) alheio, diretamente ou por interposta pessoa, o conhecimento
que tenham desses factos.
N.o 205 —4-9-1996 DIÁRIO DA REPÚBLICA —I SÉRIE-A 2 — O dever de segredo profissional manter-se-á ainda
que as pessoas ou entidades a ele sujeitas nos termos do número
…… anterior deixem de prestar serviço ao IGCP.
3 — Sem prejuízo da responsabilidade civil e criminal
ou de comissão de serviço, nos termos da legislação em vigor. que dela resulte, a violação do dever de sigilo estabelecido no
3 — Aos funcionários do Estado, de institutos públicos presente artigo, quando cometida por um membro dos órgãos
e de autarquias locais que desempenhem funções no IGCP nos do IGCP ou pelo seu pessoal, implicará para o infrator as
termos do n.o 1 continuará a aplicar-se o regime disciplinar que sanções disciplinares correspondentes à sua gravidade, que
lhes é próprio, cabendo, todavia, ao conselho diretivo exercer o poderão ir até à destituição ou à rescisão do respetivo contrato
correspondente poder disciplinar enquanto permanecerem ao de trabalho, e, quando praticada por pessoa ou entidade
serviço do Instituto. vinculada ao IGCP por um contrato de prestação de serviços,
4 — Aos trabalhadores de empresas públicas na dará ao conselho diretivo o direito de resolver imediatamente
situação referida no n.o 1 sujeitos ao regime de contrato esse contrato.
individual de trabalho aplicar-se-á o regime disciplinar que
vigorar no IGCP, cabendo ao respetivo conselho diretivo
exercer o poder disciplinar relativamente a todas as infrações MINISTÉRIO DA SAÚDE
praticadas durante o tempo em que o trabalhador estiver ao
serviço do Instituto.
5 — Nos casos previstos nos números anteriores, se os Decreto-Lei n.o 161/96
trabalhadores deixarem de prestar serviço ao IGCP antes de
de 4 de Setembro
proferida decisão sobre o processo disciplinar que lhes tenha
sido instaurado, competirá ao IGCP completar a instrução do
processo e à entidade em que o trabalhador estiver colocado 1 —A enfermagem registou entre nós, no decurso dos
proferir a decisão. últimos anos, uma evolução, quer ao nível da respetiva
formação de base, quer no que diz respeito à complexificação e
Artigo 28.o dignificação do seu exercício profissional, que torna imperioso
reconhecer como de significativo valor o papel do enfermeiro
Segurança social
no âmbito da comunidade científica de saúde e, bem assim, no
1 — Os trabalhadores do IGCP que exerçam funções que concerne à qualidade e eficácia da prestação de cuidados
em regime de requisição, de destacamento ou de comissão de de saúde.
serviço manterão o regime de segurança social inerente ao seu 2 —Verifica-se, contudo, que o exercício profissional
quadro de origem, nomeadamente no que se refere a da enfermagem não dispõe ainda de um instrumento jurídico
aposentação ou reforma, sobrevivência e apoio na doença. contendo a sua adequada regulamentação, carência que o
2 — Os trabalhadores do IGCP que não se encontrem presente diploma precisamente visa colmatar. Com efeito,
em qualquer das situações referidas no número anterior serão independentemente do contexto jurídico institucional onde o
obrigatoriamente inscritos na Caixa Geral de Aposentações e enfermeiro desenvolve a sua atividade —público, privado ou
na ADSE, exceto se, estando inscritos em qualquer outro em regime liberal —, o seu exercício profissional carece de ser
regime de segurança social, quiserem e puderem legalmente regulamentado, em ordem a garantir que o mesmo se
optar pela sua manutenção ou se outro regime decorrer da desenvolva não só com salvaguarda dos direitos e normas
adesão do IGCP a instrumentos de regulamentação coletiva do deontológicas específicos da enfermagem como também por
trabalho. forma a proporcionar aos cidadãos deles carecidos cuidados de
3 — Para efeitos do número anterior, o IGCP enfermagem de qualidade.
contribuirá para os sistemas de segurança social ou de 3 —O presente diploma clarifica conceitos, procede à
assistência médica e medicamentosa a que pertencerem os seus caracterização dos cuidados de enfermagem, especifica a
funcionários, segundo os regimes previstos nesses sistemas competência dos profissionais legalmente habilitados a prestá-
para as entidades empregadoras. los e define a responsabilidade, os direitos e os deveres dos
4 — No caso dos trabalhadores inscritos na Caixa mesmos profissionais, dissipando, assim, dúvidas e prevenindo
Geral de Aposentações, as contribuições a que se refere o equívocos por vezes suscitados não apenas a nível dos vários
número anterior deverão ser de montante igual ao das quotas elementos integrantes das equipas de saúde mas também junto
pagas por esses trabalhadores. da população em geral.
5 — Os membros do conselho diretivo ficam sujeitos 4 —A regulamentação do exercício profissional da
ao regime de previdência dos trabalhadores independentes, enfermagem, a que agora se procede, corresponde também aos
salvo se nomeados em comissão de serviço ou requisição, caso princípios decorrentes da Lei de Bases da Saúde (Lei n.o 48/90,
em que se lhes aplicará o disposto no n.o 1. de 24 de Agosto) e, designadamente, aos consignados na alínea
c) da base XIV, no n.o 1 da base XV e no n.o 2 da base XL da mesma
Artigo 29.o lei.
