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A educação infantil é um direito constitucional de todas as crianças

que vivem no Brasil. A emenda nº 59/2009 Site externo alterou os


incisos I e VII do artigo 208 da Constituição, determinando a
obrigatoriedade da educação básica dos 4 aos 17 anos de idade.
Consequentemente, a matrícula tornou-se obrigatória a partir da
pré-escola, sendo o acesso à creche um direito de todas as
crianças de 0 a 3 anos, devendo o poder público ampliar sua oferta
gradativamente. O artigo 7 da Convenção da ONU sobre os direitos
das pessoas com deficiência estabeleceu o compromisso com a
adoção de medidas necessárias para assegurar às crianças com
deficiência o pleno exercício de todos os direitos humanos e
liberdades fundamentais em igualdade de oportunidade com as
demais. O documento internacional também resolveu a polêmica
da coexistência entre um sistema segregado de educação, que se
baseia na condição de deficiência, e um sistema comum, que
reconhece e valoriza a diversidade humana presente na escola, ao
explicitar que o direito das pessoas com deficiência à educação
somente se efetiva em sistemas educacionais inclusivos, em todos
os níveis, etapas e modalidades de ensino.
À luz desses preceitos legais, a resolução nº 5/2009 Site externo
do Conselho nacional de educação (CNE) estabeleceu as Diretrizes
curriculares nacionais para a educação infantil (DCNEI), adotando
os pressupostos da educação inclusiva. Assim, as creches e pré-
escolas passaram a se constituir em estabelecimentos
educacionais, públicos ou privados, destinados à
educação das crianças de 0 a 5 anos de idade, por meio da
implementação de proposta pedagógica elaborada e desenvolvida
por professores habilitados, superando o modelo assistencialista e
fragmentado, divorciado do sistema educacional.
Mudanças na prática pedagógica da educação infantil
conforme a resolução n° 04/2009 Site externo do CNE, as creches e
pré-escolas passaram a prever o atendimento das especificidades
educacionais das crianças com deficiência em seus projeto
político-pedagógicos (PPPs), planejando e desenvolvendo as
atividades próprias da educação infantil de forma a favorecer a
interação entre as crianças com e sem deficiência nos diferentes
ambientes (berçário, solário, parquinho, sala de recreação,
refeitório, entre outros), proporcionando a plena participação de
todos. De acordo com a lei n° 13.005/2014 Site externo, a
articulação entre as áreas da educação infantil e da educação
especial é condição indispensável para assegurar o atendimento
das especificidades das crianças com deficiência na creche e na
pré-escola.
Nesse contexto educativo, por intermédio das brincadeiras
multissensoriais, as crianças são instigadas a redescobrirem o
mundo, assim como, são introduzidas estratégias de
desenvolvimento da comunicação. Na perspectiva inclusiva,
valoriza-se tanto a comunicação oral, quanto a sinalizada e demais
formas alternativas de expressão, levando as crianças a
compartilharem meios diversificados de interação.
A transformação dos sistemas educacionais em sistemas
educacionais inclusivos inicia-se, portanto, pela garantia de pleno
acesso às crianças com deficiência à educação infantil, com a
efetivação das medidas necessárias à consecução da meta de
inclusão plena.

Martinha Clarete Dutra dos Santos foi diretora de Políticas de


educação especial da Secretaria de Educação Continuada,
Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da
Educação (MEC) de 2003 a 2016. Licenciada em letras, especialista
em educação especial e administração, supervisão e orientação
educacional, mestre e doutoranda em educação.
© Instituto Rodrigo Mendes. Licença Creative Commons BY-NC-ND
2.5. Site externo A cópia, distribuição e transmissão dessa obra são
livres, sob as seguintes condições: Você deve creditar a obra como
de autoria de Martinha Clarete Dutra dos Santos e licenciada pelo
Instituto Rodrigo Mendes Site externo e DIVERSA.

A Lei de Diretrizes Educacionais - LDB (Lei 9394/96), ao estabelecer, os princípios,


de "igualdade e condições para o acesso e permanência na escola", adotou nova
modalidade de educação no INC III, para "educandos com necessidades especiais."
Cuja nomenclatura foi alterada, no ano de 2006 pela ONU para pessoas com
Como a Constituição protege a pessoa com síndrome de Down?

