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CARTILHA DE DIREITOS, ORIENTAÇÕES

SOBRE AUTISMO E REDE DE ATENDIMENTO

VITÓRIA
2022
Disposições Gerais
As seguintes Leis e seus decretos são leitura fundamental, em sua íntegra,
para o efetivo entendimento da legislação brasileira em seu tratamento dos
direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Lei nº 13.146 de 06 de Julho de 2015.


Institui o Estatuto da Pessoa com Deficiência, de 06 de Julho de 2015
(Também conhecido como “Lei da Inclusão”).

 Proibição das escolas privadas cobrarem a mais de alunos com deficiência;


 Reserva de 10% de vagas às pessoas com deficiência nos processos seletivos
de cursos de ensino superior (graduação e pós-graduação), educação
profissional tecnológica e educação profissional técnica de nível médio, em
instituições públicas federais e privadas. As vagas remanescentes devem ser
disponibilizadas para os demais candidatos;

 Obrigação de conteúdos sobre práticas de educação inclusiva e deficiência nos


cursos de ensino superior.

 Reconhecimento da habilitação e reabilitação com um direito da pessoa com


deficiência, com vistas a sua autonomia e participação social em igualdade de
condições com as demais pessoas;

 Desenvolvimento de ações articuladas pelo SUS e pelo SUAS que garantam à


pessoa com deficiência e sua família a aquisição de informações, orientações e
formas de acesso às diversas políticas públicas existentes, com a finalidade de
propiciar sua plena participação social;

 Revisão dos critérios de elegibilidade para o acesso ao Benefício da Prestação


Continuada;

 Proibição de planos de saúde discriminarem a pessoa em razão de sua


deficiência.

 Possibilidade de utilização do FGTS para a compra de órteses e próteses.

 Garantia de acessibilidade nos serviços de telefonia;


 Teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de esporte, locais de
espetáculo devem reservar espaços/ assentos para pessoas com deficiência
em todos os setores, resguardado o direito de elas se acomodarem próximas a
seu grupo familiar e comunitário;

 Salas de cinema deverão garantir à pessoa com deficiência recursos de


acessibilidade em todas as sessões;

 Hotéis deverão oferecer dormitórios acessíveis;

 Pronunciamentos oficiais, a propaganda eleitoral obrigatória e os debates


transmitidos pelas emissoras de televisão devem ter acessíveis;

 Telecentros públicos deverão oferecer no mínimo 10% de recursos acessíveis


para pessoas com deficiência visual;

 As editoras não poderão usar nenhum argumento para negar a oferta de livro
acessível.

 Reconhecimento do direito ao Auxílio Inclusão, uma renda suplementar a ser


paga à pessoa com deficiência incluída no mundo do trabalho (Beneficio
semelhante ao BPC, mesmo após inserção no mercado de trabalho);

 Estímulo à capacitação simultânea à inclusão no trabalho;

 Revisão da Lei de Cotas, para obrigar empresas de 50 a 99 funcionários a


contratar ao menos 1 pessoa com deficiência;

 Reconhecimento das moradias para a vida independente como uma opção de


residência da pessoa com deficiência. Neste caso, o poder público adotará
programas e ações estratégicas para apoiar a criação e manutenção de
moradias para a vida independente da pessoa com deficiência;

 Pessoas com deficiência intelectual terão direito ao voto e ser votado, ao


casamento e a ter filhos, tendo vista que o processo de curatela somente
poderá recair sobre direitos de natureza patrimonial e negocial;

 Harmonização com o sistema penal de penas relacionadas ao preconceito,


descriminação e abuso contra a pessoa com deficiência;
 Garantia de acessibilidade no acesso à Justiça para todos os envolvidos em
processos judiciais, sejam como partes, advogados, juízes, defensores,
promotores, dentre outros.

 Criação do Cadastro Inclusão, com a finalidade de coletar, processar,


sistematizar e disseminar informações georreferenciadas que permitam a
identificação e a caracterização das pessoas com deficiência, bem como as
barreiras que impedem a realização de seus direitos;

 Na realização de inspeções e auditorias pelos órgãos de controle interno e


externo, deve ser observado o cumprimento da legislação relativa à pessoa
com deficiência e as normas de acessibilidade;

 A reforma de todas as calçadas passa a ser obrigação do Poder Público, que


deverá tornar todas as rotas acessíveis.

Lei nº 7.853 de 24 de outubro de 1989.


Dispõe sobre o apoio às pessoas com deficiência, sua integração social, sobre
a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
- Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas
pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras
providências.

Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999.


Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência, consolida as normas
de proteção, e dá outras providências.
Disposições Específicas
As seguintes Leis, decretos e demais são leitura fundamental, com destaque às
partes destacadas, para o efetivo entendimento da legislação brasileira em seu
tratamento dos direitos dos portadores do Transtorno do Espectro Autista.