5 —Foram ouvidas, sobre o conteúdo do presente
Disposições comuns — Segredo profissional diploma, as estruturas associativas e sindicais representativas
dos enfermeiros.
1 — Os membros dos órgãos do IGCP, o respetivo
Assim:
pessoal e as pessoas ou entidades, públicas ou privadas, que lhe
No desenvolvimento do regime jurídico estabelecido
prestem, a título permanente ou ocasional, quaisquer serviços
pela Lei n.o 48/90, de 24 de Agosto, e nos termos da
ficam sujeitos a segredo profissional sobre os factos cujo
conhecimento lhes advenha do exercício das suas funções ou da
-----------------------------//--------------------------------------------
prestação dos serviços referidos, e, seja qual for a finalidade,
PPT4 – Diplomas estruturantes da profissão
REPE (Decreto-Lei nº 161/96, de 4 de setembro) Artigo 5.o
Caracterização dos cuidados de enfermagem

DIÁRIO DA REPÚBLICA—I SÉRIE-A N.o 205 —4-9-1996 Os cuidados de enfermagem são caracterizados por:
1) Terem por fundamento uma interação entre enfermeiro e
alínea c) do n.o 1 do artigo 201.o da Constituição, o Governo utente, indivíduo, família, grupos e comunidade;
decreta o seguinte: 2) Estabelecerem uma relação de ajuda com o utente;
3) Utilizarem metodologia científica, que inclui:
CAPÍTULO I a) A identificação dos problemas de saúde em geral e
de enfermagem em especial, no indivíduo, família,
Objecto e âmbito grupos e comunidade;
b) A recolha e apreciação de dados sobre cada situação
Artigo 1.o que se apresenta;
Objecto c) A formulação do diagnóstico de enfermagem;
O presente decreto-lei define os princípios gerais respeitantes d) A elaboração e realização de planos para a prestação
ao exercício profissional dos enfermeiros, constituindo o de cuidados de enfermagem;
Regulamento do Exercício Profissional dos Enfermeiros e) A execução correta e adequada dos cuidados de
(REPE). enfermagem necessários;
f) A avaliação dos cuidados de enfermagem prestados
Artigo 2.o e a reformulação das intervenções;
Âmbito institucional 4) Englobarem, de acordo com o grau de dependência do utente,
1 —O REPE é, no território nacional, vinculativo para as seguintes formas de atuação:
todas as entidades empregadoras dos sectores público, privado, a) Fazer por substituir a competência funcional em que
cooperativo e social. o utente esteja totalmente incapacitado;
2 —Sem prejuízo do disposto no número anterior, são b) Ajudar a completar a competência funcional em que
aplicáveis aos enfermeiros as normas jurídicas definidoras do o utente esteja parcialmente incapacitado;
regime de trabalho que vigorem nos organismos onde aqueles c) Orientar e supervisar, transmitindo informação ao
desenvolvam a sua atividade profissional. utente que vise mudança de comportamento para a
aquisição de estilos de vida saudáveis ou recuperação
Artigo 3.o da saúde, acompanhar este processo e introduzir as
Âmbito pessoal correções necessárias;
d) Encaminhar, orientando para os recursos
São abrangidos pelo REPE todos os enfermeiros que exerçam a adequados, em função dos problemas existentes, ou
sua atividade no território nacional, qualquer que seja o regime promover a intervenção de outros técnicos de saúde,
em que prestem a sua atividade. quando os problemas identificados não possam ser
resolvidos só pelo enfermeiro;
CAPÍTULO II e) Avaliar, verificando os resultados das intervenções
de enfermagem através da observação, resposta do
Disposições gerais utente, familiares ou outros e dos registos efetuados.

Artigo 4.o CAPÍTULO III


Conceitos
Acesso ao exercício profissional
1 —Enfermagem é a profissão que, na área da saúde,
tem como objetivo prestar cuidados de enfermagem ao ser Artigo 6.o
humano, são ou doente, ao longo do ciclo vital, e aos grupos Autorização do exercício
sociais em que ele está integrado, de forma que mantenham,
melhorem e recuperem a saúde, ajudando-os a atingir a sua O exercício da profissão de enfermagem é condicionado pela
máxima capacidade funcional tão rapidamente quanto possível. obtenção de uma cédula profissional, a emitir pela Associação
2 —Enfermeiro é o profissional habilitado com um Profissional dos Enfermeiros.
curso de enfermagem legalmente reconhecido, a quem foi
atribuído um título profissional que lhe reconhece competência
científica, técnica e humana para a prestação de cuidados de
enfermagem gerais ao indivíduo, família, grupos e comunidade,
aos níveis da prevenção primária, secundária e terciária.
