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Capacitista é como são chamadas as pessoas que possuem crenças limitantes a respeito
das pessoas com deficiência. Elas as julgam de modo que as excluem da sociedade, seja
e uma roda de conversa ou ate mesmo no mercado de trabalho.
O capacitismo está previsto em lei, sendo considerado crime. A lbi, garante os direitos
das pessoas com deficiência e um deles é o respeito. Por isso, atitudes preconceituosas
contra as pessoas com deficiência, podem e devem ser punidas conforme a lei.
6. Atendimento prioritário
O atendimento prioritário vem de encontro com o princípio da dignidade da pessoa
humana, previsto na nossa CF, que estabelece que todos devem ser tratados de maneira
digna. Esse esclarecimento é fundamental para compreendermos que, diferentemente de
outros transtornos, o TEA nem sempre é perceptível para as pessoas ao redor, mas, para
o autista, determinadas situações ultrapassam o seu limite de tolerância, como aguardar
o atendimento por horas em uma fila bancária. Assim, é direito do autista o atendimento
prioritário para que ele receba atendimento imediato e diferenciado em qualquer
estabelecimento, sobretudo com a finalidade de: I – proteção e socorro em quaisquer
circunstâncias; II - atendimento em todas as instituições e serviços de atendimento ao
público; III - disponibilização de recursos, tanto humanos quanto tecnológicos,
que garantam atendimento em igualdade de condições com as demais pessoas; IV -
disponibilização de pontos de parada, estações e terminais acessíveis de transporte
coletivo de passageiros e garantia de segurança no embarque e no desembarque; V –
acesso a informações e disponibilização de recursos de comunicação acessíveis; VI -
recebimento de restituição de imposto de renda; VII - tramitação processual e
procedimentos judiciais e administrativos em que for parte ou interessada, em todos os
atos e diligências (art. 9º da Lei 13146/15).
7. Vagas preferenciais
O art. 47 da Lei 13146/15 determina que, em todas as áreas de estacionamento aberto ao
público, de uso público ou privado de uso coletivo e em vias públicas, devem ser
reservadas vagas próximas aos acessos de circulação de pedestres, devidamente
sinalizadas, para veículos que transportem pessoa com deficiência com
comprometimento de mobilidade, desde que devidamente identificados. Para garantia
desse direito, é de suma importância que a pessoa compareça ao órgão de trânsito
municipal para emissão do cartão Defis e apresente a documentação necessária.
8. Passe livre
O Programa Passe livre é um programa do Governo Federal que garante às pessoas
carentes com deficiência a gratuidade no transporte coletivo interestadual – entre
Estados - de ônibus, barco ou trem. O objetivo do programa é fomentar a inclusão do
autista e terá direito aquele que tiver renda per capita de até 01 salário mínimo. Pessoas
autistas que necessitem de acompanhamento podem requerer que o benefício seja
estendido ao acompanhante. Vale lembrar que toda empresa deve reservar dois assentos
por viagem para beneficiários do Programa e os assentos devem estar,
preferencialmente, na primeira fileira das poltronas em proximidade de seus
acompanhantes.
9. Desconto na aquisição de passagem aérea
A pessoa autista, que necessite de acompanhante, tem direito de adquirir passagem
aérea para seu acompanhante com desconto de, no mínimo, 80% a depender da
companhia aérea. A regra está prevista na Resolução n. 280 de 2013 da ANAC,
que dispõe sobre os procedimentos relativos à acessibilidade de passageiros com
necessidade de assistência especial ao transporte aéreo. A aquisição é feita diretamente
na companhia aérea, com preenchimento do formulário MEDIF entregue por eles. É
necessário o envio do documento preenchido e assinado por médico com antecedência e
cópia do laudo médico. Vale lembrar que a Lei n. 14019/20, no seu art. 3º-A, § 7º,
dispõe
que é dispensado o uso de máscara no caso de pessoas com TEA que as impeçam de
fazer o uso adequado de máscara de proteção facial, conforme declaração médica, que
poderá ser obtida por meio digital.
10. Redução da jornada de trabalho
A Lei n. 13370/16 estende o direito a horário especial ao servidor público federal que
tenha cônjuge, filho ou dependente com deficiência de qualquer natureza e para revogar
a exigência de compensação de horário. Em dezembro de 2022, o STF decidiu, por
unanimidade, pelo direito à redução da jornada de trabalho do servidor público que
tenha filho ou dependente com deficiência (RE 1237867).