Lei nº 12.764 de 27 de dezembro de 2012.


Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno
do Espectro Autista; e altera o § 3o do art. 98 da Lei no 8.112, de 11 de
dezembro de 1990.

Decreto nº 8.368, de 2 de dezembro de 2014.


Regulamenta a Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que institui a
Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do
Espectro Autista.

A equiparação dos direitos da pessoa com deficiência para


toda pessoa com autismo
Lei 12.764 de 27 de Dezembro de 2012 (Lei Berenice Piana):

Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da


Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes
para sua consecução.

§ 1o Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno


do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica
caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II:

I - deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação


e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de
comunicação verbal e não verbal usada para interação social;
ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter
relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento;

II - padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e


atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais
estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns;
excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento
ritualizados; interesses restritos e fixos.

§ 2o A pessoa com transtorno do espectro autista é considerada


pessoa com deficiência, para todos os efeitos legais.
Isenção de IPI/IPVA/ICMS
Lei nº 8.989 de 24 de fevereiro de 1995:

Art. 1o Ficam isentos do Imposto Sobre Produtos Industrializados –


IPI os automóveis de passageiros de fabricação nacional, equipados
com motor de cilindrada não superior a dois mil centímetros cúbicos,
de no mínimo quatro portas inclusive a de acesso ao bagageiro,
movidos a combustíveis de origem renovável ou sistema reversível de
combustão, quando adquiridos por:

[...]

IV – pessoas portadoras de deficiência física, visual, mental


severa ou profunda, ou autistas, diretamente ou por intermédio de seu
representante legal;

*Orientação: Fazer contato com a Receita Federal e Receita Estadual. A


Receita Federal concede uma certidão e com essa documentação se dá
entrada nos trâmites junto a Receita Estadual, que também concederá uma
certidão. Ambas as certidões deverão ter carimbo de algum órgão da rede
pública de saúde (unidade de saúde, hospital, entre outros). Após isso será
necessário apresentar as certidões, juntamente a um laudo clinico (psiquiatra
ou neurologista) e um laudo psicológico, ambos da rede pública de
atendimento (SUS). É importante ressaltar que no caso do IPVA além da
isenção também é possível receber valores retroativos em até 05 (cinco) anos.
Maiores informações poderão ser esclarecidas na própria Receita Federal ou
na Receita Estadual.
Cargo Público
Lei nº 8.112 de 11 de dezembro de 1990:

Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público:

I - a nacionalidade brasileira;
II - o gozo dos direitos políticos;
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do cargo;
V - a idade mínima de dezoito anos;
VI - aptidão física e mental.

[...]

§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o


direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo
cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são
portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por
cento) das vagas oferecidas no concurso.

[...]

Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se do


serviço:

[...]

§ 2o Também será concedido horário especial ao servidor


portador de deficiência, quando comprovada a necessidade por junta
médica oficial, independentemente de compensação de horário.
(Incluído pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)

§ 3o As disposições do parágrafo anterior são extensivas ao


servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente portador de
deficiência física, exigindo-se, porém, neste caso, compensação de
horário na forma do inciso II do art. 44.

[...]

Art. 217. São beneficiários das pensões:

[...]

IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguintes


requisitos:

[...]

d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do regulamento;


Educação e Inclusão Escolar
Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996:

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será


efetivado mediante a garantia de:

[...]

III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos


com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e
modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino;

[...]

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei,
a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na
rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.

§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na


escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de
educação especial.

§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou


serviços especializados, sempre que, em função das condições
específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes
comuns de ensino regular.

§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado,


tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação
infantil.

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com


deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades ou superdotação:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específicos, para atender às suas necessidades;

II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o


nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de
suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o
programa escolar para os superdotados;

III - professores com especialização adequada em nível médio ou


superior, para atendimento especializado, bem como professores do
ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas
classes comuns;

IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva


integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas
para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho
competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem
como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas
áreas artística, intelectual ou psicomotora;
Acompanhamento de Cuidador/Mediador
Lei 12.764 de 27 de Dezembro de 2012 (Lei Berenice Piana):

Art. 3o São direitos da pessoa com transtorno do espectro autista:

[...]

Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa


com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de
ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2o, terá direito a
acompanhante especializado.

Decreto nº 8.368 de 2 de dezembro de 2014:

Art. 4o É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da


sociedade assegurar o direito da pessoa com transtorno do espectro
autista à educação, em sistema educacional inclusivo, garantida a
transversalidade da educação especial desde a educação infantil até
a educação superior.

[...]