3 —Enfermeiro especialista é o enfermeiro habilitado
com um curso de especialização em enfermagem ou com um
curso de estudos superiores especializados em enfermagem, a
quem foi atribuído um título profissional que lhe reconhece
competência científica, técnica e humana para prestar, além de
cuidados de enfermagem gerais, cuidados de enfermagem
especializados na área da sua especialidade.
4 —Cuidados de enfermagem são as intervenções
autónomas ou interdependentes a realizar pelo enfermeiro no
âmbito das suas qualificações profissionais.
PPT4 – Diplomas estruturantes da profissão d) Participam na coordenação e dinamização das
REPE (Decreto-Lei nº 161/96, de 4 de setembro) atividades inerentes à situação de saúde doença, quer
o utente seja seguido em internamento, ambulatório ou
N.o 205 —4-9-1996 DIÁRIO DA REPÚBLICA —I SÉRIE-A domiciliário;
e) Procedem à administração da terapêutica prescrita,
detetando os seus efeitos e atuando em conformidade,
Artigo 7.o devendo, em situação de emergência, agir de acordo
Relevância da autorização de exercício
com a qualificação e os conhecimentos que detêm,
A titularidade de cédula profissional válida e eficaz constitui tendo como finalidade a manutenção ou recuperação
pressuposto de que foram obrigatoriamente verificados todos os das funções vitais;
condicionalismos requeridos para o exercício da atividade f) Participam na elaboração e concretização de
profissional dos enfermeiros. protocolos referentes a normas e critérios para
administração de tratamentos e medicamentos;
g) Procedem ao ensino do utente sobre a administração
CAPÍTULO IV
e utilização de medicamentos ou tratamentos.
5 —Os enfermeiros concebem, realizam, promovem e
Exercício e intervenção dos enfermeiros
participam em trabalhos de investigação que visem o progresso
da enfermagem em particular e da saúde em geral.
Artigo 8.o 6 —Os enfermeiros contribuem, no exercício da sua
Exercício profissional dos enfermeiros
atividade na área de gestão, investigação, docência, formação e
1 —No exercício das suas funções, os enfermeiros assessoria, para a melhoria e evolução da prestação dos
deverão adotar uma conduta responsável e ética e atuar no cuidados de enfermagem, nomeadamente:
respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos a) Organizando, coordenando, executando,
cidadãos. supervisando e avaliando a formação dos enfermeiros;
2 —O exercício da atividade profissional dos b) Avaliando e propondo os recursos humanos
enfermeiros tem como objetivos fundamentais a promoção da necessários para a prestação dos cuidados de
saúde, a prevenção da doença, o tratamento, a reabilitação e a enfermagem, estabelecendo normas e critérios de
reinserção social. atuação e procedendo à avaliação do desempenho dos
3 —Os enfermeiros têm uma atuação de enfermeiros;
complementaridade funcional relativamente aos demais c) Propondo protocolos e sistemas de informação
profissionais de saúde, mas dotada de idêntico nível de adequados para a prestação dos cuidados;
dignidade e autonomia de exercício profissional. d) Dando parecer técnico acerca de instalações,
materiais e equipamentos utilizados na prestação de
Artigo 9.o cuidados de enfermagem;
Intervenções dos enfermeiros e) Colaborando na elaboração de protocolos entre as
instituições de saúde e as escolas, facilitadores e
1 —As intervenções dos enfermeiros são autónomas e dinamizadores da aprendizagem dos formandos;
interdependentes. f) Participando na avaliação das necessidades da
2 —Consideram-se autónomas as ações realizadas população e dos recursos existentes em matéria de
pelos enfermeiros, sob sua única e exclusiva iniciativa e enfermagem e propondo a política geral para o
responsabilidade, de acordo com as respetivas qualificações exercício da profissão, ensino e formação em
profissionais, seja na prestação de cuidados, na gestão, no enfermagem;
ensino, na formação ou na assessoria, com os contributos na g) Promovendo e participando nos estudos necessários
investigação em enfermagem. à reestruturação, atualização e valorização da
3 —Consideram-se interdependentes as ações profissão de enfermagem.
realizadas pelos enfermeiros de acordo com as resptivas
qualificações profissionais, em conjunto com outros técnicos, Artigo 10.o
para atingir um objetivo comum, decorrentes de planos de ação Delegação de tarefas
previamente definidos pelas equipas multidisciplinares em que
estão integrados e das prescrições ou orientações previamente Os enfermeiros só podem delegar tarefas em pessoal deles
formalizadas. funcionalmente dependente quando este tenha a preparação
4 —Para efeitos dos números anteriores e em necessária para as executar, conjugando-se sempre a natureza
conformidade com o diagnóstico de enfermagem, os das tarefas com o grau de dependência do utente em cuidados
enfermeiros, de acordo com as suas qualificações profissionais: de enfermagem.