Para ter acesso a redução, o servidor deverá fazer o pedido administrativo ao seu órgão
com apresentação de documentos comprobatórios da deficiência e a necessidade de
terapias complementares com horários especificados. Quantos aos profissionais que
prestam serviços em empresas privadas, tivemos duas importantes decisões judiciais,
uma
da Sétima e outra da Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, que garantiram
o direito à redução da jornada de trabalho, sem redução de salário, a profissionais de
saúde que têm crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Nos
dois casos, levou-se em consideração que, na ausência de legislação específica, aplicam-
se normas internacionais, disposições constitucionais e, por analogia, o Regime Jurídico
Único (RJU) dos servidores públicos federais (Lei 8.112/1990), que assegura o direito
nessas circunstâncias. Esses foram alguns dos principais direitos administrativos da
pessoa autista, que foram conquistados a duras penas para garantir ao deficiente direitos
e igualdades até então inexistentes e que devem ser obedecidos por todos.
Portanto, algumas indagações podem trazer um norte sobre o caminho que se percorreu
e as estratégias que ainda podem ser adotadas para o alcance da efetividade de direitos
nesta
temática. Como, por exemplo: há interação entre os munícipes e as Câmaras
Legislativas em matéria de inclusão escolar das pessoas com autismo? As ações
praticadas pelo Poder Legislativo Municipal respondem às demandas sobre este
assunto? Há legisladores municipais com autismo ou que sejam responsáveis por
pessoas com TEA? Há participação popular na construção normativa ou na decisão da
destinação orçamentária?
se as políticas públicas funcionam como a ponte que ligará os direitos aos seus
destinatários e se “é uma diretriz elaborada para enfrentar um problema público, ou seja,
destinada a solucionar algo à coletividade”, (SECCHI, 2016, p.5), nada mais coerente
do que a participação cidadã, pois nela está o “lugar de fala” e o espelho das realidades
locais.( da participação popular no processo legislativo e do planejamento de políticas
públicas.) A educação como direito social fundamental exige por si só do Estado, um
engajamento em recursos financeiros para a promoção de políticas públicas; o que
segundo o próprio autor, faz com que a “administração direta e indireta, assuma
relevante
papel no controle da segurança dos direitos fundamentais”, Nesse contexto, o orçamento
público é a principal fonte de custeio das políticas públicas na promoção da inclusão à
educação das pessoas com autismo, sendo o município o ente federativo que apresenta
uma maior proximidade às necessidades da população local, mormente como indicador
dos verdadeiros problemas locais.
Um fato comumente enfrentado em municípios de interior, por exemplo, é a ausência de
profissionais da educação capacitados para ensinar, mediar e incluir o aluno com
autismo
no ambiente escolar. Ou seja, se por um lado o legislador federal entende o seu dever
cumprido, quando materializa este direito através de norma federal, por outro, o
legislador
municipal é quem realmente conhece as realidades locais e ações necessárias para dar
vida a lei. Igualmente, o Poder Legislativo Municipal pode exercer um importante papel
na mobilização de sua base nos governos estaduais e federal. Aqueles que o representa
podem propor emendas individuais ou mesmo votar pela apresentação de
emendas coletivas nos colegiados, que são constituídos pelas comissões permanentes ou
bancadas estaduais. Isso significa dizer que é possível que as propostas orçamentárias
do
Poder Executivo Estadual podem ser ajustadas e prever benefícios que ajudem o aluno
com autismo a partir de um esforço do Legislativo Municipal.
Ressalta-se que a Lei Complementar 101/2000, garante a participação popular também
na elaboração e no processo de discussão dos projetos de leis relacionados ao plano
plurianual, diretrizes orçamentárias e créditos adicionais. Em outras palavras, a Câmara
Municipal deve promover o debate junto a população e/ou órgãos de participação
popular.
Além disso, o Estatuto da Cidade, endossa as Leis Orgânicas ao estabelecer que “o
planejamento municipal adotará a gestão orçamentária participativa como instrumento”,
(BRASIL, 2001).
E ainda, especifica os meios utilizados para a sua efetivação, como debates, audiências e
consultas públicas sobre o orçamento anual, sendo esta uma condição inclusive para
aprovação das próprias leis.
A exigibilidade de um direito pelo cidadão aparece nas várias fases de construção de
políticas públicas. Como se percebe, desde uma iniciativa legislativa até participação no
orçamento público. Deste modo, em um primeiro momento se percebe a
importância do papel do Legislativo Municipal à materialização de direitos difusos e
coletivos daqueles que se encontram dentro do espectro autista, especialmente em
matéria de educação inclusiva. Por tanto, uma maior interação entre aquele Poder e
estes cidadãos traduziria não apenas a escolha do caminho legalmente imposto, mas
sobretudo a promoção daquele que terá maiores chances de ser efetivo.
Legislativo destina orçamento para capacitação e qualificação de profissionais
especializados para educação inclusiva??