§ 2o Caso seja comprovada a necessidade de apoio às atividades de


comunicação, interação social, locomoção, alimentação e cuidados
pessoais, a instituição de ensino em que a pessoa com transtorno do
espectro autista ou com outra deficiência estiver matriculada
disponibilizará acompanhante especializado no contexto escolar, nos
termos do parágrafo único do art. 3o da Lei no 12.764, de 2012.

Nota Técnica nº24/2013 (MEC):

As instituições de ensino privadas, submetidas às normas gerais da


educação nacional, deverão efetivar a matrícula do estudante com
transtorno do espectro autista no ensino regular e garantir o
atendimento às necessidades educacionais específicas. O custo
desse atendimento integrará a planilha de custos da instituição de
ensino, não cabendo o repasse de despesas decorrentes da
educação especial à família do estudante ou inserção de cláusula
contratual que exima a instituição, em qualquer nível de ensino, dessa
obrigação.
Meia Entrada
Lei nº 12.933 de 26 de dezembro de 2013:

Art. 1o É assegurado aos estudantes o acesso a salas de cinema,


cineclubes, teatros, espetáculos musicais e circenses e eventos
educativos, esportivos, de lazer e de entretenimento, em todo o
território nacional, promovidos por quaisquer entidades e realizados
em estabelecimentos públicos ou particulares, mediante pagamento
da metade do preço do ingresso efetivamente cobrado do público em
geral.

[...]

§ 8o Também farão jus ao benefício da meia-entrada as pessoas com


deficiência, inclusive seu acompanhante quando necessário, sendo
que este terá idêntico benefício no evento em que comprove estar
nesta condição, na forma do regulamento.

Prioridade de Atendimento
Lei no 10.048 de 8 de novembro de 2000:

Art. 1o As pessoas portadoras de deficiência, os idosos com idade


igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes e
as pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendimento
prioritário, nos termos desta Lei.

Art. 2o As repartições públicas e empresas concessionárias de


serviços públicos estão obrigadas a dispensar atendimento prioritário,
por meio de serviços individualizados que assegurem tratamento
diferenciado e atendimento imediato às pessoas a que se refere o art.
1o.

Parágrafo único. É assegurada, em todas as instituições financeiras,


a prioridade de atendimento às pessoas mencionadas no art. 1o.

Art. 3o As empresas públicas de transporte e as concessionárias de


transporte coletivo reservarão assentos, devidamente identificados,
aos idosos, gestantes, lactantes, pessoas portadoras de deficiência e
pessoas acompanhadas por crianças de colo.

Art. 4o Os logradouros e sanitários públicos, bem como os edifícios


de uso público, terão normas de construção, para efeito de
licenciamento da respectiva edificação, baixadas pela autoridade
competente, destinadas a facilitar o acesso e uso desses locais pelas
pessoas portadoras de deficiência.
Beneficio de Prestação Continuada (BPC)
Lei 8.742 de 7 de Dezembro de 1993:
Art. 2º A assistência social tem por objetivos: [...]
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e
ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-
la provida por sua família; [...]
Art. 2º O beneficio de prestação continuada é a garantia de um salário-mínimo mensal
à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais que
comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida
por sua família. [...]
§ 2º Para efeito de concessão deste beneficio, considera-se pessoa com deficiência
aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas.
§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou
idoso a família cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário-
mínimo.
§ 5º A condição de acolhimento em instituições de longa permanência não prejudica o
direito do idoso ou da pessoa com deficiência ao beneficio de prestação continuada.

*Orientação: É necessário procurar o CRAS – Centro de Referência da


Assistência Social. Na conversa no caso da pessoa se encaixar nos critérios
necessários, será feito seu Cadastro Único e o direcionamento quanto ao BPC.
Para receber o beneficio é necessário por exemplo, que a renda familiar seja
de ¼ do salários mínimo por pessoa (per capita de renda familiar mensal
dividido por quantas pessoas residem). Após isso haverá o encaminhamento
para o INSS – Instituto Nacional do Seguro Social através do telefone 135. No
caso do beneficio ser negado devido a renda ser maior do que o critério
necessário por legislação, através de ação judicial por parte de advogado
particular ou da defensoria pública, em trabalho conjunto ao ministério público,
é possível recorrer e argumentar de forma documentada os gastos com
medicamentos, tratamentos, fraldas, alimentação, entre outras diversas
demandas advindas do tratamento do autismo. Recentemente o INSS também
passou a aceitar a mesma justificativa (podendo negar ou não).
Passe livre municipal, intermunicipal e interestadual
*Orientação: Municipal/Intermunicipal-Grande Vitória (Ceturb);

Passe Livre Interestadual


Lei 8.899 de 29 de Junho de 1994:

Art. 1o É concedido passe livre às pessoas portadoras de deficiência,


comprovadamente carentes, no sistema de transporte coletivo
interestadual.