a) Organizam, coordenam, executam, supervisão e
avaliam as intervenções de enfermagem aos três níveis CAPÍTULO V
de prevenção;
b) Decidem sobre técnicas e meios a utilizar na Direitos, deveres e incompatibilidades
prestação de cuidados de enfermagem, potenciando e
rentabilizando os recursos existentes, criando a Artigo 11.o
confiança e a participação ativa do indivíduo, família, Dos direitos
grupos e comunidade;
c) Utilizam técnicas próprias da profissão de Os enfermeiros têm direito:
enfermagem com vista à manutenção e recuperação 1) Ao livre exercício da sua profissão, sem qualquer tipo de
das funções vitais, nomeadamente respiração, limitações, a não ser as decorrentes do
alimentação, eliminação, circulação, comunicação,
integridade cutânea e mobilidade;
PPT4 – Diplomas estruturantes da profissão
REPE (Decreto-Lei nº 161/96, de 4 de setembro)
CAPÍTULO VI
DIÁRIO DA REPÚBLICA—I SÉRIE-A N.o 205 —4-9-1996
Disposições finais
código deontológico, das leis vigentes e dos regulamentos do
exercício de enfermagem; Artigo 13.o
Revisão
2) A serem ouvidos na elaboração e aplicação da legislação
respeitante à profissão em particular e à saúde em geral, a nível O REPE será revisto no prazo de cinco anos contados da sua
central, regional e local, através das respetivas estruturas entrada em vigor, devendo ser recolhidos os elementos úteis
representativas; resultantes da sua aplicação para introdução das alterações que
3) A que a entidade empregadora se responsabilize pelo se mostrem necessárias.
especial risco a que estão sujeitos no decurso da sua atividade
profissional; Artigo 14.o
4) A que sejam cumpridos os princípios referentes a prescrições Entrada em vigor
e orientações de outros técnicos de saúde e protocolos daí
decorrentes; As disposições contidas no presente decreto-lei que não sejam
5) Ao cumprimento das convenções e recomendações suscetíveis de aplicação imediata entram em vigor com o
internacionais que lhes possam ser aplicáveis e que tenham sido Estatuto da Associação Profissional dos Enfermeiros.
ratificadas pelos órgãos de soberania competentes; Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 29 de Maio de
6) A verem respeitado o direito de objeção de consciência nas 1996. — António Manuel de Oliveira Guterres — Mário
situações legalmente protegidas; Fernando de Campos Pinto—Artur Aurélio Teixeira Rodrigues
7) A ser substituídos após cumprimento da sua jornada de Consolado—José Eduardo Vera Cruz Jardim—Eduardo
trabalho; Carrega Marçal Grilo—Maria de Belém Roseira Martins
8) A usufruir de condições de trabalho que garantam o respeito Coelho Henriques de Pina —Maria João Fernandes Rodrigues
pela deontologia profissional; — Eduardo Luís Barreto Ferro Rodrigues — Jorge Paulo
9) A beneficiar de condições de acesso à formação para Sacadura Almeida Coelho.
atualização e aperfeiçoamento profissional;
10) A ser informados dos aspetos relacionados com o Promulgado em 14 de Agosto de 1996.
diagnóstico clínico, tratamento e bem-estar dos indivíduos,
famílias, grupos e comunidade ao seu cuidado; Publique-se.
11) A beneficiar das garantias e regalias de outros trabalhadores
de saúde do sector onde exerçam a profissão, quando mais O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.
favoráveis.
Referendado em 21 de Agosto de 1996.
Artigo 12.o
Dos deveres O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira Guterres.
Os enfermeiros estão obrigados a:
1) Apoiar todas as medidas que visem melhorar a qualidade dos
MINISTÉRIO DO AMBIENTE
cuidados e dos serviços de enfermagem;
2) Respeitar a decisão do utente de receber ou recusar a
prestação de cuidados que lhe foi proposta, salvo disposição Decreto-Lei n.o 162/96
especial da lei;
de 4 de Setembro
3) Respeitar e possibilitar ao utente a liberdade de opção em ser
cuidado por outro enfermeiro, caso tal opção seja viável e não
ponha em risco a sua saúde; Na sequência da alteração da lei de delimitação de
4) Esclarecer o utente e os seus familiares, sempre que estes o sectores, que abriu a possibilidade de participação de capitais
solicitem, sobre os cuidados que lhe prestam; privados, sob a forma de concessão, nas atividades de recolha,
5) Assegurar por todos os meios ao seu alcance a manutenção tratamento e rejeição de efluentes, e da consagração dos
da vida do utente em caso de emergência; princípios por que se rege a gestão e exploração de sistemas que
6) Manter-se no seu posto de trabalho, enquanto não forem tenham por objeto aquelas atividades, cumpre definir as regras
substituídos, quando a sua ausência interferir na continuidade concretizadoras de tal quadro legal.
de cuidados; O Decreto-Lei n.o 379/93, de 5 de Novembro,
7) Solicitar o apoio de outros técnicos, sempre que exigível por estruturou as atividades em causa com base na distinção entre
força das condições do utente; sistemas multimunicipais e sistemas municipais,
8) Cumprir e zelar pelo cumprimento da legislação referente ao caracterizando-se os primeiros por terem importância
exercício da profissão; estratégica, abrangendo a área de pelo menos dois muni
9) Comunicar os factos de que tenham conhecimento e possam
comprometer a dignidade da profissão ou a saúde do utente ou ------------------------------//-------------------------------------------
sejam suscetíveis de violar as normas legais do exercício da
profissão;
10) Exercer os cargos para que tenham sido eleitos ou
nomeados e cumprir os mandatos, só podendo haver
interrupção quando devidamente justificada;
11) Colaborar em todas as iniciativas que sejam de interesse ou
de prestígio para a profissão.
