Você está na página 1de 28

EDUCAÇÃO INCLUSIVA

TULIANE FERNANDES DUTRA


ISABELA CRISTINA MARINS
Unidade 01
Unidade 1 | Introdução

Nesta Unidade vamos iniciar os estudos


sobre a história da Educação Especial no
Mundo e no Brasil. É importante que você
compreenda que a Educação Especial é o
primeiro passo para a Educação Inclusiva,
dessa forma, você estudará o percurso da
legislação brasileira na Educação Especial até
os dias atuais.
Fonte: Pixabay
Unidade 1 | Objetivos
▪ Entender a história da Educação Especial no mundo, seus marcos históricos e
percurso até os dias atuais;

▪ Discernir sobre o percurso histórico da Educação Especial no Brasil até os dias de


hoje;

▪ Compreender o percurso da legislação brasileira referente à Educação Especial


até os dias atuais;

▪ Diferenciar a Educação Especial da Educação Inclusiva.


Educação Especial no Mundo

As pessoas com deficiência já foram


consideradas como incapazes, foram
discriminadas, rejeitadas e excluídas pela
sociedade, sofreram infanticídio. De
acordo com Bergamo (2012), no século
XVII os deficientes eram internados em
orfanatos, manicômios, prisões e outros
tipos de instituições, eles eram excluídos Fonte: Pixabay

do convívio social.
Somente no final do século XVIII e início do século XIX, que a sociedade
passou oferecer ajuda assistencial – como abrigo e alimentação – para
as pessoas com deficiência, com objetivo de afastar essas pessoas da
vida em sociedade, pois os deficientes eram considerados um perigo
para a sociedade.

A exclusão ocorria em seu sentido total, ou seja, as pessoas com


deficiência eram excluídas da sociedade para qualquer atividade,
porque antigamente elas eram consideradas inválidas, sem utilidades
para a sociedade e incapazes para trabalhar, características estas
atribuídas indistintamente a todos que tivessem algumas deficiências.
(SASSAKI, 2002, p. 31).
Criação das Instituições Especializadas para Atender
as Pessoas por Tipo de Deficiência

Monumento a Pedro Ponce de Léon

De acordo com Sassaki (2002) foram


criadas instituições especializadas que
atendiam as pessoas por tipo de
deficiências, por exemplo, instituições
para pessoas com deficiência auditiva
(surdos). Por isso, que esse autor afirma
que segregação institucional continuava
sendo praticada.
Fonte: Wikicommons
Sassaki (2002) explica que os objetivos dessas instituições eram
fornecer todos os serviços possíveis, já que a sociedade não aceitava
que as pessoas com deficiência tivessem acesso aos serviços existentes
na comunidade. “A década de 60, por exemplo, testemunhou o boom
de instituições especializadas, tais como: escolas especiais, centros de
habilitação, centros de reabilitação, oficinas protegidas de trabalho,
clubes sociais especiais, associações desportivas especiais” (SASSAKI,
2002, p. 31).
▪ Normalização: [...] significa criar, para pessoas atendidas em
instituições ou segregadas de algum outro modo, ambientes os mais
parecidos possível com aqueles vivenciados pela população em geral.
Fica evidente que se trata de criar um mundo - moradia, escola,
trabalho, lazer, etc. - separado embora muito parecido com aquele
em que vive qualquer outra pessoa. (SASSAKI, 2002, p. 32).

▪ Mainstreaming: [...] uma tentativa de integração, [...] que significa


levar os alunos mais possível para os serviços educacionais
disponíveis na corrente principal da comunidade. [...] ele estudava
em uma escola comum, embora se tratasse de uma simples
colocação física dele em várias salas comuns. (SASSAKI, 2002, p. 32).
Foi no século XX que se deu início a criação das escolas especiais, com
objetivo de atender crianças e jovens com deficiência. Segundo
Bergamo (2012), essas escolas tinham um currículo próprio, diferente
do ensino regular, era um subsistema dentro do sistema educativo
geral, que estimulava a discriminação e a rotulação social das crianças
em função de suas deficiências.
Educação Especial no Brasil
Santa Casa de Misericórdia

De acordo com Silva (2012), a Santa Casa


da Misericórdia de São Paulo, tem um
papel importante na educação das
pessoas com deficiência, pois era uma
instituição que atendia aos pobres e aos
doentes e, no ano de 1717, passou
acolher as crianças de 7 anos que eram
abandonadas.
Fonte: Site Santa Casa SP
No início do século XIX, o Asilo dos Expostos, contribui para a admissão de
crianças com alguma deficiência ou abandonadas.

É importante lembrar que desde a primeira Constituição do país, em 1824,


o direito das pessoas com deficiência à educação já estava previsto.
Entretanto, somente em 1857, quando acontecia no Brasil um crescimento
econômico, a estabilização do poder imperial e a crescente influência das
ideias trazidas do exterior, principalmente, da França.