Decreto nº 3.691 de 19 de dezembro de 2000:

Art. 1o As empresas permissionárias e autorizatárias de transporte


interestadual de passageiros reservarão dois assentos de cada
veículo, destinado a serviço convencional, para ocupação das
pessoas beneficiadas pelo art. 1o da Lei no 8.899, de 29 de junho de
1994, observado o que dispõem as Leis nos 7.853, de 24 de outubro
de 1989, 8.742, de 7 de dezembro de 1993, 10.048, de 8 de
novembro de 2000, e os Decretos nos 1.744, de 8 de dezembro de
1995, e 3.298, de 20 de dezembro de 1999.

*Orientação: Fazer contato com a ANTT - Agência Nacional de Transportes


Terrestres na Rodoviária, em alguma rodoviária, por exemplo (local onde
geralmente tem um guiché da agência); Ou entrar no site
www.gov.br/infraestrutura e pesquisar por Passe Livre Interestadual;
Prioridade em Processo Administrativo
Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999:

Art. 69-A. Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou


instância, os procedimentos administrativos em que figure como parte
ou interessado:

[...]

II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;

Prioridade em Processo Judicial


Lei 8.742 de 7 de Dezembro de 1993:

Art. 9º A Administração Pública Federal conferirá aos assuntos


relativos às pessoas portadoras de deficiência tratamento prioritário e
apropriado, para que lhes seja efetivamente ensejado o pleno
exercício de seus direitos individuais e sociais, bem como sua
completa integração social.

[....]

§ 2º Ter-se-ão como integrantes da Administração Pública


Federal, para os fins desta Lei, além dos órgãos públicos, das
autarquias, das empresas públicas e sociedades de economia mista,
as respectivas subsidiárias e as fundações públicas.

Resolução nº 2 do STJ de 25 de janeiro de 2005:


Art. 1º O Superior Tribunal de Justiça conferirá prioridade no
julgamento dos processos cuja parte seja pessoa portadora de
deficiência, desde que a causa em juízo tenha vínculo com a própria
deficiência, conforme o disposto no art. 9º da Lei nº 7.853, de 24 de
outubro de 1989.

Art. 2º A parte ou interveniente interessado na obtenção do


julgamento prioritário, fazendo prova de sua condição mediante
atestado médico, requererá o benefício diretamente ao Gabinete do
Ministro Relator.
Participação em Plano de Saúde
Lei nº 9.656 de 3 de junho de 1998:
Art 14. Em razão da idade do consumidor, ou da condição de pessoa com deficiência,
ninguém pode ser impedido de participar de planos privados de assistência à saúde.

Desconto em Passagem Aéreas


A Resolução 09/2007 é responsável pela Norma Operacional de Aviação Civil
(NOAC) que trata do acesso ao transporte aéreo de pessoas que possuem
necessidade de assistência especial.

Em outras palavras, os passageiros que necessitam de acompanhamento para viajar


de avião, têm direito a obter desconto na passagem do seu acompanhante.

Obs: o desconto é somente para pessoas com deficiência e idosos que PRECISAM de
ajuda obrigatoriamente para viajar de avião, o desconto é requisitado mediante
formulário a ser preenchido e assinado por médico, NÃO basta apenas a deficiência e
a idade, no caso do idoso, tem que haver a necessidade do acompanhante.

Portanto, reforço para você que segundo a NOAC apenas o seu acompanhante entra
como beneficiário do desconto (É necessário confirmar com a empresa aérea sobre a
documentação).

Existem outros direitos e benefícios, não cabendo a essa


cartilha exaurir sobre todos, apenas tentando colaborar para o
esclarecimento da maioria que seja possível.
ORIENTAÇÕES SOBRE AUTISMO

TEA – TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

O Transtorno do Espectro do Autismo é um transtorno complexo do desenvolvimento


infantil caracterizado por déficits comportamentais que são agrupados em três
categorias principais:

(1) comprometimento da interação social, (2) comprometimento da comunicação, e (3)


padrões restritos, repetitivos e estereotipados de comportamento.

O funcionamento atípico em cada uma dessas esferas deve estar presente antes do três
anos de idade e as manifestações clínicas variam amplamente em termos de níveis de
gravidade.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é essencialmente clínico - não é possível identificar o transtorno através


de exames clínicos e laboratoriais e sim através da observação e avaliação de
profissionais especializados.

Norteia-se pelos critérios estabelecidos pelo DSM-V (manual de diagnóstico e


estatística da sociedade norte-americana de psiquiatria) e pelo CID-11 (classificação
internacional de doenças da OMS).

CARACTERÍSTICAS

 Comunicação

Caracterizada pela dificuldade em utilizar funcionalmente todos os aspectos da


comunicação verbal e não verbal, como gestos, expressões faciais, linguagem corporal,
ritmo e modulação na linguagem verbal.