PPT5/6 – Diplomas estruturantes da profissão 6 — Para efeitos de inscrição na Ordem, deve ser
(Lei n.º 156/2015, de 16 de setembro) apresentado o documento comprovativo das habitações
Diário da República, 1.ª série — N.º 181 — 16 de setembro académicas necessárias, em original ou pública forma, ou na
de 2015 falta destes, documento comprovativo de que já foi
requerido e está em condições de ser emitido.
CAPÍTULO II 7 — O estágio profissional de adaptação, enquanto medida
Inscrição e exercício da profissão de compensação, é regido pela Lei n.º 9/2009, de 4 de março,
SECÇÃO I alterada pelas Leis n.os 41/2012, de 28 de agosto, e 25/2014,
Exercício da profissão, inscrição, títulos e membros de 2 de maio.
8 — A inscrição na Ordem só pode ser recusada com
Artigo 6.º fundamento na falta de habilitações legais para o exercício
Exercício da profissão da profissão, em inibição por sentença judicial transitada em
O exercício da profissão de enfermeiro depende da inscrição julgado, ou na falta de quaisquer das exigências previstas no
como membro da Ordem. presente artigo.
Artigo 8.º
Artigo 7.º Títulos
Inscrição 1 — O título de enfermeiro reconhece competência
1 — Podem inscrever -se na Ordem: científica, técnica e humana para a prestação de cuidados de
a) Os detentores de cursos superiores de enfermagem gerais.
enfermagem portugueses; 2 — O título de enfermeiro é atribuído ao membro, titular de
b) Os detentores do curso de enfermagem geral ou cédula profissional, inscrito na Ordem nos termos do artigo
equivalente legal; anterior.
c) Os detentores de cursos superiores de 3 — O título de enfermeiro especialista reconhece
enfermagem estrangeiros, que tenham obtido competência científica, técnica e humana para prestar
equivalência a um curso superior de enfermagem cuidados de enfermagem especializados nas áreas de
português; especialidade em enfermagem, reconhecidas pela Ordem.
d) Os profissionais nacionais de Estados membros 4 — O título de enfermeiro especialista é atribuído ao
da União Europeia ou do Espaço Económico detentor do título de enfermeiro, após ponderação dos
Europeu, cujas qualificações tenham sido obtidas processos formativos e de certificação de competências,
fora de Portugal, nos termos do artigo 12.º; numa área clínica de especialização, nos termos do
e) Os profissionais nacionais de Estados terceiros regulamento da especialidade, aprovado pela Ordem e
cujas qualificações tenham sido obtidas fora de homologado pelo membro do Governo responsável pela área
Portugal, desde que obtenham a equivalência das da saúde.
suas qualificações às qualificações exigidas nas 5 — Os títulos atribuídos nos termos dos n.os 2 e 4 são
alíneas a) e b) e seja garantida a reciprocidade de inscritos na cédula profissional.
tratamento, nos termos da convenção celebrada
entre a Ordem e a autoridade congénere do país de Artigo 9.º
origem do interessado. Membros
2 — Podem ainda inscrever-se na Ordem: 1 — A Ordem tem membros efetivos, honorários e
a) As sociedades profissionais de enfermeiros, correspondentes.
incluindo as filiais de organizações associativas de 2 — A inscrição como membro efetivo da Ordem processa -
enfermeiros constituídas ao abrigo do direito de se nos termos previstos nos artigos 7.º e 8.º, com emissão de
outro Estado, nos termos do artigo 14.º; cédula profissional.
b) As representações permanentes em território 3 — A qualidade de membro honorário da Ordem pode ser
nacional de organizações associativas de atribuída a indivíduos ou coletividades que, desenvolvendo
enfermeiros constituídas ao abrigo do direito de ou tendo desenvolvido atividades de reconhecido mérito e
outro Estado, caso pretendam ser membros da interesse público, tenham contribuído para a dignificação e
Ordem, nos termos do artigo 15.º prestígio da profissão de enfermeiro e sejam considerados
3 — Ao exercício de forma ocasional e esporádica em merecedores de tal distinção.
território nacional da atividade de enfermeiro, em regime de 4 — Na qualidade de membros correspondentes da Ordem
livre prestação de serviços, por profissionais nacionais de podem ser admitidos membros de associações congéneres
Estados membros da União Europeia e do Espaço estrangeiras que confiram igual tratamento aos membros da
Económico Europeu, cujas qualificações tenham sido Ordem.
obtidas fora de Portugal, aplica -se o disposto no artigo 13.º
4 — Aos candidatos que não tenham feito a sua formação Artigo 10.º
em estabelecimento de ensino português é exigido, nos Condições para o exercício
termos regulamentares, a sujeição a uma prova de 1 — O exercício profissional obriga o enfermeiro a:
comunicação que visa avaliar a capacidade de compreensão a) Ser portador de cédula profissional válida;
e comunicação, em língua portuguesa, no âmbito do b) Estar inscrito na secção regional correspondente ao
exercício profissional. domicílio profissional;
5 — A inscrição na Ordem rege -se pelo presente Estatuto e c) Ser titular de seguro de responsabilidade profissional.
respetivo regulamento e reporta-se à secção regional 2 — Quando não se verifique alguma das condições
correspondente ao distrito da residência habitual ou previstas no número anterior, o enfermeiro dispõe de um
domicílio profissional do candidato. prazo de 30 dias úteis para regularizar a sua situação.
