Nós Da Associação Mobilidade Ativa Londrina, Lamentamos Profundamente a Morte de Demostenes Antônio Rust (73) Em Londrina, Dia 27 de Janeiro de 2023, e Queremos Nos Solidarizar Com a Dor de Seus Familiares e Am (1)
Nós da Associação Mobilidade Ativa Londrina, lamentamos
profundamente a morte de Demostenes Antônio Rust (73) em Londrina, dia 27 de Janeiro de 2023, e queremos nos solidarizar com a dor de seus familiares e amigos.
Demostenes foi atropelado, enquanto atravessava uma faixa
de pedestre na Avenida Juscelino Kubitscheck, e morreu em decorrência do atropelamento.
Em uma triste coincidência, no dia seguinte em que a Companhia
Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina (CMTU) publicou um relatório de sinistros de trânsito da cidade no ano de 2022, apontando para uma diminuição de mortes de 9,8% em relação ao ano anterior, Demostenes se tornou mais uma vítima do violento trânsito londrinense.
O vídeo que registra claramente o momento do ocorrido, mostra
Demostenes cumprindo com seu papel de pedestre, parado, esperando e atravessando uma faixa de pedestres, quando é atropelado, já no final de sua travessia, em um forte impacto que o projeta longe do ponto de colisão. É muito frequente a conduta insegura e imprudente de motoristas no transito que pode resultar em mortes. Em entrevista para a matéria da TV Tarobá, a diretoria da CMTU segue a mesma narrativa de culpabilização da vítima. Tentando explicar o ocorrido, a Companhia sugere que faltou atenção ao pedestre ao “dominar” a situação em um primeiro momento, mas falhar em um segundo momento.
Nessa entrevista a CMTU afirma ainda, que a maioria dos
sinistros de trânsito envolvendo colisões com pedestres é devido à falta de atenção dos mesmos, sendo esta uma fala e conduta totalmente divergente com o parecer da Associação Mobilidade Ativa e fora de propósito para um cargo diretivo da companhia que rege o sistema viário londrinense e deve(ria) primar pela segurança de todos os usuários.
Em vista deste triste acontecimento e da constante reprodução
equivocada por parte da mídia desses ocorridos, gostaríamos de oferecer à mídia e à sociedade em geral a forma correta de tratá- lo. “Acidentes de trânsito” não são acidentes. A velocidade, o desenho das vias, as leis e as condições de mobilidade disponíveis para as pessoas contribuem decisivamente para os riscos de uma colisão ou atropelamento ocorrer.
Habituamo-nos a chamar esses eventos de acidentes, como se
fossem fortuitos e aleatórios. Mas não são. Publicada em novembro de 2020, a revisão da norma NBR 10697 determina a adoção do novo termo “sinistro de trânsito” para “todo evento que resulte em dano ao veículo ou à sua carga e/ou em lesões a pessoas e/ou animais, e que possa trazer dano material ou prejuízos ao trânsito, à via ou ao meio ambiente, em que pelo menos uma das partes está em movimento nas vias terrestres ou em áreas abertas ao público”. Em mais uma tentativa de imputar atropelamentos à infortúnios, negligencia-se a real causa desses sinistros, que em sua maioria ocorrem por excesso de velocidade dos veículos motorizados.
Causa que é comprovadamente atrelada ao desenho das vias
e à incompatibilidade de limites de velocidade.
Nós da Associação Mobilidade Ativa Londrina acreditamos que
o único número aceitável de mortes no trânsito é zero.
Sabemos também que a única maneira de atingirmos esse
objetivo é recalibrar e redesenhar nossas ruas para uma velocidade compatível com a vida humana, reeducar nossa sociedade para uma nova estrutura de poder no trânsito que coloque a vida acima da velocidade, e reforçar e aumentar a fiscalização e cumprimento das leis de trânsito.
Queremos ressaltar que a Lei Federal 12.587/2012, que
institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, estabelece a prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado.
O Código de Trânsito Brasileiro também estabelece que os
veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela garantia de segurança dos pedestres.