Quando a linguagem verbal está presente em algumas crianças pode apresentar-se de


forma repetitiva e não comunicativa. Este fenômeno é chamado de ecolalia imediata,
quando repetem o que foi dito, ou ecolalia tardia, quando repetem falas ouvidas em
outros contextos, há horas ou até mesmos dias atrás.

 Habilidades sociais

Podem evitar totalmente o contato social ou serem desajeitadas ou inseguras na


interação social.
As regras sociais podem parecer-lhes muito arbitrárias, complexas e desnorteantes.

 Habilidades para brincar

Deixadas por sua conta, podem não explorar ou brincar com os brinquedos da mesma
maneira que faria uma criança com um desenvolvimento típico.
Podem tornar-se obcecadas por um determinado brinquedo ou objeto e perseverar na
brincadeira (repetir a mesma coisa sem parar).
Normalmente é difícil que brinquem com amigos, fator de aprendizado muito
importante.

 Processamento visual e auditivo

Esses sentidos podem ser muito pouco reativos, com resposta nula ou pequena a pistas
visuais ou auditivas, ou podem ser hipersensíveis a uma série de sons e estímulos
visuais, que podem ser muito perturbadores para elas. Podem ser capazes de prestar
atenção a esses estímulos por um curto período. Isso pode tornar as situações comuns de
ensino difíceis e perturbadoras para crianças do espectro. Elas podem precisar de uma
adaptação muito gradual aos ambientes comuns de ensino, na medida em que sua
tolerância aumentar. Inicialmente pode ser necessário trabalhar em um ambiente muito
controlado, com um mínimo de estímulos visuais e auditivos.

 Auto-estimulação

Podem se engajar em comportamentos de auto-estimulação, que podem ser


reconfortantes e previsíveis para elas. O comportamento pode envolver o corpo todo
(isto é, balançar o corpo, abanar as mãos, girar em círculos, etc.), usar brinquedos de
forma incomum ou inadequada, ter obsessões – como precisar que pessoas e objetos
fiquem sempre no mesmo lugar ou que os acontecimentos sigam um padrão previsível.
Todos nos engajamos em formas menores de auto-estimulação – tamborilar os dedos,
girar uma caneta ou balançar o pé. Mas para as crianças com autismo, esses
comportamentos podem se tornar tão intensos e frequentes que interferem com o
aprendizado.
Graus do Severo Moderado Leve
Autismo:

Apresenta pouca comunicação desenvolvida. Apresenta comunicação verbal ou gestual funcional, Apresenta comunicação verbal
Quando quer algo, tem dificuldade em se utiliza dela para conseguir o que quer e demonstrar funcional, podendo conversar, descrever
expressar, não gesticula (aponta por ex.) ou contrariedade, mas não estabelece conversação ou eventos, compartilhar pensamentos e
vocaliza, tende a chorar ou usa as pessoas utiliza a fala para descrição de eventos. Pode sentimentos. Porém, pode apresentar
como instrumento para conseguir o que quer. demonstrar dificuldade em falar sobre estímulos dificuldade com a linguagem figurada e
Apresenta pouca atenção compartilhada: ex. ausentes ao ambiente (objetos que não estão pode apresentar diferença na entonação
quando acha algo interessante não compartilha presentes, acontecimentos do passado, etc). ou articulação das palavras.
Comunicação o interesse com o olhar ou gestualmente com  
as pessoas ao entorno.
A interação parece aversiva para a criança, Demostra pouco interesse em estar com pessoas, Pode apresentar algum interesse em
demonstra desconforto ou irritabilidade quando apresenta isolamento e tem dificuldade em estar com as pessoas, mas grande
fica na presença de outras pessoas, compartilhar coisas. Pode mostrar-se indiferente a dificuldade em entender as regras sociais
principalmente desconhecidos. presença das pessoas. Pode apresentar e a desenvolver habilidades sociais
Pode isolar-se e quando alguém se aproxima comportamento social, mas não na frequência como empatia, cooperação, resolver
pode afastá-la de forma agressiva. Apresenta esperada e com poucas pessoas. problemas sociais e conflitos. Apresenta
pouca frequência de comportamentos sociais comportamento social, mas este pode ser
como sorrir, estabelecer contato visual, beijar, desajeitado ou inapropriado.
Interação abraçar, etc.
Social
Apresenta poucos interesses, demonstra Apresenta interesses em poucas áreas. Dá Apresenta interesse em atividades em
interesse por poucos objetos e faz seu uso de preferência a frequentar os mesmos lugares. diferentes áreas. Apresenta uma maior
forma repetitiva ou estereotipada, pode Apresenta muita recusa em fazer atividades diferentes facilidade para se adaptar as mudanças,
apresentar movimentos estereotipados ou sair da rotina, podendo ficar irritado ou agressivo pode desenvolver diversas atividades,
(balançar as mãos, balançar pequenos objetos), quando isso acontece. Pode apresentar fixação por mas as de interesse apresentam interesse
Interesses apresenta fixação por objetos e pode apresentar objetos e movimentos. intenso e tendem a se dedicar. Ex. saber
restritos, muito incomodo quando o acesso a este é Pode apresentar restrições alimentares significativas, tudo sobre animais, itinerário de ônibus,
comportamen restringido. inclusive em relação ao ambiente (mesmo lugar, falas da Pepa, etc. Quando crianças
tos Pode apresentar restrições alimentares mesmos utensílios, etc) tendem a carregar objetos, quando
repetitivos. significativas: não comer alimentos de adultos, vestir o mesmo estilo de roupa,
determinadas consistências (sólidos, pastosos etc,. Podem apresentar restrições
ou grãos), cores ou temperaturas (gelado ou alimentares em relação a cores, marcas,
quente). alguns tipos de alimentos.
Muitas pessoas com TEA podem apresentar comportamentos difíceis de serem
manejados e que comprometem seu desenvolvimento, sua segurança ou das outras
pessoas e seu relacionamento social. Tais como: hetero-agressão ou auto-agressão,
chorar, gritar, agitar-se, jogar-se no chão, quebrar/jogar objetos e estereotipias.