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PPT5/6 – Diplomas estruturantes da profissão 2 — Na primeira sessão de cada quadriénio, o conselho
jurisdicional elege, de entre os seus membros, dois vice- -
(Lei n.º 156/2015, de 16 de setembro) presidentes e quatro secretários.
3 — O conselho jurisdicional reúne em sessão plenária e por
Artigo 11.º Suspensão e perda da qualidade de membro da secções.
Ordem 4 — A composição das duas secções é fixada na primeira
1 — É suspensa a inscrição dos membros da Ordem que: a) O sessão de cada exercício, cabendo a uma secção a
requeiram; competência do exercício do poder disciplinar e, à outra secção,
b) Tenham sido punidos com sanção disciplinar de suspensão; a competência de análise de questões e preparação de
c) Se encontrem em situação de incompatibilidade pareceres de natureza deontológica.
superveniente com o exercício da profissão de enfermeiro; 5 — O presidente do conselho jurisdicional preside às sessões
d) Se encontram em situação de incumprimento reiterado, pelo plenárias e às sessões da 1.ª e da 2.ª secção.
período mínimo de 12 meses, do dever de pagamento de 6 — A 1.ª secção é constituída por quatro vogais e a 2.ª secção
quotas, em conformidade com o presente Estatuto; é constituída por seis vogais.
e) Não tenham seguro de responsabilidade profissional em 7 — Cada secção é secretariada por um dos secretários.
vigor. 8 — As secções deliberam validamente quando estiverem
2 — É cancelada a inscrição dos membros da Ordem que: a) O presentes três quintos dos seus membros.
requeiram; 9 — As deliberações são tomadas por maioria, dispondo o
b) Tenham sido punidos com a sanção disciplinar de expulsão; presidente de voto de qualidade.
c) A Ordem tiver conhecimento do seu falecimento.
3 — Os casos de cancelamento previstos no número anterior SUBSECÇÃO V
implicam a perda da qualidade de membro efetivo da Ordem. Conselho fiscal
4 — A cédula profissional é sempre devolvida à Ordem, pelo Artigo 34.º Composição e funcionamento
titular, nas situações previstas nos números anteriores. 1 — O conselho fiscal é constituído por um presidente, um vice-
5 — A impossibilidade de devolução da cédula profissional ou presidente e cinco vogais.
o incumprimento desse dever não impede que a suspensão ou 2 — O presidente e o vice-presidente do conselho fiscal são
o cancelamento da inscrição se tornem efetivos. eleitos por sufrágio universal, direto, secreto e periódico.
3 — Os presidentes dos conselhos fiscais regionais são, por
Artigo 26.º Composição inerência, os vogais do conselho fiscal.
1 — O conselho diretivo é constituído pelo bastonário e por 10 4 — O conselho fiscal integra um revisor oficial de contas,
vogais, dos quais cinco são, por inerência, os presidentes dos nomeado pelo conselho diretivo, sem direito de voto.
conselhos diretivos regionais. 5 — O conselho fiscal funciona na sede da Ordem e reúne,
2 — O bastonário, dois vice-presidentes, dois secretários e um ordinariamente, em cada trimestre e, extraordinariamente, por
tesoureiro são eleitos por sufrágio universal, direto, secreto e iniciativa do presidente.
periódico.
3 — O bastonário pode, quando julgar aconselhável, convocar Artigo 35.º Competência
para as reuniões do conselho diretivo os presidentes do 1 — Compete ao conselho fiscal:
conselho jurisdicional, do conselho fiscal, do conselho de a) Acompanhar e fiscalizar a gestão patrimonial e financeira da
enfermagem e das mesas dos colégios da especialidade, os Ordem;
quais têm, neste caso, direito de voto. b) Apreciar e emitir parecer sobre o relatório, contas e
orçamento anuais, elaborados pelo conselho diretivo, para
Artigo 29.º Bastonário da Ordem serem apresentados à assembleia geral;
1 — O bastonário é o presidente da Ordem e, por inerência, c) Apreciar a contabilidade de âmbito nacional da Ordem;
presidente do conselho diretivo. d) Apreciar e fiscalizar as atas lavradas nas reuniões do
2 — O bastonário é eleito por sufrágio universal, direto, secreto conselho diretivo, no que respeita a deliberações inscritas na
e periódico. sua competência;
e) Apresentar ao conselho diretivo as propostas que considere
Artigo 31.º Composição adequadas para melhorar a situação patrimonial e financeira da
1 — O conselho jurisdicional constitui o supremo órgão Ordem;
jurisdicional da Ordem e é constituído por um presidente e 10 f) Pronunciar -se sobre qualquer assunto que lhe seja
vogais. apresentado por outro órgão nacional, relativamente a matéria
2 — O presidente e cinco vogais, são eleitos por sufrágio cuja fiscalização lhe está cometida;
universal, direto, secreto e periódico. g) Elaborar e aprovar o seu regimento;
3 — Os restantes cinco vogais são, por inerência, os h) Participar, sem direito a voto, nas reuniões do conselho
presidentes dos conselhos jurisdicionais das secções regionais. diretivo, sempre que este o considere conveniente.