É nesse contexto, que em 17 de setembro de 1854, o Imperador D. Pedro


II, inaugura o Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Segundo Silva (2012),
José Álvares de Azevedo, um cego brasileiro que havia sido aluno Instituto
de Jovens Cegos de Paris, contribuiu muito para criação do instituto. Em
1890, devido ao aumento do número de alunos, o prédio atual começou a
ser utilizado.
O Imperial Instituto de Surdos-Mudos, criado em 1857, no Rio
de Janeiro, foi o primeiro instituto para atendimento das pessoas
surdas no Brasil. De acordo com Silva (2012), este instituto foi fundado
por meio da Lei n° 839, de 26 de setembro de 1857, aprovada por D.
Pedro II. É importante evidenciar, que de acordo com Mazzota (2005)
apud Silva (2012), o Instituto de Surdos-Mudos foi a primeira escola, de
alunos com faixa etária entre 7 e 14 anos, a se preocupar com o ensino
literário e profissionalizante de meninos surdos.

É importante evidenciar que a valorização da educação, na década de


1960, de acordo com Silva (2012), ocorreu por causa do
desenvolvimento econômico do país, o qual pregava e, ainda, prega a
máxima produtividade individual e, também, por causa do contexto
político da época.
Já a década de 1930, surge as primeiras associações, organizadas por pessoas,
preocupadas com a questão das pessoas com deficiência. De acordo com Silva
(2012), nesse mesmo período, paralelamente, se tem algumas ações
governamentais planejando a criação das instituições para atender às necessidades
das pessoas com deficiência.

Na década de 1960, a educação especial é firmemente evidenciada, pelo menos


nos discursos oficiais (SILVA, 2012). Essa informação pode ser comprovada pelas
campanhas nacionais, promovidas pelo Ministério da Educação, nessa época, para
as pessoas com deficiência.

Na história da Educação Especial no Brasil, não podemos deixar de citar as duas


vertentes pedagógicas: a médico-pedagógica e a psicopedagógica que foram
observadas durante a história da Educação Especial no país. “Os médicos foram os
pioneiros do campo de produção teórica das deficiências, seguidos por pedagogos,
que por sua vez, foram influenciados pela psicologia” (SILVA, 2012, p. 28).
Médico-Pedagógica

A vertente médico-pedagógica está


relacionada ao campo médico. Nesta
vertente, de acordo com Silva (2012), as
decisões relacionadas com o diagnóstico
e com as práticas pedagógicas são
subordinadas ao médico.
Fonte: Pixabay
Além disso, de acordo com Silva (2012), o médico escolar era o profissional
que classificava a pessoa com deficiência. A autora explica que no modelo
do exame médico tinha uma ficha para informar às condições físicas, os
dados antropométricos e os aspectos cognitivos do aluno.

Vertente psicopedagógica: Segundo Silva (2012), os influenciadores desta


vertente, foram da área de psicologia, em destaque para as obras de Alfred
Binet, pedagogo e psicólogo francês, e Théodore Simon, com os testes de
inteligência. Jannuzzi (2004) citado por Silva (2012) explica que eles criaram
e utilizaram uma escala métrica de inteligência, o que representou uma
nova forma de classificar as pessoas com deficiência, com base nos critérios
de aproveitamento escolar.
Legislação da Educação Especial:
percurso histórico
O Primeiro Projeto de Lei para as pessoas com deficiência foi proposto em
29 de agosto de 1835, pelo deputado Cornélio Ferreira França. O
documento propõe a criação de uma classe para surdos-mudos e cegos
(ALIAS, 2016, p. 13).

Fonte: Pixabay
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, é o primeiro
documento que garante a igualdade de direitos para todos os cidadãos sem
qualquer distinção. Neste contexto, a Declaração beneficia os grupos
minoritários (inclusive as pessoas com deficiência), que ao longo da história
sofreram com exclusão e os maus-tratos (SILVA, 2012, p. 38). L
Legislação Brasileira

A Educação Especial começou a se tornar


questão de política pública na década de
1960, quando começa a se notar a
preocupação do poder público com esse
ramo da educação. Ela foi tratada pela
primeira vez na Lei de Diretrizes e Bases
(LDB) de 1961, a lei no 4.024 (BRASIL,
1961), em que aparece um título com Fonte: Pixabay

dois artigos (art. 88 e 89).


De acordo com essa lei, o atendimento aos estudantes com deficiência
(chamados na lei de “excepcionais”) poderia ser realizado na escola comum
ou em instituições particulares, que podiam receber financiamento do
governo. (ALIAS, 2016, p. 14).