Tipo de situações em que estes comportamentos podem acontecer:

 Situações relacionadas aos interesses restritos e comportamento repetitivo: quando é


interrompido o uso ou acesso a determinados objetos de preferência (computador,
tablet, brinquedos), quando é necessário permanecer em algumas atividades que não é
do seu interesse, ir a lugares diferentes e mudanças de rotina.

 Situações relacionadas a hipersensibilidade: estimulações intensas - tipos de roupas,


contato físico, barulhos agradáveis ou desagradáveis.

 Situações relacionadas à dificuldade de comunicação: Dificuldade de acesso a


reforçadores (brinquedos, comidas, atenção) e dificuldade para comunicar dor ou
desagrado.

 Outras situações: Dificuldade para lidar com frustração, dificuldade em esperar,


dificuldade para identificar situação de perigo, etc.

Os exemplos mais comuns de estereotipias observadas em crianças com TEA são:


necessidade exacerbada de movimento; flapping (movimento de balançar as mãos);
pular em cama, sofá, no chão, na frente da TV, etc.; girar sobre o próprio eixo; olhar
objetos que giram; movimento repetitivo para frente e para trás; correr sem função ou
objetivo claro; andar na ponta dos pés; movimentar dedos e mãos na frente dos olhos;
etc.

O surgimento de estereotipias no repertório comportamental de crianças com TEA tem,


pelo menos, três grandes causas. A primeira é a restrição comportamental, ou seja, as
dificuldades geradas pelo diagnóstico em aprender comportamentos sociais, verbais e de
brincar levam a um repertório restrito. Por isso, a criança ocupa seu tempo com os
poucos comportamentos aprendidos e que geram prazer. Com isso, os padrões de busca
de prazer do bebê, que são meramente sensoriais, perduram até idades nas quais a
criança já deveria se socializar.

A segunda causa é a alteração sensorial. Os autistas apresentam alterações orgânicas


que afetam a recepção e a decodificação de estímulos sensoriais. Com isso, estes
estímulos podem afetar de forma exagerada ou diminuída; gerando muito prazer ou
extrema aversão, muitas vezes ajudando a pessoa com TEA a temporariamente se
“organizar” neuropsicologicamente.

A terceira explicação para estas respostas é a tendência à repetição, que é uma


característica inerente ao diagnóstico autista. Mudanças e situações novas geram medo,
ansiedade, irritabilidade e podem evocar comportamentos de ansiedade e insatisfação.

Por vezes a estereotipia pode não ser algo a urgentemente ser evitada, sendo necessário
identificar sempre que possível a causa de sua ocorrência. O fato é de que a estereotipia
pode por vezes ser um risco quando em agressão e autoagressão. Além disso, por vezes,
a pessoa com TEA estará realizando movimentos restritos e repetitivos, sendo que
poderia estar realizando outras atividades que dessem maior suporte ao seu
desenvolvimento global, perdendo assim tempos preciosos de atividades mais
funcionais e até mesmo que lhe tragam mais opções de interação (ampliação dos objetos
e atividades de seu interesse).

É muito importante o apoio para o desenvolvimento nos indivíduos com TEA da


variabilidade de interesses e atividades. Para isso é importante que o uso dos objetos ou
o desenvolvimento das atividades em que a pessoa com TEA demonstre interesse
exagerado ou fixação (computador, celular, brinquedos, tipos de roupa), sendo para isso
importante a estruturação e cumprimento de regras claras em relação ao seu uso,
podendo ser usado também recursos visuais para favorecer a sua compreensão.