4 — Os vogais referidos no número anterior não podem 2 — O conselho fiscal deve comunicar ao conselho diretivo
participar nos recursos interpostos nos processos em que qualquer situação que identifique e implique desvio orçamental
tenham tido intervenção, quer proferindo a decisão recorrida, ou comprometa ou possa comprometer o equilíbrio
quer tomando de outro modo posição sobre questões contabilístico e financeiro da Ordem.
suscitadas no recurso. 3 — O conselho fiscal pode solicitar ao conselho diretivo e aos
conselhos diretivos regionais informações ou documentação
Artigo 32.º Competência que considere necessária ao cumprimento das suas
1 — Compete ao conselho jurisdicional: atribuições.
a) Deliberar sobre os recursos interpostos das deliberações dos
vários órgãos ou dos seus membros; SUBSECÇÃO VI
b) Proferir decisão final sobre todos os procedimentos Conselho de enfermagem
disciplinares; Artigo 36.º Composição
c) Deliberar sobre os requerimentos de renúncia aos cargos e 1 — O conselho de enfermagem é o órgão científico e
de suspensão temporária de funções dos membros dos órgãos profissional da Ordem e é constituído por um presidente e 10
da Ordem; vogais.
d) Deliberar sobre a perda de cargos na Ordem; 2 — O presidente e cinco vogais do conselho de enfermagem
e) Deliberar sobre a substituição dos membros dos órgãos da são eleitos por sufrágio universal, direto, secreto e periódico.
Ordem; 3 — Os presidentes dos conselhos de enfermagem regionais
f) Exercer o poder disciplinar relativamente a todos os membros são, por inerência, os restantes cinco vogais do conselho de
da Ordem; enfermagem.
g) Promover a reflexão ético -deontológica; 4 — Os membros do conselho de enfermagem referidos no n.º
h) Elaborar os pareceres que lhe sejam solicitados pelo 2, se forem especialistas, têm de ser titulares de diferentes
bastonário, sobre o exercício profissional e deontológico. especialidades.

Artigo 33.º Funcionamento


1 — O conselho jurisdicional funciona na sede da Ordem e
reúne quando convocado pelo seu presidente.
Artigo 37.º Competência Artigo 96.º Direitos dos membros
Compete ao conselho de enfermagem: 1 — Constituem direitos dos membros efetivos da Ordem:
a) Definir os critérios e a matriz de validação, para efeitos da a) Exercer livremente a profissão, sem qualquer tipo de
individualização das especialidades; limitações, a não ser as decorrentes do código deontológico,
b) Elaborar o regulamento de reconhecimento de novas das leis vigentes e do regulamento do exercício da
especialidades, a propor ao conselho diretivo; enfermagem;
c) Reconhecer especialidades em enfermagem, a propor ao b) Usar os títulos profissionais que lhe sejam atribuídos;
conselho diretivo; c) Participar nas atividades da Ordem;
d) Elaborar o regulamento da certificação individual de
competências, a propor ao conselho diretivo; Artigo 97.º Deveres em geral
e) Elaborar o regulamento de atribuição dos títulos de 1 — Os membros efetivos da Ordem estão obrigados a:
enfermeiro e de enfermeiro especialista, a propor ao conselho a) Exercer a profissão com os adequados conhecimentos
diretivo; científicos e técnicos, com o respeito pela vida, pela dignidade
humana e pela saúde e bem-estar da população, adotando
Artigo 39.º Colégios das especialidades todas as medidas que visem melhorar a qualidade dos cuidados
1 — Os colégios das especialidades são os órgãos profissionais e serviços de enfermagem;
especializados, constituídos pelos membros da Ordem que b) Cumprir e zelar pelo cumprimento da legislação referente ao
detenham o título profissional da respetiva especialidade. exercício da profissão;
2 — Existem tantos colégios quantas as especialidades c) Guardar e zelar pelos registos de enfermagem realizados no
âmbito do exercício profissional liberal, pelo período de cinco
Artigo 40.º Títulos de especialidade anos;
1 — A Ordem atribui os seguintes títulos de enfermeiro
especialista: Artigo 98.º Incompatibilidades e impedimentos
a) Enfermeiro especialista em enfermagem de saúde materna 1 — O exercício da profissão de enfermeiro é incompatível com
e obstétrica; a titularidade dos cargos e o exercício das atividades seguintes:
b) Enfermeiro especialista em enfermagem de saúde infantil e a) Delegado de informação médica e de comercialização de
pediátrica; produtos médicos ou sócio ou gerente de empresa com essa
c) Enfermeiro especialista em enfermagem de saúde mental e atividade;
psiquiátrica; b) Farmacêutico, técnico de farmácia ou proprietário, sócio ou
d) Enfermeiro especialista em enfermagem de reabilitação; e) gerente de empresa proprietária de farmácia;
Enfermeiro especialista em enfermagem médico-cirúrgica; c) Proprietário, sócio ou gerente de empresa proprietária de
f) Enfermeiro especialista em enfermagem comunitária laboratório de análises clínicas, de preparação de produtos
farmacêuticos ou de equipamentos técnico-sanitários;
Artigo 43.º Composição e competência d) Proprietário, sócio ou gerente de empresa proprietária de
1 — A comissão de atribuição de títulos é nomeada pelo agência funerária;
conselho diretivo, por um período de dois anos, ouvido o e) Quaisquer outras que, por lei, sejam consideradas
conselho de enfermagem, sendo constituída, no mínimo, por incompatíveis com o exercício da enfermagem.