Já em 1971, uma nova versão da Lei de Diretrizes e Bases foi publicada,


segundo Alias (2016), essa lei era diferente da de 1961, pois tinha somente
o artigo 9 dedicado à Educação Especial. “De acordo com a lei, alunos com
deficiência física ou intelectual tratados na lei como deficientes mentais,
superdotados ou que apresentassem atraso quanto à idade de matricula
deveriam ter tratamento especial”. (ALIAS, 2016, p. 16).
O primeiro órgão público federal, destinado à Educação Especial, foi criado
em 1973 - Centro Nacional de Educação Especial (CENESP) - por meio do
Decreto nº 72.425/1973. De acordo com Alias (2016), na época que este
órgão foi criado o objetivo dele era de expandir o atendimento aos alunos
com deficiência e elaborar as políticas públicas no âmbito da Educação
Especial.

De acordo com Jannuzzi (2004) apud Silva (2012), por meio do CENESP são
definidas as metas governamentais específicas para a Educação Especial,
regulamentando uma ação política mais efetiva, para organizar o que estava
sendo realizado precariamente na sociedade, nas escolas e nas instituições
especializadas ao atendimento de crianças com necessidades especiais.
De acordo com Campbell (2009) as décadas de 80 e 90 são marcadas pela
defesa da escola pública de qualidade e maior participação da sociedade
nos destinos da educação. Ainda, segundo autora, neste período, nasce o
novo modelo democrático de gestão escolar compartilhado entre os
profissionais da educação (professores, diretores), pais, estudantes e
comunidade.

Para Silva Mendes (2009) apud Silva (2012), a Constituição Federal de 1988
traçou as linhas mestras para democratização da educação brasileira, além
de buscar erradicar o analfabetismo, universalizar o atendimento escolar,
melhorar a qualidade do ensino, implementar a formação humanística,
científica e para o trabalho.
Em 1994 é publicada a Declaração de Salamanca que recomendava a
inclusão de “todas as crianças” nas escolas regulares. É importante
destacar, que quando se fala de “todas as crianças”, a declaração está
referindo aos grupos desfavorecidos, as crianças de rua, com deficiência, as
superdotadas, etc. e, ainda, este documento, recomenda que a processo de
aprendizagem seja centrado nos estudantes.

A LDBEN nº 9.394 estabelece as diretrizes e bases da educação do Brasil.


Nesta Lei, o Capitulo V é dedicado todo a Educação Especial e já no seu
primeiro artigo, se tem a definição desta educação e, também, determina
como será os serviços de apoio especializado e como o atendimento
educacional deverá ser oferecido.
Educação Especial x Educação Inclusiva

A exclusão representa o período em que TODAS as pessoas com


deficiência eram excluídas totalmente da sociedade, isto é, elas não
participavam de nenhuma atividade na comunidade, pois eram
consideradas incapazes para trabalhar e conviver com outras pessoas,
assim elas eram internadas em instituições de caridade, com doentes e
idosos.
Em um segundo momento, se tem a
segregação, isto é, a separação, dos
indivíduos com deficiência da sociedade,
para isso é criada as instituições
especializadas para atender cada tipo de
deficiência. Segundo Sassaki (2002), os
ambientes eram o mais semelhante
possível daqueles vivenciados pela
população sem deficiência (escolas,
clubes, oficinas, centros de reabilitação, Fonte: Freepik

lazer, trabalho, moradia, etc.).


Em seguida, se tem um novo paradigma da Educação Especial, para as
pessoas com deficiência, a integração. De acordo com Campbell (2009) a
integração representa uma tentativa de integrar os alunos com deficiência
nas escolas comuns do ensino regular, em classes especiais, em um
primeiro momento a integração parcial, isto é, um espaço específico dentro
da escola, para depois, uma integração total, na classe comum.
Educação Inclusiva
Sassaki (2002), explica que a inclusão social é um processo que busca
contribuir para a construção de uma sociedade através de transformações,
não somente nos ambientes físicos, mas também na mentalidade de toda a
população, inclusive das pessoas com deficiência.

Fonte: Pixabay
Segundo Stainback (1999) apud (Campbell, 2009, p. 140) a educação é uma
questão de direitos e indivíduos com deficiência devem fazer parte das
escolas, as quais precisam modificar seu funcionamento para incluir todos
os alunos, e as características de uma escola de qualidade decorrem do
paradigma da inclusão, onde enfatiza-se o processo de adequação da escola
às necessidades dos alunos para que possam estudar, aprender, crescer e
exercer plenamente a sua cidadania.

O ambiente escolar tem que reformular o processo de ensino-


aprendizagem, pois ela precisa está aberta às diferenças e, também,
capacitada para trabalhar com todos os estudantes, sem distinção de classe,
gênero, raça, deficiência, entre outros.
Obrigada!

Você também pode gostar