Também é importante a organização de uma rotina que incentive o desenvolvimento de


atividades diversificadas, podendo associar as atividades que gosta com outras que
ainda não tem familiaridade e assim promover gradualmente a diversidade.

Tratamento

Intervenções intensivas e precoces são capazes de melhorar os sintomas. Não existe


tratamento padrão que possa ser utilizado. Cada paciente exige acompanhamento
individual.

O tratamento do autismo envolve intervenções clinicas e pedagógicas, orientação


familiar, desenvolvimento da linguagem e/ou comunicação.

O recomendado é que uma equipe multidisciplinar avalie e desenvolva um programa de


intervenção orientado a satisfazer as necessidades particulares a cada indivíduo.

Entre alguns profissionais que podem ser necessários, destacamos por ora: psiquiatras,
neurologistas, psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos e psicomotricistas (terapeutas
ocupacionais, fisioterapeutas e/ou educadores físicos).

Treino de Atividades da Vida Diária (AVD’s)

As crianças com TEA (e por vezes até mesmo os adultos) podem ter mais dificuldade na
aprendizagem das atividades de vida diária, tais como escovar os dentes, tomar banho,
fazer uso do vaso sanitário, etc, do que uma criança com desenvolvimento típico.

Esta dificuldade ocorre devido ao atraso em aprender a habilidade social de imitar e da


linguagem receptiva (compreender o que os outros dizem). Desta forma a estimulação
do desenvolvimento destas habilidades nas situações do dia- a dia e nos treinos em
terapia, de forma estruturada, favorecerá não só o seu desempenho nas atividades
acadêmicas, como também nas atividades diárias.

Considerando essas dificuldades foi desenvolvida uma estratégia comportamental


chamada Análise de Tarefas, que consiste em dividir uma tarefa complexa em varias
etapas e cada uma das etapas é tratado como um comportamento que precisa ser
instalado e mantido por reforçamento. Esta organização favorece a aprendizagem e
garante menor dificuldade e maior motivação.
Orientação de Pais e Responsáveis

A participação dos pais e dos familiares é considerada um elemento essencial nos


programas de intervenção para crianças com autismo. O pressuposto básico do
treinamento comportamental dos pais, é que o comportamento das crianças é aprendido
e mantido através de contingências dentro do contexto familiar, e que os pais podem ser
ensinados a mudar essas contingências para promover e reforçar o comportamento
adequado.

Além disso, quando o número de sessões de terapia semanal é insuficiente para


promover a quantidade necessária de treinos com o profissional, pode existir a
possibilidade de que alguns deles sejam realizados em casa, desta forma o profissional
pode capacitar os pais a serem co-terapeutas e realiza-los seguindo os mesmos critérios.

Desenvolvimento das habilidades acadêmicas e a intervenções


É importante que as pessoas com TEA tenham uma rotina completamente preenchida de
atividades estruturadas, funcionais e dirigidas por um adulto capacitado para estimulá-
las da melhor forma possível. Isso não significa que estas atividades devam ser apenas
de cunho acadêmico, chatas e entediantes. Pelo contrário, é preciso garantir o caráter
lúdico em todas as atividades e intercalar atividades que visam o ensino de habilidades
mais complexas com atividades mais lúdicas e voltadas para o brincar. É claro que as
crianças com TEA precisam ter tempo para “só brincar”, mas este brincar também
precisa ser dirigido e supervisionado, por um adulto ou outra criança, que saibam
garantir que a brincadeira seja funcional e não estereotipada.

Entre as práticas que podemos destacar por ora são a Sócio-Interacionista e Montessori.

Desenvolvimento da comunicação
A criança com autismo apresenta dificuldade em entender a função da comunicação e
como funciona o processo de comunicação funcional e por isso tem dificuldade na
aquisição desta habilidade. Assim o desenvolvimento desta habilidade consiste em fazê-
lo perceber a importância de fazer o outro entender o que ela quer ou o que ela está
tentando contar. Algumas até falam muito, mas não possuem o que chamamos de
comunicação funcional, ou seja, sua fala não é mantida por reforçadores mediados pelo
ouvinte, ela não fala para que o ouvinte entenda ou de modo compreensivo para o
ouvinte, fala apenas porque isso é estimulante e prazeroso para si mesma. É o que
acontece em alguns casos de autismo leve nos quais a criança fala muito, mas fala
somente sobre os seus temas de interesse e nunca fica sob controle do outro.