nove elementos, os quais são indicados de entre enfermeiros e 2 — É incompatível com a titularidade de membro dos órgãos
enfermeiros especialistas de cada uma das especialidades da Ordem o exercício de:
reconhecidas pela Ordem. a) Quaisquer funções dirigentes na Administração Pública;
2 — Cabe à comissão de atribuição de títulos: b) Cargos dirigentes em sindicatos ou associações de
a) Analisar os pedidos de inscrição com vista à atribuição de enfermagem;
título de enfermeiro e enfermeiro especialista; c) Qualquer outra função relativamente à qual se verifique
b) Analisar e deliberar sobre os pedidos de reconhecimento de manifesto conflito de interesses.
títulos de formação obtidos na União Europeia, por nacionais 3 — Constituem exceções ao disposto no número anterior, os
dos seus Estados membros, destinados ao exercício das cargos de gestão e direção de enfermagem e os cargos
profissões em território português, nos termos da legislação em dirigentes em instituições de ensino superior
vigor;
c) Analisar e deliberar sobre os pedidos de reconhecimento dos Artigo 99.º Princípios gerais
títulos de formação obtidos em países terceiros à União 1 — As intervenções de enfermagem são realizadas com a
Europeia com os quais Portugal tenha estabelecido acordos, preocupação da defesa da liberdade e da dignidade da pessoa
destinados ao exercício das profissões em território português, humana e do enfermeiro.
nos termos previstos em lei especial; 2 — São valores universais a observar na relação profissional:
a) A igualdade;
Artigo 66.º Infração disciplinar b) A liberdade responsável, com a capacidade de escolha,
1 — Considera -se infração disciplinar toda a ação ou omissão tendo em atenção o bem comum;
que consista em violação, por qualquer membro da Ordem, dos c) A verdade e a justiça;
deveres consignados na lei, no presente Estatuto e nos d) O altruísmo e a solidariedade;
respetivos regulamentos. e) A competência e o aperfeiçoamento profissional.
2 — A infração disciplinar é: 3 — São princípios orientadores da atividade dos enfermeiros:
a) Leve, quando o arguido viole de forma pouco intensa os a) A responsabilidade inerente ao papel assumido perante a
deveres profissionais a que se encontra adstrito no exercício da sociedade;
profissão, não causando prejuízo ao destinatário dos cuidados b) O respeito pelos direitos humanos na relação com os
nem a terceiro, nem pondo em causa o prestígio da profissão; destinatários dos cuidados;
b) Grave, quando o arguido viole de forma séria os deveres c) A excelência do exercício na profissão em geral e na relação
profissionais a que se encontra adstrito no exercício da com outros profissionais.
profissão, causando prejuízo ao destinatário dos cuidados ou a
terceiro, ou pondo em causa o prestígio da profissão, ou ainda Artigo 100.º Dos deveres deontológicos em geral
quando o comportamento constitua crime punível com pena de O enfermeiro assume o dever de:
prisão até três anos; a) Cumprir as normas deontológicas e as leis que regem a
profissão;
Artigo 76.º Aplicação das sanções disciplinares b) Responsabilizar -se pelas decisões que toma e pelos atos
1 — As sanções disciplinares são as seguintes: que pratica ou delega; Diário da República, 1.ª série — N.º 181
a) Advertência escrita; — 16 de setembro de 2015 8079
b) Censura escrita; c) Proteger e defender a pessoa humana das práticas que
c) Suspensão do exercício profissional até ao máximo de cinco contrariem a lei, a ética ou o bem comum, sobretudo quando
anos; carecidas de indispensável competência profissional;
d) Expulsão. d) Ser solidário com a comunidade, de modo especial, em caso
de crise ou catástrofe, atuando sempre de acordo com a sua
Artigo 95.º Disposição geral área de competência;
Todos os enfermeiros membros da Ordem têm os direitos e os e) Assegurar a atualização permanente dos seus
deveres decorrentes do presente Estatuto e da legislação em conhecimentos, designadamente através da frequência de
vigor, nos termos dos artigos seguintes. ações de qualificação profissional.
PPT8/9 – Serviço Nacional de Saúde (Lei n.º
28/2008, de 22 de fevereiro)

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