O texto prevê que a pessoa com deficiência tem direito a um auxílio-inclusão (para
quem tem deficiência moderada ou grave), permite o uso do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) para aquisição de órteses e próteses, além de destinar
espaços e assentos adequados em teatros, cinemas, estádios e auditórios.
Ela assegura, entre outras medidas, a inserção no sistema educacional, a oferta
obrigatória e gratuita de educação especial, o incentivo de programas preventivos
na área da saúde e de ações que visem a introdução no mercado de trabalho.
Em Janeiro de 2016, entrou em vigor no Brasil o Estatuto da Pessoa com
Deficiência, lei 13.146/15. Considera-se o fato de que a pessoa com deficiência
pode encontrar certas barreiras para a sua devida participação em sociedade. O
Estatuto surgiu na intenção de tornar tal convivência mais inclusiva e melhor para
aqueles a quem foi destinado, incluindo o portador de Síndrome de Down.

Com o objetivo de possibilitar uma maior qualidade de vida social, o Estatuto da


Pessoa com Deficiência trata sobre inclusão na educação, saúde, trabalho, cultura e
esporte e determina punições a quem pratica discriminação contra deficientes.

Para além do Estatuto, a Constituição da República (1988) em seu art. 1º, inciso III
que:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos


Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos: (...) III - a dignidade da pessoa humana
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: (...) IV
- promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação

Na Câmara dos Deputados, tramitam Projetos de Lei que tratam sobre o tema. Um
dos mais recentes, o PL 3279/2020, de autoria do Deputado Rodrigo Coelho, do
PSB/SC, propõe a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados na aquisição
de automóveis para pessoas portadoras de Síndrome de Down.

Para o Deputado, essa redução serviria como um facilitador para a pessoa


portadora da deficiência, visando à maior possibilidade para aquisição de veículos,
que seriam de grande valia para auxílio em seu dia a dia.

Quem se posiciona de forma contrária a tal Projeto de Lei, argumenta que os


portadores de Síndrome de Down não devem ser considerados menos capazes,
uma vez que devem exercer normalmente a sua cidadania, porque o seu tipo de
deficiência não se enquadra em classificação de severa ou profunda.

Anteriormente ao PL 3279/2020, na Câmara dos Deputados, foi apresentado o


Projeto de lei 3933/19, cuja ementa é "O Projeto de lei 3933/19 prevê a criação de
centros de referência especializados no atendimento às pessoas com transtorno do
espectro autista e síndrome de Down, com o objetivo de capacitá-las para o
mercado de trabalho".

A autora Deputada Soraya Manato, do PSL/ES, destaca que "seu objetivo último é a
busca da felicidade do ser humano. O objetivo intermediário é a inclusão social e no
mercado de trabalho"
https://www.migalhas.com.br/depeso/345894/sindrome-de-down--direitos-
fundamentais-e-inclusao-social
A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146, de 6 de julho
de 2015, é um conjunto de dispositivos destinados a assegurar e a promover, em
igualdade de condições com as demais pessoas, o exercício dos direitos e
liberdades fundamentais por pessoas com deficiência, visando a sua inclusão social
Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência)
TÍTULO II – DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Capítulo I – Do Direito à Vida Art. 10.
Compete ao poder público garantir a dignidade da pessoa com deficiência ao longo
de toda a vida. Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ou estado de
calamidade pública, a pessoa com deficiência será considerada vulnerável, devendo
o poder público adotar medidas para sua proteção e segurança.
Capítulo II – Do Direito à Habilitação e à Reabilitação Art. 14. O processo de
habilitação e de reabilitação é um direito da pessoa com deficiência. Parágrafo
único. O processo de habilitação e de reabilitação tem por objetivo o
desenvolvimento de potencialidades,
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional
decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão
da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a
assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das
liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social
e cidadania.
Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo Congresso
Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008 , em
conformidade com o procedimento previsto no § 3º do art. 5º da Constituição da
República Federativa do Brasil , em vigor para o Brasil, no plano jurídico externo,
desde 31 de agosto de 2008, e promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto
de 2009 , data de início de sua vigência no plano interno.

Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema
educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a
alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas,
sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades
de aprendizagem.
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da
sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo
de toda forma de violência, negligência e discriminação.
Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar,
incentivar, acompanhar e avaliar:
I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades, bem como o
aprendizado ao longo de toda a vida;
II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a garantir condições de
acesso, permanência, participação e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de
recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e promovam a inclusão plena;
III - projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado,
assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características
dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de
igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia;

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