No treino vocal o comportamento verbal é dividido em várias partes e estas são


ensinadas de forma estruturada, das mais simples para as mais complexas, tal como é
realizado o treino de outras habilidades. Os primeiros treinos objetivam o ensinar o
comportamento de repetir o que é ouvido, usando sons mais simples e associando esses
a objetos do seu interesse e o comportamento de pedir coisas que satisfaçam desejos e
necessidades, posteriormente realiza-se um treino para nomear objetos e desenvolver os
princípios básicos da conversação. Pode também ser necessário realizar o treino do
comportamento de ouvinte. Cada criança tem um programa individualizado, estruturado
de acordo com seu desenvolvimento, habilidades desenvolvidas e dificuldades.
Outro procedimento que tem sido utilizado como uma forma de comunicação funcional
para crianças com atraso de desenvolvimento que afete a aquisição da fala é o uso de
comunicação alternativa pela troca de figuras. Nele a criança é ensinada a selecionar a
imagem do que deseja pedir, comentar, perguntar ou responder dentre várias imagens e,
então, entregar ou mostrar para o outro (“ouvinte”). Para esta comunicação alternativa
pode-se usar diferentes instrumentos. O primeiro e mais conhecido deles é o PECS
(Picture Exchange Communication System),

Pesquisas indicam que este aprendizado está relacionado à diminuição de


comportamentos inadequados e o favorecimento da aquisição da fala espontânea e
imitativa (fonemas inteligíveis); o desenvolvimento da comunicação social; o aumento
do brincar cooperativo, da atenção compartilhada e do contato visual (isto é, habilidades
sociais básicas).

Tratamento Psicológico e ABA

Uma boa intervenção psicológica, em qualquer abordagem, visa reduzir


comportamentos inadequados e minimizar os prejuízos nas diversas áreas do
desenvolvimento, tornando os indivíduos mais independentes e assim melhorar a sua
qualidade de vida e de sua família.

A análise do comportamento aplicada, ou ABA (Applied Behavior Analysis, na sigla em


inglês) é uma abordagem da psicologia que é usada para a compreensão do
comportamento e vem sendo amplamente utilizada no atendimento a pessoas com
desenvolvimento atípico.

Um dos princípios básicos da ABA é que um comportamento é qualquer ação que pode
ser observada e contada, com uma frequência e duração, e que este comportamento
pode ser explicado pela identificação dos antecedentes e de suas consequências. É a
identificação das relações entre os eventos ambientais e as ações do organismo. Para
estabelecer estas relações devemos especificar a ocasião em que a resposta ocorre, a
própria resposta e as consequências reforçadoras (Meyer, S.B., 2003).

Desta forma um programa de intervenção em ABA, terá como objetivo:

 Trabalhar os déficits, identificando os comportamentos que a criança tem dificuldades


ou que precisam ser adquiridos e que prejudicam seu desenvolvimento.

 Diminuir a frequência e intensidade de comportamentos de birra ou indesejáveis,


como, por exemplo: agressividade, estereotipias e outros que dificultam a interação
social e sua aprendizagem.

 Promover o desenvolvimento de habilidades sociais, comunicativas, adaptativas,


cognitivas, acadêmicas etc.

 Promover comportamentos socialmente desejáveis.


A Análise do Comportamento (ABA) e demais intervenções comportamentais atuarão
de forma integrada ao método Montessori. Ivar Lovaas foi a primeira pessoa a aplicar a
intervenção em ABA em crianças com autismo. Segundo o famoso Estudo de Lovaas
(1987) 47% das crianças autistas tratadas com ABA obtiveram resultados de grande
recuperação, sendo as outras não tratadas com essa intervenção obtiveram apenas 2% de
grande recuperação. Existem estudos de outros profissionais que conseguiram
resultados ainda mais exitosos com a intervenção.

Ferramentas integradas

Tanto o treino vocal, quanto o PEC’s, TEACH e outras formas de comunicação


alternativas, são procedimentos de aprendizagem que devem ser elaborados
cuidadosamente por uma equipe profissional e requer o envolvimento ativo da família
para que haja a generalização dos resultados.

Os treinos de habilidades sociais são programas criados a partir de uma avaliação


cuidadosa do repertório do paciente, que compõem procedimentos e técnicas derivadas
da psicologia comportamental com o objetivo de promover a aprendizagem de
comportamentos que facilitem as relações interpessoais. Visam desenvolver de maneira
estruturada, habilidades sociais, tais como: expressividade emocional (Identificar
sentimentos, falar sobre sentimentos, relacionar situações e sentimentos nos outros e em
si mesmo), autocontrole, empatia, conversação, seguir regras, habilidades de civilidade
(cumprimentar as pessoas. despedir-se, usar locuções como: por favor, obrigado, com
licença), pedir-oferecer ajuda e buscar a aprovação por desempenho.

Também são importantes para o tratamento a prática de atividades de esporte e lazer,


além de uma alimentação balanceada, orientada por profissional de cada uma dessas
áreas de forma especifica.

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